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Em pleno ano 2013, é possível imaginar que ainda existem milhões de pessoas que vivem sem energia elétrica no Brasil? Não apenas é possível, como é a realidade para mais de um bilhão de pessoas no mundo, sendo 1,5 milhão delas apenas na Amazônia – região Norte do Brasil. 

De acordo com o relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), além do inaceitável número de pessoas que não tem eletricidade, três bilhões delas usam combustíveis altamente poluentes e perigosos para saúde a fim de gerar energia, como a madeira, o querosene e o carvão. Esses combustíveis inflamáveis são responsáveis por provocar quatro milhões de mortes por ano, a maioria delas de crianças e mulheres.

Mais que um problema de infraestrutura, a falta de acesso a energia elétrica é um atraso no combate à pobreza, além de ser um problema de caráter econômico, educacional e de saúde. No Brasil, o programa “Luz para Todos” do Governo Federal completou 10 anos e atendeu 3 milhões de domicílios. No entanto, se deparou com as dificuldades de acesso na Amazônia, onde cerca de 360 mil famílias esperam o fim da exclusão elétrica.

Não podemos negar que existem grandes dificuldades de levar equipamentos – postes e fiações – para a região Norte, pela geografia mais complexa e dispendiosa. Lá, os programas tornam-se mais caros pois há dificuldades naturais, com falta de estradas, comunidades isoladas e dificuldade para se levar material através da floresta e ilhas.

No entanto, dificuldades não significam impossibilidades e é preciso pensar em alternativas tecnológicas para atender uma demanda populacional que vive alheia ao mundo. A chegada da energia elétrica irá facilitar a integração dos programas sociais do governo federal, além do acesso a serviços de saúde, educação, abastecimento de água e saneamento, que dependem da energia para funcionar.

Segundo o IBGE, apenas 0,5% dos domicílios do país não são cobertos por luz elétrica. A região Norte tem o pior índice: 97,2%. E apesar de todas as outras regiões superarem os 99%, não é apenas na região amazônica que famílias vivem as escuras. Esta também é a realidade de inúmeras residências no interior nordestino.

Tanto na Amazônia quanto no interior Nordestino é preciso pensar em pequenas hidrelétricas e fontes alternativas de energia, como a solar, como solução. É preciso utilizar o que cada região pode fornecer naturalmente como alternativa para solução do problema. Se no Norte existe abundância de água e no Nordeste há sol durante todo o ano, precisamos utilizar tais recursos para melhorar a qualidade de vida do nosso povo.

“Era uma vez...”. Assim começam os contos de fada ou as histórias de Trancoso (Gonçalo Fernandes Trancoso, escritor português e autor de “Contos e Histórias de Exemplo”, 1575), transmitidas pela tradição oral como uma espécie de distração ou cantigas de ninar em prosa para embalar as crianças.

“Era uma vez...”. Revela também o exercício da imaginação ou um apelo da memória a uma lembrança que nos é tirada pela ação evanescente do passar do tempo.

 

Cedinho, manhã do dia 28 do corrente mês, ia para a Uninassau participar do V Seminário de Ciência Política, pela Av. Rui Barbosa e, como ocorre habitualmente, me preparei para lançar o olhar enamorado para Estação Ponte D’Uchoa. Isso mesmo, olhar enamorado; olhar carregado de carinho e afeto; olhar com uma ponta de amor carnal entre seres de natureza distinta.

 

É virtuoso amar a Deus sobre todas as coisas, amar o próximo como a si mesmo e “as coisas” que complementam o primeiro dos Dez Mandamentos. Eu tinha e tenho uma relação amorosa com a Estação Ponte D’Uchoa. Simples explicar: as coisas ganham vida pelo que representam, pelo que significam e pelo que simbolizam. Ali estava o abrigo antigo dos passageiros da maxambomba, o primeiro trem urbano da América do Sul, inaugurado em 5 de janeiro de 1867.

 

A Estação me contava: “era uma vez, uma cidade que exalava cheiro de frutas tropicais; que relembrava a bravura de heróis libertários em batalhas cruentas ou que recordava foliões libertinos em batalhas de confetes, serpentinas e lança-perfume; que, como dizia Gilberto Freyre, saia das águas como uma Yara; que dava sonoridade ao sincretismo religioso com o repique dos sinos e a batida dos atabaques; que permitia o cidadão arruar, ou seja, “Sentir a cidade. Evocar o seu passado, partilhar o seu presente, sonhar com seu futuro [...] Regalo dos olhos e entendimento dos espíritos”, como escreveu Mário Sette.

 

No entanto, o meu olhar chocou-se com o vazio. A Estação desapareceu. Emudeceu. Por acaso fora sequestrada pelas assombrações do Recife? Não. Foi esquartejada pelos motores que diariamente rugem em fúria permanente, anunciando a  iminência do desastre e que a duração das vidas se mede pelo velocímetro.

 

Cabe, agora, remediar. Rejuntar com cuidados especiais a vítima de politraumatismo devastador. É possível fazê-la emergir das cinzas? É. As autoridades sabem disso. É obrigação cívica, histórica e legal.

 

A propósito, a lei municipal 13.957/79, ao implementar, no Recife, o Plano de Preservação dos Sítios Históricos da Região Metropolitana, incorporou os conceitos ampliados de preservação dos bens culturais constantes da Carta de Veneza de 29 de maio de 1964, consolidados pela OEA, na cidade de Quito em 1967, e delegou poderes ao chefe do Executivo municipal para estabelecer Zonas de Preservação (ZP) nelas contidas Zonas de Preservação Rigorosa e Zonas de Preservação Ambiental.

 

Por outro lado, definiu (Art. 3º) como obras de amparo e proteção preservadora a sítios, conjuntos antigos, ruínas e edifício isolados com real significado para o patrimônio cultural da Cidade do Recife, as obras de conservação, reparação e restauração, sendo esta última, aplicável aos danos sofridos pela Estação Ponte D’Uchoa.

 

Para fins de registro, a mencionada lei respaldou 31 decretos entre 1980/81 que protegeram como sítios, conjuntos antigos, ruínas e edifícios isolados: Sítio da Trindade, Apipucos, Benfica, Capunga, Poço da Panela, Ponte D’Uchoa, Praça da Várzea, Bairro da Boa Vista, Bairro do Recife, Bairros de Santo Antonio/São José, Arquitetura Cubista da Visconde de Suassuna, Capela dos Aflitos, Casa de Brennand, Casa da Cultura/Estação Central, Casa Grande do Engenho Barbalho, Escola Rural Alberto Torres, Faculdade de Direito, Hospital Dom Pedro II, Hospital de Santo Amaro, Igreja das Fronteiras, Igreja N. S. de Boa Viagem, Igreja N. S. da Conceição – João de Barros, Igreja de Santo Amaro das Salinas/Cemitério dos Ingleses, Mercado de Casa Amarela, Palácio da Soledade, Pavilhão de Óbitos, Sobrado da Madalena, Vila do Hipódromo, Fábrica da Tacaruna, Matadouro de Peixinhos, Arraial Novo do Bom Jesus.

 

Por fim, devo dizer que confio nas providências das autoridades. Que se restaure a Estação o mais depressa e da melhor forma possível. Não desejo, e sei que nenhum recifense deseja, passar por ali e dizer aos filhos e netos: era uma vez, uma linda Estação Ponte D’Uchoa. 

O nome Brasil tem origem, segundo o protesto indignado de Frei Vicente do Salvador, na madeira (Pau-Brasil) de “cor abrasada e vermelha que tinge o pano”.

 

A natureza rebatizou a “Terra de Santa Cruz”. Sua descoberta fora uma empreitada estatal, militar e religiosa que, na época, eram os ventos poderosos que enfunavam as velas das esquadras portuguesas na aventura dos grandes descobrimentos.

 

Seria a mudança de nome uma vitória da ideologia da natureza exuberante sobre a ideologia religiosa da Ordem de Cristo?

 

Desconfio que não. A madeira refletia a identidade mercantilista do projeto. O Pau-Brasil tinha valor comercial e mercado.

 

De fato, dois olhares coexistiam no ato fundador do Brasil: o olhar renascentista que proclamava a visão edênica do paraíso perdido; o olhar mercantilista que movia o projeto colonial de exploração econômica.

 

Infelizmente, a evolução histórica certificou: o encantamento fora retórico; a ação, predadora.

 

De lá para cá, o “progresso” foi movido a “ferro e fogo” (título do livro de Warren Dean sobre a devastação da Mata Atlântica). O desbravamento de matas e florestas era a palavra de ordem dos senhores do mundo novo que se descortinava como grande provedor das cortes dissolutas e perdulárias do velho mundo.

 

Por um dever de justiça, cabe o registro de lúcidas vozes sobre os efeitos danosos da agressão ao patrimônio florestal brasileiro. Entre elas, é importante destacar o pensamento de José Bonifácio, André Rebouças, Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Alberto Torres e o mais recente, assumidamente ecologista avant la lettre, Gilberto Freyre, na fascinante obra sociopoética, Nordeste (1937).

 

Com efeito, estes visionários não tiveram o gosto de ver as questões antecipadas por suas mentes prodigiosas serem assumidas pela humanidade como uma questão central, estratégica para a sobrevivência da vida na Terra, ratificada pela ampliação da consciência universal dos ecocidadãos e incorporada aos marcos legais e institucionais das gestões públicas e privadas.

 

De outra parte, não tiveram o desgosto de testemunhar a devastação que vêm sofrendo os nossos ecossistemas, em especial, a cobertura vegetal que metaboliza a energia solar e torna viável a vida no Planeta Terra. No atacado e no varejo.

 

No atacado, basta olhar o que resta de Mata Atlântica, Floresta Amazônica, Cerrado e Caatinga; no varejo, basta ler a manchete da edição do JC, 02 de fevereiro do corrente ano: “Palmeiras-imperiais são cortadas no Derby”.

 

Cortadas, não! Foram assassinadas! Um assassinato anunciado e que atingiu seres plantados pelas mãos virtuosas do paisagista Burle Max em 1935. Depois de assassinadas, esquartejadas para servir de lenho seco para brincadeiras juninas ou de carvão para animados churrascos. Outras vão morrer asfixiadas pelo pulmão, intestino, estômago, coração, o corpo de uma cidade de cimento, aço, sujeira, violência e desprezo pelo verde, pela história, pela qualidade de vida e sem dar ouvidos aos cientistas que reafirmam a condenação das palmeiras sobreviventes. Mais grave: as autoridades municipais mentem quando alegam que a causa do óbito fora um fungo. Ainda assim, é obrigação municipal tratar preventiva e curativamente a vegetação urbana.

 

Tudo por conta do Corredor Leste-Oeste, obra urbana estúpida que faz-de-conta que serve aos usuários dos ônibus e faz-de-conta que alivia a cidade mergulhada no caos da imobilidade e da imundície.

 

É por essas e outras que, farsantes, Brasil afora, tentam juntar no mesmo saco o que é calamidade natural com calamidade política, matando famílias inteiras e soterrando os sonhos das pessoas. Uma é obra do funcionamento ou cobrança da natureza do que lhe foi tomado; a outra é descaso, irresponsabilidade pública, no caso do Recife, brutalidade prosaica, ao trucidar as palmeiras-imperiais, que, generosas, tudo dão e pedem o mínimo para viver e servir. Mangueiras, jaqueiras, oitizeiros, sapotizeiros, palmeiras, são saudades da refrescante sombra que, outrora, acariciava o cidadão recifense.

 

No Recife, o refrão tem sido assim: são contribuintes otários pagando a crueis sicários para fazer da vida urbana um funesto obituário.

 

E no Brasil contemporâneo, faltaria inspiração ao grande Gonçalves Dias para compor “A canção do exílio” com palmeiras, bosques e sabiás.  Afinal, sem as palmeiras, o exílio é aqui.   

 

* Este artigo foi publicado no JC. 09/02/11. Torna-se atual. Voltam a massacrar as palmeiras e o verde do Recife. Trata-se de um ecocídio em nome da mentira que é o progresso a qualquer preço. 

Discursos têm caráter eleitoral, eles são propriamente o ato eleitoral. Aliás, atores políticos devem falar para os eleitores. Aqueles que desprezam os eleitores em seus discursos correm o risco de perdê-los ou de não conquistá-los. Os atores políticos ao discursarem não devem perder a oportunidade de consolidar a sua imagem entre os eleitores e enviar mensagens emblemáticas para eles. Os discursos não podem ser desconectados da realidade. 

O discurso da presidente Dilma Rousseff na Assembleia Geral da ONU teve conotação eleitoral. Ela abordou temas variados, presentes na realidade, e mandou mensagens emblemáticas para os eleitores brasileiros. A presidente, sabiamente, buscou consolidar a sua principal característica: a firmeza. Ao abordar temas complexos com linguagem simples, a presidenta, certamente, alcançou o seu principal objetivo: conquistar eleitores e manter os que já têm.

Ao abordar o tema espionagem, a presidenta Dilma mandou recados duros ao presidente Barak Obama e evocou o Direito Internacional para mostrar que os Estados Unidos estavam agindo arbitrariamente quanto ao Brasil e a outros países. Dilma foi firme ao olhar para as câmeras e frisar que o Brasil não abriga terroristas. Entretanto, o ponto central da crítica a Obama foi quando ela fez referência à possibilidade de que a espionagem tinha também objetivos comerciais. Neste momento, ela acenou para a necessidade, mesmo diante da globalização, de que a soberania comercial dos países seja respeitada.

A presidenta Dilma Rousseff abordou a necessidade do multilateralismo. Tal tema é mais do que recorrente, principalmente quando o mundo já conviveu com variados conflitos e as disputas entre Israel e Palestina e a guerra interna na Síria requerem participação mais efetiva de variadas nações na construção de diálogos que visem à restauração da paz. Rousseff fez referência à reforma do Conselho de Segurança da ONU. Para ela, a formação do atual do Conselho não possibilita que diálogos em busca da paz sejam transformados em ações eficazes.

A reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) foi outro tema presente no discurso de Dilma. O Brasil, por várias vezes, já precisou recorrer ao FMI. Hoje, não mais precisa em razão da responsabilidade governamental dos governos FHC, Lula e dela mesma. Entretanto, as incertezas rodam as economias dos países. Portanto, como bem frisou a presidenta, o FMI precisa ser reformado e suas ações devem considerar as características socioeconômicas dos países subdesenvolvidos. Por isto, a necessidade proeminente da participação de representantes de países em desenvolvimento no FMI.

Um ponto a ser destacado no discurso da presidenta: o compromisso com a responsabilidade fiscal e a economia de mercado.  Por vezes, em virtude de algumas ações advindas do governo, o setor produtivo brasileiro desconfia de quais são as reais intenções de Dilma para com a economia brasileira. A desconfiança permite a incerteza, a qual influencia as escolhas dos empresários. No discurso na ONU, entretanto, Dilma mostrou para o mundo que os empresários podem acreditar no Brasil, pois este país tem um único objetivo: prosperar socioeconomicamente.  

Milhares de pessoas no Brasil e no mundo estão na fila de espera para transplantes de órgãos e tecidos. Esse não é um tema novo, mas é sempre preciso retomá-lo, na esperança que através da conscientização da população, o número de doações aumente.

Até o fim de 2012, o Brasil era o segundo país do mundo em número anual de transplantes realizados, sendo mais de 90% pelo sistema público de saúde – os hospitais particulares geralmente não realizam o procedimento devido aos custos. Infelizmente, a falta de informação e o preconceito também acabam interferindo no número de doações. No Brasil, 26.760 pessoas aguardam por um órgão na fila de transplantes e destes, 19.913 aguardam por um rim.

O grande problema é que o número de doadores ainda é muito pequeno em relação ao número de pacientes e a maioria das pessoas tem medo de doar seus órgãos, às vezes por mero desconhecimento do que esse ato pode representar na vida de milhares de pessoas. Além disso, ao contrário do que muitos alegam, a fila de transplantes nacional é regrada, sem influências políticas ou econômicas, dependendo apenas da compatibilidade.

Para entender a importância da doação, basta se colocar no lugar dos que precisam. Como nos sentiríamos se fossemos nós na fila de transplantes? A ansiedade e angústia na espera do telefone tocar com a possibilidade da doação. Um único doador pode beneficiar 25 pessoas e, mais importante ainda, é pensar que entre as 25 vidas salvas podem estar crianças. Além disso, a doação de órgãos não precisa ser feita somente após a morte cerebral, é possível doar rins, parte do fígado, pâncreas, pulmão ou tecidos como a medula óssea durante a vida.

No Brasil, por já possuirmos um processo regulamentado, a doação de órgãos e tecidos é um processo simples, que precisa apenas da autorização da família para acontecer. E quanto mais a população tiver a consciência da importância de se tornar um doador, menor será a fila de espera.

Doar é muito mais que um ato de coragem. É um ato de bondade. É permitir que outras pessoas possam continuar a viver. O que levaremos depois de nossa morte? E o que podemos deixar? Podemos deixar como lembrança o que fizemos pelos nossos semelhantes. E com toda a certeza, a família e o receptor dos órgãos serão gratos.

A Bande Dessinée lança o web-documentário Bande Dessinée - Tour 2013, produzido pela DobleChapa Cinematografia que registrou a turnê realizada pela banda pernambucana nos meses de julho e agosto 2013 pela região sudeste, nordeste e centro-oeste do país. 

O vídeo mostra o cotidiano da banda em sua viagem e depoimentos sobre sonoridades, identidade musical e o cenário da música independente. Duas novas composições da banda estão no documentário e antecipam algumas canções que estarão no próximo disco do grupo. A Bande Dessinée Tour 2013 passou por 9 cidades: Salvador, Campinas, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Garanhuns, João Pessoa e Recife. 

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Não é nenhuma novidade que o Brasil vive uma onda de protestos desde meados do mês de março e abril, começando por Porto Alegre e depois pelos outros estados. Da mesma forma, sabemos que há uma minoria aproveitando os movimentos para promover atos de vandalismo contra o patrimônio público e privado. E neste momento, é essencial o posicionamento do Estado policial.

George Bernard Shaw, dramaturgo irlandês, disse que é “impossível progredir sem mudança, e aqueles que não mudam suas mentes, não podem mudar nada”. Parece-me uma boa citação para expressar o momento que os brasileiros vivem – indo às ruas com vontade de mudar, de transformar o país. Entretanto, o que inicialmente era um protesto contra os aumentos de passagens de ônibus e acabou resultando em manifestações por melhorias na educação, saúde e contra corrupção, transformou cidades em verdadeiros palcos de guerra.

Fortaleza, Belém, Rio de Janeiro, Recife e São Paulo são apenas alguns exemplos de cidades onde o uso da força policial excedeu os limites dos protestos. Ao usar spray de pimenta, balas de borracha, gás lacrimogêneo e cacetete para reprimir os manifestantes, os policiais acabaram atingindo pessoas que nada tinham a ver com os manifestos, e, mesmo que o tivessem, não faziam uso de vandalismo que justificassem tais ações por parte da polícia.

Claro que esse tipo de ação não se restringe apenas ao Brasil. Em Istambul, na Turquia, a polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água contra os ativistas que, até então, protestavam de forma pacífica. E então, vale citar Ulysses Guimarães, que teve papel inegável durante a ditadura militar: “A única coisa que mete medo em político é o povo nas ruas”.

Democracia não combina com vandalismo. E isso vale tanto para manifestantes quando para autoridades. Protestos devem ser feitos exclusivamente na perspectiva do Estado Democrático de Direito, sem nenhuma forma de violência e de depredação, isso é democracia. Não há justificativas para que manifestações utilizem violência, destruam o que nós ajudamos a construir através do pagamento dos impostos. E também não é justificável que manifestantes pacíficos sejam reprimidos de forma violenta.

Os protestos que mobilizam o País devem servir para trazer o debate sobre saúde, educação, política e tantos outros pontos para a pauta diária do Governo. Este é, sem dúvidas, um movimento popular singular na história brasileira, talvez comparável com a restauração do regime democrático em 1985. 

Não podemos admitir que haja uma repressão ao direito de manifestar-se. É preciso que os responsáveis pela segurança pública ajam apenas contra os que promovem o vandalismo, preservando a integridade física e psíquica daqueles que lutam para a construção de um país melhor para todos.

O segundo volume da biografia de Getúlio, Do Governo Provisório à Ditadura do Estado Novo (1930-1945), segue o rigor factual e analítico do primeiro volume.

A diferença consiste no seguinte: no primeiro, Getúlio, em formação, se encaixava nas circunstâncias históricas; no segundo, Getúlio, maduro, assume a centralidade do processo político.

No artigo, O lado escuro de Getulio, o jornalista Otavio Frias filho ressalta que o lado bom se manifestou no líder da revolução de trinta, no campeão dos direitos sociais e no líder nacionalista. O lado ruim se fez presente no chefe da única ditadura pessoal que o Brasil conheceu e o “político inescrupuloso aferrado ao poder”.

Por sua vez, Lira Neto considerou que sua maior dificuldade foi: “sintetizar o grande volume de informações a respeito do intervalo de tempo decorrido entre a posse de Getúlio no Catete e sua derrubada, por meio do golpe de Estado, em 1945”.

Acrescentaria ao “intervalo de tempo”, as grandes transformações que sacudiram o mundo e o Brasil, inclusive II Guerra Mundial onde se confrontaram duas visões de mundo: o modelo totalitário e a democracia liberal.

De outra parte, a brilhante narrativa funde as dimensões política e humana do personagem Getúlio o que permite identificar duas paixões que penetraram, cada uma a seu modo, o temperamento fechado, ensimesmado e, aparentemente, arredio ao apelo das emoções.

As duas paixões foram o poder e uma mulher.

O poder foi paixão e destino. A mulher, o alumbramento.

Do berço oligarca de São Borja até a tragédia do suicídio, Getúlio conviveu com  o poder exercendo-o pelo mando direto ou pela influência que, a bem da verdade, ainda se faz presente na história contemporânea com os traços da chamada “era Vargas”.

Líder provinciano, Getúlio foi dando saltos: deputado estadual por três vezes pelo Partido Republicano, deputado federal e líder da bancada, Ministro da Fazenda de Washington Luís a quem ajudou derrubar em 30, Governador do Rio Grande do Sul, com o mandato interrompido para assumir a candidatura de presidente da República pela Aliança Liberal em oposição ao candidato oficial Julio Prestes com o apoio de três Estados (Rio Grande do Sul, Paraíba e Minas Gerais) e o movimento tenentista.

A derrota fermentou a instabilidade política que culminou com a revolução de 30, sepultou a Repúbica Velha e instalou o governo provisório (1930-1934),  sequenciado pelo governo constitucional até o golpe de 37, entremeado pela cruenta revolução paulista de 1932.

Ao longo deste período, Getúlio revelou a esperteza do equilibrismo diante de fortes antagonismos. Metade conciliador, metade autoritário, soube aproveitar os fracassos da delirante Intentona comunista de 35 e o patético o “putsch” integralista (11 de maio de 38) para fortalecer a ditadura estadonovista.

Porém, o mais notável malabarismo foi tirar partido da Segunda Guerra Mundial. Entre flertes germanófilos e uma neutralidade conveniente, falou mais alto a pragmatismo getulista. O Brasil foi à guerra; os financiamentos dos EUA turbinaram a siderurgia e os pracinhas da FEB se imolaram pela pátria amada.

Por falar em amada, a segunda paixão de Getúlio foi uma bela e culta mulher, casada com seu oficial de Gabinete, Luis Simões Lopes, chamada Aimée a quem o Presidente tratava de bem-amada.

Neste sentido, O DIÁRIO DE GETÚLIO, publicado em 1995 pela Editora Siciliano e FGV, foi a fonte na qual Getúlio, em tom confessional, registrou no período de 03 de outubro a 30 de abril de 1942, fatos, impressões, lamentos e momentos do clandestino afeto que manteve por mais de dois anos.

O primeiro encontro social foi em 10 de Abril de 1936; em 17 de abril do ano seguinte, Getúlio escreveu: “Uma ocorrência sentimental de transbordante surpresa e alegria”; em 29 do mesmo mês, confessou: “saí à tardinha para um encontro longamente desejado": entre os dia 13 de 15 de outubro do mesmo ano, Getúlio registrou encontros, revelando uma confissão apaixonada: “Após os despachos, fui ao encontro de uma criatura que, de tempos a esta parte, está sendo todo o encanto da minha vida”; em 30 de março e 1938, Getúlio não contém o apelo carnal, em circunstâncias arriscadas: “O encontro se deu em plena floresta, à margem de uma estrada. Para que um homem de minha idade e da minha posição corresse esse risco, seria preciso que um sentimento muito forte o impelisse[...] Regressei feliz e satisfeito, sentindo que ela valia esse risco e até maiores”.

Pela mulher, a paixão foi infinita enquanto durou; o poder, paixão que acompanhou Getúlio do berço ao túmulo; sua existência e suas contradições invocam o poeta romano: "Sou homem: nada do que é humano me é estranho".

Uma pesquisa do IBOPE, divulgada em julho de 2013, revelou que 29% dos brasileiros confiavam no Congresso Nacional. Corpo de Bombeiros, Igreja e Forças Armadas eram as instituições que obtinham maior porcentual de confiança da sociedade brasileira. Entretanto, o reduzido porcentual de confiança do Congresso Nacional assusta já que o sistema político brasileiro é uma democracia representativa. No entanto, tais dados não nos causam surpresa.

O Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) realizou, na cidade do Recife, em junho de 2013, uma pesquisa e revelou que 89,8% acreditam que os políticos são corruptos em sua maioria. Vejam, são os políticos que integram o Parlamento e são eles que, teoricamente, representam a população brasileira junto ao Governo. Porém, as pesquisas atestam que a população não confia no Parlamento e nos políticos.

Após as manifestações ocorridas em junho deste ano, criou-se a expectativa de que o Congresso Nacional iria reagir aos protestos, ou melhor: acreditamos que os políticos mudariam as suas práticas e, por consequência, a imagem do Parlamento. Os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros, fizeram esta opção. Diversos parlamentares também. Entretanto, na última semana de agosto deste ano, a Câmara Federal fez uma escolha que inibiu qualquer tipo de reação favorável da opinião pública ao desempenho do Parlamento e dos políticos.

Em 28/08/2013, parte dos deputados federais optou por não cassar o mandato do deputado federal Natan Donadon. É possível que, diante de tal notícia, alguém tenha argumentado que os deputados acataram a defesa de Donadon. Argumento plausível, caso o parlamentar não tivesse sido condenado pela última instância judiciária do país, o Supremo Tribunal Federal (STF), e não estivesse cumprindo a pena determinada no sistema prisional.     

O que motivou os deputados a não cassar Donadon? Esta é a pergunta chave para uma pesquisa nos âmbitos da Psicologia, da Ciência Política e da Sociologia. O corporativismo pode ser uma causa relevante - neste caso, os parlamentares não ficaram confortáveis em cassar um colega do Parlamento. É possível, também, que a atitude tenha sido articulada com o objetivo de criar precedentes para que outros deputados, quando na iminência de serem julgados, não sejam condenados com a perda o mandato. As possibilidades de explicação são diversas.

Neste instante, diante do fato já consumado, recomendo que os políticos se preocupem com a opinião pública. Não se pode desprezar as reações dos eleitores. A prática política do século XXI, diante do advento das redes sociais e da pluralidade de órgãos de comunicação presentes no Brasil, não pode ser caracterizada pelo forte clientelismo, corporativismo e patrimonialismo. Políticos sábios e modernos não relutam em escutar a voz das ruas. A prática política no século XXI se caracteriza pela transparência e pelo respeito às demandas do eleitor.  

O título original era outro: “Escrever e beber sem moderação”. Porém, o sopro de juízo que me resta murmurou nos meus ouvidos: “Cara, teus inimigos gratuitos vão adorar e vai ser um prato, melhor dizendo, um copo cheio para o punhado de teus inimigos com RG e CPF”.

Tudo bem. Concordei com este doce anjinho da guarda. Nem por isto desisti de escrever sobre o livro de autoria Mark Bailey, ilustrado pelo neto caçula de Hemingway, Edward Hemingway, editado pela Zahar, que é um primor estético-literário e narra, com beleza e concisão, a tragédia que marca tão de perto pessoas especialíssimas.

Com pouco mais de 100 páginas, o GUIA DE DRINQUES dos grandes escritores americanos embriaga o leitor com saborosas receitas de coquetéis e frases alforriadas das censuras, mas deixa o mal-estar da ressaca que resulta do binômio escritor-alcoolismo.

O time de escritores e escritoras é da pesada. Ao todo 43, oito mulheres, trinta e cinco homens; cinco ganhadores do Nobel, quinze do prêmio Pulitzer, vários agraciados com  National Book AWards, todos imortalizados pela merecida glória. 

Começo pelo mais incorreto politicamente (uma preferência pessoal) H.L. Mencken, autor de O Livro dos Insultos, cervejeiro voraz e, por gostar de todas as bebidas, se declarava um onibíbulo (v. Aurélio, bíbulo: aquele que bebe): “Bebo exatamente o quanto quero e um drinque a mais”.

A minha segunda escolha recai, talvez, sobre o mais sofrido (bastante traduzido no Brasil) Charles Bukowski, alemão de nascimento. Atormentado pelo pai e por deformidades no rosto por uma enfermidade de etiologia desconhecida, entregou-se ao álcool e aos livros que produzia desde os quinze anos a partir do profundo mergulho na vida mundana. Aos 73 anos, a leucemia cumpriu o papel que estava reservado à cirrose. Dos porres homéricos, deixou a lição: “Beber é uma forma de suicídio em que a gente pode voltar à vida e começar no dia seguinte”.

Curioso: a atração entre os escritores americanos e a bebida foi alvo da observação de alguns ilustres visitantes do país, entre eles Alexis de Tocqueville e objeto da obra escrita por Ticknor&Fields, 1989, cuja tradução livre  é A musa sedenta: álcool e o escritor americano. E a companhia dela foi a sina de cinco ganhadores do Nobel.

O intenso Hemingway, um farrapo humano, suicidou-se aos 61 anos, deu status ao mojito e nos deixou a mensagem: “Um homem não existe até que fique bêbado”; na companhia inseparável do uísque enquanto escrevia, Faulkner foi longe: “A civilização começou com a destilação”; o primeiro americano a ganhar o Nobel de literatura, Sinclair Lewis, tinha uma grande frustração: “De que adianta ganhar o prêmio Nobel se isso não nos permite nem entrar nos bares clandestinos?”; o breakfast de Eugene O´Neil era uísque puro; para John Steinbeck, movido a vinho “Só a luxúria e a gula valem alguma coisa”. 

Para não dizer que não falei de flores aqui vai o que disse, completamente bêbada, Edna Millay, a primeira mulher a ganhar o prêmio Pulitzer: “Minha vela queima dos dois lados”; e a grande escritora e pinguça confessa, Dorothy Parker, não deixou por menos: “Gosto de um Martini/dois, no máximo/com três estou debaixo da mesa/com quatro embaixo do anfitrião”

Para os extravagantes Truman Capote “Esta profissão é uma longa caminhada entre um drinque e outro” e Jonh O´Hara “Comecei numa quinta-feira. Sábado já estava sóbrio de tanto beber”.

Por sua vez o misterioso Edgar Allan Poe, fissurado em absinto, terminou tão misteriosamente quanto suas obras. Já Sherwood Anderson morreu por conta de uma infecção causada por um palito que engoliu a bordo de um transatlântico com destino ao Brasil. E para encerrar o doloroso, porém, excêntrico necrológio, cabe lembrar a morte de Tenessee Williams engasgado com a tampa de um frasco de remédio que tentou abrir com os dentes. 

Por fim, certo crítico considera o livro tão divertido quanto leviano porque dá uma conotação folclórica ao alcoolismo que deve ser tratado como uma doença, por vezes, fatal. Neste sentido, os autores advertem: “Lembre-se de que alguns coquetéis não fazem de você um bêbado, e de que nenhuma quantidade de bebida pode fazer de você um escritor”.

E como estamos falando sobre a grandeza e a miséria da natureza humana, não custa lembrar Abraham Lincoln: “Aprendi com a experiência que as pessoas que não têm vícios têm muito poucas virtudes”.

Uma nova contagem do IBGE revelou que o Brasil ultrapassou 201 milhões de pessoas. E seremos muito mais até 2042, quando a expectativa é que o país tenha 228 milhões de habitantes. Muito mais que os 90 milhões em ação, consagrados nos anos 70, dizia a velha música “Pra frente Brasil”, composta por Miguel Gustavo.

Algumas características não são mais novidades: a maioria dos brasileiros são mulheres. Em contrapartida, percebeu-se que a população sofreu um envelhecimento, resultado do aumento da expectativa de vida e queda da natalidade, já que as brasileiras estão tendo menos filhos e sendo mães cada vez mais tarde.

Ainda segundo informações do IBGE, São Paulo é o estado mais populoso, com 43,6 milhões de residentes. Em seguida está Minas Gerais, com 20,5 milhões, e o Rio de Janeiro, com 16,3 milhões. A Bahia é o quarto mais populoso, com 15 milhões de pessoas e Roraima tem o menor número registrado no país, 488 mil moradores.

Se por um lado o crescimento da população é resultado da queda da mortalidade infantil, da diminuição das epidemias e do aumento da expectativa de vida, por outro, o contínuo aumento pode ter consequências negativas – e não podemos pensar apenas na escassez de água e alimentos, já que, na verdade, os alimentos estão mal distribuídos em todo o planeta.

O Brasil tornou-se um país urbano, isso significa dizer que mais de 50% de sua população passou a residir nas cidades. Essa mudança foi resultado dos processos de industrialização e de urbanização, que estão intimamente ligados, já que as indústrias eram instaladas em locais onde houvesse infra-estrutura, oferta de mão-de-obra e mercado consumidor. E assim começaram a surgir os problemas.

O crescimento desordenado da população, quando concentrado nas regiões urbanas, resulta em problema infraestruturais, como falta de saneamento, pouco acesso à saúde e educação, além do aumento da poluição. Acrescente nesta lista o número de desempregados, visto que a demanda é maior que as oportunidades e o número de desabrigados, já que sem renda não é possível manter uma moradia.

Antes de comemorarmos o aumento da população, devemos pensar em melhorar as condições de vida desses brasileiros. Incentivar a interiorização das indústrias é apenas o ponto de partida para a mudança. O Brasil precisa de muitas reformas: política, econômica, tributária, educacional, trabalhista, previdenciária, etc. Crescimento só é positivo quando as condições são igualitárias para todos.

Neste momento de crise econômica e política  que o Brasil atravessa recomendamos  a leitura do livro “O Espírito animal”, de George A. Akerlof e Robert J. Shiller. Os autores mostram com muita propriedade  como a psicologia humana impulsiona a economia e através dela é possível desvendar o comportamento humano. Se os indivíduos  estão pessimistas ou desesperançosos, a economia tende a perder dinamismo. Se  estão otimistas e esperançosos, a tendência da  economia é crescer.

Os aspectos apresentados constituem  as principais lições que o livro apresenta aos leitores. Lições de extrema valia para aqueles que, preocupados com o futuro econômico  e político do Brasil, não tem colaborado com ele, na medida em que implementam atitudes de incerteza e pessimismo, contribuindo para que a economia desande. Com efeito, recomendamos a  leitura desta importante obra a todos que sonham com um futuro econômico promissor.

Ampliando o quadro de análise, registramos que o estado de incerteza da economia  é até compreensível, visto que os prognósticos otimistas  do ministro da Fazenda, Guido Mantega, bem como o estado econômico idealizado por ele, não foram confirmados. Rememoremos, por amor ao debate, os inúmeros prenúncios positivos realizados quanto ao crescimento da economia na era Dilma, que, pela teoria dos autores citados, era o de se esperar. Entrementes, a expectativa de crescimento de  4% ao ano passou longe de ser alcançada. No que diz pertinência aos juros, o  Banco Central tomou medidas drásticas no sentido de reduzi-los, mesmo diante da expectativa de alta inflacionária e, após a pressão do mercado e da inquietação social quanto aos preços, o governo optou por aumentá-los.

Por outro lado, observamos, também, aspectos de incerteza quanto ao futuro da Petrobrás, maior empresa do Brasil, e no que atine  a questão da ampliação das  estradas brasileiras em regime de concessão.  O grande dilema do governo, desde a era Lula, está na importância que se dá ao papel da Petrobrás na economia brasileira.  A indagação que se faz é se a empresa deve ser utilizada como instrumento responsável pelo controle da inflação ou se deve ser uma empresa, como outra qualquer, respondendo  às demandas do mercado.  Veja-se que já há especulação acerca  do aumento da gasolina, principalmente em virtude do aumento do dólar.  Ademais, as concessões de estradas para a iniciativa privada também  geram conflitos  entre investidores e o governo. Após várias reclamações, o governo decidiu aumentar a taxa de retorno para os primeiros.

Com efeito, caros leitores, registramos que,  embora os estados de incerteza possam afetar o comportamento dos atores do mercado, defendemos que  o pessimismo não deva predominar no âmbito de suas ações.  Os recuos do governo sugerem incertezas, mas, por outro lado, apontam correção de rumo, o que nos faz ficar otimistas quanto ao futuro da economia brasileira. Mesmo porque o radical pessimismo em relação à economia internacional diminuiu.

Somos otimistas intransigentes. E temos razões para isto. Observem que, apesar do Brasil ter enormes desafios para enfrentar e resolver urgentemente  pelos governantes, por outra parte, oferece inúmeras oportunidades para os que aqui vivem e querem investir. Vivemos em um estado democrático de direito em comparação aos demais países da América Latina. O nosso sistema financeiro é um dos mais estáveis do mundo. Achamos que o descontrole inflacionário não vai acontecer,  como preconizado pelos pessimistas. E por fim, as manifestações de junho foram extremamente positivas, haja vista que provocaram os governos a investirem em mobilidade e infraestrutura, pautando a agenda dos mesmos  em eficiência da gestão. Somos e sempre seremos eternamente otimistas quando ao futuro do Brasil. 

Quem leu o livro SOBRE o CÉU e a TERRA não se surpreendeu com as ideias inspiradoras dos discursos do Papa Francisco em sua passagem pelo Brasil.

Com um título inteligentíssimo, este livro, publicado em 2010, tem por conteúdo um diálogo entre o então cardeal Jorge Bergoglio e o rabino Abraham Skorka. É uma obra profunda na reflexão, simples na revelação e verdadeira nas convicções, atributos de fascinante sabedoria.

No livro, são objetos da iluminada conversa 29 temas versando sobre Deus, fundamentalismo, morte, política e poder, ateus, ciência, casamento de pessoas do mesmo sexo, globalização, pobreza, holocausto, etc... A insuficiência deste espaço estimula o conhecimento integral da grandeza deste encontro e a mensagem dele extraída que entrelaça as coisas do céu e da terra. A solução é ler, reler, aprender e apreender a humildade sacerdotal e a compaixão pela dimensão humana que somente os espíritos elevados são capazes de manifestar e exercer no mundo real.

 

Com insuperáveis limitações, arrisco destacar algumas passagens do livro.

 

Sobre o diálogo. Skorka: “Dialogar, em seu sentido mais profundo, é aproximar a alma de um à do outro, a fim de revelar e iluminar o seu interior”; Bergoglio: “Dialogar implica uma acolhida cordial e não uma condenação prévia”.

 

Sobre Deus. Bergoglio: “Como é boa a palavra caminho! Diria que encontramos Deus caminhando, andando, buscando-o e deixando-nos buscar por Ele”; Skorka: “Deus, em meu entender, revela-se a nós de um modo muito sutil”.

 

Sobre os ateus. Bergoglio: “Não encaro a relação para fazer proselitismo com um ateu, eu o respeito e me mostro como sou [...] conheço mais gente agnóstica do que ateia; o primeiro é mais dubitativo, o segundo está convencido [...] não tenho o direito de julgar a honestidade dessa pessoa”; Skorka: “O primeiro passo é respeitar o próximo [...] a posição mais rica é daquele que duvida [...] o agnóstico pensa que ainda não encontrou a resposta, agora o ateu tem certeza 100% de que Deus não existe. Tem a mesma arrogância de quem garante que Deus existe, tal como existe esta cadeira sobre a qual estou sentado [...] Deus está além de toda lógica e seus paradoxos”.

 

Sobre a oração. Skorka: “A oração tem que ser um ato de profunda introspecção, cada um deve se encontrar si mesmo e começar a falar com Deus”; Bergoglio: “Orar é um ato de liberdade [...] A oração é falar e escutar”.

 

Sobre o fundamentalismo. Skorka: “O fundamentalismo é uma atitude: as coisas são de um jeito e não se discute, não podem ser de outro [...] É preciso encontrar o caminho do meio”; Bergoglio: “O sacerdote que se atribui o papel diretivo, como nos grupos fundamentalistas, anula e castra as pessoas na busca de Deus”.

 

Sobre a eutanásia, ambos concordam no prolongamento da vida, asseguradas a qualidade de vida e a dignidade humana. Sobre os idosos, condenam o conceito de velhos como material descartável aplicado, de um modo geral, aos excluídos da civilização “consumista, hedonista e narcisista”.

 

Impressiona como ambos, ao tratar de assuntos atuais, explosivamente polêmicos, a exemplo do casamento de pessoas do mesmo sexo, distinguem o religioso do que Bergoglio chama “retrocesso antropológico”, ao mesmo tempo em que reconhece que “Deus deixou em nossas mãos até a liberdade de pecar”. Sobre globalização convergem com a genial comparação feita por Bergoglio “Se concebermos a globalização com uma bola de bilhar, anulam-se as virtudes ricas de cada cultura”.

 

Saltando capítulos importantes, deixei para o fim o que eles pensam sobre a política e o poder, com ênfase em Bergoglio pelo fato de encarnar, como Papa, um enorme poder e exercer a política. Diz ele: “Somos todos animais políticos [...] A pregação de valores humanos, religiosos, tem uma conotação política gostemos ou não [...] o desprestígio do trabalho político precisa ser revertido, porque a política é a forma mais elevada de caridade social. O amor social se expressa no trabalho político para o bem comum”. 

 

No Brasil, com simplicidade franciscana, o Papa fez uma pregação em 16 primorosos pronunciamentos e, diante dos representantes da sociedade brasileira, aconselhou “diálogo, diálogo, diálogo” na construção da “cultura do encontro”. Sobre a responsabilidade dos que são chamados a enfrentar o futuro, invocou o olhar proposto por Alceu Amoroso Lima: “com os olhos calmos de quem sabe ver a verdade”.

Todos já sabemos que o Nordeste é a região do país que mais se desenvolveu no Brasil entre 2000 e 2010. Entretanto, esse desenvolvimento parece ainda não atingir todos os estados da região. Apesar de todos os esforços, Maranhão e Piauí ainda não atingiram o ritmo de crescimento esperado.

Segundo dados do IBGE, o Maranhão apresenta a menor expectativa de vida na média de homens e mulheres– 68,6 anos. Além disso, o Estado possui a segunda pior taxa de mortalidade infantil do país, apenas atrás de Alagoas, com 29 crianças com menos de um ano mortas para cada mil nascidas vivas. As três piores cidades em renda per capita também pertencem ao Maranhão, de acordo com o recentemente divulgado Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) – Marajá do Sena (R$ 96,25), Fernando Falcão (R$ 106,99) e Belágua (R$ 107,14).

Ampliando os dados, nada menos que 21,5% dos maranhenses acima dos 15 anos são analfabetos - isso representa o dobro da média nacional - e só 12,5% das casas maranhenses tem água e esgoto, enquanto no Brasil a média é de 70% e nada menos que 65% do estado é classificado como miserável, um recorde no país. Índices contraditórios quando observamos que o Maranhão possui seis rodovias federais, três ferrovias, um maiores complexos portuários do nordeste e energia abundante de dois lados, vindas da Chesf e de Tucuruí.

Não é novidade que o Maranhão é um Estado sob influência política de Sarney e sua família. Já são cinco décadas da família no poder. Por lá o sobrenome Sarney já está em 161 escolas, além de hospitais, bibliotecas, avenidas, pontes, fórum. O fato é que, sob o domínio dos Sarney, o Maranhão não só permaneceu nas piores posições nos indicadores sociais, mas também viu suas terras serem desmatadas e poluídas, a educação ser sucateada e os meios de comunicação ficarem concentrados nas mãos de políticos – estima-se que ele seja proprietário de mais de 40 veículos, entre jornais, rádios e TVs.

O que mais impressiona, é que o Maranhão é um estado rico em jazidas minerais e gás natural, além de possuir água doce em abundância e ter localização privilegiada, com um porto mais próximo dos Estados Unidos e da União Europeia do que os do Sul e Sudeste. Claro que não estamos culpando os Sarney pelo não desenvolvimento do estado e muito menos queremos culpar a população.

Entretanto, mais uma vez, repetimos que a deficiência de educação faz com que a população não se desenvolva, tantos nos aspectos econômicos quanto cultural e social. E esta é a grande questão: se não há educação para o povo, este se torna leigo diante dos acontecimentos e passa a aceitar as decisões políticas, sem contestar e sem acreditar que é possível mudar.

- Vou morrer. Reuni a família e fiz este comunicado sem dramas ou lamúrias. Com surpresa e preocupação, veio a pergunta: - Pai, é doença incurável ou suicídio anunciado?

- Nem uma coisa, nem outra. Vou praticar a “morte técnica”. E explico. Estou saudável; nem quero sair da vida voluntariamente. A vida é, apenas, um intervalo entre o nascimento e morte, mas vale a pena ser vivida. – Então por que esta história de morte técnica?  Indagou, assustada, a primogênita.

- Eu não sou eu, nem você é você; nós somos números, códigos, senhas, papéis, certidões, uma miríade de consumidores idiotas e contribuintes assaltados. Aliás, o último dia de abril, fim do prazo para a declaração do imposto de renda deveria se tornar (já que tem dia de tudo) “o Dia Nacional da Tunga”. Tiram da gente e não chega para quem devia. Vai alimentar a canalha corrupta.

- Calma, pai! Ponderou o único varão. – Sosseguem. Estou absolutamente tranqüilo. E tá tudo planejado. A morte técnica é o caminho. Tentei ser um Indivíduo Não-Governamental (ING). Consegui em parte, mas ninguém se livra totalmente deste mal cada vez mais desnecessário, chamado governo, que perde a “Guerra dos Mosquitos”; apanha dos bandidos; mata o doente pobre na fila dos hospitais, então... Tentei ser um “Cidadão Informal”. Impossível. O “Big Brother” não deixa. Câmeras e escutas estão em todo canto para bisbilhotar a vida de gente honesta porque os criminoso impunes estão em toda parte. A burocracia é a indesejável companheira do berço (registro civil) ao túmulo (atestado de óbito). O nosso sistema financeiro é o mais moderno do mundo. Tente, por exemplo, depositar um dinheirinho a mais em espécie. É bronca! Agora, meta a mão em milhões e mande o dinheiro para os paraísos fiscais. Legal! Ah! Os bancos. Um boa tarde, um sorrizinho de atendente bonita, água, minha netinha, para o velho pensionista... Azeite quente das tarifas senhor velho, as mais altas do mundo em concubinato com o logro do empréstimo com desconto em folha, lascando os aposentados e enchendo a burra da banca e dos bacanas que inventaram a arapuca. E por falar em tarifa, um amigo caiu na besteira de deixar 600 reais numa conta bancária inerte (inerte para ele); cinco meses depois estava no vermelho em 70 reais. Mandou cobrir o “saldo devedor”. Tarde demais. Seu limpíssimo nome estava aonde? No SERASA.

- Tudo bem, pai, mas o que é “morte técnica”? Insistiu a impaciência da caçula. – É o seguinte: vou fazer uma viagem de balão tal qual o Padre paranaense (coitado, morreu de leseira). O balão vai desaparecer de mentira. Vocês farão o drama. Mídia, o escambau. Krause está desaparecido e morto (para tristeza dos amigos e alegria dos inimigos). Fato público e notório, vocês conseguem um atestado de óbito. Deixe estar que o balão tem destino certo: uma ilha na Bahia (a Utopia do Século XXI) onde ninguém trabalha. Lá todo mundo se chama Domingos e o grande amigo que vai me acolher por um ano é o Domingão, personagem atualizado de Robinson Crusoé, o Sexta-Feira. Não deixarei débitos; não tenho seguro de vida, sequer a pendência do inventário: o que tem, já está no nome de vocês. Morri. Libertei-me de tudo. Morri tecnicamente; morri para o mundo formal, o mundo da aporrinhação, da maldita burocracia, dos códigos; a minha morte é libertação do ser de papel cujo nome é um número. Ressuscitarei no tricentésimo sexagésimo quinto dia, em carne e osso, e voltarei para vocês.

- Pai, agora você endoidou de vez, disseram os cinco a uma só voz, como se fosse um coro ensaiado; como é que você vai viver? E sobreviver? E o Plano de Saúde? Antes que prolongassem as perguntas do mundo dos “vivos”, entrei de dois pés: - Estarei morto! Meu único documento será o atestado de óbito que, no Brasil, vale mais do que o cadáver. Não esqueçam: estou tecnicamente morto e fisicamente vivo. Carteira de identidade? Estou morto. Plano de Saúde? Preencher formulários? Atestado de óbito na cara do funcionário, perplexo, porém vencido pela força do papel que é muito mais importante do que a pessoa. Fiquem tranqüilos! Vai dar tudo certo.

E deu certo. Um ano depois, passei a viver minha morte técnica. Uma beleza. No começo, surpresas. Um grande jurista pernambucano deu um parecer notável; defendeu brilhantemente a tese da morte técnica; noveleiro, o jurista comparou minha conduta a de Marconi Ferraço, o ex-vilão da novela Duas Caras, recuperado pelo IBOPE. No meu caso, o parecer demonstra que não houve fraude, tampouco a nova vida do “morto técnico” causou, nem causará danos. 

Livre. Liberdade absoluta que só a morte proporciona me fez viver o melhor dos mundos: mesadinha garantida pela família para as necessidades básicas; um charutinho de vez em quando; os amigos, contentes; os inimigos, putos da vida; as burocracias, derrotadas. Todos se renderam à realidade do atestado de óbito ao qual anexei o parecer do grande jurista.

Do mundo dos vivos, somente duas coisas continuaram a fazer parte da agradável rotina: o endereço na internet (morto@mortotecnico.com); um trabalho leve para ganhar uns trocados – o de Ghost Writer (fantasma que escreve, sob encomenda, para os outros) – trabalho que já ocupa, hoje, grande parte do meu tempo.

Antes que eu esqueça: trocados sem recibo, afinal de contas estou morto e os mortos não pagam impostos.

Os jovens sempre desempenharam e ainda desempenham um papel importante na história dos povos. Estamos acostumados a dizer que os jovens são o futuro do nosso país. Eles já foram os responsáveis por irem às ruas no movimento das Diretas Já e também comandaram os “caras pintadas” em uma ação que resultou no impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello.

 

Há algumas décadas a juventude era vista como sinônimo de inquietude, quando os jovens estavam dispostos a lutar por seus direitos e, simultaneamente, não descuidavam de cobrar os deveres do Estado. O fato é que, durante algum tempo, esses jovens revolucionários ficaram adormecidos, apenas acompanhando as mudanças que aconteciam no Brasil, talvez sem esperanças pela possibilidade de mudanças.

Nosso Brasil já teve um dos maiores índices de violência contra jovens e muitos desses adolescentes não tiveram oportunidade de concluir o ensino básico. Além disso, passaram a se mostrar passivos as transições políticos, sociais e econômicas que o País vivia. Entretanto, essa realidade vem mudando, em partes, graças ao uso da internet. Nos últimos anos, os debates sobre a importância da juventude, seu papel na construção da sociedade e das políticas públicas tem sido muito mais presentes em vários segmentos.

Precisamos observar a responsabilidade que os jovens têm, especialmente os que se consideram líderes nas nossas sociedades, que participam com entusiasmo de processos políticos e que entendem, claramente, o seu papel. Muitos desses já têm consciência de que sua energia e criatividade são a força capaz de desencadear grandes mudanças na sociedade.

É preciso esclarecer que a objetividade e capacidade de participação ativa dos jovens devem ser incentivadas desde cedo, na infância, na escola básica. E daí a importância de práticas escolares atualizadas e capazes de estimular a coragem e o entusiasmo que são tão necessários na construção de um país melhor, conscientizando todas as crianças e jovens ao desempenho de um papel mais dinâmico.

Nós precisamos de jovens que compreendam as implicações de se viver em um País com tanta diversidade, em um país que pode oferecer ao seu povo muito mais, em todos os sentidos, se a política passar a atender o propósito do todo. É animador ver os jovens irem às ruas participar dos processos políticos, cobrar política e condições igualitárias.

Os jovens são a nossa esperança e o nosso futuro. Por isso devemos apostar neles. A juventude brasileira quer ser ouvida, quer ter seus direitos sociais e políticos respeitados, quer novas perspectivas de vida e realização.

Semana passada, fiz um discurso na Assembleia Legislativa solicitando ao governo do Estado que repita o que vem sendo feito em outros Estados – e aqui mesmo, na própria Alepe – e reduza em pelo menos 30% o número de cargos comissionados existentes na atual gestão – algo em torno de 3.400. Me causou espanto ver o governo responder que não vai fazer cortes só porque está na moda e que não há o quer cortar.

Todos acompanharam a série de manifestações que tomou conta de todos os Estados da Federação desde o mês de junho. O que era, incialmente, uma luta pela redução no preço de passagens, ganhou uma dimensão maior e se transformou numa batalha pelos direitos e pela moralidade na política.

Muitos Estados entenderam o recado das ruas – um retrato de insatisfação, como ficou claro em praticamente todas as pesquisas de avaliação dos governantes, com uma grande queda de popularidade de todos os políticos que se encontram no poder. Com sua resposta, parece que o governo de Pernambuco não quer ouvir a voz das ruas.

Após os protestos, em São Paulo, o governo anunciou o fim de secretarias e reduziu os cargos de confiança; em Minas Gerais, a mesma decisão foi tomada – cortando-se secretarias e reduzindo-se os comissionados. Diversos municípios do país e Assembleias Legislativas tomaram a mesma decisão. Aqui no Estado, a Alepe, composta em sua ampla maioria por parlamentares governistas, chegou à conclusão de que não se deveria fazer ouvido de mercador com a voz das ruas e reduziu em 30% os comissionados.

Será que só o governo de Pernambuco se acha acima do bem e do mal, acredita que não tem excessos e não vê problemas em manter o absurdo número de cargos comissionados? Repito aqui o pedido feito na semana passada: que o governador Eduardo Campos ouça o apelo popular e reduza em 30% o número de cargos de confiança em seu governo. Não estamos pedindo enquanto oposição. Estamos pedindo enquanto pessoas preocupadas com o futuro do nosso Estado.

Em meio a polêmica sobre a falta de médicos no Brasil, com o governo Federal anunciando projetos para trazer profissionais estrangeiros para atender as demandas, a pergunta que mais tem sido feita pela população é: precisamos de mais médicos ou precisamos de infraestrutura para os profissionais nacionais trabalharem?

No início de 2013, uma pesquisa realizada pelo Ipea realizada com quase 3 mil pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), indicou a falta de médicos como principal problema de 58% dos brasileiros que utilizam o atendimento na rede pública. O Brasil tem uma média de 1,8 médicos para cada mil habitantes, enquanto isso, na Argentina a proporção é 3,2 médicos e, em países como Espanha e Portugal, essa relação é de 4 médicos.

Todos os anos, 13 mil brasileiros se formam em medicina. Contudo, os médicos brasileiros estão concentrados no Sudeste do País. E assim, temos 22 estados que estão abaixo da média nacional de médicos por habitantes. No Rio de Janeiro e Distrito Federal, por exemplo, há mais de três profissionais para cada mil habitantes. Já em alguns estados do Nordeste, seria preciso dobrar a quantidade de profissionais para atingir a média nacional.

Tais dados nos levam a acreditar que o problema está na distribuição geográfica dos profissionais, que é desigual. Vale analisar se a maior dificuldade não esteja em atrair médicos para as áreas mais carentes do país, para as periferias das cidades e para o interior.

Se precisamos de mais médicos? Sim, precisamos. Em um País com cerca de 400 mil médicos formados, cerca de 700 municípios não possuem um único profissional de saúde. Já em outros 1,9 mil municípios, 3 mil pacientes concorrem pelo atendimento de menos de um médico por pessoa. A questão da falta de médicos é coerente, mas solucionar apenas esse ponto não é suficiente.

Como podemos querer que os médicos atendam nas cidades menores ou do interior do país, se não há infraestrutura para realizar os procedimentos? Os profissionais resistem em trabalhar em lugares sem estrutura, equipamentos e medicamentos, e esta é uma realidade que resulta na necessidade de ampliar investimentos.

Levar médicos a todas as localidades do Brasil é um desafio. Entretanto, é fundamental aplicar bem os R$ 15 bilhões anunciados pelo Governo para investimentos na infraestrutura de hospitais e unidades de saúde. E, assim como em outras áreas, é preciso uma gestão rigorosa e capaz de transformar o SUS em uma referência.

PPS e PMN, finalmente, jogaram a toalha. Não será possível a fusão das duas legendas para criação da MD – Mobilização Democrática. Sai derrotado o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, que batalhou efetivamente para o seu partido encontrar uma isca de crescimento efetivo e com isso virar atrativo para políticos inconformados nas suas atuais legendas.

No plano nacional, de imediato quem sai perdendo também é o ex-governador José Serra, de São Paulo, que esperava contar com a fusão para viabilizar sua migração do PSDB para outra legenda. Pré-candidato ao Planalto, o governador Eduardo Campos também se frustra, porque tão logo a fusão foi anunciada Freire e os principais dirigentes do PMN acenaram em apoio ao seu nome.

Freire chegou a dizer que mais de 70% dos deputados do MD estavam simpáticos ao projeto nacional de Eduardo. Vários fatores contribuíram para o desfecho negativo da fusão, mas a consulta que um dos partidos da base fez ao TSE questionando a legalidade de um novo partido originário da fusão, até o momento sem resposta por parte daquela corte, deixou deputados com uma pulga atrás da orelha.

Pairou a desconfiança de que a fusão era um tiro no escuro e por isso mesmo não houve uma correria de filiações como se esperava. A derrota de Freire e do PMN representa, consequentemente, uma vitória do Governo.

Que deve mirar agora sua metralhadora em direção à Marina Silva, para impedir que viabilize igualmente a sua Rede Sustentabilidade. Marina que se cuide, pois o tempo voa e seu prazo se expira em outubro. Se até lá, ela não criar a Rede terá que se abrigar em outra legenda se quiser de fato disputar à Presidência da República.                                                             

EXEMPLO DE FIDELIDADE– O presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Uchôa (PDT), garante que não existe a menor possibilidade do deputado Tony Gel deixar o DEM e migrar para o PTB em apoio à candidatura do senador Armando Monteiro Neto (PTB). “Nunca vi um político com maior grau de fidelidade do que Tony Gel. Veja que ele foi para a forca no primeiro e segundo turnos com Mendonça Filho. Precisa dizer mais alguma coisa?”, observou.

O PT mudou– O PT pernambucano está mais flexível. Ficou para trás o tempo em que para comandar o partido o pré-requisito básico era perfil de militante histórico. A corrente de Humberto Costa e João Paulo quer bancar o nome de Bruno Ribeiro, ex-assessor da TIM e atual assessor de Humberto. Sem uma folha de serviço, portanto, prestada ao partido.

Empate técnico– Conforme já foi levantado pelo Instituto Opinião em Arcoverde, em Afogados da Ingazeira Dilma e Eduardo também aparecem empatados na corrida presidencial. O governador aparece com 34,3% contra 30,4% da presidente, enquanto José Serra, em terceiro, tem 7% e Marina, em quarto, 4,8%. Em último, o tucano Aécio Neves, tem apenas 1,5%.

Armando lidera– Já para o Governo do Estado, se repetem praticamente os mesmos percentuais de Arcoverde: o senador Armando Monteiro Neto (PTB) lidera com 24,5% das intenções de voto, em segundo aparece João Paulo (PT) com 6,5% e João Lyra Neto vem em seguida com 3,5%. Já o ministro Fernando Bezerra tem 2,8% e Júlio Lóssio (PMDB) 1%.

Sai federal– Aliado histórico, militante por cerca de 30 anos nos quadros do PDT, o empresário Kiko Beltrão rompeu com o prefeito de Caruaru, José Queiroz, e será candidato a deputado federal para bater de frente com o deputado Wolney Queiroz, herdeiro político do prefeito e candidato a reeleição. Kiko tem inserção também na região do Agreste.

CURTAS

ACREDITE SE QUISER– Os deputados Sílvio Costa (PTB) e Tony Gel (DEM) conversaram demoradamente, ontem, num almoço, mas negaram que tenham tratado de secessão estadual e da candidatura de Armando Neto a governador.  O encontro foi flagrado por este blogueiro, que é daqueles que não acreditam em Papai Noel.

PESQUISA– Pelo menos 20 Estados já confirmaram nova paralisação dos médicos, hoje. A categoria volta às ruas para protestar contra o programa Mais Médicos e os vetos à lei que regulamenta o exercício da Medicina. No próximo dia 8, médicos de todo o País fazem uma grande marcha a Brasília.

Perguntar não ofende: Por que Silvio Costa se apressou em desmentir que convidou Tony Gel para ingressar no PTB? 

No momento em que a oposição encomendou uma pesquisa para mostrar que a popularidade do governador caiu, o presidente estadual do PSDB, Sérgio Guerra, adotou, ontem, um discurso que não bate com o pensamento dos deputados tucanos na Assembleia.

Em entrevista ao Frente a Frente, se derramou em elogios ao governador Eduardo Campos, estimulando sua entrada na disputa presidencial. “É evidente que temos ainda problemas estruturais, mas o Estado mudou para melhor com Eduardo”, disse Guerra.

Para o dirigente tucano, no momento em que os políticos em geral estão em declínio, o fato de Eduardo ser apontado o governador com melhor avaliação no País fortalece seu projeto nacional. Guerra, apesar de já ter candidato a presidente, o senador mineiro Aécio Neves, diz que torce para Eduardo entrar na disputa.

 “Fortalece a democracia e abre mais uma alternativa para o eleitorado nacional”, disse. Guerra disse que se Pernambuco não chegou ainda ao estágio desejado pela população, na gestão de Eduardo houve avanços significativos. “O governador se mobilizou muito, teve apoio do Governo federal e estamos bem melhor em comparação com oito anos atrás”, disse.

Não é o que pensa, por exemplo, o deputado Daniel Coelho, liderança tucana em ascensão no Estado. Há 15 dias, Daniel liderou uma caravana a Petrolina para mostrar projetos e obras desmontadas na gestão atual, como uma escola adotando rodízio de turmas por falta de estrutura.

A postura dele, portanto, é bem diferenciada da de Guerra, que continua mantendo permanente diálogo com o governador, o que parece não agradar a Daniel nem ao restante da bancada na Alepe.

ARMANDO LIDERA– Pesquisa do Instituto Opinião em Arcoverde aponta o senador Armando Monteiro Neto (PTB) na dianteira para governador com 24,3% das intenções seguido pelo deputado João Paulo (PT), que aparece com 8,5%. Em terceiro está o vice-governador João Lyra Neto (PDT), com 7,5% e em quarto o tucano Daniel Coelho, com 4%. O prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio (PMDB), que pode disputar pelo PMDB, tem 1,8% e o ministro Fernando Bezerra 0,8%.

Empate técnico– Já na disputa presidencial, o governador Eduardo Campos aparece empatado, tecnicamente, com a presidente Dilma em Arcoverde. O socialista tem 33,1% das intenções de voto contra 29,5% da petista. José Serra (PSDB) e Marina Silva (sem partido) aparecem empatados com 8,8% e 8,5%, respectivamente, enquanto o tucano tem apenas 0,5%.

O favorito– O Tribunal Superior Eleitoral deve anunciar, na próxima semana, a data da eleição suplementar para prefeito de Água Preta, na Mata Sul pernambucana. Ali, só uma catástrofe evita a vitória do pedetista Armando Souto, que já obteve mais votos na eleição passada, mas não assumiu por uma decisão da justiça até hoje não assimilada pela população.

Longo prazo– Aliados da presidente Dilma não ficaram apreensivos com o resultado da pesquisa CNI/Ibope. Consideram um ponto positivo: a petista parou de cair. Sobre uma eventual recuperação da sua imagem, preveem que nada se dará em curto prazo por causa da magnitude do fenômeno sociopolítico das manifestações de junho.

Ao mestre– O mestre Dominguinhos, que faleceu quarta-feira passada em São Paulo, ganha homenagem especial em Caruaru na próxima segunda-feira. A iniciativa é da Fundação de Cultura, a partir das nove horas, no Museu de Barro. Contará com a participação do Padre Bosco e dos jovens do projeto Fole Novo, além de sanfoneiros da região.

CURTAS

ROTEIRO ADIADO– O governador cancelou sua ida, na próxima segunda-feira, ao município de Dormentes, no Sertão do São Francisco. Ali, em nova data a ser marcada, inaugura o hospital Nossa Senhora da Paz e o trecho da estrada que liga Dormentes ao distrito de Lagoas.

PRÊMIO– Presidente da Associação Pernambucana de Atacadistas e dono da Rede Bonanza de Supermercados, o empresário Douglas Cintra, suplente de senador pelo PTB, recebe, na próxima terça-feira, o prêmio “Personalidade do ano” da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil.

Perguntar não ofende: Se Eduardo for candidato a presidente, o ministro Fernando Bezerra apoia?

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