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Os ministros Celso de Mello e Edson Fachin, relatores no Supremo Tribunal Federal (STF) de ações sobre a discriminação contra a população LGBT, vão defender a equiparação da homofobia e da transfobia ao crime de racismo, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. Ambos também veem omissão do Congresso Nacional no enfrentamento do problema.

Pelo menos dois outros ministros devem seguir os relatores no julgamento, que será retomado nesta quarta-feira, 20. Para formar maioria, são necessários seis votos. Este é o primeiro item da "pauta de costumes" do STF no semestre, quando também serão debatidos a descriminalização da maconha para uso pessoal e o aborto no caso de grávidas infectadas pelo vírus da zika.

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Um pedido de vista (mais tempo para análise), no entanto, pode suspender o julgamento sobre a homofobia, o que já provocou a reação de entidades e setores da sociedade civil. Um vídeo com apelo da cantora Daniela Mercury para que a votação não seja interrompida chegou aos celulares de integrantes da Corte. "Nós vivemos no País que mais mata LGBTs no mundo. Por favor, a gente precisa muito que vocês prossigam e terminem essa votação, que essa votação não pare", diz a cantora no vídeo.

A cada 20 horas um LGBT é morto ou se suicida vítima de discriminação, de acordo com relatório do Grupo Gay da Bahia. Em 2018, 420 LGBTs morreram no Brasil. Não há dados oficiais sobre esses tipos de caso.

Repercussão

Segundo apurou a reportagem, as manifestações de entidades a favor da criminalização da homofobia e a fala do vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, repercutiram entre os ministros.

"Quantas mortes serão necessárias para sabermos que já morreu gente demais? 420 mortes são poucas porque há 60 mil no Brasil por ano?", indagou Maia. "Essas pessoas foram mortas porque são pessoas, pelo que são, não porque fizeram algo." O julgamento sobre a criminalização da homofobia será retomado com a conclusão de Mello, já considerado "histórico" pelos ministros Luís Roberto Barroso e Cármen Lúcia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou, há pouco, o julgamento da ação protocolada pelo PPS para criminalizar a homofobia, caracterizada pelo preconceito contra a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis). A sessão foi inciada com o voto do relator, ministro Celso de Mello, que passa a proferir seu voto sobre a questão.

Assista:

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O julgamento começou nessa quarta (13) com a sustentação oral das entidades que são contra e das que defendem a criminalização pelo Judiciário. Além do relator, devem votar mais nove ministros. Luiz Fux não participa da sessão.

A possibilidade de criminalização da homofobia é debatida na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) nº 26, sob a relatoria do ministro Celso de Mello, e tramita no STF desde 2013.

Os ministros devem definir se o Supremo pode criar regras temporárias para punir agressores do público LGBT, devido à falta de aprovação da matéria no Congresso Nacional. Pelo atual ordenamento jurídico, a tipificação de crimes cabe ao Poder Legislativo, responsável pela criação das leis. O crime de homofobia não está tipificado na legislação penal brasileira.

No entendimento do PPS, a minoria LGBT deve ser incluída no conceito de "raça social" e os agressores punidos na forma do crime de racismo, cuja conduta é inafiançável e imprescritível. A pena varia entre um e cinco anos de reclusão, conforme a conduta.

Na sessão desta quarta-feira (13), advogado-geral da União (AGU), André Mendonça, reprovou qualquer tipo de conduta ilícita contra a liberdade de orientação sexual, mas entendeu que o Judiciário não tem poderes legais para legislar sobre matéria penal, somente o Congresso.

No entendimento de Mendonça, os atos considerados homofóbicos podem ser enquadrados em outras condutas criminais já previstas no Código Penal. Esta foi a primeira sustentação do ministro no STF após sua nomeação. "Todo e qualquer cidadão, indistintamente, merece a devida proteção na forma da lei", afirmou.

O vice-presidente Hamilton Mourão disse na quarta-feira, 13, que não vê urgência para a discussão sobre a criminalização da homofobia. Para Mourão, "querer transformar a homofobia em um crime igual ao racismo é um passo além da necessidade". O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a analisar o assunto nesta tarde, quando ouviu as partes envolvidas nas ações.

"Não acho que isso seja (uma pauta de) urgência. Acho que qualquer crime cometido contra qualquer pessoa, independente da opção sexual dela ou do gênero, é crime. Esse assunto de querer transformar a homofobia em um crime igual o racismo é um passo além da necessidade que temos hoje", disse a jornalistas.

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Na avaliação do vice-presidente, o Congresso Nacional é o lugar adequado para discutir o tema, por ser o Poder responsável por elaborar as leis. Nesta terça, deputados federais da frente parlamentar evangélica se reuniram com o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, para pressioná-lo e convencê-lo a retirar os processos da pauta, o que não ocorreu.

Retomada

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)retomou nesta quinta-feira, 14, o julgamento de dois processos em que se discute se há omissão legislativa para a edição de leis que criminalizem a homofobia: a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26, cujo relator é o ministro Celso de Mello, e o Mandado de Injunção (MI) 4733, de relatoria do ministro Edson Fachin. Na quarta-feira, 13, ambos os ministros apresentaram os relatórios e o Plenário ouviu a sustentação oral das partes e dos representantes das instituições aceitas no processo como amici curiae, que não são partes, mas têm interesse na questão em discussão. O julgamento prossegue com os votos dos relatores.

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para esta quinta-feira (14), a partir das 14h, a conclusão do julgamento da ação protocolada pelo PPS para criminalizar a homofobia, caracterizada pelo preconceito contra o público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis).

A possibilidade de criminalização da homofobia é debatida na ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) nº 26, sob a relatoria do ministro Celso de Mello, e tramita no STF desde 2013. 

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Os ministros devem definir se o Supremo pode criar regras temporárias para punir agressores do público LGBT, devido à falta de aprovação da matéria no Congresso Nacional.

No entendimento do PPS, a minoria LGBT deve ser incluída no conceito de "raça social" e os agressores punidos na forma do crime de racismo, cuja conduta é inafiançável e imprescritível. A pena varia entre um a cinco anos de reclusão, conforme a conduta.

Sustentações orais

A sessão de ontem (13) foi dedicada às sustentações orais das partes contrária e a favor do tema. O primeiro advogado a sustentar foi Paulo Roberto Iotti Vechiatti, representante do PPS. Segundo ele, existe uma omissão do Congresso brasileiro em criminalizar os casos de agressões contra homossexuais.

Para o advogado, a Constituição exige a criminalização de todas as formas de racismo ou de discriminação atentatória a direitos e liberdades fundamentais. 

Em seguida, o advogado-geral da União (AGU), André Mendonça, reprovou qualquer tipo de conduta ilícita contra a liberdade de orientação sexual, mas entendeu que o Judiciário não tem poderes legais para legislar sobre matéria penal, somente o Congresso.

O advogado Tiago Gomes Viana, representante do Grupo Gay da Bahia, disse que a criminalização da homofobia pelo STF é necessária porque todos os projetos favoráveis à comunidade LGBT que começam a tramitar no Congresso sofrem resistências  por integrantes da bancada evangélica. 

Representante da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure), o advogado Luigi Mateus Braga, defendeu que o Congresso tenha a palavra final sobre o caso. Braga disse que a comunidade LGBT deve ter seus direitos protegidos, mas é preciso assegurar que religiosos não sejam punidos por pregaram os textos bíblicos.

Durante as manifestações, o vice-procurador da República, Luciano Mariz Maia, entendeu que a homofobia é um processo de desumanização do outro e pode ser enquadrada como uma forma de racismo.

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para amanhã (14) a conclusão do julgamento da ação protocolada pelo PPS para criminalizar a homofobia, caracterizada pelo preconceito contra o público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis). A sessão será retomada às 14h, para a tomada de votos dos ministros.

A possibilidade de criminalização da homofobia é debatida na ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) nº 26, sob a relatoria do ministro Celso de Mello, e tramita no STF desde 2013. 

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Os ministros devem definir se o Supremo pode criar regras temporárias para punir agressores do público LGBT, devido à falta de aprovação da matéria no Congresso Nacional. Pelo atual ordenamento jurídico, a tipificação de crimes cabe ao Poder Legislativo, responsável pela criação das leis. O crime de homofobia não está tipificado na legislação penal brasileira.

No entendimento do PPS, a minoria LGBT deve ser incluída no conceito de "raça social" e os agressores punidos na forma do crime de racismo, cuja conduta é inafiançável e imprescritível. A pena varia entre um a cinco anos de reclusão, conforme a conduta.

Sessão

A sessão de hoje (13) foi dedicada somente às sustentações orais das partes contrária e a favor do tema. O primeiro advogado a sustentar foi Paulo Roberto Iotti Vechiatti, representante do PPS. Segundo o advogado, existe uma omissão do Congresso brasileiro em criminalizar os casos de agressões contra homossexuais.

Para o representante do partido, a Constituição exige a criminalização de todas as formas de racismo ou de discriminação atentatória a direitos e liberdades fundamentais. "Creio que seja inconteste que a homofobia e a transfobia se enquadram nos direitos à livre orientação sexual e livre identidade de gênero", disse.

Em seguida, o advogado-geral da União (AGU), André Mendonça, reprovou qualquer tipo de conduta ilícita contra a liberdade de orientação sexual, mas entendeu que o Judiciário não tem poderes legais para legislar sobre matéria penal, somente o Congresso.

No entendimento de Mendonça, os atos considerados como homofobia podem ser enquadrados em outras condutas criminais já previstas no Código Penal. Essa foi a primeira sustentação do ministro no STF após sua nomeação. "Todo e qualquer cidadão, indistintamente, merece a devida proteção na forma da lei", afirmou André Mendonça.

O advogado Tiago Gomes Viana, representante do Grupo Gay da Bahia, disse que a criminalização da homofobia pelo STF é necessária porque todos os projetos favoráveis à comunidade LGBT que começam a tramitar no Congresso são barrados por parlamentares ligados à bancada evangélica.

"Fala-se muito em ativismo judicial, mas pouco, ou quase nada, fala-se sobre a inoperância do Poder Legislativo de cumprir as ordens constitucionais, especialmente quando elas falam em minoria LGBT", argumentou.

Representante da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure), o advogado Luigi Mateus Braga defendeu que o Congresso tenha a palavra final sobre o caso. Braga disse que a comunidade LGBT deve ter seus direitos protegidos, mas é preciso assegurar que religiosos não sejam punidos por pregaram os textos bíblicos.

"Ninguém está sustentando abuso, ninguém está sustentando que uma religião tenha o direito de menosprezar individualmente qualquer homossexual ou qualquer transexual. No entanto, o que nós não queremos é correr o risco de ser punidos por um fato social, representado por textos bíblicos", afirmou.

Durante as manifestações, o vice-procurador da República, Luciano Mariz Maia, entendeu que a homofobia é um processo de desumanização do outro e pode ser enquadrada como uma forma de racismo.

"Esse tribunal nunca se acovardou, nem se acovarda agora. Esse tribunal tem a grandeza de olhar os pequenos. Esse tribunal tem a coragem e ousadia de afirmar que há direito a vida de todos e todos merecem igual proteção da lei", disse o procurador

Duas ações que tratam de suposta omissão do Congresso em votar projeto de lei que efetive a criminalização específica para atos de homofobia e transfobia estão na pauta de julgamento do Plenário do Supremo desta quarta-feira, 13. A matéria é tema da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26 e do Mandado de Injunção (MI) 4733.

As informações foram divulgadas no site do Supremo - Processo relacionado: ADO 26 e Processo relacionado: MI 4733.

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Na ADO 26, o Partido Popular Socialista (PPS) pede que o STF declare a omissão do Congresso Nacional por não ter elaborado legislação criminal que puna todas as formas de homofobia e de transfobia. Segundo o partido, a conduta pode ser enquadrada como racismo, pois implica inferiorização da população LGBT, ou como discriminação atentatória a direitos e a liberdades fundamentais.

A pretensão é exigir que os parlamentares votem lei sobre a questão, especialmente em relação a ofensas, homicídios, agressões e discriminações motivadas pela orientação sexual ou pela identidade de gênero da vítima. O relator da ADO 26 é o ministro Celso de Mello, decano do Tribunal. Confira, abaixo, a discussão ao vivo:

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A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT) é a autora do MI. Assim como na ADO 26, a entidade pede o reconhecimento de que a homofobia e a transfobia se enquadram no conceito de racismo ou, subsidiariamente, que sejam entendidas como discriminações atentatórias a direitos e liberdades fundamentais. Com fundamento nos incisos XLI e XLII do artigo 5º da Constituição Federal, a ABGLT sustenta que a demora do Congresso Nacional é inconstitucional, tendo em vista o dever de editar legislação criminal sobre a matéria. O ministro Edson Fachin é o relator da ação.

Congresso Nacional

O Senado se manifestou pela improcedência da ADO com base na legalidade penal, na separação dos Poderes e na independência do Poder Legislativo e defendeu sua competência jurídico-política para a matéria. Com relação ao MI, pede que se reconheça que não há demora por parte do Legislativo. No caso de acolhimento da ação, no entanto, pede que o Congresso Nacional seja notificado para suprir a lacuna sem a determinação de prazo.

Ao se pronunciar na ADO, a Câmara informou que, em 23/11/2006, aprovou o Projeto de Lei 5.003/2001, que prevê sanções às práticas discriminatórias em razão da orientação sexual, e o encaminhou para a análise do Senado Federal. Em relação ao MI, afirmou que o caso não é de omissão inconstitucional nem de impedimento ao exercício dos direitos à liberdade e à igualdade das pessoas LGBT e que não há fundamento para a imposição de qualquer tipo de responsabilidade civil contra o Estado.

Amici Curiae

Mais de 10 instituições foram admitidas como amici curiae - entidades que não são partes do processo, mas têm interesse na questão jurídica em discussão - e poderão se manifestar no julgamento.

São elas a Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF); o Conselho Federal de Psicologia (CFP); o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU); o Grupo Gay da Bahia (GGB); o Grupo de Advogados pela Diversidade (GADvS); a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure); a Frente Parlamentar Mista da Família e Apoio à Vida; o Grupo Dignidade - Pela Cidadania de Gays, Lésbicas e Transgêneros; a Convenção Brasileira das Igrejas Evangélicas Irmãos Menonitas (Cobim); a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) e o Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM)

Instrumentos republicanos

Tanto a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão quanto o Mandado de Injunção são instrumentos jurídicos previstos na Constituição Federal de 1988 com o objetivo de questionar a omissão atribuída ao Poder Público. Ambas as ações visam garantir efetividade a normas constitucionais que necessitam de regulamentação.

O mandado de injunção pode ser utilizado por qualquer pessoa ou entidade que venha a se sentir prejudicado por omissões na legislação que inviabilizem o exercício dos direitos e das liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Entre os temas já julgados em mandados de injunção pelo STF estão o direito de greve de servidores públicos (MIs 670, 708 e 712) e a aposentadoria especial no serviço público.

Os vários casos relativos a esse tema levaram o STF a editar a Súmula Vinculante 33, que determina a aplicação aos servidores públicos, no que couber, das regras do regime geral da previdência social sobre a matéria até a edição de lei complementar específica.

A ADO visa tornar efetiva uma norma constitucional e dar ciência ao Poder competente para adoção das providências necessárias. A Lei 12.063/2009, que disciplina a tramitação da ADO, inseriu dispositivos na Lei 9.868/1999 (Lei das ADIs).

Os legitimados para ajuizar ADO são os mesmos autorizados a apresentar ADI. São eles o presidente da República, as Mesas do Senado, da Câmara, de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; governadores; o procurador-geral da República; o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; partidos políticos com representação no Congresso Nacional; e confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.

Entre os temas já analisados pelo STF em ADOs estão os repasses a estados por desoneração de exportações (ADO 25, na qual o Plenário fixou prazo de 12 meses para que o Congresso Nacional editasse lei complementar regulamentando a matéria) e os critérios de distribuição do FPE - Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (ADO 23).

Nesse caso, foi concedida liminar pela Presidência da Corte para determinar que as regras de distribuição do FPE, declaradas inconstitucionais pelo STF, continuassem em vigor por mais 150 dias, em caráter emergencial. Posteriormente, a ação foi extinta depois que foi publicada nova lei dispondo sobre os novos critérios de rateio.

O Ministério Público Federal defende a criação de um tipo penal específico para criminalizar as práticas de superfaturamento em obras públicas. Essa foi uma das propostas apresentadas pelo procurador da República Leonardo Andrade Macedo em audiência realizada na Comissão Especial criada pela Câmara dos Deputados para dar parecer ao Projeto de Lei 1292/95. O projeto, que já foi aprovado pelo Senado, prevê alterações na Lei de Licitações (8.666/93).

A reunião ocorreu na terça-feira, 27, informou a Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria.

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Membro do Grupo de Trabalho Licitações da Câmara de Combate à Corrupção do MPF (5CCR), o procurador ressaltou que 'a prática de superfaturar é responsável por grande parte dos desvios de recursos públicos, correspondendo a um quarto das irregularidades identificadas pelo Tribunal de Contas da União'.

A criação do tipo penal do superfaturamento também foi recomendada pela comissão de peritos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Outro aspecto citado pelo procurador foi 'a necessidade de consolidação da jurisprudência relativa à contratação direta'.

Leonardo Andrade Macedo destacou que, atualmente, há julgadores que consideram ilegal a escolha direcionada, independentemente de a operação gerar dano ao erário'. Outros entendem que só há ilegalidade quando o contrato direto causa dano aos cofres públicos.

Neste caso, Macedo sugere a superação da controvérsia com um ajuste na redação da norma. A sugestão dele é que, em caso de prejuízos, esse aspecto seja considerado como 'causa de aumento da pena' em um ou até dois terços.

O procurador reiterou que as contratações diretas devem seguir o que prevê a lei, como é o caso da contratação de serviços singulares, por exemplo.

Leonardo Macedo ressaltou a necessidade de modificação do artigo 96 da atual Lei de Licitações (8.666/93), que trata da aquisição de bens e serviços.

De acordo com o procurador, o dispositivo deve ser mais detalhado no que diz respeito à configuração da fraude.

Ele também sugere a alteração da pena atualmente aplicada - detenção de três anos a seis anos - para reclusão de quatro anos a oito anos e multa.

Leonardo Macedo adiantou aos parlamentares que as sugestões de alteração legislativa, incluindo as três medidas de tipificação penal, constarão de uma Nota Técnica que será elaborada pelo GT ligado à Câmara de Combate à Corrupção do MPF.

Equilíbrio

O procurador regional da República José Alfredo de Paula Silva também participou da audiência pública.

Ele ressaltou que o principal desafio da nova regulamentação está na busca do equilíbrio. "A lei precisa ter mecanismos para que o gestor possa obter resultados sem deixar de lado a possibilidade de exercer o controle", argumentou José Alfredo.

O procurador regional observou que, em várias investigações das quais participou, 'foi possível contatar a falta de estrutura e de planejamento da administração pública para realizar contratações'.

Outro obstáculo que deve ser contornado, segundo o procurador regional, está relacionado ao orçamento destinado a obras públicas nos editais de licitações.

Segundo José Alfredo, 'é primordial que sejam praticados os preços de mercado nas contratações para evitar gasto desnecessário do dinheiro público'.

"O que essas investigações revelam é que, muitas vezes, os contratos já vêm com valores elevados e agregados, como se fossem uma 'gordura'. Não se trata de ser contra o lucro, mas as empresas precisam seguir as regras do mercado e buscar ganhos pela eficiência", resumiu.

Leonardo Macedo também citou que o projeto de lei traz avanços em relação à norma vigente, uma vez que 'se insere na mudança de paradigma de um modelo formalista burocrático, da atual Lei 8.666/93, para um modelo de controle de resultados'.

No entanto, segundo o procurador, a Câmara dos Deputados ainda pode contribuir nas deliberações, propondo mais aperfeiçoamentos ao projeto.

Ele defendeu a tipificação do crime de superfaturamento. Atualmente, destacou, para ser punida, a prática deve ser enquadrada como peculato, fraude à licitação e estelionato.

"A nossa realidade mostra que é praticamente impossível enquadrar o que ocorre nos contratos decorrentes de licitações nos tipos penais existentes", enfatizou Macedo.

Pela proposta, o crime de superfaturamento teria uma descrição similar à do estelionato, com previsão de pena de 4 anos a 12 anos de reclusão além de multa.

A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a Proposta de Emenda à Constituição 181/15 tenta votar, nesta quarta-feira (6), os destaques do texto. É a quarta vez que eles se reúnem para avaliar o projeto que prevê, em seu texto principal, o aumento do período de licença maternidade para mães de bebês prematuros de 120 dias para até 240 dias e pode inserir na Constituição, segundo parlamentares, a proibição de todas as formas de aborto no país.

Essa alteração específica tem gerado polêmicas entre os parlamentares e movimentos feministas. Das seis deputadas que compõem a comissão, cinco se declararam contrárias ao parecer do relator deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP), que criou um substitutivo para a PEC 181/15, que prevê que o princípio da inviolabilidade da vida passe a ser respeitado não a partir do nascimento, como é hoje, mas a partir da concepção.

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Com isso, impossibilitaria a interrupção da gravidez mesmo nos casos previstos livres de punição, como risco de vida da gestante, quando a gravidez é resultado de um estupro ou quando é comprovada a anencefalia do feto.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou hoje (10) que “nenhuma proposta que proíba o aborto em caso de estupro passará pelo plenário”. A declaração acontece após proposta de emenda constitucional que foi aprovada essa semana pela comissão especial da Câmara dos Deputados, criada para discutir a ampliação da licença-maternidade. Foi incluído no texto o conceito de “proteção da vida a partir da concepção”, elaborado pelo deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP).

Através de seu perfil no Facebook, Rodrigo Maia já havia dito que as propostas que criminalizavam o aborto em casos de estupro não seriam aprovadas. De acordo com movimentos que defendem os direitos das mulheres, a proposta é uma manobra da bancada evangélica para criminalizar o aborto em qualquer circunstância, mesmo aquelas que configurem risco de morte para a mãe ou de bebês anencéfalos.

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De acordo com o relator da proposta, o texto do projeto está sendo distorcido. “Isso que estão falando que foi mexido, não é verdade, está preservado, até porque o Brasil é signatário do Pacto de São José de Costa Rica e ele é bem claro, (...) nós fizemos nada mais nada menos do que colocar que quem define, que quem deve legislar é o poder Legislativo, só isso, porque em momento nenhum a gente toca no assunto de estupro, risco de morte ou anencéfalo”, acrescentou.

Uma consulta pública no site do Senado Federal questiona se o funk deve ser criminalizado como “crime de saúde pública atingindo às crianças, adolescentes e a família”. O tema divide opiniões: 33.925 são contra criminalização e 31 são a favor [última atualização]. A consulta fica disponível para que a população opine enquanto a matéria estiver tramitando na Casa. Após o recesso parlamentar, o polêmico assunto será alvo de audiência pública no Senado, com previsão que aconteça logo em agosto.

A discussão sobre o funk brasileiro começou devido a uma sugestão legislativa de autoria do webdesigner Marcelo Alonso, que criou o site “Funk é lixo” com mais de 130 mil seguidores. Qualquer cidadão pode ir até o site do Senado e sugerir uma “ideia de lei”. Caso receber até 20 mil assinaturas, em até quatro meses, a proposta é encaminhada para a relatoria que pode dar andamento ou não.

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Esse foi o caso de Alonso: depois de atingir mais de 21 mil assinaturas, a ideia foi aceita no Senado. É o relator do caso o parlamentar Romário (PSB). No site do Senado, o argumento de Alonso está disponível para todos. Ele chama o funk de “falsa cultura” e que os bailes “pancadões” atendem estupradores e pedófilos. 

“Os chamados bailes de "pancadões" são somente um recrutamento organizado nas redes sociais por e para atender criminosos, estupradores e pedófilos a prática de crime contra a criança e o menor adolescentes ao uso, venda e consumo de álcool e drogas, agenciamento, orgia e exploração sexual, estupro e sexo grupal entre crianças e adolescente, pornografia, pedofilia, arruaça, sequestro e roubo”, diz o texto. 

Por meio de nota, enviada ao Fantástico, que abordou o tema nesse domingo (9), Marcelo disse que está sendo ameaçado e voltou a afirmar que o funk faz “apologia ao crime, ao extermínio de policiais, que é machista e que estimula o sexo precoce e o uso de drogas”.

Na página Funk é Lixo, nesta segunda (10), uma publicação volta a polemizar ao fazer novas críticas. “Uma verdade que funkeiros nunca vão assumir e admitir funk brasileiro é um cópia ridícula, oposta do rap nacional. E como a cultura Hip Hop e seus 5 elementos já teria enraizado em SP, o carioca com esta "miami bass" adotou o nome funk acreditando que assim levaria o legado do funk dos EUA”, destaca a postagem. 

Uma proposta legislativa que tramita no Senado pode tornar o funk "um crime de saúde pública". No texto, feito pelo empresário Marcelo Alonso, está escrito que a difusão do ritmo com conteúdos "podres" é um "crime contra a criança, o menor adolescente e a família", e que esse tipo de música é uma "falsa cultura".

A proposta já chegou a quase 22 mil assinaturas, tendo atingido a meta nesta quarta-feira (24). Com isso, a ideia agora foi transformada em sugestão oficial (n° 17 de 2017) e está em consulta pública e tramitação na CDH (Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa). 

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Ainda no texto consta que os bailes funk servem apenas para que criminosos como estupradores e pedófilos possam praticar seus crimes contra menores de idade e estimular a venda e consumo de drogas e álcool. Além disso, é apontado também que nesses locais podem ocorrer crimes como pornografia, exploração sexual, pedofilia, sequestro, roubo e etc.

Em entrevista ao UOL, o autor do texto, Marcelo Alonso, criticou outros ritmos além do funk. Segundo ele "O axé e o forró também estão indo nesse ritmo. A cultura paulista sempre foi do rock e do hip hop. O paulista não tem esse apelo musical do funk. A música eleva seu estado de espírito e o funk te irrita e provoca."

O funk atualmente é um dos ritmos mais tocados no país, muito difundido nas vozes de artistas como Ludmilla, Nego do Borel, Mc Catra e muitos outros. No YouTube, o canal Kondzilla, especializado em vídeos de funk e que já produziu vídeos para cantores como Mc Kevinho e Mc Bin Laden, já conta com mais de 5 bilhões de visualizações, além de ser o segundo maior do país em números de inscritos, com mais de 14 milhões de assinantes. 

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A sexta-feira (13) tem sido de indigestão para o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Isto porque em diversas cidades do país manifestantes pedem a cassação do mandato dele e se colocam contra as pautas conservadoras que tem aprovado na Casa, entre elas o Projeto de Lei (PL) 5069/2013. No Recife, centenas de pessoas - a maioria mulheres - se concentraram desde às 16h na Praça do Derby, área central da capital pernambucana, erguendo cartazes com "Fora Cunha", "A pílula fica, Cunha sai", "Cunha tire sua Bíblia de dentro do meu útero" e "Cunha sabotador da República". 

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Ganhando às ruas, por volta das 18h, o PL 5069/2013 foi a principal pauta do protesto. A proposta, de autoria de Cunha e aprovada pela CCJ da Câmara no último dia 21, classifica como crime a indução ao aborto e o uso de substâncias abortivas. O texto ainda diz que no caso do estupro, para que um médico possa fazer o aborto, é necessário um exame de corpo de delito e uma comunicação à autoridade policial. Grupos de mulheres, o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam) e o Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco (CRPPE) se colocam contrários à determinação. 

"Anos de luta do feminismo não podem retroceder", cravou a feminista Beth Severiene de 67 anos. O protesto foi organizado por movimentos feministas, como o Fórum das Mulheres de Pernambuco e a Marcha Mundial das Mulheres. Representantes dos sindicatos dos Metroviários, do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Pernambuco (Sinttel) e do Sindicato dos Professores Rede Municipal Recife (Simpere) também estão presentes.

Como retomada do avanço das pautas feministas, os que participam do ato defendem a cassação do mandato de Cunha. "Estamos na luta, junto com todos, pela democracia", defendeu o diretor de comunicação do Sindicato dos Metroviários, Levi Arruda. "Sabemos que não resolve plenamente, não somos inocentes, mas é um sinal importante. Ele tem pregado muitos retrocessos e esse atinge diretamente o nosso útero", completou a líder da Marcha Mundial das Mulheres e professora, Gleisa Campigotto, 29 anos. 

Manifestantes fazem pichações na Boa Vista

Algumas manifestantes aproveitaram a passagem da mobilização pela Avenida Conde da Boa Vista, no Centro do Recife, para fazer pichações na via e nos equipamentos públicos. Membros do Levante Popular da Juventude utilizaram uma das suas faixas para cobrir duas manifestantes enquanto elas faziam a pichação.

Políticos reforçam desejo pela saída de Cunha

A presidente do PDT no Recife, vereadora Isabella de Roldão, também participou da mobilização na capital pernambucana. Ela afirmou ser "totalmente favorável" a cassação do mandato do presidente da Câmara dos Deputados. 

"Sou totalmente favorável à saída dele. São muitos atos desaprovados pela sociedade, de retrocesso. Sem falar das acusações de corrupção na Petrobras e as contas na Suíça", argumentou a parlamentar. "Nunca vi uma pessoa vender carne enlatada e ficar rico assim", completou ironizando. 

Além de Roldão, o vereador de Olinda, Marcelo Santa Cruz (PT) também participa da marcha. “Estou aqui por ser a favor da saída de Eduardo Cunha, mas também pelo avanço da democracia e hoje o Congresso Nacional está com uma pauta muito conservadora, principalmente quanto aos direitos sociais e das mulheres. Precisamos fazer uma grande mobilização da sociedade para não permitir o retrocesso neste país”, observou. 

A Secretaria-Geral da Mesa Diretora do Senado deve concluir este mês o processo de arquivamento definitivo do projeto de lei que criminaliza a homofobia (PLC 122/2006). A proposta, apresentada na Câmara em 2001 e em tramitação há oito anos no Senado, será arquivada de acordo com as regras do Regimento Interno da Casa.

De acordo com a presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), senadora Ana Rita (PT-ES), os movimentos sociais não devem se opor ao arquivamento, por considerarem que o projeto acabou estigmatizado com o nome de "PLC 122", o que poderia atrapalhar o andamento. Segundo Ana Rita, o caminho é um novo projeto, com outro número e melhorias na redação.

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"A ideia é manter o 122 arquivado e construir uma nova proposta. Uma proposta que, inclusive, atenda melhor o próprio movimento LGBT", explicou.

Já a senadora Marta Suplicy (PT-SP), que foi relatora da proposta na CDH em 2011 e 2012, afirmou que vai lutar para incluir o tema na discussão do novo Código Penal (PLS 236/2012). Assim que retornou ao Senado, depois de exercer o cargo de ministra da Cultura, Marta apresentou emendas à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) visando tornar a identidade de gênero e a orientação sexual agravantes de vários crimes.

"Vou buscar apoio dos senadores para manter as emendas e levar ao Plenário um Código Penal que puna a homofobia tanto quanto já prevemos punições a outras discriminações, como a racial, étnica, regional, de nacionalidade. É um escândalo ao crime de homofobia ser ignorado como preconceito", afirmou.

O PLC 122 altera a Lei 7.716/1989, que tipifica “os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. O projeto inclui entre esses crimes a discriminação por gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero.

A proposta enfrenta resistências, principalmente de lideranças religiosas, que afirmam que a matéria viola o direito à liberdade de expressão e temem ficar sujeitas a penas que vão de um a cinco anos de reclusão.

De autoria da ex-deputada federal Iara Bernardi (PT-SP), o PLC 122 foi aprovado na Câmara em dezembro de 2006. Enviado ao Senado, foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) em 2009, mas não chegou a ser votado pela Comissão de Direitos Humanos (CDH), por falta de acordo entre os senadores.

"Infelizmente, o PL 122 não foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos e numa manobra dos opositores ao projeto de combate à homofobia foi incorporado à discussão do Código Penal. Nessa comissão, ele sumiu, como se nunca tivesse existido. Quando levado à CCJ, o relator manteve essa omissão", lamentou Marta.

O regimento determina que todas as propostas tramitando há mais de duas legislaturas sejam arquivadas. Entretanto, essas proposições ainda podem tramitar por mais uma legislatura, caso seja aprovado em Plenário por requerimento de pelo menos 27 senadores. Ao final da terceira legislatura, se não houver decisão, a proposta deve ser arquivada definitivamente, situação em que se encontra o PLC 122/2006.

*Com informações da Agência Senado

O projeto de lei 122, que criminaliza a homofobia, tramita há oito anos no Congresso. Visto por especialistas como principal instrumento para diminuir o número de assassinatos e atos violentos contra homossexuais, a mobilização de grupos religiosos fez o texto parar no Senado. A expectativa dos parlamentares é de que só retorne à pauta em 2015.

Apresentada em 2006 na Câmara dos Deputados, a proposta prevê penas de até 5 anos de prisão para quem cometer atos diretos ou indiretos de discriminação ou preconceito motivado pela orientação sexual. O texto já foi aprovado na Câmara dos Deputados. Após uma grande negociação no Senado, o termo homofobia até foi excluído do texto. A proposta era enquadrar o delito como crime de ódio, com as mesmas regras válidas para o racismo. Mesmo assim, a discussão não avançou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O governo federal deve pedir à Procuradoria-Geral da República a federalização das investigações sobre o assassinato do garçom João Antônio Donati, homossexual assumido, em Inhumas, região metropolitana de Goiânia. "Crime de ódio em Goiás é reincidente e as investigações não andam. Sabe quando a estrutura está corrompida? Aí não tem jeito, entra na lógica da autoproteção", afirmou a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti.

Ideli lembrou que a secretaria já pediu a federalização das apurações dos crimes de moradores em situação de rua e também do assassinato de um jornalista esportivo, em Goiânia, devendo repetir a prática agora. As investigações sobre a morte do garçom de 18 anos indicam que ele foi vítima de homofobia. O corpo foi encontrado na quarta-feira, em um terreno baldio. Donati tinha várias sacolas plásticas e papéis na boca. Nada foi roubado da vítima.

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Criminalização. Ideli citou esse assassinato e o incêndio criminoso no palco do Centro de Tradições Gaúchas em Santana do Livramento, que receberia o casamento de lésbicas (mais informações ao lado), como casos emblemáticos que podem destravar o debate sobre a criminalização da homofobia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Parada Gay de São Paulo trouxe ontem, em sua 18ª edição, a mistura da crescente responsabilidade política, com cobranças pela criminalização da homofobia, e as raízes de festa, marcada por fantasias e performances artísticas. Segundo a Polícia Militar, cerca de 100 mil pessoas foram à Avenida Paulista. Já os organizadores estimam entre 3 e 4 milhões.

O dia de festa, no entanto, terminou em desentendimento entre a organização e a Prefeitura sobre a coordenação do show de encerramento, na Praça da República.

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Nas cerimônias que antecederam a festa na manhã deste domingo, 4, o presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT, Fernando Quaresma, reivindicou a criminalização da homofobia e a aprovação da Lei de Identidade de Gêneros, que facilita cirurgia e mudança de registro civil para transexuais.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) ainda anunciou ontem que o Casarão Franco de Mello, no número 1.919 da Avenida Paulista, abrigará o Museu da Diversidade, hoje em um espaço expositivo na Estação República do Metrô. "Ela vai ser todinha restaurada." Alckmin não deu prazo para a abertura do imóvel, que não foi desapropriado pelo governo. O prefeito Fernando Haddad (PT) e a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos, também participaram do evento.

Mobilização

Em ano eleitoral, representantes de partidos políticos aproveitaram a festa para distribuir santinhos de apoio à causa LGBT. Um boneco inflável do deputado Marco Feliciano (PSC-SP), que presidiu em 2013 a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara sob críticas de movimentos sociais, foi visto entre a multidão.

A impressão era de que o público recuou em relação aos últimos anos. "Antecipamos em um mês por causa da Copa e estávamos incertos em relação ao público", disse Marcos Freire, um dos diretores do evento. "Mas não temos essa preocupação numérica. O importante é que as pessoas estejam na rua."

"Estava bem mais cheio nos anos anteriores", reconheceu o garçom Marcos Queiroz, de 32 anos, que foi à festa na Paulista pela oitava vez.

Mesmo sem falar o idioma da maioria, o escocês Neil Christensen, de 37 anos, curtiu a festa. "Viajei só pela parada e é muito animada. Gostaria de vir outra vez", disse ele, acompanhado de brasileiros e estrangeiros.

Encerramento

No fim do dia, participantes se concentraram na Praça da República para os shows de encerramento. A principal atração foi a cantora Wanessa Camargo.

No entanto, os organizadores reclamaram da estrutura organizada pela Prefeitura. "Não conseguimos nem acompanhar o show da Wanessa, porque os seguranças nos impediram de entrar na área na frente do palco", disse o presidente da associação.

"Faltavam várias coisas, como telão. Os seguranças eram despreparados, alguns até bêbados. No camarote, de 600 convites, recebemos só 170", afirmou Quaresma, que também criticou a cantora por cancelar uma entrevista coletiva ao fim do evento.

O coordenador de políticas LGBT da Secretaria de Direitos Humanos, Alessandro Melchior, nega. "Fizemos um acordo sobre as cores de pulseirinhas que seriam liberadas no backstage e eles não obedeceram. Muita gente tentou entrar sem pulseira e nossos seguranças estavam barrando. Mas nossos seguranças acabaram sendo constrangidos a liberar muita gente, o que gerou vários problemas de segurança na área do palco", disse Melchior. "A Prefeitura paga dois terços desse evento e nem subiu no palco."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse hoje que há um processo de "criminalização" de organizações não governamentais (ONGs) e criticou a "tentativa generalizada" de condenar todas as entidades por casos que seriam isolados, numa referência a irregularidades constatadas em alguns ministérios.

"Aproveito para reafirmar a posição (do governo) neste momento crítico em que se tenta fazer um processo de criminalização das entidades sociais da sociedade civil. Quero reafirmar a posição do governo da presidente Dilma, de total apoio, nenhum milímetro de recuo, pelo contrário, um desejo de aprofundamento dessa fecunda relação governo-sociedade civil", discursou Carvalho, durante seminário, hoje, sobre a Rio+20 no Palácio do Planalto.

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Carvalho lembrou que a presidente determinou a criação de um grupo de trabalho para a construção de um marco regulatório que, segundo ele, vai conferir "segurança jurídica" e ajudar na "desburocratização" do processo de convênios.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem o atual modelo de relacionamento entre governo e ONGs, recomendando que "tem que tomar muito cuidado para que elas não sejam apenas uma extensão do partido".

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