Tópicos | Empreendedorismo Negro

Uma iniciativa em prol da equidade racial, realizada no Recife, terá o primeiro dia de jornada formativa para empreendedoras e empreendedores negros nesta terça-feira (16). Em parceria com a General Mills, uma das maiores empresas do ramo alimentício no mundo, o Fundo Baobá irá beneficiar pessoas negras que fomentem o setor gastronômico local. Os participantes inscritos são de um edital prévio do programa, chamado “Negros, Negócios e Alimentação”. 

A ação ocorrerá na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), região central do Recife, a partir das 14h. A jornada formativa será coordenada pelo FA.VELA, que é um hub de educação e aprendizagem, com foco no empreendedorismo. Também estarão presentes os donatários do edital, representantes do fundo por equidade racial (Baobá), representantes da General Mills e convidados. 

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A formação será constituída por mentorias coletivas e específicas, além de um diagnóstico final de cada um dos negócios selecionados. Nos encontros coletivos, serão abordados os seguintes temas: desenho e modelo de negócio; gestão e saúde financeira; precificação de negócios de alimentação; estratégias de vendas offline e online para negócios de alimentação; gestão de pessoas e liderança; e construção de redes e parcerias. 

Também haverá rodas de conversa sobre os efeitos psicossociais do racismo em intersecção com outras formas de hierarquização social também serão promovidas. “Todas as pessoas selecionadas já passaram por uma jornada formativa introdutória. Agora, estes e outros temas serão trabalhados em detalhes. Sabemos o quanto é importante garantir uma infraestrutura mínima e, ao mesmo tempo, aprimorar a gestão dos negócios, a estratégia de marketing, atração e fidelização de clientes. A saúde financeira dos negócios e de todas as pessoas envolvidas depende disso“, explica Fernanda Lopes, diretora de programa do Fundo Baobá. 

As mentorias específicas para empreendedores no ramo gastronômico, por outro lado, abordarão estratégias para fotografar alimentos; como estruturar o delivery de comida pronta para o consumo; boas práticas nos serviços de alimentação conforme as resoluções da ANVISA; gestão eficiente e planejamento de serviços de alimentação; boas práticas para rotulagem nutricional; identidade cultura e culinária. 

Serviço 

Jornada Formativa para Empreendedoras e Empreendedores Negros da Gastronomia acontece no Recife 

Período: 16 de agosto, das 14h às 18h 

Local: UNICAP (Rua do Príncipe, 526 - Boa Vista) 

Público: empreendedoras(es) negras(os) da área de alimentação de pronto consumo da região metropolitana do Recife selecionados pelo Fundo Baobá para Equidade Racial no edital Negros, Negócios e Alimentação e convidados. 

 

Dados obtidos através de pesquisas do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) junto à Fundação Getúlio Vargas (FGV), ao longo da pandemia de Covid-19, mostram que os empreendedores negros têm mais dificuldade que os brancos para conseguir crédito junto aos bancos. Da metade de maio ao final de agosto, segundo o estudo, a taxa de sucesso nas solicitações de empréstimos foi de 5% para 8%, no caso dos negros; no caso dos brancos, foi de 7% para 14%.

Os números também mostram um crescimento do número de empreendedores, tanto brancos quanto negros, que solicitaram crédito aos bancos conforme a pandemia avançava e persistia. Em maio, 39% dos empresários brancos pediram empréstimos, passando a 51% em agosto. No caso dos negros, foram 38% em maio e 50% em agosto. 

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Comparando o número de solicitações e aprovações, nota-se que os negros estão atrás: brancos tiveram 17% dos pedidos de crédito aprovados em maio e 27% em agosto, demonstrando um crescimento expressivo de 10%. Entre os empreendedores negros, o mês de maio mostrou aprovação de 14% das solicitações, enquanto no mês de agosto somente 16% dos que tentaram conseguiram crédito, um crescimento de 2%. Olhando isoladamente o mês de agosto, 65% dos empreendedores negros que solicitaram empréstimos tiveram o crédito negado. Brancos foram 58%.   

Contas vencidas

As pesquisas apontaram para uma redução das dívidas em atraso tanto para brancos (38% em maio, 30% em agosto) quanto para negros (46% em maio, 37% em agosto). A utilização de recursos do governo como suspensão de contrato de trabalho, redução de jornada/salários e férias coletivas, segundo o estudo, é mais alta entre empresários brancos. 

Desemprego como motor

Outra pesquisa, a Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2019, mostrou que 88% dos "Empreendedores Iniciais" começaram um empreendimento devido à "escassez de empregos". Para o Sebrae, esse número deverá aumentar, em especial entre jovens, mulheres e negros. 

No caso do último grupo, os dados mostram que negros têm negócios menores, mais recentes, com menos infraestrutura e recursos. A escolaridade é outro ponto de desvantagem para negros: 47% dos negros têm superior incompleto/completo contra 66% dos brancos.

Taxa de desocupação no 2ª trimestre de 2020

Por raça ou cor

* Pretos e pardos - 15,8%

* Brancos - 10,4%

Por sexo

* Mulheres - 14.9%

* Homens - 12%

Redes sociais e permanência em casa

A pesquisa mostrou queda na diferença entre os dois perfis no uso das redes sociais como ferramenta de negócio. Já no que diz respeito a trabalhar de casa devido à Covid-19, a lógica se inverte. Os empreendedores negros trabalhando em casa são 34% contra 30% dos brancos. O otimismo sobre a duração da pandemia é também maior entre os negros, que estimam um retorno à normalidade em cerca de 10,9 meses, contra 11,7 para os empresários brancos.

Em função do contexto histórico da escravidão, a população negra teve menos acesso à educação e renda, ocasionando percentuais elevados de subemprego e de desemprego, fazendo também com que essas pessoas empreendessem principalmente motivadas pela necessidade, comenta Adriana Moreira, criadora da Feira Preta, evento que reúne empreendedores e consumidores majoritariamente negros.

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Uma pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que as mulheres negras integram o grupo empreendedor mais afetado pela pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Foram ouvidos 6.470 donos de pequenos negócios de todos os estados do país e Distrito Federal, entre os dias 25 e 30 de junho.

Os dados apontam que as empresas chefiadas por negras têm mais dificuldades de se manter funcionando funcionando: 36% das empreendedoras negras estão com a atividade interrompida temporariamente, frente a 29% entre as empresárias brancas e 24% entre os homens brancos e 30% de homens negros. Isso se deve em grande parte ao fato de seus negócios só poderem funcionar presencialmente: essa é uma realidade para 27% das empresárias negras e 21% das brancas.

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As dificuldades também são sentidas na busca por recursos para manter as empresas funcionando durante a pandemia. De acordo com o levantamento, as empreendedoras negras são uma fatia expressiva entre donos de empreendimentos que tiveram empréstimos bancários negados devido a CPF’s negativados, representando 58% desse grupo. O percentual só é menor que o de homens negros, com 64%.

Comparadas às empreendedoras brancas, as mulheres negras também apresentaram um aumento nas dívidas em atraso: 45% delas enfrentam essa situação, frente a  36% das mulheres brancas. A informalidade nos negócios e os índices de demissão também são problemas que atingem as empreendedoras negras com mais força. São elas as com o menor percentual de funcionários registrados no regime de CLT (29%) e demitiram um número médio maior de empregados (em média 3, quem demitiu). 

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Na próxima sexta-feira (19), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) promoverá um evento voltado ao empreendedorismo de pessoas negras. A Feira Virtual de Afroempreendedores de Pernambuco (Fevafro) será iniciada a partir das 19h por meio do Instagram da Rede Afroempreendedores de Pernambuco (Raepe). Há também programação prevista nos dias 24 e 29 de junho. 

A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Universidade, o Raepe e o Grupo de Estudos e Pesquisas em Autobiografias, Racismos e Antirracismos na Educação (Gepar). Durante o evento, serão realizadas apresentações apresentações musicais e debates sobre temas raciais. 

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Programação

19/06 - Conversa de Auxiliadora Martins e Ziel Karapotó Toré

24/09 - Apresentação da cantora Adjanira Félix e do violinista Everaldo Costa 

29/06 - Apresentação musical com Jana Moreira

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