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Os combates voltaram a se intensificar neste sábado (30) na Faixa de Gaza, cujos habitantes, esgotados pelos deslocamentos e pela escassa ajuda humanitária, estão desesperados pelo fim da guerra entre Israel e o Hamas, que entra em sua 13ª semana.

No sul do território, fumaça era vista sobre a cidade de Khan Yunis neste sábado, enquanto em Rafah, na fronteira com o Egito, os habitantes continuavam se amontoando, tentando se salvar dos bombardeios incessantes de Israel.

Um correspondente da AFP reportou disparos de artilharia contínuos durante a noite em Rafah e Khan Yunis.

"Chega desta guerra! Estamos totalmente exaustos. Nos deslocamos constantemente de um lugar para outro com este frio", exclamou Um Louay Abu Khater, de 49 anos, em um acampamento de Rafah.

"Bombas caem em cima de nós dia e noite. Esperamos mísseis (a qualquer momento), enquanto outros se preparam para comemorar o Ano Novo", lamentou a mulher.

Apesar do repúdio internacional crescente, o exército israelense mantém sua ofensiva e informou sobre "intensos combates" e ataques aéreos no pequeno território palestino.

Em Beit Lahia, no norte de Gaza, "as tropas desmontaram dois complexos militares do Hamas", informou no sábado um comunicado militar, e dezenas de "terroristas" morreram na Cidade de Gaza.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, reafirmou na sexta-feira seu apelo por "um cessar-fogo humanitário imediato" e a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a ameaça crescente de doenças infecciosas.

- Disposto a negociar -

Israel iniciou em 7 de outubro uma devastadora campanha aérea e terrestre contra Gaza, que deixou aos menos 21.507 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde deste território, governada pelo Hamas.

A guerra em Gaza se seguiu aos sangrentos ataques do Hamas contra Israel naquela data, que deixaram 1.140 mortos, a maioria civis, segundo contagem da AFP com base em dados israelenses.

O movimento islamista palestino também fez cerca de 250 reféns, mais da metade dos quais são mantidos em Gaza.

Segundo o exército israelense, 168 de seus soldados morreram no território.

As forças armadas de Israel publicaram no sábado um vídeo de túneis do Hamas, equipados com eletricidade, sistemas de ventilação e inclusive salas de oração, que o exército israelense destruiu na sexta-feira.

Ahmed al-Baz, nascido em Gaza há 33 anos, afirmou que o ano que termina foi "o pior de [sua] vida".

"Foi um ano de destruição e devastação. Passamos pelo inferno e conhecemos a própria morte", relatou. "Só queremos o fim da guerra e começar o novo ano nas nossas casas, com uma trégua declarada".

Enquanto isso, os mediadores internacionais continuam se esforçando para conseguir uma nova pausa nos combates.

O veículo de comunicação americano Axios e o site israelense Ynet, citando funcionários israelenses que não se identificaram, informaram que, segundo os mediadores cataris, o Hamas estaria disposto a retomar os diálogos sobre novas libertações de reféns em troca de um cessar-fogo.

Na sexta-feira, uma delegação do Hamas chegou ao Cairo para discutir um plano egípcio que contempla tréguas renováveis, a libertação escalonada de presos palestinos e, por último, o fim da guerra, segundo fontes próximas do movimento islamista.

Israel não comentou formalmente o projeto, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou na quinta-feira às famílias dos reféns que o governo está "em contato" com os mediadores egípcios e que trabalha "para trazer todos de volta".

Mia Shem, refém franco-israelense libertada no acordo de trégua de novembro, declarou à imprensa israelense que seu cativeiro foi marcado pelo "medo de ser estuprada, pelo medo de morrer".

- Venda emergencial de munições -

Segundo a ONU, mais de 85% dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza deixaram suas casas e muitos passam fome e são obrigados a se abrigar das chuvas em barracas improvisadas.

Israel impôs um certo total ao território, que provocou escassez de comida, água potável, medicamentos e combustível. As caravanas de ajuda só chegam para mitigar esporadicamente a situação.

Segundo a OMS, cerca de 180.000 pessoas sofrem de infecções respiratórias e foram registrados 136.400 casos de diarreia, a metade entre menores de cinco anos.

Na sexta-feira, a África do Sul, que apoia longamente a causa palestina, solicitou à Corte Internacional de Justiça que iniciasse um processo contra Israel por "ações genocidas contra o povo palestino em Gaza". Israel repudiou estas acusações.

Os Estados Unidos, por sua vez, anunciaram na sexta a venda para Israel de munições explosivas de artilharia por 147,5 milhões de dólares (R$ 714 milhões, na cotação atual).

"É uma prova clara do apoio total da administração americana a esta guerra criminosa", denunciou o Hamas em um comunicado.

O conflito em Gaza também acentuou a violência no outro território palestino, a Cisjordânia ocupada, onde pelo menos 317 palestinos morreram desde 7 de outubro.

Neste sábado, soldados israelenses mataram perto de Hebron um palestino que teria atacado um posto militar com seu carro, segundo as forças armadas de Israel.

Além disso, a guerra intensificou as tensões na região.

Bombardeios aéreos "provavelmente israelenses" mataram 19 combatentes afins ao Irã e feriram cerca de 20 no leste da Síria, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Israel prosseguiu com os bombardeios na Faixa de Gaza nesta terça-feira (26), depois de anunciar que pretende intensificar ainda mais a guerra contra o Hamas, até "desmilitarizar" e "desradicalizar" o território palestino.

Em Khan Yunis, no sul de Gaza, onde Israel informou que concentra a ofensiva contra o grupo islamista palestino, era possível observar a fumaça provocada pelos bombardeios.

Um correspondente da AFP relatou que os bombardeios israelenses continuaram durante a noite, em Khan Yunis e na vizinha Rafah, na fronteira com o Egito, localidade que abriga dezenas de milhares de pessoas deslocadas de outros pontos do território palestino.

Trinta corpos de vítimas de bombardeios foram levados nas últimas 24 horas para o hospital Nasser de Khan Yunis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

O Exército israelense anunciou que visou, nas últimas horas, a mais de 100 alvos do Hamas, incluindo acessos a túneis e posições militares para atacar os soldados, em particular em Jabalia, no norte, e em Khan Yunis.

"Não vamos parar (...) vamos intensificar os combates nos próximos dias. Será uma guerra longa", afirmou na segunda-feira o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, depois de visitar Gaza.

"O Hamas deve ser destruído, Gaza deve ser desmilitarizada, e a sociedade palestina deve ser desradicalizada. Estes são os três requisitos para a paz entre Israel e seus vizinhos palestinos em Gaza", escreveu o chefe de Governo em um artigo publicado no Wall Street Journal.

- "Relatos comoventes" -

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa a Faixa desde 2007, mais de 20.600 pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, morreram nas operações israelenses em Gaza.

Em Israel, o ataque sem precedentes de 7 de outubro executado por milicianos do Hamas deixou quase 1.140 mortos, a maioria civis, de acordo com balanço da AFP baseado em dados israelenses.

O Hamas também sequestrou mais de 240 pessoas, e 129 permanecem em cativeiro em Gaza.

O Exército israelense informou que 158 militares morreram desde o início da ofensiva terrestre, em 27 de outubro.

No território, sob certo total desde 9 de outubro, a guerra obrigou 1,9 milhão de pessoas a abandonarem suas casas, o equivalente a 85% da população, segundo a ONU.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), cujos funcionários visitaram na segunda-feira o hospital de Deir al Balah, no centro de Gaza, após um bombardeio a um campo de refugiados próximo, afirmou que suas equipes ouviram "relatos comoventes" de famílias inteiras mortas.

"O último bombardeio contra uma comunidade de Gaza mostra porque é necessário um cessar-fogo imediato", escreveu o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na rede social X.

O bombardeio de domingo contra o campo de Al Maghazi matou 70 pessoas, segundo o Hamas. O Exército israelense anunciou que está "investigando o incidente".

A entrada de ajuda humanitária em Gaza não aumentou de maneira significativa, apesar da aprovação na sexta-feira, no Conselho de Segurança da ONU, de uma resolução que pede o envio "imediato" e em larga escala.

- Pressão em Israel -

Em Israel, a pressão aumenta para obter a libertação dos reféns. Parentes das pessoas sequestradas interromperam na segunda-feira o discurso de Netanyahu durante uma sessão especial do Parlamento, com gritos de "agora, agora", depois que o chefe de Governo afirmou que precisa de mais tempo.

"E se fosse o seu filho?", "80 dias, cada minuto é o inferno", afirmavam os cartazes dos manifestantes.

O Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, exige o fim dos combates antes de iniciar novas negociações para a libertação dos reféns.

Os países mediadores, Egito e Catar, tentam obter uma nova trégua, depois da pausa do fim de novembro que permitiu a libertação em uma semana de 105 reféns em troca de 240 presos palestinos em Israel, além da entrada em Gaza de ajuda humanitária procedente do território egípcio.

Na Cisjordânia ocupada, onde a violência aumentou de maneira considerável desde o início do conflito em Gaza, dois palestinos morreram em ações do Exército israelense nesta terça-feira.

- Bombardeios dos EUA no Iraque -

Os temores de que o conflito provoque uma escalada regional também aumentaram. A fronteira entre Líbano e Israel registra trocas de disparos quase diárias entre o grupo Hezbollah, aliado do Hamas, e o Exército israelense. E os rebeldes huthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, multiplicaram os ataques contra navios comerciais no Mar Vermelho e no Mar da Arábia.

Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira que bombardearam três posições de grupos pró-Irã no Iraque. O governo iraquiano denunciou um "ato hostil" que matou um integrante das forças de segurança e deixou 18 feridos.

O Irã acusou Israel pela morte na segunda-feira de um militar em um ataque com mísseis na Síria. A Guarda Revolucionária, exército ideológico iraniano, identificou o general Razi Moussavi como um "comandante de logística do eixo da resistência" contra Israel, que reúne Irã, Hezbollah, Hamas e os huthis.

O maior comboio de ajuda desde o início da guerra entre Israel e o Hamas chegou à Gaza neste domingo (29) no total de 33 caminhões de ajuda que entraram pela única passagem de fronteira do Egito, segundo um porta-voz na passagem de Rafah, Wael Abo Omar. No entanto, os trabalhadores humanitários afirmaram que a assistência ainda está desesperadamente aquém das necessidades, após milhares de pessoas invadirem armazéns para pegar farinha e produtos básicos de higiene.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que o número de mortos entre os palestinos ultrapassou 8 mil, sendo a maioria mulheres e crianças, à medida que tanques e infantaria israelenses perseguem o que o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu chamou de "segunda fase" na guerra desencadeada pela brutal incursão do Hamas em 7 de outubro. O número de vítimas é sem precedentes em décadas de violência israelense-palestina. Mais de 1.400 pessoas morreram no lado israelense, principalmente civis mortos durante o ataque inicial.

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A comunicação foi restaurada para a maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza no domingo, depois que um bombardeio israelense descrito pelos moradores como o mais intenso da guerra derrubou os serviços de telefone e internet na sexta-feira à noite. Israel permitiu apenas uma pequena quantidade de ajuda entrar.

Após visitar a passagem de Rafah, o procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional descreveu o sofrimento dos civis como "profundo" e disse que não conseguiu entrar em Gaza. "Estes são os dias mais trágicos", disse Karim Khan, cujo tribunal investiga as ações das autoridades israelenses e palestinas desde 2014. Khan pediu a Israel que respeite o direito internacional, mas não foi tão longe a ponto de acusá-lo de crimes de guerra. Ele classificou o ataque do Hamas em 7 de outubro como uma séria violação do direito humanitário internacional. "O ônus recai sobre aqueles que apontam a arma, míssil ou foguete em questão", afirmou ele.

As Forças Armadas de Israel disseram no domingo que atingiram mais de 450 alvos nas últimas 24 horas, incluindo centros de comando do Hamas e posições de lançamento de mísseis antitanque. Enormes colunas de fumaça subiram sobre a Cidade de Gaza. O porta-voz militar, contra-almirante Daniel Hagari, disse que dezenas de terroristas foram mortos.

Hagari também culpou o líder do Hamas em Gaza, Yehiya Sinwar, por trazer destruição ao seu povo com o ataque de 7 de outubro. "Vamos persegui-lo até pegá-lo", disse ele. O braço militar do Hamas disse que entrou em confronto com tropas israelenses que entraram no noroeste da Faixa de Gaza com armas leves e mísseis antitanque. Os terroristas continuaram disparando foguetes contra Israel.

Repercussão internacional

As invasões aos armazéns de ajuda humanitária foram "um sinal preocupante de que a ordem civil está começando a se desintegrar depois de três semanas de guerra e um cerco apertado em Gaza", disse Thomas White, diretor de Gaza da agência da ONU para refugiados palestinos, conhecida como UNRWA. "As pessoas estão assustadas, frustradas e desesperadas."

A porta-voz da UNRWA, Juliette Touma, disse que a multidão invadiu quatro instalações no sábado. Ela disse que os armazéns não continham nenhum combustível, que tem sido criticamente escasso desde que Israel cortou todos os embarques. Israel diz que o Hamas o usaria para fins militares. Um armazém continha 80 toneladas de alimentos, disse o Programa Mundial de Alimentos da ONU. Ela enfatizou que pelo menos 40 de seus caminhões precisam atravessar Gaza diariamente apenas para atender às crescentes necessidades de alimentos.

O presidente Joe Biden, em uma ligação com Netanyahu no domingo, "ressaltou a necessidade de aumentar imediatamente e significativamente o fluxo de assistência humanitária para atender às necessidades dos civis em Gaza". As autoridades israelenses disseram que em breve permitiriam a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza, mas o chefe dos assuntos civis do COGAT, o órgão de defesa israelense responsável pelos assuntos civis palestinos, não forneceu detalhes sobre quanta ajuda estaria disponível.

Ataques próximos a hospitais

Elad Goren também disse que Israel abriu duas linhas de água no sul de Gaza na semana passada. A AP não pôde verificar de forma independente se alguma das linhas estava funcionando. Entretanto, os hospitais lotados em Gaza ficaram sob ameaça crescente. Moradores que vivem perto do Hospital Shifa, o maior do território, disseram que os ataques aéreos israelenses durante a noite atingiram perto do complexo onde dezenas de milhares de civis estão abrigados. Israel acusa o Hamas de ter um posto de comando secreto sob o hospital, mas não forneceu muitas provas. O Hamas nega as acusações. "Chegar ao hospital tornou-se cada vez mais difícil", disse Mahmoud al-Sawah, que está abrigado no hospital, por telefone. "Parece que eles querem isolar a área."

O serviço de resgate do Crescente Vermelho Palestino disse que ataques aéreos israelenses nas proximidades danificaram partes de outro hospital da Cidade de Gaza depois de receber duas ligações de autoridades israelenses no domingo ordenando que fosse esvaziado. Algumas janelas foram quebradas e os quartos ficaram cobertos de escombros. O serviço de resgate disse que os ataques aéreos atingiram cerca de 50 metros do Hospital Al-Quds, onde 14 mil pessoas estão abrigadas. Israel ordenou que o hospital fosse esvaziado há mais de uma semana, mas esse recusou, dizendo que isso significaria a morte de pacientes em ventiladores.

"Sob nenhuma circunstância, hospitais devem ser bombardeados", disse o diretor-geral do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Robert Mardini, ao programa "Face the Nation" da CBS.

Israel afirma que a maioria dos residentes de Gaza obedeceu às ordens de fugir para a parte sul do território sitiado, mas centenas de milhares permanecem no norte, em parte porque Israel também bombardeou alvos em zonas consideradas seguras. Um ataque aéreo israelense atingiu uma casa de dois andares em Khan Younis no domingo, matando pelo menos 13 pessoas, incluindo 10 de uma mesma família. Os corpos foram levados para o Hospital Nasser, segundo um jornalista da AP no local.

Libertação de reféns

A escalada militar aumentou a pressão doméstica sobre o governo de Israel para garantir a libertação de cerca de 230 reféns feitos por combatentes do Hamas durante o ataque de 7 de outubro. O Hamas diz estar pronto para libertar todos os reféns se Israel libertar todos os milhares de palestinos detidos em suas prisões.

Familiares desesperados se reuniram com Netanyahu no sábado e manifestaram apoio a uma troca. Israel rejeitou a oferta do Hamas. "Se o Hamas não sentir pressão militar, nada avançará", disse o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, às famílias dos reféns no domingo.

Operações terrestres

As Forças Armadas israelenses pararam antes de chamar suas operações terrestres gradualmente em expansão dentro de Gaza de uma invasão em toda a linha. É esperado um aumento acentuado nas baixas de ambos os lados à medida que as forças israelenses e os terroristas combatem em áreas residenciais densamente povoadas.

Israel afirma visar combatentes e infraestrutura do Hamas e que os terroristas operam entre civis, colocando-os em perigo. Mais de 1,4 milhão de pessoas em toda Gaza fugiram de suas casas. A única usina de energia do território fechou pouco depois do início da guerra. Hospitais estão lutando para manter geradores de emergência em funcionamento para operar incubadoras e outros equipamentos que salvam vidas, e a UNRWA está tentando manter bombas de água e padarias em funcionamento. Com a escassez de água, alguns gazenses tomaram banho no mar.

Cerca de 20 mil pessoas estavam se abrigando no Hospital Nasser, disse o diretor de emergência Dr. Mohammed Qandeel. "Eu trouxe meus filhos para dormir aqui", disse um residente deslocado que deu apenas o nome de Umm Ahmad. "Eu costumava ter medo de meus filhos brincando na areia. Agora suas mãos estão sujas de sangue no chão."

Envolvimento do Hezbollah

O conflito aumentou as preocupações de que a violência possa se espalhar pela região. Israel e o grupo libanês Hezbollah têm se envolvido em combates diários ao longo da fronteira norte de Israel. Hagari disse que Israel atingiu três células militantes que dispararam do Líbano para Israel e matou militantes que estavam tentando entrar. O Hamas disse que suas forças no Líbano dispararam 16 mísseis contra a cidade israelense de Nahariya. O Hezbollah, aliado do Hamas, disse que também disparou mísseis em vários locais. (Com AP)

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse em pronunciamento transmitido pela televisão local que a ofensiva na Faixa de Gaza "é apenas o começo". A declaração aconteceu no anoitecer desta sexta-feira, 13.

Pouco antes da meia noite de ontem, 12, no horário local, Israel deu ordem para todos os palestinos vivendo na porção norte se retirassem da região e fossem para sul do território para "preservar vidas civis", sugerindo uma provável invasão da região. Ao menos 1,1 milhão de pessoas moram na área indicada.

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No anoitecer desta sexta, enquanto o exército se prepara para uma esperada invasão terrestre da Faixa de Gaza, Netanyahu fez a ameaça de destruir o grupo Hamas.

Israel tem atacado Gaza com ataques aéreos desde que terroristas do Hamas realizaram um ataque sem precedentes no sábado passado, matando mais de 1.300 pessoas. "Este é apenas o começo", disse Netanyahu. "Vamos sair desta guerra mais fortes do que nunca."

"Destruiremos o Hamas", acrescentou, dizendo que Israel tem amplo apoio internacional para a operação.

A União Europeia passa à ofensiva nesta sexta-feira (23) contra os abusos dos gigantes da Internet com sua ambiciosa Lei de Serviços Digitais (LSD) que obrigará as grandes plataformas, como Google, Facebook, X (ex-Twitter), ou TikTok, a melhorar suas ferramentas da luta contra os conteúdos ilícitos, sob pena de fortes sanções.

O princípio do novo regulamento soa como um slogan: o que é ilegal off-line também deve ser ilegal on-line. Para os especialistas, isso não é tão simples.

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Para eles, deve-se encontrar um equilíbrio entre a liberdade de expressão e a luta contra os abusos que ameaçam os direitos fundamentais ou a democracia (interferência nas eleições, desinformação, proteção de menores, etc...).

Como conseguir isso? Uma série de obrigações será imposta, a partir de sexta-feira, às 19 principais redes sociais, sites de comércio e buscadores.

As plataformas não são legalmente responsáveis pelos conteúdos que alojam, nem são obrigadas a alterá-los previamente. Mas a UE espera obrigá-las a instalar um sistema de controle eficaz.

Deverão, por exemplo, oferecer aos usuários da Internet uma ferramenta para sinalizar facilmente conteúdos "ilegais" (definidos pela legislação nacional, ou por outros textos europeus) e depois removê-los rapidamente.

Os sites comerciais terão de seguir o rastro dos vendedores para reduzir fraudes.

Seus algoritmos estarão sob vigilância e terão de explicar o funcionamento de seus sistemas de recomendação e propor alternativas sem personalização.

Em relação à publicidade, a lei proíbe o direcionamento para menores e os anúncios baseados em dados sensíveis (religião, orientação sexual, etc.).

O cumprimento das regras será controlado por auditorias independentes, sob supervisão da União Europeia. Qualquer violação pode levar à aplicação de multas de até 6% do faturamento mundial. E, como ameaça final, sites reincidentes podem ser proibidos de funcionar.

- Não cair em excessos -

"A mecânica de alerta e o recurso de alertas confiáveis mudam a situação, assim como as auditorias controladas pela União Europeia”, diz Eric Le Quellenec, advogado de Simmons e Simmons.

Este controle é supervisionado por um órgão colegiado dos 27 membros da UE, "para evitar que países apliquem uma definição muito ampla de conteúdos ilegais, como Polônia e Hungria", acrescenta.

"Isso fará retroceder parcialmente o anonimato on-line: você vai seguir o rastro dos vendedores e daqueles postadores em massa de conteúdo ilegal".

"Será a LSD eficaz? É um sistema inovador, pois estabelece um diálogo permanente entre atores, reguladores e usuários. E terá efeitos para além da UE", afirma Marc Mossé, advogado do escritório August Debouzy.

A Comissão Europeia terá, no entanto, de fornecer os meios adequados, dada a magnitude dos serviços jurídicos dos gigantes digitais GAFAM, afirma a economista Joëlle Toledano.

- Velar as liberdades fundamentais -

Mas também exigirá a garantia das liberdades fundamentais.

Os especialistas destacaram, por exemplo, as declarações do comissário europeu Thierry Breton que, no início de julho, após a onda de tumultos na França, afirmou que essa lei facilitaria a suspensão de uma rede social, se não suprimisse "imediatamente" as "convocações à rebelião".

Três semanas depois, após uma carta aberta de 65 organizações de defesa da liberdade de expressão, Breton corrigiu sua declaração e afirmou que apenas um juiz poderia tomar uma medida desse tipo.

"É preciso corrigir os excessos, mas sem cair em excessos contrários", disse Marc Mossé.

Nas últimas semanas, a maioria das grandes plataformas afirmou que farão esforços para cumprir as regras.

Meta (Facebook) disse que contratou 1.000 pessoas para isso e considera que a LSD é "algo importante para todas as empresas de tecnologia que operam na UE e terá um impacto significativo na experiência dos europeus".

O TikTok publicou as medidas adotadas, a Apple anunciou que está em processo de aplicá-las, e Elon Musk prometeu que X respeitará a LSD.

A Amazon apresentou um recurso contra sua presença na lista (assim como o site de comércio Zalando), mas disse que investirá em matéria de sinalização de conteúdo ilegal e aceitará as regras, caso seu recurso não seja aceito.

"A LSD significa o fim da era em que as plataformas decidiam elas mesmas o que era melhor para nós e eram tão grandes que não se importavam com seus efeitos na sociedade", concluiu uma autoridade da UE.

A Ucrânia resiste a uma ofensiva russa de "alta intensidade" na cidade de Soledar, para onde a Rússia enviou mais tropas — disse a vice-ministra da Defesa, Ganna Malyar, na manhã desta sexta-feira (13).

"As hostilidades continuam. O inimigo lançou quase todas as suas forças principais para a região de Donetsk e mantém uma ofensiva de alta intensidade", afirmou Malyar no Telegram, depois de garantir que a noite foi difícil.

O Conselho de Segurança da ONU está programado para se reunir às 20h GMT (17h no horário de Brasília) para discutir a situação na Ucrânia, 11 meses após o início da invasão russa.

Os russos tentam incansavelmente conquistar esta área do leste da Ucrânia, com os olhos voltados, em especial, para Bakhmut, 15 quilômetros a sudoeste de Soledar.

A vice-ministra ucraniana considerou que "é uma fase difícil da guerra. Mas nós vamos ganhar", prometeu.

A captura de Soledar, que tinha 10 mil habitantes antes do conflito, mas agora está totalmente devastada, significaria uma vitória militar simbólica para Moscou, depois dos reveses sofridos por suas tropas desde setembro.

Os combates dentro e ao redor de Soledar duram vários meses, mas sua intensidade aumentou consideravelmente nos últimos dias. O Exército ucraniano luta nesta pequena cidade conhecida por suas minas de sal contra mercenários do grupo paramilitar russo Wagner.

"Nossos combatentes estão tentando bravamente manter nossa defesa", afirmou Malyar.

- "Tudo o que for preciso" -

Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), organização sediada nos Estados Unidos que acompanha os combates em tempo real, "as forças russas provavelmente capturaram Soledar em 11 de janeiro", ou seja, na quarta-feira.

Em apoio à sua afirmação, o ISW cita "fotos geolocalizadas divulgadas em 11 e 12 de janeiro" que "indicam que as forças russas provavelmente controlam a maior parte, se não toda, de Soledar e provavelmente expulsaram as forças ucranianas da periferia ocidental da cidade".

De acordo com o ISW, porém, a captura da pequena cidade "não anunciaria um cerco iminente de Bakhmut" e "não permitirá que as forças russas exerçam controle sobre importantes linhas terrestres ucranianas de comunicação" com a principal cidade da área.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, prometeu na quinta-feira (12) entregar todo material militar necessário para defender Soledar e Bakhmut — 15 km de distância —, uma grande cidade do leste que também resiste há semanas à ofensiva militar russa e que Moscou tenta conquistar desde o verão boreal.

O chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, afirmou na quarta-feira que seus homens controlavam Soledar, mas tanto o Kremlin quanto as autoridades ucranianas rapidamente negaram.

A Rússia lançou sua ofensiva nesta área de Donetsk depois de sofrer vários contratempos que levaram o presidente russo, Vladimir Putin, a mobilizar centenas de milhares de reservistas e a lançar uma campanha de bombardeios contra as infraestruturas energéticas.

Ontem, o Exército ucraniano disse que repeliu ataques em mais de uma dúzia de cidades na região.

Para reverter o rumo do conflito, a Rússia substituiu novamente o comandante de sua ofensiva na Ucrânia, desta vez nomeando o general Valeri Gerasimov, chefe do Estado-Maior do Exército, interlocutor direto do presidente Putin. Gerasimov substituiu Sergei Surovikin, que havia aceitado o cargo há três meses.

Forças russas e ucranianas travam combates intensos nesta terça-feira (30) na região de Kherson, sul da Ucrânia, após o anúncio de uma contraofensiva de Kiev para tentar recuperar zonas ocupadas por Moscou.

"Durante todo o dia (segunda-feira) e toda a noite foram registradas explosões potentes na região de Kherson. Combates intensos acontecem em quase todo o território da região", afirmou a presidência ucraniana em um comunicado.

"As Forças Armadas ucranianas iniciaram ações ofensivas em várias direções", acrescenta a nota, que cita a destruição de alguns "depósitos de munições e de todas as grandes pontes" que permitiam aos veículos atravessar o rio Dniepr.

Localizada às margens do Mar Negro, a maior parte da região de Kherson e sua capital de mesmo nome foram capturadas no início da guerra pelas tropas russas, que avançaram a partir da península vizinha da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Com a guerra estagnada na região leste do Donbass estancada, os analistas anteciparam durante semanas que os combates poderiam ser deslocados para o sul, em uma tentativa de romper a paralisia antes da chegada do inverno (hemisfério norte, verão no Brasil).

As autoridades ucranianas anunciaram na segunda-feira o início da contraofensiva, em particular com o objetivo de retomar a cidade de Kherson, que tinha 280.000 habitantes antes da guerra.

Em seu discurso noturno, o presidente Volodymyr Zelensky não revelou detalhes sobre a manobra, mas exibiu um tom de desafio ante Moscou.

"Os ocupantes deveriam saber que vamos empurrá-los até sua fronteira (...) Se querem sobreviver, este é o momento para a fuga do exército russo. Vá para casa", afirmou.

- Bombardeios em Kharkiv -

Durante a madrugada, o comando "sul" do exército ucraniano afirmou que situação era "tensa" em sua zona de ação. "O inimigo atacou nossas posições em cinco momentos, mas todas foram um fracasso", afirmou em uma nota.

Também citou um "grande bombardeio" na cidade de Mykolaiv, a 60 km de Kherson e controlada por Kiev, que deixou dois mortos, 24 feridos e danos "importantes".

O ministério da Defesa da Rússia afirmou que a contraofensiva da Ucrânia "fracassou" e provocou "muitas baixas" para as tropas de Kiev.

Os bombardeios russos continuaram no restante da linha de frente, que vai do norte ao sul.

Em Kharkiv (noroeste), segunda maior cidade ucraniana, o prefeito Igor Terekhov denuncio um bombardeio que matou cinco pessoas e feriu sete nesta terça-feira.

"Os ocupantes russos bombardearam os bairros do centro de Kharkiv", confirmou o governador da região, Oleg Synegubov, no Telegram. Ele fez um apelo para que os moradores procurem proteção.

O governador da região de Zaporizhzhia (sul), Oleksandr Starukh, informou que a Rússia executou um ataque com mísseis contra a cidade de mesmo nome que não deixou vítimas.

- Missão em Zaporizhzhia -

Esta região é um foco de tensões há várias semanas, com os bombardeios contra central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, ataques que provocam uma troca de acusações entre russos e ucranianos.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou na segunda-feira que uma missão de apoio e assistência está a caminho e deve chegar a Zaporizhzhia esta semana.

A agência de controle nuclear da ONU advertiu nas últimas semanas para um "risco muito real de catástrofe nuclear".

Acusada por Kiev de posicionar unidades de artilharia dentro da central, a Rússia considerou a inspeção "necessária".

Após mais de seis meses, o conflito tem consequências em todo o planeta, em particular nos mercados de energia e de alimentos.

No setor energético, a empresa francesa Engie informou nesta terça-feira que o grupo russo Gazprom reduziu ainda mais o fornecimento de gás ao país por uma divergência sobre os contratos.

Na área humanitária, a guerra entre dois grandes produtores de grãos provocou a disparada dos preços dos alimentos e o temor de aumento da fome.

Para evitar o agravamento da situação, a ONU e a Turquia conseguiram mediar um acordo entre Kiev e Moscou para permitir a exportação de grãos pelo Mar Negro.

Graças ao pacto, um navio fretado pelo Programa Mundial de Alimentos chegou a Djibuti nesta terça-feira com 23.000 toneladas de trigo da Ucrânia para mitigar a seca histórica que assola a região do Chifre da África.

Um dia depois de reagir à ofensiva do presidente Jair Bolsonaro contra as urnas eletrônicas, o governo dos Estados Unidos reafirmou nesta quarta-feira, 20, que o processo eleitoral brasileiro deve ser visto como um modelo pelos demais países. Porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price disse que o sistema de votação usado no Brasil já se provou confiável ao longo dos anos. Segundo ele, o governo Joe Biden espera que as instituições brasileiras ajam de acordo com seu papel previsto na Constituição durante as eleições de outubro.

"Eleições vêm sendo conduzidas pelo sistema eleitoral brasileiro, capacitado e já testado, e pelas instituições democráticas com sucesso por muitos anos, então ele é um modelo para nações deste hemisfério e além", afirmou Ned Price, durante pronunciamento à imprensa em Washington. "Como um parceiro democrático do Brasil, vamos acompanhar as eleições de outubro com grande interesse e expectativa total que sejam conduzidas de forma livre, justa e confiável, com todas as instituições agindo segundo seu papel constitucional."

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A declaração do porta-voz da diplomacia norte-americana é a segunda seguida em apoio ao modelo de votação praticado no Brasil, depois que o presidente Jair Bolsonaro reuniu 70 embaixadores em Brasília para questionar a segurança das urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral. Entre os participantes do encontro estava o encarregado de negócios e atual chefe da representação norte-americana em Brasília, Douglas Koneff.

Na noite desta terça-feira, a Embaixada dos Estados Unidos divulgou uma nota à imprensa com teor semelhante ao pronunciamento de Ned Price, depois de discussões sobre a estratégia para se posicionar e rebater o presidente brasileiro. Com pesquisas de intenção de voto indicando possibilidade de derrota, Bolsonaro promove uma campanha de desinformação sobre as urnas e incentiva as Forças Armadas a pressionarem a Justiça Eleitoral por mudanças na auditoria das eleições.

Ned Price afirmou que os Estados Unidos vêm tratando do tema das eleições no Brasil desde o ano passado e que já se manifestaram publicamente e conversaram em privado com autoridades da cúpula do governo Jair Bolsonaro. O próprio presidente ouviu de Joe Biden, durante reunião em Los Angeles, em junho, que eles esperam que o resultado das eleições seja respeitado e que confiam no uso de urnas eletrônicas para promover eleições livres, justas e transparentes.

A decisão do governo de apoiar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra a Petrobras não convenceu a classe dos caminhoneiros, que continua a ver nos gestos do presidente Jair Bolsonaro apenas novas formas de jogar o assunto para frente, devido ao calendário eleitoral.

Em carta emitida nesta terça-feira, 21, o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, voltou a criticar as ações do governo.

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"A grande falha e incompetência do governo Bolsonaro foi não ter reestruturado a Petrobras e suas operações no início do governo, de não ter dado início a mudanças estruturantes na empresa, e o principal de não ter cumprido suas palavras com os caminhoneiros", diz Landim. "Bolsonaro mentiu e agora quer colocar a categoria e o povo brasileiro contra a Petrobras."

Paralelamente à tentativa de instalar uma CPI contra a empresa, o governo Bolsonaro prepara uma medida provisória (MP) para alterar as regras da Lei das Estatais, que foi criada em 2016 para estabelecer uma série de compromissos e responsabilidades na atuação das empresas públicas. No alvo central da proposta está a Petrobras e o modo de definição de preços de combustíveis praticado pela companhia.

Ex-aliado do Bolsonaro, o deputado Nereu Crispim (PSD-RS) afirma que a intenção do governo, com a proposta da CPI da Petrobras, é de apenas "fazer uma cortina de fumaça" sobre o assunto, porque, em sua análise, não haveria real motivação de mudar as regras de comercialização da empresa.

Crispim, que é coordenador da frente parlamentar mista do caminhoneiro, apresentou, em setembro de 2021, um pedido para criação de uma CPI na Petrobras, mas não conseguiu avançar. Em março deste ano, uma nova solicitação de constituição da CPI foi protocolada pelo deputado, para investigar a cadeia de formação dos preços dos combustíveis no Brasil, não só a Petrobras. A proposta também não teve êxito.

"Por favor, presidente, não duvide de nossa inteligência, estamos do lado da verdade, e não da mentira", afirma a Abrava, em sua nota.

A associação critica ainda a tentativa do caminhoneiro Zé Trovão, que é apoiador de Bolsonaro, de tentar atrair os trabalhadores do transporte. Zé Trovão teve a prisão decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, antes das manifestações de 7 de Setembro do ano passado. ele foi acusado de incentivar atos antidemocráticos e chegou a ficar foragido no México. A prisão de Zé Trovão foi revogada e hoje ele usa tornozeleira eletrônica.

Voucher caminhoneiro

Sobre a possibilidade de um voucher para caminhoneiros, citada ontem pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Wallace Landim afirmou que a medida não atende à demanda da categoria.

"O Lira está tentando transferir a responsabilidade. Ele sabe que não tem espaço para aprovar voucher, que ainda assim seria paliativo. É uma medida eleitoreira e, assim como o teto do ICMS para combustíveis, é medida 'tabajara' para tentar resolver um problema complexo", disse Chorão, ao Estadão/Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Na segunda, Lira disse que há a possibilidade de se incluir na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis um 'voucher' para caminhoneiros, sugerindo que o governo conceda esse benefício por meio de medida provisória (MP). "O Lira está tentando transferir a responsabilidade agora que caiu na graça do Bolsonaro. Existe um pano de fundo atrás disso para usar emenda para reeleição", criticou Chorão.

O presidente da Abrava afirmou também que não há "espaço" no governo para implementação de um eventual voucher. "Ontem abasteci no posto a R$ 8,70 por litro e o governo falando em voucher de R$ 400 de diesel. Já falamos, na outra vez, que caminhoneiro não quer esmola. O governo tem de ter coragem de bater de frente com acionista e retirar a Política de Paridade de Preço Internacional (PPI) da Petrobras", afirmou Chorão.

A PPI, adotada pela Petrobras, vincula o preço interno dos combustíveis ao preço internacional do barril de petróleo e ao dólar.

Sobre o teto de 17% para ICMS nos combustíveis, Chorão afirmou que o novo reajuste de 14% do óleo diesel já superou a redução que seria alcançada pelo teto do tributo estadual. "Ainda há uma defasagem de 9% no preço do diesel praticado pela Petrobras. Então, somente a retirada da PPI é que se resolve a questão dos combustíveis. O fim da PPI, junto do teto do ICMS, seria uma ação completa para resolver o problema", disse.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez novas ameaças à Petrobras neste domingo, 19, por causa da sua política de preços dos combustíveis e cobrou respeito da estatal ao povo brasileiro. Nas redes sociais, Lira afirmou que se "a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare: o Brasil vai enfrentar a Petrobras".

"Não queremos confronto, não queremos intervenção. Queremos apenas respeito da Petrobras ao povo brasileiro. Se a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare: o Brasil vai enfrentar a Petrobras. E não é uma ameaça. É um encontro com a verdade", postou no Twitter.

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Em artigo publicado hoje na Folha de S.Paulo, de autoria do próprio presidente da Câmara e intitulado "Chegou a hora de tirar a máscara da Petrobras", Lira escreveu que "ficou escancarada a dupla face da estatal".

"Quando quer ganhar tratamento privilegiado do Estado brasileiro, a empresa se apresenta como uma costela estatal. Mas, na hora em que lucra bilhões e bilhões em meio à maior crise da história do último século, ela grita o coro da governança e se declara uma capitalista selvagem", diz trecho do texto.

O discurso representa um novo capítulo da ofensiva por parte do governo federal e seus aliados contra a Petrobras. Na sexta-feira, 17, a estatal anunciou um novo reajuste nos preços dos combustíveis, o que levou governo, Congresso e o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), a criticarem a empresa.

O presidente Jair Bolsonaro defendeu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras. Já Lira ameaçou dobrar a taxação dos lucros da empresa e disse que a nova alta era uma retaliação do presidente demissionário da estatal, Mauro Coelho, enquanto o ministro André Mendonça, do STF, pediu explicações sobre a política de preços.

A elevação nos valores dos combustíveis é vista como um dos principais obstáculos ao projeto de reeleição do chefe do Executivo.

Lira chegou a anunciar também que reunirá nesta segunda-feira, 20, o colégio de líderes para discutir a política de preços da Petrobras e tentar reverter o lucro da empresa para a população.

As tropas russas intensificam sua ofensiva na Ucrânia, onde bombardearam pela primeira vez a cidade de Dnipro (centro) e dois aeródromos militares no oeste do país, enquanto apertam o cerco em torno de Kiev, a capital, em meio a denúncias sobre novos ataques contra civis.

Dnipro, cidade industrial às margens do rio Dnieper, que separa o leste do país - pró-russo - do restante do território ucraniano, foi alvo de bombardeios que causaram pelo menos uma morte, segundo autoridades locais.

"Houve três ataques aéreos na cidade, atingindo uma creche, um conjunto residencial e uma fábrica de sapatos de dois andares, onde um incêndio foi declarado. Uma pessoa morreu", informaram os serviços de emergência em Dnipro.

O Ministério russo da Defesa informou, por sua vez, que "os aeródromos militares de Lutsk e Ivano-Franovsk (oeste) estavam fora de serviço". Quatro soldados ucranianos foram mortos e seis ficaram feridos no bombardeio do aeroporto militar de Lutsk, segundo as autoridades locais.

A guerra já obrigou mais de 2,5 milhões de pessoas a deixarem a Ucrânia, e outros dois milhões, a se deslocarem para outras partes do país, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Nesta sexta-feira (11), o presidente russo, Vladimir Putin, deu seu aval para a participação na invasão de combatentes "voluntários", juntamente com os cerca de 150.000 soldados já destacados no terreno, em resposta aos "mercenários" enviados pelos países ocidentais.

A ideia partiu do Ministério da Defesa e, segundo o Kremlin, trataria-se, sobretudo, de cidadãos do Oriente Médio, particularmente sírios, que teriam manifestado o desejo de ir para o "front" lutar ao lado da Rússia.

- "Fortaleza" Kiev -

Mais cedo, o Exército ucraniano alertou, em um relatório, que "o inimigo está tentando eliminar as defesas das forças ucranianas" em vários locais a oeste e norte de Kiev, com o objetivo de "bloquear a capital".

O Exército não excluiu "um movimento inimigo para o leste, na direção de Brovary", às portas de Kiev.

O prefeito da capital, o famoso ex-boxeador Vitali Klitschko, disse que metade da população foi embora e que a cidade, antes com quase 3 milhões de habitantes, "transformou-se em uma fortaleza".

"Todas as ruas, todos os prédios, todos os postos de controle foram fortificados", descreveu.

Desde o início da ofensiva russa, em 24 de fevereiro, as forças invasoras cercaram pelo menos quatro grandes cidades ucranianas e enviaram veículos armados para o flanco nordeste de Kiev, onde subúrbios como Irpin e Busha são bombardeados há dias.

Os soldados ucranianos descreveram intensos combates para controlar a principal rodovia que leva à capital.

O Ministério britânico da Defesa informou que esta estratégia de cercar as cidades "reduzirá o número de forças disponíveis para avançar e retardará o progresso russo".

- "Ataque brutal" -

Bombardeios noturnos também atingiram as cidades de Chernihiv (norte), Sumy (nordeste) e Kharkiv (leste), fortemente afetadas pela ofensiva russa. Os ataques causaram danos a edifícios residenciais e a infraestruturas de abastecimento de água e de eletricidade.

Perto de Oskil, na região de Kharkiv, uma instalação para pessoas com deficiência foi alvo dos bombardeios russos, disse uma autoridade local nesta sexta-feira.

"Os russos cometeram, novamente, um ataque brutal contra civis", lamentou Oleh Sinegubov no aplicativo Telegram, acrescentando que nenhuma vítima foi registrada. No momento do ataque, havia 330 pessoas no centro, 73 das quais puderam ser retiradas.

Este ataque ocorreu dois dias após o bombardeio contra um hospital infantil em Mariupol (sul), que deixou três mortos, incluindo uma menina. Nesta cidade, às margens do Mar de Azov, a situação é descrita como "apocalíptica".

Segundo seu prefeito, Vadim Boishenko, mais de 1.200 moradores morreram em Mariupol após dez dias de cerco.

O representante local do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Sasha Volkov, alertou que alguns moradores "começaram a brigar por comida" e que muitos estão sem água potável.

Além disso, as Nações Unidas informaram que outros dois hospitais pediátricos foram atacados e destruídos, além do de Mariupol.

Segundo a responsável pelos direitos humanos do Parlamento ucraniano, Liudmyla Denisova, 71 crianças morreram nesta guerra, e mais de 100 ficaram feridas.

Embora com desavenças e recriminações de descumprimento, ambos os lados concordaram em instalar corredores humanitários que permitiram a retirada, nos últimos dois dias, de cerca de 100.000 civis de Sumy (nordeste), Izium (leste) e dos arredores de Kiev.

- Otan "não quer uma guerra aberta" -

Vladimir Putin pediu nesta sexta a seu ministro da Defesa, Serguei Shoigu, que propusesse destacamentos militares na fronteira ocidental da Rússia, em resposta aos realizados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Leste Europeu.

Em entrevista à AFP, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, enfatizou, porém, que a Aliança tem "a responsabilidade de impedir que esse conflito se alastre para além das fronteiras da Ucrânia e se transforme em uma guerra aberta entre a Rússia e a Otan".

Os Estados Unidos e seus aliados europeus contemplam a imposição de sanções adicionais à Rússia.

Até agora, os países ocidentais ofereceram apoio militar e humanitário à Ucrânia e estão considerando aumentar as sanções contra Moscou.

Também nesta sexta, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, disse que propôs aos líderes do bloco, reunidos em uma cúpula na França, que se aprove uma contribuição adicional de 500 milhões de euros (US$ 548 milhões) em ajuda militar para a Ucrânia.

E, na quinta-feira (10), o Congresso americano aprovou um novo orçamento que inclui US$ 14 bilhões para a Ucrânia em apoio econômico e financeiro, mas também armas e munições.

Após as primeiras negociações de alto nível entre os dois lados desde o início do conflito, realizada na quinta-feira na Turquia, o governo russo prometeu a abertura diária de corredores humanitários para os ucranianos fugirem dos combates para a Rússia.

A Ucrânia se recusa a retirada de seus cidadãos para a Rússia e reivindica corredores humanitários dentro de suas fronteiras.

Nesta sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU terá uma reunião urgente sobre esta questão, a pedido da Rússia.

O prefeito da cidade de Kiev, Vitali Klitschko, impôs um toque de recolher que durará da noite deste sábado, 26, até a manhã de segunda-feira sem intervalos, disse o gabinete do prefeito. "Para uma defesa mais eficaz da capital e segurança de seus moradores, o toque de recolher será das 17 horas de hoje, 26 de fevereiro de 2022, até a manhã de 28 de fevereiro", afirmou em comunicado.

O gabinete disse que são necessárias regras estritas para limpar a cidade, que está sob bombardeios e tiros, de "grupos de sabotagem e reconhecimento do inimigo". O comunicado ainda acrescenta que todas as pessoas que estiverem nas ruas durante este período "serão consideradas membros de grupos sabotadores inimigos".

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O prefeito de Kiev implorou a outras nações que interviessem imediatamente contra o ataque que, segundo ele, matou civis. "Está acontecendo no coração da Europa", disse em um vídeo postado no Twitter . "Não há tempo para esperar, porque vai levar à catástrofe humanitária."

O Exército da Rússia recebeu ordens neste sábado para expandir sua ofensiva contra a Ucrânia, apesar do crescente protesto internacional em sentido contrário, alegando que Kiev rejeitou as negociações.

"Hoje, todas as unidades receberam a ordem de ampliar a ofensiva em todas as direções, de acordo com o plano de ataque", declarou o Ministério russo da Defesa, em um comunicado.

O Kremlin disse que o presidente Vladimir Putin havia ordenado uma pausa nos avanços das tropas na sexta-feira enquanto considerava possíveis negociações com a Ucrânia.

Porém, o governo russo disse nesta quarta que a Ucrânia rejeitou as negociações. O país, no entanto, não confirmou a rejeição das conversas, nem está claro que as forças russas interromperam de fato seu avanço na sexta-feira.

"Putin deu uma ordem na sexta-feira para interromper o avanço das tropas russas", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a repórteres em uma breve teleconferência neste sábado. Peskov acrescentou: "Como o lado ucraniano basicamente recusou as negociações, hoje o avanço das principais forças russas foi renovado de acordo com o plano da operação."

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, propôs a Vladimir Putin uma negociação na sexta-feira. Ele disse que estava disposto a dialogar e até mesmo adotar um "status neutro" - o que, na prática, significaria o abandono da ambição de entrar na Otan.

"Não temos medo de falar sobre nada. Sobre garantias de segurança para nosso país. Não temos medo de falar sobre o status neutro, e não estamos na Otan no momento", disse ele, antes de ressaltar que essa condição tornaria seu país vulnerável a futuras agressões. "Mas que garantias e, mais importante, quais países específicos nos dariam garantias?" "Eu quero mais uma vez fazer um apelo ao presidente da Federação Russa. Vamos sentar na mesa de negociações e parar as mortes"

Terceiro dia de ataques

No terceiro dia de ataques à Ucrânia, as tropas russas tentam tomar a capital Kiev, mas encontraram resistência das forças ucranianas e da população civil. De acordo com dados do Ministério da Saúde da Ucrânia, citados pela agência Interfax, 198 pessoas morreram desde o início da invasão russa, incluindo três crianças. Além disso, 1.115 pessoas ficaram feridas, incluindo 33 crianças.

Por toda a Ucrânia, as pessoas se amontoaram em abrigos antiaéreos, fizeram fila em caixas eletrônicos e estocaram itens essenciais. O Reino Unido disse que a maioria das forças russas está a cerca de 30 km do centro de Kiev.

Segundo um oficial do Departamento de Defesa dos Estados Unidos informou ao jornal The New York Times, a maioria das mais de 150.000 forças russas concentradas contra a Ucrânia estão lutando no país, mas essas tropas estão "cada vez mais frustradas por sua falta de impulso".

Apesar de agora ter mais da metade de seu poder de combate dentro da Ucrânia, as tropas russas ainda não controlam nenhuma cidade, embora estejam se aproximando da capital Kiev e de outros centros urbanos, disse a autoridade.

No entanto, e apesar da resistência ucraniana, particularmente em torno de Kiev e Kharkiv, a maioria dos analistas americanos e ocidentais espera que os militares ucranianos desarmados sucumbam para as forças armadas russas maiores e tecnologicamente mais avançadas nos próximos dias. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Rússia acusou a Ucrânia de recusar as negociações, apontou o Ministério da Defesa da Rússia, em nota, e ordenou a expansão da ofensiva militar contra o país vizinho. Na sexta-feira, 25, após declarações do governo de Kiev sobre a disponibilidade para negociações, o governo russo disse que as hostilidades ativas nas principais áreas da operação foram suspensas.

"Depois que o lado ucraniano se recusou a negociar, hoje todas as unidades foram ordenadas a desenvolver uma ofensiva em todas as direções de acordo com o plano da operação", informou o Ministério da Defesa russo, em comunicado.

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Segundo a nota, com o apoio de fogo das Forças Armadas da Federação Russa, as tropas separatistas da República Popular de Luhansk (LPR) e da República Popular de Donetsk (DPR) estão tendo sucesso na ofensiva contra as posições das Forças Armadas da Ucrânia.

As tropas do LPR expandiram a linha ofensiva e avançaram desde o início da operação até uma profundidade de até 46 quilômetros, tendo capturado os assentamentos de Shchastia e Muratovo.

Ainda segundo o governo russo, o batalhão de tropas da DPR, avançando na direção de Petrovskoe, avançou mais 10 quilômetros e capturou os assentamentos de Starognatovka, Oktyabrskaya e Pavlopol.

O comunicado aponta que o regime "nacionalista" de Kiev distribui massiva e "incontrolavelmente" armas leves automáticas, lançadores de granadas e munição para os moradores dos assentamentos ucranianos.

"O envolvimento nacionalista da população civil da Ucrânia nas hostilidades levará inevitavelmente a acidentes e baixas. Apelamos aos moradores da Ucrânia para que demonstrem consciência, não sucumbam a essas provocações do regime de Kiev e não se exponham e seus entes queridos a sofrimento desnecessário", diz o Ministério da Defesa da Rússia.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse, em entrevista no Papo com Editor, do Broadcast Político (serviço de informação em tempo real do Grupo Estado focado na cobertura política), não acreditar que o Supremo Tribunal Federal (STF) vá paralisar a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) dos precatórios - o texto viabiliza o pagamento do Auxílio Brasil em 2022. Aprovado em primeiro turno na semana passada, a proposta será submetida à apreciação dos parlamentares em segundo turno na terça-feira (9) de manhã, afirmou Lira, para quem o placar de votação será ainda mais favorável que os 312 votos da semana passada.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o PDT, o secretário de projetos e ações do governo de São Paulo, Rodrigo Maia (sem partido- RJ), e os deputados Alessandro Molon (PSB-RJ), Joyce Hasselman (PSL-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP) e Marcelo Freixo (PSB-RJ) entraram com ações no STF com o pedido de liminar para barrar a tramitação da PEC em razão de manobras que teriam contribuído para aumentar o apoio ao texto. A ministra Rosa Weber determinou que Lira e os demais membros da mesa diretora enviem à Corte informações sobre as mudanças regimentais adotadas de última hora para a votação.

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Em paralelo, ela suspendeu temporariamente os repasses feitos pelo governo Jair Bolsonaro a parlamentares da base aliada por meio do orçamento secreto. O caso deve ser julgado pelo plenário do STF nesta semana.

Para Lira, o STF pode se pronunciar sobre a constitucionalidade da PEC dos precatórios após sua votação, mas não impedir sua votação. "O Supremo pode se pronunciar depois sobre a constitucionalidade de uma matéria, mas interferir no âmbito de uma matéria eu nunca vi acontecer e espero que não aconteça, porque os poderes se respeitam e sabem das suas atribuições e competências."

O presidente da Câmara ressaltou, porém, ter um bom relacionamento com o STF e lembrou ter atuado como "bombeiro"quando houve tensão entre o Judiciário e o presidente Jair Bolsonaro nos últimos meses. Destacou ainda que agiu da mesma forma ao longo dos protestos contra os ministros no feriado de 7 de Setembro, em que apoiadores do presidente ameaçavam invadir a sede do Supremo.

Lira disse lamentar o que considera a judicialização da política. "Com relação a medidas judiciais, eu lamento sempre quando se judicializa a política. Não pode, o tempo todo, ganhar votações de um a 312, de um a 408, de um a 360. Necessariamente, tudo que estamos tratando é matéria interna corporis do poder legislativo", disse.

Ele afirmou que a votação da PEC dos precatórios deixou de ser uma decisão técnica e se tornou um "cabo de guerra político", mas que os parlamentares não devem esquecer que a prioridade do texto é resolver o problema da fome no País.

"Quem não quer dar R$ 400 acha que isso vai influenciar no processo eleitoral e está levando isso além do aspecto socioeconômico muito forte, que é a fome. Existem 20 milhões de famílias brasileiras passando fome", afirmou. "Se nós votamos no ano passado um auxílio de R$ 600, o que é que mudou que a Câmara não quer votar o de R$ 400, um programa temporário? Se for de um ano, dois anos, três anos, eu acredito que deveria ser um tempo até maior, porque se nós tivermos condições efetivas de aprovar um programa permanente, que esse seja cancelado e que fique o permanente. Mais do que uma decisão técnica, a PEC virou um cabo de guerra político."

Em resumo, a PEC abre espaço no Orçamento de 2022, ano de eleições, de R$ 91,6 bilhões, ao adiar o pagamento de precatórios (dívidas do governo já reconhecidas pela Justiça) e mudar a correção do teto de gastos, a regra que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação. Técnicos alertam que a folga também será usada para turbinar as emendas parlamentares.

Lira defendeu os parlamentares do PDT que votaram a favor da PEC e negociaram um acordo para priorizar o pagamento das dívidas do Fundef para professores, inclusive com apoio de governadores da oposição. "Tinha primeiro o discurso dos professores, vai dar um calote na educação, vai prejudicar os professores. Então a oposição se mobilizou toda para os professores. Maior injustiça se fez com os líderes do PDT, que mantiveram sua posição tranquila do começo até o final defendendo a categoria", afirmou.

"Essa costura no Legislativo deu conforto para dizer que a Educação não será atingida, muito embora a relação dos precatórios seja do governo federal com os governos estaduais e municipais. Não temos nenhuma relação com o que vai acontecer depois, mas mesmo assim a Câmara priorizou", disse.

Lira afirmou que sempre defendeu a responsabilidade fiscal e lamentou que a cobrança do mercado e o apoio da sociedade às reformas tenham diminuído. Para ele, o ideal seria que o Congresso aprovasse um programa social permanente de apoio aos mais necessitados, em vez de um temporário.

Sobre o teto de gastos, dispositivo aprovado em 2016 que limitou o crescimento das despesas à variação da inflação, destacou que o próprio texto manteve os precatórios como despesas orçamentárias, embora eles configurem uma dívida, e que não caberia rever essa questão neste momento.

"Nós temos a situação de quem bolou o teto de gastos lá atrás. O senhor Henrique Meirelles (então ministro da Fazenda), na época o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (sem partido-RJ), os deputados votaram, os senadores votaram na PEC do teto de gastos, e nela se incluiu o precatório. Por que excepcionalizar agora, porque são R$ 90 bilhões quando não tinha previsão orçamentária para isso? E se no ano que vem vier com R$ 200 bilhões, com R$ 300 bilhões? Quem controla isso?", questionou.

Ele voltou a criticar o Senado por não ter apreciado a reforma do Imposto de Renda, que impunha uma taxação sobre dividendos que geraria os recursos necessários para o pagamento do Auxílio Brasil. "Não se pôde fazer o programa permanente, mais uma vez eu digo, porque não teve a fonte do dividendo do Imposto de Renda, mas deveria ter enfrentado", afirmou. "No ano passado votamos a PEC da Guerra, o governo gastou mais de R$ 700 bilhões fora do teto e se manteve firme. Então neste ano se temos o problema da fome, do rebote econômico e financeiro da pandemia, e ele é mundial, nós teríamos que ter enfrentado. Não foi possível, se fez uma compensação do adiamento do teto e que causa essas discussões."

Os talibãs disseram neste domingo (5) que ganharam terreno no Vale do Panshir, último grande bastião da resistência armada ao novo governo do Afeganistão, onde, de acordo com Washington, uma guerra civil pode explodir.

Desde que as tropas americanas deixaram o país em 30 de agosto, as forças do movimento islâmico lançaram várias ofensivas contra este vale de difícil acesso, localizado a cerca de 80 km ao norte de Cabul.

O Vale do Panshir é um antigo reduto antitalibã, que ficou conhecido pelo lendário comandante Ahmed Shah Massud, no final dos anos 1990, assassinado pela rede Al-Qaeda em 2001. Hoje, abriga a Frente de Resistência Nacional (FNR, na sigla em inglês).

Liderada por Ahmad Massud, filho do comandante Massud, a FNR é composta por milícias locais e por ex-membros das forças de segurança afegãs que chegaram ao vale quando o restante do país sucumbiu aos talibãs.

De acordo com a ONG italiana Emergency, presente em Panshir, as forças talibãs chegaram na noite de sexta-feira (3) a Anabah, um povoado localizado dentro deste vale.

"Várias pessoas fugiram dos povoados da região nos últimos dias", relatou a ONG em um comunicado, acrescentando que atendeu "um número reduzido de feridos no centro cirúrgico de Anabah".

No Twitter, uma autoridade talibã anunciou, por sua vez, que várias partes do Panshir já estavam em poder do grupo, enquanto Ali Maisam Nazary, porta-voz da FNR, garantiu no Facebook que a resistência "nunca fracassaria".

- "Reconstrução da Al-Qaeda"

Estas declarações contrastam com as do ex-vice-presidente Amrullah Saleh, mais sombrio, segundo o qual Panshir passa por uma "crise humanitária em grande escala", com milhares de deslocados, após "um ataque talibã".

As comunicações com o Vale do Panshir são muito complicadas, e a AFP não pôde confirmar estas informações, ou o avanço real dos talibãs nesta área, com fontes independentes.

Diante deste quadro caótico, o chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, general Mark Milley, declarou ontem (4), em entrevista à rede Fox News, que o Afeganistão entrará, "provavelmente", em uma guerra civil. Ele também alertou que estas condições podem permitir o ressurgimento de grupos terroristas no país.

"Minha estimativa militar (...) é que é provável que se deem as condições para uma guerra civil", afirmou o general.

"Acho que, no mínimo, há uma probabilidade muito forte de uma guerra civil", que pode levar a "uma reconstrução da Al-Qaeda, ou ao crescimento do EI (o grupo Estado Islâmico), ou de outros grupos terroristas", avaliou.

"É muito provável que vejamos um ressurgimento do terrorismo procedente dessa região em geral dentro de 12, 24, ou 36 meses", acrescentou.

No plano político, o anúncio sobre a composição do novo Executivo talibã, inicialmente previsto para sexta-feira, continuava sendo esperado para este domingo.

Em diferentes oportunidades, a comunidade internacional advertiu que julgará o governo talibã por seus atos, e não por suas palavras. Desde que recuperou o poder em 15 de agosto, o movimento fundado pelo mulá Omar prometeu instalar um governo "inclusivo" e garantiu que respeitará os direitos das mulheres.

A desconfiança em relação ao cumprimento destas promessas é grande - tanto em casa, quanto no exterior. No sábado, pelo segundo dia consecutivo, dezenas de mulheres se manifestaram em Cabul para exigir que seus direitos sejam respeitados e que possam participar do futuro Executivo.

No âmbito humanitário, a situação continua sendo crítica, mas as ajudas começam a chegar.

Ontem, o Catar anunciou o envio de 15 toneladas de ajuda humanitária procedente do mundo todo para o Afeganistão e disse que os voos continuarão "nos próximos dias".

Quase três semanas se passaram desde que os talibãs assumiram o controle do país, e o vaivém diplomático já começou. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, visitará o Catar de segunda a quarta-feira. O país tem estado no centro do diálogo com o novo governo afegão.

O chefe da Inteligência militar do Paquistão, Faiz Hameed, foi visto em Cabul no sábado. Especula-se que tenha se reunido com autoridades talibãs, com as quais Islamabad mantém relações estreitas.

Também no sábado, a mais de 5.000 quilômetros de distância de Cabul, a crise afegã chegou ao Festival de Cinema de Veneza, onde duas cineastas afegãs denunciaram que a chegada do Talibã ao poder mergulhará o mundo das artes em uma situação dramática.

"Em apenas duas semanas, as figuras mais brilhantes do país partiram", relatou Sahraa Karimi, 38, a primeira mulher a chefiar a Organização de Cinema do Afeganistão.

"Imagine, um país sem artistas!", lamentou ela diante de um grupo de jornalistas e cineastas, entre eles o diretor do festival, Alberto Barbera.

O Talibã, que está perto de retornar ao poder no Afeganistão, iniciou em maio uma ampla ofensiva sem encontrar grande resistência, graças à retirada das forças americanas e da Otan.

- Início da retirada das tropas -

Em 1º de maio de 2021, os Estados Unidos e a Otan iniciam a retirada de seus 9.500 soldados, incluindo 2.500 americanos, ainda presentes no Afeganistão.

Combates intensos estouram entre os talibãs e as forças do governo na região de Helmand, no sul. No norte, os insurgentes tomam o distrito de Burka, na província de Baghlan.

Em 8 de maio, um ataque a uma escola para meninas mata mais de 50 pessoas em Cabul. As autoridades atribuem o atentado, o mais mortal em um ano, ao Talibã, que nega.

Em meados de maio, os americanos se retiram da base aérea de Kandahar, uma das mais importantes do Afeganistão.

- Avanço -

Os talibãs tomam dois distritos da província de Wardak, perto de Cabul, antes de conquistarem dois distritos da importante província de Ghazni.

Em 19 de junho, diante do rápido avanço dos insurgentes, o presidente afegão Ashraf Ghani nomeia novos ministros do Interior e da Defesa.

No dia 22, o Talibã toma o posto fronteiriço de Shir Khan Bandar (norte), o principal acesso ao Tadjiquistão. Centenas de soldados afegãos derrotados fogem para o território tadjique.

Os insurgentes assumem o controle das outras passagens para o Tadjiquistão, bem como os distritos que conduzem a Kunduz, capital da província de mesmo nome.

- Americanos deixam Bagram -

Em 2 de julho, as tropas americanas e da Otan devolvem ao Exército afegão a base aérea de Bagram, o centro nevrálgico das operações da coalizão, 50 km ao norte de Cabul.

No dia 4, o Talibã conquista o distrito-chave de Panjwai, a cerca de quinze quilômetros de Kandahar (sul).

- Primeira capital provincial atacada -

No dia 7, o Talibã entra em Qala-i-Naw, a primeira capital de uma província - a de Badghis (noroeste) - atacada pelos insurgentes.

No dia seguinte, o presidente dos EUA, Joe Biden, declara que a retirada de suas forças será "concluída até 31 de agosto".

No dia 9, os talibãs afirmam controlar dois grandes postos de fronteira, com o Irã e o Turcomenistão, na província de Herat (oeste).

De acordo com Moscou, os insurgentes controlam a maior parte da fronteira do Afeganistão com o Tadjiquistão.

- Aeroporto protegido -

Em 11 de julho, as autoridades anunciam que o aeroporto de Cabul está protegido de foguetes e mísseis por um "sistema de defesa aérea".

No dia 13, depois da Alemanha, a França convoca seus cidadãos a deixar o Afeganistão.

O Talibã apreende no dia seguinte um importante posto de fronteira com o Paquistão, no sul.

- Grandes cidades ameaçadas -

Em 27 de julho, a Otan pede uma solução negociada para o conflito, enquanto a ONU alerta para um número "sem precedentes" de vítimas civis.

Em 2 de agosto, Ashraf Ghani atribui a deterioração da situação militar à "repentina" retirada americana, em um momento em que várias grandes cidades estão sob ameaça direta dos insurgentes.

As embaixadas americana e britânica em Cabul acusam o Talibã de ter "massacrado dezenas de civis" no distrito de Spin Boldak, no sul.

No dia seguinte, um ataque contra o ministro da Defesa, o general Bismillah Mohammadi, mata oito civis em Cabul. É reivindicado pelo Talibã, que ameaça outras ações direcionadas em resposta aos bombardeios aéreos do Exército.

- Conquistas estratégicas -

No dia 6, o Talibã conquista sua primeira capital provincial, Zaranj (sudoeste).

Nos dias seguintes, várias grandes cidades do norte caem: Sheberghan, Kunduz, Sar-e-Pul, Taloqan, Aibak e Pul-e Khumri (província de Baghlan), Faizabad, assim como Farah (oeste).

No dia 10, Joe Biden diz não lamentar sua decisão de deixar o Afeganistão, estimando que os afegãos "devem lutar por si próprios".

No dia 11, centenas de membros das forças de segurança se rendem ao Talibã perto de Kunduz.

O presidente Ashraf Ghani chega à cidade sitiada de Mazar-i-Sharif para tentar coordenar a resposta.

- Herat, Kandahar e Mazar-i-Sharif -

No dia 12, o Talibã apreende Ghazni, 150 km a sudoeste de Cabul, depois Herat, a terceira maior cidade do Afeganistão.

Os Estados Unidos e o Reino Unido anunciam o envio de milhares de soldados a Cabul para evacuar diplomatas e cidadãos. Outros membros da Otan também anunciam a evacuação de funcionários de suas embaixadas.

No dia seguinte, o Talibã toma Pul-e-Alam, capital da província de Logar, apenas 50 quilômetros ao sul de Cabul, após tomar Lashkar Gah, capital de Helmand, e Kandahar, a segunda cidade do país.

No dia 14, Ashraf Ghani promete remobilizar o Exército contra o Talibã.

Mas nas horas que se seguiram, os insurgentes conquistam sucessivamente Mazar-i-Sharif (norte) e Jalalabad (leste), a última grande cidade ainda controlada pelo governo.

Neste dia 15, às portas de Cabul, estão prestes a retomar o poder. Seus combatentes receberam ordens de não entrar, enquanto o governo prometeu uma transição pacífica de poder.

Diante de um novo foco de crise provocado pelo baixo volume de liberações do Bolsa Família no Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro prepara uma ofensiva para não ver deteriorado seu capital político na região dominada pelo lulismo. Uma viagem de Bolsonaro a Mossoró (RN) está prevista para esta quinta-feira (12) e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, discutirá um plano de ação com líderes locais ao longo desta semana.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filho do presidente, também vai se dedicar à região ao longo do ano. Antes focado em viagens internacionais na condição de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo planeja fazer com que nordestinos construam candidaturas de direita, alinhadas com o pai.

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"Um efeito reflexo (das visitas) seriam boas candidaturas para 2022, mas o efeito principal é que eu realmente acredito que, com um trabalho de formiguinha, a gente consiga fazer as pessoas se descobrirem e serem conservadoras. A maioria dos brasileiros é, só não sabe", disse ele ao jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado General Girão (PSL-RN) deverá acompanhar Eduardo Bolsonaro em agendas. "Não tenho dúvida de que o Nordeste, hoje, é um celeiro promissor para o Brasil poder alavancar e voltar a ocupar lugar de destaque no cenário internacional", afirmou Girão.

Não é a primeira vez que o governo Bolsonaro tenta dedicar atenção especial ao Nordeste. Mas algumas investidas foram frustradas, como a do comitê montado no ano passado na Casa Civil para destravar obras no semiárido. Outras, como o Agronordeste, programa de desenvolvimento econômico e social do meio rural, não convenceram.

A região rendeu a Jair Bolsonaro seu pior desempenho no segundo turno das eleições de 2018 e a suspeita de existir uma "trava política" no Bolsa Família ajudou a piorar a relação.

Conforme o Estadão/Broadcast revelou, o Nordeste só recebeu 3% dos novos benefícios concedidos no mês de janeiro de 2020. Por outro lado, Sudeste e Sul foram priorizadas nas novas concessões e reuniram 75% dos benefícios liberados no primeiro mês deste ano. A revelação provocou reação de parlamentares e governadores da região.

Para além da pauta de costumes e ideológica, o que governistas apontam como ações principais são o projeto de dessalinização da água, a ser adotado com tecnologia israelense, e o próprio Agronordeste. Mesmo os deputados nordestinos bem relacionados com o Executivo veem falta de medidas concretas para desenvolver a região, que concentra 46% da população pobre do País.

Coordenador da bancada federal do Nordeste, o deputado Júlio Cesar (PSD-PI) avalia que uma das ações "mais simpáticas" foi a escolha de Rogério Marinho para o Ministério do Desenvolvimento Regional. "No governo é praticamente irrelevante a presença do Nordeste, que tem 27,5% da população. A presença era muito anêmica", afirmou.

Articulação

Marinho convidou lideranças para reuniões nesta semana, em Brasília. O objetivo é discutir "interação" e "articulação" entre governo e sociedade civil para "potencializar o desenvolvimento" dos Estados da região. Potiguar, Marinho foi nomeado pelo presidente para o cargo em aceno aos nordestinos.

A chegada do ministro empolgou a bancada. Em reunião com líderes capitaneada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o deputado Raul Henry (MDB-PE) apresentou um diagnóstico com propostas para os nove Estados da região. O estudo foi inspirado em ações desenvolvidas pela Europa para desenvolver regiões apartadas, como a Alemanha Oriental.

Henry se diz insatisfeito com as providências conhecidas até aqui. "Não tem nada proposto. O mercado vai para onde tem renda, capital humano, infraestrutura e cadeia de fornecedores. Se o mercado resolvesse, não teríamos menor renda per capita há 100 anos. Tem que haver investimento em infraestrutura e em formação de gente", disse ele.

Há pouco tempo no cargo - Marinho substituiu Gustavo Canuto no Desenvolvimento Regional em fevereiro -, o novo ministro terá reuniões de trabalho com agências governamentais que lidam especificamente com assuntos de interesse do Nordeste. Os compromissos farão parte da "Semana + Nordeste", que acontece até o dia 14.

Outra frente de atuação do governo é por meio do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE), que tramita no Congresso, com iniciativas que devem ser desenvolvidas na área da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). "É um plano com muita coisa genérica, e sem orçamento", avaliou Henry.

A Turquia confirmou, neste domingo (1º), o lançamento de uma grande ofensiva militar contra o regime sírio, que teve dois de seus aviões abatidos, enquanto mantém a pressão sobre a Europa, deixando milhares de migrantes passarem para a Grécia.

Após semanas de escalada na região de Idlib, no noroeste da Síria, Ancara anunciou a operação "Escudo da Primavera" contra o regime de Bashar al-Assad, que sofreu pesadas perdas nos ataques turcos nos últimos dias.

Sinal da intensificação dos combates, dois aviões de regime sírio e um drone turco foram abatidos em Idlib neste domingo, informaram Ancara e o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Em busca de apoio ocidental, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan abriu as portas da Europa aos migrantes que, aos milhares, continuavam a se dirigir à fronteira grega. À medida que a situação na Síria se complica, o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, enfatizou que Ancara não busca um confronto com Moscou, poderoso aliado do regime sírio.

O objetivo da ofensiva turca, segundo ele, é "acabar com os massacres do regime e impedir uma onda migratória". A Turquia multiplicou desde sábado os ataques com drones contra posições do regime sírio, mas é a primeira vez que anuncia oficialmente uma operação mais ampla.

- Tensões russo-turcas -

A operação foi lançada na quinta-feira após a morte de 33 soldados turcos em ataques aéreos atribuídos ao regime, as maiores perdas sofridas por Ancara desde o início de sua intervenção na Síria em 2016.

Na sexta e no sábado, quase 90 soldados e combatentes de grupos aliados a Damasco foram mortos em ataques turcos, segundo o OSDH. Nesse clima volátil, o exército sírio alertou neste domingo que abateria qualquer aeronave "inimiga" na região de Idlib.

Com o apoio da força aérea russa, o regime sírio conduz desde dezembro uma ofensiva para retomar a região, a última fortaleza rebelde e jihadista na Síria.

Essa ofensiva causou atrito entre Ancara e Moscou. Embora a Turquia apoie certos grupos rebeldes e a Rússia apoie o regime, os dois países vêm fortalecendo sua cooperação nos últimos anos.

No sábado, o presidente Erdogan pediu ao russo Vladimir Putin que "saia do caminho" da Turquia na Síria e garantiu que o regime de Damasco "pagará o preço" por seus ataques. Segundo a imprensa turca, os dois chefes de Estado devem se reunir em Moscou na quinta-feira para discutir a situação em Idlib.

Nesse contexto de tensões, o editor e três colaboradores na Turquia do veículo de comunicação russo Sputnik, financiado pelo Kremlin, foram presos pelas autoridades turcas. Moscou apelou a Ancara para "intervir e garantir a segurança dos jornalistas". A escalada em Idlib suscita temores da comunidade internacional, em vista de uma situação humanitária catastrófica.

Desde dezembro, quase um milhão de pessoas foram deslocadas nessa região, um êxodo de escala sem precedentes em tão pouco tempo desde o início, em 2011, da guerra que já matou mais de 380.000 pessoas.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Mark Esper, alertou a Turquia sobre as sérias consequências de sua ofensiva na Síria e incentivou o país a interromper essas operações, informou o Pentágono nesta sexta-feira (11).

Em uma conversa por telefone com o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, Esper encorajou Ancara a "interromper suas operações no nordeste da Síria", afirmou o Pentágono em um comunicado.

"Este ataque representa um risco de graves consequências para a Turquia", acrescentou o funcionário.

Pelo menos 392 pessoas morreram e 1.936 ficaram feridas na Líbia desde o início da ofensiva em 4 de abril do marechal Khalifa Haftar em Trípoli, sede do governo do Acordo Nacional (GNA), segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde.

Os combates obrigaram 50 mil pessoas a deixar suas casas, informou, por sua vez, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

O ministro da Educação da Líbia, Othman Abdel Jalil, também presidente do comitê de crise do governo, mencionou na quinta-feira a cifra de 55 mil pessoas deslocadas, representando 11 mil famílias.

Desde o início da ofensiva, os combates foram registrados no subúrbio ao sul e ao redor de Trípoli.

A maioria dos que fogem dos combates encontram refúgio entre seus parentes ou amigos e, portanto, não são registrados por organizações oficiais, indicaram as diferentes organizações humanitárias.

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