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Para marcar o Dia Nacional da Trabalhadora Doméstica, celebrado na nesta quinta-feira (27), a Themis - Gênero, Justiça e Direitos Humanos e a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) aperfeiçoaram o aplicativo Laudelina, que reúne leis que protegem os direitos das mulheres que atuam no setor. Agora o aplicativo também se tornou um canal para que as trabalhadoras possam denunciar casos de trabalho análogo à escravidão.

O aplicativo Laudelina pode ser acessado pelo celular ou pelo computador e, na nova versão, ocupa menos espaço na memória do aparelho móvel. Com a tecnologia PWA, a versão atualizada do aplicativo permite que as usuárias consigam utilizá-lo no navegador, sem que precisem fazer download ou tenham uma conexão de alta velocidade. A primeira versão lançada venceu o Equals in Tech, prêmio que reconhece projetos de tecnologia que reduzem a desigualdade de gênero.

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Além de reunir a legislação da categoria, o aplicativo permite que as trabalhadoras domésticas integrem uma rede de contatos. Outra funcionalidade é facilitar o acesso a vídeos e notícias que podem ser de seu interesse, no âmbito profissional, conforme ressalta a diretora da Fenatrad Cleide Pereira Pinto.

A representante das trabalhadoras ponta que muitas delas têm medo de denunciar os patrões por explorá-las e desrespeitar seus direitos. Com frequência, diz ela, os empregadores se aproveitam do afeto que parte delas acaba tendo pela família das casas onde trabalham para confundi-las a respeito do que elas podem exigir como profissionais.

"O assédio moral na nossa categoria é dizer você é parte da nossa família", afirma Cleide, que é também presidente do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro. "Patrão bom é o que cumpre com a obrigação trabalhista."

A coordenadora de Trabalho Doméstico Remunerado da Themis, Jéssica Pinheiro Miranda, lembra o perfil das empregadas domésticas, que é o que as lança em um lugar de vulnerabilidade intensa, que se agravou com a pandemia de covid-19. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o contingente é de 6,2 milhões de pessoas, entre diaristas, babás, jardineiros e cuidadores. Ao todo, 92% (5,7 milhões) são mulheres, das quais 3,9 milhões são negras.

"Elas estão no epicentro da discriminação, tanto de raça quanto de gênero e classe", salienta Jéssica, acrescentando que as vantagens que os patrões conseguem tirar das domésticas se dão em razão dos resquícios de um passado escravagista.

"Nesse ano, a PEC das domésticas está fazendo dez anos. A gente sabe que foi uma luta do movimento de trabalhadoras domésticas pela conquista dessas leis há mais de 80 anos. Elas só foram reconhecidas na lei como categoria profissional em 1972, quando tiveram também direito à carteira assinada", comenta. "E, ainda hoje, existe uma diferença de equiparação entre as trabalhadoras domésticas e as outras categorias. Um exemplo é o seguro-desemprego, que, para as domésticas, é de apenas três meses, enquanto para outros trabalhadores, dependendo do tempo de trabalho, pode se estender até cinco meses."

O nome do aplicativo é uma homenagem a Laudelina de Campos Melo, pioneira na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas. Para baixá-lo no celular, basta acessar o aplicativo na PlayStore e na AppleStore. Para desenvolver a mais recente versão da ferramenta, as entidades contaram com o apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT), a Care International e a Cummins.

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O Dia Internacional da Mulher costuma ser uma data em que muitas mulheres são elogiadas e parabenizadas por diversas razões, incluindo pela força que elas têm. Força essa que muitas trabalhadoras domésticas carregam dentro de si, mas que, por vezes, passa despercebida, além de ser desvalorizada, assim como a profissão ainda é atualmente.

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O trabalho doméstico, exercido em 92% do total por mulheres, em grande parte negras e de baixa escolaridade, é marcado no Brasil pelas desigualdades de raça, classe e gênero e foi um dos focos de estudos do Grupo de Pesquisa Comunicação, Política e Amazônia (Compoa) da Universidade Federal do Pará (UFPA). A pesquisa foi publicada, recentemente, no livro “Comunicação, Gênero e Trabalho Doméstico: das reiterações coloniais à invenção de outros possíveis” - editora CRV, com apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

A obra teve organização das professoras Danila Cal e Rosaly Brito, coordenadoras do Compoa. Doutoras, ambas fazem parte do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia (PPGCOM) e da Faculdade de Comunicação da UFPA.

No livro, as autoras chamam atenção para as marcas do passado escravagista colonial brasileiro que são presentes na sociedade contemporânea e que influenciam o trabalho doméstico e as relações em torno dele até hoje. Além disso, incentivam a reflexão quanto às questões das desigualdades de gênero, racismo, feminismos etc.

Danila Cal ressalta que a pesquisa sobre o trabalho doméstico busca desenvolver um olhar mais complexo a respeito dele. Discute as relações sociais no Brasil contemporâneo para entender que a profissão é uma chave analítica para a compreensão dos fenômenos políticos, sociais e simbólicos no país.

Além disso, o livro mostra as possibilidades e tentativas de resistência por parte de grupos organizados de mulheres trabalhadoras, dos sindicatos, e como elas foram determinantes na mudança de legislação que ocorreu com a aprovação da PEC das Domésticas, em 201. A lei busca equiparar os direitos das trabalhadoras aos de outros trabalhadores, como hora extra, limitação da jornada de trabalho, dentre outros.

A professora Rosaly Brito diz que, historicamente, a relação entre mulheres e o trabalho doméstico é de longa duração e que remonta ao passado escravagista e colonial no Brasil. A invasão do continente americano pelos europeus foi extremamente violenta e causou genocídios de imensa proporção contra povos originários da América, afirma, e a escravização de negros africanos e índios pelos portugueses. “Desde a invasão pelos portugueses em seu território, o Brasil se constitui como uma sociedade agudamente violenta, desigual, com lógicas desumanas de dominação”, explica.

Rosaly Brito diz que a partir dessas lógicas desumanas de dominação surge a instituição do trabalho doméstico, à base do servilismo. Cita a relação entre a "casa grande e a senzala", em alusão à obra de Gilberto Freyre, publicada em 1933, que diferentemente da forma como é representada no livro expressa uma fratura, fundada no racismo estrutural, reiterada ao longo dos séculos e que continua a se atualizar no país.

“A relação casa grande e senzala institui um código que passou a reger, desde então, o trabalho doméstico no Brasil. As mucamas e amas de leite negras servindo as famílias brancas das elites do Brasil colonial. Essa é a base sobre a qual se desenvolveu o trabalho doméstico no Brasil”, destaca.

A professora comenta que as marcas do colonialismo presentes no trabalho doméstico hoje são inúmeras e expõe que no livro é possível analisar as atualizações dos padrões de dominação colonial. Entre eles, observa, destacam-se as chamadas “crias” de família na Amazônia, meninas pobres e quase sempre negras, que vêm dos municípios do interior, principalmente do Marajó, – mas não só – para viverem à custa das famílias e “ajudarem” nas tarefas domésticas, com a promessa de poderem estudar na capital – o que raramente acontece. “A ideia da 'ajuda' encobre um trabalho exaustivo assumido por elas, sem respeito a qualquer jornada, na maior parte dos casos sem remuneração. Ora, essa é uma atualização clara da escravidão”, afirma a professora.

Rosaly ainda conta que no livro existem várias histórias de gerações de mulheres, em uma mesma família, que foram submetidas a essa lógica de exploração e chama atenção para o fato de que a regulamentação do trabalho doméstico, apesar de ter existido desde sempre, ainda é recente no Brasil, sendo regulamentado pela lei complementar 150/2015. “Se a gente considerar que a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) é de 1943, é inevitável a pergunta: por que só em 2015, mais de 70 anos depois, é que o trabalho doméstico foi regulamentado? Esse longo hiato temporal fala por si só”, questiona.

A professora ainda explica que esse tipo de trabalho simboliza uma forma de dominação que deriva das relações escravagistas estabelecidas no Brasil e que são fundadoras do racismo estrutural. “Pelos dados oficiais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) de 2020, citados no livro, o Brasil tem cerca de seis milhões de trabalhadoras domésticas, o que corresponde a quase 15% das trabalhadoras ocupadas no país – 10% das brancas e 18,6% das negras”, observa Rosaly.

“Por isso, o livro mostra que o trabalho doméstico radicaliza a divisão sexual do trabalho e que é regido, de maneira exemplar, pela lógica das chamadas opressões interseccionais, como é discutido na literatura sobre gênero e do feminismo negro. As interseccionalidades respondem por uma forma de dominação em que se cruzam as discriminações e desigualdades de gênero, raça e classe”, conta.

Mídia e imaginário social

No capítulo de apresentação do livro há uma breve discussão sobre como a esfera midiática contribui para reafirmar preconceitos e estigmas em torno do trabalho e das trabalhadoras domésticas. Quanto a essa questão, Rosaly Brito explica que isso se dá por meio de representações que circulam massivamente e que conformam o imaginário social. Como exemplo, a professora cita as telenovelas, em que é possível perceber a imagem construída a respeito das trabalhadoras domésticas.

“As imagens construídas em torno delas são impregnadas de preconceitos e também de invisibilizações, elas aparecem como figurantes, objetos de desejo erótico, entre outros estereótipos. As telenovelas criam uma espécie de repertório comum em que o Brasil se vê e se reconhece, tanto do ponto de vista de classe, geração, sexo, raça e assim por diante. Nelas, as hierarquias sociais se naturalizam”, expõe.

Em relação a isso, a professora Danila Cal aponta para a necessidade de desconstrução e reconstrução desse olhar sobre os papéis sociais e simbólicos tradicionalmente atribuídos às mulheres negras. “O Jornalismo, por sua vez, teve um papel muito importante no debate em torno da ampliação dos direitos das trabalhadoras domésticas. Contudo, o foco dele foi principalmente quais implicações essa mudança na legislação traria para os empregadores. Houve um debate amplo na mídia sobre a PEC das Domésticas, mas o que observamos foi que o foco principal era voltado para os empregadores”, analisa Danila.

A publicação do livro surgiu em meio ao contexto da pandemia que também trouxe diversas implicações para a vida das trabalhadoras domésticas. De acordo com o IPEA, a primeira vítima da covid-19 no Rio de Janeiro foi uma trabalhadora doméstica que havia sido contaminada pela empregadora que havia estado na Itália. Rosaly Brito explica que a pandemia expôs as desigualdades já existentes nas mais diferentes sociedades, aprofundando fraturas estruturais. “No caso das trabalhadoras domésticas, como de resto dos trabalhadores pobres do Brasil em geral, com claro corte racial também, a pandemia aprofundou as precariedades e violências já existentes”, complementa.

A professora ainda cita a morte do menino Miguel, filho de Mirtes Souza, trabalhadora doméstica, que caiu de 35 metros de altura em um prédio de classe alta no Recife, quando sua mãe havia levado o cachorro da família para passear e o deixou aos cuidados da patroa. “O caso é focalizado no penúltimo capítulo do livro e, tristemente, denuncia de maneira exemplar como o trabalho doméstico, em pleno século XXI, atualiza formas de dominação inaceitáveis que o Brasil ainda reluta em admitir e encarar”, diz Rosaly.

Ainda sobre o livro, Danila Cal afirma que ele é uma chave de leitura fundamental para estudantes e pesquisadores das áreas de Ciências Sociais, Comunicação, Ciência Política, Serviço Social, dentre outras áreas que se interessem pela temática do trabalho doméstico.

A professora conta que outro ponto muito importante do livro é que, além de autores, pesquisadores da área da Comunicação e da Antropologia, ele traz também três capítulos construídos a partir das vozes de mulheres que foram trabalhadoras domésticas ou sindicalistas atuantes na defesa dos direitos dessas trabalhadoras. “Isso significa um modo distinto de abordar a temática não apenas a partir do nosso viés como pesquisadoras, mas trazendo também as vozes, as concepções políticas e as percepções sociais dessas mulheres que vivem diretamente essa situação. Essa é uma contribuição fundamental”, finaliza Danila.

O livro pode ser acessado gratuitamente aqui.

Por Isabella Cordeiro.

 

Trabalhadoras domésticas estão sendo privadas de folgas durante a pandemia do novo coronavírus. É o que denuncia a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), que recebe os relatos e denúncias da categoria, e se refere às ocorrências como situações de "cárcere privado". Segundo a instituição, para evitar exposição à Covid-19, alguns empregadores ameaçam demitir as funcionárias que se recusarem a abrir mão do direito de voltar para as próprias casas no fim do expediente.

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“Desde o começo da pandemia, recebemos denúncias nesse sentido. Aqui no Rio de Janeiro, uma patroa tentou obrigar a trabalhadora doméstica a passar três meses presa dentro de sua casa. Nesse caso, a trabalhadora fez a denúncia e foi embora, mas temos relatos de outros em que a polícia chegou a ser acionada para retirar a trabalhadora doméstica”, conta Cleide Pereira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Empregados Domésticos de Nova Iguaçu e diretora da Fenatrad.

De acordo com Cleide, alguns empregadores estão alegando que o deslocamento das domésticas, geralmente possibilitado pelo transporte público, até o local de trabalho, aumenta o risco de a trabalhadora contrair Covid-19. “Esses dias chegou no sindicato a denúncia de que uma patroa estava ‘exigindo’ que uma trabalhadora ficasse direto em sua casa, caso não topasse pagar para ir e voltar do serviço de Uber. Se o patrão faz essa exigência, é ele quem tem que arcar com os custos das viagens”, completa.

No dia 17 de março deste ano, o Ministério Público do Trabalho (MPT) publicou a nota técnica conjunta 04/2020 que orienta a ação da instituição diante das medidas governamentais de contenção da pandemia do novo coronavírus entre trabalhadores domésticos, cuidadores ou vinculados. No documento, o MPT recomenda que empresas, órgãos públicos, empregadores pessoas físicas, sindicatos patronais e profissionais de todos os setores econômicos garantam a dispensa remunerada das trabalhadoras domésticas pelo período de isolamento ou quarentena de seus empregadores, bem como permitam que “o deslocamento da pessoa que realiza o trabalho doméstico, da trabalhadora ou do trabalhador de empresas prestadoras de serviços de limpeza ou de cuidado, ocorra em horários de menor movimentação de pessoas, para evitar a exposição a aglomerações, em hipótese de utilização de transporte coletivo de passageiros”.

Em Pernambuco, MPT investiga pelo menos duas denúncias de domésticas em situação de cárcere. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Vale ressaltar ainda que nem toda situação de permanência no local de trabalho configura cárcere privado. “A gente tem que analisar caso a caso, para não generalizar. Porque, no Brasil, ainda é muito comum essa escala de 15 em 15 dias que alguns patrões fazem, com as trabalhadoras dormindo em suas casas, mas tendo o direito à folga semanal. Precisamos observar se está havendo impedimento, se a trabalhadora doméstica está tendo o direito a tirar sua folga semanal, afinal, ela pode sair de casa com os devidos cuidados, não é? Se não está sendo dada essa opção, pode sim ser considerada uma situação de cárcere”, pontua Débora Tito, procuradora do MPT.

Segundo a instituição, em Pernambuco, são investigados pelo menos dois casos de cárcere privado envolvendo trabalhadoras domésticas durante o período da pandemia da Covid-19. “A moradia na casa do patrão em si não é uma irregularidade. Na construção civil, por exemplo, é comum que os trabalhadores durmam no local onde desempenham suas funções. O problema que a gente encontra é a precariedade do alojamento”, completa a procuradora.

Fraudes na dispensa

Fenatrad também denuncia irregularidades nas suspensões previstas pela Medida Provisória nº 936. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

A Fenatrad ressalta, contudo, que as denúncias mais comuns são aquelas que estão associadas à dispensa das trabalhadoras sem o recolhimento correto do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), da contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), dentre outras verbas rescisórias. Durante a pandemia, o Congresso Nacional aprovou a Medida Provisória (MP) nº 936, transformando-a na Lei 14.020/2020, que autoriza a redução proporcional da jornada e salário das domésticas, desde que haja acordo entre elas e seus empregadores. “Tem empregador suspendendo o contrato da trabalhadora, informando que ela receberá o salário do governo, sem efetivar a dispensa, mas a lei foi feita para que ela possa ficar em casa. Estamos vendo muitas fraudes nesse sentido”, alerta Cleide Pereira.

Com o sistema implementado pela nova Lei, o Estado é o encarregado de conceder o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda aos trabalhadores que tiverem sua jornada reduzida, mas o período de suspensão só conta como tempo de contribuição previdenciária se o beneficiário arcar com o INSS individualmente. “Como o trabalhador vai concordar com a perda de direitos? Acontece que alguns patrões colocam a empregada para assinar a rescisão como se fosse acordo e elas, distraídas, não leem o documento. Os 40% do FGTS acabam voltando para o patrão, como ocorre em casos de justa causa ou acordo”, explica Cleide.

Essenciais?

Para a presidente da Fenatrad, Luísa Batista, as fraudes na suspensão de contrato e as ocorrências de cárcere privado escancaram as contradições do debate sobre a essencialidade da profissão nos momentos de quarentena rígida. “A gente sempre lutou pelo reconhecimento do valor social do trabalho doméstico, que é essencial para a organização da sociedade, o que nunca aconteceu. Aí chega uma pandemia e a gente vê que o que as pessoas querem a servidão, colocando trabalhadores em risco”, pontua. Em maio, a Fenatrad e o Sindicato dos Trabalhadores(as) Domésticos(as) do Estado do Maranhão (Sindomestico-MA) solicitaram que o governador Flávio Dino revisasse o Decreto nº 35.784, no sentido de afastar qualquer interpretação que pudesse incluir a atividade como essencial. A mesma reivindicação foi feita pela categoria no Pará, onde o trabalho doméstico foi considerado essencial pelo Decreto nº 729, revisto após as mobilizações.

Luísa Batista lembra que a Lei Federal 13.979/2020, a qual versa sobre as medidas de enfrentamento ao novo coronavírus, não cita o serviço doméstico como atividade essencial. “Essencial é segurança, saúde, distribuição de combustíveis, água, luz e alimentos, pois se esses serviços parassem o país certamente entraria em colapso. Em uma pandemia, para as domésticas, mais do que nunca, essenciais são nossos direitos”, conclui.

Passo a passo// Como fazer denúncia ao MPT?

1. No site http://ww.prt6.mpt.mp/br/, vá até o menu “Serviços” e procure a opção “Denúncias”;

2. Selecione a opção “Estou ciente e desejo oferecer uma Denúncia” e aperte em “Prosseguir”;

3. Informe a localidade dos fatos e prossiga;

4. Na seção “Notícia dos fatos”, informe o ocorrido;

5. Depois, informe os dados do denunciado, ou seja, contra quem é feita a denúncia;

6. Por fim, informe os dados do denunciante, ou seja, quem está cadastrando a denúncia, lembrando que ela pode se dar de forma anônima.

Dezesseis de março de 2020. Com hipertensão, obesidade, diabetes e infecção urinária, a empregada doméstica Cleonice Gonçalves, aos 63 anos, não teve direito a folga nem quando seus patrões regressaram da Itália com sintomas de Covid-19. Pela última vez, ela repetiu o único caminho que a pobreza lhe permitira nos últimos dez anos: os 120 km que separavam sua casa, na pequena Miguel Pereira, do bairro do Leblon, que ostenta o metro quadrado mais caro do Rio de Janeiro, cruzados em dois ônibus e um trem. Daquela vez, contudo, o esforço para comparecer ao trabalho seria inútil. Diante de uma persistente falta de ar, Cleonice precisou voltar para casa às pressas. Um dia depois, ela se tornaria a primeira brasileira a morrer de Covid-19, em um hospital público de sua cidade. O caso escancarou a maneira como a pandemia da doença agudizou as vulnerabilidades das trabalhadoras domésticas no Brasil. Em uma série de reportagens, o LeiaJá analisa os impactos sofridos pela categoria no período de crise sanitária, da perda em massa de emprego à piora das condições de trabalho.

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Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), exemplificam o impacto da pandemia do novo coronavírus para a categoria. Comparando os números do segundo trimestre de 2019 com aqueles que correspondem ao mesmo período de 2020, quando os efeitos da crise começaram a ser sentidos no Brasil, é possível observar que o Brasil perdeu 1,54 milhão de postos de trabalho doméstico, o equivalente a 24,63% do total do ano passado. Se antes o número de vagas ocupadas era de 6.254.000, depois passou a ser de 4.714.000.

No segundo trimestre deste ano, o Brasil perdeu 1,54 milhão de postos de trabalho doméstico, na comparação com o mesmo período de 2019. (Júlio Gomes/LeiaJá)

Mesmo na comparação com o primeiro trimestre, os meses de abril, maio e junho de 2020, totalizaram 1.257.000 (21,05%) empregos domésticos perdidos. Apenas no Estado de Pernambuco, por exemplo, que responde por 3,22% das trabalhadoras domésticas do Brasil (antes da pandemia, a porcentagem era de 3,69%), a comparação relativa ao segundo trimestre de 2019 com o de 2020 revela a perda de 26,21% dos postos de trabalho, o que corresponde a 54 mil trabalhadores desempregados.

O fundador e presidente da empresa Doméstica Legal e da ONG Doméstica Legal, Mario Avelino, destaca que o emprego doméstico é mais vulnerável ao desemprego porque está na ponta da linha de produção. “Foram mais de 700 mil empresas fechadas e outras 900 mil paralisadas, algumas até agora. Se sou funcionário de uma empresa e perco meu emprego, minha primeira providência é dispensar a empregada doméstica. As pessoas perderam renda e precisaram cortar custos”, comenta.

História de lutas

De acordo com o estudo "Os desafios do passado no Trabalho Doméstico do Século XXI", publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no ano de 2018, 63% dos brasileiros que exerciam o ofício no Brasil eram mulheres negras e apenas 1% dos postos de trabalho na área são ocupados por homens.

A socióloga e fundadora do SOS Corpo, Betânia Ávila, destaca que os recortes de gênero e raça da profissão denunciam sua origem, ligada à escravidão e à divisão sexual do trabalho, que delega às mulheres a sobrecarga de atividades ligadas ao lar. “É uma função cheia de marcas do Brasil Colônia e de sua violência, da qual somos tributários. Desde as trabalhadoras escravas na casa dos patrões, violentadas, estupradas e engravidadas, um processo que faz parte da formação social brasileira. O período de pandemia e confinamento pelo qual estamos passando, agudiza tudo isso e cria, inclusive, novas formas de perversidade”, coloca.

Em 1936, foi fundada a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do Brasil, em Santos, no interior de São Paulo. (Acervo/Fenatrad)

Tão antigas quanto as opressões sofridas pelas trabalhadoras domésticas são as lutas por elas encampadas. Ainda em 1936, a sindicalista e militante negra Laudelina de Campos Melo fundou a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do Brasil, em Santos, no litoral de São Paulo. A instituição chegou a ser fechada pelo Estado Novo, voltando a funcionar em 1946. A professora do curso de Serviço Social da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Elisabete Pinto chama atenção para o fato de que, àquela época, Laudelina já discutia feminismo, ainda que não se intitulasse feminista. “Ela conseguia, de sua forma, fazer a interseccionalidade entre gênero, raça e classe. Quando se fala de empregadas domésticas, mulheres negras e brancas, empregadas e patroas, estamos falando de uma relação de gênero, que expressa a desigualdade entre as mulheres. Ela conseguiu perceber isso”, explica.

Filiada ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), Laudelina também se tornaria responsável pelo surgimento do sindicato das domésticas de Campinas, em 1961, o que a solidificou como uma referência nacional na militância pelos direitos dessas trabalhadoras e figura central na conquista dos direitos à Carteira de Trabalho, às férias anuais remuneradas de 20 dias e à Previdência Social, através da Lei n 5.859 de 1972, em plena ditadura militar, que já eram usufruídos por outras categorias desde os anos 1930. As conquistas, contudo, só foram asseguradas pela Constituição de 1988, que, por um detalhe, manteve a segregação jurídica entre domésticas e demais trabalhadores.

Procuradora do MPT Débora Tito lembra que constituição de 1988 exclui as trabalhadoras domésticas em seu parágrafo único (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

“A gente tem uma constituição estudada no mundo todo, considerada uma constituição cidadã, mas que em seu artigo sétimo elenca uma série de dispositivos dos quais exclui as trabalhadoras domésticas, no seu parágrafo único”, comenta a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco Débora Tito.

Assim, a constituição concedeu à categoria repouso semanal remunerado (preferencialmente aos domingos), décimo terceiro salário, salário mínimo, aviso prévio e licença para gestantes, mas deixava de fora direitos como seguro-desemprego, remuneração do trabalho noturno superior ao diurno, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), jornada de trabalho máxima de oito horas e seguro contra acidentes de trabalho. Essas últimas conquistas só foram alcançadas pela categoria com a aprovação da PEC 66/2012, conhecida como PEC das Domésticas, que daria, por fim, origem à Lei Complementar 150/2015.

Luísa Batista, presidente da Fenatrad, pontua que a Lei Complementar 150 não trouxe a tão sonhada igualdade para a categoria. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Luísa Batista, presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), pontua, contudo, que a luta pelos direitos da categoria está longe de acabar. “A gente sabe que a Lei Complementar 150 não trouxe a tão sonhada igualdade. Para outras categorias, o Seguro Desemprego é concedido em cinco parcelas no valor que o trabalhador teria direito. No nosso caso, a gente faz rescisão de contrato, mas a trabalhadora só tem direito a três parcelas no valor de um salário mínimo”, exemplifica.

Vulnerabilidades

Em junho de 2020, o Ipea e a ONU Mulheres publicaram uma nota técnica a respeito das "Vulnerabilidades das Trabalhadoras Domésticas no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil". O texto destaca que, além dos recortes raciais e de gênero, a categoria é marcada pela precariedade trabalhista. Os dados do primeiro trimestre da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2020 mostram que apenas 28% dos(as) trabalhadores(as) domésticos(as) do País possuíam carteira de trabalho assinada. Como em 1995, essa porcentagem era de 18%, é possível afirmar que a formalização da categoria cresceu apenas 10 pontos percentuais em 25 anos.

De acordo com a especialista em políticas públicas e gestão governamental lotada na Diretoria de Estudos e Políticas Sociais da Ipea, Carolina Torkaski, que assinou a nota  técnica ao lado de Luana Pinheiro e Marcia Vasconcelos, a desproteção social da categoria é primeira de três vulnerabilidades específicas da categoria mapeadas durante a pandemia do novo coronavírus. “Há inclusive um movimento de redução da quantidade de mensalistas e aumento das diaristas, que tem que buscar essa proteção social individualmente. Delas, 9% possuem carteira assinada e 24% contribuem com a previdência. O que esses números nos dizem é que, durante a pandemia, apenas nove em cada 100 domésticas tiveram acesso ao Seguro Desemprego e apenas 24 em cada 100 diaristas têm acesso ao auxílio doença por causa do risco de contaminação pela Covid-19. São mais expostas à contaminação e têm menos proteção, seja no campo do emprego, seja no campo do auxílio doença”, explica.

Torkaski lembra que mesmo as mensalistas, as quais correspondem a 56,5% das trabalhadoras domésticas, só têm carteira de trabalho assinada em 43% dos casos. “Ou seja, mulheres que trabalham três ou mais dias no mesmo domicílio e não possuem CLT. Isso quer dizer que essas trabalhadoras convivem, no período da Covid-19, com medo e incerteza: ou elas correm o risco de contaminação ou perdem o emprego. É uma escolha muito dura”, reforça.

Um segundo tipo de vulnerabilidade está associado à própria natureza do trabalho realizado. “É um ofício que se dá dentro de domicílio, as domésticas, muitas vezes, manipulam corpos ou fluidos corporais que são dos empregadores, então o risco de contaminação é alto. Além disso, há uma sobrecarga das tarefas de cuidados dentro das casas das pessoas, já que muitos serviços não voltaram, como escolas e creches. Por fim, não existe fiscalização no local de trabalho, nas residências, verificando a existência de abusos”, completa Torkaski.

Por fim, o Ipea pontua o aumento da violação sistemática de direitos humanos durante a crise sanitária. “A Fenatrad, os sindicatos e a imprensa têm mostrado relatos de trabalhadoras que enfrentam jornadas exaustivas, acúmulo de funções e até restrições de liberdade e mobilidade. Com os hospitais sobrecarregados, questões menos graves de saúde estão sendo tratadas em casa, então a casa das pessoas se tornou uma linha de frente, constituída pelas domésticas, no enfrentamento da pandemia”, conclui Torkaski.

Recomendações

Durante a pandemia, MPT, Ipea e ONU Mulheres elencaram um conjunto de recomendações para proteger as trabalhadoras domésticas durante a pandemia do novo coronavírus. Confira as recomendações: 

1- Maior envolvimento dos homens no trabalho reprodutivo;

2- Quarentena remunerada para as domésticas;

3- Empregadores devem fornecer EPI's, como máscara, luvas e álcool em gel 70%, bem como arcar com os custos do deslocamento para o local de trabalho, utilizando outros meio “que não o transporte coletivo”;

4- Empregadores devem garantir a dispensa das trabalhadoras em caso de suspeita ou confirmação de covid-19;

5- Com base nas manifestações da Fenatrad e no entendimento da Procuradoria-Geral da República, recomenda-se que os governos estaduais revoguem os decretos e as leis que instituem a totalidade do trabalho doméstico como uma atividade essencial;

6- Auxílio emergencial de R$ 600 pelo período que durar a pandemia;

7- Prioridade às domésticas na testagem para a covid-19;

8-Discutir medidas para tratar de eventuais transtornos mentais relacionados ao aumento da ansiedade e quadros depressivos, criados tanto pela exposição da categoria e de seus familiares ao vírus quanto pela perda de renda;

9- Retomar a discussão sobre os incentivos à formalização do trabalho doméstico remunerado. A formalização viabiliza o acesso ao seguro-desemprego e a outros benefícios conectados com as políticas de proteção social e alivia o efeito negativo ocasionado por crises socioeconômicas.

Na próxima quinta-feira (24), o LeiaJá dará continuidade à série de reportagens. A segunda matéria retrata o drama de uma trabalhadora desempregada.

Domésticas: a linha de frente invisível

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Após receber reclamações indicando atos discriminatórios praticados no Condomínio Residencial Salvador Dali, em Porto Velho (RO), o Ministério Público Federal (MPF) enviou recomendação ao condomínio para que afixe avisos (cartazes e placas) no edifício alertando os moradores que é proibida qualquer forma de discriminação, seja de raça, sexo, cor, origem, condição social, idade ou deficiência no acesso a elevadores desse prédio.

A recomendação se deu porque recentemente pessoas que frequentam o residencial procuraram o MPF e relataram que moradores do condomínio orientam os empregados a usarem somente o elevador de serviços e quando os moradores os encontram no elevador social fazem gestos de reprovação ou pedem para que se encaminhem ao elevador de serviço.

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Outro ponto destacado pelas pessoas que sofrem discriminação no edifício é que diante da pandemia de covid-19, moradores afirmaram que seus empregados e prestadores de serviço devem utilizar o elevador de serviço – o que foi debatido abertamente em área comum do condomínio. Diante dos fatos, o MPF alerta que uma das formas de punição a condutas discriminatórias e atos de racismo é por meio de aplicação da lei penal

No documento enviado ao Condomínio Salvador Dali, o MPF também solicitou que no aviso conste claramente que o condomínio não admite discriminação de moradores a pessoas na utilização de elevador social em razão de sua condição social, tanto de prestador de serviço ao condomínio quanto de funcionários. Práticas ou atos que visem propagar a discriminação e teorias de superioridade de uma pessoa sobre a outra em razão de quaisquer características ferem a ordem constitucional.

A procuradora da República Gisele Bleggi afirma que “a existência de elevadores de serviço e social não significa que um é exclusivo para empregados e que o outro é só para moradores. O elevador de serviço é para o transporte de carga (equipamentos, sacolas, carrinhos de supermercado ou de bebê etc), independentemente de quem esteja transportando a carga”

O MPF já havia recebido reclamações semelhantes e, à época, o síndico esclareceu que não há, em documentos do condomínio, nenhuma orientação para que empregados usem somente o elevador de serviço, nem previsão no Estatuto e Regimento do condomínio.

O Condomínio Salvador Dali tem prazo de 15 dias para responder se vai acatar a recomendação do MPF e informar as providências adotadas.

 

O Projeto de Lei 3977/20 permite deduzir do Imposto de Renda os salários pagos a trabalhadores domésticos dispensados do cumprimento de jornada, durante a pandemia de Covid-19.

Pelo texto, a comprovação do pagamento pelos empregadores se dará por meio da apresentação de recibos e da homologação do acordo junto ao sindicato da categoria. A mesma regra de aplicará ao serviço prestado no sistema de diárias.

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A proposta tramita na Câmara dos Deputados e foi apresentada pelos deputados Helder Salomão (PT-ES) e Benedita da Silva (PT-RJ). Eles argumentam que as empregadas domésticas foram muito impactadas pela crise decorrente da pandemia.

“Ou porque tiveram seus contratos de trabalho suspensos ou porque foram obrigadas a trabalhar para não terem seus vencimentos suspensos, sob risco de contrair a enfermidade, pois o uso de transporte público aumenta consideravelmente o risco de contaminação”, afirmam, no texto que acompanha o projeto.

Os deputados acrescentam ainda que muitas trabalhadoras domésticas convivem com as comorbidades críticas para a Covid-19, como diabetes e hipertensão. Por isso, eles sugerem “uma saída” que seria a continuidade do pagamento das diárias e dos salários com desconto no Imposto de Renda devido.

Da Agência Câmara

Com 5.524 casos confirmados de covid-19 no Estado e 410 mortes, o Pará entrou nesta quinta-feira (7) em lockdown, bloqueio total de atividades públicas, com uma polêmica nas ruas. No decreto municipal sobre os serviços essenciais que poderão funcionar, o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, incluiu a atividade das empregadas domésticas. A capital paraense registra 181 mortos pela doença do novo coronavírus, segundo dados de 6 de maio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Em uma rede social, Zenaldo alegou que os serviços de empregada doméstica estão previstos no decreto porque há profissionais de atividades essenciais que precisam de apoio em casa. “Tem pessoas que precisam, pela necessidade de trabalho essencial, ter alguém em casa. Uma médica ou um médico, por exemplo, precisa de alguém que ajude em casa”, escreveu o prefeito.

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A medida contraria recomendações do Ministério Público do Trabalho (MPT). No Pará, de acordo com dados do Dieese-PA, há cerca de 200 mil trabalhadores domésticos que terão que continuar indo às ruas em meio à proliferação do novo coronavírus.

Nas redes sociais, viralizaram críticas ao prefeito. A cantora paraense Gaby Amarantos atacou decreto. “O prefeito Zenaldo, de Belém, incluiu as trabalhadoras domésticas nos serviços essenciais, tirando delas o direito de cuidar de seus filhos e de suas mães, e isso é gravíssimo. Mulheres pretas e periféricas são quem carregam esse país nos braços. CHEGA, liberem as domésticas!”, publicou a artista.

Doutora em Comunicação e coordenadora do grupo de pesquisa Comunicação, Política e Amazônia da Universidade Federal do Pará (UFPA), voltadao para o estudo do trabalho doméstico, a professora Danila Cal disse que a medida revela uma cultura da servidão no Brasil.

"A nossa sociedade está acostumada a ser servida, e o trabalho doméstico é considerado um trabalho muito exaustivo, e considerado muitas vezes de segunda categoria por algumas pessoas. As pessoas não querem realizar o trabalho doméstico na sua própria casa, manter limpa, cuidar das coisas que não são consideradas por elas como essenciais", diz Cal.

Na primeira manhã do lockdown, segundo informações da Polícia Militar, o movimento na periferia de Belém continuou intenso. Comércio e feiras livres são os locais mais procurados pela população.

Estudo mostra que 39% dos empregadores dispensaram domésticas diaristas do serviço sem oferecer pagamento durante o período de isolamento causado pela pandemia do coronavírus.

De acordo com os dados da pesquisa, divulgados pela BBC Brasil, a maioria das trabalhadoras domésticas não está praticando o isolamento social, sendo dispensadas e ficando sem renda ou seguem trabalhando normalmente.

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A parcela dos patrões que dispensaram os serviços de diaristas sem pagamento é maior entre as classes A e B (renda de pessoa por família superior a R$ 1.526), chegando a um percentual de 45%.

Já a porcentagem de domésticas que continuaram trabalhando normalmente após o início da pandemia é de 23% entre os empregadores de diaristas e de 39% dos empregadores de mensalistas.

A pesquisa, que ainda será divulgada nesta semana, foi realizada pelo Instituto Locomotiva, entre os dias 14 e 15 de abril. O levantamento foi feito por telefone com 1.131 pessoas. A margem de erro é de 2,9%.

"Tem muita gente trabalhando, mesmo com todos os riscos. Claro que isso é preocupante, inclusive elas são muitas vezes a ponte da transmissão de vírus para a periferia", afirma o presidente do Instituto Locomotiva, citado pela publicaçao.

De acordo com ele, as diaristas são a representação mais fiel da fragilidade do trabalho eventual, sem garantias em períodos de crise.

Da Sputnik Brasil

O presidente da ONG Instituto Doméstica Legal, Mario Avelino, distribuiu nesta quinta-feira, 13, nota em resposta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para lembrá-lo de que "nos últimos anos a empregada doméstica passou a ter os mesmos direitos do trabalhador de uma empresa", "o trabalhador doméstico não tem ido à Disney a passeio" e "para chamar atenção para o aumento da informalidade no setor".

Na quarta-feira, Paulo Guedes avaliou como positivo o patamar alto do dólar e, dentre seus argumentos, disse que quando a moeda norte-americana estava num valor mais baixo todo mundo estava indo para Disneylândia, inclusive empregada doméstica, "uma festa danada".

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O instituto diz na nota que a garantia de igualdade de direitos à categoria veio com a aprovação da PEC das Domésticas, que ajudou a diminuir "a cultura escravagista e patriarcal que infelizmente ainda existe" no País.

"Sr. Ministro Paulo Guedes, gostaríamos também de chamar atenção para um equívoco na sua fala. Infelizmente, o trabalhador doméstico não tem ido à Disney a passeio. Muitas trabalhadoras viajam a trabalho, a maioria são babás, com a passagem custeada por seus empregadores, ganhando adicional de viagem, que hoje é garantido por lei. Ficaríamos felizes se essa fosse a realidade de todos os brasileiros", escreve Avelino. A entidade auxilia mais de 50 mil empregadores e 70 mil trabalhadores domésticos no cumprimento de deveres e na garantia dos direitos.

Avelino diz que o setor tem batalhado pela volta da dedução do INSS no Imposto de Renda do empregador doméstico, que foi extinta no ano passado. A dedução foi instituída em 2006 para incentivar a formalização de empregados domésticos e tinha caráter temporário, com validade até 2019, podendo ser prorrogada, mas nem o governo nem o Congresso renovaram o benefício.

Em outubro de 2019, o Senado chegou a aprovar um projeto de lei que estendia o benefício até 2024, mas a proposta não foi votada na Câmara antes do recesso parlamentar - mudanças no Imposto de Renda precisam ser aprovadas no ano anterior para valer no exercício seguinte.

Levantamento do instituto mostra que, somente em 2019, 700 mil empregadores utilizaram o benefício. "Com o fim da dedução, esse empregador perdeu em 2020 aproximadamente R$ 1.250 anuais. A não prorrogação da declaração do INSS no IR pode provocar a demissão de até 100 mil empregados domésticos formais, já que aumentará o custo para o empregador e pior, fazer com que muitos optem pela informalidade", aponta a instituição.

A renúncia fiscal estimada com o benefício era de R$ 674 milhões segundo o Ministério da Economia. Com o fim da dedução, devem entrar R$ 700 milhões adicionais aos cofres do governo este ano.

Em 2018 existiam 6,3 milhões de trabalhadores domésticos no País, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas a taxa de empregados com carteira assinada recuou de 32% para 29% entre 2015 e 2019. "Gostaríamos de contar com a sua ajuda, Sr. Ministro, para reverter esse quadro, estimulando a formalidade dando condições ao empregador doméstico de formalizar sua empregada", escreveu Avelino.

Neste sábado (27) é comemorado o Dia Nacional da Empregada Doméstica. A data foi escolhida em homenagem a Santa Zita, denominada padroeira das empregadas. Ela nasceu na Toscana, Itália e trabalhou como doméstica desde os 12 anos.

No Brasil, a categoria só conseguiu conquistar direitos similares aos demais trabalhadores em 2015. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o país é recordista em número de pessoas no setor e chega a empregar 7 milhões.

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Conhecida por ser mulher forte e corajosa, a empregada doméstica é intérprete de músicas, poemas e produções audiovisuais. O LeiaJá listou 5 filmes que traz domésticas como protagonista principal. Confira:

Que horas ela volta?

 

Roma

 

Histórias Cruzadas

 

Domésticas

 

Doméstica

Nos últimos três anos, mais de 300 mil empregados domésticos perderam o registro na carteira de trabalho, mesmo após a regulamentação dos direitos da categoria. No fim do ano passado, o número de profissionais registrados foi impactado pela crise e teve seu pior resultado desde 2015. Esse contingente caiu 15% no período, de 2,1 milhões para 1,78 milhão.

Enquanto o total de empregados domésticos registrados caiu, a quantidade de trabalhadores sem carteira assinada cresceu 7,2%, indo de 4,2 milhões no fim de 2015 para 4,5 milhões em dezembro do ano passado, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, separados pela consultoria LCA.

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Em 2013, os benefícios para os domésticos passaram a ser previstos na Constituição, com a aprovação da chamada PEC das Domésticas. Essas medidas foram regulamentadas dois anos mais tarde, garantindo para esses trabalhadores direitos como jornada de trabalho, horas extras e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que, até 2014, as domésticas mensalistas tiveram aumento na formalização e redução na jornada de trabalho. A mudança constitucional, mesmo pesando no orçamento das famílias, ajudou a regularizar o trabalhador.

"Parecia que tudo ia melhorar", lembra a sergipana Clara Dias, de 33 anos. "Depois de 15 anos como doméstica, eu ia poder tirar férias com o meu marido, que é motorista de ônibus. A gente comemorou o quanto pôde, mas durou menos do que eu imaginava. Em 2016, perdi o emprego e voltei a ser diarista."

Os dados da Pnad apontam que em dezembro de 2015, com a regulamentação da PEC, o número de trabalhadores domésticos com carteira assinada atingiu 2,1 milhões, melhor resultado da série histórica. No ano seguinte, quando a recessão já corroía a renda das famílias brasileiras e se refletia no mercado de trabalho, a formalização dos domésticos começou a retroceder e ainda não se recuperou.

Efeito

"Para quem estava há mais tempo no emprego, foi a oportunidade de conquistar direitos", diz o economista Cosmo Donato, da LCA. "O efeito esperado era que o número de famílias com empregados em casa caísse, devido ao aumento de custos, mas só no longo prazo."

O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, Daniel Duque, avalia que o aumento da formalização das empregadas domésticas de 2013 a 2015 se deveu a uma maior conscientização por parte do empregador.

"Infelizmente, a crise coincidiu com a regulamentação." Ele avalia que, com a recuperação do mercado de trabalho, a formalização das domésticas deve voltar a crescer, ainda que a função tenda a ser mais rara nas casas em algumas décadas.

Cortar gastos

O mercado de trabalho ainda sente o impacto da economia, que andou para trás em 2015 e 2016. No ano passado, apesar de a economia ter crescido pelo segundo ano seguido, o desemprego atingiu 12,8 milhões de brasileiros. A crise tirou empregos de trabalhadores de diferentes classes sociais, fez crescer o endividamento, reduziu a renda e também mudou hábitos.

"As famílias foram profundamente afetadas pela crise de 2015. A possibilidade de ter uma empregada fixa em casa passou a pesar mais no orçamento, virou luxo. O movimento que muitas famílias fizeram foi trocar a mensalista por uma diarista duas vezes por semana", diz a professora Hildete Pereira de Mello, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Em janeiro do ano passado, Aline Ladvocat, dona de uma agência de empregadas domésticas, no Rio, achava que teria de fechar as portas. A empresa, que atendia apenas famílias de classe alta, como a do empresário Eike Batista, teve de se mudar para um espaço menor e passar a oferecer o serviço para clientes de todos os perfis.

"Há três anos, a empregada doméstica escolhia para quem trabalhar e estipulava o preço. Uma parte dos clientes trocou a empregada por uma diarista, saiu do País ou foi presa em alguma operação da Justiça. Agora, a gente passou a dar graças a Deus quando alguém liga pedindo uma empregada doméstica. Os salários delas estão sem reajuste desde 2016."

"Com a regularização do emprego doméstico, era esperado que o total de trabalhadores exercendo esse tipo de função caísse com o tempo, porque muitas famílias tiveram de rever os gastos. Também tem a questão cultural, com as novas gerações deixando de ter esse tipo de empregado em casa. O que a crise fez foi acelerar esse processo", avalia o economista Cosmo Donato, da LCA.

Emprego fixo distante

Há duas décadas fazendo serviços domésticos em São Paulo, a baiana Marivanda Gomes, de 48 anos, chegou a trabalhar como doméstica na casa de uma família. No entanto, o emprego com carteira assinada durou pouco. Com o tempo, a possibilidade de ter um trabalho fixo ficou mais distante e ser diarista voltou a ser a única opção para continuar trabalhando.

"Há uns três anos era bem mais fácil conseguir emprego em uma casa. Os patrões corriam atrás para contratar uma empregada que tivesse experiência e eu nunca ficava parada. De uma hora para outra, tudo mudou. A concorrência aumentou, o preço da diária parou de acompanhar os gastos do mês e ficou parado lá em 2016."

Agora, ela conta que para encontrar um serviço é cada vez mais difícil e as semanas em que consegue trabalhar dois dias são comemoradas. "A gente consegue cada vez menos uma diária. A família que chamava toda semana, ultimamente fica 15 dias sem chamar. O serviço acumula, mas os patrões não conseguem ter alguém cuidando da casa todo dia."

Ela também já trabalhou como manicure e cozinheira, mas sempre preferiu trabalhar em residências. "Depois que a gente se acostuma com os hábitos da família, fica fácil. Ser diarista não é ruim, o único problema é que está cada dia mais difícil conseguir trabalho."

Giovanni Silva, gerente de seleção na agência de empregadas domésticas em que Marivanda está cadastrada, conta que, das 300 candidatas que fazem parte do banco de dados da empresa, só 25 estão empregadas. "As outras apenas tentam se virar."

"O pessoal está sem renda, ninguém quer arcar com os custos de ter uma despesa a mais. Nos últimos três anos, houve aumento de 10% nas vagas para diaristas. Os patrões que tinham uma mensalista há anos não podiam mais ter uma empregada em casa todo dia."

Imigrantes

Antes da recessão, a falta de mão de obra fez com que as agências começassem a procurar empregadas domésticas entre imigrantes e refugiadas de países como Haiti, Síria, Congo e Camarões, que vieram tentar a vida no Brasil. "Mas foi um sonho de verão. O mercado virou muito rápido e as estrangeiras mal tiveram tempo de serem treinadas", recorda.

Silva lembra que, em 2015, a busca por uma empregada doméstica chegava a dar briga entre os clientes. "As melhores eram disputadas. Elas podiam negociar tranquilamente o preço e as condições de trabalho. A maioria até dizia que não trabalhava em feriados ou fins de semana."

Agora, diz, as candidatas ligam atrás de qualquer oportunidade de trabalho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na próxima quarta-feira (23), o Grupo Interinstitucional de Promoção do Trabalho Doméstico Decente, coordenado pela Superintendência Regional do Trabalho em Pernambuco, realiza uma ação do Trabalho Doméstico Decente nos Bairros. O evento será das 14h às 20h, no bairro do Ipsep, Zona Sul do Recife, na Escola Estadual José Vicente Barbosa, na Praça Aleixo de Oliveira. 

Focado na relação entre empregados e empregadores, o evento serve parar tirar dúvidas sobre registro na carteira do trabalho, recolhimento do FGTS, Livro de Ponto, Seguro Desemprego, benefícios previdenciários, além do cadastro e funcionamento do sistema eSocial. O Brasil é o país com o maior número de empregados domésticos no mundo. São 7,2 milhões, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT). De acordo com o IBGE, são 122 mil em Pernambuco.

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Serviço:

Trabalho Doméstico Decente nos Bairros

Data: 23 de novembro de 2016 (quarta-feira)

Horário: 14h - 20h

Local: Escola Estadual José Vicente Barbosa - Praça Aleixo de Oliveira- IPSEP

Após o Natal, as redes sociais ficaram cheias de fotos que mostravam festas familiares, mesas fartas, presentes e famílias unidas. Porém, uma delas gerou bastante polêmica e reações acaloradas. A atriz Carolina Dieckmann postou, em seu Instagram, uma foto na qual aprecia ao lado de quatro empregadas domésticas, usando uniformes, como um gesto de agradecimento pelos seus serviços naquela noite de festa. Atrás, estava a apresentadora Regina Casé. A imagem acabou sendo retirada do perfil da artista depois da confusão nos comentários. 

Na legenda, Carolina demonstrou sua gratidão pelos serviços das funcionárias: "Aqui, com essas lindezas batalhadoras, que fazem tudo tão caprichado e com tanto carinho, que a gente saiu de lá flutuando de amor”, postou. Nos comentários, seus seguidores questionaram o fato das funcionárias estarem trabalhando em plena noite de Natal e ainda uniformizadas. Outro motivo de bastante questionamento foi a presença de Regina Casé na imagem. Coincidentemente, ela foi a protagonista do filme Que horas ela volta?, que mostra a relação entre patrões e domésticas no Brasil.

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Na página Empodere duas Mulheres, no Facebook, a discussão foi intensa. No post que mencionava a atitude de Carolina, os responsáveis pelo perfil não concordaram com sua posição: "Regina Casé e Carolina Dieckmann postando foto com as empregadas negras uniformizadas que prepararam a ceia de Natal. Por favor leia sobre seu país! Saia da zona de conforto e entenda que é preciso parar de falsas simetrias", publicaram. Alguns internautas dirigiram críticas às duas atrizes, como Andreza Xavier que comentou: "O que seria das várias Carolinas e Reginas não fosse alguém (porque elas que não vão fazer, né) para preparar a ceia de natal, lavar a louça e arrumar a casa, de preferência se for negra e nordestina? Mas, calma aí, elas são 'quase' da família" e Rafael Fraga que escreveu: "O problema não é agradecê-las e sim esta cultura da invisibilidade, o uniforme é um apetrecho pra ser invisível à sociedade". Já outros internautas não viram problema na postagem de Dieckmann. Keila Colombo comentou: "Acho que o ato delas de agradecer e postar uma foto é sim admirável, enquanto muitas dondoquinhas escondem suas funcionárias", já Bianca Santos postou: "Minha gente, bem menos. Trabalho é trabalho, se estão ali é porque é o trabalho delas, e não tem porque de levarem suas famílias para a ceia da patroa. Elas estão sendo pagas pra isso, quero ver reclamar do exército, dos médicos, e de todos outros que trabalham nessas datas. Fazem bicho de sete cabeças com tudo."

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Por falta de consenso entre os senadores, a votação da regulamentação da lei que ficou conhecida como PEC das Domésticas foi adiada para esta quarta-feira, 06. Pela manhã, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), havia afirmado que o projeto seria apreciado nesta terça-feira (5).

O ponto que gerou mais discussão foi o que trata da multa que deve ser paga caso o trabalhador seja demitido sem justa causa. Em março, a Câmara aprovou um projeto que previa que a multa nesses casos seria de 40% sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), assim como estabelece a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Alguns senadores, no entanto, querem que valha o texto original que foi aprovado pela Casa em julho de 2013, que estipulava um recolhimento mensal de 3,2% sobre o salário, cujo saldo seria repassado ao empregado em caso de demissão indevida.

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A proposta dividiu PMDB e PT. Enquanto o senador Romero Jucá (PMDB-RR) defendia que uma multa de 40% iria sobrecarregar as famílias empregadoras, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que essa mudança representaria uma diminuição nos direitos trabalhistas. O petista também argumentou que, pelos cálculos do Ministério da Previdência Social, a mudança na regra traria um prejuízo de R$ 700 milhões por ano aos cofres públicos.

Parte dos senadores também quer que a contribuição previdenciária dos empregadores seja reduzida de 12% para 8%, como constava no projeto original, mas foi rejeitada pelo substitutivo da Câmara.

A PEC das Domésticas aguarda regulamentação desde 2013. Ela deu à categoria direitos que já estão valendo, como a jornada de 44 horas semanais, com pagamento de hora extra e adicional de 50%. Mas há uma série de temas, como esse da multa e do FGTS, que ainda dependem de aprovação. A tramitação no Senado é a última fase dessa discussão. O texto que for aprovado irá diretamente para a sanção da presidente Dilma Rousseff.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que vai colocar em votação nesta terça-feira (5) a regulamentação dos direitos dos empregados domésticos. O projeto define como devem ser aplicados os novos direitos trabalhistas estabelecidos pela Emenda Constitucional das Domésticas, promulgada há mais de dois anos.

"Vamos votar hoje a regulamentação dos últimos direitos da empregada doméstica. Nós tivemos avanços nessa área, mas precisamos concluir a regulamentação, que foi à Câmara, agora está voltando ao Senado e será concluída", disse Renan.

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A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) é a relatora do projeto. Entre os pontos a serem analisados estão a obrigatoriedade da contribuição ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o pagamento de horas extras.

Segundo o senador Romero Jucá (PMDB-RR), a maioria das mudanças feitas pela Câmara deve ser rejeitada. Independentemente disso, o texto final que for aprovado pelos senadores vai seguir para a sanção da presidente Dilma Rousseff.

Após mais de um ano parada no Congresso, o Senado deu um passo para tentar regulamentar os direitos dos empregados domésticos. A comissão mista responsável por consolidar as leis federais aprovou na tarde desta terça-feira (11) o parecer do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que ampliou os direitos dos trabalhadores da classe. O relatório de Jucá rejeitou 57 emendas aprovadas pela Câmara dos Deputados, mantendo uma proposta aprovada pelo Senado em julho de 2013.

O parecer aprovado não mexe em normas já estipuladas pelo Senado. Pelo texto, o empregador vai pagar um adicional de 20% sobre o salário, dos quais 8% servirão para arcar com o INSS, 0,8% com o seguro de acidente de trabalho e 11,2% para custear o FGTS dos trabalhadores. Outra inovação do texto é a criação de um programa de refinanciamento de dívidas de empregadores com o INSS, uma iniciativa para ampliar a formalização dos trabalhadores domésticos.

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O texto fixa a jornada de trabalho de oito horas diárias e 44 horas semanais. A partir de dois dias de trabalho numa semana em residências, de acordo com o projeto, ele é classificado como "trabalho doméstico". A proposta mantém o chamado banco de horas que podem ser compensadas, com folgas, em no máximo um ano.

Por meio de emendas, a Câmara tentou instituir o imposto sindical, que seria custeado com contribuições de trabalhadores e de empregados e ainda queria acabar com o banco de horas. Esses dois pontos e outros foram rejeitados pela comissão mista.

O texto agora vai mais uma vez para análise do plenário da Câmara e, se não sofrer mudanças, seguirá para sanção da Presidência da República. Os direitos trabalhistas do empregados domésticos foram ampliados em abril do ano passado por meio de uma emenda constitucional.

Muitos pontos da emenda, porém, ainda carecem de regulamentação. Após a eventual sanção do projeto que regulamenta os direitos dos trabalhadores domésticos, os empregadores terão 120 dias para passar a fazer o recolhimento dos impostos e implantar as mudanças existentes no texto. Romero Jucá afirmou que é "fundamental" que os deputados apreciem logo a proposta. "O ideal era termos aprovado as mudanças em seis meses", reconheceu o senador peemedebista.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (15) a redução e a unificação das alíquotas cobradas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para trabalhadores domésticos e seus empregadores. Pelo texto, a contribuição para a Seguridade Social do funcionário doméstico passará a ser de 6% da remuneração paga - valor que hoje varia entre 8%, 9% e 11%. Já a contribuição devida pelo empregador cairá de 12% para 6% do salário.

O objetivo da medida, votada hoje na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, é estimular a formalização, de acordo com a relatora Sandra Rosado (PSB-RN). Como tramitou de forma conclusiva, o texto deverá cumprir agora um prazo para recursos de Plenário. Caso nenhum recurso seja apresentado, seguirá para sanção presidencial.

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O Instituto Doméstica Legal, uma das entidades que apoiaram a aprovação da proposta, argumenta que o projeto também vai diminuir demissões e render aumento de arrecadação para o governo. O PL foi formulado a partir da campanha de abaixo assinado "Legalize sua doméstica e pague menos INSS", de 2005, que recolheu 56 mil assinaturas. A entidade calcula que o projeto poderá resultar ao governo num aumento anual de R$ 2,6 bilhões na arrecadação de impostos no emprego doméstico.

Num informativo que circulou no Congresso, o instituto afirma que há 6,5 milhões de trabalhadores domésticos no País, sendo que 70% estão na informalidade. Para justificar seu pleito, o Doméstica Legal cita outras medidas recentes adotadas pelo governo que evitaram demissões em outros setores, como as desonerações na folha de pagamento e a redução do INSS dos Microempreendedores Individuais (MEI).

Há também um dispositivo no projeto que estabelece que as contribuições à Seguridade Social deverão ser feitas por meio de uma guia de recolhimento da Previdência Social de domésticos, que identificará empregadores e empregados. "Isso permite localizar o patrão que faz aquele desconto do INSS, porque ele é responsável pelo recolhimento", argumenta Rosado, para quem as inovações trazidas pela redação são "justas".

O número de diaristas cresceu em 2013, ano em que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das Domésticas foi aprovada no Congresso. Uma pesquisa elaborada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) aponta que 38,1% das mulheres trabalhadoras domésticas atuavam como diaristas na Região Metropolitana de São Paulo. Em 2012, 35,1% estavam nessa condição.

O levantamento também mostrou que diminuiu o número de mensalistas com carteira de trabalho assinada de 2012 para 2013 (queda de 38,8% para 38,6%) e a fatia das trabalhadoras sem carteira assinada recuou no período (de 26,1% para 23,3%). "Não é possível dizer que a aprovação da emenda provocou o crescimento do número de diaristas. O movimento de crescimento dessa categoria não foi exclusividade do ano passado", afirma Alexandre Loloian, economista do Seade e coordenador da pesquisa.

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Nos últimos anos, vários fatores contribuíram para o aumento da contratação de diaristas. Primeiro, houve uma maior participação feminina no mercado de trabalho e consequentemente a necessidade de ter de contratar uma pessoa para ajudar nas tarefas domésticas. Segundo, a população brasileira está ficando mais velha, o que leva a uma demanda maior por trabalhadores domésticos.

Formalização

"Mas o que a pesquisa mostra é que a emenda - esperamos que a regulamentação na demore muito - vai legislar para um conjunto pequeno de trabalhadores", disse Loloian.

Um dos efeitos dessa pouca formalização é que 51,2% dos trabalhadores não contribuem com a Previdência Social. Esse valor chega a 88,5% no caso dos trabalhadores sem carteira assinada e é de 80,1% no recorte feito apenas com as diaristas.

Apesar do elevado e persistente número de trabalhadoras informais, o setor de serviços domésticos vive uma formalização se os dados forem analisados num recorte de tempo mais longo. Em 1994, o total de trabalhadoras mensalistas com carteira de trabalho assinada era de 25,4%, enquanto o total de profissionais mensalistas sem carteira assinada respondiam por 44,2% do total.

O aquecimento do mercado de trabalho nos últimos anos também provou uma "fuga" de brasileiros dispostos a fazer serviços domésticos. Segundo a pesquisa da Fundação Seade, em 2013 a participação dessa categoria de profissionais no total de ocupados na Região Metropolitana de São Paulo era de 6,7%. As mulheres representam 96,1% do total - cerca de 625 mil trabalhadoras.

Salário e jornada

A pesquisa também mostrou que o rendimento das diaristas e dos trabalhadores domésticos com carteira assinada cresceu em 2013. Na comparação com 2012, as altas foram de 10,5% e 9,7%, respectivamente, elevando o valor pago por hora trabalhada para R$ 7,55 e R$ 6,15. No caso dos profissionais mensalistas sem carteira assinada, o salário por hora cresceu 3,8%, para R$4,6. "O trabalho da diarista costuma ser mais intenso, tem um ritmo diferente por isso a remuneração por hora é maior", diz Loloian.

Com relação à carga horária de trabalho, houve redução na jornada semanal média para as mensalistas com carteira de trabalho assinada entre 2012 e 2013, segundo a pesquisa. As horas trabalhadas recuaram de 41 horas para 40 horas. No caso das trabalhadores mensalistas sem carteira, houve um crescimento de 37 horas para 38 horas. As diaristas mantiveram a carga horária de 25 horas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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No Brasil, o trabalho doméstico ficou conhecido por muitos anos pelos vínculos de informalidade. A Proposta de Emenda Constitucional (66/2012) conhecida como a PEC das domésticas, levou os movimentos sindicais e sociais a discutir a equiparação dos direitos trabalhistas para esta categoria de profissionais.

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A aprovação da PEC gerou uma repercussão que elevou o número de demissões das empregadas domésticas em todo território nacional. Estima-se que existem mais 100 mil domésticas no estado de Pernambuco e que em abril de 2013, mês em que começou a vigorar alguns direitos legais da Emenda Constitucional, o número de contratações para diaristas cresceu mais que o esperado.

Para Mila Cordeiro, diretora do Sindicato das Empregadas Domésticas em Pernambuco, o desconhecimento sobre os principais pontos da PEC, fez com que muitos patrões dispensassem suas empregadas.

Aproveitando essa reconfiguração no mercado de trabalho, uma empresa no Recife decidiu investir em soluções para atender às demandas das famílias que necessitam do trabalho doméstico. A cooperativa Coopvita oferece múltiplos profissionais que são constantemente treinados e qualificados. Segundo o diretor financeiro, Antônio Marcos, a busca por esta modalidade de serviço aumentou em torno de 700%. Ele explica que os benefícios na hora de contratar um profissional através de uma cooperativa são muitos. “A família não precisa se preocupar com as responsabilidades previdenciárias e com o vínculo empregatício, já que estas questões ficam a cargo da cooperativa”, disse.

Para ele, esse fato tem relação com o anúncio da PEC das Domésticas, no ano passado, que assustou muita gente, e infelizmente ainda não saiu do papel. No vídeo abaixo, Antônio Marcos explica como funciona o trabalho da cooperativa: 

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Apesar de a diarista trabalhar menos horas por semana, o trabalho por dia é, geralmente mais intenso e produz maior estafa, podendo contribuir para o surgimento de problemas futuros de saúde. A vulnerabilidade que as diaristas enfrentam é muito grande e, quando ficam doentes, não podem trabalhar e consequentemente, não recebem salário.

A Agência do Empreendedorismo Individual e Autônomo, da Secretaria de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo de Pernambuco, disponibiliza profissionais capacitados a prestarem serviços em casas ou empresas. De acordo com o órgão, o número de intermediações para contratação de diaristas em março de 2013 foi de 346, e saltou para 600 intermediações em abril de 2013, mês que a PEC entrou em vigor.

Atualmente, a Agência de Empreendedorismo Individual e Autônomo vem realizando uma média 800 intermediações por mês apenas para contratação de diaristas.

Felícia Mendonça, auditora fiscal, da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego – SRTE/PE considera que a tentativa de regulamentar os direitos para a classe das domésticas é uma luta extremamente válida para a categoria. Ela pontua que a lei traz mais segurança para os contratantes.

“Os empregadores precisam entender que estão resguardados ao registrar a carteira de trabalho da empregada doméstica. Quando se paga a contribuição previdenciária, se o trabalhador adoecer, é a Previdência Social quem vai arcar com todo o período de recuperação deste profissional. Sem o recolhimento da contribuição previdenciária, é o empregador quem vai pagar todo o período de afastamento” explicou Felícia.

“Já a para as diaristas, o empregador corre o risco, porque ele precisa verificar se a diarista está com as contribuições em dia. E na hora que houver um acidente de trabalho, ela pode acionar a justiça pra discutir se a relação era mesmo de diarista” finalizou.

Emenda Constitucional

Em (02) de abril do ano passado entrou em vigor uma série de direitos para o empregado doméstico, a partir da Emenda Constitucional nº 72. Com a publicação, os direitos foram automaticamente reconhecidos.

PEC das domésticas: direitos adquiridos e regras definidas

Alguns dos direitos que já estão valendo são:

- Salário equiparado ao mínimo nacional;

- Jornada de trabalho com até 44 horas semanais;

- 13º Salário;

- Hora extra (mínimo de 50% do valor da hora normal, podendo cumprir 2 horas diárias);

- Licença-maternidade (até 120 dias, sem prejuízo do emprego e salário);

- Férias; 

- Folga em feriados;

- Vale transporte;

- Estabilidade na gravidez (Até cinco meses após o parto).

 

Direitos que estão aguardando regulamentação:

- FGTS (percentual de 8% para o Fundo de Garantia);

- Intervalo para refeição e descanso;

- Seguro-desemprego;

- Adicional noturno;

- Salário família.

Quem aderiu?

A proposta que gerou extensas polêmicas e debates divide opiniões por parte dos empregadores. O empresário Bruno Viana, explica o motivo que o levou a conceder o benefício do FGTS para sua empregada doméstica. “Desde que ouvi falar sobre o direito que as empregadas poderiam ter em relação ao FGTS, conversei com meu contador e decidi fazer o recolhimento do Fundo de Garantia” comentou. 

Serviço

Agência do Empreendedorismo Individual e Autônomo

Endereço: Rua da União, 293, Boa Vista

Contratantes podem ligar (81) 3183-7232 ou acessar o site

Coopvita – Cooperativa de Serviços de Saúde 

Endereço: Rua dos Médicis, 115 Boa Vista 

Telefone: (81) 3222-5858

Dar conta do lar não é tarefa simples. Além das atividades diárias, como, limpeza, arrumar quarto e cozinha, é preciso otimizar o tempo e o espaço físico com roupas, objetos e até documentos bem guardados. Para aprender a melhor forma de lidar com tudo isso seria preciso até uma formação na área. E não é que existe? Uma empresa chamada Organizze Consultoria está promovendo workshops que prometem tornar a rotina um pouco mais fácil.

Bacherel em Hotelaria e Administração, Camila Teixeira, a proprietária, se realizou profissionalmente como consultora em organização. Após trabalhar alguns anos em empresas nas áreas comerciais e marketing, optou por se capacitar como Organizadora Profissional. “Eu adoro gente e adoro repassar tudo que sei sobre organização. Então nada mais obvio que criar um negócio para fazer isso. Quando temos os objetos e ambientes organizados, tudo fica mais harmonioso, otimizamos espaço e ganhamos tempo”, diz.

##RECOMENDA##

Os encontros começam em fevereiro e sempre acontecerão na Casa Rosada Recepções, no Rosarinho. O primeiro acontece no dia 8 de fevereiro, das 9h às 13h30, e será um curso completo sobre o planejamento de uma rotina doméstica eficiente, o workshop Dicas e Técnicas de Organização para Residências. Os participantes aprenderão a realizar o planejamento das refeições e das tarefas domésticas e até técnicas de dobradura para roupas de cama, mesa e banho, além de dicas preciosas de acessórios que auxiliam na organização. “Eu costumo dizer que organização é uma questão de colocar em prática certas técnicas até que elas se tornem hábitos”, afirma Camila Teixeira.

As vagas são limitadas a 16 pessoas e os interessados já podem realizar as inscrições no site da Organizze Consultoria, na seção Cursos (http://organizzeconsultoria.com.br/cursos/).

Organizze – A empresa hoje oferece serviços de organização para residências e escritórios, treinamentos para trabalhadores domésticos e diaristas, assistência para solteiros e descasados, assessoria na organização de mudanças e assistência a expatriados. A empresa realiza também workshops e palestras com temáticas relacionadas à organização de residências, organização pessoal e uso de agenda.

Serviço:

Curso: Dicas e Técnicas de Organização para Residências

Data: 08 de fevereiro de 2014

Horário: 9h às 13h30

Investimento: R$ 160

Local: Casa Rosada Recepções - Avenida Santos Dumont, 657 – Rosarinho, Recife-PE.

Informações: (81) 9182-7342

 

Com informações de assessoria

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