Montagem/LeiaJáImagens/Agência Brasil
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A menos de seis meses das eleições, o cenário político no país ainda é incerto no que se trata da disputa pelo cargo de presidente da República. Diante do quadro, o Instituto de Pesquisas UNINASSAU divulgou um levantamento qualitativo com a opinião de eleitores recifenses sobre a conjuntura. Ao estudo, encomendado pelo LeiaJá em parceria com o Jornal do Commércio, os eleitores confirmaram a intenção de ir às urnas em outubro e citaram suas possibilidades de votos.
Dos 14 nomes já colocados para a corrida, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ex-senadora Marina Silva (Rede) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) foram mencionados como opções pelos entrevistados. Além deles, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (PSB), que não confirmou ainda a participação no pleito, e o ex-prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), pré-candidato a governador do Estado paulista, também foram considerados.
Neste sentido, um dos pontos que chama a atenção na amostra são as características atribuídas pelos eleitores aos presidenciáveis como justificativa do eventual voto. Lula é associado à “ascensão das classes menos favorecidas e as ações direcionadas para o Nordeste”; Barbosa à “dignidade, justiça e honestidade”; Bolsonaro à “honestidade e à ordem”; Marina à “competência”; e Doria à “inovação, empreendedorismo e o fato de saber governar”.
Para o levantamento, o Instituto UNINASSAU ouviu três grupos com recifenses das classes A e B (com salários acima de R$ 5 mil), C (entre R$ 2 mil e R$ 4 mil) e D (entre R$ 800 e R$ 1,2 mil) no dia 23 de abril.
Lula: amor e ódio lado a lado
A dualidade de sentimentos preenche o debate sobre o ex-presidente Lula. De acordo com a amostra, o lulismo e o antilulismo caminham lado a lado nos argumentos expostos pelo eleitorado em todos os níveis sociais aferidos.
Para quem é das classes A e B, por exemplo, Lula "fez muita coisa pelo Brasil", mas errou ao escolher a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como sua sucessora e optar pela prática da corrupção, rendendo a ele uma condenação a 12 anos e um mês de prisão, pela qual está preso desde o último dia 7.
No recorte em que se enquadram pessoas da classe C, "diversos eleitores são entusiastas de Lula", apesar da prisão, e ressaltam a "esperança" que depositam nele, porém também há rejeição seguindo a mesma linha crítica a Dilma e acusando o petista de ser corrupto. Já na D, apesar do reforço da máxima “roubou, mas fez”, os eleitores mostraram admiração pelo ex-presidente e uma maior disposição em votar nele ou no seu indicado.
A predisposição de votar em um indicado de Lula também surgiu, mesmo que de forma leve, entre os entrevistados com maior remuneração salarial. A empresária Tatiana Veloso, 42 anos, chegou a levantar a intenção de dar uma nova chance ao PT e pontuou condições para isso.
“Se pessoas novas entrassem no partido, com visões diferentes, ele poderia se reestruturar e mudar. A mudança é uma coisa boa. Se muda, ele cresce e consegue retomar a confiança do povo. Então se viesse um político honesto, que não tenha vício de outros partidos, e entrasse no PT eu tenho certeza que seria bom para o partido”, salientou a moradora de Casa Forte, na Zona Norte do Recife.
Fazendo um panorama das colocações coletadas pelo estudo, o cientista político e coordenador da pesquisa, Adriano Oliveira, disse que “em todas as classes sociais, o lulismo está presente”. “O ex-presidente Lula é admirado pelo que fez no passado, mas também é rejeitado. Quando o eleitor rejeita Lula ou não tem certeza de que ele é candidato, revela admiração por Joaquim Barbosa, que não tem rejeição”, destacou.
Joaquim Barbosa: 'herói' e novo fôlego para classe política
O diagnóstico a partir da pesquisa do Instituto UNINASSAU aponta também que o “possível candidato do PSB tem diversos admiradores e é reconhecido como o candidato novo”. Entre os competidores antilulistas, Joaquim Barbosa é citado “com entusiasmo” e aparece como uma espécie de “salvador da pátria” no discurso dos eleitores que o mencionam como possibilidade de escolha do voto.
Ao contrário de Lula, o neo-pessebista não tem nenhum tipo de rejeição entre os grupos entrevistados. O fato de ele ter sido presidente da Alta Corte brasileira e ter liderado, por exemplo, o julgamento do caso do Mensalão, que levou membros do PT à cadeia por corrupção, fizeram com que passasse para a população uma imagem ilibada e sem “vício” político, ou seja, sem os costumes tradicionais da classe política.
“A classe política está muito desgastada, seja de que partido for. Hoje não temos um partido que seja capaz de resolver o que está acontecendo atualmente. Todos os políticos estão comprometidos [com corrupção]. Sei que vai ser difícil para qualquer um que for eleito mudar isso, mas Joaquim Barbosa é um jurista e quando esteve no STF soube se impor. Não tem vício político, nem está vinculado a ninguém”, expôs o autônomo Ronilson Lemos, de 64 anos. Morador de Campo Grande, na Zona Norte do Recife, ele foi um dos ouvidos pelo levantamento.
Bolsonaro, Marina e Doria também na mira do eleitorado
Em contrapartida ao perfil político de Lula e Joaquim Barbosa, aparece Jair Bolsonaro que, entre pesos e medidas, tem admiradores e avessos entre os eleitores ouvidos para a amostragem. Na pesquisa, os adeptos dele, por exemplo, argumentam na defensiva e refutam as críticas que normalmente pesam contra o presidenciável. Já os opositores ponderam que ele “não gosta dos nordestinos”.
“O que me incomoda nele é essa maneira dele se expressar. Acho ele arrogante com as pessoas, principalmente do sexo feminino, e um presidente ser arrogante não tem como fazer um bom governo. Sem falar na parte homofóbica. Sou amiga dos gays e isso não me agrada. Família hoje é homem com homem, mulher com mulher. Isso constitui família”, salientou Tatiana Veloso ao afirmar que não votaria em Bolsonaro “de jeito nenhum”.
Por outro lado, o jovem empresário Matheus Henrique, de 20 anos, destacou que votaria no presidenciável justamente pelo seu lado conservador. “Ele é honesto na vida pregressa dele. É alguém que não tem nada que você vai levar em consideração contar ele. Não deve nada a ninguém, consegue ter autonomia por não dever nada a ninguém, consegue expressar o ideal dele. Ele tem suas ideais e pode expressá-las e isso já é válido. Além disso, defende a família e é conservador. Isso é essencial para os dias de hoje”, argumentou.
Na lista dos mencionados como possibilidade de votos, Marina Silva vem como alguém que “merece uma chance” porque “não é citada em atos de corrupção”. “Marina Silva está diferente, com novas visões, mais culta. Ela se reciclou e foi bom. Vendo isso a gente sente confiança do que ela pode vir a fazer. É uma pessoa que eu não descarto para votar. Gosto dela e votei nela na última eleição. Hoje estamos atrás da pessoa ser correta e é o mais importante”, observou Tatiana.
Além dos presidenciáveis, o nome de João Doria também foi citado, de forma mais sutil, entre os entrevistados, mesmo ele sendo pré-candidato ao governo de São Paulo. Sob a ótica do estudante de direito Túlio Cruz de Almeida, 21 anos, Doria tem como diferencial a “transparência política”.
“Ele não tem vício político. É uma pessoa de fora que tem tudo para melhorar. O que o brasileiro precisa é de uma transparência da política, só vemos ela toda fechada, e até onde eu sei ele transparece o que faz. Não votaria em Geraldo Alckmin [que é o candidato do PSDB a presidente], porque houve uma medida apenas política na escolha dele. Como quem diz esse aqui está na vez e vai ele”, criticou.
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Método da pesquisa
Focada em verificar a opinião dos eleitores sobre o Brasil e a eleição presidencial, o estudo qualitativo feito pelo Instituto de Pesquisas UNINASSAU ouviu um recorte de três grupos recifenses e buscou identificar os sentimentos dos eleitores para com o momento do país.
“A pesquisa qualitativa possibilita que as visões de mundo, desejos e crenças dos eleitores sejam identificados e interpretados. O intérprete da pesquisa qualitativa deve decifrar os significados advindos das verbalizações dos indivíduos. A pesquisa qualitativa tem o poder de apresentar os elementos simbólicos que estão na conjuntura”, esclareceu Adriano Oliveira.
aponta também que o “possível candidato do PSB tem diversos admiradores e é reconhecido como o candidato novo”. Entre os competidores antilulistas, Joaquim Barbosa é citado “com entusiasmo” e aparece como uma espécie de “salvador da pátria” no discurso dos eleitores que o mencionam como possibilidade de escolha do voto.
Ao contrário de Lula, o neo pessebista não tem nenhum tipo de rejeição entre os grupos entrevistados. O fato dele ter sido presidente da Alta Corte brasileira e ter liderado, por exemplo, o julgamento do caso do Mensalão, que levou membros do PT à cadeia por corrupção, fizeram com que passasse para a população uma imagem ilibada e sem “vício” político, ou seja, sem os costumes tradicionais da classe política.
“A classe política está muito desgastada, seja de que partido for. Hoje não temos um partido que seja capaz de resolver o que está acontecendo atualmente. Todos os políticos estão comprometidos [com corrupção]. Sei que vai ser difícil para qualquer um que for eleito mudar isso, mas Joaquim Barbosa é um jurista e quando esteve no STF soube se impor. Não tem vício político, nem está vinculado a ninguém”, expôs o autônomo Ronilson Lemos, de 64 anos. Morador de Campo Grande, na Zona Norte do Recife, ele foi um dos ouvidos pelo levantamento.
Bolsonaro, Marina e Doria também na mira do eleitorado
Em contrapartida ao perfil político de Lula e Joaquim Barbosa, aparece Jair Bolsonaro que, entre pesos e medidas, tem admiradores e aversos entre os eleitores ouvidos para a amostragem. Na pesquisa, os adeptos dele, por exemplo, argumentam na defensiva e refutam as críticas que normalmente pesam contra o presidenciável. Já os opositores ponderam que ele “não gosta dos nordestinos”.
“O que me incomoda nele é essa maneira dele se expressar. Acho ele arrogante com as pessoas, principalmente do sexo feminino, e um presidente ser arrogante não tem como fazer um bom governo. Sem falar na parte homofóbica. Sou amiga dos gays e isso não me agrada. Família hoje é homem com homem, mulher com mulher. Isso constitui família”, salientou Tatiana Veloso ao afirmar que não votaria em Bolsonaro “de jeito nenhum”.
Por outro lado, o jovem empresário Matheus Henrique, de 20 anos, destacou que votaria no presidenciável justamente pelo seu lado conservador. “Ele é honesto na vida pregressa dele. É alguém que não tem nada que você vai levar em consideração contar ele. Não deve nada a ninguém, consegue ter autonomia por não dever nada a ninguém, consegue expressar o ideal dele. Ele tem suas ideais e pode expressá-las e isso já é válido. Além disso, defende a família e é conservador. Isso é essencial para os dias de hoje”, argumentou.
Na lista dos mencionados como possibilidade de votos, Marina Silva vem como alguém que “merece uma chance” porque “não é citada em atos de corrupção”. “Marina Silva está diferente, com novas visões, mais culta. Ela se reciclou e foi bom. Vendo isso a gente sente confiança do que ela pode vir a fazer. É uma pessoa que eu não descarto para votar. Gosto dela e votei nela na última eleição. Hoje estamos atrás da pessoa ser correta e é o mais importante”, observou Tatiana.
Além dos presidenciáveis, o nome de João Doria também foi citado, de forma mais sutil, entre os entrevistados, mesmo ele sendo pré-candidato ao governo de São Paulo. Sob a ótica do estudante de direito Túlio Cruz de Almeida, 21 anos, Doria tem como diferencial a “transparência política”.
“Ele não tem vício político. É uma pessoa de fora que tem tudo para melhorar. O que o brasileiro precisa é de uma transparência da política, só vemos ela toda fechada, e até onde eu sei ele transparece o que faz. Não votaria em Geraldo Alckmin [que é o candidato do PSDB a presidente], porque houve uma medida apenas política na escolha dele. Como quem diz esse aqui está na vez e vai ele”, criticou.
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Método da pesquisa
Focada em verificar a opinião dos eleitores sobre o Brasil e a eleição presidencial, o estudo qualitativo feito pelo Instituto de Pesquisas UNINASSAU ouviu um recorte de três grupos recifenses e buscou identificar os sentimentos dos eleitores para com o momento do país.
“A pesquisa qualitativa possibilita que as visões de mundo, desejos e crenças dos eleitores sejam identificados e interpretados. O intérprete da pesquisa qualitativa deve decifrar os significados advindos das verbalizações dos indivíduos. A pesquisa qualitativa tem o poder de apresentar os elementos simbólicos que estão na conjuntura”, esclareceu Adriano Oliveira.