Depois de dois anos de pleitos engavetados, os produtores de biodiesel devem conseguir finalmente, na próxima semana, a esperada mudança no marco do setor que elevará de 5% para 6% a mistura no diesel. Além disso, a Medida Provisória que será anunciada pela presidente Dilma Rousseff na quinta-feira (29) já marcará para setembro uma nova elevação, para 7%. Além de ajudar o setor que fabrica o biocombustível, a alteração representará um alívio importante para o caixa da Petrobras, que precisará importar menos combustível.
"Estamos aguardando essa medida há dois anos e essa é a melhor notícia possível para o setor", avaliou o presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Erasmo Carlos Battistella. Segundo ele, o governo deve anunciar a mudança na quinta-feira e publicar a medida no Diário Oficial da União (DOU) de sexta-feira, 30.
##RECOMENDA##
O executivo destacou que as usinas de biodiesel poderiam até mesmo entregar o suficiente para uma mistura mais elevada. "A principal matéria-prima para nosso combustível é a soja, a qual temos grande disponibilidade. Além disso, o parque instalado hoje conseguiria arcar com uma mistura de até 10% se fosse necessário", completou.
Para Battistela, o transporte do biodiesel também é um facilitador para a logística do País, uma vez que o diesel puro precisa ser importado por meio dos portos ou é produzido em refinarias próximas da costa, enquanto o biocombustível é fabricado no interior do País, em praticamente todas as regiões.
"O governo levou em consideração diversos aspectos positivos do aumento da mistura de biodiesel, desde as questões ambientais até as econômicas, e nesse quesito também pesou a situação financeira da Petrobras. Com o aumento do biodiesel, a necessidade de importação cai na mesma proporção", acrescentou o presidente da Aprobio.
A Petrobras publicou nota neste sábado, 24, em sua página na internet informando que a sua subsidiária de biocombustíveis investirá US$ 2,3 bilhões até 2018 para ampliar a produção de etanol e biodiesel. Desse total, cerca de US$ 900 milhões serão destinados para projetos já em implantação, enquanto o restante irá para empreendimentos em avaliação.
Apesar do etanol ser a prioridade da Petrobras, o segmento de biodiesel e de suprimento agrícola receberá US$ 700 milhões. "O plano prevê o crescimento da produção de biocombustíveis alinhado com o mercado doméstico de gasolina e diesel", afirmou a companhia na nota. A Petrobras possui três usinas do combustível - Candeias (BA), Quixadá (Ceará) e Montes Claros (MG) - e opera outras duas por meio de parcerias. Somadas, as unidades têm capacidade de produzir 821 milhões de litros de biodiesel por ano.
No fim do mês passado, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, reforçou em audiência na Câmara dos Deputados que a companhia trabalha para ampliar a participação no setor de biodiesel no diesel. "Trabalhamos para ter uma participação maior do biodiesel no diesel. Tenho satisfação com o programa do Biodiesel", afirmou na ocasião.