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Pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) aponta que, no primeiro trimestre de 2023, a remuneração média das mulheres negras era de R$ 1.948, o que equivale a 48% do que homens brancos ganham na média, 62% do que as mulheres brancas recebem e 80% do que os homens negros ganham.

Cálculos feitos pela pesquisadora Janaína Feijó mostram que 50% da distância entre a remuneração de mulheres negras e a de homens brancos está relacionada a características do trabalho referentes ao tipo de atividade e função que elas exercem. “Então, é importante perseverar em melhorias no campo da educação”, afirmou, em nota.

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Essa desigualdade permanece apesar do aumento do contingente de mulheres negras na população em idade ativa e da ampliação da escolaridade. Segundo o levantamento, entre o primeiro trimestre de 2012 e o de 2023, a população em idade para trabalhar cresceu 13,4% no Brasil; entre mulheres negras, essa expansão foi de 24,5%, próximo do registrado para homens negros (22,3%), e muito acima do percentual entre homens brancos (2,8%) e mulheres brancas (1,9%).

De acordo com a pesquisadora, a participação das mulheres negras que chegaram ao ensino superior e concluíram o curso dobrou, de 6% em 2012 para 12% em 2023. Esse avanço, entretanto, não foi suficiente para melhorar outros indicadores deste grupo no mercado de trabalho. Apenas pouco mais da metade (51%) que têm idade para trabalhar (14 anos ou mais) estavam no mercado de trabalho – ou seja, empregada ou buscando uma atividade remunerada – no primeiro trimestre de 2023.

Entre essas mulheres, o desemprego continua sendo maior. No primeiro trimestre, era de 13,1%, contra 8,8% para o total do Brasil, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Entre todas as mulheres negras em idade para trabalhar, que somaram 50 milhões no primeiro trimestre de 2023, apenas 44% (22,1 milhões) estavam empregadas. Esse nível tem permanecido estável ao longo do tempo e é o menor quando comparado com os demais grupos: para as mulheres e homens não negros, esse percentual foi de 49,3% e 67,7%, respectivamente”, disse Janaína.

As mulheres negras empregadas estão majoritariamente em funções que apresentam remunerações mais baixas e que estão mais associadas à informalidade. Janaína ressalta que mais da metade (55%) são trabalhadoras dos serviços, vendedoras ou trabalhadoras de ocupações elementares. Segundo ela, os fatores que levam a esse quadro são múltiplos, a começar por barreiras dadas por preconceitos ou falta de oportunidades para capacitação.

A informalidade também se mostra o caminho para mães que não têm uma rede de apoio financeira ou de cuidados para suas crianças pequenas, de acordo com Janaína. Levantamento anterior da pesquisadora do Ibre/FGV aponta que, entre 2012 e 2022, o número de mães solo negras saltou de 5,4 milhões para 6,9 milhões, que representa quase 90% do crescimento total observado no período. Do total de mães solo brasileiras, 72,4% vivem em domicílios monoparentais, ou seja, compostos apenas por elas e seus filhos.

O levantamento foi realizado em referência ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, disse hoje (2) que o primeiro turno das eleições foi marcado pela redução do número de votos brancos e nulos. Os dados foram divulgados durante coletiva de imprensa para apresentação do balanço final do dia de votação. 

De acordo com tribunal, entre os 80% dos eleitores que compareceram às urnas foi registrado um número de 4,20% de votos brancos e nulos. Nas eleições de 2018, o índice foi 8,8%. 

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“Aproximadamente 7,5 milhões de pessoas compareceram a mais para votar em candidatos, deixando de votar nulo e em branco. Talvez porque é uma eleição acirrada, mais polarizada. Isso pode ter sido um dos motivos concorrentes para que tenham ocorrido filas. É diferente uma pessoa anular o voto, votar em branco do que escolher as cinco opções, leva um tempo a mais. É um dado interessantíssimo, porque representa uma maior participação efetiva na escolha dos dirigentes do país”, avaliou. 

O presidente também confirmou que o índice de abstenção ficou em 20,89%, número considerado pelo ministro na média de pleitos anteriores, que costuma ficar em torno de 20%. Nas eleições municipais de 2020, realizadas durante o auge da pandemia de covid-19, o número de eleitores faltosos foi 23,15%.

Sobre o dia de votação, o presidente do TSE considerou que a Justiça Eleitoral cumpriu a missão de garantir a segurança e transparências das eleições. 

“A sociedade brasileira demonstrou grande maturidade democrática. Os eleitores se dirigiram às seções eleitorais, votaram, escolheram seus candidatos em absoluta paz e segurança”, afirmou. 

Filas

Sobre as filas de eleitores registradas em diversos pontos do país, Moraes disse que o problema pode ter sido causado pelo acréscimo dos 7,5 milhões de eleitores que passaram a escolher um candidato, a mudança que permitiu que o eleitor tenha um segundo a mais na tela de urna para confirmar o candidato de sua preferência antes de confirmar o voto e falhas no reconhecimento da leitura biométrica. 

“São causas que serão analisadas para o segundo turno”, completou. 

O secretário estadual de Saúde André Longo afirmou nesta quinta-feira (5), que o processo de vacinação de Pernambuco está sendo bem democrático. "A gente tem buscado dar acesso. Inclusive, o governo fez uma parceria com a Uber para que as pessoas que não tinham acesso à vacina tenham suas corridas disponibilizadas", garantiu o secretário.

A declaração de Longo vai de encontro ao que foi constatado pelo LeiaJá. Usando o Recife, capital pernambucana, como parâmetro, foi verificado a disparidade no número de pessoas brancas e pretas que já foram imunizadas. Segundo atualização da Secretaria de Saúde na última terça-feira (3), cerca de 195.659 pessoas declaradas brancas concluíram o esquema vacinal, 174.410 declarados pardos também foram vacinados. Por outro lado, só 48.851 pessoas declaradas pretas foram imunizadas.

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O secretário estadual de Saúde revelou que vai procurar a Prefeitura do Recife para ver esta situação e saber se precisará tomar alguma medida para a diminuição dessa disparidade. "Se é preciso fazer um trabalho de agente comunitário da saúde, que é a busca ativa, isso tudo pode ser aperfeiçoado e nós vamos buscar o Recife e outros municípios para ver a questão desse perfil", assegura André Longo.

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Segundo informações da Folha de S.Paulo, microdados compilados do Ministério da Saúde mostram que é desigual a vacinação contra a Covid-19 no país. O levantamento mostra que 38% das doses (3,9 milhões) foram aplicadas em pessoas brancas. O número é quase o dobro em relação a negros e padros, que receberam 21% da imunização (2,2 milhões). Amarelos representam 12% dos que tiveram acesso à vacina, 2% corresponde aos indígenas, e 27% não tiveram a cor da pele informada. Os números são do balanço feito em 22 de março.

De acordo com o Ministério da Saúde, até a segunda semana de março, o índice de profissionais que trabalham na área da saúde e que receberam o imunizante corresponde a 82,8%. Neste segmento, segundo o último levantamento de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) em 2010, apenas 15% dos médicos e 38% dos funcionários de enfermagem em geral são negros ou pardos.

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A desigualdade entre brancos e negros também apresenta uma taxa desproporcional no número de idosos no país. Segundo o grupo de estudos sobre envelhecimento da Fiocruz, cerca de 60% das pessoas entre 80 e 99 anos são brancas. Assim como os profissionais da saúde, este foi um dos grupos considerados como prioridade no plano emergencial de vacinação.

A proporção irregular também é presente na taxa de mortalidade. De acordo com a ONG Instituto Polis, a cada 100 mil habitantes, 250 óbitos pelo coronavírus são de homens negros, enquanto 157 são de brancos. O número de mulheres negras também é desproporcional: a cada 100 mil habitantes, 140 mortes pertencem ao grupo de negras, e 85 são brancas. Os dados foram coletados no início da pandemia, entre o começo de março e final de julho de 2020.

Um levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) revelou que micro e pequenas empresas estão assumindo um papel importante na retomada dos empregos no Brasil e também na inclusão de negros no mercado de trabalho. A pesquisa foi realizada com base em dados do Novo Caged, sistema composto por informações captadas dos sistemas eSocial, do Ministério da Economia.

Segundo o Sebrae, o levantamento também demonstrou que entre pessoas negras e brancas, os negros sofreram menos com demissões. “Os trabalhadores negros têm encontrado mais vagas no mercado de trabalho do que os brancos, neste ano, tendo em vista que as empresas, sobretudo as de pequeno porte, dispensaram mais trabalhadores brancos do que negros e contrataram mais negros do que brancos”, afirmou o presidente do Sebrae, Carlos Melles, segundo informações da assessoria de comunicação do órgão.

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Em 2020, de julho a outubro, cerca de 287 mil negros e negras foram contratados pelas micro e pequenas empresas, número 62,5% superior ao de contratação de pessoas brancas, que foi de 177 mil. Também há uma quantidade superior quando comparado às médias e grandes empresas, que no mesmo período, contrataram 223 mil negros e 61 mil brancos.

Ainda de acordo com a pesquisa, o número de pessoas brancas que sofreram com demissões foi alta, independente do porte da empresa, além disso, esse grupo sofre um saldo negativo de geração de emprego. Em contraste, em relação aos empregados negros, o saldo é positivo com 38.612 mil empregos gerados em 2020.

As desigualdades históricas do mercado de trabalho brasileiro, agravadas em meio à pandemia, se mantiveram na passagem do segundo para o terceiro trimestre, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A diferença entre as taxas de desocupação da população que declara ter a pele preta e aquelas que dizem ter a pele branca ficou em 7,3 pontos porcentuais, praticamente a mesma discrepância registrada no segundo trimestre, quando o fosso foi recorde e ficou em 7,4 pontos. No terceiro trimestre, a taxa de desemprego ficou em 14,6%, com a seguinte desagregação por cor da pele: preta (19,1%), parda (16,5%) e branca (11,8%).

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Além do racismo, a desigualdade de gênero permanece como um problema no mercado de trabalho. A taxa de desocupação entre as mulheres ficou em 16,8% no terceiro trimestre, ante 12,8% para os homens.

Os desagregados por nível de instrução revelam que os menos escolarizados foram os mais atingidos pelo desemprego em meio à pandemia. A taxa de desocupação entre as pessoas sem instrução ou com menos de um ano de estudo foi de 12,2% no terceiro trimestre, ante os 14,6% da média.

Ainda assim, a maior taxa de desocupação no terceiro trimestre foi registrada entre as pessoas com ensino médio incompleto, com 24,3%. Para quem tem curso superior completo, a taxa de desocupação foi de apenas 7,0%.

No desagregado por faixa etária, a taxa de desocupação entre os jovens (de 18 a 24 anos) foi de 31,4%. Entre os trabalhadores na faixa de 25 a 39 anos, a taxa foi de 14,2% no terceiro trimestre. Os trabalhadores entre 40 e 59 anos de idade registraram taxa de 9,9%.

Dados obtidos através de pesquisas do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) junto à Fundação Getúlio Vargas (FGV), ao longo da pandemia de Covid-19, mostram que os empreendedores negros têm mais dificuldade que os brancos para conseguir crédito junto aos bancos. Da metade de maio ao final de agosto, segundo o estudo, a taxa de sucesso nas solicitações de empréstimos foi de 5% para 8%, no caso dos negros; no caso dos brancos, foi de 7% para 14%.

Os números também mostram um crescimento do número de empreendedores, tanto brancos quanto negros, que solicitaram crédito aos bancos conforme a pandemia avançava e persistia. Em maio, 39% dos empresários brancos pediram empréstimos, passando a 51% em agosto. No caso dos negros, foram 38% em maio e 50% em agosto. 

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Comparando o número de solicitações e aprovações, nota-se que os negros estão atrás: brancos tiveram 17% dos pedidos de crédito aprovados em maio e 27% em agosto, demonstrando um crescimento expressivo de 10%. Entre os empreendedores negros, o mês de maio mostrou aprovação de 14% das solicitações, enquanto no mês de agosto somente 16% dos que tentaram conseguiram crédito, um crescimento de 2%. Olhando isoladamente o mês de agosto, 65% dos empreendedores negros que solicitaram empréstimos tiveram o crédito negado. Brancos foram 58%.   

Contas vencidas

As pesquisas apontaram para uma redução das dívidas em atraso tanto para brancos (38% em maio, 30% em agosto) quanto para negros (46% em maio, 37% em agosto). A utilização de recursos do governo como suspensão de contrato de trabalho, redução de jornada/salários e férias coletivas, segundo o estudo, é mais alta entre empresários brancos. 

Desemprego como motor

Outra pesquisa, a Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2019, mostrou que 88% dos "Empreendedores Iniciais" começaram um empreendimento devido à "escassez de empregos". Para o Sebrae, esse número deverá aumentar, em especial entre jovens, mulheres e negros. 

No caso do último grupo, os dados mostram que negros têm negócios menores, mais recentes, com menos infraestrutura e recursos. A escolaridade é outro ponto de desvantagem para negros: 47% dos negros têm superior incompleto/completo contra 66% dos brancos.

Taxa de desocupação no 2ª trimestre de 2020

Por raça ou cor

* Pretos e pardos - 15,8%

* Brancos - 10,4%

Por sexo

* Mulheres - 14.9%

* Homens - 12%

Redes sociais e permanência em casa

A pesquisa mostrou queda na diferença entre os dois perfis no uso das redes sociais como ferramenta de negócio. Já no que diz respeito a trabalhar de casa devido à Covid-19, a lógica se inverte. Os empreendedores negros trabalhando em casa são 34% contra 30% dos brancos. O otimismo sobre a duração da pandemia é também maior entre os negros, que estimam um retorno à normalidade em cerca de 10,9 meses, contra 11,7 para os empresários brancos.

Em função do contexto histórico da escravidão, a população negra teve menos acesso à educação e renda, ocasionando percentuais elevados de subemprego e de desemprego, fazendo também com que essas pessoas empreendessem principalmente motivadas pela necessidade, comenta Adriana Moreira, criadora da Feira Preta, evento que reúne empreendedores e consumidores majoritariamente negros.

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As eleições municipais de 2020 terão, pela primeira vez, mais candidatos pretos e pardos do que brancos, segundo os números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo levantamento publicado pelo jornal Folha de São Paulo, do total de candidaturas computadas até agora, 51% são candidatos negros, ou 263 mil candidaturas contra 248 mil candidatos brancos, o que representa 48% do total. Entre os negros, 208 mil se declaram pardos e 55 mil, pretos.

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A cor dos candidatos passou a ser perguntada nos registros apenas em 2014 e até agora as eleições não tinham registrado maioria negra entre as candidaturas, apesar de que o grupo representa a maior parte da população brasileira.

Em 2020, até agora o número total de candidatos computados foi recorde, com 523 mil candidaturas postuladas no TSE, que espera receber até 645 mil candidaturas.

O aumento do número de candidatos negros se dá no contexto da introdução de ações afirmativas nas eleições deste ano, garantindo o aumento de verbas de propaganda eleitoral e campanha de candidaturas negras nos partidos.

A confirmação da medida, que foi implementada por decisão liminar do ministro Ricardo Lewandowski, será avaliada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) ao longo da semana.

O TSE havia decidido que a partir das eleições de 2022, as verbas de campanha e propaganda eleitoral deverão ser divididas de forma equânime entre negros e brancos nos partidos.

Da Sputnik Brasil

Em um levantamento feito pelo 'Quero Bolsa', plataforma de vagas e bolsas de estudo de ensino superior, aponta que no estado de São Paulo, em 2019, apenas 3,68% dos contratados para cargos de liderança eram negros (pardos ou pretos). A pesquisa foi feita utilizando os dados do Cadastro Geral de Empregado e Desempregados (Cadeg).

Para isso, foram analisadas todas as contratações de ocupações de direção e gerência de pessoas com diploma de ensino superior, em 2019. De acordo com a pesquisa, ao todo, no Estado foram 58.083 admissões desse tipo. Dessas, 2.140 foram  de negros (3,68%) e 41.042 (70,66%) foram de profissionais brancos.

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Além disso, negros recebem menos que brancos nesses cargos. O salário médio de um profissional branco foi de R﹩ 8.692,41, isso significa 8% a mais que os R$  8.056,41 recebidos por profissionais negros. A pesquisa ainda aponta que comparando em gêneros, mulheres também estão menos inseridas nesses cargos que homens.

Foram 25.029 (43,09%) profissionais femininas, enquanto 33.054 homens foram contratados (56,91%). “Quando fazemos o recorte de raça, chegamos à conlusão de que homens negros representam apenas 2,24% dos cargos de liderança. Olhando para mulheres negras, esse percentual cai bem mais, chegando a 1,45%. No caso de homens brancos, a taxa representa 39,77%. Ou seja, homens brancos preencheram mais que 1675% cargos de liderança que homens negros e mais que 2642% a mais que mulheres negras”, informa o levantamento feito pelo Quero Bolsa.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou, nesta terça-feira (23), dados relativos ao perfil dos 5.783.357 inscritos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020. Segundo o balanço, "47% são pardos; 34,7% são brancos; 13,3% são pretos; 2,2% são amarelos; 0,7% são indígenas e os demais optaram por não informar".

Os estudantes declaram seu perfil racial no ato de inscrição. Além disso, por meio da Página do Participante, os candidatos podem votar as datas de aplicação da prova.

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Gênero e faixa etária

Seguindo a tendência dos últimos anos, o Enem tem mais mulheres: elas são 60% das inscrições. No que diz respeito à idade, mais da metade dos estudantes tem até 20 anos, seguida pelo grupo de até 18 anos de idade, que corresponde a 40,6% dos participantes. 

No entanto, uma mudança foi percebida: enquanto outras edições costumavam ter índices baixos de pessoas mais velhas, o Enem 2020 registrou 12.982 inscritos acima dos 60 anos. 

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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que cria datas comemorativas para três "segmentos étnicos" da sociedade brasileira: os brancos, os negros e os indígenas. A votação foi na última terça-feira, 10.

Proposta em 2004 pela então senadora Roseana Sarney (PFL-MA), a lei chegou à Câmara em 2005, e desde então passou por vários relatores em diferentes formações e em comissões distintas.

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O projeto propõe que os indígenas sejam celebrados em 19 de abril, Dia do Índio, que os negros sejam festejados em 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, e que os brancos sejam lembrados no dia 22 de abril, data de "alta significação" por ser, conforme o texto do PL, o dia da "chegada oficial do branco europeu ao Brasil".

Relator do projeto na CCJ, o deputado Gilson Marques (Novo-SC) votou pela constitucionalidade do texto - "atende aos pressupostos formais e materiais previstos na Constituição", escreveu -, mas criticou a proposta por entender ser "desnecessário gastar dinheiro do pagador de impostos para dizer o que todos já sabem".

"Sou contra movimentar todo o aparato legislativo, que custa mais de 10 bilhões de reais por ano, para discutir e aprovar projetos dessa natureza", argumentou o deputado-relator. Agora, a proposta segue para análise do plenário da Câmara.

A taxa de desemprego entre os brasileiros que se declaram brancos (9,2%) permaneceu significativamente abaixo no terceiro trimestre da taxa de desocupação dos autodeclarados pretos (14,9%) e pardos (13,6%).

A taxa de desemprego média global no período foi de 11,8%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 19.

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No terceiro trimestre de 2019, a população desempregada totalizou 12,515 milhões de pessoas.

A participação dos pardos foi de 52,5%; a dos brancos, 34,0%; e a dos pretos, 12,7%.

A população negra tem 2,7 mais chances de ser vítima de assassinato do que os brancos. É o que revela o informativo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, divulgado hoje (13), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 Segundo a analista de indicadores sociais do IBGE Luanda Botelho, enquanto a violência contra pessoas brancas se mantém estável, a taxa de homicídio de pretos e pardos aumentou em todas as faixas etárias.

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“Na série de 2012 a 2017, que foi o período que a gente analisou neste estudo, houve aumento da taxa de homicídios por 100 mil habitantes da população preta e parda, passando de 37,2 para 43,4. Enquanto para a população branca esse indicador se manteve constante no tempo, em torno de 16” disse ela.

De acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, foram registradas 255 mil mortes de pessoas negras por assassinato nos seis anos analisados.

Entre os jovens brancos de 15 a 29 anos, a taxa era de 34 mortes para cada 100 mil habitantes em 2017, último ano com dados de mortes disponíveis no DataSus. Entre os pretos e pardos, eram 98,5 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Fazendo o recorte apenas dos homens negros nessa faixa etária, a taxa de homicídio sobe para 185. Para as mulheres jovens, a taxa é de 5,2 entre as brancas e 10,1 para as pretas e pardas.

Estudantes

Segundo o levantamento, a violência vivenciada na escola também atinge mais a população preta e parda do que a branca. O IBGE analisou dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2015 com alunos do nono ano e concluiu que 15,4% dos pretos ou pardos e 13,1% dos brancos deixaram de ir à aula em algum dia por falta de segurança no trajeto entre a casa e a escola.

Do total de estudantes, 53,9% dos pretos e pardos estudavam em escolas localizadas em áreas de risco, enquanto entre os brancos a proporção cai para 45,7%. A diferença cresce na comparação apenas entre escolas privadas, com 40,7% dos pretos ou pardos e 29,5% dos brancos.

Entre os estudantes pretos e pardos, 15,1% disseram ter sido agredidos fisicamente por um adulto da família. Entre os brancos, a proporção é de 13,1%.

Segundo o IBGE, jovens expostos à violência têm mais propensão a sofrer de doenças como depressão, vício de substâncias químicas e problemas de aprendizagem, além de suicídio.

"Essa terra é nossa! Essa terra é a nossa!" Esse foi o grito de ordem usado por um grupo de pouco mais de dez pessoas que se definiram como "nacionalistas" e "identitários" para interromper, há duas semanas, um debate na livraria Politics & Prose, em Washington. A conversa no local era sobre um livro que discute impactos de um ressentimento de fundo racial nos Estados Unidos.

O episódio, sem desdobramentos criminais, ilustra o que especialistas apontam como uma tendência de crescimento dos extremistas que defendem o nacionalismo e a supremacia branca - em oposição a negros, judeus e muçulmanos. Nem Washington, que já foi considerada uma das "cidades-santuário" para acolhimento de imigrantes, escapa mais das manifestações radicais.

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Os dados variam dependendo do método usado pela instituição que conduz a análise, mas o aumento é constante. A Liga Anti-Difamação (ADL, na sigla em inglês) aponta que, em 2017, os casos de violência cometidos por grupos de extrema direita e supremacistas brancos representaram 59% do total de todos os ataques extremistas nos EUA. Um ano antes, eles eram responsáveis por apenas 20% dos casos. Pesquisa do Centro para Estudos Internacionais e Estratégicos (CSIS) também indica um crescimento dos casos de violência praticada pela extrema direita.

Há duas semanas, um ataque contra uma sinagoga na Califórnia reacendeu as preocupações com o tema. O suspeito de abrir fogo e matar uma pessoa, além de ferir outras três, tem 19 anos e foi acusado de 109 crimes de ódio e crimes federais.

Nos últimos dois anos, os EUA foram palco de ataques de crimes de ódio ligados a radicais nacionalistas. O caso mais notável foi Charlottesville, em 2017, quando supremacistas brancos e simpatizantes do neonazismo fizeram uma manifestação na cidade. Um ato contrário ao grupo foi atacado por um motorista, que jogou o carro contra manifestantes, matando uma mulher e ferindo 19 outras pessoas.

Brian Levin, diretor do Centro para Estudo do Ódio e Extremismo, da Universidade da Califórnia, aponta que o número de homicídios causados por extremistas de direita e nacionalistas brancos subiu de 13 casos, em 2017, para 17, em 2018, nos EUA. "A questão está afetando não só os EUA, mas muitos países do mundo", afirma.

"Qualquer movimento radical e de ódio pode cometer um ataque em massa. Mas há algumas ideologias que estão tendo um incentivo maior. Hoje, os nacionalistas brancos são a ameaça extremista mais proeminente", completa Levin.

Em outubro, um atirador abriu fogo em duas sinagogas em Pittsburgh e mudou a rotina dos judeus da Pensilvânia. Na ocasião, 11 pessoas foram assassinadas. O atirador passou meses usando as redes sociais para fazer postagens racistas, antissemitas, nas quais chamava os imigrantes de "invasores". No dia em que decidiu entrar nas sinagogas com um rifle e três pistolas, ele postou: "Não posso sentar e assistir a meu povo ser abatido. Dane-se sua ótica, eu estou entrando."

Desde então, as sinagogas passaram a ampliar os botões de pânico espalhados pelo ambiente - de menos de dez para algumas dezenas. O mecanismo permite um comunicado direto às autoridades policiais. As sinagogas na Pensilvânia também realizaram treinamento de como fugir ou se esconder em caso de ataques. A Federação Judaica da Grande Pittsburgh promoveu cerca de oito treinamentos por semana depois do atentado.

A ação em Pittsburgh teve efeitos políticos. Congressistas estaduais da Pensilvânia anunciaram na quinta-feira, 9, que discutirão seis projetos de lei com foco no combate aos crimes de ódio. As medidas no pacote incluem a criação de um banco de dados de grupos de ódio, a exigência de que os criminosos façam aulas sobre diversidade e um rigor maior na investigação e na punição dos casos, que passarão para a alçada do procurador-geral do Estado.

Para Seth Jones, diretor do projeto de ameaças transacionais do CSIS, o atirador de Pittsburgh é um sinal do quadro nacional. "Apesar de a violência de grupos de extrema esquerda também representar uma ameaça, as redes de extrema direita aparentam estar mais bem armadas e serem maiores", afirmou. Ainda segundo ele, o número de ataques da extrema direita, desde 2014, foi maior do que os ataques de extremistas islâmicos.

O diretor do CSIS usa dados coletados por um consórcio da Universidade de Maryland para estudo do terrorismo. Segundo ele, os ataques terroristas de extremistas de direita subiram nos EUA para 31 casos em 2017. Entre 2007 e 2011, foram contabilizados menos de 5 casos por ano. Na Europa, o número de ataques subiu de 9, em 2013, para 30, em 2017. Em 31% dos atentados, os alvos são figuras religiosas ou instituições e a arma de fogo é usada em 38% das vezes.

Republicanos e democratas divididos

O crescimento dos ataques de extremistas de direita nos Estados Unidos é um dos temas que polariza o cenário político americano. Enquanto os democratas condenam unanimemente as ações de nacionalistas e de supremacistas brancos, a maioria dos republicanos hesita em criticá-los.

Os deputados estaduais da Pensilvânia que fizeram o anúncio de um pacote de lei para combater o extremismo eram todos democratas. "A questão precisa ser bipartidária e não há razão para que isso não aconteça", afirmou o deputado democrata Dan Frankel, que busca apoio de republicanos.

A forma de lidar com o problema divide os dois partidos e expõe o presidente dos EUA, Donald Trump, a críticas severas. Na época das manifestações nacionalistas de Charlottesville - e dos protestos contra os supremacistas brancos -, Trump disse que havia "muito ódio e violência" em "ambos os lados". Em abril, ele voltou a defender a manifestação.

"As pessoas estavam lá para protestar contra a retirada de uma estátua do general Robert Lee", disse Trump, em referência ao líder confederado que lutou para manter a escravidão na guerra civil, no século 19. "Gostem ou não, ele foi um grande general."

No entanto, depois do ataque a tiros contra duas mesquitas na Nova Zelândia, em março, Trump foi questionado se achava que havia um crescimento dos crimes cometidos por supremacistas brancos. Ele rejeitou a ideia. "Realmente não. Acho que é um pequeno grupo de pessoas que têm problemas muito sérios", respondeu o presidente americano.

Trump tem sido constantemente criticado e advertido por aliados republicanos que o tema pode entrar no foco da campanha presidencial de 2020 e ser usado contra ele pelos pré-candidatos democratas, especialmente em Estados com grande número de eleitores moderados e independentes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os mais de 11 milhões de brasileiros que votaram em branco e nulo no segundo turno das eleições 2018, realizado neste domingo (28), equivalem à população de um país como Portugal. Eles representam 9,5% dos 147,3 milhões de eleitores brasileiros. Jair Bolsonaro, candidato do PSL, foi o vencedor, escolhido por 57,7 milhões de brasileiros, e Fernando Haddad (PT) foi opção de outros 47 milhões.

Por sua vez, outros 31 milhões de brasileiros deixaram de ir votar - ou 21,30% do eleitorado. Somados aos brancos e nulos, 42,1 milhões não escolheram um dos dois candidatos para ser o 38º presidente eleito democraticamente pelo País.

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Esse é o maior índice desde a redemocratização do Brasil. Nas eleições presidenciais de 1989, brancos e nulos somaram 5,8% do eleitorado - equivalente a 4 milhões de pessoas -, enquanto abstenções somaram 14,4% do eleitorado, quase 12 milhões de pessoas.

Na comparação com as eleições presidenciais de 2014, houve pequeno avanço na soma entre brancos e nulos. Naquele ano, 9,64% optaram por não votar em Aécio Neves ou Dilma Rousseff. Também naquele pleito, 19,39% dos eleitores deixaram de ir às urnas, o equivalente a mais de 27 milhões de pessoas.

Para o professor Maurício Fronzaglia, o número expressa desconfiança e descrédito com relação à política e às mudanças que essa eleição poderia trazer. "Em uma eleição muito polarizada, uma boa parte do eleitorado não se sentiu representado por nenhum dos lados. E não conseguiu escolher entre eles, nem mesmo entre o menos pior."

Segundo ele, isso pode representar até mesmo uma descrença no próprio processo eleitoral. "Até que ponto a democracia representativa ainda se encaixa no nosso tempo? Ela foi pensada e adequada para a maioria dos países nas últimas décadas, quando o mundo era diferente. Está faltando um update (atualização) nas regras de funcionamento da democracia representativa."

Os vilões já não são mais os gênios do mal ou alienígenas invasores: o Super-Homem tem agora a missão de proteger imigrantes dos abusos de supremacistas brancos.

Na última edição da série "Action Comics", que publica as aventuras do Super-Homem desde 1938, o "homem de aço" age para impedir um operário desempregado que pretende matar imigrantes.

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Com camisa azul e bandana com as cores da bandeira dos Estados Unidos (vermelho, azul e branco), o vilão bigodudo representa todos os clichês do trabalhador americano pobre.

Com uma arma na mão, ameaça mulheres de véu e arremete contra trabalhadores hispânicos, os quais acusa de roubar seu emprego.

"Trabalham por quase nada, não falam inglês e assim não podem exigir sequer um centavo a mais. Tomaram o meu trabalho! Meu modo de vida! Por tudo isto, vão pagar", diz o operário antes de atirar.

Mas no momento exato aparece o Super-Homem, desviando as balas com seu peito, para salvar os imigrantes.

"A única pessoa responsável por sua escuridão, que sufoca a sua alma, é você", diz o herói de capa vermelha ao supremacista branco.

O episódio evoca a recente violência em manifestações de extremistas de direita nos Estados Unidos, como ocorreu em agosto passado, em Charlottesville, Virgínia.

Um levantamento da Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial mostra que mais de 60% dos adeptos de religiões afro-brasileiras de São Paulo são brancos. O estudo também revela que a maioria é composta de mulheres, com ensino médio completo. Entre as outras etnias, os pardos contabilizam 25,5% e os negros representam 13,1%. A pesquisa recebeu o nome de “Diversidade Etnico-racial e Pluralismo Religioso no Município de São Paulo”.

Segundo o advogado e ex-secretário da Justiça do Estado, Hédio Silva Júnior, “os dados desconstroem o senso comum, porque o estereótipo é de que essas são religiões de preto e ignorante”. O estudo foi elaborado com base nas informações dos censos do IBGE, obtidos entre 2000 e 2010, e mostra um crescimento de 43,8% no número de praticantes em São Paulo. Por crença, 50.794 pessoas se declararam umbandistas, 18.058 praticantes do candomblé, e 854 disseram ser adeptos de outros ritos afro-brasileiros.

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Do total de praticantes, 56,36% são mulheres, 43,63% homens. Para Silva Júnior, o esclarecimento da população, diretamente relacionado com o nível de escolaridade e as práticas de combate a intolerância religiosa, tem ligação com o crescimento do número de fiéis: 23,93% têm ensino superior, e a renda de outros 27% é superior a três salários mínimos.

Candidaturas no país continuam deixando de lado mulheres pretas, pardas e indígenas. A maioria dos candidatos a vereador ou a prefeito nas eleições deste ano é homem, sendo que os homens autodeclarados brancos são 58% na disputa por uma vaga a chefe do Executivo municipal.

A constatação é Grupo de Estudo Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que divulgou esta semana levantamento sobre o perfil de gênero e de raça dos mais de 400 mil candidatos pelo país em cerca de 30 partidos.

Ao analisar os dados autodeclarados pelos próprios candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os pesquisadores notaram que os homens brancos e pardos chegam a 66% das candidaturas a vereador, enquanto as mulheres são 33%, margeando o teto obrigatório, que é de 30%. As candidatas brancas estão em vantagem e somam 17%, enquanto as pretas e pardas são 15% – mesmo essas últimas sendo 27% da população, ou seja, um a cada três brasileiros é uma mulher não branca, segundo o Censo 2010 do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística.

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Na disputa às prefeituras, os homens brancos são líderes. Chegam a 58% dos concorrentes, enquanto as mulheres são 12% das candidatas, sendo 8% brancas – duas vezes mais que as não brancas. Os homens pretos, pardos e indígenas também estão em número maior que sua prevalência na população, 29% dos candidatos, mesmo sendo 26% dos brasileiros.

Um dos autores do estudo, o professor do Gemaa, vinculado ao Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj, Luiz Augusto Campos, levanta uma série de hipóteses para explicar a baixa representação de mulheres e de não brancos entre os candidatos. Ele cita a limitação na cota partidária, “que está funcionando como cota para mulheres brancas”, além da falta de apoio dos próprios partidos a candidatos que não sejam reflexo dos seus caciques.

Partidos

A pesquisa do Gemaa também mostra a ausência de candidatos pretos, pardos ou indígenas nos grandes partidos, aqueles com mais recursos e chances de eleger representantes, independentemente do perfil ideológico, de direita ou esquerda. Por outro lado, os partidos com maior concentração de candidaturas brancas são grandes ou médios, ligados a ideias de centro ou de direita.

Os três partidos com mais candidatos brancos às câmaras de vereadores este ano são o NOVO (90%), o PMDB (60%) e o PSDB (58%). Na outra ponta, aqueles com o maior número de autodeclarados pretos são o PSTU (37%), o PCB (19%) e o PSOL (17%).

“A nossa hipótese é que o nó disso tudo [da sub-representarão de mulheres e de pessoas não brancas entre as candidaturas registradas] está no partido político. Ele é a porta de entrada na política, ele que define quem vai se candidatar ou não. Quando é mais tradicional, de elites mais tradicionais, ele tende a reproduzir esses grupos já constituídos. Quando o partido é novo, tende a estar mais aberto à entrada de outros grupos”, avaliou. “Há aí um componente que expressa viés racial, na inércia das elites desses partidos, para se manterem no poder”, criticou.

Procurado pela Agência Brasil, o diretório nacional do partido NOVO disse que é formado por pessoas de todas as classes sociais e que tem dois dos três candidatos mais pobres e o maior número de mulheres disputando uma vaga na Câmara de Vereadores de São Paulo. “O NOVO é o único partido aberto a qualquer pessoa, onde qualquer cidadão pode passar por um processo seletivo e ser candidato. Sem ser massa de manobra pelos ditos defensores das minorias”, afirmou.

O PMDB e o PSDB não se manifestaram até a publicação desta reportagem.

Solução

Para garantir a eleição de mais mulheres e de candidatos não brancos, maioria na população, o professor defende cotas mínimas, além da distribuição, de maneira igual e até maior, de recursos para os candidatos com esse perfil. “O ideal seria uma cota final em que o Parlamento tivesse um percentual mínimo e que as cadeiras fossem distribuídas para esses grupos. Mas isso demandaria mudanças que os políticos, sobretudo as elites dos partidos, não estão dispostas a fazer”.

O professor defende também uma cota partidária com recorte de gênero e raça. “O problema é na porta de entrada. As chances de uma pessoa com esse perfil permanecer na politica se multiplicam depois de eleita uma vez. O viés [racista] não é do eleitor”, disse.

Os negros são maioria entre os empreendedores brasileiros. A constatação é de um estudo realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). De acordo com a análise, metade dos donos de negócios é afrodescendente, enquanto 49% são brancos e 1% pertence a outros grupos. A avaliação corresponde ao período que vai de 2002 a 2012.

Segundo a pesquisa, os negros, além de elevar sua participação entre os empreendedores, conseguiram aumentar seu rendimento mensal e o nível de escolaridade. Houve um crescimento no tempo médio de estudo de 38%, passando de 4,7 para 6,5 anos de dedicação aos livros. Entre os brancos, de acordo com a análise, o crescimento foi de 21%. 

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"Quando analisamos o incremento da remuneração no mesmo período, notamos que o rendimento médio real cresceu 45% entre os empreendedores negros, passando de R$ 786 para R$ 1.138 mensais, enquanto entre os brancos a expansão foi de 33%, variando de R$ 1.843 para R$ 2.460 por mês", destaca o presidente do Sebrae, Luiz Barreto, conforme informações da Agência Sebrae de Notícias.

Tanto para negros quanto para brancos, comércio e serviços são os setores da economia que mais atraem empreendedores. Ainda de acordo com a pesquisa, entre os afrodescendentes, 46% atuam nos dois segmentos. Entre os brancos, metade deles também atua nos setores. O estudo também constatou que no grupo dos negros prevalecem atividades consideradas “mais simples”, como pesca, cabeleireiros e ambulante, ao mesmo tempo em que entre os brancos predominam atividades mais especializadas, tais como advogados, engenheiros e médicos.

Na distribuição por região, 41% dos empreendedores negros estão no Nordeste e 31% no Sudeste. Já no grupo dos brancos, 46% estão no Sudeste e 26% na Região Sul. De acordo com o Sebrae, a maior concentração de afrodescendentes em terras nordestinas se justifica pelo forte migração de negros para esta região, bem como pela média nacional de natalidade ser maior.

Com informações da Agência Sebrae de Notícias  

 

De 2003 a 2013, a renda da população preta e parda cresceu 51,4%, enquanto a da população branca aumentou 27,8%, divulgou nesta quinta-feira (30) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, a renda dos negros ainda corresponde a apenas 57,4% da dos brancos, percentual maior que os 48,4% de 2003. Nesse período, a renda média geral da pesquisa subiu 29,6%.

Enquanto a população de cor branca teve rendimento médio de R$ 2.396,74 em 2013, a população preta e parda recebeu em média R$ 1.374,79 por mês. O valor médio para toda a população das seis regiões metropolitanas pesquisadas no ano passado foi de R$ 1.929,03. Para a técnica da Coordenação de Emprego e Renda do IBGE, Adriana Araújo Beringuy, que apresentou a pesquisa, a retrospectiva dos 11 anos da Pesquisa Mensal do Emprego mostra que houve ganhos importantes para grupos historicamente mais vulneráveis.

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"De fato melhorias têm ocorrido, mas a diferença ainda é muito importante. A melhoria pode ser atribuida a questões como escolaridade da população como um todo que vem aumentando, permitindo que as pessoas obtenham empregos com maiores rendimentos, assim como também ao aumento do poder aquisitivo da população, que gera um aumento de vagas no comércio, por exemplo", explicou.

Em 2013, a taxa de desocupação se mantinha maior para a população preta e parda do que para a população branca. Enquanto o primeiro grupo partiu de uma taxa de 14,7% em 2003 para uma de 6,4% em 2013, a do segundo grupo saiu de 10,6% para 4,5%. De 2012 para 2013, o desemprego se manteve no mesmo valor para os pretos e pardos, e caiu de 4,7% para 4,5% para os brancos. Apesar disso, nos dez anos, a queda foi de 8,3 pontos percentuais para a população preta e parda e de 6,1 pontos percentuais para a população branca.

A diferença entre a renda de homens e mulheres também foi reduzida, mas persiste. Trabalhadores do sexo feminino ganharam, em média, o equivalente a 73,6% do que os do sexo masculino receberam em 2013. Em 2003, o percentual era de 70,8%, mas chegou a ser de 70,5% em 2007. O rendimento real mensal médio das mulheres em 2013 foi de R$ 1.614,95, enquanto o dos homens foi de R$ 2.195,30.

A taxa de desocupação também é maior entre as mulheres do que entre os homens, com 6,6% contra 4,4%. Em 2003, a taxa para as mulheres era de 15,2%, e, a para os homens, de 10,1%. A maior taxa de desemprego é verificada entre as mulheres negras, para quem o índice chega a 7,9% em 2013 e foi de 18,2% em 2003. As mulheres brancas têm a segunda maior, de 5,4%, e os homens negros, de 5,1%. A dos homens brancos, que era de 8,6% em 2003, caiu para 3,8% em 2013.

São Paulo continua sendo a região metropolitana com a maior renda média, de R$ 2.051,07, seguida pela do Rio de Janeiro, de R$ 2.049,07,  de Porto Alegre, de R$ 1.892,83, e pela de Belo Horizonte, de R$ 1.877,99. Salvador, com R$ 1.460,68, e Recife, com R$ 1.414,40, possuem os menores valores médios.

O uso dos termos preto e pardo, empregados pela matéria, respeita as categorias originais usadas na pesquisa pelo IBGE.

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