Uma pesquisa do IBOPE, divulgada em julho de 2013, revelou que 29% dos brasileiros confiavam no Congresso Nacional. Corpo de Bombeiros, Igreja e Forças Armadas eram as instituições que obtinham maior porcentual de confiança da sociedade brasileira. Entretanto, o reduzido porcentual de confiança do Congresso Nacional assusta já que o sistema político brasileiro é uma democracia representativa. No entanto, tais dados não nos causam surpresa.
O Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) realizou, na cidade do Recife, em junho de 2013, uma pesquisa e revelou que 89,8% acreditam que os políticos são corruptos em sua maioria. Vejam, são os políticos que integram o Parlamento e são eles que, teoricamente, representam a população brasileira junto ao Governo. Porém, as pesquisas atestam que a população não confia no Parlamento e nos políticos.
Após as manifestações ocorridas em junho deste ano, criou-se a expectativa de que o Congresso Nacional iria reagir aos protestos, ou melhor: acreditamos que os políticos mudariam as suas práticas e, por consequência, a imagem do Parlamento. Os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros, fizeram esta opção. Diversos parlamentares também. Entretanto, na última semana de agosto deste ano, a Câmara Federal fez uma escolha que inibiu qualquer tipo de reação favorável da opinião pública ao desempenho do Parlamento e dos políticos.
Em 28/08/2013, parte dos deputados federais optou por não cassar o mandato do deputado federal Natan Donadon. É possível que, diante de tal notícia, alguém tenha argumentado que os deputados acataram a defesa de Donadon. Argumento plausível, caso o parlamentar não tivesse sido condenado pela última instância judiciária do país, o Supremo Tribunal Federal (STF), e não estivesse cumprindo a pena determinada no sistema prisional.
O que motivou os deputados a não cassar Donadon? Esta é a pergunta chave para uma pesquisa nos âmbitos da Psicologia, da Ciência Política e da Sociologia. O corporativismo pode ser uma causa relevante - neste caso, os parlamentares não ficaram confortáveis em cassar um colega do Parlamento. É possível, também, que a atitude tenha sido articulada com o objetivo de criar precedentes para que outros deputados, quando na iminência de serem julgados, não sejam condenados com a perda o mandato. As possibilidades de explicação são diversas.
Neste instante, diante do fato já consumado, recomendo que os políticos se preocupem com a opinião pública. Não se pode desprezar as reações dos eleitores. A prática política do século XXI, diante do advento das redes sociais e da pluralidade de órgãos de comunicação presentes no Brasil, não pode ser caracterizada pelo forte clientelismo, corporativismo e patrimonialismo. Políticos sábios e modernos não relutam em escutar a voz das ruas. A prática política no século XXI se caracteriza pela transparência e pelo respeito às demandas do eleitor.