A Ucrânia resiste a uma ofensiva russa de "alta intensidade" na cidade de Soledar, para onde a Rússia enviou mais tropas — disse a vice-ministra da Defesa, Ganna Malyar, na manhã desta sexta-feira (13).
"As hostilidades continuam. O inimigo lançou quase todas as suas forças principais para a região de Donetsk e mantém uma ofensiva de alta intensidade", afirmou Malyar no Telegram, depois de garantir que a noite foi difícil.
O Conselho de Segurança da ONU está programado para se reunir às 20h GMT (17h no horário de Brasília) para discutir a situação na Ucrânia, 11 meses após o início da invasão russa.
Os russos tentam incansavelmente conquistar esta área do leste da Ucrânia, com os olhos voltados, em especial, para Bakhmut, 15 quilômetros a sudoeste de Soledar.
A vice-ministra ucraniana considerou que "é uma fase difícil da guerra. Mas nós vamos ganhar", prometeu.
A captura de Soledar, que tinha 10 mil habitantes antes do conflito, mas agora está totalmente devastada, significaria uma vitória militar simbólica para Moscou, depois dos reveses sofridos por suas tropas desde setembro.
Os combates dentro e ao redor de Soledar duram vários meses, mas sua intensidade aumentou consideravelmente nos últimos dias. O Exército ucraniano luta nesta pequena cidade conhecida por suas minas de sal contra mercenários do grupo paramilitar russo Wagner.
"Nossos combatentes estão tentando bravamente manter nossa defesa", afirmou Malyar.
- "Tudo o que for preciso" -
Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), organização sediada nos Estados Unidos que acompanha os combates em tempo real, "as forças russas provavelmente capturaram Soledar em 11 de janeiro", ou seja, na quarta-feira.
Em apoio à sua afirmação, o ISW cita "fotos geolocalizadas divulgadas em 11 e 12 de janeiro" que "indicam que as forças russas provavelmente controlam a maior parte, se não toda, de Soledar e provavelmente expulsaram as forças ucranianas da periferia ocidental da cidade".
De acordo com o ISW, porém, a captura da pequena cidade "não anunciaria um cerco iminente de Bakhmut" e "não permitirá que as forças russas exerçam controle sobre importantes linhas terrestres ucranianas de comunicação" com a principal cidade da área.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, prometeu na quinta-feira (12) entregar todo material militar necessário para defender Soledar e Bakhmut — 15 km de distância —, uma grande cidade do leste que também resiste há semanas à ofensiva militar russa e que Moscou tenta conquistar desde o verão boreal.
O chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, afirmou na quarta-feira que seus homens controlavam Soledar, mas tanto o Kremlin quanto as autoridades ucranianas rapidamente negaram.
A Rússia lançou sua ofensiva nesta área de Donetsk depois de sofrer vários contratempos que levaram o presidente russo, Vladimir Putin, a mobilizar centenas de milhares de reservistas e a lançar uma campanha de bombardeios contra as infraestruturas energéticas.
Ontem, o Exército ucraniano disse que repeliu ataques em mais de uma dúzia de cidades na região.
Para reverter o rumo do conflito, a Rússia substituiu novamente o comandante de sua ofensiva na Ucrânia, desta vez nomeando o general Valeri Gerasimov, chefe do Estado-Maior do Exército, interlocutor direto do presidente Putin. Gerasimov substituiu Sergei Surovikin, que havia aceitado o cargo há três meses.