Uma mudança no sistema político e na condução do país, a partir de uma revolução trabalhista. Estas são as principais bandeiras da pré-candidata à Presidência pelo PSTU, Vera Lúcia. Pernambucana radicada em Sergipe, a sindicalista é neófita na disputa presidencial, mas apresenta um discurso duro diante do atual cenário político-econômico brasileiro.
Em entrevista ao LeiaJá, Vera ponderou a necessidade dos trabalhadores se organizem para “decidir sobre os destinos da economia e da política do país”, fazendo com que o Estado e a democracia sejam deles. Além disso, colocou-se como crítica ávida ao “capitalismo e o lucro dos empresários que não pensam na população”.
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“A primeira tarefa para solucionarmos vários dos problemas que vivemos no Brasil, como a precariedade na saúde, no saneamento básico, no transporte público, seria o não pagamento da dívida pública que hoje leva quase 50% do orçamento da união”, pregou a sindicalista sapateira, de 50 anos.
Na linha de frente das propostas apresentadas pela presidenciável, também há a defesa para que a polícia seja desmilitarizada e a população autodefensora; as reformas feitas no país desde o governo de Fernando Collor revogadas; e a jornada de trabalho reduzida, como forma de ampliar as vagas de emprego no país.
“É importante também que a gente reestatize empresas para que elas sejam colocadas a disposição dos trabalhadores. Com isso garantirmos que todo mundo tivesse acesso ao trabalho, hoje temos mais de 20 milhões de desempregados no Brasil em uma sociedade onde tudo é comprado e tudo é vendido. Retira das pessoas a condição dela sobreviver. A redução da jornada de trabalho garante o pleno emprego. No sistema capitalista isso é impossível”, salientou a presidenciável, que disputará o pleito tendo como vice na chapa o militante do movimento negro, Hertz Dias.
Indagada se entre as suas propostas defenderia a revogação das reformas realizadas no governo do presidente Michel Temer (MDB), Vera disse que se assumisse o comando do país teria que “revogar imediatamente todas as reformas” porque, segundo ela, “todos os governos que passaram por este país fizeram reformas e todas elas foram no sentido de atacar os trabalhadores”.
“A previdência que Temer queria jogar a pá de cal agora, em sendo reformada desde Itamar, passou pelo governo Lula e agora Temer tentou, ainda não fez, mas vai continuar tentando. A reforma trabalhista, não é apenas a de Temer, mas também a do governo Dilma que, por exemplo, dificultou o acesso dos trabalhadores ao PIS e ao seguro desemprego. No mesmo viés também vai a anulação das reformas do governo Temer e todas que retiraram o direito dos trabalhadores”, ponderou Vera.
Segurança pública
Na pauta da chapa, a segurança pública também é uma das temáticas em alta. Vera ressalta que os mais atingidos como os índices crescentes de violência no país são negros e pobres. Para a pré-candidata, é necessário desmilitarizar a polícia e fazer com que a população se autodefenda.
“Defendemos que pessoas se organizem em conselhos ou assembleias, para discutir a melhor forma de garantir a segurança dos locais onde moram e fariam isso com uma polícia unificada e que não fosse militarizada como é hoje, a polícia entra nas periferias e as pessoas tem medo. Em um bairro pobre, onde a maioria é negra, se tem medo da polícia, de sair na rua e encontrar com a polícia, o trabalhador tem que provar logo que não é bandido. Essa violência existe e é fato. Na classe trabalhadora mais empobrecida é uma realidade constante”, lamentou.
De acordo com Vera, “a desmilitarização diminuiria a violência sim” porque o “monopólio dela é do Estado”. “A classe dominante é extremamente organizada. Ela cria as leis no Congresso de corruptos e sanciona por Executivos e governos corruptos, tem as leis sendo aplicadas por uma Justiça que não é nossa e tem um braço armado, que tem o monopólio de encarcerar e matar. Quem tem o monopólio das armas é o Estado. Do lado de cá as pessoas morrem, são assassinadas, violentadas, torturadas, encarceradas, apanham e morrem. Elas têm que ter o direito de se autodefender da polícia, dos ladrões e das próprias milícias”, disse.
Solução não está nas eleições
Na lista de fundadores do PSTU e apesar de candidata, Vera Lúcia acredita que a solução para o país não está nas eleições. “A democracia que vivemos é de rico, para pobre é ditadura. O PT, PCdoB e PSOL sabem disso e querem passar para sociedade que teremos os nossos problemas resolvidos com a eleição, mas isso não é verdade, porque se fosse não teríamos problema nenhum”, cravou.
“Estamos chamando os trabalhadores a se rebelarem contra isso e se organizarem nos seus locais de trabalho, estudo e moradia, de forma que possam construir uma nova sociedade. Precisamos fazer uma revolução neste país e transformá-lo. Queremos construir um outro sistema e isso não se dá através das eleições, mas da luta”, completou a presidenciável.