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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, apresentou nesta quinta-feira (14) uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que criminaliza o porte e a posse de substância ilícita em qualquer quantidade. A proposta precisa de 27 assinaturas (um terço dos senadores) para começar a tramitar, conforme o Regimento do Senado. O texto foi protocolado depois de Pacheco revelar em entrevista coletiva que o tema foi abordado na reunião de líderes na manhã desta quinta.

A PEC, que acrescenta dispositivo ao artigo 5º da Constituição, estabelece que “a lei considerará crime a posse e o porte, independentemente da quantidade, de entorpecentes e drogas afins sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.

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Na justificativa, Pacheco ressalta que a saúde é direito de todos e dever do Estado, conforme prevê a Constituição, e destaca diversos dispositivos e normas legais que tratam da prevenção e do combate ao abuso de drogas, os quais configuram política pública essencial para a preservação da saúde dos brasileiros.

O presidente do Senado ressalta ainda que a Lei Antidrogas (Lei 11.343, de 2006) previu a prática de “tráfico de drogas”, com pena agravada, bem como a de “porte para consumo pessoal”, com penas que não permitem o encarceramento.

“O motivo desta dupla criminalização é que não há tráfico de drogas se não há interessado em adquiri-las. Com efeito, o traficante de drogas aufere renda — e a utiliza para adquirir armamento e ampliar seu poder dentro de seu território — somente por meio da comercialização do produto, ou seja, por meio da venda a um usuário final”, afirma Rodrigo Pacheco. 

Essa compreensão, de acordo com o presidente do Senado, vem sendo desafiada em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), em que um cidadão busca sua absolvição, pedindo a declaração de inconstitucionalidade do artigo da Lei Antidrogas que prevê punição nos casos de consumo pessoal. Até o momento, há quatro votos favoráveis ao pedido.

“Esta Proposta de Emenda à Constituição visa a conferir maior robustez à vontade do constituinte originário, na esteira dos dispositivos anteriormente elencados, ao prever um mandado de criminalização constitucional para as condutas de portar ou possuir entorpecentes e drogas afins sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Essa medida, uma vez promulgada, daria respaldo à validade do art. 28 da Lei nº 11.343, de 2006”, detalha Pacheco.

O presidente do Senado observa ainda que a jurisprudência do STF reconhece a possibilidade de que emendas constitucionais possam ser editadas como consequência de decisões de constitucionalidade do tribunal.

“E reconhecem, inclusive, que estas merecem maior deferência pelo Tribunal, motivo pelo qual consideramos adequada a eleição desta via — uma proposta de emenda à constituição — para sedimentar, definitivamente, a opção feita pelo constituinte originário a respeito do tema”, conclui. 

*Da Agência Senado

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) apresentou nesta quinta-feira, 14, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para criminalizar a posse e o porte de drogas em qualquer quantidade. Segundo Pacheco, o tema foi discutido na reunião do colégio de líderes no dia anterior.

A proposta ocorre em meio a um cenário no qual o julgamento do tema no Supremo Tribunal Federal (STF) já reúne cinco votos a favor liberação do porte de maconha para consumo pessoal. A análise por parte da Corte foi interrompida após pedido de vista do ministro André Mendonça. Até o momento, apenas um ministro votou contra a liberação, Cristiano Zanin.

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O senador explicou que a proposta quer incluir um inciso no artigo 5.º da Constituição para deixar clara a criminalização da posse e do porte de drogas. Segundo ele, a medida foi uma decisão da maioria na reunião do colégio de líderes. Durante fala no plenário, Pacheco alfinetou o STF argumentando que o Congresso é quem deve legislar.

"Nós somos representantes do povo brasileiro, Câmara e Senado, nós definimos as leis do País, esse é um poder e dever que deve ser reconhecido por todos demais Poderes e demais instituições. Em relação a esse tema das drogas, especialmente da maconha, que é objeto de uma discussão no âmbito do Supremo Tribunal Federal, já somos capazes de colher o seio se não da unanimidade, mas da maioria do Senado, e imagino ser da Câmara, em relação a isso", afirmou Pacheco.

De acordo com o senador, a intenção é não somente aprovar a PEC sobre o tema, mas posteriormente rever a lei antidrogas para atualizá-la. Pacheco firmou sua posição a favor do uso medicinal de substâncias ilícitas.

O presidente do Senado declarou que os líderes buscaram extrair "a vontade do Parlamento" em relação ao tema e construíram uma PEC a várias mãos. Segundo ele, as drogas devem ter "repreensão devida" e a lei deve considerar crime o porte e a posse de quaisque substâncias ilícitas em quaisquer quantidade. "Essa é uma definição constitucional, política, em relação à questão de drogas no País", defendeu.

O senador argumentou ainda que é descriminalizar o porte de droga para uso pessoa pode estimular o tráfico. As assinaturas para apoio à PEC começarão a ser colhidas nesta sexta-feira. Para ser apresentada uma PEC precisa da assinatura de pelo menos um terço dos senadores.

Após sua apresentação, a PEC precisa ser discutida e votada em dois turnos tanto no Senado quanto na Câmara. Para aprová-la é preciso que o texto receba 308 votos na Câmara e 49 no Senado, o que representa três quintos dos parlamentares em cada Casa.

Apoio

A medida foi amplamente apoiada por parlamentares conservadores, como o senador Marcos Rogério (PL-RO), Rogério Marinho (PL-RN) e Eduardo Girão (Novo-CE), todos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em falas no Senado, Marinho afirmou que o julgamento do Supremo gera uma "distorção" sobre o tema, enquanto Girão defendeu uma política de "tolerância zero" em relação às drogas.

O tema chegou ao STF após a Defensoria Pública de São Paulo apresentar um recurso extraordinário para questionar a condenação de um homem pego dentro da prisão com 3 gramas de maconha. Segundo a Defensoria, a proibição do porte para consumo pessoal fere princípios constitucionais da intimidade e da vida privada.

A partir disso, o STF analisa se um dos artigos da lei antidrogas que estabelece punições "adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização" é constitucional.

Até o momento, o cinco ministros que votaram a favor da descriminalização do porte (Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Rosa Weber) e concordaram que deve haver um critério objetivo para diferenciar o usuário de um traficante. Os ministros divergem em relação à quantidade que deve ser fixada. Zanin foi o único que votou contra a descriminalização do porte para usuários e disse apenas que caberia ao STF fixar parâmetros para diferenciar porte para consumo e para tráfico.

A discussão foi interrompida no dia 24 de agosto após um pedido de vista do ministro André Mendonça, que quis mais tempo para análise da questão.

Durante viagem de retorno ao Vaticano, após visita à África, o papa Francisco afirmou neste domingo (5) que a criminalização de homossexuais "é uma injustiça e um pecado que não se pode deixar passar". A afirmação, reiterando declarações anteriores, ocorreu durante a tradicional conferência de imprensa em voos posteriores a visitas internacionais, quando foi indagado sobre a perseguição que sofrem os homossexuais em alguns países africanos.

Ele relembrou a célebre afirmação: "Se uma pessoa é de tendência homossexual e acredita e busca a Deus, quem sou eu para julgá-la?". "Já havia dito que a criminalização da homossexualidade é um problema que não deve ser deixado para depois. Acredito que existam cerca de 50 países que, de um modo ou de outro, criminalizam a homossexualidade e dez inclusive preveem pena de morte; isto não é justo", disse o pontífice

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O chefe da Igreja Católica também reiterou que "pessoas de tendência homossexual são filhas de Deus". "Deus as quer, Deus as acompanha e condenar essa pessoa por isso é um pecado. Não estou falando de grupos, lobbies, mas de pessoas. E o Catecismo da Igreja diz que ninguém deve ser marginalizado."

Instrumentação

Ele também aproveitou a conversa com jornalistas para lamentar que a morte de seu antecessor, o papa emérito Bento XVI, em 31 de dezembro, tenha sido "instrumentalizada" por alguns grupos dentro da Igreja Católica. "Foi instrumentalizada por gente que deseja 'levar água para o seu moinho'. Essa gente não tem ética, é gente de partido, não de Igreja", afirmou Francisco. "Deixo de lado essas coisas, porque não prosperam, caem por si, como de resto ocorreu em toda a história da Igreja." O bispo alemão Georg Ganswein, que acompanhou os últimos anos de Bento XVI, publicou há um mês um livro com críticas a Francisco, em que relata que a decisão de proibir missas em latim "partiu o coração" do antecessor.

Foi a primeira vez que Francisco deu uma resposta mais enfática dirigida a setores mais conservadores do catolicismo que criticam sua condução da "cátedra" de São Pedro. Um ponto a se observar na disputa interna da Igreja Católica envolve agora a sucessão próxima do prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Luis Ladaria Ferrer. O departamento teve entre seus chefes Bento XVI, no papado de João Paulo II. Agora, teme-se a colocação no posto de alguém mais liberal, justamente quando cresce a pressão no Vaticano por uma encíclica moral voltada para sexualidade e crítica à ideologia de gênero. Nesse ponto, os acenos de Francisco ao acolhimento à comunidade LGBT+ têm provocado críticas cada vez mais abertas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o Judiciário, nesta sexta-feira (14). Candidato à reeleição, o chefe do Executivo criticou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de suspender investigações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Polícia Federal (PF) sobre os institutos de pesquisa. Além disso, afirmou que o ministro "vai governar" o País se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhar as eleições e prometeu, se reeleito, editar um decreto sobre liberdade de expressão e "enquadrar por abuso de autoridade" quem for contrário.

"Começou aí o Cade e a Polícia Federal a investigar os institutos de pesquisa. O que ele Moraes fez? Não pode investigar. Ou seja, os institutos vão continuar mentindo. Nessas mentiras, quantos votos não arrastam para o outro lado? Geralmente, o eleitor vota em quem está ganhando. Três, quatro milhões de votos. Parabéns, Alexandre de Moraes", declarou Bolsonaro, em entrevista ao Podcast Paparazzo Rubro-Negro.

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Na noite desta quinta-feira (13), Moraes argumentou que houve "usurpação de competência" da Justiça Eleitoral e tornou sem efeito as investigações abertas pelo Cade e pela PF contra os institutos. Desde o resultado do primeiro turno, quando Bolsonaro teve mais votos do que o projetado pelas pesquisas, aliados do presidente no Congresso iniciaram uma ofensiva contra as empresas, com a apresentação de projetos de lei que criminalizam os levantamentos e ameaças de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Para tentar ligar Moraes a Lula, Bolsonaro ressaltou na entrevista que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) foi secretário de Segurança de São Paulo durante o governo de Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa do petista nas eleições deste ano. "Por que o Alckmin está lá? Não é porque o Lula pensou 'vou botar um cara que é católico, não sei o que lá'. Não, está lá porque ele é o cara do Alexandre de Moraes. Quem vai governar o País com Lula presidente? Vai ser Alexandre de Moraes. Alguém tem dúvida disso? Ele tem muito poder com a caneta dele, mas sabe que comigo o poder não é absoluto, sabe disso. Aqui nós temos limite", declarou o presidente.

Bolsonaro também reclamou da decisão do TSE de impedir que ele faça transmissões ao vivo nas redes sociais do Palácio da Alvorada durante o período eleitoral. "Que humilhação é essa?", criticou. Ao relembrar o perdão que concedeu ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que foi condenado pelo STF por ataques contra a democracia, disse que, se reeleito, vai editar um decreto para garantir o cumprimento do artigo 220 da Constituição, que trata da liberdade de expressão. Ao longo do mandato de Bolsonaro, o Supremo abriu diversos inquéritos para investigar fake news e atos antidemocráticos.

"Vou falar uma coisa que eu não queria falar aqui. Eu sendo reeleito, baixo um decreto no dia seguinte. Sabe o que seria esse decreto? Cumpra-se o artigo 220 da Constituição. E, quem for contra, eu vou enquadrar por abuso de autoridade. Ponto final. O que é o artigo 220? É sobre liberdade de expressão", disse o chefe do Executivo. "Alguns ainda vão pegar esse recorte meu e vão falar 'olha, como ele é ditatorial'. Cumpra-se o artigo 220 da Constituição. A Constituição é a nossa carta da democracia", emendou, ao criticar os manifestos pela democracia que foram lançados por diversos setores da sociedade após ele ter reunido embaixadores estrangeiros no Alvorada, em julho, para pôr em dúvida a confiabilidade das urnas eletrônicas.

A Polícia Federal (PF) abriu nesta quinta-feira (13) uma investigação formal sobre os institutos de pesquisa eleitoral.

A Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários no Distrito Federal vai tocar o caso.

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O inquérito foi requisitado pelo ministro da Justiça, Anderson Torres, a partir de uma representação da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O Ministério da Justiça afirmou que "a divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa".

Após o resultado do primeiro turno das eleições, Bolsonaro disse que "venceu a mentira" e que o resultado "desmoralizou" os institutos que fazem pesquisa de intenção de voto. Ele recebeu 43,2% dos votos válidos e vai disputar o segundo turno contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os últimos resultados divulgados antes da votação previam que Bolsonaro receberia com 36% ou 37% dos votos válidos.

Em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, as pesquisas apontavam a liderança de Fernando Haddad (PT), que terminou em segundo lugar, atrás do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Pesquisadores ouvidos pelo Estadão dizem que não há explicação única para as divergências entre as pesquisas de intenção de voto divulgadas até a véspera do primeiro turno e os resultados das urnas no domingo, 2. As hipóteses apresentadas incluem questões estatísticas, as metodologias dos levantamentos e mudanças no comportamento dos eleitores.

As diretoras do Datafolha, Luciana Chong, e do Ipec, Márcia Cavallari, principais institutos de pesquisa do País, atribuíram o fôlego do presidente a um possível voto útil no bolsonarismo na reta final do primeiro turno. O posicionamento dos institutos é o de que a pesquisa eleitoral é um retrato do momento e os resultados podem sofrer alterações até o momento efetivo da votação.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, mandou intimar o presidente Jair Bolsonaro e o Ministério da Saúde a prestarem 'informações que entenderem pertinentes' no âmbito de ação que contesta a cartilha do governo que alega que 'todo aborto é um crime'. Entidades de pesquisa sustentam que o informe dissemina desinformações e estabelece uma restrição ilegal a casos de aborto legal - o procedimento é permitido em caso de estupro, risco de morte da gestante e anencefalia do feto.

Ao analisar o caso, Fachin ponderou que o quadro narrado pelas autoras da ação - a Sociedade Brasileira de Bioética, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva, o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde e a Associação Rede Unida, que integram a 'Frente pela Vida' - é 'bastante grave e parece apontar para um padrão de violação sistemática do direito das mulheres'. "Se nem mesmo as ações que são autorizadas por lei contam com o apoio e acolhimento por parte do Estado, é difícil imaginar que a longa história de desigualdade entre homens e mulheres possa um dia ser mitigada", ressaltou o ministro.

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Após se esgotar o prazo de cinco dias concedido à Presidência da República e ao Ministério da Saúde para manifestações, a Procuradoria-Geral da República terá três dias para se pronunciar sobre a ação.

As entidades que acionaram o Supremo pedem que seja declarada a inconstitucionalidade de qualquer ato administrativo do Ministério da Saúde que restrinja às gestações de até 22 semanas a possibilidade de realização de aborto legal, assim como de qualquer ação do Estado que implique em burocracia ou barreiras, como exigências não previstas em lei, para a realização do procedimento em casos previstos no Código Penal e em decisão dada pela corte máxima.

Também há um pedido para que seja reconhecida a omissão do Ministério da Saúde por não fornecer informações adequadas em seus canais de comunicação oficiais ou de atendimento ao público sobre os procedimentos para a realização de aborto nas hipóteses legalmente admitidas.

Segundo a 'Frente pela Vida', a 'efetividade do direito à saúde e da dignidade de mulheres que necessitem de valer da interrupção voluntária de gestação nas hipóteses previstas pela lei é afetada pela atuação deliberada do Estado em se omitir quando deveria agir, ou agir contrariamente ao modo adequado à promoção do acesso ao abortamento seguro'.

"Cuida-se, apenas e tão somente, de dar aplicabilidade à lei, fazendo cessar o comportamento omissivo e comissivo que reiteradamente a desrespeita", ressaltam as entidades.

Na petição inicial impetrada no Supremo é citada uma pesquisa realizada por Marina Gasino Jacobs, a qual indicou que, em junho de 2021, o Brasil tinha 102 Serviços de Referência para Interrupção de Gravidez em Casos Previstos em Lei. "Como há normas específicas para a oferta do aborto em gravidezes decorrentes de estupro, desses 102 Serviços, apenas 88 tinham estrutura e equipe suficientes para a oferta do aborto nessas situações pelo SUS. Esses 88 Serviços estavam localizados em 55 municípios, os quais concentravam 26,7% da população do sexo feminino em idade fértil do país", diz trecho do documento que foi encaminhada ao gabinete de Edson Fachin.

O Ministério da Saúde realizou nesta terça-feira, 28, uma audiência pública para discutir o teor de uma cartilha publicada pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde com orientações sobre o procedimento do aborto. O documento, de 7 de junho, afirma que "todo aborto é um crime" e provocou reação de grupos de pesquisa e entidades de defesa da mulher.

O manual intitulado Atenção técnica para prevenção, avaliação e conduta nos casos de abortamento é voltado para gestores e profissionais de saúde. Segundo a cartilha, "não existe 'aborto legal' como é costumeiramente citado, inclusive em textos técnicos". Para a Secretaria de Atenção Primária à Saúde do ministério, o que existe "é o aborto com excludente de ilicitude".

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A cartilha diz ainda que "todo aborto é um crime, mas quando comprovadas as situações de excludente de ilicitude após investigação policial, ele deixa de ser punido, como a interrupção da gravidez por risco materno". Diferentemente do que afirma a cartilha, o aborto é permitido no País em caso de estupro, risco de morte da gestante e anencefalia do feto, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2012.

O próprio manual pondera que essa discussão "tem pouca relevância", uma vez que a gravidez tem tempo limitado e "seria impossível aguardar transcorrer todo um procedimento para apurar se houve crime, ou não".

O documento provocou reações de grupos de pesquisa e entidades ligadas à defesa da mulher. Em carta à Secretaria de Atenção Primária à Saúde, 78 organizações pediram a revogação do manual. Para as entidades, a cartilha não cumpre a finalidade de apoiar profissionais de saúde nos casos de abortamento e, pelo contrário, impõe "obstáculos à concretização do direito à saúde de mulheres, meninas e pessoas que gestam".

Entre as organizações signatárias da carta em reação ao manual do Ministério da Saúde estão a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e o Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Em relação ao trecho do manual que indica que "todo aborto é um crime", as organizações ponderam que a declaração soa como tentativa do ministério "de confundir sobre a licitude do procedimento realizado dentro das hipóteses legais". A menção do documento à "investigação policial" também cria, segundo as entidades, insegurança jurídica aos profissionais, "que temerão uma investigação sobre cada decisão de cuidado que tomem sobre as mulheres".

A discussão sobre o documento ocorre após a repercussão nacional de dois casos de gravidez em contexto de violência contra a mulher. No fim de semana, a atriz Klara Castanho teve exposta sua decisão de entregar voluntariamente para adoção um bebê gestado após um estupro. Klara descobriu a gravidez tardiamente e não conseguiu fazer o aborto. A atriz foi atacada nas redes sociais pela decisão prevista em lei de entregar o bebê.

Semanas antes, uma menina de 11 anos que havia sido estuprada teve o procedimento de aborto negado por uma juíza em Santa Catarina. A magistrada, Joana Ribeiro Zimmer, questionou se a menina não "suportaria ficar mais um pouquinho (com o feto)". Joana foi uma das convidadas pela Secretaria de Atenção Primária para participar da audiência pública nesta terça-feira, mas não compareceu.

Além da juíza, foram chamados as deputadas federais Janaina Paschoal (PRTB-SP) e Bia Kicis (PL-DF) e o ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Filho, que discursaram na reunião transmitida online. Representantes de entidades médicas como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) também foram convidados.

Em sua fala, na audiência pública, a representante da SBPC, antropóloga Lia Zanotta Machado, lembrou que "abortamento no caso de estupro, risco de morte da gestante e má formação fetal com impossibilidade de vida extrauterina não conforma tipicidade, ilicitude e culpabilidade e, portanto, o abortamento é legal". Ela também pontuou que o aborto legal, em caso de estupro, não tem idade gestacional máxima para ocorrer, conforme a legislação.

O manual do Ministério da Saúde afirma que "sob o ponto de vista médico, não há sentido clínico na realização de aborto com excludente de ilicitude em gestações que ultrapassem 21 semanas e 6 dias".

O Secretário de Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara, por sua vez, defendeu o documento. Segundo ele, as cartilhas anteriores sobre o tema precisavam ser atualizadas. Em relação à investigação criminal, ele ponderou que uma lei obriga a denúncia sobre o estupro. Em 2020, uma portaria determinou a notificação dos estupros que ensejam interrupção de gravidez.

"Hoje, elas dizem que depende da mulher ou da mãe da criança ou do pai da criança decidir se vai denunciar ou não. Não, não cabe. É incondicionada à vontade da vítima. Tem de ser denunciado. E aí eu sou perseguido por sites, pela imprensa. 'Ministério da Saúde quer que vítimas de estupro sejam investigadas após aborto'. E não é para investigar vítima de estupro? Tem de entender o que a gente quer."

"Essas orientações criminalizam não somente as mulheres, mas também os profissionais de saúde que delas cuidam, entre eles, os ginecologistas e obstetras", afirmou a Febrasgo em seu site sobre a cartilha do Ministério da Saúde. Raphael Câmara ainda relativizou dados sobre mortes relacionadas ao aborto no Brasil e disse não concordar com "matar bebê na barriga". "Como obstetra, não dá. Essa sociedade que acha que é normal matar bebê na barriga com 7, 8, 9 meses...Eu não quero fazer parte dessa sociedade."

Outros convidados contrários ao aborto, que participaram da audiência, apoiaram o texto. Segundo a secretária nacional da Família do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Angela Gandra, a cartilha ajuda a não levar casos de gravidez ao aborto. "É interessante falar do abortamento como exceção, do abortamento nos casos previstos em lei. E isso prepara também para não induzir os técnicos a levarem imediatamente ao aborto."

Em viagem a Lisboa, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também se posicionou nesta terça-feira sobre o tema, em consonância com a cartilha da pasta. "Estupro é crime tipificado no Código Penal, como o aborto também é", disse o ministro. Ele reiterou que o governo Jair Bolsonaro é favorável à "defesa da vida desde a concepção" e criticou eventuais iniciativas do Judiciário para descriminalizar o que chamou de "aborto injustificado".

No fim da audiência, Câmara disse que levará em consideração as contribuições recebidas na audiência e que o texto poderá passar por mudanças, sem detalhar quais. "Certamente, haverá modificações no nosso manual. Podemos colocar diversas opiniões."

Nesta terça-feira, 17 de maio, é celebrado o Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, data criada em 2004 para chamar a atenção para a violência e discriminação sofridas por lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, intersexuais e todas as outras pessoas com diversas orientações sexuais, identidades ou expressões de gênero e sexo. O Brasil é uma das mais de 130 nações que comemoram a data e que têm ações nas três esferas voltadas à conscientização da luta LGBTQ+. 

Foi neste mesmo dia, em 1990, que a Organização Mundial da Saúde deixou de desclassificar a homossexualidade como um transtorno mental, removendo a sexualidade do rol de doenças previsto na classificação internacional de doenças (CID), o que motivou a escolha da data para a celebração do dia internacional. 

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O 17 de maio representa um grande marco anual global para chamar a atenção de governantes, mídia, sociedade, corporações, líderes de opinião e autoridades locais para a situação alarmante enfrentada por pessoas com diversas orientações sexuais, identidades ou expressões de gênero e características sexuais ao redor do mundo. A data é tão importante e desafiadora, que é celebrada em 37 países onde atos homossexuais são ilegais, como na Rússia e no Iêmen. 

O Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia recebeu o reconhecimento oficial de vários Estados, de instituições internacionais como o Parlamento Europeu e de inúmeras autoridades locais. A maioria das agências das Nações Unidas também marca o dia com eventos específicos. 

- - > MPPE lança hotsite com informações para a população LGBTQ+ 

Brasil 

No Brasil, que apesar de se distinguir dos países citados, onde ser LGBT ou aliado à luta pode ser motivo para ir preso, o ritmo da elaboração de políticas eficazes para o combate a lgbtfobia é lento. O país está próximo de completar três anos da criminalização da homofobia. Em 13 de junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu enquadrar a homofobia e a transfobia no racismo, tornando o Brasil se tornou o 43º país a criminalizar as práticas, de acordo com o relatório "Homofobia Patrocinada pelo Estado", elaborado pela Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais (Ilga). 

Conforme a decisão do STF: 

- "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito" em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime; 

- a pena será de um a três anos, além de multa; 

- se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa; 

a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema. 

A criminalização é o primeiro passo para que vítimas de lgbtfobia possam buscar suporte jurídico e também notificar os casos de violência — a subnotificação, especialmente da violência contra pessoas transgênero, é um dos principais problemas para a elaboração de políticas públicas de proteção à população LGBT no país. Um bom exemplo disso é o exercício do censo demográfico, que não considera questões individuais de gênero e sexo, pois o método utilizado (qualquer residente da casa pode responder), em tese, não comporta esse tipo de coleta de dados. 

Apesar da ampliação do mapeamento da homofobia no país, os casos, com ou sem recuo, apresentam margem estável e colocam o Brasil na posição de uma dos piores países para a vida de pessoas LGBT.  

Mortalidade 

Ao longo do ano de 2021, ao menos 300 pessoas perderam a vida para a violência LGBTfóbica no país, número que representa um aumento de 8% em relação a 2020. Com uma morte registrada a cada 29 horas, o Brasil segue liderando o ranking de países que mais matam LGBTQIA+. Os dados são do relatório “Mortes Violentas de LGBTI+ no Brasil – 2021”, divulgados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). 

No ano passado, homens gays voltaram a ocupar o primeiro lugar no ranking de mortes de LGBTQIA+, somando 51% dos casos. Os grupos seguintes foram travestis e transexuais (36,67%), lésbicas (4%), bissexuais e homens trans (1,33%), uma ocorrência de pessoa não binária e um heterossexual, este último confundido com um homem gay. Os dados da pesquisa se baseiam em notícias publicadas nos meios de comunicação, que foram coletadas e analisadas pelo GGB. 

Em relação à cor das vítimas, 28% eram brancas, 25% pardas, 16% pretas e apenas uma indígena. Cerca de 47% dos LGBTQIA+ tinham entre 20 e 39 anos. Para o fundador do GGB, Luiz Mott, a raça das vítimas é um agravante social da violência, mas ainda é pouco especificada nas reportagens produzidas pela imprensa, fator que dificulta o levantamento de dados por cor. 

De acordo com o Dossiê Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras de 2021, foram registrados 140 assassinatos de pessoas trans no Brasil. Deste total, 135 tiveram como vítimas travestis e mulheres transexuais e cinco vitimaram homens trans e pessoas transmasculinas. 

O estudo foi realizado pela da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) com apoio de universidades como a Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Federal de São Paulo (Unifesp) e Federal de Minas Gerais (UFMG). 

O número foi menor do que o do ano anterior, quando foram registrados 175 assassinatos de pessoas trans. Mas foi superior ao de 2019, no período pré-pandemia, quando foram contabilizados 124 óbitos. O número de 2021 está acima da média desde 2008, de 123,8 homicídios anuais de pessoas pertencentes a esse segmento. 

Governo Bolsonaro 

Durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) não foi possível ignorar pautas identitárias. Não porque elas são prioridade do mandatário, mas porque a agenda conservadora prometida durante a campanha do então deputado federal, se fez presente na gestão federal e o chefe do Executivo não mediu esforços ao decretar um “pé de guerra” com o que considera uma tática da esquerda para destruir a “família tradicional brasileira”. Os ataques lgbtfóbicos do presidente não foram poucos e certamente não colaboram com as tentativas de acolhida ao público LGBT, realizadas por entidades em todo o país. 

De acordo com a Folha de São Paulo, uma movimentação mais intensa de casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo ou gênero foi notada, por exemplo, entre 2017 e 2018, anos anteriores à gestão bolsonarista. Os especialistas ouvidos pontuaram que o governo Bolsonaro desmantelou políticas públicas, estancou investimentos e criou um apagão em relação às demandas do segmento, que se viu ainda mais vulnerável na pandemia de Covid-19. 

Jair Bolsonaro já propagou fake news de que as escolas brasileiras contavam com um "kit gay", que rendeu a história da “mamadeira” que imitava o formato de um pênis; criticou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) por causa de uma questão sobre o dialeto usado entre gays e travestis; ameaçou vetar projetos audivisuais com temática LGBTQIA+ na Agência Nacional do Cinema (Ancine) e interveio na anulação de um vestibular específico para transgêneros e intersexuais na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). 

No começo deste ano, em janeiro, o presidente voltou a provocar polêmicas em relação à homofobia. Ele afirmou que as pautas LGBTs são usadas contra ele como forma de desgaste ao governo e constituem uma forma de "destruir a família". 

"Tem LGBT que conversa comigo sem problema nenhum. Tem muita gente que a gente descobre que é depois e o cara tinha um comportamento completamente normal e não tem problema nenhum. Isso tudo são pautas para desgastar. Uma das maneiras de você dominar o povo é você destruir a família com essas pautas", disse.  

A declaração do presidente, em referência ao termo antigo do atual LGBTQIA+, ocorreu durante entrevista ao canal Jovem Pan News. A nova sigla busca representar as comunidades de indivíduos fora das normas binárias de gênero e sexo. Bolsonaro ainda comemorou que pautas que chamou de "ideologia de gênero" estejam nas mãos do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, o que caracterizou como "sorte". O ministro foi o nome escolhido pelo presidente para a vaga que ele tinha prometido como de um magistrado "terrivelmente evangélico" para a Corte. 

 

Em reunião por videoconferência, Donald Trump exigiu nessa segunda-feira (1°) que os governadores usem a força e prendam os manifestantes que tomam as ruas de mais de 130 cidades do país há uma semana. Os pedidos de repressão feitos por um presidente acuado na Casa Branca estão sendo usados por países rivais, que sempre foram criticados pelos EUA por abusos de direitos humanos, e agora acusam o governo americano de hipocrisia.

"Vocês precisam dominar a situação. Se não dominarem, estarão perdendo tempo. Eles vão atropelá-los. Vocês vão parecer um bando de idiotas", disse Trump aos governadores, segundo áudio divulgado pelo Washington Post. "Vocês devem prender e julgar as pessoas e elas devem ficar presas por um longo período."

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Protestos ontem foram registrados em várias partes do mundo. Em Berlim, no sábado, e em Londres, no domingo, as manifestações se concentraram diante da embaixada americana. Em Amsterdã, uma multidão lotou ontem a Praça do Dam, no centro da cidade. Em Paris, os franceses pediam justiça para Adama Traoré, negro de 24 anos morto pela polícia em 2016.

Em países rivais dos EUA, a onda de violência virou uma chance de ironizar Trump, principalmente na China, que vinha se queixando da interferência americana na repressão aos protestos em Hong Kong. Hua Chunying, porta-voz da chancelaria chinesa, respondeu pelo Twitter a uma mensagem do Departamento de Estado americano com a frase "Não consigo respirar", usada por George Floyd, negro asfixiado por um policial branco de Minneapolis, episódio que desatou a onda de protestos.

"Há diferentes razões para os tumultos, mas as semelhanças são avassaladoras: eles desafiam a lei, subvertem a ordem e são destrutivos", afirmou Hu Xijin, editor do Global Times, jornal ligado ao governo da China. Em vídeo, Xijin elogia o fato de Pequim ter mantido distância dos protestos nos EUA, diferentemente do que fizeram os americanos em Hong Kong.

Na China, a imprensa oficial tem tratado a crise como um sinal da decadência americana - que ocorre ao mesmo tempo em que o país acumula mais de 100 mil mortos pela pandemia de covid-19 e 40 milhões de desempregados. Na sexta-feira, quando chegou a notícia de que Trump havia sido levado para um bunker na Casa Branca, a hashtag #BunkerBoy chegou ao segundo lugar no Twitter.

Os protestos também viraram propaganda no Irã. O chanceler, Mohamed Zarif, publicou no Twitter um comunicado antigo em que o Departamento de Estado dos EUA critica a repressão iraniana, mas substituindo as menções ao Irã pela palavra "América". Até o aiatolá Ali Khamenei se pronunciou. "Se você tem a pele escura, e está caminhando nos EUA, não tenha tanta certeza de que estará vivo nos próximos minutos", dizia a frase em uma conta ligada ao líder supremo no Twitter.

"Este não é o primeiro de uma série de comportamentos ilegais e de violência injustificada por parte da polícia dos EUA", disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, em comunicado. "O caso se soma à longa história do Kremlin de assinalar os abusos de direitos humanos nos EUA."

Em Washington, autoridades do governo americano entraram na batalha de propaganda. "A diferença entre nós e muitos países autoritários por aí é que, quando algo como isso ocorre aqui, nós investigamos", declarou o assessor de Segurança Nacional Robert O’Brien, no programa This Week, da rede ABC.

"O problema é que a posição de Trump agora não é diferente da expressada por outros autocratas", escreveu Ishaan Tharoor, colunista do Washington Post, que lembrou os elogios do presidente americano aos protestos dos "coletes amarelos" na França, quando Trump usou a revolta para criticar o ativismo ambiental do presidente Emmanuel Macron. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta terça-feira (29), o projeto de lei do Senado que criminaliza desafios, como o jogo da Baleia Azul, que podem estar relacionados a suicídios ou automutilação de crianças e adolescentes. Como o texto passou por alterações, ele deve ser votado novamente no Senado.

Pelo Código Penal, hoje quem induzir ou instigar suicídio só pode ser punido se a prática resultar na morte ou em ferimentos graves da outra pessoa. O PL 8.833/17, no entanto, altera esse artigo e passa a prever de seis meses a dois anos de prisão mesmo em casos em que a vítima não sofra lesões físicas.

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Segundo o substitutivo aprovado, da deputada Caroline de Toni (PSL-SC), há previsão de pena de um a três anos de prisão se houver lesão corporal grave ou gravíssima. Já em casos de morte, será de dois a seis anos de reclusão.

O PL também acrescenta qualificadoras para o crime - circunstâncias que podem aumentar a punição aplicada ao autor. Atualmente, a legislação já prevê aumento de pena se a indução ao suicídio ou automutilação for praticada por motivo egoístico, contra menor de idade ou se a vítima não puder resistir.

Com o projeto, a pena também vai aumentar se o crime acontecer pela internet, por rede social ou for transmitido em tempo real. Líderes ou coordenadores de grupo virtual receberão punição maior.

O PL estabelece, ainda, ocasiões em que o autor do crime deve responder por homicídio simples (de seis a 20 anos de prisão). São elas: quando a vítima for menor de 14 anos; não tiver o necessário discernimento sobre o ato (enfermos ou pessoas com deficiência mental); ou contra quem não puder oferecer resistência.

Em relação a esse mesmo grupo de pessoas, se o resultado for lesão corporal gravíssima, o autor poderá ser condenado de dois a oito anos de prisão, de acordo com o PL.

O deputado federal Charlles Evangelista (PSL-MG) quer criminalizar músicas que tenham teor pornográfico e que ofendam mulheres e à polícia. Ele criou um projeto de lei que tipifica como crime músicas com tais contextos, com pena que inclui até prisão de três a seis meses. 

O projeto de lei nº 5194/2019 foi apresentado no mês de setembro e tem como proposta alterar o artigo 287 do decreto-lei nº 2.848, de 1940. O artigo em questão está na seção sobre os "crimes contra a paz pública". O parlamentar quer adicionar a ele um trecho que reconheça como crime qualquer "estilo musical" que estimule o uso e o tráfico de drogas, armar, a prática de pornografia, pedofilia ou estupro e que contenha ofensas à mulheres e ódio à polícia.

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Em sua justificativa, Charlles Evangelista afirma haver "grande desrespeito à moral pública", quando canções com determinadas expressões são reproduzidas em ambiente público. O projeto prevê pena de três a seis meses de prisão para os autores além de multa. "A criminalização de estilos musicais nesse sentido seria uma forma de garantir à saúde mental das famílias e principalmente das crianças e adolescentes que ainda não têm o discernimento necessário para diferenciar o real do imaginário", diz o parlamentar no texto do projeto.

O presidente Jair Bolsonaro classificou como "completamente equivocada" a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de criminalizar a homofobia no País. Segundo ele, a Corte está "legislando" e a decisão "aprofunda a luta de classes" no Brasil.

"Se alguém der uma facada ou tiro em alguém por ser gay, a pena deveria ser agravada", disse o presidente nesta sexta-feira, 14, durante café com jornalistas no Palácio do Planalto. O jornal O Estado de S. Paulo esteve presente no encontro.

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Para Bolsonaro, a decisão do STF prejudica os próprios homossexuais, já que agora empresas pensarão "duas vezes" antes de oferecer emprego a alguém com esta orientação sexual. "Acho que o Congresso tomará medidas contra a decisão do Supremo", afirmou.

Por 8 a 3, o STF decidiu nesta quinta-feira, 13, enquadrar homofobia e transfobia como racismo. Os ministros do Supremo entenderam que a legislação sobre racismo, em vigor desde 1989 no País, também deve ser aplicada para quem praticar condutas discriminatórias homofóbicas e transfóbicas.

O tribunal deixou claro que a repressão contra essas condutas não restringe o exercício de liberdade religiosa. Fiéis, pastores e líderes religiosos têm assegurado o direito de pregar suas convicções, desde que essas manifestações não se convertam em discursos de ódio, incitando hostilidade ou a violência contra a comunidade LGBT.

O presidente indicou que segue avaliando a possibilidade de indicar um evangélico para a próxima vaga do STF. "Especialmente agora", disse.

Após o Supremo Tribunal Federal decidir equiparar a homofobia e transfobia como crime de racismo, Daniela Mercury resolveu se pronunciar. Publicando uma foto ao lado da esposa, a jornalista Malu Verçosa, Daniela vibrou com o resultado da votação dos ministros.

"Garoa, trovoa e a gente não recua. Eu e Malu Verçosa estamos muito felizes! A homofobia e a transfobia são crimes no Brasil! Ganhamos uma poderosa proteção contra a violência e a discriminação. Essa sensação de que a justiça foi feita é libertadora e nos enche de esperança. Parabéns para todos que lutaram! Obrigada, STF!", escreveu.

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Assim como fez a cantora baiana, o ator Hugo Bonemer usou as redes sociais para celebrar a decisão do STF. "Grande dia! Mães e pais com filhos que nasceram homossexuais, comemorem! É crime agredir, diminuir, desacatar e humilhar seus filhos por como nasceram", comentou o namorado do também ator Conrado Helt.

Veja:

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A decisão tomada pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que criminaliza a homofobia, equiparando ofensas a homossexuais e a transexuais ao racismo, deve voltar a julgamento no dia 5 de junho e embora seja um marco legal importante e que deve ser comemorado, não é o suficiente para reduzir o número de mortes da população LGBT no país.

A presidente da Comissão da Diversidade Sexual da OAB em Guarulhos, Cintia de Santis Perazzolo, defende que para diminuir as mortes de homossexuais é necessário que outras medidas também sejam implementadas. “Deixar de criminalizar é hierarquizar as opressões, é dizer que o crime cometido contra um LGBT é menos grave do que o cometido contra outros grupos minoritários. Mas a criminalização não basta, é preciso garantir que esse tipo de crime seja investigado de forma adequada e que a punição leve em conta a motivação do crime”, afirma.

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Cintia acrescenta que existem muitos estigmas criados ao redor da figura do LGBT e que para que o combate à homofobia seja eficaz deve-se desmistificar essas questões com educação e conscientização. “Também é fundamental que o Estado promova políticas públicas de inclusão da população vulnerável na sociedade, dando acesso igualitário a saúde, educação, qualificação profissional, empregabilidade, entre outros. Isso é fundamental para que se elimine a vulnerabilidade social que, muitas vezes, acompanha a vulnerabilidade em razão da orientação sexual e da identidade de gênero”, explica.

A equiparação da homofobia com o racismo divide opiniões entre os juristas e os militantes da causa LGBT. De acordo com Cintia, a criminalização nessa condição é uma solução viável por ambos os crimes envolvem questões político-sociais e não biológicas. “Isso porque historicamente alguns grupos se colocam em posição de supremacia perante outros, como é o caso de brancos e negros. A homofobia nada mais é do que subjugar a população LGBT em razão de sua orientação sexual e identidade de gênero. Assim, baseando-se nesse contexto, a equiparação faz todo o sentido”, avalia.

Por outro lado, o ativista Bruno Zaidan, do coletivo Juntos LGBT, acredita que cada tipo de violência deve ser combatido de forma diferente. “A criminalização é fundamental porque nós precisamos de algum tipo de proteção, mas no caso de injúria a LGBTs, por exemplo, é mais importante que ocorram processos educativos do que, necessariamente, a prisão”, observa.

Zaidan critica ainda que o processo de criminalização falha ao não incluir a responsabilização de quem incita discurso de ódio, como é o caso de representantes políticos.

“Essas pessoas que dizem para milhões de pessoas que preferiam ter um filho bandido do que um filho ‘viado’, por exemplo, têm que ser responsabilizadas, como é o caso do Bolsonaro. São pessoas como ele que deveriam sim ser presas”, enfatiza.

Após bater 20 mil assinaturas no E-Cidadania, a plataforma de propostas populares de lei no Senado, um projeto que busca a criminalização do “coach” se tornará uma Sugestão Legislativa e será debatida pelos senadores. As 20 mil assinaturas foram conseguidas nesta quarta-feira (24).

 A proposta foi apresentada no último dia 18 e, segundo o autor da proposta, o eleitor sergipano William Menezes, a medida busca evitar “charlatanismo” que seria cometido por profissionais da área. No início da tarde desta quarta, o projeto já tinha 21.205 assinaturas favoráveis de acordo com o site do Senado Federal.

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“Se tornada lei, a proposta não permitirá o charlatanismo de muitos autointitulados formados, mas sem diploma válido”, diz William. A proposta tinha prazo até agosto para conseguir o número mínimo de assinaturas, mas conseguiu em menos de uma semana.

O serviço de coaching, que vende uma espécie de treinamento para o desenvolvimento de performance na vida pessoal ou profissional do cliente, tem crescido em popularidade nos últimos anos no Brasil e no exterior.

Na justificativa da proposta, o autor classifica a atividade como um “desrespeito” ao trabalho “científico e metódico de terapeutas e outros profissionais de variadas áreas”. Algumas técnicas comuns de coaching, como “reprogramação de DNA” e “Cura Quântica”, são tachadas de “propagandas enganosas” pelo projeto.

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Às vésperas do aniversário de 55 anos do golpe militar, um projeto de lei protocolado na Câmara dos Deputados pretende criminalizar 'apologias ao retorno da ditadura militar' e a 'pregação de novas rupturas institucionais no país'.

Apresentado pelo vice-líder do PC do B, deputado pelo Maranhão, Márcio Jerry, o PL nº 1.798/2019 propõe a alteração do artigo 287 do Código Penal Brasileiro, dando a ele uma nova redação, 'para punir, com multa ou detenção, de três a seis meses, autores de declarações ou conclamações públicas que remetem a fatos criminosos, tortura ou que incentivam algum tipo golpe ou quebra do sistema político vigente'.

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O projeto de Jerry foi apresentado em meio à polêmica criada pela ordem do presidente Bolsonaro para que os quartéis comemorem o 31 de março.

Nesta sexta (29), a juíza Ivani Silva da Luz, da 6.ª Vara Federal de Brasília, acolheu pedido da Defensoria Pública da União e determinou que as unidades militares se abstenham das festividades em alusão a 1964.

Para embasar seu projeto, o deputado maranhense menciona o artigo 5.º da Constituição, que 'estabelece como crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, que vão contra a ordem constitucional e o Estado Democrático no país'.

Márcio Jerry explica que 'a matéria vem suprir a necessidade de se coibir reações extremas em um grave momento da história brasileira, que vive um patente momento de ameaça à democracia'.

O parlamentar afirma que o projeto pretende 'colocar luz sobre um trágico recorte da memória nacional'.

"É preciso que a gente reflita sobre isso para que o Brasil não faça do próximo dia 31 um momento de revirar feridas, porque a democracia cuida disso, e não é cabível e não é aceitável que um Presidente da República faça uma conclamação tão estapafúrdia, tão acintosa à democracia e tão agressiva à memória daqueles que padeceram sob a ditadura", afirmou.

O projeto será distribuído às comissões temáticas a serem designadas pelo deputado Rodrigo Maia (DEM), o presidente da Casa. Depois, segue para deliberação do Plenário.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin votou nesta quinta-feira (21) pelo reconhecimento da omissão do Congresso Nacional em aprovar uma lei para criminalizar a homofobia, que é caracterizada por condutas de preconceito contra o público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais). 

Com a manifestação, há dois votos para que o crime de racismo seja aplicado aos casos de agressões contra homossexuais até que a norma seja aprovada pelo Congresso, conforme pedido feito pelo PPS e pela Associação Brasileiras de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT) na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) nº 26 e no Mandado de  Injunção nº 4.733, que tem Fachin como relator. 

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Pelo atual ordenamento jurídico, a tipificação de crimes cabe ao Poder Legislativo, responsável pela criação das leis. O crime de homofobia não está tipificado na legislação penal brasileira.

Em seu voto, Fachin entendeu que a Constituição obriga o Congresso a criminalizar qualquer tipo de discriminação e há uma omissão da Câmara dos Deputados e do Senado ao não terem aprovado a medida desde a promulgação da Carta Magna, em 1988. 

"A exclusão dessa comunidade [LGBT] reforça uma perversa dinâmica de invisibilidade, somada e agravada a isso, há a circunstância de que também a elas estão submetidas a exclusão social", disse. 

Na sessão de ontem (20), Celso de Mello, relator da ADO nº 26, também  reconheceu a omissão do Congresso e manifestou-se a favor da criminalização pelo Judiciário, na forma do crime de racismo, diante da inércia do Congresso. 

Ainda devem votar na sessão de hoje os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski,  Marco Aurélio e o presidente, Dias Toffoli.

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, há pouco, a quarta sessão seguida para julgar a Ação a Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) nº 26, na qual o PPS defende a criminalização da homofobia, que é caracterizada por condutas de preconceito contra a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais). 

Até o momento, somente o relator do caso, ministro Celso de Mello, votou a favor da criminalização pelo Judiciário, na forma do crime de racismo, ante a inércia do Congresso em aprovar uma lei para punir os casos de homofobia desde a promulgação da Constituição, em 1988. Faltam os votos de 10 ministros.

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Na sessão desta tarde, devem votar o ministro Edson Fachin, relator de outra ação sobre o tema, além dos ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e o presidente, Dias Toffoli.

Pelo atual ordenamento jurídico, a tipificação de crimes cabe ao Poder Legislativo, responsável pela criação das leis. O crime de homofobia não está tipificado na legislação penal brasileira.

No entendimento do PPS, a minoria LGBT deve ser incluída no conceito de "raça social", e os agressores, punidos na forma do crime de racismo, cuja conduta é inafiançável e imprescritível. A pena varia entre um a cinco anos de reclusão, de acordo com a conduta.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello votou hoje (20) a favor da criminalização da homofobia, que é caracterizada pelo preconceito contra o público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais). Pelo voto do ministro, agressões deverão ser enquadradas como crime de racismo diante da inércia do Congresso em aprovar uma lei para punir os casos de homofobia.

Após a manifestação, a sessão foi suspensa e será retomada amanhã (21). 

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Mello é o relator da na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) nº 26, que começou a ser julgada na semana passada pelo STF. Na ação, o PPS defende na Corte que a minoria LGBT deve ser incluída no conceito de "raça social", e os agressores, punidos na forma do crime de racismo, cuja conduta é inafiançável e imprescritível. A pena varia entre um a cinco anos de reclusão, de acordo com a conduta.

Na semana passada, na primeira parte do voto de Celso de Mello, o ministro reconheceu a omissão do Congresso Nacional ao não criminalizar a homofobia desde a promulgação de Constituição, em 1988. Ao complementar seu voto na sessão desta tarde, Mello entendeu que é preciso tratar os casos de homofobia como crime de racismo enquanto não for aprovada legislação específica. 

"Os atos de preconceito ou de discriminação em razão da orientação sexual ou de identidade de gênero não podem ser tolerados, ao contrário, devem ser reprimidos e neutralizados. Pois se revela essencial que o Brasil dê um passo significativo contra a discriminação e contra o tratamento excludente que tem marginalizado grupos minoritários em nosso país, como a comunidade LGBT.", afirmou. 

O ministro também disse que a criminalização da homofobia não trará consequências para a liberdade religiosa. Dessa forma, líderes religiosos não podem ser punidos por racismo por defenderem valores e doutrinas contra o tema da homossexualidade. 

"Temas de caráter teológico, quaisquer que sejam, que busquem atribuir densidade teológica a ideias propagadas por qualquer corrente de pensamento, estão fora do alcance do poder jurídico-penal do Estado, sob pena de gravíssima frustração da liberdade constitucional de liberdade de expressão", afirmou. 

Amanhã (21), devem votar o ministro Edson Fachin, relator de outra ação sobre o tema, além dos ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e o presidente, Dias Toffoli.

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira (20), a partir das 14h, o julgamento da ação protocolada pelo PPS para criminalizar a homofobia, que é caracterizada pelo preconceito contra o público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais). Será a terceira sessão seguida para o julgamento da questão.

A análise começou na semana passada e foi suspensa após a primeira parte do voto do relator, ministro Celso de Mello. Até o momento, o ministro reconheceu a omissão do Congresso Nacional ao não criminalizar a homofobia desde a promulgação de Constituição, em 1988. A possibilidade de criminalização é debatida na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) nº 26, protocolada em 2013.

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Até o momento, Celso de Mello entendeu que há inércia do Congresso ao não aprovar uma lei para proteger a comunidade LGBT de agressões e preconceitos. Dessa forma, a Corte poderá conceder um prazo para o Congresso aprovar uma lei sobre a matéria.

Na sessão de hoje, após a parte final do voto do relator, devem votar o ministro Edson Fachin, relator de outra ação sobre o tema, além dos ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e o presidente, Dias Toffoli.

Julgamento

A partir da ação protocolada pelo PPS, os ministros devem definir se o Supremo pode criar regras temporárias para punir agressores do público LGBT, devido à falta de aprovação da matéria no Congresso Nacional.

Pelo atual ordenamento jurídico, a tipificação de crimes cabe ao Poder Legislativo, responsável pela criação das leis. O crime de homofobia não está tipificado na legislação penal brasileira.

No entendimento do PPS, a minoria LGBT deve ser incluída no conceito de "raça social", e os agressores, punidos na forma do crime de racismo, cuja conduta é inafiançável e imprescritível. A pena varia entre um a cinco anos de reclusão, de acordo com a conduta.

Manifestações

No dia 13 de fevereiro, primeiro dia de julgamento, a sessão foi dedicada somente às sustentações orais das partes contrária e a favor do tema. O primeiro advogado a sustentar foi Paulo Roberto Iotti Vechiatti, representante do PPS. Segundo o advogado, existe uma omissão do Congresso brasileiro em criminalizar os casos de agressões a homossexuais.

Em seguida, o advogado-geral da União (AGU), André Mendonça, reprovou qualquer tipo de conduta ilícita em relação à liberdade de orientação sexual, mas entendeu que o Judiciário não tem poderes legais para legislar sobre matéria penal, somente o Congresso.

O advogado Tiago Gomes Viana, representante do Grupo Gay da Bahia, disse que a criminalização da homofobia pelo STF é necessária porque todos os projetos favoráveis à comunidade LGBT que começam a tramitar no Congresso são barrados por parlamentares ligados à bancada evangélica.

Representante da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure), o advogado Luigi Mateus Braga defendeu que o Congresso tenha a palavra final sobre o caso. Braga disse que a comunidade LGBT deve ter seus direitos protegidos, mas é preciso assegurar que religiosos não sejam punidos por pregaram os textos bíblicos.

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