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Em meio ao resgate da velha Lava Jato aos holofotes, com a movimentação de processos na Justiça Federal do Paraná, um antigo conhecido da operação foi ouvido nessa quarta-feira (29), na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba: o ex-diretor de Serviços da Petrobrás, engenheiro Renato Duque - emblemático personagem do esquema de corrupção e cartel montado na estatal entre 2003 e 2014, indicado ao cargo pelo PT.

Inquirido pelo juiz Eduardo Appio, novo magistrado da Lava Jato, no bojo de uma ação a que responde por corrupção e lavagem de dinheiro, Duque afirmou que 'não tinha porta aberta' no Ministério Público Federal. O engenheiro citou uma tentativa de acordo com a Procuradoria e fez menção ao procurador da República Orlando Martello, ex-integrante da força-tarefa da Lava Jato.

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Após a citação ao procurador, a defesa de Duque pediu que Martello seja ouvido como 'testemunha referida'. Eduardo Appio acolheu a solicitação. A oitiva ainda será agendada e tem relação com o acordo de delação que o ex-diretor da Petrobrás celebrou com o MPF.

O engenheiro fechou o acordo dois anos depois de ser preso, em 2015. O acerto com o MPF abrange somente fatos ligados às empresas Tenaris Group, Techint Engenharia e Confab Industrial. No bojo de outras ações, ele diz atuar como 'colaborador espontâneo'.

Duque diz que 'foi buscar' a delação como 'defesa'. Para o ex-diretor da Petrobrás, 'não tinha porta aberta' para ele no Ministério Público Federal. "Acho isso porque de alguma maneira eu era relacionado com o PT", seguiu.

O magistrado da 13ª Vara Federal de Curitiba questionou. "Havia uma porta fechada ao PT na sua opinião?". Duque respondeu: "Eu acho que sim. Hoje eu olhando, na minha opinião, eu acho que sim. Não sei nem se deveria estar falando isso."

O ex-diretor disse se recordar de uma 'tentativa', antes da celebração do acordo, envolvendo o procurador Orlando Martello. Segundo Duque, procuradores de Brasília foram visitá-lo na prisão e, ao final da conversa, decidiram como 'positivo' o acordo.

"E o dr Martello me fez uma pergunta. Ele se referiu a uma empresa X. 'Com relação à empresa X, você tem alguma coisa a falar?' Eu disse que não. Muito tempo depois, fiquei sabendo que, em um adendo da delação do sr. João Bernardo, ele se referiu a essa empresa, dizendo que eu o havia procurado na prisão para que ele não citasse essa empresa na delação dele, porque eu teria 12 milhões de dólares para receber da empresa. Hoje, olhando para trás, o dr. Orlando Martello me perguntou uma coisa, que há menos de 15 dias, ele tinha ouvido na delação. E eu disse para ele que, teoricamente, estava mentindo. Só que quando veio o processo, na frente do juiz (Sergio) Moro, o delator negou essa conversa", narrou Renato Duque.

Duque depôs por quase duas horas no processo em que é réu ao lado de Luis Alfeu, dono da Multitek Engenharia. A Procuradoria atribui aos dois supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre 2011 e 2012, no âmbito de contratos fechados com a Petrobrás.

Com relação ao ex-gerente de Serviços Pedro Barusco - seu braço-direito -, Duque disse não 'ter inimizade nem amizade'. No entanto, demonstrou descontentamento com a situação do ex-colega que, espontaneamente, devolveu US$ 100 milhões que disse ter recebido em propinas.

O ex-diretor da Petrobrás disse que Barusco ficou preso 'zero dias', enquanto ele ficou encarcerado cinco anos.

"O Barusco ia junto às empresas e negociava uma propina. Ele recebia parte do dinheiro, e, não com periodicidade definida, repassava pra mim em contas no exterior. O que ele repassava não era vinculado a determinada empresa. Ele repassava valores de um montante que recebia de várias empresas", indicou.

Segundo Duque, o combinado era que eles dividissem 'meio a meio' as propinas pagas no bojo dos contratos da estatal.

O ex-diretor da Petrobras sustentou ainda, no depoimento desta quarta-feira, 29, que, comparando os valores devolvidos por Barusco aos cofres públicos com os montantes que ele mesmo devolveu, o ex-gerente de Serviços 'ficou com um montante muito superior'. "O que denota que grande parte do dinheiro ele ficou sem repassar". Duque disse ter devolvido 20 milhões de euros e quatro milhões de dólares, como parte de seu acordo de delação premiada.

Duque negou ter tratado sobre propinas ou tido 'conversa estranha' com Luis Alfeu, dono da Multitek Engenharia - 'jamais, em momento algum'. "Muitas vezes o seu nome é usado para ene coisas. Eu nunca conversei com o Luis sobre o assunto, nem antes, nem depois de eu sair da Petrobras", afirmou. Duque relatou que 'todo esse assunto' - ou seja, das propinas - era tratado por Barusco. "Ele não me falou dessa empresa. Só se relacionava com empresas maiores", seguiu.

O ministro Jesuíno Rissato, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), anulou nesta quarta-feira, 1º, condenações impostas ao ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, ao ex-ministro Antonio Palocci, ao ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras, Renato Duque, e ao empresário Marcelo Odebrecht na esteira da Operação Lava Jato. A decisão beneficia ainda outras onze pessoas, incluindo o marqueteiro João Santana.

A sentença foi assinada em 2017 pelo então juiz federal Sérgio Moro, que viu indícios suficientes de crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O processo envolveu suspeitas de pagamentos indevidos, inclusive de caixa dois, pelo chamado Departamento de propina da Odebrecht.

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Rissato concluiu que a 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba é incompetente para processar e julgar o caso e mandou a ação para a Justiça Eleitoral. Desde 2019, por determinação do Supremo Tribunal Federal, crimes de corrupção devem ser julgados na esfera eleitoral quando tiverem conexão com possíveis delitos eleitorais.

Na prática, a decisão coloca o processo de volta ao estágio inicial. A Justiça Eleitoral poderá analisar se mantém ou não as decisões anteriores.

"Tendo em vista o reconhecimento da incompetência da Justiça Federal para processar e julgar o presente feito na decisão do Apelo Nobre interposto pelo réu João Vaccari Neto, foi declarada a nulidade de todos os atos decisórios, ressalvada a possibilidade de ratificação das decisões pelo Juízo competente, determinada foi a remessa dos autos à Justiça Eleitoral, após transcorrido o prazo para interposição de recursos e, de ofício, estendido o efeito deste aos corréus", diz um trecho da decisão.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO LUIZ FLÁVIO BORGES D'URSO, QUE DEFENDE VACCARI

"Inexistiu qualquer conduta ilegal do Sr. Vaccari. A acusação sequer individualizou qualquer episódio que envolvesse o Sr. Vaccari nessas negociações ou nessa facilitação", diz o advogado. "A anulação deste processo e por consequência de mais esta condenação do Sr. Vaccari, acolhendo a tese da incompetência da Justiça Federal em favor da Justiça Eleitoral, restabelece a almejada Justiça buscada por meio dos recursos manejados pela defesa."

A força-tarefa da Operação Lava Jato denunciou o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o ex-dirigente da Multitek Luis Alfeu Alves de Mendonça por corrupção e lavagem de dinheiro em contratos celebrados entre a estatal e a empresa de engenharia. Em dois anos, o esquema teria envolvido a promessa de mais de R$ 5,6 milhões em propina e fraudes estimadas em R$ 525 milhões.

Para ocultar a origem do dinheiro, os dois teriam contratado Milton Pascowicht e José Adolfo Pascowicht, responsáveis por diferentes táticas para lavar os milhões, incluindo a celebração de contratos ideologicamente falsos, aquisição de obras de arte e custeio de reformas imobiliárias.

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Os irmãos Pascowicht celebraram acordo de colaboração com o Ministério Público Federal (MPF) e, segundo os investigadores, revelaram o suposto esquema criminoso e admitiram que eram responsáveis pela empresa usada como intermediária para lavar o dinheiro. O grupo simulava a contratação da Jamp Engenheiros Associados Ltda. para prestação de serviços de consultoria de engenharia como estratégia para "embasar o recebimento dos 'créditos' de propina de Duque junto à Multitek".

O MPF pede que os denunciados sejam condenados a devolver R$ 3,7 milhões, correspondentes ao total dos valores supostamente lavados. A força-tarefa da Lava Jato pede ainda que a Justiça determine o pagamento de igual montante em indenização por danos morais à população brasileira.

Condenado a mais de 130 anos de prisão, Duque foi um dos primeiros alvos do alto escalão da Petrobras na Operação Lava Jato. Apesar de não ser delator, chegou a confessar crimes, que envolveram suposta operação de propinas ao PT e à alta cúpula do partido, como o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-diretor da Petrobras foi solto em março deste ano por determinação do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). Para os desembargadores, após cinco anos, não se sustentava mais a prisão preventiva. Ele recebeu sua sentença mais recente em fevereiro, a seis anos e seis meses, em ação sobre suposto esquema que teria rendido propinas em contratos de navios-sonda.

Defesas

A reportagem busca contato com os denunciados. O espaço está aberto para manifestações.

O Ministério Público Federal no Paraná apresentou denúncia nesta quarta, 3, contra executivos e agentes ligados ao Grupo Tenaris/Techint, pelo pagamento de mais de US$ 10 milhões em propinas ao ex- diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque. Segundo a força-tarefa da Lava Jato os crimes de corrupção foram cometidos no interesse de contratos celebrados entre a Confab Industrial SA, empresa do grupo, e a Petrobrás entre 2007 e 2010.

A acusação, por corrupção e lavagem de dinheiro, atinge executivos da Confab, diretamente envolvidos nos pagamentos a Duque, intermediários que deslocavam os valores dentro do grupo e ainda operadores, que faziam o dinheiro chegar ao ex-diretor da Petrobrás forma dissimulada. As informações foram divulgadas pela Procuradoria.

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Segundo a denúncia, entre 2007 e 2010, no Brasil e na Argentina, os acusados ofereceram e efetivamente pagaram valores correspondentes a 0,5% dos contatos celebrados entre a Confab Industrial e a Petrobrás, o que resultou no pagamento de pelo menos US$ 6.007.219,49 e CHF 3.666.020,00 a Duque.

O ex-diretor da Petrobrás foi um dos primeiros alvos do alto escalão da Petrobrás na Operação Lava Jato. Estava preso desde 2015, mas foi solto em março deste ano, por ordem do Tribunal Regional da 4ª Região depois da mudança de entendimento sobre a execução antecipada de pena. As penas impostas a Duque ultrapassaram os 130 anos de prisão, tendo a condenação mais recente sentenciado o ex-executivo da estatal a 6 anos e 6 meses de prisão.

A Lava Jato aponta que a prática resultou em nove contratos de fornecimento de tubulações para a Petrobras, que totalizaram R$ 2.697.329.230,38.

"Foi apurado que a Petrobras podia realizar licitação internacional para aquisição dos bens e serviços fornecidos pela Confab, mas que, por influência de Duque, a Petrobras manteve a política de negociação direta nas compras dos tubos. Em troca, o ex-diretor da estatal recebeu valores pagos a título de corrupção sobre cada contrato firmado", indicou a Procuradoria.

De acordo com os investigadores, esquema resultou em diversas contratações da Confab de forma direta, por inexibilidade de licitação, por ser a única empresa em território nacional com condições de prestar os serviços.

Os investigadores apontam que o Grupo Techint 'não apenas pagou reiteradamente valores a agentes públicos brasileiros para obter contratos de prestação de serviços e fornecimento de produtos, notadamente, tubos de grande diâmetro e serviços vinculados, como esses pagamentos também influenciaram a política de negócios internacionais da Petrobras'. Segundo a Lava Jato, as provas apresentadas na denúncia fora obtidas a partir de cooperação jurídica internacional, incluindo quebras de sigilo bancário, bloqueios de valores e transferências de investigação.

A Procuradoria indica que 'foi descoberto um complexo sistema de pagamentos de vantagens indevidas realizados por meio contas estrangeiras em nome de empresas offshores, além da contratação, pelo Grupo Techint, de empresa de serviços de consultoria, que não prestavam nenhuma atividade técnica'.

Em nota, o procurador Marcelo Ribeiro de Oliveira, destacou o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro transnacional denunciado era sofisticado. "O esquema envolvia muitos agentes e extrapolou a mera prática criminosa de corrupção de agentes públicos, afetando diretamente a política de negócios da Petrobras, corrompendo o devido processo licitatório e a garantia da ampla concorrência, fundamental quando se trata de grandes contratos públicos."

COM A PALAVRA, O GRUPO TECHINT

Até a publicação desta matéria, a reportagem não obteve resposta do Grupo. O espaço permanece aberto para manifestações.

A juíza Carolina Lebbos, da 12.ª Vara (Execuções Penais) de Curitiba, negou o pedido de progressão de pena para o semiaberto do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque por causa de sua "colaboração unilateral espontânea". A decisão foi dada no âmbito de três dos cinco processos que tramitam no juízo em questão, ações nas quais o empresário teve prisões preventivas decretadas.

Detido desde fevereiro de 2015, Duque está atualmente custodiado no Complexo Médico Penal do Paraná.

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Na mesma decisão, Carolina unificou as penas imputadas a Duque nos três processos, totalizando 67 anos de reclusão e 1.538 dias-multa.

Ao todo, o ex-diretor da Petrobras responde a 16 ações penais. Ele foi condenado em oito delas, somando penas de mais de 120 anos, além de multa de R$ 11.776.399,87.

Duque foi um dos primeiros alvos do alto escalão da Petrobras na Operação Lava Jato. Quando a PF fez buscas em sua casa, em novembro de 2014, rebelou-se, em conversa com seu advogado: "Que País é esse?" - ele foi preso temporariamente, por cinco dias.

A decisão de Gabriela Lebbos foi dada em resposta a um pedido da defesa do empresário para que a Justiça estendesse benefício dado a ele em uma ação pelo fato de ter colaborado espontaneamente com as investigações.

Apesar de não ser delator, Duque chegou a confessar crimes, que envolveram suposta operação de propinas ao PT, e à alta cúpula do partido, como o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, José Dirceu e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo a defesa, Duque esclareceu circunstâncias relativas aos crimes e revelado fatos até então desconhecidos aos investigadores. Os advogados alegaram ainda que a colaboração foi "ampla e irrestrita e teria se revelado útil e efetiva".

Em um dos processos em que o ex-diretor foi condenado, foi permitido que ele passasse para o semiaberto após cinco anos no regime fechado, sem "devolver a integralidade do produto do crime", apenas os valores ilícitos que estariam em sua posse.

Os advogados pediam que o benefício pela "colaboração unilateral espontânea" fosse estendido aos cinco processos que tramitam na 13.ª Vara Criminal Federal, mas Carolina Lebbos só analisou a possibilidade dentro daqueles que continham prisões preventivas decretadas em face do empresário, por causa da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou a execução antecipada de pena.

As sentenças em questão são relativas à Odebrecht, ao grupo de José Dirceu e a uma ação em que ele respondia junto a outros operadores de propinas.

No âmbito dos três processos que envolviam propinas recebidas pelo ex-diretor da Petrobras em contratos da estatal foi determinada a reparação dos danos, respectivamente, de R$ 43.444.303,00, R$ 108.809.565,00 e R$ 2.144.227,73. Em uma das ações também foi pedida a devolução de US$ 35 milhões.

Com relação aos outros dois processos, a juíza determinou que ficassem sobrestados até o trânsito em julgado das condenações ou outro fato que enseje a imediata execução dos julgados, sob pena de ofensa ao atual entendimento do STF.

Ao analisar o pedido da "benesse global", a juíza indicou que os tribunais têm admitido a "delação premiada unilateral", mas indicou que a concessão dos benefícios em primeiro grau, nas ações penais de Duque em que não observada a colaboração, foi "expressamente revista" pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região - o Tribunal da Lava Jato, sediado em Porto Alegre.

Segundo a magistrada, a Corte reconheceu "inviável a aplicação irrestrita dos benefícios pretendidos pela defesa a outras ações penais, uma vez que seriam endoprocessuais e vinculados à colaboração específica do empresário naqueles casos".

"Em primeiro lugar, em nenhuma das ações penais objeto desta sentença houve o reconhecimento da colaboração do executado. A colaboração prestada, superveniente ao julgamento das três ações penais objeto desta soma/unificação, não serviu ao esclarecimento e julgamento dos fatos que ensejaram as condenações aqui examinadas. A postura do executado, nas três ações penais, em nada serviu ao deslinde dos feitos", escreveu Carolina.

A Justiça Federal no Paraná negou liberdade a Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras indicado pelo Partido dos Trabalhadores, preso desde março de 2015. Ele possui prisão preventiva decretada em duas ações penais, o que impossibilitou a aplicação do recente entendimento do Supremo Tribunal Federal de que é inconstitucional a prisão já em segunda instância.

A defesa dele sustentou que 'a execução antecipada da pena supera a existência de qualquer prisão preventiva', posto que 'a situação meritório supera a situação cautelar'. "Alegou, ainda, que o fundamento outrora utilizado para a decretação da prisão preventiva não mais subsiste em razão da ampla postura colaborativa adotada pelo peticionário, que englobou a devolução de valores mantidos no exterior."

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O Ministério Público Federal se posicionou contrário à liberdade de Duque. Para a Procuradoria, a medida cautelar contra ele foi confirmada tanto pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região quanto pelo Supremo Tribunal Federal.

Deste modo, o início da execução provisória das penas não elimina automaticamente a prisão preventiva, disse o MPF. "Cabe ao STF avaliar eventual pedido de revogação da medida cautelar."

Duque já acumula 123 anos de pena em cinco ações penais da Lava Jato. A prisão preventiva que agora o impede de ir para casa se deu na décima fase da força-tarefa, em 2015, batizada de 'Que País É Esse?'. O nome faz referência a uma frase dita por Duque ao ser preso pela primeira vez, em novembro de 2014.

A medida cautelar foi mantida pela 13ª Vara Federal de Curitiba em duas sentenças com o argumento de que ele teria 'movimentado suas contas no exterior após o início das investigações na Operação Lava Jato, tentando dissipar os ativos criminosos e praticando novos atos de lavagem'.

Outros conseguiram a liberdade

 

Na esteira da decisão do Supremo que enterrou a prisão em segunda instância, outros alvos da Lava Jato já foram para casa.

Após 580 dias na cela da Polícia Federal em Curitiba, o ex-presidente Lula foi solto menos de 24 horas depois da decisão no STF. No mesmo dia, o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) deixou o Complexo Médico Penal de Pinhais (PR).

Os ex-tesoureiros do PT João Vaccari Neto e Delúbio Soares também se beneficiaram pelo novo entendimento dos ministros do Supremo. A Justiça do Paraná determinou a remoção das tornozeleiras eletrônicas que monitoravam os seus passos.

As penas do ex-diretor da Petrobras Renato Duque na Operação Lava Jato chegaram a 127 anos e 6 meses de prisão. A 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região aumentou nesta quarta-feira, 11, a dosimetria em uma das ações penais de 6 anos e 8 meses para 7 anos e um mês de reclusão.

Apesar de não ser delator, Duque chegou a confessar crimes, que envolveram suposta operação de propinas ao PT, e à alta cúpula do partido, como o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, José Dirceu e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Preso desde fevereiro de 2015, Duque foi um dos primeiros alvos do alto escalão da Petrobras na Operação Lava Jato. Quando a PF fez buscas em sua casa, em novembro de 2014, rebelou-se, em conversa com seu advogado: "Que País é esse?" - ele foi preso temporariamente, por cinco dias.

As outras penas do ex-executivo da estatal foram impostas nas ações penais que envolviam o núcleo da Engevix (21 anos e 4 meses), dos marqueteiros petistas João Santana e Mônica Moura (3 anos, 8 meses e 13 dias), a Odebrecht (16 anos e 7 meses), o grupo de José Dirceu (6 anos e 8 meses) e o núcleo da Andrade Gutierrez (28 anos, 5 meses e 10 dias), além de uma ação em que ele respondia junto a outros operadores de propinas (43 anos e 9 meses).

Nesse processo, Duque foi denunciado por receber propina de João Antônio Bernardi Filho, representante da empresa Saipem, para efetivar contrato com a Petrobras para a instalação do gasoduto submarino de interligação dos campos de Lula e Cernambi com a estatal. A propina, de cerca de 2 milhões de dólares, foi paga em imóveis e com a compra de obras de arte em seu nome apreendidas pela Polícia Federal.

O ex-diretor foi condenado em 19 de novembro do ano passado pela 13ª Vara Federal de Curitiba por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A defesa apelou ao tribunal requerendo revisão da dosimetria da pena com o afastamento de valorações negativas e a revogação do confisco de duas salas do Edifício Centro Cândido Mendes, no Rio de Janeiro.

O relator, desembargador federal João Pedro Gebran Neto, recalculou a pena após acrescentar a negativa de circunstâncias do crime requerida pelo Ministério Público Federal (MPF) e dar provimento ao pedido da defesa considerando a atenuante da confissão, resultando em aumento de 5 meses.

João Antônio Bernardi Filho, que também foi réu nesta ação, apelou ao tribunal requerendo a aplicação da pena conforme o acordo de colaboração premiada firmado com o MPF. Gebran concedeu o benefício previsto no acordo e a pena ficou em 5 anos e 8 meses, sendo 8 meses em regime semiaberto com tornozeleira eletrônica e 5 anos em regime aberto.

Segundo o desembargador, Duque não tem legitimidade para requerer a liberação das salas comerciais, visto que estão em nome de uma empresa de terceiro, a qual compete ajuizar ação neste sentido.

Quanto às obras de arte, seguem destinadas ao acervo cultural do País, conforme estabelecido na sentença.

O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque afirmou, em interrogatório nesta quarta-feira, 10, que pegou R$ 1,5 milhão em propinas que supostamente "iriam" para o PT. Segundo ele, o montante foi oferecido por não ter emperrado contratos envolvendo a Torre de Pituba, sede da Petrobras em Salvador.

Ele é um dos réus em ação penal referente à 56ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Sem Limites, que aponta fraudes e propinas de R$ 67,2 milhões na construção do edifício. Segundo a Procuradoria, os desvios teriam abastecido campanhas petistas. O fundo de pensão Petros se comprometeu a realizar a obra, e a Petrobras a alugar o prédio por 30 anos.

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Em 2009, Duque diz ter sido avisado pelo ex-tesoureiro João Vaccari que a Petrobras iria alugar um prédio da Petros em Salvador."Para minha surpresa, ele já sabia que isso seria feito e que quem iria construir esse prédio seria a Odebrecht".

"Ele (Vaccari) me disse o seguinte: "Eu não estou satisfeito com essa solução de ser a Odebrecht a construtora. Eu quero incluir também a OAS, porque a OAS tem uma grande relação com o PT. O Leo Pinheiro é um grande amigo e não tem porque uma empresa baiana ficar de fora de um prédio em Salvador. Então, vou trabalhar para que isso ocorra", afirmou.

Segundo o ex-diretor, a partir daquele momento, ele "já sabia que o prédio da Pituba tinha algum ilícito envolvido". "Porque antes mesmo de qualquer licitação já se sabia quem iria construir o prédio, o que não é razoável, não é normal".

De acordo com Duque, "a área financeira fez a avaliação e optou pelo prazo de trinta anos, o aluguel respectivo era R$ 3.003.000,00. Mas paralelamente a isso, a área financeira pediu que a Petros informasse qual era a avaliação da obra, qual o valor da obra, e a Petros informou R$ 588 milhões. A área financeira ficou surpreendida porque, internamente, a avaliação interna da obra, variava em torno de R$ 100 milhões a menos".

"No parecer, ela sugeriu que esse assunto fosse abordado junto a Petros. Eu me recordo que eu não concordei com essa sugestão, porque eu disse, na época, que a Petrobras estava alugando o imóvel, eu tinha que me preocupar com o valor do aluguel e que a Petros, sim, como proprietária do imóvel, como quem iria gastar o dinheiro para construir o imóvel, ela tinha que questionar o valor, sim, mas não a Petrobras. Por isso eu submeti à diretoria, o parecer foi anexado ao documento, onde eu peço a solicitação para alugar e a diretoria aprovou o aluguel de R$ 3.003.000,00 (três milhões e três mil reais), bem abaixo do teto estabelecido pela avaliação", afirmou.

O ex-diretor, então, narra a suposta oferta de Vaccari. "Quando a diretoria aprova a locação, conversando novamente com o Vaccari, ele me diz que não achava justo, razoável, que eu não levasse nenhuma vantagem no negócio. E por que eu não levaria nenhuma vantagem? Porque a questão ali era a Petros construindo um prédio e a Petrobras alugando".

"Não tinha porque alguém da Petrobras, no caso, eu, levar vantagem, uma vantagem ilícita, uma propina que fosse. Aí ele falou: "Olha, eu não acho justo, porque você sempre ajudou o partido, você não fez com que o processo emperrasse"", relatou Duque.

O ex-dirigente da estatal afirmou que Vaccari perguntou "se estaria bom", para ele, "receber R$ 1,5 milhão do valor ilícito envolvido nessa obra'. "É claro que 1,5 milhão é muito dinheiro. Eu aceitei, falei: "aceito, você está querendo me oferecer um milhão e meio, dinheiro que iria pro PT, eu aceito"".

"Ele, então, me perguntou se eu gostaria de receber esse dinheiro da Odebrecht ou da OAS, que eram os parceiros no consórcio. Aí eu disse para ele o seguinte: "Eu quero receber da Odebrecht, porque eu já tenho um outro dinheiro de um outro ilícito para receber da Odebrecht, combinado com Rogério Araújo" - que era o representante junto à Petrobras", relatou.

O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque afirmou na sexta-feira, 3, ao juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal em Curitiba, que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro José Dirceu e o PT dividiam dois terços da propina arrecadada com os contratos de plataformas para exploração do petróleo do pré-sal da Sete Brasil. A informação, segundo Duque, foi passada pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Segundo o ex-diretor, um terço da propina iria para a "casa", nome usado para a propina destinada aos executivos da Petrobras e da Sete Brasil, e os outros dois para o PT. "Esses dois terços para o partido seriam divididos entre Lula, José Dirceu e o partido", afirmou.

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Condenado a mais de 40 anos na Operação Lava Jato, Renato Duque teve acordos de colaboração premiada rejeitados pelo Ministério Público Federal (MPF) e passou a colaborar diretamente com a Justiça.

Ao juiz Sérgio Moro, ele relatou que o pagamento de propina "era institucionalizado". "Todos os estaleiros pagaram", afirmou.

Duque disse que ouviu de Vaccari que ele era o homem do partido responsável pela arrecadação de propina da parte política nos contratos da Sete Brasil, empresa criada em 2010 para intermediar os contratos de plataformas, que está em recuperação judicial.

Vaccari disse, segundo Duque, que o ex-ministro Antonio Palocci era o responsável pelo acerto e dava as coordenadas de como seria distribuído. Os contratos de plataformas feitos a partir de 2011 envolveriam, segundo ele, propina de 1%. Ao todo, eram mais de US$ 20 bilhões em contratos.

Duque confessou a Moro que recebeu cerca de US$ 3,8 milhões de propinas em negócio da Jurong com a Sete Brasil. Ele relatou que o dinheiro foi pago em uma conta aberta em Milão, no banco Cramer.

Segundo o ex-diretor, os pagamentos da Jurong e dos estaleiro internacionais foram destinados aos executivos da Petrobras e da Sete Brasil, chamado por eles de "casa". O valor dos 2/3, que segundo Duque eram destinados ao PT seria bancado por estaleiros criados por empreiteira como Odebrecht, OAS e UTC.

Além de apontar que a propina a Lula foi paga pelo estaleiro liderado pela Odebrecht, Duque relatou que a parte destinada a Dirceu saiu do estaleiro da Engevix e o montante para o PT saiu do estaleiro da Queiroz Galvão e Camargo Corrêa.

Depoimentos

Na sexta, Moro ouviu depoimentos de quatro réus do terceiro processo a ser julgado na Lava Jato envolvendo negócios dos 21 navios-sonda da Sete Brasil contratados pela Petrobras a partir de 2011. O caso é o da Jurong, que tem R$ 2,1 bilhão em contratos com a estatal e envolveria propina de US$ 18,8 milhões.

A defesa de Vaccari disse que ele também foi interrogado por Moro nesta sexta-feira, mas foi orientado a permanecer calado. "O ex-tesoureiro nega no processo qualquer envolvimento com arrecadação de propinas e ilícito."

A assessoria de Lula afirmou que "o ex-presidente teve todas as suas contas vasculhadas e jamais recebeu valores ilegais ou teve em Palocci seu representante para receber qualquer valor. Não vamos comentar declarações sem nenhuma prova de presos que buscam fechar acordos para obter benefícios judiciais".

A defesa de Dirceu emitiu nota afirmando que "diante da situação em que se encontra Renato Duque é absolutamente compreensível, que depois de anos de prisão, diga o que seus acusadores gostariam de ouvir." O PT foi procurado mas não deu retorno até o fechamento deste texto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu aplicar multa de quase R$ 60 mil ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Renato Duque, por irregularidades cometidas em contratos assinados entre a estatal e a Refinaria Abreu e Lima. Na sessão dessa quarta (18), os seis ministros da corte aplicaram a penalidade a Duque, após atestarem que ele e outros ex-funcionários da empresa atuaram na formação de cartel com empreiteiras mediante o recebimento de propinas.

A construção da refinaria de petróleo, conhecida também como Refinaria do Nordeste (Rnest), teve superfaturamentos que causaram prejuízos à Petrobras da ordem de R$ 2,7 bilhões, segundo o relator do caso no TCU, ministro Benjamin Zymler. No acórdão, Duque foi responsabilizado por supostamente participar de fraudes em licitações conduzidas pela Petrobras para a implantação da Rnest em Ipojuca (CE).

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No documento, Zymler cita como condutas irregulares de Duque e outros envolvidos nos esquemas de corrupção a utilização do cargo para direcionar as contratações para as empresas cartelizadas, a antecipação do cronograma do início das operações da Rnest e a alterarão de percentuais de fórmula de reajuste de preços por sugestão das empresas. 

De acordo com a conclusão do colegiado, o ex-diretor terá que pagar R$ 59,9 mil ao Tesouro Nacional pelo prazo de 15 dias, a contar do dia em que ele for notificado. O TCU determina também cobrança judicial no caso de inadimplência e o inabilita para exercer funções de confiança na Administração Pública pelos próximos oito anos.

Alerta

Os ministros lembram que o TCU já havia alertado em 2010, quando se iniciaram as obras, para indícios de que havia sobrepreço no empreendimento e recomendou a paralisação das atividades.

“Não bastasse os apontamentos de irregularidades em auditorias realizadas pelo TCU, a denominada 'Operação Lava Jato', desde 2014, vem desvelando de forma cada vez mais contundente o ambiente de formação de cartel e de corrupção entre as empreiteiras para proveito ilícito nos investimentos da Petrobras, bem como direcionamento e fraude às licitações na estatal”, diz o acórdão.

Em audiência no TCU e em outros momentos, Renato Duque apresentou sua defesa. Ele afirma que as sentenças penais citadas no acórdão que condenaram ele e outros funcionários da Petrobras não mencionam o crime de formação de cartel. Segundo ele, o tribunal deveria ter levado em conta os documentos que confirmariam depoimentos dos investigados da Lava Jato que fizeram delação premiada.

Ex-diretor de Serviços da Petrobras, o engenheiro Renato Duque está negociando firmar um acordo de delação premiada com a Lava Jato. A informação é do jornal O Globo desta segunda-feira (30). De acordo com a reportagem, Duque acaba de se tornar colaborador formal da força-tarefa em um acordo internacional e está em negociações avançadas com os procuradores para passar a delatar também nos casos investigados pela operação no Brasil. 

Renato Duque está preso desde novembro de 2014 e, de acordo com a investigação, ele passou os governos do PT recolhendo propinas na Petrobras. Ele é considerado pelos investigadores como o principal operador do PT no esquema. Uma delação dele é considerada crucial pela Lava Jato, pela gama de documentos que podem ser usadas como provas documentais contra os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, a partir de repasses da Odebrecht. 

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O acordo entre Duque e a Lava Jato, segundo o jornal, evoluiu depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu retirar das mãos do juiz Sérgio Moro trechos da delação da Odebrecht citando o ex-presidente Lula e o fato dele já colaborar com a investigação internacional. Em troca de imunidade diante da Justiça italiana, o ex-diretor da Petrobras assinou acordo com procuradores brasileiros e italianos para confessar crimes relacionados a investigações que tramitam naquele país. Duque prestou depoimentos às autoridades italianas no começo de março. 

Em depoimento a Moro em maio do ano passado, Duque disse que Lula sabia do esquema de corrupção na Petrobras, agia em favor das empreiteiras e arbitrava a divisão da propina.

O ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que a ex-presidente da Petrobrás Graça Foster se negou a fazer uma auditoria sobre o contrato de aluguel de um prédio da BR Distribuidora. Duque declarou que a ex-chefe da estatal não permitiu a análise, pois "iria feder".

Graça Foster foi presidente da BR Distribuidora entre 2006 a 2007 e da Petrobrás entre 2012 e 2015. Duque está preso desde março de 2015 e tenta fechar um acordo de delação premiada com a Justiça. Ele prestou depoimento em 7 de fevereiro a força tarefa da Lava Jato.

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À PF, o ex-diretor relatou que, em 2006, Graça o procurou para tratar de um prédio da BR. Como chefe da área de Serviços, cabia a Duque "atuar em situações de contratos como esse da BR, dando parecer com relação a contratos".

Segundo Duque, a então presidente da subsidiária da Petrobrás "acreditava que o aluguel da sede da BR estava muito caro" e pediu que ele achasse alternativas.

De acordo a versão de Duque, Graça acreditava que o valor "desproporcional" do contrato se dava pelo preço elevado do aluguel devido ao pagamento de propina.

Segundo o depoimento do ex-diretor, "envolvidos na assinatura do contrato haviam sido Rodolfo Landim (presidente da BR) e Nelson Guitti (diretor Financeiro da BR)."

"O declarante sugeriu que Graça então pedisse uma auditoria no contrato e Graça achou melhor não, porque Landin era ligado a Dilma (Rousseff, presidente cassada) e que por conta disso não iria mexer nisso porque "iria feder"; que Graça então insistiu para que o prédio fosse passado adiante e então a solução encontrada foi repassá-lo à Petrobrás", tendo virado um prédio universidade da estatal.

À PF, Duque afirmou que "dessa forma contornou-se a questão do valor que a BR estava arcando". A ex-presidente da Petrobrás Graça Foster não respondeu aos contatos da reportagem. O Estado também tentou contato com a presidente cassada Dilma Rousseff, Rodolfo Landim e Nelson Guitti, mas não obteve retorno até a conclusão desta edição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na entrada do primeiro ambiente já era possível ver os traços do modernista Alberto da Veiga Guignard. Nos outros cômodos do imóvel, outras dez peças do artista fluminense, que ficou famoso por pintar as paisagens mineiras, inundavam a cobertura duplex avaliada em R$ 4,5 milhões do ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque. A cena é do dia 16 de março de 2015 quando a Polícia Federal bateu na sua casa na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Duque foi preso e 131 obras de artes apreendidas.

É sobre o acervo de Duque que o juiz Sérgio Moro começa a decidir este ano o futuro definitivo das obras de arte apreendidas pela Lava Jato em quase quatro anos de operação. No total, são 220 obras de artistas como Amilcar de Castro, Di Cavalcanti, Heitor dos Prazeres, Salvador Dalí, Cícero Dias, Antonio Bandeira, Claudio Tozzi, Nelson Leirner, Adriana Varejão, Vik Muniz, Miguel Rio Branco guardadas provisoriamente no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba.

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O Ministério Público Federal, autor das acusações na Justiça, já se manifestou no processo pela destinação dos quadros em definitivo para o acervo do MON para que eles fiquem em exposição. O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa de Curitiba, defende que os quadros "sejam ressarcidos ao povo". No crime de lavagem, segundo ele, a vítima é o Estado, e consequentemente a sociedade. "No caso de obras de arte, ao invés de elas voltarem para mãos de particulares e o dinheiro ir para o cofre genérico da Petrobrás, elas devem ressarcir o público. É um destino mais efetivo e simbólico se conseguirmos que elas permaneçam no MON ou em outro museu."

A Petrobrás se diz ser a principal vítima do esquema de corrupção e quer fazer das obras uma forma de rever o prejuízo. Por meio dos advogados René Ariel Dotti e Alexandre Knopfholz, que atuam como assistentes da acusação, quis saber nos processos o tamanho do acervo de artes, seu valor e solicitou o direito sobre um primeiro lote de quadros, para ressarcimento do prejuízo aos cofres. Eles pediram que parte do lote de Duque seja revertido em favor da estatal - o pedido engloba oito das 13 telas.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Petrobrás disse que segue "buscando integral ressarcimento." E cita que a "atuação articulada com as autoridades públicas já garantiu a devolução" de cerca de R$ 1,5 bilhão aos cofres da estatal.

Destino. A compra de obras de arte, como quadros, é um método de lavagem, lembra o delegado da Polícia Federal que iniciou a Lava Jato, Márcio Adriano Anselmo - atual chefe da Divisão de Repressão aos Crimes Financeiros (DFIN). Foi ele que em 2014 pediu à Justiça autorização para que o MON ficasse com as obras sob custódia, com direito de expô-las ao público, durante a guarda provisória.

Apesar de ser um método tradicional de esconder uma transação ilícita, só recentemente o Brasil passou a tratar judicialmente a ocultação patrimonial por meio de obras de arte. Pioneiro na destinação das obras para museus foi o juiz federal Fausto de Sanctis, atual desembargador do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3), em São Paulo, que defende a manutenção em acervos públicos.

"Obra de arte, eu proibi a venda. Como proibi que nos laudos constassem o valor", afirma o desembargador. Segundo ele, o Estado não pode quantificar arte em valor econômico. "Há imperatividade de proteção dessa arte para o futuro e futuras gerações, é o que está na convenção da Unesco de 1970, que fundamentou muito das minhas decisões, a arte para as gerações futuras e não para um grupo fechado."

Em duas ações, que não envolviam diretores da Petrobrás, Moro decidiu que 16 quadros dos doleiros Nelma Kodama e Raul Srour deveriam ficar no MON. Agora, com a requisição da Petrobrás, o juiz terá de decidir o que será feito com os seis lotes de obras apreendidos em 48 fases da operação.

Para a diretora-presidente do museu, Juliana Vellozo Almeida Vosnika, as obras trazem inspiração. "A exposição (das obras da Lava Jato) talvez inspirou algumas pessoas que nunca entrariam em um museu a virem, nem que fosse pela curiosidade de ver as obras da Lava Jato", diz ela, completando que o acervo será bem-vindo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, afirmou nesta sexta-feira (5), que o ex-presidente Lula "tinha pleno conhecimento de tudo, tinha o comando" do esquema de corrupção instalado na estatal petrolífera. Duque relatou ao juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba, três encontros pessoais com Lula, o último em 2014, quando a Operação Lava Jato já estava nas ruas.

"No último encontro, 2014, já com a Lava Jato em andamento ele (Lula) me chama em São Paulo. Tem uma reunião no hangar da TAM no Aeroporto de Congonhas e ele me pergunta se eu tinha uma conta na Suíça com recebimentos da empresa SBM", contou Duque.

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Segundo o executivo - preso na Lava Jato e condenado a 20 anos por corrupção e lavagem de dinheiro em uma ação penal -, Lula teria dito que a então presidente Dilma Rousseff "tinha recebido informação que um ex-diretor da Petrobras teria recebido dinheiro numa conta na Suíça, da SBM".

"Eu falei não, não tenho dinheiro da SBM nenhum, nunca recebi dinheiro da SBM. Aí ele vira para mim fala assim 'olha, e das sondas tem alguma coisa?' E tinha né, eu falei não, também não tem."

Duque atribuiu ao ex-presidente a seguinte frase: "Olha, presta atenção no que vou te dizer. Se tiver alguma coisa não pode ter, entendeu? Não pode ter nada no teu nome entendeu?"

"Eu entendi, mas o que eu ia fazer? Não tinha mais o que fazer. Aí ele falou que ia conversar com a Dilma, que ela estava preocupada com esse assunto e que ia tranquilizá-la", relatou Duque. "Nessas três vezes ficou claro, muito claro para mim, que ele tinha pleno conhecimento de tudo, tinha o comando", acrescentou o ex-diretor.

Foi Duque quem pediu para ser novamente ouvido por Moro. O candidato a delator assumiu que cometeu "ilegalidades". "Mas quero pagar pelas ilegalidades que eu cometi. Se for fazer uma comparação com o teatro, da situação que a gente vive, sou um ator, tenho papel de destaque nessa peça, mas não sou nem o diretor, nem o protagonista dessa história." Ele afirmou ainda que quer "passar essa história a limpo".

O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque quer ser interrogado novamente pelo juiz federal Sérgio Moro. Nesta quinta-feira (27) a defesa de Renato Duque enviou um ofício a Moro na ação penal sobre irregularidades na obtenção, pela empreiteira Odebrecht, de contratos de afretamento de sondas com a Petrobras.

"O ora acusado de forma espontânea e sem quaisquer reservas mentais, pretende exercer o direito de colaborar com a Justiça nos termos do artigo 1º parágrafo Sº da Lei 9.613/98, para tanto requer seja designado por V.Exª. data para que seja submetido a novo interrogatório. Tal pretensão do acusado é feita livre de qualquer coação física ou mental, e representa seu desejo de colaborar com as autoridades na elucidação dos fatos ora investigados", escreveu a defesa a Moro.

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Renato Duque havia sido interrogado em 17 de abril deste ano. Na ocasião, o ex-diretor ficou em silêncio.

Nesta ação, além de Renato Duque, também são réus o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma), o empreiteiro Marcelo Odebrecht e outros 12 investigados.

Segundo a denúncia, entre 2006 e 2015, Palocci estabeleceu com altos executivos da Odebrecht "um amplo e permanente esquema de corrupção" destinado a assegurar o atendimento aos interesses do grupo empresarial na alta cúpula do governo federal.

O Ministério Público Federal aponta que no exercício dos cargos de deputado federal, ministro da Casa Civil e membro do Conselho de Administração da Petrobras, Palocci interferiu para que o edital de licitação lançado pela estatal e destinado à contratação de 21 sondas fosse formulado e publicado de forma a garantir que a Odebrecht não obtivesse apenas os contratos, mas que também firmasse tais contratos com margem de lucro pretendida.

Duque está preso desde março de 2015 na Lava Jato. O ex-diretor está condenado a mais de 50 anos de prisão, em três processos, como braço do PT no esquema de cartel e corrupção instalado na Petrobras.

No esquema alvo da Lava Jato, diretores indicados e sustentados nos cargos por partidos, em especial PT, PMDB e PP, tinham orientação expressa de seus "padrinhos políticos" para "ajudarem" as legendas com obtenção de recursos de empresas contratadas pela estatal.

Em agosto do ano passado, Duque havia retomado as negociações para um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal. O braço direito de Duque na estatal, Pedro Barusco, confessou em delação, fechada em 2015, que o PT teria recebido em dez anos mais de R$ 100 milhões em propinas, segundo suas estimativas, via Diretoria de Serviços.

O Ministério Público Federal, em Curitiba, apresentou à Justiça Federal na segunda-feira, 27, nova denúncia contra o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu de Oliveira e Silva, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e outros cinco investigados. A força-tarefa da Operação Lava Jato acusa os sete por corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e pertinência a organização criminosa.

"Durante as investigações no âmbito da operação Lava Jato, foi comprovado que os executivos da empresa Apolo Tubulars, Carlos Eduardo de Sá Baptista e Paulo Cesar Peixoto de Castro Palhares, interessados em adentrar no mercado de tubos e celebrar grandes contratos com a Petrobras, solicitaram a intervenção de Júlio Gerin de Almeida Camargo junto a Renato Duque para que a empresa fosse beneficiada perante a estatal", informou nota da Procuradoria da República.

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Segundo os investigadores, mediante pagamento de propinas no valor de mais de R$ 7 milhões, Renato Duque, como responsável pela Diretoria de Serviços da Petrobras, à qual estava subordinada a Gerência de Materiais, encarregada pelo procedimento licitatório, "possibilitou a contratação da Apolo Tubulars em contrato de fornecimento de tubos com valor inicial de R$ 255.798.376,40, que foi maximizado para o valor de R$ 450.460.940,84".

A Procuradoria sustenta que as vantagens ilícitas foram transferidas pela Apolo Tubulars para a empresa Piemonte, do lobista Júlio Camargo. Os investigadores afirmam que, em seguida, Renato Duque solicitou a Júlio Camargo "que a sua parcela na propina, cabível em decorrência de suas intervenções, fosse repassada ao núcleo político capitaneado por José Dirceu".

"Assim, cerca de 30% dos valores recebidos por Júlio Camargo, o que equivale a R$ 2.144.227,73, foram transferidos ao ex-ministro da Casa Civil", aponta a força-tarefa.

Os procuradores destacam que "para dissimular os repasses de vantagens indevidas", Júlio Camargo custeou despesas decorrentes da utilização de duas aeronaves por José Dirceu. O lobista também teria providenciado a transferência de valores para José Dirceu, "mediante contrato falso celebrado entre as empresas Credencial - controlada por Eduardo Aparecido de Meira e Flávio Henrique de Oliveira Macedo - e Auguri".

Os pagamentos decorrentes do referido contrato totalizaram R$ 688.633,07 e ocorreram entre 12 de março e 30 de julho de 2012. Conforme a denúncia, nesse período Eduardo Aparecido de Meira e Flávio Henrique de Oliveira Macedo realizaram diversos saques em espécie de alto valor e mantiveram cerca de 300 contatos telefônicos com José Dirceu e seu grupo.

Os alvos da 30ª fase da Operação Lava Jato são grandes empresas fornecedoras de tubos para a Petrobras, incluindo alguns de seus executivos e sócios. Também estão sendo investigados um escritório de advocacia, que era usado para o repasse de dinheiro, operadores financeiros e dois funcionários da estatal. A operação deflagrada hoje (24) mostra a extensão do esquema de corrupção em mais um segmento da Diretoria de Serviços e Engenharia da empresa.

Segundo os investigadores, as empresas Apolo Tubulars e Confab (que pertence à multinacional Tenaris) procuraram Renato Duque para garantir seus contratos, mediante pagamento de propina. “Os contratos já celebrados pela Petrobras com duas das fornecedoras de tubos que efetuaram pagamentos de vantagens ilícitas para obter vantagens com a Diretoria de Serviços da estatal totalizam montante superior a R$ 5 bilhões. Evidências denotam que o pagamento de propinas no interesse desse esquema criminoso perdurou pelo menos entre os anos de 2009 e 2013, sendo que os valores espúrios pagos, no Brasil e no exterior, superam a quantia de R$ 40 milhões”, diz nota divulgada pelo Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba.

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Além de Duque, também estão envolvidos nesta nova operação o lobista Júlio Camargo, o ex-ministro José Dirceu, que já cumpre pena, e Demarco Epifânio, ex-executivo da área internacional da Petrobras, que não foi encontrado pelas equipes de busca, mas terá que prestar esclarecimentos. Segundo a força tarefa, Dirceu teria recebido parte do montante de propinas através da empresa Credencial Construtora e Empreendimentos LTDA, apontada pelos investigadores como um empresa de fachada, já que não possuía nenhum funcionário e a sede ficava na casa de um dos sócios.

Eduardo Aparecido de Meira e Flávio Henrique de Oliveira Macedo, os proprietários da Credencial, foram presos preventivamente na manhã desta terça (24). A construtora de fachada foi usada para viabilizar o pagamento de propina em diversos esquemas criminosos investigados na Lava Jato, “mediante a celebração de contratos ideologicamente falsos”.

As investigações tiveram a participação da Receita Federal, Polícia Federal, da própria Petrobras e de um escritório de investigação autônoma contratado pela estatal.

Com informações da Agência Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta terça-feira, 23, manter preso o ex-diretor da Petrobras, Renato Duque. Ele está detido em Curitiba desde março do ano passado por envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

A decisão, unânime, foi determinada pela 2ª Turma do STF. Os ministros Dias Toffoli e Celso de Mello acompanharam o voto do ministro relator no processo, Teori Zavascki. Gilmar Mendes e Carmen Lúcia não participaram da sessão.

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Os ministros levaram em conta o fato de Duque ter movimentado cerca de 20 milhões de euros entre bancos da Suíça e de Mônaco durante as investigações da Polícia Federal. Segundo as investigações, o valor teria sido obtido por meio de transações ilegais.

A defesa de Duque, no entanto, afirmou que as contas de onde saíram o dinheiro foram encerradas pelas autoridades de Mônaco em dezembro de 2014, e que, por isso, não haveria mais razão para mantê-lo preso.

"Apesar da presunção de inocência, a medida se justifica mediante a reiteração delitiva, colocando em risco as chances de as autoridades recuperarem o produto do crime", afirmou Zavascki durante o voto.

O ex-executivo, que já foi condenado a 20 anos e oito meses de prisão por envolvimento no esquema de corrupção constatado em licitações da Petrobras, também responde em outras ações no âmbito da Lava Jato. Ele foi preso em novembro de 2014, solto em dezembro do mesmo e ano e voltou a ser detido em março de 2015, após a descoberta da movimentação ilegal.

O empresário Fernando Moura Hourneaux, investigado na Operação Lava Jato, disse nesta quarta-feira (3), em depoimento ao juiz federal Sergio Moro, que recebeu propina por ter ajudado na indicação do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Moura também reafirmou que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, deu a palavra final sobre a indicação de Duque para o cargo.

Ele prestou novo depoimento ao juiz, após ter admitido que mentiu durante o primeiro interrogatório, na sexta-feira (22). 

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O empresário manteve seu depoimento de delação premiada e declarou que levou o nome de Duque à Casa Civil, chefiada na época por Dirceu. Segundo o delator, Dirceu não conhecia o ex-diretor antes de nomeá-lo. Em troca da participação na indicação, Moura afirmou que recebia U$S 30 mil trimestrais da Construtora Etesco e pagamentos da empresa Hope, por meio de outro delator, Milton Pascowith. Ambas tinham contratos com a Petrobras.

Segundo Fernando Moura, a indicação de Duque para a Diretoria de Serviços foi decidida em uma reunião na Casa Civil, quando foram fechadas as nomeações para as diretorias da estatal. Ele disse que não estava presente à reunião, mas tomou ciência dos fatos por meio de Silvio Pereira, ex-secretário do PT.

"Quando chegou na Diretoria de Serviços, houve um impasse entre a indicação do Edmilio Varela, que era o antigo diretor, e a de Renato Duque. Quando foi questionado quem estava indicando o Edmilio Varela, o Delúbio [Soares, ex-tesoureiro do PT] não poderia falar que era ele. O Delúbio disse que a indicação era do Aécio Neves [senador]. Eles chamaram o ministro José Dirceu para decidir qual dos dois seria. Quando ele chegou à reunião, disse que o Aécio fora contemplado com Furnas e ficaria Renato Duque."

Informações falsas

Antes de iniciar o depoimento, o delator pediu desculpas a Moro e disse que havia sido desrespeitoso com o magistrado no primeiro depoimento. Questionado pelo juiz sobre os motivos pelos quais prestou informações falsas durante o primeiro depoimento, Moura refirmou que se sentiu intimidado por uma pessoa que perguntou sobre seus netos em Vinhedo (SP), onde mora.

"O senhor prestou depimento aqui perante mim. O senhor mesmo utilizou esses termos, que o senhor teria agido de forma desrespeitosa, com tom jocoso. O senhor não parecia pessoa ameaçada", afirmou Sérgio Moro.

"Eu estava preparado para fazer o que eu fiz. Meus advogados não tinham conhecimento nenhum disso. Só passei para meus advogados depois. Eu me preparei para isso como forma de proteção à minha família", respondeu Fernando Moura.

"Se o senhor estava nervoso, porque não transpareceu nervosismo no depoimento. Eu fiz seu depoimento. Eu colhi e você não estava nervoso", reiterou o juiz.

"Eu tinha me preparado para o que eu ia fazer. Tanto que não comuniquei nada para meus familiares e nem para meus advogados", acrescentou o delator.

Ação Penal

Os depoimentos ocorrem na ação penal em que Dirceu e mais 15 investigados foram denunciados pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A acusação contra Dirceu e os demais denunciados se baseou nas afirmações de Milton Pascowitch, em depoimento de delação premiada.

O delator afirmou que fez pagamentos em favor de Dirceu e Fernando Moura. Segundo os procuradores, o dinheiro saiu de contratos entre a Engevix e a Petrobras e teriam passado por Renato Duque.

José Dirceu está preso preventivamente desde agosto do ano passado em um presídio em Curitiba. A defesa do ex-ministro disse que a denúncia é inepta, por falta de provas. Conforme os advogados, a acusação foi formada apenas com declarações de investigados que firmaram acordos de delação premiada.

Dirceu

Na semana passada, o ex-ministro Civil José Dirceu prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro e negou que tenha indicado Renato Duque para a diretoria da Petrobras. Dirceu também declarou que teve seu nome usado na Petrobras e que nunca autorizou ninguém a falar em seu nome. 

PSDB

Em nota divulgada na semana passada, o PSDB negou ter indicado qualquer pessoa para cargos durante os governos do PT. “O PSDB nunca fez indicação para cargos em estatais durante os governos do PT, não tendo, portanto, qualquer responsabilidade sobre a gestão da Petrobras”.

A defesa do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque conseguiu levar para 2016 o julgamento da ação penal contra seu cliente sobre pagamento de propina envolvendo a construtora Odebrecht. O processo voltou a tramitar nesta segunda-feira, 7, após ser suspenso para que a estatal providenciasse a entrega de mais de 30 mil comprovantes bancários referentes aos pagamentos que teriam envolvido propina para o ex-diretor, indicado pelo PT no esquema de cartel e corrupção alvo da Operação Lava Jato.

No pedido, a defesa de Duque solicitou ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações na primeira instância, que fosse anexado os comprovantes de ordens de pagamentos da Petrobras referentes às várias obras que integram a denúncia da força-tarefa da Lava jato.

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Tática

A Petrobras juntou na semana passada parte dos documentos e informou o juízo "a dificuldade, de custo e tempo, para cumprir o determinado por envolvendo requisição a nove instituições financeiras diferentes cerca de 30.062 comprovantes bancários". No dia 2 de novembro, Moro havia considerado o pedido como tática de protelação da ação. "Não se trata de prova cuja necessidade surgiu no decorrer da instrução", afirmou o juiz.

Na tarde desta terça-feira, 8, a Petrobras anexou os comprovantes entregues pelos bancos que ainda não haviam fornecido dados e o prazo para que as partes se manifestassem sobre o material foi aberto.

Com a medida, o julgamento do caso e a sentença do juiz sairá no início de 2016. Duque está preso desde março deste ano e o presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, desde junho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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