Dezenas de milhares de pessoas protestaram na Alemanha, neste domingo (21), contra o partido de extrema direita AfD, uma mobilização de magnitude sem precedentes que começou há uma semana.
Cerca de 50 mil pessoas, o dobro dos inscritos, compareceram à manifestação contra o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) em Munique. O contingente foi tão expressivo que fez a marcha ser interrompida.
Outras estimativas citam um número de 200 mil pessoas e, segundo o jornal Sueddeutsche Zeitung, a polícia afirmou que houve 100 mil participantes.
Nos atos, era possível vez cartazes com as frases "Fora, nazistas" ou "Nunca mais, esse é o momento".
O partido, que entrou no Parlamento em 2017, está em segundo nas intenções de voto, com cerca de 22%, para as eleições regionais de setembro.
Quase 250 mil pessoas já haviam ocupado as ruas no sábado em dezenas de cidades de todo o país, segundo estimativas da rede ARD.
Os atos de domingo foram registrados em cerca de 40 cidades alemãs. Em Colônia, os organizadores estimaram a multidão em 70 mil pessoas, enquanto em Bremen, a polícia local contabilizou 45 mil manifestantes na região central.
Os protestos eclodiram após a organização de jornalismo investigativo Correctiv divulgar, em 10 de janeiro, sobre uma reunião secreta em Potsdam, perto de Berlim, na qual se discutiu um projeto de expulsão em massa de imigrantes, solicitantes de asilo e cidadãos alemães "não assimilados".
Entre os participantes havia membros da AfD, neonazistas e empresários. O evento também contou com a presença de uma figura de destaque do movimento identitário radical, o austríaco Martin Sellner.
A Ministra do Interior, Nancy Faeser, comparou a reunião à "horrível conferência de Wannsee" em 1942, na qual o regime nazista planejou o extermínio dos judeus europeus.
O partido confirmou a presença dos seus membros na reunião, mas garantiu que não apoia o projeto de "remigração" apresentado por Sellner.
Políticos, representantes religiosos e treinadores de futebol fizeram um apelo à população para que se mobilizassem contra o partido, que de acordo com pesquisas, é o segundo nas intenções de voto em três estados do leste.
Os manifestantes "nos encorajam", declarou no domingo o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier. "Eles defendem a nossa república e a nossa Constituição contra os seus inimigos", acrescentou.