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Nesta sexta-feira (5) é comemorado o Dia Nacional da Língua Portuguesa, data instituída pela Lei nº 11.310, em 2006, que homenageia o nascimento do escritor, jornalista, advogado e político Ruy Barbosa (1849-1923). Para celebrar o quinto idioma mais falado do planeta, a equipe do LeiaJá visitou o Museu da Língua Portuguesa (MLP), localizado em São Paulo (SP).

Fechado desde 2015 por conta de um incêndio, o Museu retomou as suas atividades durante o segundo semestre de 2021, de maneira totalmente renovada, mas com algumas restrições de público devido à pandemia do Covid-19, que inclui também o uso obrigatório de máscara durante a estadia.

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O MLP está localizado no prédio Estação da Luz (1901), considerado patrimônio cultural nacional, estadual, municipal e suas atrações estão concentradas no segundo e terceiro andar do edifício.

Ao iniciar a tour pelo segundo andar, é possível encontrar a sessão "Línguas do Mundo", que apresenta o nome e sonoridade de 23 línguas das mais de sete mil presentes no mundo, entre elas, o grego, árabe, família indo-europeia, xavante e claro, o próprio português.

Na sessão "Laços de Família", é possível ver as origens da língua portuguesa. A "Rua da Língua", apresenta um corredor de 106 metros de comprimento, com as palavras mais populares do dia-a-dia.

Outro ponto de destaque são as telas sensíveis ao toque, que possibilitam a interação dos visitantes para juntar sílabas e formar diferentes palavras, ou pesquisar pelo significado de um determinado vocábulo.

Nas paredes do MLP é possível ver uma grande variedade de poemas e versos escritos por grandes nomes da literatura, como por exemplo “Memórias da Emília” (1936) do escritor Monteiro Lobato (1882-1948).

Durante a estadia da equipe do LeiaJá no MLP, foi apresentado o filme “O que pode a língua”, do documentarista brasileiro Carlos Nader. Na sequência, o público foi encaminhado para o Planetário das Palavras, que por meio de luzes projetadas no telhado do MLP, apresentou uma seleção de diversos textos literários e canções que fazem parte da história da Língua Portuguesa.

O MLP pode ser visitado de terça a domingo, das 9h às 16h30 e os visitantes podem permanecer no local até as 18h. Os ingressos podem ser obtidos por R$20 a inteira ou R$10 a meia entrada. A entrada é gratuita aos sábados e de acordo com o site oficial, crianças de até sete anos possuem acesso gratuito.    

Em tempos de pandemia, o número de crianças e adolescentes usando dispositivos eletrônicos como smartphones, tablets e notebooks aumentou consideravelmente, bem como a quantidade de tempo dispensado pelos pequenos a esses utilitários. Segundo levantamento realizado pela empresa Opinion Box, em outubro de 2020, só no Brasil o número de crianças, na faixa etária dos cinco aos oito anos, que utilizam o celular por cerca de três horas ao dia, aumentou de 30% para 43% em um ano. 

A corrida para as telas, como forma de amenizar os impactos do isolamento social - e alternativa para manter as atividades escolares de forma remota -, pode, a princípio, parecer um risco para outra ferramenta de extrema importância no desenvolvimento infantil: a literatura; no entanto, o cenário que se descortinou diante a crise sanitária de proporções mundiais botou por terra o estigma de que a tecnologia pode ser mais vilã do que ‘mocinha’ para o universo dos livros.

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De acordo com pesquisa feita pelo Instituto Pró-Livro em mais de 200 cidades brasileiras,  houve crescimento de leitores na faixa dos cinco aos oito anos, durante a quarentena: de 67% para 71%. Para a escritora de livros infantis Clara Haddad, a união da tecnologia com a literatura pode ser um aliado poderoso no estímulo à leitura dos pequenos. “Acredito muito que uma coisa não substitui a outra. Sempre houve essa ideia: ‘chegou o CD, vai acabar o LP’, aquela ideia de ‘é o fim do mundo’; acho que uma coisa não invalida a outra. São formas de leitura diferentes, mas que se complementam”, disse em entrevista exclusiva ao LeiaJá.

A escritora, com quase 30 anos de experiência na literatura infantil - sendo 23 deles dedicados exclusivamente à narração oral; ofício que, em 2020,  lhe rendeu o Troféu Baobá - considerado o Oscar brasileiro da narração e mediação de leitura -, diz que se surpreendeu positivamente com o ‘casamento’ da tecnologia com a literatura e que, desde o último ano, tem se dedicado bastante às atividades remotas. “Eu me vi numa situação em que eu realmente tive que abraçar o online porque seria a única maneira que eu tinha de estar com meus leitores. Eu tinha algum receio porque quando a  gente fala em literatura a gente pensa no contato com o público, o olho no olho, a partilha das emoções, tudo muito presencial, e de repente fazendo esse vínculo com o online eu fiquei surpreendida porque as crianças embarcam na mesma (maneira) e às vezes até interagem mais”.

No mês em que a literatura e, sobretudo a literatura infantil, é celebrada em todo o mundo - sendo 2 de abril o Dia Internacional do Livro; 18 do mesmo mês, Dia Nacional do Livro Infantil e; 23 de abril,o Dia Mundial do Livro -, Clara festeja a sua profissão e frisa a importância do hábito de ler para a criançada. “A literatura infantil chega a todos, quando é uma boa escrita, porque os temas são transversais, falam de emoções, falam de pessoas como nós,  e acredito que a literatura para a infância pode chegar a todas as idades porque a gente tem sempre esse olhar de encantamento e curiosidade. Acho que isso os adultos não poderiam perder”. 

As escritoras Lenice Gomes (esq.) e Clara Haddad se dedicam à literatura infantil. Foto: Arquivo Pessoal

Habitat da infância

Compartilhando opinião semelhante, a escritora infantil Lenice Gomes, arrisca ir um pouco além. Para ela, “a literatura habita a infância e a infância habita a literatura”. A autora pernambucana tem mais de 40 livros infantis publicados e foi finalista do prêmio Jabuti, em 2004. Ela passou a dedicar-se à literatura para a infância após muitos anos atuando como professora e encontra nas parlendas, trava-línguas e adivinhas o material bruto para suas histórias.

Para Lenice, os livros são um universo de conhecimento e desbravamento do mundo e o segredo para despertar o interesse dos pequenos é deixá-los à vontade para escolherem seus caminhos no mundo das letras. “É preciso, antes de tudo deixá-los livres para ler e contar a versão deles das histórias. A confiança no maravilhoso é um excelente caminho. Sempre digo que a literatura enquanto arte da palavra abre-se para uma pluralidade de leituras e eu persisto nesse caminho a literatura que abraça o sonho e a fantasia com o mesmo entusiasmo que se aproxima da vida real”, disse em entrevista ao LeiaJá.. 

Monteiro Lobato

No Brasil, o dia 18 de abril foi o escolhido para celebrar o Livro Infantil. A escolha se deu como forma de homenagear o escritor Monteiro Lobato, dono de clássicos como Reinações de Narizinho e O Saci, que lhe renderam o título de ‘pai’ da literatura infantil brasileira. No entanto, o reinado de Lobato, no entanto, como baluarte da literatura nacional vem sendo duramente questionado e, até mesmo, ameaçado. 

Com livros escritos em meados do século 20, nas quais questões raciais e de gênero tinham outro contexto e conotações, o escritor tem sido apontado como vilão, sobretudo entre pais e educadores. Alguns defendem a retirada de certos títulos do autor das prateleiras infantis, já outros, acreditam que deva ser feita uma reestruturação dessas obras com a retirada de termos e trechos. 

Foto: Wikimedia Commons

Para a escritora Clara Haddad, que diz ter crescido lendo e “relendo” os livros de Lobato, o bom senso é o que deve falar mais alto frente a questões como essas. Ela enxerga na literatura uma ferramenta de conscientização e construção social, sendo assim, o bom uso dos livros, até mesmo os considerados polêmicos, pode ser de extremo ganho na formação das crianças. “Não concordo com as coisas racistas e misóginas mas ao mesmo tempo eu acho que não podemos simplesmente cancelar um autor porque, querendo ou não, ele tem um percurso e um valor para a literatura brasileira.Se a gentenao trata esses temas e  não conversa com as crianças ela sobre essas situações todas, elas não se protegem para o mundo. A literatura é um espelho do que acontece na vida, é uma forma de preparar a criança sobre esses temas num ambiente seguro a partir da voz daquelas pessoas que ela confia”. 

Já Lenice, comenta sempre ter lido o autor para seus alunos e relembra algumas reações. “Muitas vezes eles próprios questionavam os aspectos racistas e preconceituosos que apareciam nas histórias. Isso mostra como os leitores também problematizam os temas e revela que a mediação cuidadosa pode ser melhor do que uma radicalização como retirar os livros da escola”. 

Para a autora pernambucana, Lobato tem sua importância por ter promovido a  "formação da literatura brasileira” e menciona outra escritora importante, Clarice Lispector - que menciona o escritor no conto Felicidade Clandestina -, para ilustrar sua fala. “Para ela, esse contato com o livro foi uma abertura para o encantamento, isso revela que em qualquer tempo os leitores terão a sensibilidade para experimentar os mais diversos temas e as diferentes perspectivas sobre os textos” 

‘Isso dá história’

Clara Haddad levou sua literatura para a internet por conta da pandemia. Foto: Divulgação

Para celebrar um mês repleto de datas alusivas aos livros e à literatura infantil, a escritora Clara Haddad lança a edição brasileira do título O que é que o crocodilo come ao meio-dia, já lançado em Portugal, país onde reside há 17 anos. Nele, Clara mistura um tradicional conto africano a uma inusitada notícia lida no jornal, em uma história repleta de referências familiares e ludicidade. “Tudo pode ser matéria e material para um escritor escrever. Seja uma notícia, uma música, uma experiência de vida, a gente trabalha com essa matéria humana. O escritor vai fabular e brincar com elas. O escritor tem essa possibilidade de brincar e recriar de forma amena, sem perder as questões da vida, porque é importante falar delas, mas fazendo de uma forma talvez mais suave”. 



 

Ao longo de todo o mês de outubro, escolas infantis e de idiomas, restaurantes e casas de festas em todo o Brasil tomam emprestados os elementos do Halloween para marcar a tradição que culmina neste sábado (31). A cultura estrangeira tem ganho cada vez mais adeptos em território nacional, no entanto, nesse mesmo dia, por aqui, também é celebrada uma figura extremamente brasileira: o Saci Pererê. 

O negrinho zombeteiro de uma perna só, um dos personagens mais conhecidos do folclore do país, foi o escolhido para marcar este como um dia de defesa da cultura nacional. No Brasil, existem várias associações de criadores e observadores de saci que lutam para que a memória e história do serzinho mítico permaneçam vivas através das gerações. A criação do Dia do Saci foi um dos esforços levantados por essas pessoas apaixonadas por essa cultura. 

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Para os criadores, manter os sacis - porque existem várias espécies deles - vivos é uma missão que pode ser compartilhada por qualquer um de maneiras simples. Além daqueles mais tradicionalistas, que chegam a fazer caminhadas em matas, distribuindo alimentos e água para os sacis se manterem, existem os que usam de outros meios para criar e cuidar de um saci. Para eles, disseminar as lendas e histórias do personagem talvez seja a forma mais fácil de perpetuar sua existência e isso pode ser feito através de livros, filmes e até músicas.

O LeiaJá preparou algumas dicas para você também criar o seu saci e ajudar a manter esse serzinho tão carismático e brasileiro mais vivo do que nunca. 

Um dos primeiros livros sobre a figura do saci, lançado em 1918,  foi um compilado de relatos de pessoas de todo o país que garantiram ter tido algum contato com o ser. Monteiro Lobato reuniu as histórias, primeiramente publicadas no jornal O Estado de São Paulo, e assim, ajudou a disseminar no imaginário popular as lendas sobre o negrinho de uma perna só. Anos mais tarde,  ele publicaria O saci, resgatando o mito em meio aos personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo. 

O escritor Monteiro Lobato é apontado como um dos maiores  responsáveis pela popularização do saci no Brasil. Foto: Reprodução

A Turma do Pererê - 365 dias na Mata do Fundão - Ziraldo

A Turma do Pererê, criação do cartunista Ziraldo, surgiu na década de 1960. A turminha é inspirada nos povos indígenas e lendas folclóricas brasileiras e é comandada pelo personagem mais carismático da mitologia nacional. Em 2006, a Turma do Pererê foi escolhida como uma das 100 melhores histórias em quadrinhos do século 20. 

Saci Pererê - 100 anos do Inquérito

Nesta revista, alguns colecionadores de saci se reuniram para celebrar o centenário da publicação de Monteiro Lobato, porém, sem repeti-la. Aqui a ideia é mostrar como o mito manteve-se vivo e até ganhou novas formas e se modernizou com o passar do tempo através do tempo. Também visa mostrar um olhar diferente ao de Lobato, que acabou criando o seu compilado a partir dos escritos de uma elite letrada que tinha acesso à informação no início do século 20. 

Baseada nos personagens de Monteiro Lobato, a série leva para a tela a boneca falante Emília, o Visconde de Sabugosa, a menina Narizinho e algumas lendas do folclore brasileiro, entre elas, o saci. A primeira versão da série foi exibida na década de 1970, na TV Globo. Nos anos 2000, o programa ganhou um remake, que atualmente está disponível no Globoplay. 

Turma do Pererê

A turminha criada por Ziraldo também ganhou uma versão audiovisual. O programa mostrava as peripécias de Pererê e seus amigos  utilizando recursos de dramaturgia, animação, música e linguagem dos quadrinhos. A série é voltada para crianças e adolescentes. É possível assistir a alguns episódios no site da TV Brasil. 

Criação no headphone

O Saci Pererê tem aparições registradas em algumas músicas do cancioneiro popular brasileiro também. Seja de forma sutil, ou mais escancarada, o negrinho já foi bastante cantado por grandes artistas nacionais.

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Neste ano a obra do escritor Monteiro Lobato (1882 – 1948) entrou em domínio público. Diversas editoras preparam reedições de seus livros previstos para chegarem à praça no segundo semestre.

Além de obras conhecidas como “Urupês” e a série infantil “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, o escritor de Taubaté ainda tem material a ser revelado. O pesquisador Pedro Rubim revelou ao jornal O Estado de S. Paulo que possui em seu acervo 62 cartas, escritas por Lobato entre 1918 e 1948, endereçadas ao poeta Cesídio Ambrogi e outros destinatários.

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As cartas revelam que Lobato era rejeitado pela elite intelectual de sua cidade natal e por isso guardava certa mágoa. O escritor era crítico do comportamento dos barões do Vale do Paraíba e afirmava isso em publicações em artigos de jornais e livros como “Cidades Mortas”(1919).

O material será publicado na íntegra nesta quinta-feira (18) na plataforma online Almanaque Urupês.

Por André Filipe

Em 2019, a obra de Monteiro Lobato passou a ser de domínio público. Isso significa que os direitos autorais não mais pertencem exclusivamente a seus descendentes, sendo assim, é permitida a publicação de seus livros por qualquer editora. Sendo assim, o escritor Pedro Bandeira entrou em um projeto de adaptação das publicações lobatianas trazendo-as para o contexto do século 21.

Para Bandeira, alguns detalhes da obra de Lobato, como os xingamentos proferidos pela personagem Emília, poderiam parecer engraçados à sua época, diferentemente do que acontece hoje. "Sua obra não perderá a qualidade se tirarmos, aqui e ali, xingamentos acachapantes como 'sua nega beiçuda'", disse o escritor em entrevista ao Estadão.

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Os textos lobatianos vêm enfrentando acusações de racismo há algum tempo, sobretudo os direcionados ao público infantil. Bandeira diz querer proteger o talento de Lobato trazendo sua obra para uma realidade mais próxima da atual. "Na primeira metade do século 20, quem negasse diferença entre africanos, chineses e europeus seria chamado de maluco. A magia de Lobato, sem seus pequenos deslizes racistas, é imensa e é isso que sonho preservar para as próximas gerações".

A adaptação de Pedro para as histórias do Sítio será lançada pela Editora Moderna, em breve. Outros escritores e editoras também estão preparando lançamentos ancorados na obra de Lobato, como a Companhia das Letras - que lança em fevereiro nova edição de Reinações de Narizinho; Márcia Camargos - que prepara uma versão juvenil do livro de contos Urupês -; e Maurício de Souza - que lançará o livro Narizinho arrebitado com a Turma da Mônica.

No último final de semana, Deborah Secco foi parar em todas as redes sociais através da sua personagem Karola. Na cena em que surgiu cortando os próprios cabelos, em "Segundo Sol", a atriz teve que usar um boné com peruca para não revelar o resultado do novo visual. Em casa, Deborah teve a aprovação da filha Maria Flor, de dois anos, mas de uma forma bem diferente.

Fã declarada do "Sítio do Picapau Amarelo", obra de Monteiro Lobato, a garota comparou a mãe com o Pedrinho. "Pra quem queria saber o que a Maria achou da mamãe de cabelo novo...! Te amo, minha Emilia-Narizinho!", escreveu Deborah Secco, ao compartilhar com os seguidores do Instagram a reação da herdeira. O vídeo, em menos de 24h, atingiu a marca de 2 milhões de visualizações.

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A construção de narrativas, sejam elas literárias, musicais, televisivas ou cinematográficas, assume um papel social e convida o espectador ao exercício da reflexão diante de diferentes contextos. As temáticas aparecem como espelho do cotidiano, ficção e realidade se confundem. Nos versos ou cenas, surgem os mais variados temas: machismo, racismo, homofobia ou misoginia ganham espaço dentro dessas manifestações artísticas. A arte, com toda sua liberdade de criação, passa a ser alvo de problematizações que tem as redes sociais como principal canal de exposição do descontentamento.

Se de um lado temos a turma dos textos “lacradores”, do outro, pessoas afirmam que estamos vivendo a ditadura do politicamente correto e o da fiscalização excessiva. Um impasse cada vez mais acirrado e que está longe de ser resolvido. 

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O LeiaJa.com ouviu artistas, professores, coletivos e consumidores de arte para entender as razões, confrontar discursos e saber até que ponto ficção e realidade se misturam a ponto de interferir na construção do caráter do indivíduo.

“Um dos méritos da arte é justamente o de nos fazer enxergar perspectivas diferentes”

A definição de arte, segundo o Dicionário Aurélio, é a “capacidade ou atividade humana de criação plástica ou musical”. Na sabedoria popular, temos que ela é a maneira pela qual expomos sentimentos ou realidades de mundo. O fato é que a arte toma, cada vez mais, dois caminhos distintos: o de simples entretenimento e o de compromisso ético e social.

O professor de Língua e Literatura da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Unidade Acadêmica de Garanhuns, João Martins, ressalta o papel da arte e do artista como agentes sociais. “Espera-se da arte um compromisso ético, mesmo que seja limitado ao universo criado pela narrativa. O artista deve ter um compromisso social sim, mas devemos entender esse compromisso de modo amplo. Não é preciso ser ‘panfletário’ para ter compromisso social”, ressalta.

Segundo ele, o universo artístico possibilita a ampliação de perspectivas e o aparecimento de diferentes vozes. “Um dos méritos da arte é justamente o de nos fazer enxergar perspectivas diferentes daquela que as pessoas estão habituadas a tomarem como normal e normativa. A arte que permanece é aquela que remexe nossas certezas – estéticas, filosóficas, morais – e nos mostra outras perspectivas de sermos mais humanos”, defende. 

Quando questionado sobre a possível influência das narrativas nos discursos ou em comportamentos sociais, o professor universitário é categórico. “Do meu ponto de vista, um livro ou um filme pode apenas incitar a reprodução da ficção no real se já houver alguma inclinação latente no indivíduo. Algumas vezes, inclusive, a leitura que se faz é totalmente desviante dos caminhos de interpretação dada pela obra”, explica.

O negro, a mídia e a representatividade

A questão da representatividade de negros e negras na Tv sempre rende calorosas discussões. Acredita-se que a mídia, como meio de comunicação de massa, exerce influência sobre seus espectadores. Logo, tudo que nela é veiculado pode estar a serviço da quebra de paradigmas ou do reforço de alguns discursos carregado de preconceitos e exclusão. 

Para Beatriz Santos (no centro da foto), do Coletivo Cara Preta, os negros sempre estão ocupando na mídia papéis menores e cargos submissos aos de pessoas brancas. “Na televisão e no cinema, estamos sempre ocupando cargos subalternos aos de pessoas brancas, somos em grande escala retratados como vilões, o/a marginal a ser combatido/a, a empregada doméstica, o/a drogado/a. Ainda são poucas as produções que colocam o negro em um lugar plausível, equivalente, igualitário aos que atores e atrizes brancos/as assumem”.

Ela afirma também que esses estereótipos reforçam o pensamento e o discurso racista presentes na sociedade e na mídia. Segundo Beatriz, há um estranhamento, por parte de algumas pessoas, quando o negro ou negra assume um papel de destaque em uma narrativa. “É como se esses lugares não nos pertencessem, ignoram a contribuição cultural, social e intelectual que, continuamente, fornecemos. Ainda somos permeados por uma relação de poder puramente racista e excludente” aponta.

Sob uma perspectiva diferente, a gestora ambiental Helena Silva vê a necessidade de manter o equilíbrio sobre o assunto. Ela acredita que não há exagero ou “mimimi” por parte de grupos negros, mas chama atenção para o fato das telenovelas e filmes apresentarem apenas a realidade. “Quando em uma novela ou filme o negro aparece como pobre ou exercendo a função de empregado doméstico está mostrando a realidade do Brasil, infelizmente é a realidade. Dificilmente você encontra um negro que é diretor. Então, a mídia está aí para expor o que realmente acontece na sociedade”, argumenta.

Monteiro Lobato, mais conhecido por suas obras para o público infantil, tem inúmeras vezes seu nome associado ao racismo. Em 2014, foi levado ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de retirada das escolas públicas do livro 'Caçadas de Pedrinho' (1933), de Lobato, por ser considerada racista. Na época, o ministro Luiz Fux indeferiu o pedido. 

Na obra, o autor se refere à Tia Nastácia como “macaca”.  “Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima, com tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida”.  E as associações não param por aí: "Não é à toa que os macacos se parecem tanto com os homens. Só dizem bobagens”.

A representante do Coletivo Cara Preta defende a retirada da obra das escolas. “Não é assim que devemos ser retratadas, não é desse modo que quero que minhas futuras filhas se enxerguem. As escolas públicas são negras, a grande maioria dos alunos são negros/as e pardos/as, é muito duro crescer sem representatividades positivas”, justifica.

Ela também chama atenção para outra obra do mesmo autor, 'Negrinha'. '' Negrinha não teve direito nem a ter um nome, e é assim que o racismo nos trata diariamente, ele substitui nossos nomes por apelidos racistas. A senhora que trata da personagem é totalmente sem coração, trata a menina como se fosse um ser desprovido de sentimentos, mas é uma senhora caridosa e piedosa, diferente do contexto que Negrinha vivenciava sob seus cuidados”, aponta.

As mulheres no audiovisual

A forma como o cinema apresenta a figura feminina é uma problemática que permeia o discurso daqueles que lutam pelas minorias ou pela igualdade de gênero. Para o Coletivo Marcha da Vadias, as personagens femininas são construídas sob a ótica masculina e reforçam estereótipos. Uma das integrantes do grupo, que pediu para não ser identificada, afirma que “A mulher no cinema está relacionada ao olhar masculino. Geralmente elas possuem características físicas, psíquicas e intelectuais que condizem com o que os homens esperam de uma mulher. Se for uma mulher branca e jovem, o papel da boa mãe, esposa e/ou mulher indefesa são bem característicos. No caso das mulheres negras, a hipersexualização de seus corpos é um estereótipo marcante na cultura racista e sexista do Brasil”.

Afirma-se que na sétima arte, a violência contra mulher, física ou psicológica, e a cultura do estupro são temas recorrentes e que, nem sempre, são vistos como reflexão ou educativo, mas, como reforço de um pensamento misógino que alimenta a sociedade patriarcal. Sobre isso o coletivo expõe que há sim a necessidade de se retratar essas temáticas no cinema e televisão, desde que não sejam naturalizados ou como ações não passíveis de punição. “Temas referentes à cultura do estupro e à violência devem ser abordados nos filmes. Entretanto, estes atos não devem ter um tom de normalidade. Deve-se deixar claro que são ações inaceitáveis e passíveis de punição. Deve-se demonstrar que os personagens que praticam atos de violências em qualquer nível devem ser punidos. Não pode ser permitido que estes atos sejam entendidos como naturais ou sejam tratados como ações impunes”, argumenta a militante.

O cineasta argentino Gaspar Noé é responsável por um dos filmes mais polêmicos da história. Em 'Irreversível' (2002), a personagem Alex, interpretada pela atriz Monica Bellucci, é estuprada e agredida. A cena, com duração de nove minutos, é considerada a mais forte sobre o tema. Em entrevista à revista Época, Nóe afirmou que a temática devia ser explorada ao máximo na narrativa, pois 'Irreversível' fala sobre violência. “Irreversível é um filme sobre violência. Quando se escolhe um tema, ele deve ser exposto ao máximo. Se amanhã eu fizer um filme de humor, me esforçarei para ser muito engraçado. Quando as imagens são fortes de uma forma ou outra, elas ficam gravadas na mente das pessoas. Quando 'Irreversível' estreou, o impacto foi muito forte. Por isso, segue existindo no subconsciente de muita gente”, expôs.

Seguindo uma perspectiva similar, o filme 'Baixio das Bestas' (2006), do diretor pernambucano Cláudio Assis, apresenta uma cena de estupro coletivo, protagonizado pela atriz Dira Paes. Fala-se que o episódio reforça a questão da cultura do estupro e coloca a mulher em condição de submissão. 

“Filmes como esse (Baixio das Bestas) tratam a violência contras as mulheres de maneira irresponsável. Cria-se uma estética em que a mulher é tratada como objeto e a violência glamourizada. Não há uma discussão sobre essa violência ou como essas mulheres são vistas no filme. Todos os diretores deveriam sempre fazer um avaliação de sua responsabilidade na produção de um filme e refletir como sua obra pode contribuir ou não ainda mais para a violência. A arte possui uma responsabilidade social e devem refletir sobre como contribuem para a violência na vida real”, aponta a representante do Coletivo Marcha das Vadias.

O cineasta defende sua obra. Para Assis, o longa-metragem é uma denúncia sobre a violência sofrida pelas mulheres. “O filme é uma denúncia sobre a cultura do estupro, que não só acontece aqui em Pernambuco, mas em todo o país. Quando foi lançado, recebi elogios, então não entendo o porquê da crítica. Cada pessoa tem um jeito de interpretar e encarar essa temática. O projeto, meu e do Hilton Lacerda, é denunciar essa ação. É uma obra de arte e deve-se entender a função dela”, argumenta.

A vigilância e o politicamente correto

Se de um lado temos pessoas e grupos que questionam e problematizam a fim de romper com alguns discursos entranhados na nossa cultura, do outro lado encontramos quem enxerga esse movimento como exagero promovido pela onda do politicamente correto.

O professor de Filosofia e História da Arte Henrique Farias acredita que é necessário ter bom senso e o politicamente correto está ligado à ideologia político-partidária. “O animal humano se diferencia dos outros animais por ter a aptidão do bom senso. Por isso, entendo que o politicamente correto se direciona principalmente a uma necessidade de um cuidado presente no campo da linguagem, seja este ligado ao entretenimento ou aos diálogos de bar. O ponto central é que o cuidado, quando passa a ser desmedido, mostra um objetivo estritamente de natureza política, ou em seu sentido primário, de poder partidário”.

“Como pressuposto ideológico do socialismo, o politicamente correto é utilizado como mais uma artimanha da extrema esquerda. Mesmo quando suas consequências e objetivos possam parecer humanistas, destrói a responsabilidade individual, que é a base do liberalismo, sempre sob uma esteira linguística que termina frequentemente numa abordagem que pressupõe grupos ou minorias. Por isso, acredito que uma proposta de reformulação das leis que defenda o indivíduo enquanto indivíduo, preservando o bom senso humano, seria mais interessante do que fiscalizar humoristas, por exemplo”, complementa.

A opinião é contestada pelo professor universitário João Martins: "Para aqueles que acusam pessoas de abraçarem a vigilância do politicamente correto, afirmo que ainda não entenderam que o maior mérito da arte é o de nos tornar menos desumanos. O que se espera da sociedade é que ela evolua para a civilização, o que não significa progresso tecnológico, mas uma organização em que os que estejam em condições de fragilidade sejam protegidos pelos que estão em melhor posição".

Dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) mostram que o crescimento de vendas do gênero infantil em 2016, em relação a 2015, foi de 28%. Nesse mesmo período, o mercado geral de livros caiu 9,7%. Os dados tratam dos livros vendidos no varejo, em livrarias, e foram levantados a pedido da Agência Brasil. Nesta terça-feira (18) é comemorado o Dia Nacional do Livro Infantil, data escolhida em homenagem ao escritor brasileiro Monteiro Lobato, que nasceu neste dia, em 1882.

A empresária Flávia Oliveira, 31 anos, é uma das compradoras. Ela apresentou os livros à filha, Bruna, de 3 anos, desde cedo, antes mesmo de completar 1 ano. Eram livros de páginas mais duras e com imagens que faziam parte do cotidiano. “Como ela ia muito ao zoológico, comprávamos livros com ilustrações de animais, nos quais ela identificava coisas que faziam parte do universo dela".

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Segundo Flávia, após ouvir várias vezes a mesma história, Bruna se senta com as bonecas em círculo e conta para elas o que ouviu e o que criou a partir do livro. “Eu acho que se a gente quiser que ela tenha esse interesse por livros quando for maior, tem que criar hábito desde criança, para que seja algo prazeroso. Eu não tive isso. Quando entrei na escola, achava os livros muito maçantes. Eu queria que a leitura trouxesse algo prazeroso para ela”, diz. 

Embora as vendas tenham aumentado, as obras infantis ainda representam fatia pequena do mercado nacional de livros, 2,8% em 2016 - um aumento em relação aos 2% registrados em 2015.

"É muito importante saber que esses livros tiveram um crescimento, pequeno, mas significativo", diz a secretária-geral da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, Elizabeth D'Angelo Serra. Para ela, os dados, que mostram os livros comprados em livraria, não refletem no entanto todo o acesso das crianças, que ocorre pela escola. As compras das escolas públicas, como não ocorrem no varejo, não entram no cálculo.

"Se pensarmos na maioria das crianças do país, sem dúvida o acesso a livros infantis se dá na escola. Muitas nunca tiveram isso nas próprias famílias, têm pais e mães analfabetos e semianalfabetos".

Livros na escola

Nos lugares onde se tem acesso à literatura, os efeitos são positivos. Para Márcia Helena Gomes de Sousa Dias, professora do Centro de Educação Infantil (CEI) do Núcleo Bandeirante, região administrativa do Distrito Federal, os livros infantis têm papel fundamental na formação das crianças e ajudam inclusive no processo de alfabetização. A escola, além de ter momentos de leitura dos professores para os estudantes, incentiva as crianças a pegarem os livros, a inventarem histórias a partir das imagens. A intenção é que os livros estejam inseridos em todas as atividades, que se forem brincar, por exemplo, possam usá-los. E aprendam também a cuidar, a colocar no lugar depois de usar.

Os livros, de acordo com Márcia, servem para que as crianças se familiarizem com as letras: "As crianças têm primeiro o trabalho visual. Começam a perceber nos livros de história que algumas letras fazem parte do nome dela, dos pais ou de colegas. É uma pré-alfabetização. Fazem sempre essa conexão, de figuras com letras e depois de letras som, quando lemos para elas".  

Além de trabalhar a literatura na própria sala de aula, as escolas podem servir de incentivo para que a leitura chegue à casa dos estudantes.Um estudo da Universidade de Nova York, em colaboração com o IDados e o Instituto Alfa e Beto, divulgado no ano passado, mostrou um aumento de 14% no vocabulário e de 27% na memória de trabalho de crianças cujos pais leem para elas pelo menos dois livros por semana.

O estudo revelou ainda que a leitura frequente para as crianças leva à maior estimulação fonológica, o que é importante para a alfabetização, à maior estimulação cognitiva e a um aumento de 25% de crianças sem problemas de comportamento.

O estudo foi feito com base na experiência de Boa Vista (Acre), com o programa Família que Acolhe, voltado para a primeira infância, que acompanha as crianças desde a gravidez até os 6 anos de idade.

A leitura é um dos carro-chefe do programa, segundo a gestora das Casas Mães no município - espécie de escolas de educação infantil de tempo integral - do Núcleo Senador Helio Campos, Maria de Lourdes Vieira dos Santos. Cada criança escolhe, na escola, dois livros para levar para casa e ficar com eles pelos próximos 15 dias. Nesse período, devem elas mesmas manuseá-los e pedir que pais ou responsáveis leiam para elas. “A leitura é importante porque, além de aproximar os pais da criança, que têm esse tempo proveitoso junto ao filho, ajuda a criança a desenvolver a oralidade, a mudar o repertório de palavras. Trabalha também o imaginário e a fantasia por meio das histórias que são contadas”, diz.

Faltam livros

Dados do último Censo Escolar, de 2016, mostram que 50,5% das escolas de educação básica têm biblioteca e/ou sala de leitura (esse percentual é de 53,7% para as que oferecem ensino fundamental e de 88,3% no ensino médio). O Brasil tem até 2020 para cumprir a meta de universalizar esses espaços, prevista na Lei 12.244. A legislação, sancionada em 24 de maio de 2010, obriga todos os gestores a providenciar um acervo de, no mínimo, um livro para cada aluno matriculado, tanto na rede pública quanto privada.

A realidade do ensino fundamental e médio se estende ao ensino infantil público, segundo a vice-presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Manuelina Martins da Silva Arantes Cabral, dirigente municipal de Costa Rica (MS). Ela estima que metade das escolas tenha pelo menos o mínimo de um livro por estudante. "E um livro ainda é pouco, porque os livros, se utilizados, vão se gastando. Além disso, para as escolas envolverem as famílias, precisam que os estudantes levem livros para casa, o que vai demandar mais de um livro".

Segundo ela, muitos municípios não têm condições de investir em livros e dependem de parcerias com o Ministério da Educação (MEC). Essa parceria se dá, principalmente, pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola, que investiu, até 2014, R$ 50,5 milhões em mais de 12 milhões de livros para mais de 5 milhões de crianças da creche e pré-escola. Depois, o investimento passou a ser feito no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), programa criado em 2013 para alfabetizar as crianças até os 8 anos de idade. "O Brasil é imenso, tem localidade que tem condição de fazer um investimento, mas ainda temos municípios que não têm condição, porque livro no Brasil ainda é caro. A gente precisa dessa parceria com o MEC". 

Atualmente, o Brasil tem 64,5 mil creches, sendo a maior parte pública, da rede municipal (58,8%), enquanto 41% são privadas e 105,3 mil unidades com pré-escola, sendo 72,8% municipais e 26,3%, privadas. São mais de 8 milhões de matrículas até os 5 anos de idade.

O Ministério Público Estadual abriu inquérito para investigar denúncias de má administração no Cemitério da Consolação, no centro, entre elas a profanação dos restos mortais de Monteiro Lobato, neste ano. Segundo as denúncias, as cinzas do escritor foram encontradas do lado de fora do túmulo, que havia sido violado por criminosos.

O promotor Nelson Luís Sampaio de Andrade, do Patrimônio Público e Social da Capital, iniciou as investigações após denúncias do Movimento de Defesa do Cemitério da Consolação (MDCC) e do vereador Nelo Rodolfo (PMDB). O inquérito foi instaurado nesta terça-feira.

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À promotoria, foi relatado que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) encontrou um "saco de cinzas jogado em uma viela" do cemitério. Depois, foi constatado que eram os restos mortais de Monteiro Lobato.

"Em anos anteriores, roubaram a guirlanda e o portão de bronze do túmulo. Agora, profanaram o túmulo, remexeram na gaveta e levaram a caixa com as cinzas dele", afirma Francisco Machado, diretor do MDCC e autor da denúncia. "Os meliantes não encontraram nenhum objeto de valor e abandonaram a caixa", diz.

Foi um jardineiro autônomo, contratado por várias famílias para cuidar de túmulos, quem disse ter achado os restos mortais do escritor, há cerca de três meses. "A caixinha estava na porta do banheiro onde os coveiros se trocam. Na caixinha estava gravado ‘Monteiro Lobato’", afirma ele, que pediu para não ser identificado.

Segundo conta, os restos mortais foram recolhidos, então, pela GCM e não houve registro de boletim de ocorrência na sequência. "Devem ter pensado que era uma caixinha com joia, porque já houve outros casos assim", diz. O caso, relata, ocorreu por volta das 11 horas.

Investigação

O MPE também vai investigar denúncias de "constantes furtos de portas de bronze, casos de elevado valor artístico, bem como outros objetos externos dos túmulos". "Começou com pequenos furtos, depois foram as grades de bronze. Hoje, estão roubando até estátua de 300 quilos", diz o diretor do MDCC. De acordo com os denunciantes, mesmo registrando BOs, "nenhuma providência" foi tomada pela administração do cemitério. O inquérito também aborda suposta má administração do crematório da Vila Alpina e de outros cemitérios.

Em nota, a Prefeitura destacou que não há "absolutamente nenhum relato" da GCM sobre os restos mortais de Monteiro Lobato e que a informação dada pelos denunciantes é "equivocada". Destacou também que o cemitério tem patrulhamento 24 horas e que há duas câmeras em funcionamento no entorno da necrópole. Sobre o inquérito do MP, o governo municipal destacou que ainda não foi notificado e que o recebimento da denúncia "não corresponde à comprovação dos fatos mencionados".

'Detalhes'

A superintendente do Serviço Funerário, Lúcia Salles, afirmou em entrevista à Rádio Estadão que a GCM faz patrulha 24 horas por dia no Consolação para evitar furtos. "Ninguém chupa ou come bronze. O que precisa é uma ação da Polícia Civil contra receptação do bronze."

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo publicada nesta quarta-feira revelou que o governo municipal cortou praticamente metade dos gastos com manutenção e limpeza dos cemitérios – a redução foi de R$ 25,7 milhões, em 2015, para 14,8 milhões neste ano. Questionada, Lúcia negou que a redução tenha causado impacto na limpeza dos cemitérios que, segundo ela, "são parques belíssimos".

Em resposta aos problemas encontrados pela reportagem nos cemitérios da Consolação, Araçá, São Paulo e Vila Alpina, a superintendente disse que se tratava de detalhes. "O que infelizmente andam fazendo é, em vez de mostrar essa coisa lindíssima, fecham a câmera naquele ponto da sala que não está bom." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A literatura infantil começou a surgir em meados do século 18, com as criações literárias de Charles Perrault, escritor francês que detêm o título de 'Pai' da literatura infantil, pois começou a dar um acabamento ao que seriam os contos de fadas. Suas histórias ganharam o mundo. Chapeuzinho Vermelho, O Gato de Botas, Cinderela, A Bela Adormecida, O Pequeno Polegar, todos esses contos de fadas estiveram e estarão presentes por muito tempo no imaginário infantil.

O gosto pela leitura ainda se dá no início da educação de uma criança. Ler as famosas 'historinhas' parece ser um hábito bobo, mas pelo contrário, estimula e fortalece o imaginário, a emoção e os sentimentos de quem o faz. O momento de leitura de uma criança não é algo que é realizado de maneira espontânea. É preciso que os familiares estimulem os seus filhos a ler, não deixe somente essa responsabilidade para a escola, onde em muitos casos as crianças leem por obrigação e não por gosto.

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O cenário da literatura infantil brasileira é repleto de bons autores, que poucas vezes são associados a esse gênero literário. Escritores clássicos como Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Graciliano Ramos e Jorge Amado, não são diretamente lembrados por suas obras para o público infantil, porém entre contos e livros, as produções são vastas. 

O dia das crianças pode ser um momento de presentear os filhos com obras clássicas de cunho educativo, como lançamentos de livros que busquem na leitura desenvolver o imaginário das crianças. 

Confira uma lista de opções de livros da literatura infantil

Clássicos:

Sítio do PicaPau Amarelo (Monteiro Lobato)

Monteiro Lobato é considerado o pai da Literatura Infantil brasileira.

Sítio do Picapau Amarelo é uma série de vinte e três livros de fantasia, escrita pelo autor brasileiro Monteiro Lobato entre 1920 e 1947. Num sitío chamado Sitío do Pica-Pau amarelo, vive dona Benta e sua neta, Narizinho, a menina que tem uma boneca, derruba um pouco de Pó de Pirlimpimpim e esta, acaba criando vida! Exsiste ainda um menino, primo de Narizinho que mora na cidade: Pedrinho... Em meio a diversos personagens mágicos, eles vivem situações diferentes, e às vezes até surreais.

O Mistério do Coelho Pensante (Clarice Lispector)

O mistério do coelho pensante (1967) foi a primeira obra destinada a crianças publicada pela autora. Escrita nos anos 1950, inicialmente sem propósito de publicação, nasce, segundo Clarice Lispector, de uma pergunta de seu filho Paulo: “Por que você só escreve livros para adultos? Nenhum para crianças?” Assim, para crianças, em 1967 publica-se O mistério do coelho pensante.

O gato malhado e a andorinha Sinhá, 1976 (Jorge Amado)

Com grande lirismo, a história do amor de um gato mau por uma adorável andorinha assume aqui o tom fabular dos contos infanto-juvenis. Além de se transformar em um improvável caso de paixão, a narrativa mostra como duas criaturas bem diferentes podem não apenas conviver em paz como mudar a maneira de ver o mundo.

Ou Isto ou Aquilo, 1964 (Cecília Meireles)

Esta obra aborda os sonhos e as fantasias do mundo infantil - a casa da avó, os jogos e os brinquedos, os animais e as flores, tudo ganha vida nos poemas de Cecília Meireles.

FILIG

Festival Internacional de Literatura Infantil de Garanhuns começa nesta quinta, 9, e segue até o dia 12. Serão diversas atividades gratuitas no Sesc Garanhuns e no Parque Ruber van der Linden, o Pau Pombo, com a proposta de promover a interação de crianças e adultos com renomados escritores e ilustradores do Brasil e da América Latina.

Nas linhas introdutórias a Monteiro Lobato, Livro a Livro - Obra Adulta, a professora de Teoria Literária Marisa Lajolo estabelece patamares essenciais à compreensão do autor. Diz ela: quem o conhece ali da porteira do Sítio do Picapau Amarelo, já pôde experimentar um grande escritor. Quem o conhece dos textos para gente grande, dos quais saíram personagens seminais, como a Negrinha, o Jeca Tatu e um Zé do Brasil, também travou contato com uma originalidade sem limites. Mas quem agora puder tomar nas mãos o volume lançado nesta terça-feira, 15, para o qual Lajolo não só fez a introdução, mas atuou como organizadora, daí então descobrirá facetas dadas por perdidas ou ignoradas em Monteiro Lobato (1882-1948).

Entre 1945 e 1946, o próprio escritor reuniu sua obra para adultos, chamando-a de Literatura Geral. Dividiu-a em 13 volumes para 16 títulos, cruzando gêneros - uma novela, um romance, contos, artigos de jornal, prefácios, correspondência, cadernos com impressões de viagem e até guardados de fundo de gaveta. Como sintetiza Lajolo, "um mundo de textos!". Em carta a um grande amigo, Lobato diria: "Imagine que a Brasiliense propôs, e eu aceitei, o lançamento de minhas... Obras Completas, Rangel! Em 30 volumes, vendidas pelo sistema Jackson...", comemorava, referindo-se ao modelo de vendas da enciclopédia Tesouro da Juventude. Já nos idos de 1950, após a sua morte, Edgar Cavalheiro, seu biógrafo, continuou juntando textos esparsos, outros pesquisadores seguiram nessa toada e hoje já foram publicados 25 volumes da obra adulta lobatiana (pela Editora Globo, a partir de 2007).

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Agora, para este lançamento da Editora Unesp, coube a Marisa Lajolo pedir a um grupo de especialistas que comentassem e contextualizassem os livros adultos, tal como já havia feito com a obra infantil do escritor de Taubaté. Os especialistas, por sua vez, mergulharam nos títulos e deles retiraram material de análise que extrapola os limites do estudo literário. "(...) os leitores ficam conhecendo, ou ganham maior intimidade, com um Lobato que se afasta da varanda do sítio para debruçar seu olhar sobre outros terreiros, de onde descortina o mundo", reflete Lajolo.

O desvendamento é constante. O livro aponta conexões entre a obra infantil e a adulta, quando aquela mesma irreverência da boneca Emília emerge em um artigo de jornal, por exemplo. Estabelece que não existe um só Lobato, mas vários, e que a sua pluralidade é também a pluralidade dos brasis. Aspectos constitutivos da obra e de seu criador, como o gosto pela polêmica e a veia destemida, são visíveis desde o seu primeiro artigo de impacto na imprensa - chamou-se "Velha Praga", publicado no jornal O Estado de S.Paulo em 1914, jornal com o qual Lobato manteve parceria fecunda e duradoura - até a publicação de Zé do Brasil, em 1947, que tanto alvoroço causou também.

Monteiro Lobato, Livro a Livro começa analisando O Saci-Pererê: Resultado de Um Inquérito, obra de 1918, feita a partir de uma enquete sobre o diabrete em forma de menino com os leitores do jornal Estado de S.Paulo, por provocação do escritor - ele próprio selecionou, e muitas vezes editou, os 74 depoimentos publicados no livro. Há de tudo, inclusive o assombro de um leitor por um saci que vira urso. Assim, ao lidar com nossas lendas, Lobato vai firmando sua crítica ao eurocentrismo que aprisionava a cultura brasileira.

No capítulo dedicado aos artigos reunidos em Urupês, o primeiro best-seller nacional, o professor de literatura João Luis Ceccantin aprofunda contrastes. "Na visada crítica e corrosiva do escritor, confrontavam-se dois mundos: um urbano, que aspirava ao cosmopolitismo europeu, e um rural, esmagado por sua implacável condição de atraso (...)." E os capítulos seguem ressaltando a inabalável disposição do autor em se envolver nos debates de seu tempo, com a obstinação de quem quer curar as mazelas do povo para livrá-lo do atraso.

Os debates mudam com o passar dos anos. Tem-se, em dado momento, o Lobato fascinado com a cruzada do médico e cientista Oswaldo Cruz contra as doenças do subdesenvolvimento, as endemias - não à toa Jeca Tatu é apresentado como um "parasita da terra". Ou com a figura heroica de Henry Ford, motor do desenvolvimento tecnológico sobre o qual Lobato passaria a escrever a partir de 1920.

Há o Lobato a discutir o papel que a siderurgia teria no futuro brasileiro, como se vê no livro Ferro, analisado pelo engenheiro Fernando Landgraf. Ou o que se envolve, até profissionalmente, com a exploração do subsolo, o que daria origem ao livro O Escândalo do Petróleo, miscelânea de artigos em torno do potencial de riquezas desse "fedorento sangue da terra". Como assinala Katia Chiaradia, a luta ostensiva de Lobato contra a Standard Oil equivocadamente lhe deu a fama de "pai do petróleo nacional". "Ser contrário à exploração pelos norte-americanos não implicava ser favorável à exploração pela União", afirma a pesquisadora, lembrando que o escritor defendia a iniciativa privada e acordos com outros países.

No capítulo Centenas, Milhares, encontra-se o Lobato das cartas, esparramando-se numa correspondência vastíssima, através da qual não só constrói sua imagem, como também ousa despir-se aqui e ali: "Vivo, e sempre vivi, de livros. (...) Quando os ferros, e petróleos, e todos os mais negócios falharam, dei balanço em minha vida e encontrei-me pai de uns 40 filhos...". Foram muitos anos dedicados ao embate das ideias, em diversos fronts, até que pudesse admitir: sua meta suprema era tão somente a "renda literária estabilizada". Escrever não era outra coisa senão trabalho. Simples assim. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O noivado de Emília, título da Coleção Pirlimpimpim que acaba de ser lançado pelo selo Globinho. Narizinho achava que já era hora de Emília se casar e, para convencê-la a aceitar Rabicó como marido, inventou que era ele um príncipe enfeitiçado.

Como o grande desejo da boneca era se tornar princesa, ela engoliu a história sem vacilar. Mas, daí em diante, as coisas não foram tão fáceis como a boneca planejava. A história, extraída de Reinações de Narizinho, conta com ilustrações no livro da dupla Sami e Bill. Coloridas e repletas de colagens, as ilustrações prometem dar charme e graça à história.

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A peça teatral infantil O museu da Emília, escrita em 1938 por Monteiro Lobato para ser encenada na Biblioteca Infantil Municipal de São Paulo, atualmente Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, acaba de ganhar uma edição especial da editora Globinho. A obra, que só foi publicada após a morte do autor, conta com ilustrações que sugerem elementos para cenário e figurino e servem de inspiração para as crianças recriarem a sua própria versão da peça.

Em O museu da Emília, Monteiro Lobato imaginou as cenas da história representadas em um palco de teatro, no qual os personagens do Sítio do Picapau Amarelo atuam e interagem em uma dinâmica diferente da vista nos outros títulos escritos pelo autor. O livro ainda conta com a ilustração da carioca Lorena Kaz. Formada em design de produtos, Kaz faz trabalhos editoriais para revistas, jornais e livros, além de realizar projetos pessoais com quadrinhos, vídeos e animações.

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Serviço

O Museu da Emília, de Monteiro Lobato

32 páginas

R$ 36

A Editora Globinho lança dois livros com pequenas histórias da turminha do Sítio do Picapau Amarelo. As publicações fazem parte da Coleção Pirlimpimpim e pretendem conquistar novos leitores para a obra de Monteiro Lobato. Os títulos escolhidos são O Mês de Abril e A História de Emília.

O primeiro narra o período favorito da turma criada por Lobato: as férias de lagarto no mês de abril. Tudo começa quando Emília percebe que trinta dias sem fazer nada é tempo demais para ela, logo a tagarela boneca é a primeira a querer acabar com o período de calmaria e começa a buscar diversas coisas para fazer.

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Já em A História de Emília, a criançada pode conferir um conto narrado pela boneca de pano. Normalmente narradas pela Tia Nastácia, as histórias ganham a imaginação das crianças ao serem contadas pela espevitada bonequinha, que insere muito humor, surpresas e reviravoltas que só sua cabecinha mágica pode imaginar.

Ambas as histórias são retiradas de outros livros de Monteiro Lobato.

 

O Ministério da Educação (MEC) se posicionou contra a qualquer tipo de censura à obra do escritor Monteiro Lobato, segundo informações do site oficial do órgão, publicadas nessa terça-feira (25). O Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) e o técnico em gestão educacional, Antônio Gomes da Costa Neto, agiram através do Supremo Tribunal Federal (STF), apontando que a obra “As caçadas de Pedrinho” possui conteúdo racista. O MEC, com base em parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), argumenta que uma nota explicativa nas edições futuras é instrumento suficiente para contextualizar a obra. 

Segundo o ministério, em reunião realizada nessa terça-feira, em Brasília, proposta pelo ministro Luiz Fux, do STF, com representantes de movimentos de combate ao racismo, os secretários do MEC de educação básica, Cesar Callegari, e de educação continuada, alfabetização, diversidade e inclusão, Cláudia Dutra, defenderam o valor literário da obra de Lobato. “O MEC defende a plena liberdade de ideias e o acesso dos estudantes a produções culturais e científicas com a mediação de um professor”, declarou Cesar Callegari, conforme informações do ministério.

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Depois de Caçada de Pedrinho outro livro de Monteiro Lobato, Negrinha, entra na polêmica e virou alvo sobre o uso de livro considerado de cunho racista no Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE). O Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) ingressou nesta terça-feira na Controladoria Geral da União (CGU) com uma representação para investigar a compra do livro pelo Ministério da Educação (MEC). Para Iara, Negrinha tem conteúdo racista e não poderia ter sido adquirido com recursos públicos.

A representação foi feita no mesmo dia de uma reunião entre MEC e Iara para discutir os rumos do Caçadas de Pedrinho, também considerado racista pelo grupo, no PNBE. Sem acordo, a política em torno do livro deverá ser definida no Supremo Tribunal Federal (STF).

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"Não vamos admitir nenhum tipo de censura", afirmou o secretário de Educação Básica do MEC, César Callegari. "Caçadas de Pedrinho tem valor literário, é apresentado de forma contextualizada. Além disso, todo estudante tem de ter acesso à produção literária", completou.

O advogado do Iara, Humberto Adami, afirma que o grupo não quer a censura do livro. "Reivindicamos a contextualização obrigatória, não apenas recomendada, como está num parecer do MEC ", disse. No mandado de segurança, o instituto reivindica que a obra seja apresentada com um encarte explicativo e que professores sejam capacitados para tratar o assunto na escola.

O ministério não aceita discutir essas mudanças, neste contexto. Sem acordo, o assunto agora deverá seguir para análise do ministro Luis Fux. O mandado de segurança, com pedido de liminar, poderá ser julgado tanto pelo ministro quanto ser levado para o Plenário.

O Caçada de Pedrinho, editado em 1933, tem trechos considerados racistas. Em uma das passagens, a personagem Tia Nastácia é comparada a uma "macaca de carvão". Outra citação destacada pelo grupo, feita no livro pela personagem Emília: "é guerra e das boas. Não vai escapar ninguém - nem Tia Nastácia, que tem carne preta".

O MEC afirma que resolução reforçando a necessidade da contextualização de obras já existe e que cursos de capacitação vem sendo realizados. Adami, no entanto, afirma ser pouco. "Dos 2 milhões de professores, 69 mil foram capacitados. É um número insuficiente", observou.

Callegari não quis se manifestar sobre a representação sobre o livro Negrinha, apresentada nesta terça-feira. "Não conheço os termos do pedido. Mas os argumentos são os mesmos: não aceitamos censura."

A polêmica começou em 2010, quando o Conselho Nacional de Educação (CNE), recomendou a retirada do Caçada de Pedrinho da lista do Programa Nacional Biblioteca na Escola. Um parecer do ano seguinte, no entanto, decidiu o oposto. Foi homologada a inclusão do livro, com compromisso do MEC incluir a nota explicativa.

O Negrinha foi incluído no PNBE em 2009, para bibliotecas de ensino médio. A obra vem acompanhada de um nota explicativa da editora, reforçando que o livro não é racista. "Não é um equívoco, é um grande erro", afirma o advogado reforçando que isso deve ser reparado. Ele quer que outra nota explicativa seja realizada e que a CGU avalie o eventual crime de improbidade administrativa. "A compra feriu a lei."

A imagem de uma santa impressa em papel, uma máscara mortuária feita em gesso pelo artista Victor Brecheret e uma cadeira de balanço são alguns dos objetos expostos na Biblioteca Infanto Juvenil Monteiro Lobato, em São Paulo, que contam um pouco dos 66 anos da vida do escritor Monteiro Lobato, morto em 1948. A exposição foi montada em um pequeno espaço dentro da biblioteca e, desde junho (quando foi inaugurada de forma permanente) vem despertando a curiosidade das crianças que passam pelo local.

“As crianças gostam de tudo. Os três tópicos de maior sucesso no memorial são o buraquinho do Saci, em que se tem que achar o Saci escondido [olhando por um pequeno buraco na parede]; os pelos na máscara mortuária que o Brecheret fez; e a imagem da santa, que mexe com o emocional das crianças”, disse a diretora da biblioteca, Patricia Marçal Frias, durante visita que a Agência Brasil fez ao local.

Segundo Oiram Antonini, pesquisador do acervo Monteiro Lobato, a ideia de se criar um memorial dedicado ao escritor foi concebida pela primeira diretora da biblioteca, Lenira Fracaroli. “Quando Lobato foi operado, na década de 1940, Lenira pediu ao escritor um pedaço de sua costela. Lobato atendeu ao pedido, e esse é o início do museu”, disse Antonini.

Um cilindro de vidro, contendo o pedaço da costela de Lobato, marca o início da exposição. “A exposição começa com uma parte dele, que é esse pedaço da costela, e termina com uma obra rara, que é a máscara mortuária do Brecheret, em bronze e em gesso. Em gesso, só nós da biblioteca temos”, informou o pesquisador.

No local estão também expostos um jogo de xadrez de Monteiro Lobato, móveis e roupas do escritor e pinturas produzidas por ele. “A exposição é, na verdade, uma extroversão do acervo que temos aqui na Monteiro Lobato. Ela é bem lúdica, bonita e de fácil compreensão. Trata-se de um memorial, um presente para toda a comunidade, contando a história, a vivência e a ideologia de Lobato”, disse Patricia Marçal.

HISTÓRICO - Monteiro Lobato nasceu em 18 de abril de 1882 na cidade paulista de Taubaté. Cursou direito na Faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo. Em 1911, quando recebeu de herança de seu avô uma fazenda, passou de promotor a fazendeiro. Nessa fase, colaborou com numerosos jornais e revistas.

Em 1917, vendeu a fazenda e mudou-se para São Paulo, onde passou a publicar suas obras e criou as personagens do Sítio do Picapau Amarelo. Foi dono de editora, jornalista, crítico de arte, tradutor e adido comercial da Embaixada do Brasil nos Estados Unidos durante quatro anos. Morreu em 4 de julho de 1948, em São Paulo, deixando obras tanto para crianças e adolescentes como para adultos, entre elas, Urupês, Ideias de Jeca Tatu, As Reinações de Narizinho, Emília no País da Gramática e O Picapau Amarelo.

A biblioteca funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h e aos sábados, das 10h às 17h. A sala de leitura, a gibiteca e a área de periódicos abrem também aos domingos das 10h às 14h. A visita ao memorial é gratuita. Mais informações sobre a Biblioteca Monteiro Lobato podem ser encontradas no site oficial da instituição.

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