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A Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu que são falsos os registros de imunização contra a covid-19 no cartão de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No total, foram registradas três doses fraudulentas do imunizante. A primeira delas foi inserida em julho de 2021 por meio da UBS Parque Peruche, em São Paulo. Nesse caso, a CGU, apesar de ter confirmado a fraude, não conseguiu identificar o autor da falsificação, em razão de limitações do Sistema VaciVida, o portal estadual de vacinação de São Paulo.

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"O registro foi inserido no Sistema VaciVida em 14/12/2021, ou seja, antes da individualização do acesso. E isso dificultou (se não, impossibilitou) que se chegasse a uma conclusão sobre quem efetivamente teria feito o registro da vacinação do Sr. Bolsonaro. Em outras palavras, qualquer pessoa com o login e a senha de acesso da UBS Parque Peruche pode ter feito essa inserção", diz o texto. Para avançar na investigação, a CGU irá notificar a Corregedoria Estadual de São Paulo e o Ministério Público de São Paulo.

As duas outras doses foram registradas nos dias 13 de agosto e 14 de outubro de 2022, em Duque de Caxias. Aqui os investigadores chegaram a nomes de auxiliares do ex-presidente Bolsonaro e servidores do município fluminense que estariam envolvidos em uma esquema de falsificação.

Foi a partir dessa investigação da CGU que a Polícia Federal deflagrou uma operação em maio do ano passado para prender o tenente-coronel Mauro Cid, ex-braço direito de Bolsonaro, e outras seis pessoas, entre elas, os ex-assessores Max Guilherme e Sergio Cordeiro. Também foi cumprido mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente da República.

"A apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19", informou a Polícia Federal, ao deflagrar a apuração.

A investigação mostrou ainda que a conta do próprio Bolsonaro no Conecte SUS baixou o certificado ao menos quatro vezes desde dezembro do ano passado, o que indica o uso de documentos falsos. Isso foi feito por dois auxiliares. Um deles, o coronel Mauro Cid.

Para chegar à conclusão, a Controladoria-Geral da União ouviu servidores da UBS Parque Peruche e da Prefeitura de Duque de Caxias, analisou os livros físicos mantidos de registros de vacinação e consultou outros órgãos, como a Força Aérea Brasileira (FAB) e o Ministério da Saúde. "A CGU atestou a impossibilidade de o registro ter sido feito através do sistema mantido pelo órgão federal".

Procurado, Bolsonaro ainda não se manifestou sobre a nota técnica da CGU.

Enquanto esteve na Presidência da República, Bolsonaro impôs sigilo de um século sobre o seu cartão de vacinação e alegou privacidade. Durante a pandemia, ele questionou a eficácia da vacina inúmeras vezes e desestimulou a vacinação da população.

Há três anos, no dia 17 de janeiro de 2021, foi vacinada a primeira brasileira contra a Covid-19. A enfermeira Mônica Calazans recebeu a dose da Coronavac, imunizante produzido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Atualmente, o desafio é aumentar a cobertura vacinal do público considerado de risco para a doença, conforme avaliam especialistas ouvidos pela Agência Brasil.

O médico infectologista Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ressaltou que, embora a pandemia de covid-19 tenha sido “debelada”, o vírus continua circulando e ainda há mortes pela doença. “Continuam acontecendo mortes pela Covid-19. Então uma questão importante é atualizar o calendário vacinal”, alertou.

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Durante a pandemia, segundo avaliação do médico, o país passou por momentos muito críticos, como o comportamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e representantes do governo federal, que se posicionavam de forma negacionista e antivacina. Por outro lado, Vecina apontou como positiva a atuação por parte da rede periférica de serviços de saúde pública para conseguir avançar na imunização da população.

“Principalmente a atenção primária [de saúde], que se dispôs e conseguiu avançar muito dentro da possibilidade de vacinação. Apesar da campanha contra, apesar dos negacionistas, nós conseguimos controlar a pandemia graças à expansão da vacinação”, disse.

Primeira pessoa vacinada contra a Covid-19 no Brasil, a enfermeira Mônica Calazans contou à Agência Brasil que aquele momento não sai de sua mente. “Eu lembro do momento com muita emoção, me traz a memória [de que] naquele momento a gente estava saindo de uma situação por conta da vacina. Então me traz também muita alegria porque eu estava mostrando para os brasileiros que o que nós temos de seguro para enfrentar a Covid-19 é a vacina”, disse.

“Eu entendo que estava representando os brasileiros, a gente não tinha esperança de nada. E, no dia 17 de janeiro de 2021, eu consegui trazer um pouco de esperança no coração brasileiro. Foi uma questão de muita alegria, emoção misturada com esperança. Foi um fervilhão de sentimentos naquele dia”, acrescentou a enfermeira.

Ela lembra de situações no transporte público ao comparar o período mais crítico da pandemia com o momento atual. “Naquele momento tão crucial, tão traumático, as pessoas tinham medo até de sentar ao seu lado [no transporte], as pessoas não se aproximavam. E hoje não”.

“Hoje você consegue andar sem máscara, você consegue ver o sorriso das pessoas, você pega na mão das pessoas, porque anteriormente você não pegava na mão de ninguém”, comparou. Apesar disso, ela destaca a importância de se manter a vacinação contra a Covid-19 ainda hoje.

Vacinação infantil

O infectologista Gonzalo Vecina Neto ressaltou que atualmente há uma baixa cobertura de vacinação de crianças. “A mortalidade está muito elevada nas crianças abaixo de 5 anos por causa da baixa cobertura”, acrescentou. As variantes que estão circulando atualmente têm uma grande capacidade de disseminação, mas uma mortalidade mais baixa. No entanto, a doença pode ainda acometer de forma grave especialmente os grupos que têm menos defesas imunológicas.

Tais grupos são os idosos, crianças pequenas, gestantes e portadores de comorbidades. “Esses grupos têm uma fragilidade do ponto de vista de enfrentar imunologicamente o invasor no corpo, por isso eles se beneficiam da vacina. Particularmente esses mais frágeis, ao terem a doença, tem uma maior possibilidade de hospitalização e de morte”, explicou Vecina.

De acordo com Rosana Richtmann, infectologista do Instituto Emílio Ribas, a tendência é que se faça a vacinação anual especialmente para os grupos de maior risco, utilizando vacinas que consigam dar proteção contra as novas variantes do vírus causador da doença.

“O que a gente aprendeu com a Covid-19 é que o vírus vai tendo pequenas mutações, ele vai mudando a sua genética, vai escapando da nossa imunidade. Isso é um processo contínuo. Então, muito mais importante do que você me contar quantas doses de vacina de covid-19 você tomou nesses últimos três anos, a minha pergunta seria quando foi a sua última dose e qual vacina você tomou. Se você tiver uma dose atualizada, é suficiente”, explicou.

A infectologista destacou que, nos Estados Unidos, já está disponível a vacina mais atualizada, uma monovalente que combate a variante XBB da doença. “O Brasil está usando a bivalente [que combate cepas anteriores], dentro do país é a mais atual, mas não é a mais atualizada disponível no mundo. A gente julga que, neste momento, seria importante o Brasil adquirir essa vacina monovalente atualizada no lugar da bivalente”, defendeu.

Para Richtmann, um dos principais desafios a serem enfrentados neste momento é justamente a vacinação de crianças pequenas, a partir de seis meses de idade, considerado grupo de risco para a doença. Ela ressalta que adultos e crianças maiores chegaram a ter a doença ou tomar a vacina, o que garante alguma proteção contra o vírus.

“Há um desafio para vacinar essa população, porque é uma população virgem de proteção, eles não têm proteção nem adquirida, nem através da vacinação”, disse. Ela reforça a importância de a vacinação de crianças contra a Covid-19 fazer parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI). “No ano passado, tivemos 135 mortes de crianças, é um número que poderia ter sido prevenido através de vacinação”, acrescentou.

Ministério da Saúde

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19 no Brasil começou em 18 de janeiro de 2021, após a aprovação para uso emergencial das vacinas Sinovac/Butantan e AstraZeneca/Fiocruz, no dia anterior, informou o Ministério da Saúde (MS), acrescentando que o êxito da campanha foi possível mediante o envolvimento das três esferas de governo.

Até o momento há cinco vacinas autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e em uso no Brasil: duas com autorização para uso emergencial (CoronaVac/Butantan e Comirnaty bivalente Pfizer) e três com registro definitivo (AstraZeneca/Fiocruz, Janssen-Cilag e Comirnaty Pfizer/Wyeth). No país, as vacinas covid-19 continuam disponíveis e são recomendadas para a população geral a partir dos 6 meses de idade.

“Em fevereiro de 2023, juntamente com o lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação, foi iniciada a estratégia de vacinação para grupos prioritários com a vacina bivalente e com a recomendação de dose de reforço para essa população a partir de 12 anos. Ainda em 2023, essa estratégia foi incorporada ao Calendário Nacional a vacinação para o público infantil de 6 meses a menores de 5 anos”, disse a pasta, em nota.

Na avaliação de cobertura vacinal, para o esquema primário de duas doses, com as vacinas monovalentes, o MS registra uma cobertura de 83,86%, desde o início da campanha em janeiro de 2021 até janeiro de 2024.

“É importante destacar que, à medida que forem obtidas novas aprovações regulatórias e as vacinas adaptadas às novas variantes, o Ministério vai adequando as necessidades assim que os imunizantes estiverem disponíveis no país por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), seguindo as recomendações e atualizando os esquemas de vacinação”, diz a nota.

Na live semanal que realiza às terças-feiras, o Conversa com o Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva iniciou a transmissão falando da importância da área da saúde, ao lado da ministra dessa pasta, Nísia Trindade. Lula criticou duramente os "negacionistas" e todos os que espalham fake news sobre as vacinas. "É preciso criminalizar quem dissemina informações falsas sobre vacinação", defendeu o presidente.

A titular da Saúde também teceu severas críticas aos negacionistas e culpou a gestão anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro, pela "péssima gestão da pandemia", sem um programa eficiente de imunização, não apenas para a covid, mas para outras doenças que precisam de imunização. "Estamos voltando a ter aumento, por exemplo, de 60% na imunização do HPV, que prevê combate ao câncer de útero", disse a ministra.

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Segundo ela, houve uma "destruição" no governo anterior do até então eficiente programa de vacinação no Brasil, sobretudo a vacinação infantil. "O movimento antivacina não ocorre apenas no Brasil, mas há uma disseminação de divulgações falsas sobre o assunto", disse, emendando: "as fake news confundem a população sobre a importância da vacinação." Segundo ela, até alguns setores políticos referendam essas informações, levado pânico à população.

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal adiou para a próxima quarta-feira, 29, às 9h, a votação do projeto de lei (PL) que estabelece o Programa Nacional de Vacinação em Escolas Públicas. Inicialmente, a proposta ia ser analisada nesta terça-feira, 28, porém alguns parlamentares discordaram do artigo quarto da iniciativa, pois, segundo eles, o texto favoreceria a obrigatoriedade da vacinação contra o coronavírus.

O relator da PL 826/2019, senador Humberto Costa (PT-PE), sugeriu que os pares pudessem fazer algumas modificações à proposta original enviada pela Câmara do Deputados. Estas mudanças, de acordo com Humberto, podem ser acatadas a fim de agilizar a aprovação da matéria.

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Para o relator, o projeto, que foi apresentado pelo deputado hoje bolsonarista Domingos Sávio (PL-MG), nem trata de Covid-19, pois foi idealizado em 2019, ano em que a doença nem havia sido detectada. Humberto ainda ressalta que a iniciativa visa conscientizar e sensibilizar os responsáveis sobre a importância da vacinação contra vários tipos de enfermidade.

Causa de toda a polêmica, o artigo quarto decide que, cinco dias após a vacinação na unidade escolar, os profissionais da educação devem enviar à unidade de saúde uma lista com todos os estudantes que não receberam a vacinação. Além do nome das crianças e dos adolescentes, no levantamento deve haver o endereço e informações dos responsáveis. Caso eles não se apresentem na unidade de saúde em um prazo de 30 dias após o comunicado, os profissionais de saúde deverão fazer uma visita ao domicílio do aluno com o objetivo de conscientizar acerca da importância de estar com a vacinação em dia.

Um dos que pedem a modificação deste artigo é o senador Dr. Hiran (PP-RR). Segundo ele, a alteração desta parte do projeto facilitaria a aprovação da matéria na Comissão. "Vacinar salva vidas. Gente mal informada diz que a vacinação faz mal. Vacina é um patrimônio da humanidade. Sobra vacina no Brasil, pois temos hoje uma educação em saúde frágil, que não chega efetivamente às pessoas de maneira eficaz para convencê-las sobre a importância da vacinação", afirmou.

Já segundo o senador Eduardo Girão (Novo-CE), há discordância entre cientistas com relação à vacinação contra a covid. "Nenhum lugar do mundo é obrigatório, e o projeto coloca na marca do pênalti para intimidar os pais", diz. O parlamentar ainda propôs, durante a sessão, a realização de audiência pública para debater o conteúdo do texto. Esta sugestão não foi seguida pelo relator, que sugeriu que Girão apresente a proposta na audiência na Comissão de Educação (CE), onde o texto ira tramitar após apreciação do CAS.

Outro parlamentar contrário à iniciativa é o senador Magno Malta (PL-ES) que afirmou que "a vacinação contra a covid em crianças pode provocar comorbidades", o que não é descrito pela comunidade médica.

Frontalmente contrária às teses antivacina, a senadora Zenaide Maia (PSD-RN), que é formada em medicina, defendeu o projeto. "Vacina não tem partido, nem cor, e não é de governo, mas do Estado, que tem a obrigação de mostrar que a vacinação salva vidas", disse.

O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira, 31, que a vacinação contra a covid-19 passa a ser anual para grupos prioritários e a integrar o calendário nacional de imunização para crianças entre seis meses a menores de cinco anos.

Até agora, as ações de imunização contra a doença eram conduzidas de forma excepcional por causa da emergência sanitária. Primeiramente, em 2021, a campanha foi organizada de acordo com a disponibilidade de vacinas e públicos com maior necessidade. Entre 2022 e 2023, após toda a população adulta ter acesso às duas doses iniciais, foram disponibilizadas vacinas infantis, doses de reforço e o imunizante bivalente, versão atualizada para conferir maior proteção também contra as cepas da variante Ômicron.

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A partir de 2024, a vacinação passa a acontecer anualmente para públicos prioritários, a exemplo do que ocorre com a campanha de vacinação contra a influenza (gripe). O ministério não detalhou se haverá um mês específico de início da campanha ou se a imunização já estará disponível automaticamente para os grupos prioritários 12 meses após a aplicação da última dose.

"A Organização Mundial da Saúde definiu públicos prioritários, como idosos, trabalhadores da saúde, mas nós ampliamos esses públicos no Brasil. Aqui, nós trabalhamos também com população ribeirinha, indígenas, pessoas com deficiência permanente, moradores e trabalhadores de instituições de longa permanência, que são os públicos mais vulneráveis", justificou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do ministério, Ethel Maciel, em entrevista à imprensa nesta terça.

Veja abaixo a lista completa dos públicos prioritários:

- Idosos

- Imunocomprometidos

- Gestantes e puérperas

- Trabalhadores da saúde

- Pessoas com comorbidades

- Indígenas, ribeirinhos e quilombolas

- Pessoas vivendo em instituições de longa permanência e seus trabalhadores

- Pessoas com deficiência permanente

- Pessoas privadas de liberdade maiores de 18 anos, adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas e funcionários do sistema de privação de liberdade

- Pessoas em situação de rua.

Ethel esclareceu que, a princípio, os demais públicos, como adultos sem nenhuma imunossupressão, não serão o foco da vacinação anual, mas ressaltou que esse cenário pode mudar de acordo com o surgimento de novas variantes ou mudanças no cenário epidemiológico. "Para os adultos imunocompetentes, não precisamos de uma outra dose, por enquanto, mas temos que monitorar o cenário porque a covid é uma doença nova", afirma.

A secretária disse ainda que, originalmente, o ministério e especialistas trabalhavam com a hipótese de que a covid-19 seria uma doença sazonal, como ocorre com a gripe, que tem maior incidência durante o inverno, mas o cenário não se confirmou. "Vimos que ela tem maior impacto do surgimento de subvariantes do que de sazonalidade", afirmou.

Ela disse que revisões de estudos feitas pelo grupo técnico que assessora o governo mostra que todas as vacinas atualmente disponíveis no País são capazes de reduzir o risco de agravamento da doença, mesmo para novas subvariantes. "Todas elas funcionam contra casos de maior gravidade, que é o nosso foco agora", diz.

Ethel ressaltou que, mesmo com os avanços na vacinação e no tratamento da covid, ainda morrem cerca de 42 brasileiros por dia de covid. "É como se um ônibus se acidentasse todos os dias. No ano passado, tínhamos mais de 200 mortes por dia, já diminuímos, mas ainda é a doença infecciosa que mais mata no Brasil", diz ela, justificando a importância do monitoramento constante e da vacinação contra a doença.

A secretária afirmou ainda que todos que ainda não tenham tomado a vacina bivalente podem procurar os postos de saúde para receber a dose - neste caso, a imunização está disponível para maiores de 18 anos que já tenham tomado ao menos duas doses de vacina contra a covid.

O ministério afirmou que, na primeira semana de novembro, lançará nova campanha na TV aberta, nas redes sociais e em locais de grande circulação, reiterando a importância da testagem, da vacinação e do tratamento contra a covid.

O antiviral nirmatrelvir/ritonavir está disponível no SUS para tratamento da infecção pelo vírus, logo após o aparecimento dos sintomas e teste positivo. A pasta esclarece que o medicamento é indicado apenas para pessoas com mais de 65 anos e pacientes imunossuprimidos com mais de 18 anos.

Ações em escolas

Ethel destacou ainda que o ministério aposta no programa Saúde na Escola e nas ações de vacinação em ambiente escolar para aumentar a cobertura vacinal do imunizante contra a covid entre o público infantil.

Hoje, esse é o grupo com menor adesão à campanha, principalmente graças à hesitação vacinal de pais e responsáveis atingidos pela desinformação sobre as vacinas. Dados de julho do Ministério da Saúde mostravam que só 11,2% das crianças de 6 meses a 4 anos completaram o esquema vacinal contra a covid. Na faixa etária dos 5 a 11 anos, o índice era de 49,8%.

A secretária ressaltou que as vacinas disponíveis no SUS são seguras e eficazes e lembrou que o maior risco é deixar as crianças desprotegidas contra uma doença que ainda não está devidamente desnudada pela comunidade científica. "É uma doença nova, estamos aprendendo, não sabemos o efeito a longo prazo desse vírus. É um vírus que causa uma inflamação muito grande, mudanças no organismo. Precisamos proteger nossas crianças", disse.

Ela afirmou que, em parceria com o Ministério da Educação, a pasta da Saúde está levando ações de vacinação e conscientização para as escolas e que aposta também que, com a inclusão da vacina no calendário nacional, mais pais irão aderir ao imunizante. "Com a incorporação no calendário, isso será observado no momento da matrícula, vai haver a necessidade de verificar se a vacina está lá, até para proteger as outras crianças", diz.

Na semana passada, o ministério lançou o programa Saúde com Ciência, para combater a desinformação em torno das vacinas, tirar dúvidas e receber denúncias de conteúdos enganosos. No portal do programa, é possível obter respostas sobre as principais dúvidas relacionadas aos imunizantes.

Cenário epidemiológico

De acordo com o ministério, o Brasil segue a tendência observada mundialmente e registra oscilação no número de casos de covid-19. Citando o último Boletim InfoGripe, produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com dados até 21 de outubro e divulgado na segunda-feira, 30, o ministério informou que há crescimento de casos na população adulta do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, mas que o aumento das notificações na região Sul manteve ritmo lento.

Em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, diz a pasta, houve aumento lento nas ocorrências de Síndrome Respiratórias Aguda (SRAG) positivas para covid-19 na população mais velha, mas sem reflexo no total de casos identificados. "Distrito Federal, Goiás e Rio de Janeiro, que anteriormente apresentavam alerta de crescimento, demonstraram indícios de interrupção no aumento de notificações", destacou a pasta, em nota.

Estudo sobre covid longa

A secretária informou ainda que o Ministério da Saúde contratou um estudo, que será conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), para avaliar os impactos da covid longa. A expectativa é que 33 mil pessoas participem da pesquisa, que vai estimar o índice de pessoas afetadas pela covid longa e detalhes da manifestação.

Além de evitar casos graves da covid-19, a vacinação infantil contra a doença é fundamental para proteger as crianças de sequelas da infecção, a chamada covid longa.

A afirmação é de Clovis Artur Almeida da Silva, professor titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e chefe do departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP. 

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Durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia, que terminou mo sábado (7) em Goiânia (GO), o professor falou que essa vacinação é importante principalmente para crianças que tenham doenças crônicas, como as reumáticas.

“As vacinas mostraram segurança e resposta imune adequada, inclusive nos pacientes reumáticos e que tomam imunossupressores. Mesmo que eles tenham taxas menores de resposta, as vacinas são adequadas para combater a infecção viral”, disse ele.

A covid longa é definida como qualquer sintoma persistente após três meses da infecção pelo novo coronavírus ou pelas complicações que surgem após uma infecção pelo coronavírus. Associadas a essa covid longa podem surgir problemas sérios, como as miocardites (inflamação no músculo que bombeia o coração), os impactos emocionais e as dificuldades na aprendizagem. “O vírus agride o cérebro e leva a sequelas. Leva à ansiedade e depressão também. Mas ainda não está claro quanto tempo dura isso [esses impactos]”, acrescentou Silva.

Um estudo  feito no Instituto de Pediatria do Hospital das Clínicas da USP e publicada na revista Clinics identificou sintomas prolongados da covid-19 em 43% crianças e adolescentes três meses após a infecção. Os sintomas mais presentes foram dores de cabeça, reportadas por 19% do total de pacientes. Dores de cabeça fortes e recorrentes foram a queixa de 9%, mesmo percentual disse ter cansaço. A falta de ar afetou 8% e a dificuldade de concentração, 4%.

O professor destacou que, nesse estudo, cerca de 80% dessas crianças já apresentavam, antes da infecção, problemas crônicos como doenças reumatológicas, renais e oncológicas.  Esse estudo também identificou que as crianças que tiveram covid, passaram a apresentar mais dificuldades de aprendizado do que as crianças que não tiveram a doença.

“As crianças e adolescentes que tiveram covid tinham significativamente valores menores do domínio escolar de aprendizado mostrando que esses pacientes, possivelmente, vão ter impacto no rendimento escolar, no aprendizado escolar”.

Para prevenir a covid-19 e a covid longa, reforçou o professor, é importante que as crianças sejam vacinadas. E essas vacinas estão disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), em todo o território nacional.

Mas não é isso que tem ocorrido no Brasil. Segundo boletim do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em agosto deste ano, apenas 11,4% das crianças brasileiras entre seis meses e cinco anos tomaram ao menos duas doses da vacina contra a covid-19.

“Já há estudos mostrando que a vacina diminuiu a covid, diminuiu a covid longa e que, quem tinha covid longa, melhorou mais rápido com a vacina. A grande questão é: vacine. Se tiver novas doses e novas vacinas, continue sendo vacinado”, aconselhou o professor. 

* A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Reumatologia

Mais de 16 milhões de pessoas vivem com diabetes no Brasil, e esse número pode chegar a 21 milhões em 2030, segundo projeções do Ministério da Saúde. O que nem sempre está claro sobre essa doença é que ela pode ser agravada ou piorar infecções e isso requer uma atenção especial à vacinação.

Coordenadora dos centros de referência em imunobiológicos especiais (CRIEs) de Vitória desde 2004 e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Ana Paula Burian explica que o diabetes é uma das situações que dão direito a pacientes das redes pública e privada de acessar a imunização especial.

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A alta concentração de açúcar no sangue, comum em quem vive com diabetes, pode afetar mecanismos do sistema imunológico e aumentar a chance de contrair infecções e ter quadros mais graves. Entre os principais riscos, está o da hepatite B.

"O sangue mais doce facilita a proliferação de bactérias, vírus e outros micro-organismo", resume. "A hepatite B tem com o diabetes o que a gente chama de risco duplo. Se eu tenho uma pessoa com diabetes e ela pega hepatite B, ela evolui mais rápido para câncer de fígado e cirrose hepática, e ela descompensa mais rápido o diabetes dela, causando complicações, como amputações, descompensação renal, cegueira. A união de hepatite B e diabetes complica para os dois lados."

A Sociedade Brasileira de Imunizações também ressalta que pessoas que vivem com diabetes têm risco 50% maior para pneumonia pneumocócica e até 4,5 vezes maior para as doenças pneumocócicas mais graves, como meningite e infecção generalizada.

A gripe é outra doença que pode ser agravada pelo diabetes. Pessoas que vivem com diabetes estão entre os indivíduos com maior chance de desenvolver formas graves da doença, necessitar de hospitalização e até morrer. Entre as vítimas da gripe no Brasil, sete em cada dez tinham alguma comorbidade. E, entre essas sete, entre 20% e 30% sofriam de diabetes mellitus.

Nos CRIEs, os pacientes com diabetes têm direito a receber a vacina da gripe todo ano e também são imunizados com a vacina pneumocócica 23-valente, disponível no PNI apenas para situações de risco específicas. Esses pacientes também tem sua situação vacinal para hepatite b conferida e atualizada, se necessário. A imunização contra esse vírus já faz parte do calendário vacinal, junto com a vacina pentavalente, aos 2 meses, aos 4 meses e aos 6 meses.

 

 

A cobertura de 77% contra a poliomielite indica que praticamente um em cada quatro bebês não tomou essa vacina em 2022 no Brasil - uma proporção bem distante do objetivo de 95%. Já a meta alcançada de vacinar 90% dos bebês com a BCG, apesar de ser um dado positivo, ainda indica que uma em cada dez não recebeu essa importante proteção contra a tuberculose. 

Embora sejam os principais parâmetros para acompanhar a imunização, as coberturas escondem que um grupo de crianças acumula vulnerabilidades de toda ordem e está exposto a todos os agentes infecciosos imunopreveníveis, devido às desigualdades sociais, raciais e econômicas.

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Para jogar luz sobre essa invisibilidade, organismos internacionais trabalham com o conceito de crianças “zero dose”. Em todo o mundo, mais de 14 milhões de crianças se enquadram nessa situação e são consideradas totalmente excluídas das ações e programas de imunização. 

Apesar do nome, o conceito não significa necessariamente que essas crianças não receberam nenhuma dose de vacina. A primeira dose da vacina DTP, contra difteria, tétano e coqueluche, é tomada como referência para essa medição. Por ser uma vacina de baixo custo, com décadas de uso, adotada em praticamente todo o mundo e prescrita para o segundo mês de vida, os cientistas consideram que uma criança que não teve acesso à dose 1 da DTP no primeiro ano de vida é uma criança zero dose. 

Meta global

No Brasil, a imunização com DTP está incluída na vacina pentavalente, que adiciona as proteções contra a hepatite B e a bactéria haemophilus influenza B, causadora de um tipo de meningite. Apesar de ter o maior sistema público de saúde do mundo, o SUS, e o mais amplo programa gratuito de imunizações do mundo, o PNI, o país tem mais de 430 mil crianças nessa situação, sendo o oitavo do mundo em números absolutos.

Integrante do grupo consultivo de vacinas da Organização Mundial da Saúde (Sage/OMS), Cristiana Toscano explica que o indicador de zero doses é atualmente a principal medida da inequidade no acesso às vacinas. A Agenda de Imunizações de 2030, traçada globalmente com objetivos ambiciosos, pretende reduzir esse grupo de crianças pela metade até o fim da década. 

“Esse dado significa que a criança não teve acesso à vacinação. Tem as subvacinadas, mas a zero dose é um marcador extremo de desigualdade. É por isso que essa é uma meta muito importante”, definiu, em apresentação na Jornada Nacional de Imunizações, realizada pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) em Florianópolis. 

Ainda que tenha havido uma melhora em relação ao ano passado, quando havia 18 milhões de crianças zero dose, o mundo ainda está longe de cumprir essa meta. Em 2019, quando foi pactuada a agenda, eram quase 13 milhões de crianças sem a dose 1 da DTP, o que significa que os esforços feitos até agora não apenas não reduziram a desigualdade como ainda aumentou no período, marcado pela pandemia de covid-19. 

Bolsões e periferias

Essas crianças não estão apenas em países de renda mais baixa, mas também em zonas de conflito e bolsões de pobreza em países de renda média e até renda alta. A chefe de saúde do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Luciana Phebo, conta que, no Brasil, elas também não estão necessariamente nos estados e municípios mais pobres, mas também nas periferias das cidades mais ricas do país.

“No Brasil, elas estão principalmente nos estados mais populosos, nas periferias. São Paulo e Rio de Janeiro, apesar de serem mais ricos, são também mais populosos. O número zero dose traz essa combinação de maior número, e por isso o Brasil está no ranking, mas também de países pobres e territórios pobres”. 

Nesse contexto, a chefe de saúde do Unicef acrescenta que estar nos territórios mais empobrecidos é apenas uma das características que marcam essas crianças expostas a tal nível de exclusão. “Em todos os vieses que falam de empobrecimento e vulnerabilidade, não só dentro do Brasil, mas no mundo, você vai encontrar as crianças zero dose. Tem um viés claro de raça, etnia e pobreza”.

Se fosse um município, a cidade das crianças zero dose estaria entre as 60 mais populosas do país. Mesmo assim, o número atual de 430 mil representa uma melhora em relação a 2021, quando havia 710 mil crianças nessa situação. Luciana Phebo afirma que esse avanço já é reflexo da recuperação das coberturas vacinais, que ainda tem um longo caminho pela frente.

Salvar vidas

O problema da baixa na imunização não é exclusivo do Brasil, e os dados da Agenda de Imunização 2030 apontam que a velocidade com que as metas estão sendo perseguidas não tem sido suficiente para que o mundo alcance os objetivos da década.

Cristiana Toscano exemplifica que o número de vidas salvas pelas vacinas está aumentando em velocidade menor do que a necessária para chegar ao total de 50 milhões desejado para 2030. Entre essas milhões, muitas precisam ser as de crianças zero dose. 

“As notícias não são boas. Surtos de doenças preveníveis por vacinas estão aumentando. Os surtos grandes de sarampo duplicaram em 12 meses, saindo de 16 e chegando a 33 entre maio de 2022 e maio de 2023. As lacunas da vacinação do sarampo estão causando um grande impacto no surgimento de novos surtos em todas as regiões”, lamenta a pesquisadora, que defende mais cooperação internacional. “A gente não consegue só cuidar da nossa casa, a gente precisa olhar para os nossos vizinhos e para todos para avançar”, afirma.

 

Antes que sanitaristas como Vital Brazil e Oswaldo Cruz liderassem mudanças no cenário da saúde pública no Brasil, no final do século 19 e início do século 20, o país tinha uma fama assustadora no exterior: “Túmulo de estrangeiros”. O motivo era a enorme quantidade de doenças infecciosas que incidiam de forma epidêmica sobre sua população, causando milhares de vítimas.

Entre elas, uma das mais temidas era a febre amarela urbana, arbovirose cuja letalidade ainda hoje pode beirar os 50% em casos graves. Somente na capital federal da época, o Rio de Janeiro, a doença matava mais de mil pessoas por ano no início do século 20.

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Os esforços para combater essa doença incluíram uma caça aos mosquitos e fizeram com que ela fosse eliminada em 1942. O que trouxe maior resultado para manter essa conquista, porém, foi a vacinação, desenvolvida em 1937 e disponível no calendário infantil do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que completa 50 anos em 18 de setembro. A indicação para as aplicações é aos 9 meses e aos 4 anos de idade. Acima dos 5 anos, a recomendação é de apenas uma dose.

A vacina contra a febre amarela utilizada pela rede pública é produzida pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e também pela farmacêutica Sanofi Pasteur, que fornece tanto para o PNI quanto para as clínicas privadas. Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações, as duas têm perfis de segurança e eficácia semelhantes, estimados em mais de 95% para maiores de 2 anos.

Doença não vai desaparecer

Apesar do sucesso no caso da febre amarela urbana, a doença em sua forma silvestre não pode ser erradicada. O vírus causador da febre amarela não depende dos seres humanos para continuar existindo - ele infecta primatas e outros mamíferos em florestas, onde é transmitido pelo mosquito Haemagogus sabethes. Esses mosquitos também picam humanos que entram nas matas, e o risco é que, com o retorno dessas pessoas às cidades, elas sejam picadas por mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, que podem fazer o vírus voltar a circular em áreas urbanas.

A coordenadora da Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Lurdinha Maia, ressalta que, por esse motivo, é preciso que a cobertura vacinal contra a doença seja mantida em todo o país, uma vez que o ecoturismo, a pesca, o desmatamento e outros fatores têm aumentado o contato entre o ser humano e os mosquitos que transmitem a febre amarela silvestre.

“O Brasil é um país endêmico. Isso significa que a gente não vai acabar com a febre amarela. Ela está nas matas. Em 1942, a gente acabou com a febre amarela urbana, mas ainda é um risco, principalmente porque hoje há muitas entradas nas matas”, afirma.

“Anteriormente, o Programa Nacional de Imunizações preconizava a vacinação em vários estados e dizia que não era obrigatório no Nordeste. Mas, o PNI já atualizou o calendário de vacinação e todo o Brasil tem a recomendação de ser vacinado contra a febre amarela.”

Ser um país endêmico faz com que alguns países só permitam a entrada de viajantes brasileiros que apresentem o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP), com registro de dose aplicada no mínimo dez dias antes da viagem.

Hemorragias

O vírus da febre amarela demora de três a seis dias incubado no corpo. Quando a infecção gera sintomas, os mais comuns são febre, dores musculares com dor lombar proeminente, dor de cabeça, perda de apetite, náusea ou vômito. A maioria das pessoas melhora em até quatro dias.

Uma pequena parte dos pacientes, porém, evolui para um segundo estágio da doença, 24 horas após essa melhora. A febre alta retorna, e a infecção afeta o fígado e os rins. Por isso, um sintoma comum nessa fase é a icterícia (“amarelamento” da pele e dos olhos), urina escura e dores abdominais com vômitos.

A letalidade entre esses pacientes é elevada, e metade dos que apresentam essas complicações morre em até dez dias. A doença evolui até causar hemorragias graves, com sangramentos a partir da boca, nariz, olhos ou estômago.

Uma dificuldade para os serviços de saúde é diagnosticar a febre amarela em seus estágios iniciais. É comum que seja confundida com malária, leptospirose, hepatite viral, ou outras febres hemorrágicas, como a dengue.

Por todos esses motivos, a infectologista Eliana Bicudo destaca que a doença é uma ameaça de saúde pública grave, e que a vacinação precisa ser objeto de atenção da população.

“Qualquer pessoa não imunizada está ameaçada pela febre amarela, porque ela tem alta letalidade. Um número bem grande de pacientes vem a óbito.”

Contraindicações

A vacina da febre amarela é eficaz e segura, mas utiliza a tecnologia do vírus atenuado, o que significa que restringe seu uso às pessoas com boa capacidade imunológica. O Ministério da Saúde contraindica essa vacina para: crianças menores de 9 meses de idade; mulheres amamentando crianças menores de 6 meses de idade; pessoas com alergia grave ao ovo; pessoas que vivem com HIV e que têm contagem de células CD4 menor que 350; pessoas em tratamento com quimioterapia/ radioterapia; e pessoas submetidas a tratamento com imunossupressores (que diminuem a defesa do corpo).

Caso essas pessoas vivam ou precisem se deslocar para áreas de maior risco de transmissão, é necessário que profissionais de saúde façam uma avaliação de risco-benefício, uma vez que as complicações ao adoecer podem ser ainda mais graves. Essa avaliação também deve ser feita para a vacinação de pessoas com 60 anos ou mais contra a doença.

“A vacina de febre amarela é um exemplo clássico de como uma vacina pode controlar uma doença. Esse é um dado histórico. Até 2017, a gente entendia que a febre amarela no Brasil estava restrita a algumas regiões. Mas tivemos alguns surtos relacionados à febre amarela silvestre associados a parques na periferia de São Paulo. Ao entrarem naqueles parques, os homens contraíram a febre amarela”, descreve a infectologista.

“A partir desse evento, a gente entende que o Brasil é um país endêmico e que a imunização não deve ser só em áreas como o Centro-Oeste ou a região amazônica. O Programa Nacional de Imunizações incluiu para todo o Brasil a vacina da febre amarela no primeiro ano de vida.”

Além da vacinação, a prevenção da febre amarela deve contar com os esforços para conter outras arboviroses, como a dengue e a zika. Deve-se evitar que água parada fique exposta em lugares públicos, casas e estabelecimentos empresariais, para que os mosquitos vetores desses vírus não a utilizem como criadouro.

Após 40 anos, foi identificado um caso de raiva canina na capital paulista. A notificação, feita pelo Instituto Pasteur no dia 1º de setembro, é de um cão do bairro Butantã. 

O caso segue em investigação pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde. Mas, por causa desse registro, a Secretaria Municipal da Saúde começou uma série de ações, como a vacinação dos animais de casa em casa, na área de abrangência, por tempo indeterminado. Nos dias 1º e 2 de setembro, já foram visitados quase 400 imóveis e vacinados mais de 360 animais, como parte das atividades de bloqueio. 

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A cidade não registrava casos de raiva em cães, da variante canina, desde 1983. Já quanto a variante transmitida pelo morcego, o que é mais comum, o último caso aconteceu em 2011. 

A prefeitura de São Paulo disponibiliza imunização gratuita contra a raiva para cães e gatos, durante todo o ano, em 18 postos fixos espalhados pela cidade, e também em postos volantes distribuídos pelo município.

As autoridades alertam que a vacinação contra a doença deve ser feita anualmente em cães e gatos, para o controle de casos e, consequentemente, para a saúde da população humana.

A vacina antirrábica deve ser aplicada nos animais a partir dos três meses de idade. A Secretaria da Saúde recomenda que, em casos de acidentes por mordedura ou arranhadura de cães e gatos, deve-se procurar imediatamente o atendimento médico para avaliação e monitoramento. 

Começou, nesta sexta-feira (28), um novo cronograma de vacinação nas escolas e creches da rede particular de Aracaju, capital sergipana. A ação é uma parceria da Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), junto à Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Sergipe (Fenen). O calendário prevê vacinação contra a Covid-19, gripe e outras doenças. 

Neste primeiro dia de retomada, mais de 800 crianças alunas dos colégios Ideal, no bairro Cirurgia, e Jardins Sul, no bairro Aruana, devem ser vacinadas, como explica a coordenadora do Programa Saúde na Escola (PSE) da SMS, Aline Guimarães. 

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“A vacinação nas escolas faz parte das estratégias para ampliar a cobertura vacinal e incentivar a atualização dos cartões de vacina, facilitando ainda mais o acesso para as pessoas. Para a vacinação, pais ou responsáveis precisam enviar o termo de autorização assinado, cartão de vacina e documento da criança. Já funcionários, pais e professores devem apresentar documento de identificação e cartão de vacina”, detalha Aline. 

Para a vacinação, pais ou responsáveis precisam enviar o termo de autorização assinado, cartão de vacina e documento da criança. Já funcionários, pais e professores devem apresentar documento de identificação e cartão de vacina.

Quando o assunto é calendário vacinal, automaticamente pensamos nos imunizantes oferecidos na infância - como se, depois dessa etapa da vida, só fosse necessário ficar de olho na aplicação anual da vacina contra a gripe e a Covid-19. Mas a verdade é que existe um esquema de imunização específico para outras etapas da vida. Quem passou dos 60 anos, por exemplo, tem vacinas importantes para tomar. Mas, segundo a médica Aline Tavares, da Sociedade Brasileira Geriatria Gerontologia (SBGG), muitas famílias não fazem ideia disso.

A percepção é compartilhada pelo médico Juarez Cunha, presidente da Comissão de Revisão de Calendários Vacinais da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). "Culturalmente, a população tem a ideia de que as vacinas são só para crianças. Até porque é realmente uma fase em que elas são mais aplicadas", diz. "Mas temos imunizantes para todas as faixas etárias. Infelizmente, se já vemos uma baixa cobertura vacinal na infância, em outras idades isso é menor ainda, sobretudo por causa de desconhecimento", avalia.

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Ainda de acordo com o médico, todas essas vacinas têm motivo para serem recomendadas para além da infância. Ou seja, dependendo do momento da vida, há risco especial de encarar determinadas doenças preveníveis por imunizantes.

As vacinas indicadas para quem tem 60+

Pneumocócicas (VPC13 e VPP23)

O esquema vacinal protege contra diferentes tipos da bactéria pneumococo, que, segundo informações da SBIm, é responsável por infecções nos pulmões e ouvidos e também por meningite. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pneumonia pneumocócica é uma das principais causas de internações e morte entre indivíduos que passaram dos 60 anos.

Entre as vacinas indicadas, estão a VPC13, que atua contra 13 sorotipos da bactéria, e a VPP23, que mira em 23 sorotipos. Enquanto a primeira proporciona uma proteção mais prolongada, a segunda precisaria de reforço. Por isso, para um maior benefício, o conselho é tomar ambas.

A SBIm indica começar com uma dose da VPC13. Depois de seis a 12 meses, recomenda-se tomar uma dose da VPP23. Em cinco anos, deve-se buscar a segunda dose de VPP23.

Aline lembra que é comum observar uma maior incidência de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e asma, na população idosa. Ao contrair a pneumococo, esses quadros podem ficar descompensados. Mais um motivo para ir atrás desses imunizantes.

Onde encontrar: A VPC13 é oferecida gratuitamente pelo SUS. Já a VPP23 só é oferecida gratuitamente a idosos asilados ou que façam parte de grupos de risco. Ambas estão nas clínicas particulares.

Vacina Qdenga deve chegar às clínicas privadas entre a última semana de junho e a primeira de julho

Herpes-zoster

O representante da SBIm informa que essa vacina é sugerida a partir dos 50 anos de idade. Ela protege contra o herpes-zóster, quadro causado por uma reativação do vírus da catapora. "A maioria das pessoas teve catapora na infância e, depois disso, o vírus fica adormecido no sistema nervoso", explica Cunha. Ele tende a voltar à ativa quando algo prejudica a imunidade do indivíduo - situação mais comum após os 60 anos.

Segundo a SBIm, após essa reativação, o vírus da catapora se desloca pelos nervos periféricos até alcançar a pele. Daí porque o principal sintoma do herpes-zóster são erupções na pele em forma de vesículas. Essas lesões são conhecidas por provocar dor intensa. Em alguns casos, ela pode durar meses e se tornar crônica.

Onde encontrar: Em clínicas privadas. Essa vacina não está disponível no SUS.

Tríplice bacteriana acelular (dTpa) / dupla adulto (dT)

São duas vacinas diferentes. A primeira protege contra difteria, tétano e coqueluche. A segunda foca na difteria e no tétano. Para quem tem o esquema vacinal básico completo com a dT, oferecido na infância, a dTpa é indicada como reforço em adultos e idosos. Segundo Cunha, se o idoso estiver com o esquema incompleto ou não souber do histórico, aí a indicação é a seguinte: uma dose de dTpa a qualquer momento e completar com duas doses de dT.

A médica da SBGG ressalta a relevância desses imunizantes para a população idosa. "A gente vê muitos acidentes domésticos com materiais perfurocortantes, e eles podem estar enferrujados", comenta, referindo-se ao risco de tétano. Já a difteria, causada por bactéria que afeta as vias aéreas respiratórias, pode levar a complicações, como problemas neurológicos e cardiovasculares. A coqueluche também é uma infecção respiratória. "Mesmo que a pessoa tenha apresentado a doença na infância, precisa se vacinar a cada 10 anos", informa Aline.

Onde encontrar: a dT está disponível gratuitamente no SUS. Já a dTpa é encontrada em clínicas privadas.

Hepatite B

Desde 2013 é prescrita para todas as idades, e deve ser aplicada em três doses. De acordo com dados atuais apresentados pelo Ministério da Saúde, entre 1 milhão de pessoas que devem viver com a doença viral no país, somente 264 mil (24%) foram diagnosticadas. Entre as formas de transmissão da hepatite B, estão: relações sexuais sem uso de camisinha com pessoas infectadas e compartilhamento de objetos perfurocortantes, como alicates de unha. O grande perigo associado à doença é que ela pode atingir o fígado, resultando em cirrose e até câncer.

Onde encontrar: a vacina é oferecida pelo SUS.

As vacinas para situações especiais

As vacinas a seguir são indicadas em situações muito específicas, como em casos de viagens para locais de risco, surtos ou comportamentos de risco. O médico deve avaliar a necessidade de tomá-las:

Hepatite A

Febre amarela

Meningocócicas conjugadas ACWY ou C

Tríplice viral

 

Hoje (21) começa  o período de inverno e o ressecamento das vias aéreas pode causar desconforto, dificultar a respiração e piorar quadros de asma, rinite, sinusite e bronquite. A rinite e a asma são doenças inflamatórias na maior parte das vezes da natureza alérgica. A falta de umidade e o ar frio dessa época do ano levam a um agravo da inflamação do nariz e da inflamação do pulmão, segundo especialistas. 

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Doenças como bronquite, sinusite, rinite alérgica e pneumonia são as que mais levaram à procura por atendimento médico desde 2022, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O tempo seco provoca um aumento no registro de doenças respiratórias, também de acordo com os dados do Ministério. Cuidados básicos, incluindo a vacinação contra a gripe e contra a Covid-19, contribuem para reduzir as chances de infecção e agravamento das doenças.  

Médicos da área recomendam minimizar os efeitos do tempo seco e da baixa umidade, principais fatores que contribuem para o aumento da circulação de vírus e fungos no ambiente que são – tirar o cobertor e casacos que ficam muito tempo guardados no armário pois fazem aumentar as doenças de inverno, sobretudo respiratórias. Em caso da rinite, fazer lavagem nasal com soro fisiológico e, no caso da asma, o tratamento se dá com corticóide inalatório tópico, associado ou não a broncodilatadores (neste caso, sob direção médica). 

A vacinação contra a gripe previne o surgimento de complicações decorrentes da infecção pelo vírus influenza, reduzindo os riscos de morte e de pressão sobre o sistema de saúde. O mesmo ocorre com a imunização contra a Covid-19, incluindo a dose de reforço. A queda de temperatura também é favorável para a circulação do vírus sincicial respiratório (VSR), que pode causar infecções nas vias respiratórias, principalmente em crianças menores de cinco anos. O Ministério da Saúde alerta que a prevenção e o diagnóstico precoce podem ajudar a evitar os casos graves.  

Pesquisa 

Os dados referentes a bronquite registraram uma alta de 142%, de sinusite foi de 108,33%, pneumonia aumentou 74,15%, já de rinite alérgica a alta foi de 67,13% no período de inverno do ano passado. Na cidade de São Paulo, os atendimentos hospitalares de casos de doenças respiratórias aumentaram 52% na rede municipal em 2022.  

  O Dia Mundial da Imunização, celebrado nesta sexta-feira (09), tem como principal intuito conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção. O Brasil disponibiliza, gratuitamente, diversas vacinas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), para todos os públicos - bebês, crianças, adolescentes, adultos e idosos -, com o objetivo de proteger a população contra doenças infectocontagiosas, como gripe, Covid-19, sarampo, rubéola, poliomielite (paralisia infantil), entre outras. 

 Manter a vacinação em dia é um dos principais métodos para prevenir doenças e infecções, mesmo na fase adulta. As vacinas são compostas de moléculas mortas ou atenuadas que, ao entrarem no organismo, estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos necessários à defesa contra os agentes infecciosos, tornando o nosso corpo imune às doenças que eles provocam. 

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“Nos últimos anos, o cenário de coberturas vacinais está em constante mudança. O desafio atual é manter os números homogêneos, alcançando as metas preconizadas pelo Ministério da Saúde (MS). Entre as maiores dificuldades está a divulgação de dados reais, uma vez que os sistemas de registros nacionais vivem sendo atualizados. Há, ainda, baixa percepção de risco por parte da população, devido a propagação de notícias falsas sobre a imunização”, destaca a Superintendente de Imunização e Vigilância de Doenças Imunopreveníveis, Jeane Tavares. 

O Programa Nacional de Imunização (PNI) vem incorporando novas vacinas no Calendário Básico Nacional de Vacinação, como a inclusão do imunizante contra a febre amarela, implantada em Pernambuco, no ano de 2019, de forma preventiva, pelo risco de introdução da doença por meio dos corredores ecológicos no Estado. Este ano, a cobertura vacinal do imunobiológico, ofertado a crianças com menos de um ano, é de 66,5%. 

Outra ação é a ampliação de atividades para a intensificação vacinal, como a extensão de horário de Unidades Básicas de Saúde (UBS), a busca ativa da população em áreas de difícil acesso, a vacinação em escolas e feiras livres, além da melhoria na comunicação com a população. 

 “Reforçamos a importância da vacinação como fator protetivo para doenças imunopreveníveis, redução de casos graves com internamento e óbitos. Somente por meio da vacinação conseguimos imunidade coletiva, formando uma barreira e protegemos a todos”, completa Jeane Tavares.

*Da assessoria 

Com o aumento dos casos de viroses e síndromes respiratórias e gripais em crianças nessa época do ano, os cuidados dos pais e responsáveis devem ser redobrados para evitar a contaminação. Um exemplo desse crescimento, é o vírus sincicial respiratório (VSR) que esteve presente em 30% dos casos de doenças respiratórias registradas no país entre janeiro e março de 2023. No total, foram mais de 3,3 mil infecções computadas - dessas, 95% atingiram apenas bebês e crianças de 0 a 4 anos.

O vírus conhecido por ser o "vilão" da temporada das estações outono e inverno, aparecia pouco nos meses em que as temperaturas são mais elevadas, mas o comportamento mudou nos últimos anos. Os dados do Ministério da Saúde, coletados e monitorados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostram uma mudança de padrão na circulação do VSR, um vírus bastante perigoso e transmissível. Em 2022, ele foi responsável por infectar 13.542 crianças.

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Atenção para os grupos de risco

Grupos de risco, como bebês, crianças, idosos e portadores de distúrbios cardíacos congênitos ou doenças pulmonares crônicas, podem sofrer com a forma mais grave do vírus. ele pode evoluir e atingir alvéolos, brônquios e pulmões, o que pode ser fatal. Entre os sinais, estão muita tosse, febre alta e, principalmente, dificuldades do paciente em respirar.

Bronquiolite

Em casos graves, o vírus causa bronquiolite, uma inflamação dos bronquíolos, que são pequenas ramificações dos canais que levam ar para os pulmões. Além disso, o VSR ocasiona pneumonias, que são infecções no órgão, devido a penetração de um agente infeccioso. Vale ressaltar, que a pneumonia também pode ser causada por outros vírus, bactérias, fungos e por reações alérgicas. Os principais tipos da doença são os que mais acometem crianças.

Pneumonia

A pneumonia viral normalmente começa como um resfriado, e ao longo dos dias, vai evoluindo. A criança pode ter febre acima de 38,5 graus, persistência da tosse, além de respiração rápida e curta. Já na bacteriana, os sintomas surgem com mais rapidez. Febre alta, acima de 39 graus, respiração curta e ofegante, tosse, são os sintomas mais comuns. A perda de apetite e a falta de energia também são marcas registradas da pneumonia, mas é sinal de alerta o fato de a criança continuar prostrada e inerte mesmo depois de controlada a febre. Com a apresentação desses sintomas, os pais precisam procurar a unidade hospitalar mais próximas da residência.

Covid-19

Outra doença que ainda preocupa, é a Covid-19. Nas crianças, os sintomas do coronavírus que requerem atenção médica com urgência incluem dificuldade para respirar, respiração rápida ou superficial, grunhidos e incapacidade dos recém-nascidos de mamar. Os pequenos também podem apresentar lábios ou rosto azuis, incapacidade de despertar, confusão mental, falta de interação, incapacidade de ingerir líquidos e fortes dores na região do estômago. Os médicos também já registraram relatos de erupções ou outros sintomas cutâneos. Comorbidades, podem agravar os sintomas da doença.

Em entrevista ao LeiaJá, o médico infectologista Nayro Ferreira, falou sobre o aumento das internações devido essas doenças neste primeiro semestre de 2023, e sobre os sintomas. ''O número de casos de gripe por influenza ou vírus sincicial respiratório em crianças tem assustado. Os sintomas são os mais diversos possíveis, desde tosse, febre, coriza, falta de ar, queda do estado geral e bastante espirro'', pontuou.

Tratamento

A equipe médica deve estar sempre atenta aos sintomas ocasionados pelas síndromes gripais e doenças respiratórias, porém os pais têm uma função fundamental na observação do quadro clínico dos menores. ''A equipe médica procede principalmente em crianças menores de três anos de idade, observando a gravidade dos sintomas, a piora do padrão respiratório, a piora do padrão do raio-x. A gente não pode deixar que isso piore, sem que os nossos olhos estejam atentos’’, afirmou o especialista.

 Prevenção

Com as crianças brincando juntas é difícil para os pais, evitar que elas contraiam alguma virose. Mas, com alguns aprendizados adquiridos durante toda a pandemia, é possível reforçar cuidados de higiene para proteger a saúde de toda a família:

 -Lavar bem as frutas e verduras antes do consumo;

-Na ausência de água para lavar as mãos das crianças, leve um frasco de álcool em gel para fazer a higienização;

-Lavar as mãos das crianças com água e sabão antes da alimentação, quando saírem do banheiro ou ao voltarem da rua;

-Não compartilhar objetos de uso pessoal como talheres, toalhas, garrafas de água e copos;

 -É importante higienizar os brinquedos compartilhados, especialmente na fase em que as crianças costumam levar os objetos à boca;

-Usem máscaras;

-Manter a carteira de vacinação atualizada. A vacinação contra a Covid-19, salva vidas;

-Não permitir o contato das crianças com pessoas que apresentam sintomas gripais;

 

 

 

 

 

“As pessoas ficam muito surpresas quando eu digo ‘não foi acidente de carro não, foi paralisia infantil’”, explica a médica Rivia Ferraz, de 51 anos de idade, quando perguntam por que usa uma prótese na perna direita? “Parece que as pessoas esqueceram o que foi a paralisia infantil”, diz ao se referir à doença que tem preocupado as autoridades de saúde, já que a poliomielite, conhecida como paralisia infantil, está com a cobertura em queda no Brasil.

Os índices de vacinação contra a poliomielite têm apresentado queda desde de 2016, última vez em que o país superou a marca de 90% de cobertura vacinal do público-alvo. A meta do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é vacinar entre 90% e 95% das crianças menores de 5 anos de idade.

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Mas a proteção nunca esteve tão baixa. Em 2022, o percentual de vacinação foi de 72%. No ano anterior, foi menor ainda, pouco menos de 71%, informou o Ministério da Saúde. Os números trazem preocupação porque, apesar de o Brasil ter registrado o último caso da doença em 1989, há 34 anos, outros países ainda não erradicaram a doença, o que pode fazer o vírus voltar a circular por aqui.

A médica disse que nasceu sem nenhuma patologia. “Mas aos 9 meses eu contraí a poliomielite e foi por falta da vacinação”. Ela explica porque não recebeu a vacina contra a pólio. “Isso foi em 1971, já tem algumas décadas, a gente não tinha o SUS [Sistema Único de Saúde]. Sou do Nordeste, de Maceió, cidade linda, mas lá não tinha muitos recursos e naquela época só tinha campanhas, não era como hoje, que em qualquer unidade de saúde você leva seu filho e vacina. Quando houve campanha, eu estava com febre e vomitando, não podia tomar a vacina, aí quando eu estava bem, não tinha a disponibilidade da vacina”.

Nesse intervalo, ela acabou contraindo o vírus da poliomielite. “É um vírus que em algumas crianças pode até não causar sintomas, como acontece hoje com a covid 19, algumas pessoas nem desenvolvem sintomas, com a poliomielite é a mesma forma. Mas crianças desenvolveram a forma grave, que foi o meu caso, que tem o ataque da medula, que acaba trazendo consequências nas células nervosas motoras, que acaba causando uma paralisia flácida”.

Rivia estava justamente na fase de dar os primeiros passos quando a mãe percebeu que ela ficava de pé, mas logo caía. “Ela me levou para uma avaliação médica e foi diagnosticada a paralisia. Passei por 14 cirurgias para conseguir caminhar um pouco, agora estou com esta órtese que é muita boa em me dar segurança para andar, passei por várias fases com e sem órteses, com e sem bengalas, para ter maior estabilidade e mais segurança”.

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a grande maioria das infecções não produz sintomas, mas de cinco a dez em cada 100 pessoas infectadas com esse vírus podem apresentar sintomas semelhantes aos da gripe. Em um a 200 casos, o vírus destrói partes do sistema nervoso, causando paralisia permanente nas pernas ou braços. Não há cura. Os principais efeitos da doença são ausência ou diminuição de força muscular no membro afetado e dores nas articulações.

Embora muito raro, o vírus pode atacar as partes do cérebro que ajudam a respirar, o que pode levar à morte. Há 30 anos, a pólio paralisou quase 1.000 crianças por dia em 125 países em todo o mundo, incluindo países das Américas, informou a Opas.

Zé Gotinha

Em 1994, o Brasil foi certificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), junto com os demais países das Américas, como livre da poliomielite. O combate à doença fez surgir um dos personagens mais conhecidos da cultura médica nacional, o Zé Gotinha. O nome se refere à vacina atenuada oral (VOP), aplicada como dose de reforço dos 15 meses aos 4 anos de idade.

Mas o esquema vacinal começa antes. O Programa Nacional de Imunizações recomenda que a vacina inativada, em forma de injeção, deve ser aplicada aos 2, 4 e 6 meses de idade e depois o reforço. A vacina está disponível em todos os centros públicos de saúde e pode ser administrada simultaneamente com as demais dos calendários de vacinação do Ministério da Saúde.

Estratégias

Em São Paulo, a Secretaria Municipal da Saúde elaborou as ações a serem realizadas este ano para diminuir o risco de reintrodução da poliomielite e fortalecer a vacinação na maior cidade do país.

A enfermeira e coordenadora do Programa Municipal de Imunizações (PMI), Mariana de Souza Araújo, explica como as ações serão desenvolvidas. “As salas de vacinação têm os horários estendidos, funcionam das 7h às 19h e aos sábados também fazemos a vacinação nas AMA/UBS integradas, para aqueles pais que não conseguem levar a criança durante a semana”.

Outra ação é a Declaração de Vacinação Atualizada (DVA), a ser preenchida e entregue à escola em que o aluno está matriculado, que tem o objetivo de aumentar a cobertura vacinal entre os estudantes. “Todos os pais têm que levar a DVA certificada na escola, assim, as crianças que não devolvem a DVA, fazemos a busca ativa, com os agentes comunitários das UBS, que vão até a casa daquela criança e a vacinam no local”.

Ainda em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, o PMI tem realizado ações nas escolas. “Para os pais que não conseguem levar as crianças nas UBS, vacinamos nas escolas. Divulgamos ainda, nas nossas redes sociais, as informações sobre as vacinas, mas se os pais tiverem ainda alguma dúvida, procure qualquer serviço de saúde que os profissionais poderão orientar”.

A coordenadora reforça que a única maneira de impedir que o vírus retorne ao país é mantendo as altas coberturas. “Em São Paulo, estamos com uma cobertura próxima da meta, com 80%, mas precisamos vacinar mais e que todas as crianças tenham o esquema completo para estarem protegidas”.

Um caso recente da doença foi confirmado em Loreto, no Peru, o que aumentou o risco do Brasil, lembra a coordenadora do PMI. “Temos risco porque o Brasil é um país de portas abertas, recebemos imigrantes e refugiados, então precisamos manter a nossas coberturas vacinais exatamente por isso, porque recebemos pessoas de outros países que têm casos e sabemos que onde tem casos de pólio são os países com baixas coberturas vacinais. Então a nossa cobertura vacinal alta é a única forma de evitar que o vírus se reintroduza no país”.

Outras informações sobre a vacinação estão disponíveis na página Vacina Sampa.

O vírus da poliomielite é transmitido de pessoa a pessoa por via fecal-oral ou, menos frequentemente, por um meio comum, a água ou alimentos contaminados, por exemplo, e se multiplica no intestino.

Para quem hesita em vacinar seus filhos, a médica Rivia tem um alerta e um conselho. “Passei por muitas dores e ainda as sinto, tive que vencer barreiras e a acessibilidade, tudo isso por conta de uma não vacinação. Apesar das pessoas hoje desconhecerem a paralisia infantil, é uma doença totalmente prevenível com a vacina que está aí, com toda a facilidade nas unidades de saúde. Vacinem seus filhos, o nosso desejo é que as crianças continuem saudáveis”.

* Colaborou Priscila Kerche, da TV Brasil

O Ministério da Saúde informou que 16 milhões de pessoas já receberam a vacina bivalente contra a covid-19. Toda a população acima de 18 anos pode ser imunizada, o equivalente a cerca de 97 milhões de pessoas.

Pode tomar a dose bivalente quem recebeu, pelo menos, duas doses de vacinas monovalentes (Coronavac, Astrazeneca ou Pfizer) no esquema primário ou reforço. A dose mais recente deve ter sido tomada há quatro meses. Quem está com dose em atraso, pode procurar também as unidades de saúde. 

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O estado com a maior quantidade de doses aplicadas, até o momento, é São Paulo, onde mais de 5 milhões foram vacinados, seguido por Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. 

A campanha de imunização com a vacina bivalente teve início em fevereiro, voltada para os grupos prioritários, como idosos, gestantes e pessoas com deficiência ou imunocomprometidas. Em abril, o governo federal ampliou a dose de reforço bivalente para todo público com mais de 18 anos. 

“A estratégia da dose de reforço é feita porque, passado um tempo, a resposta do organismo cai e um novo contato com a vacina eleva sobremaneira a efetividade da prevenção contra o coronavírus. Pesquisas já realizadas apontam, por exemplo, que as doses de reforço desempenham um papel fundamental na prevenção de óbitos por Covid-19”, informa o ministério. 

A pasta orienta ainda que, além da vacina bivalente, as pessoas tomem outras vacinas que estejam atrasadas.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou neste domingo (7) que infecções pelo vírus Sars-COV 2, responsável pela Covid-19, vão continuar ocorrendo e que o momento é de fortalecimento dos sistemas de vigilância, diagnóstico, assistência e vacinação.

Segundo ela, o vírus ainda sofrerá mutações e, por isso, os cuidados devem ser mantidos.

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“É hora de intensificar a vacinação. As hospitalizações e óbitos pela Covid-19 ocorrem principalmente em indivíduos que não tomaram as doses de vacina recomendadas”, destacou a ministra em cadeia de rádio e televisão.

"Por esta razão, o Ministério da Saúde, ao lado de estados e municípios, realiza desde fevereiro um movimento nacional pela vacinação de reforço para covid- 19. Esta é a forma mais eficaz e segura de proteger nossa população. Precisamos estar unidos pela saúde, em defesa da vida", acrescentou.

Na última sexta-feira (5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou o fim da emergência de saúde pública de importância internacional. “Depois de termos passado por um período tão doloroso, nosso país recebe essa notícia com esperança”, afirmou Nísia.

“O momento é de transição do modo de emergência para enfrentamento continuado como parte da prevenção e controle de doenças infecciosas.”

Durante o pronunciamento, a ministra lembrou que o Brasil perdeu 700 mil vidas durante o surto sanitário.

"Outro teria sido o resultado se o governo anterior, durante toda a pandemia, respeitasse as recomendações da ciência. Se fossem seguidas e cumpridas as obrigações de governante de proteger a população do país. Não podemos esquecer. Precisamos preservar esta memória para construir um futuro digno", reforçou.

Ela agradeceu os cientistas e os laboratórios que desenvolveram os imunizantes e fez uma referência especial aos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS). 

"Apesar do negacionismo, dos ataques à ciência e da política de descaso, muitas vidas foram salvas devido ao SUS e ao esforço sem limites dos trabalhadores e das trabalhadoras da saúde", destacou a ministra. 

"A eles, agradeço em meu nome e em nome do presidente Lula, que tem se dedicado desde o primeiro dia de nosso governo à política do cuidado e ao fortalecimento do SUS", reforçou Nísia.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, fará um pronunciamento, em cadeia nacional de rádio e televisão, na noite deste domingo (7). A mensagem, que deve ir ao ar por volta das 20h, vai destacar a declaração da Organização Mundial de Saúde (OMS), que decretou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional em relação à Covid-19. Segundo a assessoria da ministra, a ideia é que ela ressalte que a Covid-19 ainda não acabou e que a vacinação continua fundamental.

Após mais de três anos, a OMS declarou na última sexta-feira (5) que a Covid-19 não configura mais emergência em saúde pública de importância internacional. De acordo com a entidade, o vírus se classifica agora como um “problema de saúde estabelecido e contínuo”.

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"É uma grande vitória para a sociedade, possível graças à ciência e à vacinação, orientadas para o acesso à saúde. Ao mesmo tempo, o anúncio não significa o fim da circulação do vírus, mas uma mudança de abordagem. Ainda temos que ter cuidados, inclusive nos vacinando contra a Covid-19, o que em muitos países passou a compor o calendário anual, a exemplo da vacinação contra a influenza", escreveu a ministra, nas redes sociais.

Em todo o mundo, a pandemia levou à morte mais de 7 milhões de pessoas, número que pode estar subestimado. Somente no Brasil, o número de vidas perdidas ultrapassou as 700 mil pessoas.

Horas depois de a Polícia Federal deflagrar operação que investiga suposta inserção de dados falsos no cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro, o governo federal publicou uma montagem nas redes sociais com uma imagem do Zé Gotinha e a mensagem "vai viajar para o exterior? Regularize suas vacinas".

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"Muitos países ainda exigem o protocolo de vacinação para que brasileiros possam visitar. Portanto, informe-se antes de viajar. Além disso, é fundamental para a saúde pública que todos e todas estejam vacinados", diz o texto que acompanha a imagem.

Batizada de Venire, a operação da PF deflagrada nesta quarta-feira, 3, também investiga suspeita de adulteração no cartão de vacinação da filha de Bolsonaro, Laura, que garantem não ter se imunizado contra a covid-19.

Segundo a Polícia Federal, as provas colhidas até o momento indicam que Bolsonaro tinha "plena ciência" da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, a qual pode ter sido realizada com o objetivo de gerar vantagem indevida para o ex-presidente relacionada a fatos e situações que necessitem de comprovante de vacina contra a covid-19. De acordo com os investigadores, os documentos alterados teriam servido para burlar restrições sanitárias impostas pelo Brasil e pelos Estados Unidos em meio à pandemia.

Como mostrou o Estadão, o certificado de vacinação de Laura Bolsonaro, de 12 anos, foi emitido em inglês pelo aplicativo ConecteSUS no dia 27 de dezembro de 2022, um dia antes dela embarcar para Miami, nos Estados Unidos.

Pela manhã, pouco depois da divulgação da notícia de que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, foi preso sob suspeita de fraudar a carteira de vacinação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou "Bom dia e boa quarta-feira!" em sua conta pessoal no Twitter.

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