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Presente na tradicional simulação da Marinha em Formosa, no estado de Goiás, nessa segunda-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reafirmou o compromisso das Forças Armadas com a democracia e sua importância para a 'tranquilidade' entre os Poderes. Ele garantiu que as instituições de Defesa jamais vão motivar qualquer ruptura institucional.

Em discurso aos militares que participaram do treinamento, Bolsonaro afirmou que "jamais nós seremos os motivadores de qualquer ruptura ou medidas que tragam intranquilidade para o povo brasileiro". Apesar de se incluir como integrante das Forças Armadas, o ex-militar acrescentou que elas "são de todos nós. Elas dão suporte aos três Poderes. Qualquer movimento nosso visa exclusivamente a defesa da Pátria".

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O chefe do Executivo destacou que o Brasil é uma potência democrática e ainda comentou que suas poucas horas de sono tranquilo se dão por "saber que em qualquer lugar do Brasil tem um militar atento ao que está acontecendo e pronto para trabalhar pela nossa democracia, pela nossa liberdade, pelas garantias dos Poderes. O Brasil precisa de paz, tranquilidade e harmonia. Precisa que todos, sem exceção, respeite a Constituição".

Apoio ao Haiti

O convite para acompanhar a instrução gerou controvérsia com o desfile de veículos militares em Brasília no dia da votação da PEC do voto impresso na Câmara. Porém, o presidente salientou a importância da operação simulada e disse que o país foi chamado para ajudar na reconstrução do Haiti, que perdeu mais de 1.400 pessoas e soma mais de 2.800 feridos após dois terremotos de 7.2 e 5.9 nesse fim de semana.

"Esse adestramento, feito a mais de 30 anos, passava-se de forma desapercebida. As nossas Forças Armadas têm dado operações práticas no mundo todo, como agora estamos novamente sendo solicitados a uma missão de socorro humanitário no Haiti", comunicou.

Ministros no evento

Além dos correligionários, o presidente foi acompanhado pelos ministros militares da Defesa, Braga Netto, que pressionou divulgou um comunicado para pressionar o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM), e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que nesta segunda (16) asseverou a possibilidade de intervenção militar pelo art. 142 da Constituição Federal.

A comitiva também foi composta pelo novo ministro da Casa Civil e presidente do PP, Ciro Nogueira, e pelos ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, do Turismo, Gilson Machado.

Durante visita ao Recife nesta segunda-feira (16), o ex-presidente Lula (PT) afirmou que as Forças Armadas têm o seu papel definido na constituição e que, se eleito em 2022, vai fazer com que esse papel seja cumprido. "As Forças Armadas existem para defender a soberania nacional contra possíveis inimigos externos", salienta.

"Ela tem que tomar conta da nossa fronteira terrestre, marítima, do espaço aéreo e precisa proteger o povo brasileiro. É isso que ela precisa fazer, e não se meter em política. Se quiser se meter, tire a farda, vire um cidadão comum e pode ser candidato a qualquer coisa", defende o petista.

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Lula afirmou que não está em conversa com nenhum integrante das Forças Armadas para um possível apoio em 2022 e que eles devem respeitar a Constituição. "Quando eu ganhar eu vou conversar, porque vou ser chefe deles e vou dizer o que penso e qual o papel deles", assegura.

O ex-presidente ainda aproveitou para falar que quase seis mil militares estão em cargos de confiança no governo de Jair Bolsonaro (sem partido) por incompetência do presidente. "Ele adora ter contato com essa gente. São milicianos, aposentados das Forças Armadas, e eu sinceramente acho que o que ele está fazendo com as Forças Armadas é um desprestígio à instituição. Eu quero que elas sejam fortes, estejam bem preparadas. O que não pode é um presidente ficar dando emprego, que é da área pública e civil, colocando militar da reserva. Tem mais coronéis e generais no governo do que nos quartéis", pontua. 

Para o ex-presidente Lula, o número de militares no governo acontece porque o Bolsonaro é "medroso". 

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados promove audiência pública, na terça-feira (17), com a participação da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional e da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, para ouvir o ministro da Defesa, Braga Netto.

A pedido do deputado Elias Vaz (PSB-GO), o ministro foi convidado para prestar esclarecimentos sobre nota oficial assinada por ele e pelos comandantes das Forças Armadas, publicada em 7 de julho, para repudiar declarações do senador Omar Aziz (PSD-AM) sobre a conduta de alguns militares envolvidos em casos suspeitos de corrupção no governo federal.

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"Ao nosso ver, esse tipo de manifestação configura claramente uma verdadeira intimidação não só ao senador Omar Aziz, mas ao Parlamento brasileiro", diz o deputado.

Já os deputados Rogério Correia (PT-MG), Paulão (PT-AL), Arlindo Chinaglia (PT-SP), Henrique Fontana (PT-RS), David Miranda (Psol-RJ) e Odair Cunha (PT-MG) pedem explicações sobre supostas afirmações do ministro feitas a interlocutores condicionando a realização de eleições à adoção do voto impresso como forma de promoção de auditoria da referida eleição.

O debate com o ministro será realizado às 9h30, no plenário 13.

*Da Agência Câmara de Notícias

 

A maior parte dos parlamentares pernambucanos na Câmara dos Deputados votou contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que buscava implementar o voto impresso como um suposto complemento às urnas eletrônicas brasileiras. A mudança foi derrotada durante a sessão realizada na noite desta terça-feira (10).

Para a deputada federal Marília Arraes (PT-PE), que fez oposição à PEC defendida pelo atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a votação “foi fundamental para defender a nossa democracia”. Ao LeiaJá, a parlamentar ressaltou ainda que “o atual modelo de votação é seguro e o objetivo de quem defende essa mudança no processo eleitoral é criar desinformação entre a população”.

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Também na mesma direção do que tem afirmado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas últimas semanas, Carlos Veras (PT-PE), foi outro parlamentar a votar contra e questionar as motivações por trás da defesa do voto impresso.

“A urna eletrônica é auditável, segura e não é conectada à internet, o que impede qualquer invasão de hacker. Acreditamos que arquivamos de vez esse retrocesso no Congresso Nacional, que consistia em voltar às contagens manuais de votos nos próprios locais de votação, como queria o texto do relator”, defendeu.

A sessão que decidiu por enterrar a possível mudança institucional ocorreu no mesmo dia em que as Forças Armadas desfilaram com blindados e tanques de guerra nos arredores da Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), a poucos metros de distância do Congresso.

Parte dos parlamentares interpretou o gesto como uma ação ofensiva do presidente, presente na manifestação, ao lado dos militares. O deputado Tadeu Alencar (PSB-PE), por exemplo, que também posicionou-se contra a proposta, ressaltou a importância de “discutir serenamente o aprimoramento do sistema”, “mas não sob ameaças”.

“Essa discussão poderia ter outra conotação, se deslocada das reiteradas manifestações do presidente da República, não só de desapreço pela democracia como de investidas golpistas que merecem o mais enérgico repúdio. Dizer que não haveria eleições se o voto impresso não fosse aprovado - com fraudes jamais verificadas - e ainda mais com tanques na rua, merecia, como mereceu, a manifestação da Câmara dos Deputados, como recebeu antes do STF e de amplos setores da vida brasileira”, pontuou, relembrando as mais recentes declarações de cunho antidemocrático feitas por Bolsonaro.

Em seu Twitter, Felipe Carreras (PSB-PE), também deputado, disse acreditar que “nosso sistema atual [urnas eletrônicas] é um sistema consolidado, que nunca foi questionado e que já elegeu presidentes de esquerda e de direita”. De acordo com ele, o voto impresso poderia custar até R$ 2,5 bilhões aos cofres públicos.

Outro político a fazer coro ao lado da oposição pernambucana foi Túlio Gadelha (PDT-PE), cujo entendimento é de que a PEC não tem “nenhuma relevância” para o país, sobretudo no ambiente de acirramento das crises social e econômica. “Primeiro eu gostaria de externar a tristeza de ter um projeto sem relevância nenhuma sendo debatido na Câmara em um momento como esse, de desemprego altíssimo, queimadas na Amazônia e boa parte da população, 18 milhões, estarem em situação de insegurança alimentar”.

“Infelizmente, nós tivemos ainda 229 parlamentares que votaram a favor do voto impresso e, inclusive, a gente questionou esses parlamentares: se eles desconfiam das urnas eletrônicas, deveriam ser coerentes com essas posições e renunciarem aos seus mandatos”, disse.

 

O general da reserva, Francisco Mamede de Brito Filho, ex-chefe do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP) no governo Jair Bolsonaro (sem partido), pediu desculpa aos artistas de circo pelo desfile dos blindados nesta terça-feira (10), em Brasília.

"Com todo o respeito devido aos artistas de circo e teatro mambembe, o que vimos foi a ultrajante transmutação de comandantes militares em profissionais do gênero para oferecer um triste espetáculo de subserviência e anacronismo. Decepção é o que sinto como militar da reserva", revelou.

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Em seu discurso de abertura da CPI da Covid-19 desta terça-feira (10), o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Segundo ele, o desfile de blindados realizado também na manhã desta terça pela Marinha em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília (DF), foi uma “cena patética” e “que mostra apenas uma ameaça de um fraco que sabe que perdeu”.

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Os artigos bélicos do Exército circularam pela Esplanada dos Ministérios e pelos arredores da praça dos Três Poderes, onde ficam as sedes do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). As instituições, inclusive, têm sido alvo de críticas antidemocráticas do presidente.

 

O ex-presidente Lula (PT) usou as redes sociais, nesta terça-feira (10), para criticar a relação do atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (sem partido), com as Forças Armadas do país. Segundo o petista, “se militar quiser fazer política ele renuncia o cargo, tira a farda e se candidata”.

“Não tem carta pra conversar com militares. Se tivesse carta seria para o povo brasileiro e dentro disso estão os militares. Se militar quiser fazer política ele renuncia o cargo, tira a farda e se candidata. Não tem problema”, postou Lula em seu Twitter.

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O ex-presidente disse ainda que “Bolsonaro se comporta como se as Forças Armadas fosse um objeto particular dele, como se fosse um brinquedo”. A fala acontece no mesmo dia em que Jair Bolsonaro acompanhou de um desfile de blindados no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), ao lado da Marinha e Forças Armadas.

O presidenciável falou também sobre o papel das Forças, que, de acordo com ele, deveriam estar “cuidando da nossa soberania, dentro da Constituição”. Caso eleito em 2022, Lula garantiu que não dará nenhum tipo de privilégio aos militares.

“Não tem conversa especial com Forças Armadas, vou tratá-los com respeito, como temos que tratar todas as instituições. Isso que aconteceu hoje foi uma coisa patética. Se o Bolsonaro queria uma foto com militar era só ter visitado um quartel”, disse, se referindo ao desfile, que ocorre no mesmo dia em que a PEC do voto impresso será votada na Câmara.

Acompanhe no Twitter:

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O deputado federal Túlio Gadelha (PDT) solicitou à presidência do Congresso o isolamento do trânsito no entorno, na tentativa de impedir o desfile dos tanques de guerra planejado para acontecer nesta terça-feira (10), mesmo dia que a PEC do voto impresso vai ser votada pelos parlamentares.

O desfile foi entendido por boa tarde dos políticos como uma forma do presidente tentar mostrar força e conseguir votos a favor da proposta que ele tanto defende. 

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"Já que Bolsonaro quer brincar de desfile de tanques de guerra no dia da votação da PEC do voto impresso, solicitei à presidência do Congresso o isolamento do trânsito no entorno, para que o desfile aconteça apenas para o Bolsonaro, único interessado", afirmou o pedetista.

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Outro parlamentar pernambucano a criticar a medida foi o senador Humberto Costa, que manifestou repúdio ao desfile militar.

O senador Humberto Costa (PT) manifestou o seu repúdio diante do desfile de tanques de guerra que acontecerá em Brasília nesta terça-feira (10). Humberto diz que, ao invés de se preocupar com questões cruciais do país, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está preocupado em demonstrar força descabida.

"Um comboio de veículos blindados, com tanques de guerra e lança-mísseis, atravessará a Esplanada dos Ministérios para estacionar no Palácio do Planalto só para entregar um convite para Bolsonaro assistir a um exercício das Forças Armadas na próxima semana", explicou o petista.

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Humberto alerta que o presidente "vai cercar o Congresso para intimidar os parlamentares diante da votação do voto impresso, que ocorre amanhã na Câmara. É preciso reagir a esse absurdo", pontua.

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O ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, desmentiu, em nota, a reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo nesta quinta-feira (22). Segundo ele, “trata-se de mais uma informação que gera instabilidade entre os Poderes da República em um momento que exige a união nacional”.

"Hoje foi publicada uma reportagem na imprensa que atribui a mim mensagens tentando criar uma narrativa sobre ameaças feitas por interlocutores ao presidente de outro Poder. O Ministro da Defesa não se comunica com os presidentes dos Poderes por meio de interlocutores. Trata-se de mais uma desinformação que gera instabilidade entre os poderes da República em um momento que exige a união nacional", disse o ministro.

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"O Ministério da Defesa reitera que as Forças Armadas atuam sempre e sempre atuarão dentro dos limites previstos na Constituição", completou.

Apesar disso, Braga Netto frisou que a discussão sobre o voto impresso é “legítima” e está sendo avaliada no Congresso.

"A discussão sobre o voto eletrônico-auditável por meio de comprovante impresso é legítima, defendida pelo governo federal e está sendo analisada pelo parlamento brasileiro, a quem compete decidir sobre o tema", concluiu o ministro.

Veja a nota na íntegra:

Entenda o caso

Segundo o Estadão, o ministro da Defesa fez ameaças às eleições de 2022 que teria motivado uma reunião entre o presidente da Câmara Arthur Lira, que também já se manifestou sobre o suposto episódio através das redes sociais, com o presidente Jair Bolsonaro. O jornal afirmou que o general teria dito, acompanhado de outros chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que as eleições só aconteceriam se o voto impresso fosse aprovado.

Dos 302 atletas do Time Brasil, 91 são militares, o que corresponde a 30% da equipe. A proporção nos Jogos de Tóquio é equivalente à participação no Rio-2016, quando dos 465 que integraram a delegação brasileira, 145 eram militares em 27 modalidades. Como efeito de comparação, na Olimpíada de Londres, em 2012, de um total de 259 atletas, 51 eram militares, o que significava 19% da delegação do País à época.

Os militares são integrantes do Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) do Ministério da Defesa, que vão competir em 21 das 46 modalidades do programa olímpico no Japão. E muitos são candidatos à medalha em várias modalidades. São os casos, por exemplo, de Beatriz Ferreira (boxe, terceiro-sargento da Marinha), Arthur Nory (ginástica, terceiro-sargento da Força Aérea), Duda Lisboa (vôlei de praia, terceiro-sargento do Exército) e Ana Marcela da Cunha (maratona aquática, terceiro-sargento da Marinha).

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Na Olimpíada do Rio, atletas militares conquistaram 13 das 19 medalhas do Brasil, o correspondente a 68% dos pódios do Brasil. Em Londres, eles conseguiram cinco medalhas.

O Ministério da Defesa gasta aproximadamente R$ 38 milhões por ano com 549 atletas do PAAR, mas o montante pode oscilar dependendo do desligamento de alguns militares ou incorporação de outros ao programa. O valor inclui salário, assistência médica e locais de treinamento nas instalações esportivas localizadas em organizações militares das Forças Armadas. O soldo recebido pelos atletas das Forças Armadas gira em torno de R$ 4 mil, dependendo da patente e da corporação.

Criado em 2008, o programa considera os resultados em competições nacionais e internacionais e as medalhas para incluir novos atletas. Assim, para ser um atleta das Forças Armadas é preciso fazer parte da elite do esporte. Mesmo em um cenário marcado pela retração de gastos nas esferas pública e privada por causa da pandemia de covid-19, sob o governo do presidente Jair Bolsonaro os investimentos nos atletas militares não foram prejudicados.

Em meio às dificuldades impostas pela pandemia tanto do ponto de vista financeiro quanto técnico, o auxílio das Forças Armadas acabou sendo fundamental para atletas como Gabriel Constantino, atual recordista sul-americano nos 110m com barreiras (13s18) e terceiro-sargento do Exército. "Tivemos diversas adaptações e não seria possível treinar com tão alta performance. Continuei mantendo meus treinos, fisioterapia, acompanhamento médico e com nutricionista", disse.

Keno Marley, de 21 anos, boxeador meio-pesado (até 81kg) e também terceiro-sargento do Exército, é outro atleta que destaca a importância das Forças Armadas em sua preparação para os Jogos. "Estou me preparando há bastante tempo. O PAAR tem uma importância grande, porque consigo me manter no esporte e com alto rendimento", disse o vice-campeão nos Jogos Pan-Americanos Lima, em 2019, que deixou o interior da Bahia, seu Estado natal, para se dedicar ao boxe em São Paulo com apenas 13 anos.

No ano passado, com os centros de treinamento fechados por causa do novo coronavírus, instalações das Forças Armadas serviram como tábua da salvação para dezenas de atletas militares manter uma rotina mínima de trabalho na tentativa de eles não prejudicarem o condicionamento físico durante a pandemia. Entre as estruturas que receberam atletas naquele período estão o CEFAN (Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes), da Marinha, e a EsEFEx (Escola de Educação Física do Exército), ambos localizados no Rio.

"É um orgulho ter essa oportunidade de disputar os Jogos Olímpicos e fazer parte da Marinha. Fico mais confiante, com o apoio recebido, para realizar um sonho que é trazer uma medalha e estar no pódio", disse a líder do ranking mundial de boxe Beatriz Ferreira.

Se a pugilista e os demais atletas bem cotados à medalha subirem ao pódio em Tóquio, eles deverão bater continência na hora do hino nacional e hasteamento da bandeira. "Essa polêmica sobre a alusão da continência com patrocinador já está superada e há um consenso geral de que o gesto não tem o cunho de propaganda ou manifestação política. Aqueles que o fizerem estarão prestando uma saudação voluntariamente, sem qualquer cobrança de seus superiores. A continência é uma saudação formal entre militares aos símbolos nacionais", disse o major-brigadeiro do ar José Isaias Augusto de Carvalho Neto, diretor do Departamento de Desporto Militar.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se depara com o pior momento de sua gestão no mês de julho. A rejeição, que no último dia 9, sinalizava que 51% dos brasileiros consideravam seu governo ruim ou péssimo, de acordo com o Instituto Datafolha, caiu para 48% (Ideia) na última sexta-feira (16), após o chefe do Executivo ser internado para exames médicos que, segundo ele, teriam ligação com o atentado sofrido em 2018 durante o período eleitoral.

Mesmo com a oscilação, Bolsonaro ainda precisa lidar com a crise política agravada pela má condução da pandemia no Brasil. O presidente é alvo de dois inquéritos no Supremo: um por suspeita de interferência na Polícia Federal para favorecer aliados e outro por prevaricação - este último tem ligação com a suspeita de que o mandatário não teria feito nada quando alertado sobre irregularidades na compra da Covaxin, vacina indiana contra a Covid-19.

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Além disso, às vésperas das eleições de 2022, manifestações nacionais de rua pedem o impeachment do presidente. Concomitantemente, a assombrosa taxa de desemprego, que atinge 14,7% da população brasileira, quase 15 milhões de pessoas sem trabalho, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), acentua a situação de pobreza extrema no país.

Na direção oposta, o chamado “núcleo duro” do mandatário, que se concentra nas regiões Norte e Centro-Oeste, e usufrui de uma renda mensal que vai de cinco a dez salários mínimos, segundo o Datafolha, permanece disposto a credibilizar as ações do presidente, que abusa do discurso golpista e contra as urnas eletrônicas para impulsionar uma possível reeleição.

O LeiaJá conversou com Jorge Oliveira Gomes, doutorando em Ciência Política pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e professor na FACAL e FAESC, para entender em quais setores Bolsonaro ainda se apoia.

LJ: É possível dizer que o presidente “esperava” um mandato turbulento ou foi pego de surpresa?

J.O.G: Bolsonaro sempre foi um político dependente de situações "turbulentas" para se destacar. A polêmica, a crise, a instabilidade, servem de fermento para ele. Ele sabe disso intuitivamente. Porém, cometeu um erro de cálculo: achou que essa postura divisiva e belicosa também lhe seria benéfica num contexto de pandemia. A questão é que, nesses contextos, a população quer um líder que pregue união, esforços coletivos e soluções minimamente técnicas. Bolsonaro apostou no que sempre deu certo para ele: o caos. Porém, na pandemia, isso não funcionou. Foi fator determinante para a crise atual a gestão amadora do Executivo durante a pandemia. Agora que a situação se estabilizou, ele voltou com a velha cantilena do voto impresso,  basicamente mais uma toada para gerar confusão e clima de insegurança. Esse tipo de estratégia, no entanto, tem limites, porque uma hora a população cansa.

LJ: Quais são as bases de sustentação do governo Jair Bolsonaro após dois anos e meio de mandato? E por que esses setores dão apoio ao presidente?

J.O.G: Bolsonaro tem um núcleo duro de apoiadores aficionados muito resilientes, mas cada vez menor. Quanto mais esse grupo se sente acuado, mais se torna coeso e vocal. As bases de sustentação atual do presidente são as Polícias Militares, os evangélicos e pessoas preocupadas com valores ditos "tradicionais". Houve debandada dos lava-jatistas após as acusações de corrupção, bem como de alguns setores das Forças Armadas, preocupados com os custos reputacionais do apoio irrestrito ao presidente. A força do bolsonarismo no Centro-oeste e no Norte se dá por alguns fatores, como a força do agronegócio e as fronteiras com outros países, o que aumenta o receio da população local em relação ao tráfico, violência e imigração, temas nos quais Bolsonaro ainda consegue seduzir a população. 

LJ: O ministro do STF Alexandre de Moraes enviou ao TSE, no último dia 14, evidências das investigações sobre o disparo de fake news e dos atos antidemocráticos que ocorreram durante o ano passado. Pode-se afirmar que uma “cruzada” anti-bolsonarista está se formando nos Poderes? Como interpretar isso?

J.O.G: Acredito que não. No geral, as reações institucionais ao bolsonarismo ainda são muito tímidas. Bolsonaro aparelhou diversas instituições de controle. O STF, com todos os seus problemas, tem tido um papel fundamental e importante como força contramajoritária nesse processo, mas há receio da Corte de "esticar demais a corda", por isso ela ainda age com autocontenção em relação a Bolsonaro. O Congresso tem deixado a desejar no seu papel fiscalizatório, não obstante os esforços vistos na CPI da Covid-19. 

LJ: Como a relação de Bolsonaro com as Forças Armadas pode interferir nas eleições de 2022? É possível dizer que existe um uníssono dos militares a favor do presidente ou isso seria um equívoco?              

J.O.G: Já há uma certa sensação de desconforto do Exército em relação a Bolsonaro. Não dá para a gente falar num consenso, mas é um início. Bolsonaro fez um trabalho antigo de aproximação com cadetes. Discursava, muitas vezes sem ser sequer convidado, nas formaturas das turmas da AMAN e IME. Gerou uma massa de jovens que o viam como um "tiozão" engraçado que fala umas bobagens mas defende a corporação. Toda a carreira de Bolsonaro nos seus 30 anos de Congresso foi basicamente como uma espécie de "sindicalista" do Exército. Então é muito difícil, a essa altura, esse namoro antigo desatar. Bolsonaro encheu os militares de regalias e cargos no governo. Apesar disso tudo, começa a haver preocupação dos fardados, com a cada vez mais evidente bancarrota do governo, sobre qual será o saldo desse relacionamento antigo. Mais preocupante, porém, é a força do bolsonarismo nas PMs. As Polícias Militares possuem, juntas, um contingente maior que o do Exército e têm um histórico de indisciplina antigo (basta observarmos os motins - que eles chamam de "greves"- recorrentes). Olavo de Carvalho ofereceu seu curso de graça para policiais militares. Isso é claramente uma estratégia de guerra cultural e uma tentativa de infiltrar valores antidemocráticos nas forças coercitivas.

Depois do período de ditadura no Brasil, nunca os integrantes das Forças Armadas tiveram tanto espaço no governo federal, como acontece no nomento. No primeiro escalão, dos 23 ministros, seis são militares. Em último levantamento, o Tribunal de Contas da União (TCU) constatou que existem mais de 6 mil militares da ativa e da reserva em cargos civis no governo Bolsonaro. 

Esse número representa mais que o dobro do que havia no governo Michel Temer, com 2.765. O TCU aponta que de 2016 a 2020, houve um aumento de 3.200 militares compondo cargos civis do governo. 

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Contra essa militarização do governo, a deputada Perpétua Almeida (PCdoB) protocolou uma proposta de emenda à Constituição (PEC), nesta última quarta-feira (14), que estabelece regras para que militares das Forças Armadas consigam ocupar cargos no governo federal. 

A proposta estabelece que militares com menos de 10 anos de serviço deverão ser afastados da atividade para poder ocupar o cargo. Já integrantes das Forças Armadas com mais de dez anos de serviço terão de passar para a inatividade, de forma automática, logo na posse.

Ex-ministros

Cinco ex-ministros da Defesa assinaram uma nota em defesa das Forças Armadas como instituições de Estado que, para eles, não se confundem com governos, "pois sua razão de ser é a defesa da Pátria e da soberania".

"A proposta de emenda constitucional apresentada pela deputada Perpétua Almeida propõe, em boa hora, a regulamentação da participação de militares da ativa em funções de governo, separando aquelas de natureza técnica e que podem ser atribuídas a militares, daquelas que permitam o risco da politização das Forças Armadas", diz a nota.

Os ex-ministros apontam, ainda, que essa politização traz consequências nocivas para estas instituições e para o País. "A tramitação da matéria, em frutífero diálogo entre os parlamentares e as Forças Armadas, fortalecerá a democracia", pontuam. Assinam a nota Aldo Rebelo, Celso Amorim, Jaques Wagner, Nelson Jobim e Raul Jungmann.

Bolsonaro e, como gosta de chamar, seus militares. Foto Isaac Nóbrega/PR

Datafolha

No fim da noite do último domingo (11), a pesquisa Datafolha revelou que 58% dos brasileiros não querem que militares trabalhem em funções da administração pública e se envolvam em atos políticos. Esse número era de 54% em maio deste ano e de 52% no mesmo período de 2020.

Militares do primeiro escalão do governo Bolsonaro

Dos 23 ministros, seis integram as Forças Armadas do Brasil. 

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República: Augusto Heleno (General do Exército)

Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação: Marcos Pontes (Tenente-coronel da Força Aérea Brasileira)

Ministro de Minas e Energia: Bento Albuquerque (Almirante de Esquadra brasileiro)

Ministro da Infraestrutura: Tarcísio de Freitas (Militar da reserva)

Ministro da Secretaria de Governo: Luiz Eduardo Ramos (General do Exército)

Ministro-chefe da Casa Civil: Walter Braga Netto (General do Exército)

O ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e o comandante do Exército, general Paulo Sérgio de Oliveira, telefonaram ontem para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para tentar dissipar o clima de tensão entre as Forças Armadas e o Senado e explicar que a dura nota que divulgaram na véspera foi direcionada ao presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), a quem acusaram de fazer um ataque "vil e leviano" às Forças, e não ao Senado Federal.

Segundo Pacheco, Braga Netto ligou primeiro e disse que em nenhum momento teria tido a intenção de atacar o Senado e destacou a relação de respeito mútuo entre as duas instituições. Mais tarde, o general Paulo Sérgio foi na mesma linha e defendeu a estabilidade institucional. Ambos defenderam a "ponderação" e demonstraram "apreço pelo Senado".

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Ainda segundo Pacheco, em conversa com o Estadão, ele disse aos dois generais que tudo não passou de "um mal-entendido", porque o senador Omar Aziz, ao falar em "ala podre" das Forças Armadas, referia-se aos oficiais que vêm surgindo nas investigações da CPI, sem nenhuma intenção de atingir as forças como instituição.

"Nem eu nem o senador Omar Aziz jamais questionamos os aspectos éticos e morais dos militares brasileiros, muito pelo contrário", disse o presidente do Senado a Braga Netto e Paulo Sérgio. Em seguida, e não por acaso, o próprio Aziz repetiu na CPI que teve relações de respeito e amizade com vários generais e tem as Forças Armadas em alta conta. Citou, inclusive, nomes de generais hoje no governo, como o de Augusto Heleno (GSI).

Pacheco considera que "o episódio está superado", mas fez uma espécie de advertência velada aos dois lados: "É hora de ponderação. Nós só vamos superar definitivamente se houver menos valentões e mais gente de bom senso". E acrescentou: "Não se pode fazer de uma fala uma crise institucional, como não se pode fazer de uma nota uma crise institucional".

Na fala que irritou a cúpula militar, Omar Aziz disse que "as Forças Armadas, os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do Governo".

A reação - combinada com o presidente Jair Bolsonaro - foi em forma de uma nota assinada pelo ministro da Defesa e os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, em que citam diretamente Aziz e o acusam de estar "desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção. Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável."

Sem fazer nenhuma ressalva ou referência ao menos aos dez militares que foram citados de forma nada dignificante nesta semana, na CPI ou em áudios da ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro, concluíram dizendo que "as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro."

Rodrigo Pacheco era contra a abertura da CPI e só cedeu diante de uma decisão do Supremo Tribunal Federal, mas, agora, diz que tem "confiança de que a CPI cumprirá seu papel de identificar responsabilidades".

À flor da pele. Ele, porém, considera que "os ânimos estão à flor da pele, e é hora de jogar água na fervura, senão as coisas acabam dando errado". Questionado sobre o que seriam essas "coisas dando errado", o presidente do Senado pensou, respirou e disse que se referia ao "risco à credibilidade das instituições brasileiras" e descartou qualquer hipótese de golpe:

"Não falei e não falaria sobre golpe, porque não considero, não admito e não imagino que isso possa passar pela cabeça de alguém.

O presidente do Senado também explicou por que não interveio na decisão tomada por Omar Aziz de dar ordem de prisão contra Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde: "Não há nenhuma ação minha contra a autonomia da CPI e nenhum artigo no regimento (do Senado) que diga que eu possa rever decisão do presidente da CPI".

O regimento diz que o início da ordem do dia em plenário interrompe qualquer deliberação de comissões, inclusive de CPIs, mas Pacheco explica que a prisão de Dias foi uma decisão do presidente Aziz que independia do horário ou de deliberações da CPI.

Prorrogação

Quanto à prorrogação dos trabalhos da CPI por mais 90 dias, ele disse que há duas possibilidades. Se a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) for votada, estará automaticamente iniciado o recesso do Senado e a CPI só poderá ser retomada a partir de primeiro de agosto. Se a LDO não for votada, começa o "recesso branco", ou informal, mas nada impede que a CPI mantenha seu ritmo normal.

Na opinião de Pacheco, a LDO será votada na semana que vem. Ou seja, a expectativa é de que a CPI seja suspensa por duas semanas, mais ou menos, recomeçando em agosto para mais 90 dias. 

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, criticou a participação de militares da ativa no Ministério da Saúde, no que diz respeito à condução da pandemia da Covid-19. Para o médico, não há preparo suficiente por parte dos agentes das Forças Armadas para assumir os postos que foram concedidos na pasta. Por outro lado, Mandetta diz que os militares foram colocados em uma "arapuca" montada pelo presidente Jair Bolsonaro (partido), que assim, teria mais facilidade em encontrar os responsáveis pelos erros da sua gestão. As declarações foram feitas em entrevista ao Metrópoles, nesta sexta-feira (9).

Mandetta disse que há “uma relação direta entre a ocupação militar burra [do Ministério da Saúde] com as mortes [que poderiam ter sido evitadas com a vacinação mais célere]”.

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"Do ponto de vista da Saúde, os militares foram péssimos. Se fosse um país onde se responsabilizam as pessoas por mortes causadas por dano à saúde, eles tinham que ser condenados. Os militares não são cúmplices, são co-autores do governo Bolsonaro. No caso da Saúde, praticamente a totalidade dos que foram fazer a intervenção militar no Ministério da Saúde, não tinham preparo para o assunto e é quase a totalidade da ativa. E aí quando vem a consequência através de um inquérito, é claro que vão aparecer as faces desse mau uso da força militar. Aí eles se tornam reféns do Bolsonaro, que os colocou dentro dessa arapuca", declarou o ex-chefe da pasta.

O ex-ministro defendeu a aprovação de uma legislação que determine que militares só possam assumir cargos públicos civis após deixarem formalmente as forças às quais são vinculados. “Não dá para ficar nesse limbo”, avaliou. “Somando salários. E isso incorpora para a aposentadoria. Quer dizer, uma coisa mesquinha”, completou.

Ainda falando sobre a atuação dos militares da ativa no Governo, o ex-ministro criticou a postura do Exército diante das declarações feitas pelo senador e presidente da CPI da Covid, Omar Oziz (PSD-AM), durante sessão da Comissão. Mandetta reconheceu a "nota de repúdio" como "ameaça".

Na última quarta-feira (7), o ministro da Defesa, Walter Braga Neto, e os comandantes das Forças Armadas divulgaram nota em repúdio a declarações de Aziz. O senador disse, durante a sessão para ouvir Roberto Dias, que “há muitos anos o Brasil não via membros do lado pobre das Forças Armadas envolvidos em falcatrua dentro do governo”. Na nota, Braga Neto e os comandantes afirmaram que o parlamentar desrespeitou as Forças Armadas e que “não aceitarão qualquer ataque leviano”.

Para Mandetta, o texto é uma ameaça. O ex-ministro classificou a manifestação como “desproporcional e extremamente agressiva ao Senado da República”. “Foi uma ameaça. O Brasil está um barril de pólvora, com álcool, palha, gasolina, e o Bolsonaro está querendo fumar. Todo dia ele fala que não vai ter eleição, que a urna não presta, que é o 'meu Exército'. A crise militar que tivemos no dia 30 de março, com a exoneração do ministro da Defesa, Fernando (Azevedo), deixou todos desconfortáveis com a utilização de militares da ativa, como é o caso do general Pazuello nomeado como Ministro da Saúde", destacou o ex-titular da Saúde.

Sobre erros e possíveis crimes cometidos pela gestão da Saúde, Luiz Henrique Mandetta mencionou que houve "patrocínio" de uma série de medidas sem base científica pelo Ministério da Saúde, sem serem revistas pela Conitec ou recomendadas pela Anvisa, que já é fruto de ação de improbidade contra o general Pazuello.

"Depois se tem a saída do Ministério da Saúde de qualquer tipo de prestação de contas à sociedade ou de orientação aos estados. Houve falta de atuação do Governo Federal, falta de testes, os testes venceram no depósito do Ministério, provavelmente porque eles acreditam na tese da imunidade de rebanho e outras teses", concluiu.

O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) apresentou requerimento ao plenário da Câmara dos Deputados, solicitando o comparecimento do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e dos comandantes das Forças Armadas, para esclarecimentos.

O requerimento acontece após os comandantes da Marinha, Exército, Aeronáutica e o ministro da Defesa assinarem uma nota com "teor intimidatório", após o senador Omar Aziz dar voz de prisão ao ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, nessa quarta-feira (08). Aziz determinou a prisão de Dias por considerar que ele cometeu perjúrio ao mentir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia da Covid. Além disso, o senador chegou a afirmar que fazia "muitos anos" que o Brasil não via "membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo" - tendo em vista que Roberto Dias foi sargento da Aeronáutica -.

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“O documento se caracteriza como uma nítida ameaça aos trabalhos desenvolvidos pela CPI, à instituição do Senado Federal e consequentemente ao próprio Estado Democrático de Direito. Vejo como uma tentativa de intimidação e uma ameaça à democracia. As Forças Armadas não podem ser politizadas", afirmou Túlio.

Após a grande repercussão da nota em tom de crítica ao senador Omar Aziz (PSD-AM), assinada por comandantes das Forças Armadas, foram divulgadas imagens de uma reunião realizada no Palácio do Planalto na terça-feira (6), um dia antes do episódio. Na ocasião, os mesmos comandantes estiveram com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para definir o alinhamento político dos militares com o governo. As informações foram publicadas no Correio Braziliense.

Além de nomes como Braga Netto, ministro da Defesa; André Mendonça, advogado-geral da União; e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional; estavam presentes o comandante do Exército, general Paulo Sérgio; da Marinha, Almir Santos; e da Força Aérea, Carlos Baptista Júnior. Ademais, integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também estiveram no encontro, que, supostamente, tinha como pauta um balanço dos 30 meses de governo.

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No entanto, de acordo com o Correio, a conversa tratou dos protestos contra Bolsonaro, registrados em inúmeras cidades do país no último mês. As imagens reproduzidas na reunião ressaltaram a presença de símbolos comunistas nos atos e o texto descrito pelo narrador fez referência a uma suposta tentativa de um golpe comunista no Brasil, similar a alegações usadas para instaurar a ditadura militar em 1964.

Em um dos vídeos reproduzidos na reunião, ouve-se a voz de um militante bolsonarista infiltrado nas manifestações que ocorreram na Avenida Paulista. O homem, que se diz ex-militante da União da Juventude Socialista (UJS), filmou bandeiras de partidos políticos e acusou os participantes de vestirem verde e amarelo como forma de “esconder” o vermelho do comunismo.

No Flickr (aplicativo de fotos) do Planalto ainda é possível visualizar a foto do momento em que os ministros olham fixamente para o telão enquanto o vídeo era reproduzido. As fontes do Correio Braziliense informaram também que o encontro foi precedido de pequenas conversas particulares com o presidente.

CPI da Pandemia e as Forças Armadas

Após o agravamento da chamada “militarização” do Executivo, com a presença ferrenha de militares da ativa e reserva em cargos centrais do governo, tudo indica que os posicionamentos pró-bolsonarismo das Forças Armadas tendem a se acentuar. A nota endereçada ao ministro e presidente da CPI da Covid-19 no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), publicada na quarta-feira (7), um dia após a reunião “obscura”, é uma importante sinalização do movimento.

Durante a sessão da CPI, Omar Aziz criticou o suposto envolvimento de militares com fraudes na compra de vacinas. Até agora, de acordo com as investigações conduzidas na Comissão, cerca de 10 integrantes e ex-integrantes das Forças Armadas aparecem ligados às denúncias de corrupção envolvendo a pandemia.

"Fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo. Eu não tenho nem notícias disso na época da exceção. O Figueiredo morreu pobre, o Geisel morreu pobre. Agora a Força Aérea Brasileira, o coronel Guerra, coronel Pazuello... Membros militares das Forças Armadas", disse Aziz.

Em seguida, uma nota assinada pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, pelo comandante do Exército, general Paulo Sérgio, da Marinha, Almir Santos, e pelo da Força Aérea, Carlos Baptista Júnior, afirmou que os militares “repudiam veementemente as declarações do presidente da CPI da covid". No texto, eles dizem ainda que "não aceitarão qualquer ataque levado às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro".

Depois do episódio, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, chegou a afirmar que a Casa preza pela “harmonia e estabilidade”, e ressaltou que o parlamento não tentou ofender as Forças Armadas. Aziz reagiu, no plenário do Senado, e disse que esperava uma posição firme de Pacheco contra a nota de "intimidação" dos militares.

"A nota é muito desproporcional. Façam mil notas contra mim, mas não me intimidem. Se me intimidam, intimidam essa Casa aqui", declarou Aziz. "Muitos que estão aqui hoje, na década de 1970, 1980, estavam lutando para a gente estar aqui falando o que quer. Então, senhor presidente [Rodrigo Pacheco], o Senado somos nós", completou o parlamentar.

Nesta quinta-feira (8), a Associação Brasileira de Imprensa manifestou apoio ao presidente da CPI. Em nota, a ABI afirmou ser “lamentável” a manifestação dos comandantes e a entendeu como “uma tentativa de intimidar a CPI da pandemia”. No Twitter, o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, ressaltou que “descabida é toda a tentativa de intimidar o Senado por estar cumprindo seu papel constitucional”.

Após ser intimidado em nota pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, por indicar que há 'membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos em falcatruas', o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), defendeu-se nas redes sociais no fim da noite dessa quarta-feira (7). O senador disse que seu comentário foi distorcido e garantiu que não atacou a ala militar.

"Mais uma vez esse grupo se apega a fakenews para distorcer os fatos e criar sua narrativa. Mas a verdade sempre aparece", escreveu Aziz em seu perfil no Twitter.

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A fala do senador foi dirigida ao depoente Roberto Dias, que foi sargento da Aeronáutica e era ex-diretor de logística do Ministério da Saúde até as denúncias de suspeita de superfaturamento na compra de vacinas contra a Covid-19 pelo governo Bolsonaro.

---> Ramos diz que nota da Defesa quer constranger Parlamento

Em repúdio, o comunicado oficial do Ministério da Defesa considera que a declaração foi 'grave, infundada e irresponsável". Nele, Braga Netto assevera que as Forças Armadas não aceitarão 'qualquer ataque leviano' e que as instituições defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro.

Nada de cerveja ou uísque. O ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, disse nesta quarta-feira (12) que fez uma "recomendação" às Forças Armadas para que deixem de usar dinheiro público na compra de bebidas alcoólicas.

Em audiência pública realizada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, Braga Netto afirmou que celebrações entre os militares continuam a acontecer, mas, agora, com eventuais bebidas adquiridas por cada um.

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"Em relação à bebida e ao que foi dito, nós já fizemos uma recomendação para que isso seja evitado. Já foi evitado isso aí", disse o ministro. "Não vou comentar situações que ocorreram no passado. Agora, tem confraternizações. O pessoal vai para uma atividade estressante. Quando eles voltavam, era feita uma confraternização. Isso é feito hoje em dia, mas é feito com a contribuição de cada um", afirmou.

O ministro se referiu às bebidas em resposta a questionamentos dos deputados Elias Vaz (PSB-GO) e Kim Kataguiri (DEM-SP).

A denúncia sobre a compra de 80 mil cervejas, além de conhaque e uísque 12 anos para as Forças Armadas, foi feita por Vaz e mais nove parlamentares do PSB, em representação encaminhada à Procuradoria-Geral da República (PGR).

Os casos também foram apresentados ao Ministério Público Federal e ao Tribunal de Contas da União. O MPF distribuiu a representação aos Estados e já foram instaurados mais de 20 processos de investigação. O TCU recomendou a fiscalização das compras.

Na noite dessa sexta-feira (23), o programa Alerta Nacional, comandado na RedeTV! por Sikêra Jr., recebeu o presidente Jair Bolsonaro. Durante a entrevista, Bolsonaro afirmou que pode usar as Forças Armadas para intervir nas medidas restritivas de prefeitos e governadores em combate à pandemia da Covid-19.

"Se tivermos problemas, nós temos um plano de entrar em campo. Eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. O nosso Exército, as nossas Forças Armadas, se precisar, nós iremos para as ruas. Mas não para manter o povo dentro de casa, e sim para restabelecer todo o artigo 5º da Constituição. Se eu decretar isso, vai ser cumprido este decreto", declarou o chefe do Executivo.

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Ainda no bate-papo com o apresentador, Jair Bolsonaro completou: "As nossas Forças Armadas podem ir para a rua um dia, sim, dentro das quatro linhas da Constituição para fazer cumprir o artigo 5º, direito de ir e vir, acabar com essa covardia de toque de recolher, [garantir o] direito ao trabalho, liberdade religiosa de culto, para cumprir tudo aquilo que está sendo descumprido por parte de alguns governadores e alguns poucos prefeitos".

O artigo 5º da Constituição Brasileira, citado na entrevista pelo presidente da República, diz que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade". Orientados por órgãos de saúde, prefeitos e governadores adotaram medidas de isolamento para conter o avanço do novo coronavírus.

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