As investigações sobre a queda do jato russo na Península do Sinai este domingo começam a se concentrar na possível causa e há indicações de que o avião teria se despedaçado em pleno ar. Equipes do Egito continuam a buscar por evidências e tratar da recuperação de vítimas.
O chefe do Comitê de Aviação Interestadual da Rússia, Viktor Sorochenko, disse neste domingo que o avião quebrou em pleno voo e que destroços caíram ao redor de uma área de 20 quilômetros quadrados. "É muito cedo para falar de conclusões", disse a jornalistas no Cairo. "A quebra ocorreu no ar".
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Ambas as caixas pretas do avião, que gravam dados de voo, foram recuperadas e a análise delas começa ainda neste domingo. Um time russo começou a trabalhar com o comitê de investigação do governo egípcio.
O Egito ampliou nos últimos anos sua capacidade técnica de lidar com investigações de quedas de aviões, incluindo a habilidade para extrair informações das gravações de voz da cabine e dados de navegação com agilidade, segundo especialista em segurança de aviação familiar com as investigações. Autoridades poderiam ter informações úteis já nos próximos dias ou mesmo horas depois de iniciada a extração de dados da caixa preta, afirmou.
O Airbus A321, operado pela companhia russa Kogalymavia e que voava para São Petesburgo saindo de Sharm El Sheikh, no Egito, caiu na região do Sinai na manhã de sábado.
Os comentários de Sorochenko ocorrem no momento em que o histórico da aeronave e possíveis danos anteriores se tornaram um foco nas investigações. O avião foi construído em 1997, o que o torna um dos mais velhos A321 em serviço, com mais de 21 mil voos e mais de 56 mil horas de vôo, segundo disse a Airbus no sábado.
A aeronave envolvida no acidente já havia sofrido danos na cauda em 2001 ao aterrissar no Cairo. O evento já havia capturado a atenção de especialistas em segurança e de alguns investigadores, segundo pessoas com conhecimento das investigações. Isso porque parte dos fragmentos da cauda foi encontrada em local separado do restante da fusilagem, sugerindo que a porção traseira do avião pode ter se quebrado antes do impacto.
Segundo a Kogalymavia, a aeronave tinha passado por todas as checagens de manutenção necessárias. Ainda assim, quando um acidente afeta significativamente a estrutura de um jato, a empresa aérea normalmente consulta o fabricante e pede que dê assistência ao trabalho a ser feito. Não está claro se isso ocorreu quando o A321 foi reparado anos atrás.
Embora autoridades tenham indicado que a causa provável do acidente tenha sido problemas mecânicos, a queda também trouxe preocupações de um possível ato de terrorismo. O braço do Estado Islâmico no Egito assumiu responsabilidade pela derrubada do avião dizendo que o ataque foi uma resposta ao papel dos russos na guerra da síria, mas não enviou qualquer filmagem ou fotografia que comprove a alegação.
O Estado Islâmico e seus afiliados tem feito com frequência alegações exageradas e oficiais dizem que duvidam da capacidade do grupo de promover tal ataque. Diversas companhias aéreas, no entanto, decidiram suspender voos sobre o Sinai até que mais informações sejam conhecidas sobre o acidente.
Um total de 163 corpos, dentre 224 mortos no acidente, já foram recuperados até o momento e enviados a um necrotério. Jornalistas não puderam visitar a cena do acidente como parte de uma restrição geral no Sinai devido a contínuas operações militares contra combatentes armados. Fonte: Dow Jones Newswires.