Obra de Monteiro Lobato ganha adaptação para o século 21
Pedro Bandeira reescreve histórias do Sítio do Picapau Amarelo sem "deslizes racistas" de seu autor
Em 2019, a obra de Monteiro Lobato passou a ser de domínio público. Isso significa que os direitos autorais não mais pertencem exclusivamente a seus descendentes, sendo assim, é permitida a publicação de seus livros por qualquer editora. Sendo assim, o escritor Pedro Bandeira entrou em um projeto de adaptação das publicações lobatianas trazendo-as para o contexto do século 21.
Para Bandeira, alguns detalhes da obra de Lobato, como os xingamentos proferidos pela personagem Emília, poderiam parecer engraçados à sua época, diferentemente do que acontece hoje. "Sua obra não perderá a qualidade se tirarmos, aqui e ali, xingamentos acachapantes como 'sua nega beiçuda'", disse o escritor em entrevista ao Estadão.
Os textos lobatianos vêm enfrentando acusações de racismo há algum tempo, sobretudo os direcionados ao público infantil. Bandeira diz querer proteger o talento de Lobato trazendo sua obra para uma realidade mais próxima da atual. "Na primeira metade do século 20, quem negasse diferença entre africanos, chineses e europeus seria chamado de maluco. A magia de Lobato, sem seus pequenos deslizes racistas, é imensa e é isso que sonho preservar para as próximas gerações".
A adaptação de Pedro para as histórias do Sítio será lançada pela Editora Moderna, em breve. Outros escritores e editoras também estão preparando lançamentos ancorados na obra de Lobato, como a Companhia das Letras - que lança em fevereiro nova edição de Reinações de Narizinho; Márcia Camargos - que prepara uma versão juvenil do livro de contos Urupês -; e Maurício de Souza - que lançará o livro Narizinho arrebitado com a Turma da Mônica.