Janguiê Diniz

Janguiê Diniz

O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

Os Blogs Parceiros e Colunistas do Portal LeiaJá.com são formados por autores convidados pelo domínio notável das mais diversas áreas de conhecimento. Todos as publicações são de inteira responsabilidade de seus autores, da mesma forma que os comentários feitos pelos internautas.

Quando a uso da força ultrapassa os limites

Janguiê Diniz, | qua, 18/09/2013 - 11:54
Compartilhar:

Não é nenhuma novidade que o Brasil vive uma onda de protestos desde meados do mês de março e abril, começando por Porto Alegre e depois pelos outros estados. Da mesma forma, sabemos que há uma minoria aproveitando os movimentos para promover atos de vandalismo contra o patrimônio público e privado. E neste momento, é essencial o posicionamento do Estado policial.

George Bernard Shaw, dramaturgo irlandês, disse que é “impossível progredir sem mudança, e aqueles que não mudam suas mentes, não podem mudar nada”. Parece-me uma boa citação para expressar o momento que os brasileiros vivem – indo às ruas com vontade de mudar, de transformar o país. Entretanto, o que inicialmente era um protesto contra os aumentos de passagens de ônibus e acabou resultando em manifestações por melhorias na educação, saúde e contra corrupção, transformou cidades em verdadeiros palcos de guerra.

Fortaleza, Belém, Rio de Janeiro, Recife e São Paulo são apenas alguns exemplos de cidades onde o uso da força policial excedeu os limites dos protestos. Ao usar spray de pimenta, balas de borracha, gás lacrimogêneo e cacetete para reprimir os manifestantes, os policiais acabaram atingindo pessoas que nada tinham a ver com os manifestos, e, mesmo que o tivessem, não faziam uso de vandalismo que justificassem tais ações por parte da polícia.

Claro que esse tipo de ação não se restringe apenas ao Brasil. Em Istambul, na Turquia, a polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água contra os ativistas que, até então, protestavam de forma pacífica. E então, vale citar Ulysses Guimarães, que teve papel inegável durante a ditadura militar: “A única coisa que mete medo em político é o povo nas ruas”.

Democracia não combina com vandalismo. E isso vale tanto para manifestantes quando para autoridades. Protestos devem ser feitos exclusivamente na perspectiva do Estado Democrático de Direito, sem nenhuma forma de violência e de depredação, isso é democracia. Não há justificativas para que manifestações utilizem violência, destruam o que nós ajudamos a construir através do pagamento dos impostos. E também não é justificável que manifestantes pacíficos sejam reprimidos de forma violenta.

Os protestos que mobilizam o País devem servir para trazer o debate sobre saúde, educação, política e tantos outros pontos para a pauta diária do Governo. Este é, sem dúvidas, um movimento popular singular na história brasileira, talvez comparável com a restauração do regime democrático em 1985. 

Não podemos admitir que haja uma repressão ao direito de manifestar-se. É preciso que os responsáveis pela segurança pública ajam apenas contra os que promovem o vandalismo, preservando a integridade física e psíquica daqueles que lutam para a construção de um país melhor para todos.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

LeiaJá é um parceiro do Portal iG - Copyright. 2024. Todos os direitos reservados.

Carregando