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O cantor Maciel Melo afirmou, nesta sexta-feira (24), que é contra “qualquer tipo de corrupção” e pontuou nunca ter recebido propostas do Governo de Pernambuco ou da Prefeitura do Recife para superfaturar contratos de shows. 

O posicionamento do poeta cantador, como é conhecido, foi divulgado nas redes sociais um dia após os cantores André Rio e Cezzinha denunciarem, nessa quinta (23), que a Fundarpe e a Empetur pediram uma “comissão” em troca do contrato das apresentações deles. 

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De acordo com áudios que circulavam no Whatsapp, representantes dos órgãos do governo estadual pediram para "deixar metade do cachê de comissão” para os responsáveis por elas. 

“Sou contra qualquer tipo de corrupção, nunca recebi nenhuma proposta. Nunca ninguém me pediu nada. Muitos anos que trabalho para o Governo do Estado e a Prefeitura [do Recife], nunca me pediram nada. Todos os shows que fiz são através dos meus contratos. Tudo dentro das leis”, asseverou o artista, em vídeo publicado no Facebook. 

Maciel Melo disse acreditar que “pessoas sérias” trabalhem na gestão estadual. “Se tiver alguém que esteja fazendo isso que se descubra, mande para fora ou prender, faça qualquer coisa”, cravou. O cantor pediu ainda para que artistas e governo cuidem mais da cultura.

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Após as denúncias, o Governo de Pernambuco emitiu uma nota dizendo que segue “os critérios e normas legais nas contratações”. “O Governo de Pernambuco vai apurar e punirá civil e criminalmente qualquer um que venha a tomar este tipo de atitude na atual gestão. Além disso, vai acionar judicialmente qualquer pessoa que faça acusações inverídicas, para que ele possa informar e provar quem realizou ou propôs este tipo de negociação, tal como o relatado pelo citado cantor", diz o texto.

Em plena festa junina, em meio à polêmica envolvendo o cachê de R$ 575 mil a Wesley Safadão no São João de Caruaru, artistas pernambucanos compartilharam áudios no Whatsapp denunciando um esquema de superfaturamento de shows promovidos pelo poder público estadual. Segundo os artistas, eles teriam que pagar uma comissão para ter seus shows contratados para a festa de São João.

O cantor André Rio foi o primeiro a denunciar o esquema. No áudio que enviou a um grupo do aplicativo de troca de mensagens, ele afirma que foi contactado apenas no dia 22, um dia antes da véspera de São João, para fazer shows pela Fundarpe e pela Empetur, dois órgãos do governo de Pernambuco ligados às areas de Cultura e Turismo, respectivamente. Mas que, para fechar contrato, teria de "deixar metade do cachê de comissão (...) para as pessoas que dirigem estes órgãos". 

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André Rio ainda afirma que 'muito artista aceita' e depois fica reclamando por ser 'tratado dessa forma'. Ouça o áudio de André Rio:

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Outro músico, o sanfoneiro e cantor Cezzinha, também compartilhou um áudio sobre o tema. "Algumas pessoas devem estar perguntando por que eu não estou fazendo muito show, é por conta dessas sacanagens", diz o músico, que classifica como 'roubalheira' a atual situação. Ouça o que disse Cezzinha:

Os áudios estão causando uma grande repercussão no meio musical pernambucano, e o governo estadual soltou uma nota, assinada pelos secretários de Turismo (Felipe Carreras) e Cultura (Marcelino Granja), e pelas presidentes da Fundarpe (Márcia Souto) e Empetur (Ana Paula Vilaça) sobre o tema. Confira a íntegra:

"Sobre o áudio gravado pelo cantor André Rio, as secretarias de Turismo e de Cultura do Governo do Estado de Pernambuco, a Fundarpe e a Empetur informam que trabalham segundo as recomendações definidas pelo Tribunal de Contas do Estado e do Ministério Público, seguindo todos os critérios e normas legais nas contratações. O Governo de Pernambuco vai apurar e punirá civil e criminalmente qualquer um que venha a tomar este tipo de atitude na atual gestão. Além disso, vai acionar judicialmente qualquer pessoa que faça acusações inverídicas, para que ele possa informar e provar quem realizou ou propôs este tipo de negociação, tal como o relatado pelo citado cantor."

Ao LeiaJá, a assessoria do cantor André Rio afirmou que não conseguia contato com o cantor desde a manhã desta quinta (23) e não tinha um posicionamento. O músico Cezzinha não foi encontrado pela reportagem para comentar o áudio.

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O juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, autorizou a divulgação de provas conseguidas na operação envolvendo a empreiteira Odebrecht, em uma ação que investiga a possibilidade de superfaturamento na obra da Arena Pernambuco. A suspeita é que R$ 48,7 milhões foram usados incorretamente. Por isso, nesta quinta-feira (2), o Governo do Estado resolveu se posicionar.

Através de nota, o Governo de Pernambuco afirma que a Arena custou R$ 479 milhões e “teve como marca a transparência em todo o seu processo de construção”. O Estado ainda se colocou à disposição para qualquer esclarecimento. Confira a nota na íntegra:  

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A construção da Arena Pernambuco, que custou R$ 479 milhões, teve como marca a transparência em todo o seu processo de construção. Dessa forma, o Governo de Pernambuco apoia qualquer iniciativa de aferir o zelo com o patrimônio público, marca da nossa gestão. Diante disso, desde já se coloca à disposição para repasse das informações necessárias e quaisquer esclarecimentos acerca desta e de outras obras realizadas no nosso Estado, como tem feito sempre que requerido.

Governo do Estado de Pernambuco


A Polícia Federal em São Paulo solicitou apoio ao juiz Sérgio Moro e à força-tarefa da Lava Jato na investigação que apura as suspeitas de superfaturamento de R$ 170 milhões nos custos de terraplenagem das obras do trecho norte do Rodoanel por parte da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa).

No pedido ao juiz Sérgio Moro protocolado nesta quarta-feira, 18, o delegado Milton Fornazari Júnior, da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (Delefin) de São Paulo pede ao juiz da Lava Jato o compartilhamento de provas envolvendo as quebras de sigilo das empresas do Grupo OAS, cuja cúpula já foi condenada por envolvimento do esquema de corrupção na Petrobras.

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"Represento pelo compartilhamento de provas da Operação Lava Jato, em relação aos resultados de quebras de sigilo bancário de empresas do Grupo OAS, a fim de identificar pagamentos indevidos aptos para elucidar a presente investigação", diz o delegado na solicitação a Moro.

A investigação da PF foi aberta neste ano e já é a quinta envolvendo a polêmica obra do governo paulista que acumula atrasos. A solicitação aguarda análise do juiz Sérgio Moro, que tem atendido aos pedidos de investigadores de todo o País para compartilhar provas com a megaoperação que desmantelou as práticas corruptas das maiores empreiteiras do Brasil envolvendo a Petrobras e também outros setores do governo federal.

Nesta investigação, feita a partir da denúncia de um ex-funcionário da Dersa, os investigadores paulistas apuram as suspeitas de que a estatal teria assinado vários aditivos que encareceram as obras de terraplenagem dos seis lotes do trecho norte para beneficiar as empresas dos consórcio que toca o empreendimento.

Dentre as empresas responsáveis está a OAS, cujo lote em que atua teve o maior acréscimo de preço, de 385,6% em relação ao valor original do contrato firmado em 2013. Neste lote, os valores subiram, principalmente, por causa do aumento do serviço de transporte de material por mais de 15 quilômetros (R$ 12,3 milhões) e da inclusão do serviço de remoção de rocha (matacão) em escavação (R$ 22,3 milhões).

Pelos contratos assinados em 2013, no valor total de R$ 3,9 bilhões, o custo previsto com terraplenagem em toda a obra era de R$ 423,7 milhões. Planilhas de pagamentos da Dersa obtidas pelo Estado mostram que, até janeiro deste ano, o valor atualizado para esse serviço era de R$ 845,4 milhões, um aumento de 99,6%.

Defesa

A Dersa nega qualquer favorecimento às construtoras que executam os seis lotes da obra e afirma que teve de incluir novos serviços nessa etapa da construção por questões geológicas, por causa dos riscos de impacto em moradias do entorno, além de grandes deslocamentos de terra que não estavam previstos. "A gente solicitou uma série de avaliações ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) nesse sentido. Identificada alguma discrepância, ela vai ser corrigida", disse o presidente da empresa, Laurence Casagrande, ao Estado, no dia 23 de março.

Casagrande disse que duas auditorias internas feitas pela estatal a seu pedido desde o início de 2015 não constataram nenhuma das irregularidades apontadas pelo ex-funcionário que denunciou o suposto desvio de recursos do Rodoanel Norte à Polícia Federal e que encaminhou, no mês passado, um pedido para que a Corregedoria-Geral da Administração (CGA) investigue o caso.

A CGA informou que vai ouvir o denunciante e outros funcionários da Dersa e de empresas terceirizadas e que prepara diligências na obra com equipes especializadas. Segundo o órgão, "a Dersa colabora com a investigação".

Segundo Casagrande, que disse estar à disposição da PF, os custos de terraplenagem aumentaram em 40,2% porque novos serviços tiveram de ser incluídos ou aumentados em razão de questões geológicas, riscos de danos a moradias do entorno da obra e do maior número de deslocamentos de material que não estava previsto.

"Nós não temos compromisso com o erro", disse. "Isso aqui está sob análise e o projeto ainda está no meio. Se você mediu a menor, você aumenta. Se mediu a maior, desconta. Há saldo de contrato suficiente para, se eventualmente encontrarmos algum erro, ele ser corrigido."

Custo

Ele afirma que o aumento de gastos com a remoção de rochas grandes e de argamassa expansiva, que elevaram o custo de terraplenagem, mostrou-se necessário durante o avanço das obras, embora não estivesse previsto no projeto básico. "É fato que há variações entre o projeto básico e o executivo. Essa avaliação ainda está em processo de conclusão. Diria que o projeto básico foi razoavelmente assertivo", disse.

Segundo Casagrande, os preços dos novos serviços são provisórios, foram orçados pela Dersa e sofreram o mesmo desconto dado pelas empreiteiras na licitação. A Dersa espera concluir essa análise até maio para definir os reajustes dos seis contratos da obra.

O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TC-DF) concluiu, após auditoria, que o gramado do estádio Mané Garrincha, em Brasília, foi superfaturado em R$ 954,3 mil. O valor corresponde a 16,4% do valor total do contrato, de quase R$ 6 milhões. O Mané Garrincha foi um dos estádios reformados para receber jogos da Copa do Mundo de 2014.

As irregularidades que penalizaram os cofres públicos vão de serviços pagos e não entregues a sobrepreço dos valores praticados no mercado. Além disso, procedimentos caros e desnecessários foram feitos mais de uma vez, alguns em desacordo com as determinações da Fifa e contra o que havia sido estabelecido em licitação, afirma o tribunal.

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Diante das evidências de gastos indevidos, o TC-DF deu prazo de 30 dias para que Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), responsável pelo estádio, e a empresa responsável pelo gramado, Greenleaf Projetos e Serviços S/A, expliquem as irregularidades.

Por ter sido o mais caro entre as sedes da Copa do Mundo de 2014, com preço estimado em R$ 1,7 bilhão, o estádio já havia entrado na mira do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios por suspeitas de superfaturamento. Em dezembro de 2015, a Procuradoria ajuizou ação penal pública contra três ex-gestores da Novacap acusados de favorecer o grupo Greenleaf no contrato de implantação do gramado. "Os denunciados, de forma livre e consciente, admitiram, possibilitaram e deram causa a modificações e vantagens, inclusive prorrogações contratuais, em favor da empresa", afirmou, à época, o Ministério Público.

Em setembro, alterações supostamente irregulares feitas depois da contratação da Greenleaf levaram o Ministério Público a ajuizar ação de improbidade administrativa contra os ex-gestores da empresa e da Novacap. Nos cálculos da Procuradoria, as mudanças aumentaram o custo do contrato de R$ 5,9 milhões para R$ 6,6 milhões, valor acima do estimado pela auditoria do Tribunal de Contas do Distrito Federal.

Com nivelamento e levantamento "desnecessário", o prejuízo aos cofres públicos foi de R$ 365 mil, afirma o Ministério Público. Embora a exigência da Fifa fosse a realização dos serviços apenas uma vez, pela análise do Tribunal de Contas, cada gasto foi feito três vezes. A Novacap custeou, ainda, o nivelamento de uma área de 17.940 metros quadrados, quase o dobro do tamanho do campo.

Os exageros nestes serviços, segundo o Tribunal de Contas, fizeram com que os gastos topográficos respondessem por 8,4% do valor total contratado - porcentual considerado pela Corte "incomum e irreal em relação a qualquer obra".

A sub-base em brita graduada e o lastro de brita também saíram mais caro que o orçado pela Novacap. Segundo os auditores, o governo teve que pagar duas vezes à Greenleaf pelo mesmo serviço, o que resultou em um prejuízo de R$ 148,7 mil apenas com brita.

A Novacap afirmou que foi notificada pelo Tribunal de Contas e encaminhou a decisão da Corte para a área técnica. A companhia garantiu que responderá aos questionamentos dentro do prazo estipulado. A Greenleaf Projetos e Serviços S/A ainda não se manifestou sobre o caso.

O líder da Oposição na Câmara de Vereadores de Olinda, Arlindo Siqueira (PSL), protocolou, nesta terça-feira (23), um pedido para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis irregularidades em um conjunto de obras executadas pela Prefeitura de Olinda. De acordo com Siqueira, há indícios de superfaturamento e sobrepreço nos contratos das intervenções. 

De acordo com o líder, o requerimento para a instalação da CPI foi baseado no Relatório de Demandas Externas (nº 00215.000456/2012-04) da Controladoria Geral da União (CGU) e do Ministério Público Federal (MPF), que apontam "situações presumidamente irregulares" nas obras, desde o processo de licitação dos serviços até a execução e o andamento das obras. A CGU já apura as denúncias, provocada pelo vereador Arlindo Siqueira, em 2013. 

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Além de Siqueira, também assinaram o pedido para a instalação do colegiado os vereadores Nido Guabiraba (PTC), Algério Nossa Voz (PSB), Jesuíno Araújo (PSDB), Jorge Federal (PR) e Ricardo Sérgio (PROS). Um total de seis assinaturas, número exigido pelo Regimento Interno da Casa.

No relatório, a CGU aponta o sobrepreço no valor de mais de R$ 1,66 milhão na obra do Canal da Malária; superfaturamento de mais de R$ 1,38 milhão na mesma obra; irregularidades no estado físico das obras; paralisação dos serviços; e o início das obras sem o devido licenciamento ambiental.

Apesar de o MPF já está apurando as possíveis irregularidades da gestão, Siqueira afirmou ser necessário que a Câmara instale da CPI que garante o “poder investigatório no âmbito municipal”. “Podemos dar celeridade às investigações e colher informações e subsídios que possam ajudar nas investigações do MPF", justifica Arlindo.  

Esta é a segunda vez que a oposição tenta instalar uma CPI para investigar a gestão do prefeito Renildo Calheiros. Em fevereiro de 2014, a bancada tentou instalar a CPI das obras inacabadas, mas foi frustrada com a retirada da assinatura do vereador Joab Teodoro (PRP), horas depois de o pedido ter sido protocolado no Departamento Legislativo da Casa. A Oposição precisava de seis assinaturas, mas a desistência de Teodoro ficou apenas com cinco (Arlindo Siqueira, Jorge Federal, Riquinho Água&Gás, Jesuíno Araújo e Graça Fonseca) e o pedido foi arquivado. 

Para combater a recessão e tentar destravar investimentos, principalmente em infraestrutura, o governo prepara o lançamento de um novo pacote de medidas, uma espécie de nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas apenas duas das dez maiores obras do PAC 1, lançado em 2007, foram totalmente concluídas.

Levantamento feito pelo Estado com base em informações dos ministérios responsáveis pela execução dos empreendimentos - e confrontadas com balanços oficiais do programa - mostra que, além desses dois projetos já entregues na área de petróleo, três usinas de energia e uma refinaria até entraram em operação, mas ainda não foram concluídas. O governo também entregou uma parte do trecho sul da Ferrovia Norte-Sul, entre Palmas e Anápolis, mas a segunda parte está prevista para ser entregue só no fim deste ano.

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A maior obra do PAC, a construção do que seria a maior refinaria de petróleo do mundo - a Premium 1, no Maranhão -, foi abortada pela Petrobrás. A estatal teve um prejuízo de R$ 2,1 bilhões com o projeto, que custaria R$ 41 bilhões.

Tirando essa obra, as nove restantes custariam aos cofres públicos R$ 60 bilhões, de acordo com estimativas iniciais. Atualmente, porém, de acordo com os ministérios, esse valor já supera R$ 168 bilhões.

Lançado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PAC previa um total de R$ 503,9 bilhões em mais de mil projetos. Em 2010, foi lançado o PAC 2, como vitrine para a campanha da presidente Dilma Rousseff. A nova versão do programa incorporou as obras que não tinham sido concluídas no PAC 1, com total de investimentos na casa de R$ 1 trilhão.

Nesses nove anos de programa, atrasos constantes e mudanças no planejamento multiplicaram a previsão de gastos. Os ministérios que executam as obras e o Planejamento argumentam que é preciso descontar a inflação e a variação cambial do período. Além dos atrasos, em alguns casos, dizem, os custos subiram porque o projeto inicial foi completamente revisto, além dos gastos ambientais e de desapropriação.

No primeiro balanço do PAC, de janeiro a abril de 2007, o governo prometeu que até 2014 os principais projetos bilionários do programa estariam prontos ou em operação.

Superfaturamento

Entre eles, está a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que precisaria, segundo a previsão inicial, de investimentos de R$ 5,6 bilhões. Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) constatou superfaturamento de R$ 1 bilhão em dois dos quatro contratos analisados. A Petrobrás teria como sócia na refinaria a venezuelana PDVSA, mas o empreendimento foi integralmente assumido pela estatal brasileira. O projeto não está totalmente concluído - a estimativa para finalizá-lo deve ser definida pela Petrobrás, com custos agora avaliados em R$ 35,7 bilhões. Mas a operação começou em dezembro de 2014.

O Ministério do Planejamento informou que o pagamento total do PAC em 2015 foi de R$ 47,3 bilhões. No ano anterior, o montante aplicado foi de R$ 62,9 bilhões. Segundo o órgão, o desempenho de uma das principais vitrines do governo foi "bastante expressivo", apesar do quadro recessivo.

O Planejamento - que prepara a divulgação do balanço fechado de 2015 do programa para fevereiro - listou entre as obras entregues no ano passado o trecho 1 do metrô de Salvador, que vai de Bom Juá a Pirajá, e a estação de bombeamento do eixo norte da transposição do Rio São Francisco.

Também foram inaugurados a Ponte Anita Garibaldi, segunda maior da BR-101, em Santa Catarina, e o Parque Eólico de Geribatu, no extremo sul gaúcho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da OAS Engenharia e representante de contas bancárias da Coesa Engenharia, Elmar Juan Passos Varjão Bonfim, e Mário de Queiroz Galvão, membro do Conselho Deliberativo da Galvão Engenharia, estão entre os presos preventivamente da operação Vidas Secas – Sinhá Vitória, que investiga o superfaturamento nas obras da Transposição do Rio São Francisco. Além deles, foram presos o responsável técnico, representante legal, membro do Conselho Deliberativo e representante de contas da Barbosa Mello, Alfredo Moreira Filho, e o responsável técnico, representante legal, membro do Conselho Deliberativo e representante de contas da Galvão Engenharia, Raimundo Maurílio de Freitas.  

Durante a operação, realizada na sexta-feira (11), a Polícia Federal em Pernambuco (PF-PE) também cumpriu quatro mandados de condução coercitiva contra Percival Ignácio da Souza, Eduardo Jorge Miana, Gontran Thiago Tibery Lima Maluf e Márcio Belluomini Moraes, todos ligados às empresas que tinham a função de fiscalização e gerenciamento das obras da transposição. Ainda foram cumpridos mandados de busca e apreensão nos endereços dos investigados e das empresas para a coleta de provas relativas à prática dos crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro.

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A decisão foi emitida ainda na quarta-feira (9) pelo juiz da 38ª Vara Federal Felipe Mota Pimentel. De acordo com a Justiça Federal, a determinação tomou como base laudos técnicos da PF, Ministério Público Federal (MPF) e Tribunal de Contas da União (TCU), que apontaram, desde 2010, o superfaturamento em dois lotes da obra. 

Na decisão, o juiz coloca que há uma fragilidade do Ministério da Integração Nacional no gerenciamento do empreendimento.”Mesmo com a contratação de empresa Gerenciadora para todo o empreendimento e de Supervisoras para cada lote de obras, verificou-se que essas divergências não foram suficientes e tempestivamente discutidas entre esses envolvidos para a solução desses problemas. Como consequência, foi observada a execução das obras em desacordo com o Projeto Executivo sem a avaliação devida das causas que estariam levando a tal situação”, relata a decisão.

“Ao final a informação policial de nº53/2015, que trouxe à investigação relevantes dados, a começar pela declaração de Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento da Petrobrás, no sentido de as fraudes envolvendo as grandes empreiteiras não se restringirem à Petrobras, abrangendo grandes obras do país, quer seja ferrovias, hidrovias, portos aeroportos”, destaca.

Segundo a decisão do juiz, os dados levantados demonstraram que os valores depositados pelo ministério, em conta da Coesa Engenharia para a execução da transposição, foram transferidos exatamente para a Empreiteira Rigidez, de fachada; e para o Consórcio Viário São Bernardo, que “em uma triangulação simples, recebeu valores e os transferiu para empresas de fachadas”. 

Sobre a Galvão Engenharia, o juiz Felipe Mota Pimentel aponta: “Segundo informação policial produzida após compartilhamento de provas com o grupo Lava Jato no Paraná, da conta 6166, informada no contrato com o Ministério da Integração para recebimento de recursos, foram transferidos valores no montante de R$ 103.143.796,33 para várias empresas, dentre elas a M.O Consultoria (grupo Youssef); e Legend Engenheiros Associados e SM Terraplanagem (grupo Adir Assad)”.

Quanto à Concremat, responsável pelo gerenciamento e que, junto com a Coesa, faz parte do Consórcio Viário São Bernardo, o juiz afirma que causa estranheza a empresa executora ser sócia da empresa gerenciadora, no endereço de outra executora, e haver entre elas movimentações financeiras expressivas. Tal estranheza, pontua Felipe, ganha relevância penal após a colaboração investigativa da Polícia Federal do Paraná, que coordena a Operação Lava Jato, que enviou o Relatório de Análise do Material Apreendido na Arbor Consultoria e Assessoria Contábil, de responsabilidade da ex-contadora de Youssef, Meire Bonfim da Silva Souza, revelando transações entre o Consórcio Viário São Bernardo e duas empresas de fachada: Empreiteira Rigidez e M.O. Consultoria, ambas do grupo Youssef.

A decisão pela prisões preventivas foi tomada para assegurar a colheita de provas, evitando ocultação, destruição e falsificação das mesmas. O juiz ainda destacou que isso evitará os riscos de coações contra testemunhas e investigados que desejem colaborar com as investigações e discursos fraudulentos entre os investigados, visto que serão ouvidos separadamente, sem que recebam influências indevidas uns dos outros.

As prisões preventivas têm validade de cinco dias. A decisão cabe recurso. 

Operação Vidas Secas – Sinhá Vitória – De acordo com os investigadores da PF-PE, cerca de R$ 200 milhões de um contrato de R$ 680 milhões foram desviadas para empresas fantasmas de Youssef e Assid.

As prisões ocorreram nos Estados do Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo e Ceará. Já as conduções coercitivas ocorreram no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás.  

Esta é considerada apenas a primeira fase da operação. Os investigadores ainda pretendem investigar a participação do núcleo administrativo, ligado ao Ministério da Integração Nacional, e o núcleo político, para descobrir qual era o destino do dinheiro desviado. 

Transposição – A transposição do Rio São Francisco começou a ser planejada em 2006, mas só passou para a fase de execução em 2009. Após atrasos, a data de conclusão da obra está entre o fim de 2016 e o primeiro trimestre de 2017.

Deflagrada nesta sexta-feira (11) pela Polícia Federal em Pernambuco (PF-PE), a Operação Vidas Secas-Sinhá Vitória aponta a participação do doleiro Alberto Youssef e do lobista Adir Assad em suposto superfaturamento nas obras da transposição do Rio São Francisco. De acordo com os investigadores, cerca de R$ 200 milhões do fundo das obras foram desviados para empresas fantasmas dos dois investigados da Lava-Jato.

As investigações foram iniciadas ainda em 2014, após suspeitas do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria Geral da União (CGU). O juiz Sérgio Moro autorizou à PF-PE a consulta a documentos da Operação Lava-Jato para identificar a participação de Youssef e Assid. Estão sendo cumpridos 32 mandados judiciais, sendo 24 de busca e apreensão, quatro de condução coercitiva e quatro de prisão nos estados de Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro , Rio Grande do Sul, Bahia e Brasília.

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As prisões ocorreram nos estados do Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo e Ceará contra diretores e representantes legais das empresas Consórcio OAS, Coesa Engenharia, Barbosa Melo SA e Galvão Engenharia, responsáveis pelas obras. Já as conduções coercitivas, quando os intimados são conduzidos para prestar depoimento, ocorreram no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás contra responsáveis pelo gerenciamento e fiscalização da obra.

Em Pernambuco, estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão, como mídias, computadores e documentos. As diligências ocorrem nos municípios de Salgueiro (dois mandados), Custódia (dois mandados), e Recife (três mandados).

A investigação é focada apenas em dois lotes (11 e 12) de 14 da obra de transposição. O trecho investigado tem 82 quilômetros e vai de Custódia, em Pernambuco, a Monteiro, na Paraíba.  De acordo com o superintendente da Polícia Federal em Pernambuco Marcello Diniz, a operação deve ter novas fases. “Nesta primeira fase focamos em dois núcleos, o econômico e o financeiro. Mas vamos buscar os núcleos administrativo e político”, informa. A segunda fase já está em andamento.

Para o coordenador da operação, o delegado Felipe Leal, todo o contexto, por exemplo a participação de Youssef e Assid, leva a crer que haja uma participação política. De acordo com Leal, tal núcleo ainda não foi identificado. “Embora não haja elemento, o cenário converge para que exista esse núcleo político”, comenta.web

No núcleo administrativo, a Polícia Federal vai tentar identificar possíveis participações de servidores públicos. O Ministério da Integração Nacional, responsável pelo repasse do dinheiro da obra, será investigado. Os contratos para execução dessa parte da obra são da ordem de R$ 680 milhões, mas cerca de R$ 200 milhões foram retirados para as empresas fantasmas já investigadas na Operação Lava-Jato. Há um registro ainda não esclarecido de transferências em torno de R$ 586 mil da Galvão Engenharia para a JD Consultoria e Assessoria, do ex-ministro José Dirceu.

O delegado Felipe Leal ainda destacou que os indícios são suficientes para pedir a prisão preventiva de Alberto Youssef. “Só não pedimos porque ele já está preso”, concluiu.

Transposição – A transposição do Rio São Francisco começou a ser planejada em 2006, mas só passou para a fase de execução em 2009. Após atrasos, a data de conclusão da obra está entre o fim de 2016 e o primeiro trimestre de 2017.

A obra terá dois canais, com total de 477 quilômetros, que irá beneficiar cerca de 12 milhões de pessoas em 390 municípios de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O projeto conta com 14 aquedutos, nove estações de bombeamento e 27 reservatórios e túneis para a passagem de água.

"A casa própria". Foi assim que, em março de 2015, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, explicou ao Estado de S.Paulo o maior legado que ele deixaria para o futebol brasileiro sob seu comando, que acabaria dias depois. A sede da CBF, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, foi inaugurada dias antes da Copa do Mundo de 2014 com a presença de políticos e dirigentes. Agora, porém, o local é alvo de investigações da CPI do Futebol no Senado, que apura um esquema de superfaturamento nas obras e compra do prédio e desvio de recursos da entidade. A CBF nega e diz que tudo foi auditado.

Em 27 de junho de 2012, pouco depois de assumir a presidência da CBF, Marin e seu vice, Marco Polo Del Nero, anunciaram que estavam comprando o prédio que hoje é sede da entidade. Pelo local, pagaram R$ 70 milhões. Mas, em um ano de obras, outros R$ 23 milhões também foram gastos. Agora, a suspeita apurada pela CPI é de que os valores foram superfaturados e o valor real do imóvel e suas obras poderia ser 30% a menos, segundo as primeiras avaliações.

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Com cerca de 6 mil metros quadrados, o prédio foi em parte adquirido de intermediários. Fontes próximas à CPI confirmam que os contratos avaliados apontam para suspeitas de desvio de recursos. Em 2013, uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo já apontava para a discrepância entre os valores pagos na aquisição e o que existia na mesma região e até dentro do mesmo terreno. Agora, a suspeita envolve também sua reforma, concluída em 2014 e que representa um terço do valor pago pelo prédio.

O edifício na Barra da Tijuca seria adquirido três anos depois que a mesma CBF comprou por R$ 26 milhões um terreno no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio, para abrigar a sede da entidade. O plano em 2009 era que as obras estariam concluídas em 2012, em uma área de 8.650 metros quadrados, incluindo um museu, três campos de futebol e um hotel. Alegando que o terreno cederia, o projeto foi abandonado.

Os gastos com o novo local, portanto, foram defendidos na época pelo então presidente da CBF, hoje em prisão domiciliar em Nova York. No dia 4 de junho de 2014, Marin inaugurou a "casa própria". O local passou a ser chamado de Edifício José Maria Marin, retirado em maio de 2015 quando o dirigente foi preso em Zurique.

Em seu balanço financeiro de 2013, a CBF já sai em defesa dos valores aplicados no prédio. "Registre-se que a CBF, antes de efetuar a aquisição do imóvel pela quantia de R$ 70.000.000,00 (setenta milhões), procedeu a sua avaliação técnica executada por três empresas independentes (Basimóvel, Bolsa de Imóveis do Rio,Empresa Brasileira de Avaliações e Lopes Consultoria Imobiliária), todas especializadas do mercado imobiliário, para apuração de seu justo valor", indicou o documento da CBF.

"Portanto, a administração da CBF, ao adquirir o novo imóvel para sua sede, baseou-se em laudos que adotaram critérios tecnicamente reconhecidos para avaliações de imóveis, os quais demonstraram que o valor cobrado e pago era compatível e coerente com o valor corrente do mercado", completou.

Segundo o Estado de S.Paulo apurou, a Basimóvel estimou que o prédio valeria R$ 75,5 milhões, contra um valor apontado para Bolsa de Imóveis de R$ 65 milhões. As auditorias contratadas pela CBF usaram documentos fornecidos pela CBF e, em uma delas, o levantamento admite que não investigou a autenticidade dos papéis, apostando na "boa fé" da instituição do futebol.

Criticado na época, Marin ainda defendia que o projeto seria uma fonte de renda para a CBF, com a inauguração de um museu erguido pela empresa espanhola Mediapro, com 1,5 mil metros quadrados. "Essas visitas trarão receitas", disse.

No primeiro dia de sua abertura, em 1 de agosto de 2014, ele recebeu apenas 34 pessoas. Para poder ser bancado, ele precisaria de 4,5 milhões de visitantes. Em pouco mais de um ano, a CBF informou que o museu recebeu 50 mil pessoas.

RESPORTA - Ao Estado de S.Paulo, a CBF apontou que "não recebe quaisquer verbas públicas, direta ou indiretamente, tratando-se de associação de direito privado, sustentada exclusivamente por recursos próprios".

A entidade ainda garantiu que "não existe nenhuma margem para suspeita de superfaturamento da sede da CBF nem de sua reforma". "A entidade pagou pelo imóvel valores compatíveis com os praticados no mercado imobiliário do Rio à época, em sintonia com os laudos de avaliação de empresas especializadas e em bases inferiores ao valor venal atribuído pela Prefeitura", indicou.

Segundo a CBF, "os valores para a reforma da sede estão no balanço financeiro da CBF, aprovado pela Assembleia Geral". "Todos os gastos da reforma foram auditados e aprovados sem ressalvas por empresa de auditoria independente", indicou, sem dar os nomes das empresas nem quando ocorreu.

A CBF ainda explicou a escolha da MediaPro como parceiro para construir o museu. "Foi realizada uma concorrência disputada por três empresas. A vencedora, a MediaPro, é umas das instituições mais respeitadas no mundo em seu ramo de atividade, tendo desenvolvido os museus do Barcelona e do Real Madrid, referências neste tipo de instalação", explicou. "O valor para a construção, ambientação e estruturação do projeto encontra-se também publicado no balanço da confederação", completou.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), afirmou ter seguido “todas as etapas da lei” com relação aos contratos assinados pelo Comitê Gestor das Parcerias Público-Privadas (PPPs) para a construção da Arena Pernambuco em São Lourenço da Mata. Os contratos firmados com a Odebrecht estão sendo alvo de investigações da Operação Fair Play da Polícia Federal. Segundo o socialista, que era vice-presidente do Comitê na época, as averiguações da PF têm argumentos que “não são devidamente sustentados”.  

“A Arena é hoje questionada judicialmente porque a construtora solicitou um aditivo de R$ 264 milhões que o Governo do Estado negou. Isso está judicializado. Então, são questões que precisam ser melhor explicadas, ter conhecimento maior de que tipo de denúncia é essa e que se investigue. Estou muito sereno em relação a isso e estou pronto para dar qualquer tipo de resposta a qualquer tipo de indagação que venha a surgir”, disse Câmara, nessa segunda-feira (17), após participar do lançamento do prêmio Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco.

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“Seguimos todas as etapas da lei, fomos muito transparentes e eu tenho uma clareza de que tudo aquilo que está sendo dito aí não tem consistência, porque nós trabalhamos de maneira correta”, acrescentou. O governador defendeu ainda a continuidade das investigações. “Tenho defendido e vou continuar defendendo que qualquer tipo de investigação seja feita. O que claramente eu verifico dessa situação, por tudo que eu tenho conhecimento, que eu aprofundei muito após a divulgação é que ela parte de premissas que, no meu entendimento, não são devidamente sustentadas”, argumentou. 

Na última sexta-feira (14), a PF cumpriu mandados de busca e apreensão da sede da construtora e na Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão (Seplag). Segundo a Fair Play, o valor dos serviços no estádio estaria inflado em R$ 42,8 milhões.

Os ministros da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram, por unanimidade, abrir uma ação penal contra o deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), acusado do crime de peculato, desvio de recursos públicos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o parlamentar por suposta fraude à licitação e prática de sobrepreço na compra de uma ambulância. O caso está ligado à "máfia dos sanguessugas", deflagrado em 2006, que apurava a ação de uma quadrilha que tinha como objetivo desviar recursos públicos para compra de ambulâncias.

A Procuradoria afirma que o parlamentar esteve envolvido em um esquema que praticou sobrepreço de ao menos R$ 15 mil na compra de uma ambulância nova em favor da empresa Klass Comércio e Representação. A acusação contra Capixaba é de que ele teria usado verba parlamentar para efetuar a compra da ambulância para o município de Cerejeiras, em Rondônia.

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A defesa alegou que o parlamentar não tem nenhum envolvimento com o caso e disse que há uma tentativa do Ministério Público de "responsabilização penal objetiva, apenas e tão somente pelo fato do defendente ter apresentado a emenda para o município, sem vinculá-lo a qualquer fato concreto que possa levar a defesa a realizar a mais ampla e efetiva defesa".

A denúncia foi recebida por unanimidade pelos ministros. O caso é de relatoria do ministro Gilmar Mendes. Votaram com o relator os ministros Dias Toffoli, Celso de Mello e Teori Zavascki. A ministra Cármen Lúcia, que também compõe a Segunda Turma, não estava presente na sessão desta terça.

Arquivamento. Na sessão desta terça-feira, os ministros da Segunda Turma também rejeitaram denúncia oferecida pelo Ministério Público federal contra o deputado federal Maurício Quintella (PR-AL) e Zuleido Veras, dono da empreiteira Gautama. O inquérito foi aberto no âmbito da Operação Navalha, deflagrada em 2007 e que revelou uma quadrilha que atuava na fraude de licitações de obras públicas. Com a decisão, o inquérito no qual os dois eram investigados será arquivado.

Em seu voto, o ministro Gilmar Mendes, relator do caso, negou o recebimento de denúncia contra os dois investigados por "falta de justa causa em relação a ambos os denunciados", disse o relator. Ele foi seguido pelos ministros Teori Zavascki, Celso de Mello e Dias Toffoli. A ministra Cármen Lúcia, que também compõe a Segunda Turma, não estava presente na sessão.

A suspeita era de que Quintella teria recebido R$ 120 mil de Veras para apresentar uma emenda de R$ 10 milhões em favor da Gautama.

A Petrobras é alvo de mais uma ação judicial nos Estados Unidos, na qual é acusada de participar de um esquema de superfaturamento do preço de óleo combustível que teria gerado prejuízo de pelo menos US$ 1 bilhão aos consumidores de energia de Porto Rico desde 2002.

O processo não tem relação com a Operação Lava Jato, mas cita o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Os autores da ação americana sustentam que ele foi "instrumental" na assinatura de contratos de fornecimento de óleo combustível com a Puerto Rico Electric Power Authority (Prepa), que provê eletricidade para 1,5 milhão de consumidores do território dos Estados Unidos.

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A advogada Beth Fegan, do escritório Hagens Berman, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a companhia brasileira era uma das principais fornecedoras de óleo combustível à Prepa. Além das duas empresas, são acusadas outras petroleiras, como a Shell, e laboratórios responsáveis pela certificação do óleo usado na geração de eletricidade.

Laudos falsificados

A ação de caráter coletivo sustenta que as companhias, entre as quais a Petrobras, vendiam óleo de qualidade inferior à especificada, graças a laudos falsificados dados por laboratórios que participariam do esquema. Mas os preços cobrados dos consumidores finais correspondiam ao produto de qualidade superior, que não era entregue.

O prejuízo de pelo menos US$ 1 bilhão seria relativo à diferença entre o preço do produto de qualidade inferior e ao que deveria ser usado, nos termos dos laudos dos laboratórios. A ação é movida contra 20 empresas, que terão 30 dias para se manifestar. Só depois disso, o Judiciário decidirá se aceita ou não iniciar o processo.

Viagens e festas

Fegan disse que não há indícios de que a Petrobras tenha pago propinas a funcionários da Prepa ou dos laboratórios para que o óleo de qualidade inferior fosse aceito. Mas ressaltou que a companhia bancou viagens e festas para integrantes da empresa de eletricidade.

Entre os exemplos citados está uma viagem ao Rio de Janeiro em 2006 para assinatura de contrato de fornecimento de óleo com o então diretor Paulo Roberto Costa, preso desde março de 2014 no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Além das recuperação dos prejuízos estimados, a ação pede indenização de caráter punitivo, em valor que ainda não foi definido.

Ações coletivas

A Petrobras já é alvo de pelo menos 11 ações coletivas movidas por investidores que buscam reparação de perdas decorrentes do escândalo de corrupção que abala a companhia brasileira. Os autores desses processos sustentam que compraram papéis com preços inflados e acusam a empresa de sonegar informações sobre sua real situação financeira.

As ações deverão ser consolidadas em um único processo e no dia 27 de fevereiro o investidor que vai encabeçar a ação deverá apresentar a petição inicial consolidada da causa.

Somados, os prejuízos alegados pelos investidores que aderiram às ações coletivas nos Estados Unidos chegam a US$ 530 milhões. Esses investidores argumentam que tiveram prejuízos porque a estatal não divulgou adequadamente o esquema de corrupção na empresa, que quando se tornou público fez as ações e bônus se desvalorizarem.

A estatal já informou que contratou um escritório de advocacia americano especializado e "vai defender-se firmemente em relação às alegações feitas nessas ações". O Departamento de Justiça e a Securities and Exchange Commission (que regula o mercado acionário) também iniciaram investigações sobre a companhia brasileira, que tem ações no mercado americano e negócios no país. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

“A Petrobras e boa parte das empresas públicas e estatais têm sido vítimas de uma coisa que descobrimos com a  Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, e que, na verdade,  já vinha acontecendo há muito tempo, que são os aditivos de contratos”. A afirmação é do secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Emanuel Cancella, segundo o qual “já sabíamos que esse negócio de aditivo era uma armação”.

O comentário foi feito em alusão à nota divulgada pela Petrobras à imprensa, na qual a estatal  atribuiu ao ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, a culpa  pelos elevados investimentos na Refinaria Abreu e Lima (RNEST). O ex-diretor, preso durante a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, cumpre prisão domiciliar, graças a acordo de delação premiada. A operação apura esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

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Segundo Cancella, o que se vê, no caso, é que obras que, ao serem aprovadas, apresentavam um valor determinado, acabavam saindo cinco vezes mais caras, devido aos vários aditivos incorporados. “Isso vem acontecendo em tudo que é obra pública”, disse o sindicalista. Ele lembrou que a Lei 8.666/1993 prevê a possibilidade de inexigibilidade de licitação em casos emergenciais. Cancella ponderou que isso é fundamental  para a indústria do petróleo, em especial na área de serviços e material, em situações de emergência, “porque não precisa fazer uma concorrência e o pedido já é dirigido para determinadadeterminada empresa”.  Advertiu, porém, que isso virou uma “faca de dois gumes”.

O secretário-geral da FNP destacou que a CPMI da Petrobras descobriu que em torno de 70% da compra de equipamentos e das obras da estatal ocorriam por meio dessa  inexigibilidade de concorrência. “A Refinaria Abreu e Lima não é diferente”, afirmou. Cancella mencionou que os sindicatos dos trabalhadores foram vítimas dessa situação, ao apoiarem muitas greves no Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) porque, ao final da paralisação, “o que ocorria era  mais um aditivo no contrato”. Quem ganhava com aquela greve, completou, eram os donos das empresas, que estendiam a duração da obra alegando os dias parados e, em consequência, o orçamento subia.

Para ele,  as suspeitas  de superfaturamento nas obras da Petrobras devem servir como exemplo para que novos casos sejam evitados: “Não pode uma obra como a Abreu e Lima ser orçada por um valor xis e, no final, sair com três ou cinco xis”. De positivo, em sua opinião,  há a certeza de que a impunidade acabou: “Isso é  importantíssimo, tanto para o corrupto, como para o corruptor”.

Na nota divulgada pela Petrobras, a empresa informa que o projeto da Refinaria Abreu e Lima  teve a sua primeira fase, de avaliação de oportunidade, que definia estimativa de custo preliminar, aprovada em setembro de 2005.  “Com o desenvolvimento das fases 2 (projeto conceitual) e 3 (projeto  básico), foram promovidas revisões relevantes no projeto, que foram submetidas pela Área de Abastecimento e aprovadas pela diretoria executiva em dezembro de 2006 e em novembro de 2009”, respectivamente. Nessa ocasião, houve a decisão final de execução, de acordo com a nota.

A estatal informou que, depois da aprovação da fase 2, foi aprovado em março de 2007, pela diretoria executiva, o Plano de Antecipação da Refinaria (PAR), proposto pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa.  A Petrobras esclareceu que “com o Plano, houve a antecipação de diversas atividades e alterações nos projetos e na estratégia de contratação, o que levou a grande número de aditamentos contratuais”. Em dezembro de 2009, o projeto foi levado ao conhecimento do Conselho de Administração, que recomendou esforços  no sentido de elevar a rentabilidade do projeto.

A nota esclarece que a competência para aprovação de projetos de investimento  como o da Refinaria Abreu e Lima, bem como os projetos que compõem os planos de negócios e gestão (PNG), é da diretoria executiva da Petrobras, cabendo ao  Conselho de Administração a “aprovação da carteira plurianual de investimentos do PNG e sua financiabilidade. Na aprovação do PNG, o Conselho de Administração não analisa individualmente os projetos”.  Apesar disso, a empresa informou que os conselheiros recebem, desde abril de 2012, relatórios mensais de acompanhamento dos principais projetos  em curso, entre os quais o da Refinaria Abreu e Lima.

A Petrobras explicou que o projeto da Refinaria permaneceu no PNG 2012-2016, aprovado pelo Conselho em junho de 2012, depois de ampla reavaliação da carteira de projetos da companhia. Na ocasião, a refinaria apresentava 60% das obras concluídas e mostrava condições de iniciar operações em novembro de 2014, o que foi cumprido, assegurou a estatal. Testes de "impairment" (valor recuperável de um ativo), efetuados pela Área de Abastecimento até 2013, não detectaram reconhecimento de perdas de investimentos efetuados na RNEST.

Com os primeiros escândalos de corrupção na Petrobras, revelados pela Operação Lava Jato, foi instituída uma comissão interna para apurar os processos de contratação na refinaria. “A referida comissão não teve o objetivo de avaliar questões associadas à atratividade econômica do projeto (VPL)”, ressalta a nota. Os resultados da investigação foram enviados ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal, à Comissão de Valores Mobiliários e à Controladoria Geral da União. Segundo a nota, a  Petrobras quer esclarecer todos  os fatos e vem  colaborando com as investigações.

Com dívida de R$ 821 milhões e imersa em crise financeira, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo pode ter pago preço até 5 mil vezes superior ao de mercado por medicamentos. Segundo resultados preliminares de análise da BDO RCS Auditores Independentes, há também superfaturamento em contratos e incongruências na admissão de funcionários.

A auditoria feita para a Secretaria Estadual da Saúde foi apresentada nesta quinta-feira, 11, à direção da maior instituição filantrópica da América Latina. A reportagem apurou que as maiores falhas estão na compra de materiais e remédios e nos serviços de segurança, lavanderia e limpeza.

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Além do sobrepreço dos medicamentos, a auditoria verificou, por exemplo, que, no contrato de lavanderia, a Santa Casa deveria pagar R$ 1,98 por quilo de roupa. A empresa terceirizada cobrava, porém, R$ 3. O gasto excedente é de R$ 2,6 milhões por ano. No serviço de limpeza, os auditores apontaram que a entidade pagava pela contratação de 422 funcionários, mas apenas 360 trabalhavam.

A auditoria também verificou que a contratação de funcionários é superior ao aumento das atividades do hospital. O complexo tem 21 trabalhadores por leito, quando a média de outras unidades é de cinco.

"Tem problemas em todos os contratos. Existem falhas de gestão em negociações de contratos que desfavoreceram a Santa Casa", disse o secretário estadual da Saúde, David Uip, após apresentar a auditoria. Ele afirmou que encaminharia ontem a análise para o Ministério Público Estadual (MPE) e para o Tribunal de Contas do Estado (TCE). "O que cabe a mim é encaminhar. Avaliação, julgamento, decisão e eventuais punições cabem a quem de direito."

O superfaturamento em contratos já havia sido relatado por um ex-funcionário em depoimento ao MPE, conforme antecipado pelo Estado ontem. Ele apontou problemas no contrato da Santa Casa com a Logimed, responsável pela compra de materiais e remédios.

A empresa informou que "repudia a afirmação de prática de superfaturamento" e "reafirma que sua operação cumpriu rigorosamente o escopo contratado pela Santa Casa". Disse também que, sobre o caso da dipirona, citado pela testemunha, há 43 tipos do remédio, cujos valores variam de R$ 0,25 a R$ 270,80. Para a Logimed, a variação de preços torna comparações indevidas.

Recuperação

Superintendente da Santa Casa há dois meses, Irineu Massaia afirmou ontem que já tem um plano de recuperação que contempla renegociação das dívidas, corte de custos e revisão dos contratos. "Não é uma situação que vai se resolver do dia para a noite, mas acredito que seja possível pagar a dívida." Em relação às denúncias sobre os contratos, a Santa Casa afirmou, em nota, que não foi notificada pelas autoridades, mas que "tem todo o interesse em conhecer e se compromete a apurar irregularidades". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Questionadas, cinco das nove empreiteiras integrantes do chamado "clube" negaram o superfaturamento nas obras federais. Segundo elas, os casos ainda estão sendo discutidos pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que poderá alterar seu entendimento. Quatro delas não responderam à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo até às 20 horas do domingo, 23.

A Andrade Gutierrez disse não haver "qualquer tipo de irregularidade" e assegurou que "todas as obras são realizadas respeitando rigorosamente as cláusulas definidas pelo escopo de cada um dos contratos". A empresa informou que presta "todas as informações" solicitadas pelo tribunal. Já a Queiroz Galvão afirmou, em nota, que "suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação vigente". Explicou que se pôs à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e disse não fazer comentários sobre investigações em curso.

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Segundo a Construtora Camargo Corrêa, as indicações de "sobrepreço e superfaturamento" não procedem. Em nota, disse ter "convicção" de que, com as informações prestadas ao tribunal, "a regularidade dos contratos será reconhecida". "É fundamental contextualizar que foram rescindidos de comum acordo os contratos para a execução do lote 2 da ferrovia Norte-Sul e Metrô de Salvador", comentou. A Constran-UTC, por sua vez, informou que sempre apresentou defesa nas vezes em que foi citada pelo TCU, ressaltando que não há "decisão final nos casos apontados".

A Odebrecht defendeu a regularidade dos preços que pratica e disse confiar que o tribunal "reconhecerá sua economicidade". A empresa disse que as tabelas usadas pelos auditores da corte nem sempre são adequadas. "Os custos reais das obras contratadas têm sido demonstrados e as composições de preços devidamente justificadas pela empresa, valendo ressaltar que estão sob análise." A construtora também nega o envolvimento de seus executivos em esquema de corrupção, dentro ou fora da Petrobras. Questionada sobre o cartel investigado pela Polícia Federal, reagiu: "A Odebrecht não participa de esquemas e pauta sua atuação pelo estrito cumprimento das normas legais aplicáveis" . Mendes Júnior, Iesa, Galvão Engenharia e OAS não se pronunciaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os autos do processo que investigam o superfaturamento nas obras da Refinaria Abreu e Lima estão sendo analisados pelo Ministério Público Federal de Pernambuco (MPF-PE).  De acordo com o Superintendente da Polícia Federal (PF) no estado, Marcello Diniz Cordeiro, o órgão é quem vai averiguar se o caso permanece sendo investigado pela PF pernambucana ou não. 

Em coletiva com a imprensa, nesta sexta-feira (31), Diniz esclareceu que o pedido de vista do MPF aconteceu há um mês e o que está sendo averiguado agora é se o processo permanece sob responsabilidade local ou se será encaminhado para o Paraná, onde acontecem as investigações sobre a operação Lava Jato, envolvendo denúncias de um esquema de propina liderado pelo doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. O caso tem ligações com o superfaturamento em Abreu e Lima. 

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“Se o Ministério Público disser que deve ficar conosco, com certeza algumas pessoas já serão indiciadas. Eles (os autos do processo) podem permanecer aqui ou por atração de competência eles podem ser encaminhados para o Paraná”, observou o superintendente. Em 2011, quando instaurado o processo, alguns funcionários da estatal foram ouvidos pela PF de Pernambuco. 

Durante a conversa com a imprensa, Marcello Diniz também afirmou que o andamento do processo tem seguido trâmites legais desde a instauração e rebateu informações divulgadas por um jornal local, nessa quinta (30). Na reportagem, o veículo aponta que as investigações de possíveis irregularidades na Refinaria ficaram paralisadas por mais de três anos e o órgão não teria atendido recomendações do MPF de prosseguir com a apuração do caso, preferindo consultar a competência com a Justiça. 

“Não íamos empregar esforços para algo que não nos competisse. Antes precisávamos saber se era de competência estadual ou federal”, justificou o superintendente. “A Polícia Federal procura fazer a sua investigação o mais rápido possível. Tem algumas informações inverídicas. Não é um caso que se faça da noite para o dia. Nós da ponta só sabemos o que há necessidade de se saber”, acrescentou argumentando. 

Ainda de acordo com o periódico, o delegado responsável pelo caso teria pedido celeridade no repasse das informações periciais evitando uma possível prescrição. A preocupação da época, segundo o delegado Felipe Leal, é rotineira quando um delegado assume um novo caso. “A PF tem preocupação com prescrição em todos os inquéritos. A gente buscou avançar com celeridade as investigações”, frisou. 

Segundo o delegado, até agora ninguém foi indiciado quanto ao crime de superfaturamento. Questionado se pessoas que compõem o Governo de Pernambuco já foram ouvidas, Leal desconversou e disse não poder repassar a informação. 

Parecer técnico do Ministério Público Federal (MPF) aponta superfaturamento de R$ 613,3 milhões nas obras da Unidade de Coqueamento Retardado (UCR) da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, alvo da Operação Lava Jato.

A obra foi executada pelo Consórcio CNCC, controlado pela Camargo Corrêa, no valor de R$ 3,4 bilhões. Segundo o documento, o superfaturamento alcançou 16% do valor final do contrato.

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"Diante da possibilidade de um superfaturamento dessa monta, não se pode cogitar que toda a rentabilidade do CNCC se restringe ao lucro de 9,96% explicitados na proposta comercial", observa o parecer em referência à estimativa de lucro apresentada pela CNCC durante a licitação.

Coqueamento retardado é um processo térmico utilizado em refinarias de petróleo. O processo é importante especialmente para óleos pesados. As obras da Abreu e Lima são alvo central da Lava Jato, que desvendou grande esquema de lavagem de dinheiro e corrupção na Petrobras.

"A relação entre a receita e os custos (rentabilidade) pode alcançar um patamar de quase 26%, dos quais 16% de forma irregular", assinala o engenheiro Rafael Martins, assistente técnico do Ministério Público Federal. Martins emitiu parecer técnico sobre laudo de perícia criminal da Polícia Federal. O documento faz parte dos autos da Operação Lava Jato.

"Valendo-se de metodologias consolidadas da engenharia de custos e de atuações técnicas do Tribunal de Contas da União (TCU), vislumbrou-se um superfaturamento de até R$ 613,25 milhões, 16% do valor final do contrato", cravou o engenheiro do MPF.

O assistente técnico anota que "o valor estimado de superfaturamento nessa obra específica era inferior e já fazia menção ao pagamento não justificado de R$ 38 milhões para a Sanko-Sider e Sanko Serviços".

A reportagem entrou em contato com o consórcio CNCC na noite desta quinta-feira, 9 mas foi informada que, devido ao horário, a empresa só conseguiria responder à solicitação nesta sexta-feira.

O Grupo Sanko Sider assinala que "é uma empresa conceituada, regularmente constituída há 18 anos" e que "todas as suas vendas se dão por meio de contratos legítimos". "Nossas normas de conduta sempre determinaram comportamento de respeito estrito às leis", diz a empresa em nota.O grupo protesta com veemência porque alega que tem sido "fortemente prejudicado, equivocadamente acusado, vítima de ilações, acusações e afirmações levianas".

O trabalho preventivo feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para evitar superfaturamento e desvio de dinheiro público gerou uma economia de R$ 700 milhões nas obras da Copa do Mundo. A informação foi confirmada e atualizada nesta terça-feira (9) pelo presidente do órgão, Augusto Nardes. O valor anterior, anunciado em março, era de R$ 550 milhões. 

A fiscalização do TCU se concentrou nas obras que têm recursos federais. As demais ficam sob a competência constitucional dos respectivos tribunais de conta dos estados e municípios. "Nesses tipos de empreendimento, no caso mobilidade urbana e estádios, a nossa avaliação se voltou unicamente para a finalidade e probidade do empréstimo, ou seja, se a obra valia aquilo que estava sendo contratado", explicou o assessor do TCU, Rafael Jardim Cavalcante, assistente do ministro relator das obras da Copa, Valmir Campelo, que se aposentou compulsoriamente no mês passado.

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"Dentro desse escopo e situadas as competências de avaliações de cada tipo de obra, adotamos a estratégia de fiscalizar os empreendimentos todos ainda no embrião das contratações, ainda em fase de projeto, logo depois de finalizado, e em fase editalícia", detalhou. Segundo ele, o trabalho preventivo consistiu em verificar se havia problemas, convocar os gestores e fiscalizar os ajustes. "Antes mesmo de se consumarem as irregularidades, os gestores eram chamados em oitivas, manifestavam então, num processo de ampla defesa, suas justificativas e conseguimos corrigir eventuais desacertos nos orçamentos e direcionamentos de licitações ainda em fase editalícia".

Legado

Apesar das falhas de planejamento, a Copa do Mundo deixará um legado para o país. "Nunca se falou e investiu tanto em mobilidade urbana e isso começou com a avaliação das necessidades para a Copa do Mundo. Cabe ao país dar continuidade a essas implementações", disse o presidente do TCU. Para o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), José Roberto Bernasconi, as tecnologias aplicadas nas construções também são um ganho.

No entanto, ele avalia que o país não soube aproveitar o potencial do evento para promover os produtos nacionais e melhorar a imagem turística do país. "Em 2002, empresas como Samsung, LG e Hyundai utilizaram a Copa como vitrine e se fortaleceram como marcas mundiais. Esse é o maior evento midiático do planeta. É uma vitrine em que poderíamos desenvolver as marcas e produtos nacionais, como o nosso café, por exemplo. Mas não fizemos isso, para a Copa não dá mais tempo. Temos que pensar nas Olimpíadas", disse.

Apesar do fortalecimento das manifestações com a Copa, o presidente avalia que esse não é mais o momento para isso. "Hoje em dia, seria um desperdício não fazer a Copa depois de todo o investimento feito", pontuou. "Se nós aprendermos a planejar, elaborando os projetos de engenharia de maneira adequada - dando prazo e remuneração mínima adequada para que uma atividade intelectual como essa produza um projeto completo de engenharia -, será importante, será um legado", considerou. "Com bons projetos, o dinheiro público pode ser muito bem controlado na sua aplicação. A obra pública sairá com qualidade, os prazos e os custos serão aqueles previstos . Se a gente aprender isso, acho que será um legado extraordinário para a sociedade brasileira", finalizou.

O pesquisador da University of East London e do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Lamartine Pereira da Costa, também engrossa o coro. "Não se trata de tirar da educação e da saúde, como se diz nas ruas. É o tal custo de oportunidade. O erro está na gestão dos recursos", salientou.

A Justiça Federal de Três Lagoas (MS) mandou o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) suspender o pagamento de R$ 26,9 milhões à construtora A. Gaspar S/A referente à construção de uma ponte sobre o rio Paraná, ligando os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. De acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF/MS), a obra teria sido superfaturada. Análise feita pela Controladoria Geral da União (CGU) mostrou que as estruturas metálicas da ponte custaram R$ 180,41 o metro cúbico, quando o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Estado de São Paulo pagava R$ 44,05 pelo mesmo material.

Os serviços de instalação e manutenção do canteiro de obras, alojamento e escoramento metálico tiveram o valor superestimado em R$ 9,8 milhões, em confronto ao praticado pelo DER paulista. Já o montante de R$ 17 milhões relativo à mobilização e desmobilização de equipamentos de apoio náutico foi licitado sem detalhamento e com reajustes superiores aos índices de variação de preços. Alguns itens chegaram a ter diferença de custo 455,6% acima do Índice Nacional de Construção Civil (INCC). O orçamento original da obra, que em 1999 era de R$ 37 milhões, passou para R$ 113 milhões em 2009, quando a licitação foi aberta - um acréscimo de 201,5%, enquanto o INCC sofreu alta de 130,8%.

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A Justiça fixou de multa diária de R$ 1 para cada R$ 1 liberado indevidamente pelo DNIT. O bloqueio é temporário e, de acordo com o MPF/MS, apesar da suspensão do repasse, a continuidade das obras não deve ser afetada. Caso sejam comprovadas as irregularidades, os repasses serão bloqueados em definitivo e os gestores do DNIT, bem como eventualmente os responsáveis pela obra, serão responsabilizados civil, criminal e administrativamente. A ponte tem 1.344 m de extensão, com duas faixas de tráfego de 3,6 m cada, além de acostamento e passarela para pedestres, e liga o município de Castilho, em São Paulo, a Três Lagoas. A obra inclui 6.648 m de acessos e foram iniciadas em junho do ano passado.

Contatado desde a manhã através da assessoria de imprensa, o DNIT não havia dado retorno até a noite desta quarta-feira, 4. Na defesa no processo, o órgão negou irregularidades e alegou que as divergências de preços em itens isolados não bastavam para indicar ter havido superfaturamento. A construtora A.Gaspar S/A, com sede em Natal (RN), informou que somente o DNIT poderia se manifestar sobre o processo.

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