Tópicos | racismo

O Projeto Oxé, voltado a atendimento jurídico e psicológico para vítimas de racismo, anunciou a abertura de um novo processo seletivo que visa a contratação de coordenador de projeto (1), advogado (1) e psicólogo (1). As vagas são afirmativas para pessoas autodeclaradas e reconhecidas socialmente enquanto pessoa negra (preta e parda).

A seleção irá acontecer por meio de análise curricular e entrevista. A inscrição acontece pelo envio do currículo para o e-mail redemulheresnegraspe@gmail.com até o dia 4 de fevereiro. O edital completo está disponível no site oficial do projeto

##RECOMENDA##

O resultado da seleção está previsto para o dia 15 de fevereiro. As pessoas contratadas terão que cunprir uma jornada de trabalho de 44 horas semanais com remuneração que varia de R$ 5.000,00, para os cargos de advogado e psicólogo, até 5.400,00, para coordenador de projeto.

O Projeto Oxé é uma iniciativa da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco (RMNPE), em parceria com o Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (GAJOP) e apoio da Articulação Negra de Pernambuco (ANEPE).

A Polícia Civil de Minas Gerais vai abrir um inquérito para investigar um caso de racismo que aconteceu na última sexta-feira (26), na cidade de Boa Esperança, a cerca de 280 km de Belo Horizonte. Uma mulher de 45 anos teria sido vítima de ofensas racistas ditas por um vizinho do mesmo prédio onde mora, um homem de 53 anos. 

Segundo o boletim de ocorrência, um morador do mesmo edifício teria pedido ao acusado para baixar o volume da música do seu apartamento e controlar seus cachorros, pois estaria perturbando a paz da vizinhança. O suspeito foi, então, à porta de outra vizinha, achando que ela teria sido a autora das reclamações. 

##RECOMENDA##

No vídeo é possível ver o homem tocando na campainha do apartamento da vítima initerruptamente e proferindo ofensas diretas. “Chama a polícia, me põe na cadeia, vagabunda desgraçada, me põe na cadeia. Eu to aqui em cima, eu não vou fugir não. Vagabunda, preta, macaca. [....] Mexeu com meus cachorros, foi? Achou que eles não tinham ninguém por eles? Sua feia, encardida”, declarou o suspeito. 

Assustada, a mulher se esconde por trás da porta pedindo que ele vá embora porque sua filha estava assustada. Ele ainda joga um vaso de planta pela fresta da grade, quase acertando a vítima.  

[@#video#@] 

A mulher chamou a polícia, que encaminhou os dois envolvidos, além de uma testemunha, até uma delegacia, onde todos foram ouvidos e liberados. Ao portal EPTV, o delegado Alexandre Boaventura, responsável pelo caso, afirmou que todas as partes serão investigadas. 

“Nós também pegamos o vídeo para análise. O autor falou que apresentará outros vídeos também onde ele se diz vítima. Ele tem direito de apresentar o vídeo dele. E, ao final, sem dúvida nenhuma o vídeo deixa claro o crime que ele cometeu, ele vai ser sim responsabilizado”, disse.

Duas mulheres negras denunciam ter sido vítimas de racismo e calúnia, no último domingo (21), ao fazerem compras em uma unidade do supermercado Mix Mateus, localizada no bairro de Areias, na Zona Oeste do Recife. Mãe e filha afirmam que uma funcionária da loja as acusou de tentar furtar uma fralda e um pacote de lenços umedecidos.

Em páginas nas redes sociais, a mulher mais nova contou que levou o seu filho, uma criança de 1 ano e dois meses, ao local em um carrinho de bebê e, que, antes de sair de casa colocou, próximo ao menino, um pacote de lenços umedecidos e fraldas, que são de uso pessoal do garoto. Ainda segundo a mulher, a funcionária afirmou que tanto ela, como a sua mãe, não poderiam sair do supermercado sem apresentarem a nota fiscal das mercadorias, que não tinham sido retiradas da loja.

##RECOMENDA##

Através de vídeos, registrados pela mulher no momento da abordagem, é possível observar a sua mãe discutindo com um homem e uma mulher, que são funcionários da unidade. Em determinado momento, ela questiona: “É porque eu sou preta?”.

Além disso, é possível, ainda, ouvir a mulher, que estava filmando, pedindo aos trabalhadores que eles verificassem as gravações das câmeras de segurança do estabelecimento.

O Grupo Matheus afirma que está avaliando internamente o caso e ressaltou que a empresa "não compactua com comportamentos preconceituosos de qualquer natureza".

Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco, revelou que uma ocorrência de calúnia foi registrada por meio da Delegacia de Afogados nesta segunda-feira (22). A corporação ainda afirmou que as “investigações seguem até o esclarecimento do caso”.

 

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, lamentou novo episódio de racismo no futebol, neste sábado, e elevou o tom contra a discriminação nos gramados pelo mundo. Poucas horas depois de o goleiro Mike Maignan, do Milan, ser alvo de ofensas por parte de torcedores da Udinese, em jogo do Campeonato Italiano, ele defendeu a derrota "automática" para os times cujas torcidas venham a cometer atos discriminatórios.

"Além do procedimento de três etapas (partida interrompida, partida interrompida mais uma vez e partida abandonada), temos que implementar uma desistência automática para o time cujos torcedores cometeram atos de racismo e causaram o abandono da partida, bem como vetos nos estádios pelo mundo e denúncias acusações criminais para os racistas", declarou Infantino, em comunicado.

##RECOMENDA##

Ele se referia a dois casos de discriminação ocorridos neste sábado, um deles em Sheffield, na Inglaterra. O que mais chamou a atenção foi o que teve o goleiro do Milan como alvo no estádio Friuli, em Údine, em jogo da 21ª rodada do Italiano. "Eles fizeram sons de macaco e não é a primeira vez que isso acontece comigo", disse o goleiro francês, de 28 anos.

No primeiro tempo, o Milan vencia a Udinese por 1 a 0 (gol de Loftus-Cheek) e tinha um tiro de meta a seu favor. Antes da cobrança, Maignan sinalizou para os companheiros, caminhou até o árbitro e depois para a linha lateral. Os jogadores do Milan conversaram com Maignan, que tirou as luvas e desceu o túnel para o vestiário. O goleiro também contou ao árbitro sobre torcedores imitando macacos no início da partida, o que gerou um anúncio no estádio pedindo que as ofensas parassem.

"Fiquei chateado por ter que ir para o vestiário daquele jeito, mas tive o apoio de todos. Conversamos e então tomamos a decisão de voltar a campo e dar a resposta apropriada: para vencer este jogo", disse o goleiro, após a vitória do Milan por 3 a 2. "Eu realmente não queria mais jogar. Mas somos uma família e eu não poderia deixar meus companheiros assim."

Infantino lamentou o episódio. "Os acontecimentos que ocorreram em Udine e Sheffield no sábado são totalmente abomináveis e completamente inaceitáveis. Não há lugar para racismo ou qualquer forma de discriminação - tanto no futebol como na sociedade. Os jogadores afetados pelos acontecimentos de sábado têm o meu total apoio", declarou.

"A Fifa e o futebol mostram total solidariedade às vítimas do racismo e de qualquer forma de discriminação. De uma vez por todas: Não ao racismo! Não a qualquer forma de discriminação!", afirmou.

O presidente da Fifa pediu o maior envolvimento de todas as partes envolvidas no futebol para coibir novos casos de racismo. "Precisamos que TODAS as partes interessadas relevantes tomem medidas, começando pela educação nas escolas, para que as gerações futuras entendam que isso não faz parte do futebol ou da sociedade."

O francês Mike Maignan, goleiro do Milan, saiu de campo neste sábado depois de ser alvo de gritos racistas de torcedores da Udinese, no estádio Friuli, em Údine, em jogo da 21ª rodada do Campeonato Italiano. A partida ficou paralisada por cinco minutos, foi retomada e terminou com a vitória milanista por 3 a 2, com o gol da vitória marcado nos acréscimos da segunda etapa.

No primeiro tempo, o Milan vencia a Udinese por 1 a 0 (gol de Loftus-Cheek) e tinha um tiro de meta a seu favor. Antes da cobrança, Maignan sinalizou para os companheiros, caminhou até o árbitro e depois para a linha lateral. Os jogadores do Milan conversaram com Maignan, que tirou as luvas e desceu o túnel para o vestiário. O goleiro também contou ao árbitro sobre torcedores imitando macacos no início da partida, o que gerou um anúncio no estádio pedindo que as ofensas parassem.

##RECOMENDA##

"Não há absolutamente nenhum lugar para o racismo em nosso jogo: estamos horrorizados", publicou o Milan nas redes sociais com uma foto de Maignan conversando o árbitro. "Estamos com você, Mike."

O time do Milan voltou ao campo, e Samardzic empatou antes do fim do primeiro tempo. A Udinese virou no início do segundo tempo com Thauvin. O Milan chegou ao novo empate aos 38 minutos, com Jovic, que tinha entrado sete minutos antes. O gol da vitória saiu aos 48 minutos com Okafor.

Com a vitória, o Milan chegou aos 45 pontos e está em terceiro lugar. O time volta jogar no sábado que vem, contra o Bologna, em Milão. Já a Udinese, que deve ser punida pelo episódio de racismo, enfrenta a Atalanta, também no sábado. A Udinese está na 16ª posição, com 18 pontos, e pode terminar a rodada na zona de rebaixamento.

No outro jogo de sábado do Italiano, a Roma venceu a Verona por 2 a 1 no primeiro jogo do time após a saída do técnico José Mourinho. Os gols foram de Lukaku e Pellegrini. Folorunsho marcou para a Verona, que está entre as equipes que caem para a segunda divisão, com 17 pontos. A Roma está em sétimo lugar, com 32 pontos.

O atacante da Seleção Brasileira e do Real Madrid, Vinícius Júnior já sofreu vários casos de racismo na Espanha durante os últimos anos que tem atuado no país. Em investigação que apura os ataques sofridos pelo jogador, a justiça espanhola decidiu arquivar um dos processos. 

O caso em questão, veio de uma queixa do atacante após o confronto entre Real Madrid e Osasuna, em fevereiro de 2023, pelo Campeonato Espanhol. O juiz do caso decidiu pelo arquivamento, com a justificativa de que não foi possível identificar os autores. 

##RECOMENDA##

O magistrado admitiu que “ os fatos podem constituir crime, mas não existem dados suficientes para conhecer a identidade dos autores.”

Vinícius Júnior tem sofrido ataques racistas dos torcedores adversários na Espanha nas últimas temporadas. Como o caso ocorrido em duelo contra o Valência ou quando torcedores queimaram um boneco vestindo a camisa do atleta.  

O meia Kauan Santos, do Palmeiras, foi alvo de ofensas racistas após a eliminação do time na Copa São Paulo de Futebol Júnior. O time alviverde foi derrotado pelo Aster Itaquá-SP, na segunda-feira, em Barueri, por 1 a 0, e deu adeus ao sonho do tricampeonato. Após a partida, o jogador publicou um desabafo em sua conta no Instagram relatando xingamentos a ele e a seus familiares.

"Hoje foi o pior dia da minha vida e da minha carreira... Sei que errei e falhei com todos vocês (família, torcedores, companheiros e comissão)", escreveu. "Os que saíram de casa para nos apoiar em todos os jogos, esses, sim, são torcedores de verdade da Sociedade Esportiva Palmeiras! Aos que xingaram... Foram racistas comigo e com a minha família... O futebol não precisa mais disso. Reconheço meu erro e meu mau desempenho, mas isso não condiz mais com o futebol", completou.

##RECOMENDA##

O gol do Aster Itaquá-SP foi marcado aos 16 minutos do segundo tempo, por Jean Tadeu, em jogada de contra-ataque. Kauan foi titular durante toda a partida e acertou uma bola na trave na etapa inicial e participou de algumas das melhores oportunidades do time alviverde na partida. O goleiro Vinicius Chacon teve grande atuação e foi fundamental para impedir que os atuais bicampeões ficassem com a vaga.

Kauan Santos tem 19 anos e é uma das joias do Palmeiras na competição. O meia concorreu ao Prêmio Dener de gol mais bonito da segunda rodada da Copinha, marcado na goleada por 4 a 0 sobre o União ABC. O clube não se manifestou sobre o assunto.

Este é o segundo episódio de racismo na Copinha 2024. Lucas Eduardo, capitão do Vasco, afirmou ter sido chamado de "macaco" enquanto dava entrevista à beira do gramado após a eliminação do time carioca, derrotado pelo Vitória, por 4 a 1, no sábado, em Guarulhos. O jovem relatou os insultos nas redes sociais e afirmou, ainda, que foi acertado por um copo d'água. Ele classificou o episódio, ocorrido no dia do aniversário de 20 anos, como a "derrota mais dolorosa da vida". Em nota, o Vasco lamentou o ocorrido e cobrou punição.

"O Vasco da Gama repudia as agressões sofridas por Lucas Eduardo e está tomando as medidas necessárias para investigar e punir os responsáveis. As agressões e crimes dessa natureza não serão tolerados e serão fortemente combatidos", escreveu o clube.

O vereador Lincon Albuquerque (Cidadania) foi indicado pela Polícia Civil de Goiás por injúria racial contra um colega negro. A decisão é do delegado responsável José Antonio Sena e foi confirmada ao Estadão pela corporação, que informou que o inquérito foi remetido ao fórum na sexta-feira, 12. Cabe agora ao Ministério Público de Goiás (MPGO) decidir se denuncia o vereador ou pede que o caso seja arquivado. O crime de injúria racial é previsto na Constituição e tem pena prevista de dois a cinco anos de reclusão e multa. O parlamentar nega o crime e diz que se defenderá na Justiça.

O caso ocorreu em novembro de 2023, durante sessão plenária na Câmara Municipal de Planaltina (GO), a 259 quilômetros da capital goiana e a uma hora do Distrito Federal. Albuquerque fez sons de macaco ao discutir com o colega Carlim Imperador (PROS). O vereador nega que a intenção tenha sido imitar o animal.

##RECOMENDA##

No relatório, de acordo com o portal Metrópoles, o delegado da 11ª Delegacia Regional de Polícia descreve que o vereador "gesticula com as mãos próximas ao ouvido, fazendo sinais de abrir e fechar os dedos, o presidente se manifesta pedindo para que os dois se acalmem e, logo após, Lincon profere guinchos com a boca, reproduzindo sons que imitam um macaco".

Procurado pelo Estadão, o vereador Lincon Albuquerque disse que já esperava o indiciamento, mas que acredita que a investigação e o devido processo legal são importantes para que ele possa se defender. Nem ele, nem o advogado, já foram notificados sobre o resultado da investigação.

"No meu entendimento, tenho que fazer minha defesa. O delegado agiu corretamente, esse é um tema que precisa ser tratado com muito carinho", disse, referindo-se a acusação de injúria racial.

O Estadão procurou a Câmara Municipal de Planaltina e Carlim Imperador, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

Relembre o caso

Como mostrou o Estadão, os parlamentares debatiam sobre um projeto para implantar uma loteria no município. O autor da proposta, Professor Lincon, começou a fazer sinais com a mão de que o colega Carlim, contrário ao projeto, falava muito. A discussão subiu de tom e Lincon fez sons parecidos com o de um macaco no microfone.

Carlim disse ter sido "bastante hostilizado". Lincon negou que tenha sido racista. O vereador disse que houve um "mal-entendido baseado em uma comunicação inadequada". Lincon afirmou que a intenção era se expressar "a respeito do barulho e da confusão" e disse que é "pardo, filho de pai negro".

Lincon, que se registrou como pardo nas últimas eleições, negou que tenha imitado um macaco na discussão com o colega. Ao Estadão, ele disse que, com os sons e os gestos, ele quis dizer que o oponente estava fazendo "muito barulho". "Eu estava mostrando que ele era barulhento, fiz 'blá blá blá' com a mão para dizer isso."

O vereador diz ainda que as pessoas na cidade, durante encontros nas ruas, na escola onde trabalha e na igreja que frequenta, têm o apoiado. "Todos aqui conhecem os dois", disse o professor, que acrescentou que o adversário costuma ser agressivo nos embates contra ele e seus adversários políticos e que, durante a discussão, o intuito de Carlim pode ter sido o de "desestabilizar" Lincon.

Confira as declarações dos envolvidos à época:

[@#video#@]

Um adolescente negro, de 17 anos, foi impedido por três seguranças, da empresa terceirizada SegurPro, de entrar no Shopping RioMar, que fica localizado no bairro do Pina, na zona sul do Recife. O caso, que aconteceu na noite da última quinta-feira (21), está sendo investigado pela Polícia Civil de Pernambuco como racismo.

O jovem, identificado como Mayck Raphael, foi até o local para fazer a troca de uma roupa. Ao tentar subir as escadas rolantes que dão acesso às lojas do empreendimento, os três trabalhadores se posicionaram na frente do estudante e do seu irmão, um adolescente de 13 anos. Os seguranças não informaram o motivo da proibição da entrada dos garotos.

##RECOMENDA##

Incomodado com a situação, Mayck começou a gravar o ocorrido. Nas imagens, é possível observar o estudante questionando, repetida vezes, o motivo da atitude dos profissionais. Enquanto o adolescente pedia explicações, outros clientes eram autorizados pelos seguranças a subirem as escadas. "Por que eles podem subir e eu não posso? O que é que eles têm de diferente de mim?", questionou o adolescente.

Em entrevista ao G1, o estudante disse que sofreu racismo porque outras pessoas estavam entrando no shopping sem serem submetidas a abordagem dos seguranças. Ainda de acordo com Mayck, ele precisou esperar cerca de seis minutos até que um supervisor chegasse ao local. Esse homem teria justificado que os dois adolescentes foram impedidos de acessarem o empreendimento por conta da Lei Miguel, na qual determina que crianças menores de 12 anos andem de elevador acompanhadas de um adulto. Entretanto, os dois têm idades acima da estabelecida pela lei e, além disso, tentaram subir de escada rolante, e não de elevador.  

O caso foi registrado pela Polícia Civil como racismo/preconceito/discriminação. Além disso, um inquérito foi instaurado e "as investigações prosseguem até esclarecimento dos fatos".

Através de suas redes sociais, o RioMar Recife se desculpou pelo ocorrido, afirmando que já foram verificadas as imagens e que estão sendo tomadas "as medidas internas cabíveis". "A atuação foi inadequada e, por isso, o contratado já foi afastado das funções. Pedimos desculpas", diz nota. Já a SegurPro, empresa terceirizada responsável pela segurança do shopping, informou ao G1 que está à disposição das autoridades para os devidos esclarecimentos e que "adotará as medidas que forem cabíveis após a apuração do caso".

Veja o vídeo:

[@#video#@]

Em nota publicada na última quinta-feira (14), a operadora Infraero se pronunciou sobre o caso da cantora carioca Luciane Dom e alegou que a artista não teve o cabelo revistado durante a inspeção no aeroporto Santos Dumont, na cidade do Rio. O caso de Luciane ficou conhecido após uma denúncia feita por ela, nas redes sociais, de que havia sido vítima de racismo durante uma ponte aérea para São Paulo. A mulher contou que, depois de passar no scanner corporal e de ter a mala inspecionada, uma funcionária do aeroporto informou que tinha que "olhar" o cabelo dela. 

"A cantora Luciane Dom foi selecionada aleatoriamente para uma inspeção manual. Após averiguação interna, foi constatado por imagens de segurança que não houve uma inspeção nos cabelos. De acordo com a Instrução Suplementar IS 107.000-J, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), as gravações feitas por essas câmeras de segurança só podem ser compartilhadas com a Polícia Federal, mediante solicitação de representantes do órgão", informou a Infraero. 

##RECOMENDA##

A empresa também disse que a realização de inspeção de segurança aleatória é prevista na resolução Anac nº 515, de 8 de maio de 2019, e é um dos procedimentos para garantir a segurança do passageiro e demais usuários.  

"Destaca-se que os pórticos detectores de metais de aeroporto têm a capacidade de gerar alarmes aleatórios, com acionamento de forma automática ou sob ação do passageiro, para fins de controle de execução da inspeção aleatória. Importante ressaltar que a inspeção de segurança aleatória é independente de origem, raça, sexo, idade, profissão, cargo, orientação sexual, orientação religiosa ou qualquer outra característica do passageiro", acrescentou. 

"A Infraero reitera que repudia quaisquer formas de discriminação, que comportamentos como injúria racial e racismo não são tolerados nos aeroportos sob sua administração e está à disposição das autoridades competentes para os esclarecimentos que façam necessários", finaliza o informe.

Cantora rebateu versão da Infraero

Após o posicionamento da empresa, Luciane Dom apagou a publicação em que relatava a inspeção nos cabelos e publicou uma nova mensagem na rede social X (antigo Twitter) dizendo que o racismo não se vê nas câmeras de segurança. 

"Eu sei o que ouvi hoje no scan. Foi tudo muito rápido e sutil, o racismo de todo dia não se vê nas câmeras de segurança. Peço que parem o assédio e a reprodução dessa violência. Vamos seguir", escreveu. 

[@#video#@] 

 

A cantora e compositora Luciane Dom usou as redes sociais para compartilhar um episódio de racismo que viveu nesta quinta-feira (14), no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

A artista estava em ponte aérea para São Paulo, para apresentar um musical, quando foi parada na fiscalização do terminal e teve o cabelo "revistado". A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), que administra o Santos Dumont, nega.

##RECOMENDA##

Luciane contou que, depois de passar no scanner corporal e de ter a mala inspecionada no raio-x, uma funcionária do aeroporto informou que tinha que "olhar" o cabelo dela.

"Essa questão do cabelo pega muito, porque a gente está falando há tantos anos sobre ancestralidade, sobre estética, sobre beleza", contou a artista. "Por mais que seja algo que eu já espere, porque a gente vive numa estrutura racista, é muito ruim quando acontece, porque fere algo muito profundo da nossa dignidade."

A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e o Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) pediram à Polícia Federal (PF), à Infraero e à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) uma revisão nos protocolos de revista pessoal e a edição de regulamentação contra o racismo dos agentes de fiscalização e de segurança nos aeroportos.

"Já foram publicizados relatos suficientes que podem caracterizar uma ação atuação sistemática de inspeções, no mínimo, constrangedoras contra pessoas negras. Como o caso da atriz Jennifer Nascimento, em 2022 e do vereador Renato Freitas, que frequentemente sorteado para inspeções ditas 'aleatórias'", diz o ofício.

"Vale notar que, mesmo após longa pesquisa, foi impossível encontrarmos relatos de inspeções em cabelos longos de pessoas brancas nos aeroportos, tão capazes de ocultar objetos como o cabelo Black Power", seguem.

Em nota, a Infraero informou que checou as imagens das câmeras de segurança e que "não houve uma inspeção" nos cabelos da cantora. Também afirmou que ela foi "selecionada aleatoriamente" para inspeção manual.

"A Infraero reitera que repudia quaisquer formas de discriminação, que comportamentos como injúria racial e racismo não são tolerados nos aeroportos sob sua administração e está à disposição das autoridades competentes para os esclarecimentos que façam necessários", diz o texto.

Através de suas redes sociais, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, se solidarizou com a cantora Luciane Dom, vítima de racismo no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (14). Por meio do X (antigo Twitter), a ministra afirmou que a sua pasta “está se mobilizando para entender e acompanhar o caso”. 

“Lamento o ocorrido com a Luciane Dom no aeroporto Santos Dumont, no RJ. Infelizmente, casos como esses não são pontuais. Nosso corpo e nosso cabelo precisam ser respeitados. A equipe do Ministério da Igualdade Racial já está se mobilizando para entender e acompanhar o caso”, escreveu.

##RECOMENDA##

A ministra ainda resgatou uma publicação da sua irmã Marielle Franco, assassinada em 2018, na qual ela denunciou uma situação semelhante a de Luciane. Em fevereiro de 2017, Marielle revelou aos seus seguidores que teve seu cabelo revistado no Aeroporto de Brasília. 

Constrangimento no Santos Dumont 

Luciane Dom relatou, através das suas redes sociais, que teve o cabelo revistado por uma funcionária do aeroporto, após ter passado pelo scanner corporal. “A mulher me diz: 'tenho que olhar seu cabelo'. Eu olho pra ela aterrorizada com a violência desse ato. Ela chama o superior. Meu dia acabou”. 

"Tô assim... obviamente frustrada, obviamente decepcionada. Por mais que seja algo que eu já espere, porque a gente vive numa estrutura racista, é muito ruim quando acontece, porque fere algo muito profundo da nossa dignidade", declarou nos stories do Instagram.

Em nota, a Infraero declarou que a artista foi "selecionada aleatoriamente para uma inspeção manual.", mas negou que Luciane teve o cabelo revistado.

"Após averiguação interna, foi constatado por imagens de câmeras de segurança que não houve uma inspeção nos cabelos", diz trecho do comunicado.

Jamie Arnold, torcedor do Wolverhampton foi condenado nesta sexta-feira a seis meses de prisão por direcionar gestos e insultos racistas ao ex-jogador e atual comentarista esportivo Rio Ferdinand. Além da pena, ele também está proibido de frequentar estádios por um período de sete anos.

A sentença foi anunciada pelo Tribunal da Coroa de Wolverhampton. De acordo com a Sky Sports News, a juíza Rhona Campbell externou toda a sua indignação com o episódio envolvendo o ex-atleta.

##RECOMENDA##

"Ele(Jamie Arnold) trouxe vergonha para à sua cidade e a sua equipe que não toleram comportamentos racistas no seu meio", afirmou a juíza em referência ao torcedor de 32 anos.

As ações que condenaram Jamie Arnold aconteceram em 2021, na partida entre Wolverhampton e Manchester United. O jogo foi disputado no dia 23 de maio. O confronto, válido pelo Campeonato Inglês, marcou o regresso dos torcedores aos estádios após o isolamento forçado provocado pela pandemia da Covid-19.

Já aposentado dos campos, Ferdinand estava na cabine da BT Sport atuando como comentarista. Ao comemorar um gol do Manchester United, ele despertou a ira do torcedor inglês que o insultou das arquibancadas.

Em novembro, Ferdinand manifestou sua gratidão pelo apoio das autoridades locais e também dos torcedores do Wolverhampton, que se indignaram com a situação. "A acusação não teria sido possível sem o apoio das testemunhas e dos funcionários que se apresentaram para depor no tribunal", disse o agora comentarista.

A suscetibilidade de jovens negros da zona rural diante da possibilidade de sofrer violências, a defesa do uso de câmeras corporais acopladas ao uniforme de policiais, a impunidade de agentes que cometem excessos e um Estado com poucos negros em posições de tomada de decisões. Essas foram algumas das colocações, em relação ao Brasil, feitas nesta sexta-feira (8), por membros do Mecanismo Internacional Independente de Especialistas para Promover a Justiça Racial e a Igualdade no Contexto da Aplicação da Lei.

Os integrantes da comitiva chegaram ao país no último dia 27. Eles vieram com a missão de avaliar se a aplicação de leis e políticas têm assegurado ou violado direitos da população negra.

##RECOMENDA##

A análise antecipada, em entrevista, por Tracie L. Kesse e Juan E. Mendéz, será pormenorizada futuramente, na forma de um relatório que será divulgado em setembro de 2024. Outro aspecto que deve constar do documento é o reconhecimento da efetividade de instrumentos como as cotas para negros no funcionalismo público e a criação do Ministério da Igualdade Racial pelo governo Lula.

A comitiva passou por Salvador, Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro, além de Brasília. Um dos critérios para definir a rota da viagem foi incluir locais que registraram casos mais graves de violência policial recentemente, como o da Operação Escudo, na Baixada Santista, e os episódios ocorridos na Vila Cruzeiro e em Jacarezinho, no Rio de Janeiro, e em Salvador. Outro ponto de partida, explicaram os integrantes do órgão, foram as denúncias que são compartilhadas diretamente com eles, não somente pela mídia.

Durante a visita ao Brasil, o grupo conversou com diversas autoridades, tanto do Poder Executivo como representantes do Ministério Público e Defensoria Pública. Durante o período, os especialistas também dedicaram atenção e tempo a ver de perto as condições de presídios - como a Penitenciária Lemos Brito, em Salvador - e do Rio de Janeiro, que não tiveram os nomes citados.

Juan E. Mendéz afirmou que, no Brasil, o que se observa é um cenário que comporta uma "impunidade generalizada", com diversos crimes sem a devida investigação e um adequado desfecho e um negacionismo quanto à existência do racismo estrutural, que "deve ser erradicado". Ele defendeu o uso obrigatório de câmeras corporais por parte dos agentes de segurança como medida para vigiar sua conduta e coibir abusos contra a população.

Em sua entrevista, Mendéz, que já foi diretor executivo do Instituto Interamericano de Direitos Humanos e relator especial da Organização Nacional das Nações Unidas (ONU) sobre tortura, disse, ainda, que outra marca atual do Brasil é a "erosão de confiança" em relação às forças de segurança, causada, sobretudo, pelas violações de direitos humanos. Um aspecto ressaltado por ele foi como o modelo de masculinidade tóxica acaba se refletindo em abordagens policiais.

Impunidade no sistema criminal

"A impunidade de que estamos falando é generalizada no sistema criminal. As comunidades têm medo de apresentar suas denúncias com medo de retaliação", observou ele, que hoje leciona Direito dos Direitos Humanos na American University-Washington College of Law.

Quanto às penitenciárias, Mendéz elencou o saneamento inadequado, a má qualidade dos alimentos oferecida aos detentos, a criminalização dos presos e a estigmatização das famílias, assim como a sobrecarga dos agentes penitenciários, como os principais problemas constatados ao longo das visitas. "O número de encarcerados é impressionante", destacou, adicionando que também fica evidente a grande proporção de negros atrás das grades.

Tracie L. Kesse é co-fundadora e vice-presidente sênior de Iniciativas de Justiça do     Center For Policing Equity. Ela complementou os apontamentos do colega e classificou o que acontece no país como uma modalidade de um "racismo perverso" que contamina as relações. Ela deu ênfase a práticas que se tem adotado, como o trabalho de defensores públicos junto a famílias de vítimas e a lacunas também, citando a falta de representatividade de mulheres no Poder Judiciário e ações de combate à intolerância religiosa. Outra crítica foi quanto à falta de esforço para a utilização do nome social de pessoas transgênero.

"O racismo está sempre presente em algumas leis, que perpetuam a desigualdade em áreas como a saúde", disse ela. "Nós reconhecemos o desafio do governo para oferecer segurança à população", acrescentou.

Quilombolas

Um dos pontos que intrigou a reportagem foi o fato de o Mecanismo não tratar dos assassinatos de lideranças quilombolas, já que muitas das mortes eram anunciadas e parte dos casos geram suspeitas sobre o envolvimento de policiais. Perguntados sobre isso, Tracie L. Kesse e Juan E. Mendéz desconversaram e justificaram as escolhas da programação da viagem dizendo que procuraram focar em casos como o da Operação Escudo. Eles também argumentaram que escutaram "várias lideranças negras", mas sei exemplificar com algum nome quilombola.

A comitiva também não comentou nada sobre indígenas e também não visitou o Norte do país.

"Sabíamos que não podíamos ir a certos locais", declarou Tracie, ao responder indagação feita pela reportagem, o que pode ser interpretado como cautela quanto a idas a comunidades quilombolas, pelo grau de violência que paira sobre elas atualmente.

Um balanço da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq) - compartilhado com a reportagem em novembro - indicava que, nos últimos dez anos, houve 35 assassinatos de quilombolas. No relatório consolidado sobre os casos, a Bahia, com nove ocorrências, se destaca como um dos estados com maiores índices desse tipo de violência.

Uma patroa foi flagrada em vídeo agredindo uma diarista, grávida de três meses, em um apartamento no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitina do Recife. As agressões aconteceram na última quinta-feira (23), na frente da filha da trabalhadora, uma criança de apenas dois anos. No boletim de ocorrência registrado por Kássia da Silva, vítima das agressões, foi informado que a suspeita se chama Cibele Aspasias.

Ainda de acordo com a denúncia, a diarista tinha uma jornada de trabalho de 16 horas por dia, com início às 5h30 e término às 21h30. Nesse longo período de tempo trabalhado, Kássia só tinha direito a uma refeição.

##RECOMENDA##

Nas imagens gravadas pela própria vítima, é possível observar a patroa mandando ela ir embora, enquanto a diarista cobra pelos seus quatro dias trabalhados. A trabalhadora se nega a ir embora sem o pagamento e em meio a discussão, a patroa agride a diarista na frente de sua filha, que começa a chorar assustada com a situação.

Além da violência física, Kássia acusa Cibele de racismo, após a patroa chamá-la de “negra macaca” e dizer que pessoas pretas “não prestam”.

Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco afirmou que o caso está sendo investigado pela 2ª Delegacia da Mulher. Um inquérito policial foi instaurado para investigar as agressões físicas, trabalho análogo à escravidão e injúria racial.

Após Ludmilla acusar Thiago Gagliasso de racismo, o deputado estadual decidiu ir até a delegacia para prestar queixa contra a cantora. Nas redes sociais, ele gravou uma série de vídeos desmentido as acusações e afirmando que tomará medidas legais.

O irmão de Bruno Gagliasso começou contando:

##RECOMENDA##

- Chegando aqui na delegacia, porque lugar de acusar é na internet, mas lugar de provar é na Justiça. Fui acusado de algo que não fiz, um crime que não cometi, e quem me acusou vai pagar, porque aqui não tem nenhum palhaço.

Em seguida, disparou:

- Eu vou até o final, que a brincadeira da Lud está só começando. Aqui não tem nenhum maconheiro malandro não, aqui tem um pai de família com filho, não está lidando com o seu povinho não, aprenda.

No feed do Instagram, o político disparou mais críticas à cantora e frisou que resolverá a situação na Justiça.

- Saindo agora da delegacia, porque diferentemente de pessoas que usam o racismo para se promover, para mim racismo é uma coisa muito séria. Ser acusado de racismo, coisa que eu não fiz, é mais ainda. Eu não tenho medo de cancelamento, minha filha. Eu vou provar e você vai ter que provar, não é na internet não, é na Justiça. Toma vergonha na sua cara. Fumou maconha estragada? Toma vergonha na sua cara antes de acusar alguém disso aí. Respeita quem sofre mesmo de racismo. E não é você não, que destrata criança da favela, não tira foto com ninguém, destrata funcionário.

Em mais vídeos compartilhados nos Stories, ele finalizou:

- Estou passando aqui para agradecer cada mensagem que eu recebi de apoio. Não foi pouca, foi muita gente comprando meu barulho, sabe dessa covardia. Só porque eu não dei uma medalha. Eu não preciso concordar em dar a honraria maior do Estado para quem não sabe cantar nem o hino nacional. A pessoa vai querer te atacar, te cancelar, te chamar de racista para mais de 30 milhões de seguidores, mas quem tem seguidor para mim é formiga. Eu tenho gente de verdade do meu lado que conhece meu caráter, minha índole. Minha família, minha mãe. E a gente não tem medo de cancelamento, não tem medo de p***a nenhuma. Pode tentar cancelar 200 vezes, f***-se. Cancelamento é igual fantasma, só aparece para quem acredita. Espero motivar jovem que tem medo de ser cancelado. P***a nenhuma, vamos enfrentar qualquer falsa notícia, covardia graças a vocês que confiam em mim e compram meu barulho. Muito obrigado do fundo do meu coração a todos vocês.

 

Alvo de insultos racistas nas redes sociais após discutir com Messi durante a derrota por 1 a 0 do Brasil para a Argentina, no Maracanã, o atacante Rodrygo recebeu apoio da CBF, que publicou uma nota para condenar o comportamento dessa parcela de torcedores argentinos. No texto, a entidade também pontua a expectativa que tem colocado sobre o próximo amistoso da seleção, marcado para março de 2024, contra a Espanha, no Santiago Bernabéu, em Madri, onde serão realizadas ações contra o racismo.

Depois do jogo de terça-feira, no Rio, torcedores da atual campeã do mundo invadiram as redes sociais do brasileiro do Real Madrid para ofendê-lo com mensagens racistas, e o próprio jogador denunciou o caso, dizendo que não abaixaria a cabeça frente aos ataques. Na nota publicado no final da noite de quinta-feira, a CBF diz que "seguirá trabalhando de forma incansável para banir do futebol esta doença chamada racismo".

##RECOMENDA##

"O racismo não vencerá. Me solidarizo com Rodrygo, que sofreu ataques violentos e injustificáveis", disse Ednaldo Rodrigues, presidente da entidade esportiva. "Atitudes como essa, que infelizmente já vimos acontecer outras vezes com jogadores brasileiros negros, merecem punição. O papel da sociedade, o papel da CBF, é o de criar mecanismos para conter e estancar esse crime, dentro e fora dos campos. Como primeiro presidente negro da CBF, sigo lutando pelo dia em que nenhuma pessoa será discriminada pela cor da sua pele."

Ednaldo tem falado bastante sobre racismo durante sua gestão e se pronunciou quando Vinícius Júnior entrou nos holofotes da imprensa mundial combatendo duramente o racismo do qual é vítima na Espanha, com a camisa do Real Madrid. Foi nesse contexto que se deu a organização da partida entre Brasil e Espanha no Santiago Bernabéu, duelo que o presidente da CBF acredita que será um marco no combate ao racismo.

"Em março do ano que vem, na próxima data FIFA na Espanha, contra a Seleção Espanhola, você Rodrygo, Vinícius Jr., além de todos os brasileiros que são vítimas do racismo, iremos realizar mais que um jogo, mas uma ação, chamada "Uma só pele", que é um chamamento à reflexão sobre esse tipo de violência que você sofreu, que Vinícius sofre e que todos aqueles que como vocês, brasileiros ou não, jogadores ou não, sofrem diariamente neste planeta", afirmou.

Antes do pronunciamento da CBF, Rodrygo já havia recebido o apoio do Santos, clube que o formou. "Mais do que repudiar, o Santos FC deseja que todos os responsáveis pelos atos de racismo cometidos contra o nosso Menino da Vila sejam condenados como determina a lei. Racismo é crime e assim deve ser tratado", escreveu. Vini Júnior e o zagueiro Rudiger responderam à publicação do companheiro de Real Madrid com emoji do símbolo contra o racismo.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou nesta segunda-feira (20) o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) por injúria contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por racismo contra o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida.

A denúncia foi baseada nas declarações do deputado durante uma entrevista concedida a um programa de podcast na internet, em junho deste ano. 

##RECOMENDA##

Na ocasião, Gayer associou africanos a pessoas com quociente de inteligência (QI) baixo. Durante a conversa com o apresentador Rodrigo Barbosa Arantes, o deputado disse que a população daquele continente não tem capacidade para viver em um regime democrático.

Na entrevista, o deputado ainda chamou o presidente Lula de "bandido".  Após as declarações terem sido levadas à PGR pela Advocacia-Geral da União (AGU) e parlamentares da base governista, o deputado publicou nas redes sociais uma mensagem contra Silvio Almeida.

"Mais um para provar que QI baixo é fundamental para apoiar ditaduras. Infelizmente temos um ministro analfabeto funcional ou completamente desonesto", escreveu.  De acordo com a vice-procuradora em exercício, Ana Borges Santos, as declarações de Gayer não estão cobertas pela imunidade parlamentar. 

"As palavras empregadas não estão alcançadas pela imunidade, porque o discurso foi dolosamente ofensivo, injurioso, depreciativo, aviltante", escreveu a procuradora.  Defesa A Agência Brasil entrou em contato com o gabinete de Gustavo Gayer e aguarda retorno.

Em vídeo publicado nas redes sociais na época dos fatos, Gayer disse que sua entrevista foi tirada de contexto e publicada na internet. O parlamentar afirmou que fez comentários sobre a qualidade da educação e subnutrição no continente, fatores que, segundo ele, têm impacto no QI da população.

Das 27 unidades da federação, apenas sete têm secretarias específicas para o combate ao racismo, trazendo para o primeiro escalão as políticas pela igualdade racial. São dois estados no Norte, Amapá e Pará; quatro no Nordeste, Maranhão, Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia; e um no Sul, o Paraná. No caso dos estados do Paraná e do Rio Grande do Norte, o tema da igualdade racial divide a secretaria com outras temáticas, como Direitos Humanos e Mulheres.

Na maioria dos estados a política contra o racismo está posicionada em subsecretarias, coordenadorias, ou superintendências dentro de secretarias temáticas mais amplas, principalmente de Direitos Humanos ou de Cidadania. Em alguns casos, a estrutura restringe-se a um conselho consultivo onde a sociedade opina sobre as políticas locais e seu impacto sobre a questão racial.

##RECOMENDA##

Representantes do movimento negro e especialista em políticas para questão racial entrevistadas pela Agência Brasil avaliaram que esse dado reflete a pouca centralidade do combate ao racismo nas esferas públicas do país. 

A integrante da secretaria operativa da Coalização Negra por Direitos, Ingrid Farias, considera alarmante o baixo número de secretarias pela igualdade racial nos governos estaduais. Para Ingrid, estar no primeiro escalão representa um compromisso do Estado em executar as políticas públicas a partir de uma avaliação do impacto delas para o racismo em todas as áreas da sociedade.

“Quanto maior nos escalões você estiver mais acesso à orçamento você tem. Se a gente não tem acesso ao orçamento não se consegue fazer mudanças estruturais. Não adianta ter superintendência, secretaria, gerência, nada disso ou se isso não se reflete de fato no repasse de recurso orçamentário porque é assim que a gente consegue fazer as mudanças”, destacou.

A coordenadora da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Cleusa Silva, considera há muito no que avançar no Brasil em políticas públicas contra o racismo e que, muitas vezes, as ações implementadas acabam sendo “para inglês ver”.

“Você cria uma determinada coordenadoria, ou algo que não tem caneta, nem poder de decisão, para dizer que está fazendo alguma coisa no combate ao racismo e na verdade não está”, afirmou. O termo “para inglês ver” se popularizou no Brasil durante o Império porque o governo tomava medidas para inibir o tráfico de escravizados, mas que não tinha efetividade.

A especialista em políticas públicas para igualdade racial Carmela Zigoto, que é assessora do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), ponderou que as estruturas dos estados e municípios para o combate ao racismo variam muito e, por isso, seria preciso entender como cada órgão funciona e se eles têm orçamento. De toda forma, ela acredita que a pouca presença no primeiro escalão “é simbólica de como o Brasil ainda trata a questão do enfrentamento ao racismo”. 

“Se a política pública está em um escalão mais elevado, há mais poder para o gestor pautar e intervir. O combate ao racismo deve estar em instâncias com poder porque o racismo opera com muita força na institucionalidade. O racismo institucional existe nos órgãos de gestão e no oferecimento do serviço para população que, muitas vezes, é discriminada no posto de saúde, na assistência social. Por isso, tem que ter formação dos servidores para que essa discriminação não aconteça”, explicou.  

Municípios

Em relação aos municípios, um levantamento do Ministério da Igualdade Racial (MIR) mostrou que apenas 18% das cidades brasileiros têm algum órgão que promove política de igualdade racial. Dos 5.568 municípios do país, 1.044 contam com alguma estrutura institucionalizada para o combater o racismo. A maioria desses municípios estão nos estados de Minas Gerais (148), Bahia (118), São Paulo (97) e Rio Grande do Sul (79). 

O número de municípios está inscrito no Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) é bem menor. Apenas 195 cidades estão nesse sistema, representando 3,5% dos municípios brasileiras. Por outro lado, todas as 27 unidades da federação estão no Sinapir. 

Criado em 2010, o Sinapir é a estrutura de gestão responsável por interligar todos os entes federados na promoção da igualdade racial e no combate ao racismo. A adesão é voluntária e têm como objetivos fortalecer as políticas contra o racismo, ampliando sua efetividade e alcance na sociedade. 

 

 

 

O Brasil foi o último país do planeta a abolir a escravidão e, ao invés de reparar os ex-escravizados, criou dificuldades para inclusão do negro na nova economia baseada no trabalho assalariado. A imigração europeia para as áreas econômicas mais prósperas do país e a Lei de Terras, de 1850, que limitou o acesso à terra da população pobre, contribuíram para impedir a ascensão social da população negra.  

“Com a imigração massiva, os ex-escravos vão se juntar aos contingentes de trabalhadores nacionais livres que não têm oportunidades de trabalho senão nas regiões economicamente menos dinâmicas, na economia de subsistência das áreas rurais ou em atividades temporárias, fortuitas, nas cidades”, explicou Mário Theodoro, professor do programa de pós-graduação em direitos humanos da Universidade de Brasília (UnB) que estudou a formação do mercado de trabalho no Brasil sob a ótica racial. 

##RECOMENDA##

A ausência da reparação pelos mais de 350 anos de escravidão no Brasil e as estatísticas que comprovam que a população negra mantém os piores indicadores sociais e econômicos são os argumentos usados para que o Estado assuma seu papel na luta pela igualdade racial.  

Para a representante da Coalizão Negra por Direitos Ingrid Farias, o Estado tem papel central no combate ao racismo e à desigualdade. “É o Estado quem regula nossas relações sociais. O Estado está ligado à nossa dinâmica de mobilidade urbana, de saúde, está ligado à dinâmica territorial dentro dos nossos bairros, a economia também é o Estado que regula em parceria com o mercado”, justificou.  

A pesquisadora de gênero, raça e participação política na América Latina acrescentou que sem o Estado não é possível influenciar as estruturas da sociedade. “Por exemplo, várias empresas hoje têm políticas afirmativas de contratação de pessoas negras e isso é fruto da reflexão que o Estado vem provocando junto com a sociedade e que a sociedade vem provocando junto ao Estado brasileiro”, observou. 

Institucionalização da política contra o racismo 

Apesar de algumas iniciativas legislativas e da criação de conselhos locais contra o racismo, foi somente 115 anos após a abolição que o Brasil criou um órgão federal para elaboração e execução de políticas contra o racismo. Em março de 2003, foi inaugurada a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). 

“De fato, mexer com políticas públicas para a questão racial foi com a Seppir. Antes disso não tinha nada. Havia algumas intenções, algumas legislações, mas não existiam órgãos que mexiam com política pública. Tinha alguns conselhos estaduais, como o de São Paulo, mas órgãos e secretarias não existiam”, destacou.  

Desmonte da política racial  

Levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) mostrou que as políticas para igualdade racial foram reduzidas pelo governo de Jair Bolsonaro. O Plano Plurianual (PPA) de 2019 a 2023, que contempla os programas e ações do governo para o período, excluiu a temática da igualdade racial, que teve os programas absorvidos por outras políticas mais amplas de direitos humanos. 

Já o orçamento executado para igualdade racial caiu de R$ 18,7 milhões, em 2019, para R$ 6,94 milhões, em 2022. “Enquanto o governo deixou de financiar a política de igualdade racial, o Brasil seguiu com os piores indicadores para a população negra, que, com o passar dos anos, não têm melhorado. A população negra representa 75% no grupo dos 10% mais pobres, sendo que compõe 56% da população total”, afirma o Inesc.   

Ministério da Igualdade Racial  

Com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a questão racial voltou a figurar no primeiro escalão por meio da criação do Ministério da Igualdade Racial (MIR). Enquanto no PPA anterior não existia menção ao público negro e ao racismo, o projeto de PPA para 2024 a 2027 contemplou o tema em 39 programas.  

O novo PPA prevê que a igualdade racial seja uma agenda transversal que deve estar presente em todas as políticas públicas. Para 2024, a previsão é que o MIR tenha um orçamento de R$ 110 milhões, segundo projeto enviado pelo governo ao Congresso.  

A assessora do Inesc Carmela Zigoto considera que “é um recurso extremamente pequeno considerando o tamanho do problema e também o tamanho do orçamento público. É um recurso insuficiente se considerarmos os trilhões do orçamento”.  

Por outro lado, Zigoto ponderou que o MIR é um ministério meio, que tem o papel de articular e fomentar políticas antirracistas com os ministérios que prestam serviço em massa para população, como os da Saúde, Educação e Justiça e Segurança Pública.   

“Qualquer política pública precisa pensar nos impactos que ela vai gerar no enfrentamento ao racismo. Todos os ministérios têm que estar preocupados com isso e não só o MIR. É importante o MIR existir para coordenar e fomentar a igualdade racial com as outras pastas”, destacou.  

A coordenadora da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Cleusa Silva, defendeu que as políticas contra o racismo devem ter orçamento compatível com o tamanho da população negra do país. Dados recentes do IBGE indicam que cerca de 57% da população se declaram pretos ou pardos no Brasil. 

“É preciso agora ter orçamento que, de fato, contemple essa desigualdade crônica e sistêmica existente na população negra brasileira. Você elabora uma política pública, mas ela é mal dimensionada e não tem o orçamento público que garanta sua efetividade”, afirmou.  

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando