Tópicos | lobista

O pastor Arilton Moura, envolvido no lobby do Ministério da Educação, se recusou a comparecer ao Senado na quinta-feira (7), para explicar as denúncias envolvendo a acusação sobre os pedidos de propina a prefeitos para a liberação de verbas do MEC. Contudo, nos últimos quatro anos, o lobista visitou a Câmara dos Deputados 90 vezes e foi ao menos em dez gabinetes de parlamentares de diferentes partidos, do PSL ao PSB e, inclusive, no gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), filho do presidente da República, de acordo com O Globo. 

O pastor está na mira de uma investigação da Polícia Federal com a suspeita de intermediar a liberação de recursos da Educação para prefeituras. O religioso foi acusado de pedir propina em bíblias e de atuar em parceria com o pastor Gilmar Santos. Ambos foram convidados para irem ao Senado na quinta-feira para dar explicações sobre os fatos, mas declinaram o convite, alegando já serem alvos de “procedimentos na esfera judicial”. De acordo com o jornal, Moura não se pronunciou, e Gilmar negou qualquer irregularidade nas redes sociais. 

##RECOMENDA##

->> Quem são os pastores envolvidos no lobby do MEC

Registros de visitantes da Câmara de 16 de outubro de 2019 mostram que Arilton informou que iria ao gabinete 350, no Anexo IV, ocupado pelo deputado Eduardo Bolsonaro. Dois dias depois ele acompanhou o colega Gilmar em um encontro com o presidente Jair Bolsonaro (PL), no Palácio do Planalto. O filho do presidente, por sua vez, não quis comentar a agenda com o lobista do MEC. 

Quem mais recebeu o pastor Arilton na Câmara foi o deputado João Campos (Republicanos-GO), ao menos cinco vezes. O parlamentar também recebeu Gilmar em duas oportunidades que esteve na Câmara. Ao Globo, o republicano informou que Arilton pediu recursos de emenda parlamentar para uma fundação ligada a uma igreja. “Ele falou que tinha um projeto social lá, [perguntou] se eu poderia ofertar uma emenda para isso. Mas a entidade dele não preenchia os requisitos para receber os recursos. Então, acabei não fazendo, mas se estivesse regularizada, eu faria”, afirmou. 

João Campos é o parlamentar que passou mais tempo como presidente da bancada evangélica da Câmara e é amigo de Gilmar Santos há mais de 30 anos. Eles já moraram no mesmo prédio e, segundo o próprio parlamentar, já chegaram a frequentar a mesma igreja em Goiânia. “A minha relação com ele antecede a política”. 

->> Prefeito diz que 'pastor do MEC' pediu propina de R$15 mil

Sobre Arilton Moura, o deputado conta que o conheceu no início do ano passado através de Gilmar Santos, que lhe apresentou como “presidente do conselho político da igreja”. 

O outro parlamentar que mais teve encontros com o pastor Arilton Moura foi Marcelo Brum (União-RS). Foram quatro encontros entre 2019 e 2022. Ele ocupou, temporariamente, a cadeira de deputado, e voltou a ser suplente nesta semana, quando o dono da cadeira, Onyx Lorenzoni, renunciou ao comando do Ministério do Trabalho para disputar as eleições deste ano. “Foi para solicitar recursos. As vezes em que o pastor foi no gabinete era em busca de recursos para projetos sociais da igreja, para idosos”, detalhou o suplente. Ele disse que não enviou a verba porque era deputado do Rio Grande do Sul e a igreja se situava em Goiás. “Não tem como um deputado de um estado mandar para outro [estado]”. 

Em vídeo de um culto gravado em 2019, Brum promete, no púlpito, que encaminharia R$ 200 mil de emendas para o “lar do idoso do pastor Gilmar”. “Faz o seguinte: como eu sou muito ousado e a minha assessora, o meu chefe de gabinete estão lá n fundo, tu bota aí R$ 200 mil aqui para o lar do idoso do pastor Gilmar, tá?”, diz no vídeo.

Por sua vez, o deputado Elias Vaz (PSB-GO) chegou a se encontrar duas vezes com o pastor Moura na Câmara. Através da assessoria, o parlamentar explicou que o pastor foi pedir a filiação do genro do pastor Gilmar Santos para disputar a vaga de deputado estadual por Goiás. “Mas a filiação não ocorreu por diferenças ideológicas, já que o grupo tinha um posicionamento favorável ao presidente Bolsonaro, ao contrário do parlamentar. Elias Vaz desconhecia qualquer relação de tráfico de influência entre os pastores e o governo”, diz a nota. 

O deputado Vicentinho Júnior (PP-TO) contou que Moura foi ao seu gabinete acompanhado de uma comitiva da embaixada de Israel. De acordo com ele, o objetivo era convidá-lo para um evento de tecnologia do Ministério da Agricultura. “Eu  havia o conhecido num evento do Itamaraty. Era um pastor bem relacionado”, disse. 

O líder religioso também chegou a visitar os gabinetes dos deputados Helio Lopes (União Brasil-RJ), amigo de Bolsonaro, e Guiga Peixoto (União Brasil-SP). No entanto, a assessoria dos deputados informou que, como o acesso à Casa estava mais restrito durante a pandemia, acabaram liberando a entrada do pastor para ir a outros gabinetes. 

O depoente da CPI da Covid desta quarta-feira (15), o lobista Marconny Albernaz de Faria, foi apontado como uma espécie de cafetão pelo vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O intermediário da Precisa Medicamentos tem proximidade com Renan Bolsonaro e utilizaria mulheres para fechar negócios, indicam mensagens de WhatsApp.

Além do envolvimento no contrato irregular com o Ministério da Saúde para aquisição de aproximadamente R$ 1 bilhão em vacinas da Covaxin, o arquivo de 320 mil páginas com mensagens trocadas pelo lobista que a CPI teve acesso, indica que ele explorava mulheres para fechar contratos.

##RECOMENDA##

"Entre outras coisas, ele é uma espécie de Tinder, um agenciador de mulheres", disse Randolfe ao Uol. O senador ainda descreveu que Marconny não media esforços para captar novas garotas. "Quando ele sabe, por exemplo, de uma moça bonita em Manaus, manda uma bolsa Louis Vuitton para ela lá no Amazonas, traz ela para cá e 'entrosa' ela", pontuou.

O senador lembra que Marconny ajudou Renan Bolsonaro, como uma espécie de 'tutor empresarial', para abrir sua empresa de eventos em outubro do ano passado com capital avaliado em R$ 105 mil. A Bolsonaro Jr Eventos e Mídia fica alocada no camarote 311 do estádio Mané Garrincha, no Distrito Federal.

Renan é investigado pela Polícia Federal por tráfico de influência. "Não se recomendaria deixar qualquer adolescente aos cuidados de uma pessoa dessas, ainda mais se esse adolescente é o filho do presidente", sugeriu Randolfe em tom irônico, já que o filho de Bolsonaro tem 23 anos.

LeiaJá também:

---> Jair Renan ganhou móveis de empresa contratada do governo

---> Produtora paga pelo Governo trabalha de graça para Renan

Ao longo da pandemia, a casa do lobista foi utilizada como ponto de encontro grandes festas, que contava com a participação de Renan e outros políticos. "As festanças que ele faz têm obrigatoriamente os seguintes requisitos: bom som, boa comida, políticos influentes e muitas mulheres bonitas", afirmou o vice-presidente da CPI.

O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal, atendeu parcialmente um pedido do empresário Silvio Assis e garantiu ao lobista próximo do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), o direito de permanecer em silêncio durante depoimento à CPI da Covid 'quanto aos fatos que possam incriminá-lo'.

A oitiva de Assis foi requerida pelos senadores em razão de sua suposta oferta de propina, feita ao deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), para agilizar a contratação do imunizante indiano Covaxin no Ministério da Saúde.

##RECOMENDA##

A decisão de Fux foi dada nesta segunda, 5, durante o plantão judiciário - período no qual o presidente da corte analisa apenas 'questões urgentes'. Ao deferir parcialmente o pedido de Silvio Assis, o ministro considerou que os 'fatos indicam' que o lobista será ouvido na condição de investigado e por isso garantiu não só que ele permaneça em silêncio, mas também que não seja obrigado a assinar termo de compromisso de dizer a verdade.

Por outro lado, o presidente do STF negou o pedido de Assis para não comparecer à oitiva, impondo ao lobista 'o dever de depor e de dizer a verdade, nos termos da legislação processual penal, quanto a fatos, em tese, criminosos de que seja meramente testemunha'.

O requerimento de convocação do empresário foi baseado no relato do deputado Luis Miranda, de que teria participado de uma reunião com Barros e Assis, sendo que na ocasião lhe foi oferecida propina para agilizar a compra da vacina Covaxin. A informação foi revelada pela revista eletrônica Crusoé e confirmada pelo próprio deputado ao Estadão.

Segundo Miranda, a oferta feita por Assis foi de 6 centavos de dólar para cada dose de vacina vendida, o que daria US$ 1,2 milhão (R$ 6 milhões, na cotação atual) no caso das 20 milhões de doses de Covaxin que o Ministério da Saúde negociou.

O advogado Marcelo Leal, que representa Alexandre Paes do Santos, um dos réus da Operação Zelotes, disse que pretende definir nesta sexta-feira (22) se mantém ou não o pedido de ouvir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como testemunha, na próxima segunda (25). Além de Lula, o lobista Alexandre Paes dos Santos indicou o ex-ministro Gilberto Carvalho.

“Acabei de saber que os advogados do presidente apresentaram uma petição dizendo que, aquilo que ele teria a dizer sobre este assunto, ele já prestou depoimento à polícia em um depoimento que eu peguei cópia mas não li ainda. O juiz abriu prazo para que eu me manifeste se eu ainda assim insisto na oitiva dele ou se eu me dou por satisfeito com a cópia do depoimento”, disse o advogado. Leal afirmou que ainda não leu a petição entregue pelos advogados do ex-presidente.

##RECOMENDA##

“Eu arrolei o presidente Lula por uma razão muito simples: se a acusação é de compra e venda de medidas provisórias e a Constituição estabelece que é competência exclusiva para edição de medidas provisórias do presidente da República e, especificamente, meu cliente estaria supostamente envolvido na compra da Medida Provisoria 471, que é da época que o presidente Lula estava no governo. É natural que a defesa queira ouvi-lo”, disse Leal.

Segundo nota divulgada pelo Instituto Lula, “o ex-presidente Lula esclareceu hoje (6/01) à Polícia Federal que as medidas provisórias 471/2009 e 512/2010 foram editadas em seu governo para promover o desenvolvimento nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sem favorecimento a qualquer setor. Lula prestou informações ao delegado Marlon Cajado, na sede do DPF em Brasília, colaborando, como sempre faz, para esclarecer a verdade. O ex-presidente não é investigado e nem mesmo testemunha no inquérito”, diz parte do texto.

Alexandre Paes dos Santos foi preso no fim de outubro do ano passado, em uma fase da Operação Zelotes que investigou a relação entre a edição de medidas provisórias e benefícios ao setor automotivo. 

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), postou em seu twitter na noite desta segunda-feira, 28, uma sequência de quatro mensagens em que rebate a denúncia do empresário João Augusto Henriques. Apontado como lobista do PMDB, preso desde o dia 21 de setembro, Henriques afirmou à Polícia Federal que abriu conta na Suíça para repassar propina ao peemedebista. "Boa noite a todos. Quero desmentir com veemência ter recebido qualquer valor de quem quer que seja referente às denúncias vinculadas(sic)", escreveu Eduardo Cunha.

O presidente da Câmara diz que 'desconhece o teor de depoimentos'. Seu advogado, Antonio Fernando de Souza (ex-procurador-geral da República no governo Lula), 'cuidará de responder na medida que conheça o conteúdo (das denúncias)'. Eduardo Cunha diz que por orientação expressa do advogado 'não está comentando qualquer detalhe, ainda mais conteúdo que não teve acesso'.

##RECOMENDA##

No último post, escreveu. "Não poderia deixar de desmentir as insinuações de recebimento de qq vantagem. De quem quer que seja."

O lobista Fernando Soares, delator da Operação Lava Jato conhecido como Baiano, apontou o nome de Jorge Luz como intermediário de propinas da Petrobra a senadores do PMDB, incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), segundo a revista Época. Ele e o paraense Jader Barbalho teriam recebido US$ 6 milhões. Renan disse não encontrar Luz há mais de dez anos e, assim como Jader, negou ligação com propinas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma empresa de João Augusto Rezende Henriques, apontado como o mais novo operador de propinas do PMDB e preso nesta segunda-feira, 21, alvo da Operação "Ninguém Durma", 19.ª fase da Lava Jato, recebeu pelo menos R$ 20,2 milhões de empresas do cartel que fatiava obras na Petrobras, pagando propinas a agentes públicos, partidos e políticos.

Os pagamentos podem levar a descoberta de propina em obras de plataformas e na construção do novo centro de pesquisa da estatal, no Rio. "A partir do cruzamento do nome do representado com as informações bancárias e fiscais disponíveis das empreiteiras disponíveis no banco de dados da Operação Lava Jato, identificou-se mais de R$ 20 milhões recebidos pela empresa Trend Empreendimentos, de propriedade de João Augusto Rezende Henriques e Miloud Alain Hassene Daouadji, tendo como remetentes companhias que possuíam obras com a Petrobras", sustentam os procuradores da República, no pedido de prisão do operador de propinas.

##RECOMENDA##

A Trend Empreendimentos e Participações tem sede no Rio e foi um dos alvos de busca. "Dessas empresas depositantes, a grande maioria era integrante do cartel das empreiteiras, como a Andrade Gutierrez, a Mendes Junior, a UTC e Engevix. Outra, a Promon, também esporadicamente interagia com as empresas do cartel."

Os pagamentos podem levar a Lava Jato para novas descobertas em contratos de construção de plataformas de exploração de petróleo em alto mar e também na construção da nova sede do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), no Rio.

"Dentre as transferências mencionadas, constata-se que há indícios concretos de ilicitude nos valores depositados pelo Consórcio CENPES entre 2008 e 2009 (R$ 6,5 milhões) e no montante transferido pela Mendes Junior (R$ 7,5 milhões depositados)."

Segundo o pedido de prisão, o Consórcio Novo Cenpes era formado pela OAS (líder), a Schahin, Construbase, Carioca Christiani-Nielsen e Construcap. "A obra foi orçada em R$ 1 bilhão, mas ao final acabou custando R$ 2,5 bilhões, sendo que o contrato com o Consórcio Cenpes tinha valor de R$ 849,9 milhões, mas passou por nove aditivos que fizeram o valor final do contrato totalizar R$ 1.023.570.295,403".

Cota do PT

O ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco - que era cota do PT no esquema de corrupção na estatal - confessou em delação premiada com a Lava Jato que houve pagamento de propina nas obras do Novo Cenpes.

"Na Diretoria de Serviços, cujo diretor era Renato Duque, houve contratos para a construção do novo CENPES - Centro de Pesquisa e o novo Centro de Processamento de Dados, cujo porcentual de propina foi de 2%, sendo que 1% teria sido destinado para o caixa do Partido dos Trabalhadores, representado por João Vaccari Neto, e outro 1% para a 'Casa', representada por Renato Duque e o declarante", registrou a Polícia Federal, no termo de delação 3, de Pedro Barusco.

No lado do PMDB, a Lava Jato considerou indícios os fatos de outro delator, Mário Góes, ter confessado o recebimento de propina nesses contratos do consórcio, bem como o conflito de atuações entre a Trend, que era especializada no setor óleo e gás, e os recebimentos pela obra do Cenpes.

"A área de atuação da empresa Trend nada tinha a ver com a consultoria de engenharia, mas sim, conforme declarado pelo próprio João Augusto Rezende Henriques, com a consultoria na área de óleo e gás. Em razão disso, não se verifica causa legítima para o relacionamento entre a empresa Trend Empreendimentos e o Consórcio Novo Cenpes", registra o MPF.

"Resta materializado o recebimento de vantagem indevida por João Augusto Rezende Henriques na obra do Centro de Pesquisa da Petrobras", afirma a força-tarefa. "Em que pese Mário Goes tenha afirmado que intermediou parte do pagamento da propina devida pelo Consórcio NOVO CENPES, é certo que o pagamento em favor da empresa TREND representou outra parte da transferência da propina."

Plataformas

No setor de obras off-shore, as suspeitas de intermediação de propina envolvendo o novo operador do PMDB recaem sobre as construções das plataformas tipo FPSOs P-67 e P-70. O contrato envolve a Mendes Jr e um pagamento de R$ 7 milhões.

"Com o aprofundamento das investigações da denominada Operação Lava Jato, restou evidenciado que o representado João Augusto Rezende Henriques participou de forma sistemática da corrupção na Diretoria Internacional, inclusive operando contas ocultas no exterior, cuja correta localização é ignorada", sustenta o Ministério Público Federal, no pedido de prisão do lobista. "Para a consumação de seus crimes, João Augusto foi auxiliado pelo seu ex-sócio, Miloud Alain Hassene Daouadji."

Prisão

Para pedir a prisão do suposto operador do PMDB, a Lava Jato considerou os indícios de recebimento de propina em contrato de navio-sonda Titanium Explorer, de US$ 1,8 bilhão, feito na Diretoria Internacional, que era cota do partido. Na época, a diretoria Internacional da estatal era conduzida por Jorge Luiz Zelada, preso na Operação Lava Jato por suspeita corrupção, evasão de divisas e lavagem.

João Henriques é o segundo suposto lobista do PMDB preso na Lava Jato. Em novembro de 2014, na Juízo Final, 7º desdobramento da operação, Fernando "Baiano" Soares foi detido preventivamente. A prisão de Henriques foi decretada em regime temporário pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato.

Segundo a denúncia, a propina de US$ 31 milhões foi dividida em dois contratos, no valor de US$ 15,5 milhões, cada. No entanto, brigas societárias teriam levado à redução do montante acertado para US$ 20,8 milhões.

"O pagamento de vantagem indevida destinada ao partido PMDB ocorreu por intermédio do lobista João Augusto Rezende Henriques mediante um segundo contrato de Comission Agreement também no valor de U$ 15,5 milhões, que foi assinado na mesmo ano do primeiro, entre a sociedade Valencia Drilling Corporation (Marshall Islands), empresa subsidiária do Grupo TMT e uma offshore indicada por João Augusto Rezende Henriques", aponta a Procuradoria na denúncia formal contra Zelada e mais 5 investigados.

Defesa

O criminalista José Claudio Marques Barboza Junior, que defende João Henriques, disse que ainda não teve acesso à denúncia do Ministério Público Federal. "Não vi os termos da acusação. Também não tomei ciência do pedido de bloqueio. Assim que acessar à denúncia e o requerimento de bloqueio vou poder me manifestar."

Já a assessoria de imprensa do PMDB negou todas as acusações e disse que a sigla nunca autorizou quem quer que seja a ser intermediário do partido para arrecadar recursos.

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava Jato, decretou o sequestro de até R$ 40 milhões de João Augusto Rezende Henriques, apontado como lobista do PMDB no esquema de propinas de empreiteiras que se instalou na Petrobras entre 2004 e 2014. A ordem judicial acolhe pedido do Ministério Público Federal que atribui a Henriques o papel de operador de uma propina de US$ 10,8 milhões para o principal partido da base aliada do Governo Dilma Rousseff (PT).

O repasse teria ocorrido em 2009, no âmbito da contratação do navio sonda Titanium Explorer pela Petrobras. Nessa época, a Diretoria de Internacional da estatal era dirigida por Jorge Luiz Zelada, sucessor de Nestor Cerveró - ambos estão presos em Curitiba, base da missão Lava Jato.

##RECOMENDA##

O bloqueio, ordenado no âmbito da Operação "Ninguém durma", 19.º desdobramento da Lava Jato desencadeado nesta segunda-feira, 21, se estende a uma empresa controlada pelo lobista, a Trend Empreendimento. "Viável assim o decreto do bloqueio dos ativos financeiros de João Henriques e a Trend Empreendimentos, pela qual teria sido lavado dinheiro do esquema. Não importa se tais valores, nas contas bancárias, foram misturados com valores de procedência lícita", assinalou o juiz Moro.

"O sequestro e confisco podem atingir tais ativos até o montante dos ganhos ilícitos. Considerando os valores milionários dos supostos crimes, defiro o requerido e decreto o bloqueio das contas de João Augusto Rezende Henriques e da Trend Empreendimentos até o montante de quarenta milhões de reais."

Sérgio Moro assinalou que a medida provoca o bloqueio do saldo do dia constante nas contas ou nos investimentos, não impedindo continuidade das atividades da empresa. Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato haviam pedido a prisão preventiva de Henriques sob argumento que ele é "profissional dos crimes de lavagem de dinheiro". Mas o juiz ordenou a prisão temporária por cinco dias.

A temporária pode ser prorrogada por mais cinco dias ou convertida em prisão preventiva - por tempo indeterminado. Sérgio Moro reputou oportuno aguardar o resultado das buscas e apreensões e, inclusive o depoimento do investigado "que poderá eventualmente esclarecer motivos lícitos aos repasses recebidos das empreiteiras".

"Há, afinal, prova relevante de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, bem como que o investigado (Henriques) teria se associado a outros para praticar em série crimes de gravidade", destacou o juiz da Lava Jato. "A prisão temporária é, nesse período, imprescindível para evitar concertação fraudulenta de versões entre os investigados, bem como para prevenir fraudes documentais e dissipação de provas."

Neste ponto de sua decisão, o juiz argumenta. "Não se trata de perspectiva remota", anotou. Segundo Moro, na própria Operação Lava Jato foi constatada, nas buscas iniciais, destruição e ocultação de documentos por investigados.

"Os crimes em investigação teriam abrangido a produção de documentos ideologicamente falsos para amparar os recebimentos pela Trend Empreendimentos", assinala o magistrado.

Ao decretar a prisão temporária de João Henriques, o juiz Moro rechaçou tese recorrente de advogados de alvos da Lava Jato, segundo o quais ele manda prender para forçar delações premiadas. "A medida, por evidente, não tem por objetivo forçar confissões. Querendo, poderá o investigado permanecer em silêncio durante o período da prisão, sem qualquer prejuízo a sua defesa."

O ponto de partida da investigação sobre João Henriques foi uma reportagem exclusiva da revista Época, que conseguiu uma entrevista com o operador do PMDB. Intimado para depor, ele alegou ao Ministério Público que visitava Jorge Luiz Zelada "apenas por amizade". Reconheceu ser o sócio da Trend e ter prestado "serviços de consultoria na área de óleo e gás".

Mencionou especificamente que foi contratado pela empreiteira Mendes Júnior para acompanhar a construção de duas plataformas de petróleo, a FPSOs 77 e 78. "Apesar das negativas de João Augusto, há provas, de que ele teria intermediado a contratação do naviosonda Titanium Explorer e efetuado o pagamento de propinas."

A Polícia Federal constatou "recorrentes encontros" entre Henriques e Jorge Luiz Zelada, na Petrobras - este, nessa época, ocupava o comando da Diretoria de Internacional da estatal.

O juiz Moro comparou o poderio aquisitivo de João Henriques a de outros investigados da Lava Jato e citou o doleiro Alberto Youssef, os pagadores de propinas Mário Goes e Milton Pascowitch, além de um outro lobista do PMDB, Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano. "O recebimento de valores milionários de várias empreiteiras envolvidas no pagamento de propinas na Operação Lava Jato indica ainda que o acusado (Henriques) não é, como afirma, um pequeno empresário, mas sim, à semelhança de outros como Alberto Youssef, Mario Goes, Milton Pascowitch, Fernando Soares, um intermediador do pagamento de propinas entre as empreiteiras e os dirigentes da Petrobras."

Em duas petições apresentadas à Justiça Federal do Paraná, a defesa do lobista Fernando Soares alega suspeição e incompetência do juiz federal Sérgio Moro para conduzir os processos da Lava Jato. Fernando Baiano, como também é conhecido, está na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde o final do ano passado. Ele foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef, delator do suposto esquema de corrupção na Petrobras, de operar o desvio de recursos nos contratos de obras em favor do PMDB. O acordo de delação de Youssef foi homologado no final de dezembro pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).

No primeiro documento entregue pelos advogados, o grupo cita seis motivos para basear o pedido de suspeição do juiz do Paraná. "É temerário submeter estes fatos ao conhecimento e sentenciamento do Juiz Titular da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba: seja porque interveio em delações, iniciando sua colheita; seja porque já externou juízo sobre prova ao homologar delações premiadas de corréus; seja porque tomou por legais termos de acordo violadores de direitos e garantias fundamentais dos colaboradores; seja porque usa a Operação Lava Jato - consciente ou inconscientemente - como realização de ideário pessoal externado em 2004 em artigo que constitui verdadeiro script persecutório; seja porque já pré-julgou, indeferindo, as hipóteses de absolvição sumária, fazendo juízo sobre culpa ao designar audiência para início de instrução; seja porque autodeclarou-se suspeito anteriormente para processar e julgar Alberto Youssef em razão da homologação de colaboração anterior, mudando inexplicável e radicalmente seu entendimento. Por tudo isso há de ser reconhecida a suspeição do Juiz Titular da 13ª", diz trecho da petição assinada pelos advogados Nelio Machado, David De Azevedo, João Neto e André Azevedo.

##RECOMENDA##

Na segunda petição, o grupo de defensores alega também que não cabe à Justiça Federal do Paraná conduzir os processos referentes à Lava Jato. "Nenhum fato imputado desenvolveu-se no Paraná (...) assim, requer-se decline Vossa Excelência de sua competência para processamento e julgamento dos fatos cuidados na acusação penal, remetendo os autos à autoridade judiciária constitucionalmente competente", ressaltam os advogados.

No entendimento dos defensores de Fernando Baiano, caberia à Justiça Federal de São Paulo ou do Rio de Janeiro o julgamento dos processos. Os advogados consideram que o inquérito policial inicial, instaurado para apurar a relação do doleiro Alberto Youssef com o deputado federal José Janene, revelou que os fatos em apuração se passavam na cidade de São Paulo.

Além disso, afirmam que a Petrobras, alvos dos desvios bilionários, tem sede no Rio de Janeiro. "Portanto, sob qualquer ótica, forçosa a declinação da competência para a Justiça Federal de São Paulo ou para a Justiça Estadual do Rio de Janeiro, localidade em que sediada a Petrobras, notadamente o gabinete da diretoria da área internacional da empresa, onde teriam sido realizadas reuniões para contratação dos indigitados navios sonda".

Os advogados também apresentaram a resposta à acusação feita contra Fernando Baiano à Justiça Federal do Paraná. Nela, eles pedem a anulação dos acordos de delações premiadas feitos até o momento no âmbito da Lava Jato.

"Os instrumentos de delação premiada que empolgam e muito tisnam a denominada operação Lava Jato são da mais marcada ilegalidade, da forma ao conteúdo, de sua letra, de suas sentenças e parágrafos à estruturação de suas cláusulas. Os decretos de prisão, tão genéricos quanto se apresentam, fazem supor o propósito de encaminhar forçadamente os investigados à confissão dos delitos e à delação de terceiros, instalando uma espécie de terror penal", afirma a defesa de Fernando Soares.

A Controladoria-Geral da União (CGU) investiga a atuação do lobista Julio Faerman - suspeito de pagar propinas na Petrobras em troca de contratos para a SBM Offshore - como representante de outros grupos internacionais na estatal. O órgão rastreia negócios intermediados por Faerman e duas de suas empresas - a Oildrive e a Faercom - para outros clientes, sediados em vários países. O objetivo é a abertura de apurações específicas sobre eventuais irregularidades cometidas também nesses casos.

O levantamento mira contratos de US$ 650 milhões firmados pela Petrobras com a Rolls Royce em 2011, para fornecimento de turbogeradores para embarcações. Conforme dados obtidos pelos auditores da CGU, Faerman e suas empresas teriam representado a multinacional inglesa no Brasil.

##RECOMENDA##

Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo mostram que o lobista e suas empresas também operaram na companhia petrolífera para outras cinco corporações. Trata-se da Benthic, empresa australiana de serviços de geotecnia; da Welspun, indiana que fabricação tubos rígidos; da Tideway, que atua na dragagem e instalação de rochas; da Gall Thomson, inglesa que vende válvulas de contenção; e da Vertech, com sede na Noruega. Esta última também fechou contrato com a estatal, de US$ 6 milhões, para reparo de plataformas em alto-mar com o uso de helicópteros.

Faerman é acusado de pagar propinas a funcionários da Petrobras para obter contratos para a SBM Offshore, que tem negócios de US$ 27 bilhões com a companhia. Como representante, ele recebeu da empresa holandesa comissões de US$ 139 milhões. Parte desse dinheiro teria sido distribuído como suborno.

Investigações de autoridades suíças sobre o caso SBM confirmaram pagamentos indevidos a empregados da estatal no exterior, o que levou a empresa a pagar multa de US$ 240 milhões, por meio de um acerto com o Ministério Público da Holanda. No Brasil, a SBM já informou à CGU a intenção de fazer um acordo de leniência, por meio do qual aceitaria pesadas multas para não ser proibida de participar de licitações.

A SBM rompeu seu vínculo formal com Faerman e outros representantes em 2012, após denúncias de irregularidades no Brasil e em outros países. Depois disso, no entanto, o empresário e seus sócios continuaram frequentando a Petrobras. Foram 165 visitas desde 2012, conforme registros de entrada nos prédios da estatal, no Rio. O Estado consulta a Petrobras sobre contratos firmados com as empresas representadas por Faerman desde 27 de outubro, mas a estatal não se pronuncia.

Procurada desde o dia 3 deste mês, a Rolls-Royce tem informado que aguarda dados de sua área de compliance (controle), em Londres, para se manifestar sobre a suposta relação com Faerman e suas empresas. A Benthic explicou que nunca teve contratos com a Petrobras. Em nota, afirmou que tinha acordo com a Oildrive, de Faerman, até 2014 para serviços de consultoria. As demais empresas não se pronunciaram.

Os advogados de Faerman não retornaram aos contatos do Estado. Em nota, a Oildrive alegou que, "embora tivesse todo o interesse em responder perguntas e aclarar a verdade", não pode "desrespeitar o sigilo imposto à investigação pelas autoridades". "Assim, lamentavelmente, por orientação de nossos advogados, não poderemos lhe encaminhar nossos esclarecimentos, conforme solicitado", acrescentou.

O empresário Fernando Soares, conhecido como "Fernando Baiano", deve prestar depoimento nesta sexta-feira (21) na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde está preso. Ele se entregou à PF na terça-feira (18) depois de ser considerado foragido.

Em depoimento de delação premiada, o doleiro Alberto Youssef disse que o investigado arrecadava propina para o PMDB,  por meio de contratos com a Petrobras. O advogado dele, Márcio Oliveira Filho, confirmou que o empresário tinha negócios lícitos com a Petrobras, mas negou que ele tenha qualquer ligação do partido. Em nota, a legenda repudiou a acusação.

##RECOMENDA##

Em relatório enviado quarta-feira (19) pelo Banco Central ao juiz federal Sérgio Moro, a instituição informou que foram bloqueados R$ 8,5 mil na conta do empresário no Citibank, e R$ 304 em outra conta, no Santander. Em entrevista na quarta-feira, o advogado Mário Oliveira Filho , disse que Fernando Soares faz  "prospecção de negócios". O representante do empresário disse ainda que não há obra sem propina no país.

Documentos enviados pela Suíça ao Brasil revelam que um lobista acusado de pagar propina da Alstom a agentes públicos do Estado de São Paulo firmou contrato com uma subsidiária da multinacional francesa para prestação de consultoria em um projeto de Furnas. Investigadores suíços suspeitam que a empresa também subornou funcionários da empresa federal em 1998.

Romeu Pinto Jr. é um dos 11 réus no processo criminal aberto pela Justiça Federal em São Paulo em janeiro. Ele é acusado de lavar dinheiro da Alstom que serviria para pagar ex-diretores de uma extinta estatal de energia entre 1998 e 2008. Em troca da propina, segundo procuradores, a Alstom conseguiu obter um aditivo de contrato no valor atualizado de R$ 181,3 milhões com a Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE).

##RECOMENDA##

Os documentos suíços mostram que a MCA Uruguay, offshore pertencente a Pinto Jr., assinou em 5 de julho de 1998 um contrato com a Cegelec, subsidiária da Alstom, para consultoria em um projeto que envolvia o fornecimento de um sistema de telecomunicações para Furnas. Quatro dias depois, a Cegelec assinaria um contrato após ter vencido uma licitação da empresa federal de cerca de US$ 13,4 milhões, em valores da época.

Além do contrato, também constam da cooperação jurídica prestada pela Suíça uma série de recibos emitidos pela MCA à Cegelec, assinados por Pinto Jr., em que o lobista solicita o depósito de diversos valores na conta 707440 do banco Audi, em Nova York. Ao todo, são cinco recibos emitidos pelo lobista, num total de US$ 1,2 milhão.

Além dos recibos, os procuradores suíços enviaram as respectivas ordens de transferência bancária emitidas pela Cegelec aos bancos franceses Societé Generale e Credit Agricole. Nelas, a subsidiária da Alstom solicita às instituições financeiras que transfiram para a conta da MCA no banco Audi os mesmos valores indicados por Pinto Jr. nos recibos da consultoria.

Outras ordens de transferência levantadas pela investigação mostram que Pinto Jr. transferiu US$ 222 mil para a conta Long Hill Finance Corp., que por sua vez repassou valores para a conta de Sabino Indelicato, também réu no mesmo processo. Indelicato fez diversas transferências para uma conta na Suíça pertencente ao conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo Robson Marinho, ex-chefe da Casa Civil no primeiro mandato do governador Mário Covas (PSDB).

Sem serviço

Em depoimento prestado em 2009 ao Ministério Público, Pinto Jr. admitiu que não prestou os serviços pelos quais emitiu recibos à Alstom em nome da offshore MCA Uruguay, de sua propriedade. Ele disse que repassou o dinheiro recebido da multinacional a motoboys indicados por doleiros, não tendo ficado com qualquer quantia.

O advogado de Pinto Jr., contudo, contradisse hoje seu cliente e afirmou que os serviços foram prestados. O próprio lobista afirmou, em outro depoimento, que "não esteve envolvido em qualquer projeto de telecomunicações envolvendo a Cegelec/Alstom e a companhia Furnas".

Pinto Jr. também afirmou que a offshore foi criada por um ex-diretor financeiro da Alstom na França, que também controlava as contas da empresa na Suíça e em Luxemburgo.

A prática de contratação de consultorias fictícias para o pagamento de propina levou a Alstom a ser condenada judicialmente fora do Brasil. Em dezembro, a multinacional anunciou que decidiu abolir a contratação de consultorias para atividades comerciais.

Em 2006, em depoimento na Polícia Federal, um ex-superintendente da Toshiba, José Antonio Talavera, afirmou que a Alstom integrava um "clube da propina" que subornava políticos e dirigentes de empresas do setor elétrico para obter contratos. Outras quatro empresas privadas também participariam do esquema. Entre as estatais, segundo ele, estava Furnas.

Além de investigada por integrar um cartel no setor metroferroviário, a Alstom é suspeita de formar cartel no setor elétrico. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cópia de e-mail em posse da Polícia Federal mostra que Jorge Fagali Neto, apontado como lobista da multinacional francesa Alstom e intermediador de propinas do cartel de trens, fez sugestões, no fim de 2006, sobre como o governo estadual deveria agir no setor metroferroviário ao tucano Aloysio Nunes Ferreira, então coordenador da campanha de José Serra (PSDB) ao comando do Estado.

Uma dessas sugestões - a busca de dinheiro externo para obras de uma linha do Metrô - acabou concretizada depois de Serra ser eleito e Aloysio assumir a Casa Civil do Estado. A obra foi tocada por um consórcio que tinha a Alstom como sócia.

##RECOMENDA##

Anexada nos autos da investigação sobre o cartel suspeitos de atuar nas gestões do PSDB entre 1998 e 2008, a correspondência é de 26 de setembro daquele ano eleitoral. Faltavam cinco dias para a votação e as pesquisas demonstravam que Serra venceria no 1º primeiro turno, o que de fato ocorreu.

Na ocasião, além de coordenar a campanha de Serra, o hoje senador Aloysio era secretário de Governo de Gilberto Kassab (PSD) na prefeitura paulistana.

Fagali é um dos 11 indiciados pela Polícia Federal por suspeita de ilegalidades envolvendo contratos de energia da Alstom com o governo estadual. Os investigadores afirmam que ele cometeu os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Fagali nega.

Antes de se transformar em consultor do setor metroferroviário, no qual a Alstom também atua e é suspeita de formar cartel, ele havia sido secretário de Transportes do governo Luiz Antonio Fleury Filho por um ano: em 1994. Fagali sucedeu no cargo justamente Aloysio, que foi secretário de Transportes de Fleury entre 1991 e 1993. Ou seja, Fagali e Aloysio se conhecem "há muitos anos", nas palavras do próprio senador tucano, segundo quem o e-mail de 2006 foi apenas um "alerta de um amigo" sobre a situação do setor metroferroviário naquele momento.

O irmão do consultor, José Jorge Fagali, foi escolhido por Serra para presidir o Metrô, estatal do governo, cargo que ocuparia entre os anos de 2007 e 2010.

Fagali, o consultor que mandou o e-mail com as sugestões para Aloysio, está hoje com os ativos bloqueados na Suíça. São US$ 6,5 milhões travados pela Justiça do país europeu por suspeita de lavagem de dinheiro.

Mensagem. No e-mail, Fagali sugeriu, entre outras coisas, que Aloysio acionasse o Banco Mundial para angariar recursos para a Linha 4-Amarela do Metrô. "Para a linha 4, acredito ser possível um aditamento ao contrato do Banco Mundial", escreveu o consultor no e-mail.

Em abril de 2008, no segundo ano da gestão Serra, o governo assinaria com o Banco Mundial, conforme sugerido pelo consultor, um aditamento de R$ 95 milhões ao contrato de R$ 209 milhões de 2002 para a construção da linha 4-Amarela do Metrô.

O dinheiro extra foi usado para obras de ampliação da linha e aquisição de equipamentos, como trens e trilhos. Responsável pela construção da Linha 4, o consórcio Via Amarela tinha entre seus sócios a Alstom. A multinacional francesa forneceu toda a infraestrutura dessa linha do Metrô, como sistema de alimentação de energia e sistemas de controle e de comunicação.

Denunciante. O e-mail de Fagali ao tucano chegou às mãos da Polícia Federal por meio de uma ex-funcionária do consultor chamada Edna da Silva Flores. Ela foi secretária pessoal de Fagali entre 2006 e 2009 e prestou depoimento aos federais no dia 9 de outubro passado.

Edna declarou que "Fagali trocava e-mails com Aloysio Nunes acerca de licitações de metrô em SP". Ainda em seu depoimento, a ex-funcionária de Fagali fala da amizade do consultor com outros políticos, como Serra. Segundo relatou Edna, Fagali era "muito amigo" do tucano. "Jorge Fagali Neto (...) viajou com Serra para o Japão com a finalidade de tratar de assuntos financeiros do metrô de São Paulo", disse no depoimento anexado aos autos da polícia.

Edna também relatou ao delegado a relação de Fagali com os irmãos Arthur e Sérgio Teixeira, também consultores apontados como intermediadores de propinas do cartel de trens. Sérgio já morreu e Arthur está indiciado sob suspeita de atuar ilegalmente para as multinacionais do setor metroferroviário.

"Fagali tinha contato quase diário com Sergio Teixeira e Arthur Teixeira", afirmou Edna.

Em outra parte do inquérito, há um relatório não assinado, mas escrito em abril deste ano pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, em que Aloysio é citado como sendo próximo de Teixeira. No mesmo relatório, o ex-diretor da empresa alemã sugere que o chefe da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin, Edson Aparecido, foi destinatário de propina. Aparecido chama a acusação de "absurda". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal indiciou criminalmente o engenheiro Arthur Gomes Teixeira, controlador da Procint Projetos e Consultoria Internacional e apontado como lobista do cartel dos trens - organização que se teria infiltrado no setor metroferroviário dos governos do PSDB Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, entre 1998 e 2008.

O indiciamento ocorreu segunda-feira, em audiência tensa. A PF enquadrou Teixeira por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crime financeiro.

##RECOMENDA##

Foi sugerido a Teixeira que colaborasse com a investigação. Mas ele não aceitou. Indignado, alegou não ter nenhum envolvimento com o cartel, nem com repasse de propinas.

A PF está convencida de que, por meio da Procint, Teixeira realizou pagamento de propinas a agentes públicos e a políticos. Dossiê enviado pelo Ministério Público da Suíça, juntado ao inquérito da PF, indica que o ex-diretor de operações da CPTM, João Roberto Zaniboni, recebeu US$ 836 mil na conta Milmar, de sua titularidade, no Credit Suisse de Zurique.

Parte desse valor - US$ 103,5 mil - teria sido repassada em 2 de maio de 2000 por Teixeira, pela conta Rockhouse. Outros US$ 113,3 mil caíram na conta de Zaniboni, enviados por Sérgio Meira Teixeira, amigo de Arthur. Dono da Constech Consultoria, Sérgio morreu em 2011. Ele e Arthur mantinham sociedade informal, empregando mais de 20 profissionais, a maior parte engenheiros.

A propina teria sido paga a Zaniboni em troca da contratação do cartel, beneficiado também com aditamentos autorizados pelo ex-executivo da CPTM. Esses aditamentos elevaram em R$ 11,4 milhões, em valor da época (outubro e dezembro de 2002), o custo contratual.

A Suíça condenou Zaniboni por lavagem de dinheiro e aplicou multa contra ele. Os procuradores de Genebra informaram que "ainda está em aberto a investigação criminal contra Arthur Teixeira". Eles pediram "com veemência" interrogatório do consultor.

Teixeira nega o papel de pagador de propinas. Graduado pela Escola Politécnica da USP em 1959, aos 78 anos, ele ostenta extenso currículo profissional dedicado a grandes empresas do setor ferroviário. Seu advogado, o criminalista Eduardo Carnelós, é taxativo. "Ele (Teixeira) nunca esteve envolvido com corrupção, jamais se prestaria a uma atitudes dessas."

Carnelós ressalta que "a partir da ampla experiência acumulada no setor ferroviário, o sr. Arthur deu início à organização de um setor de coordenação de consórcios". "Aos que, por má-fé ou ignorância, confundem a formação de consórcio com cartel, deve-se esclarecer que as duas práticas não se equivalem. Consórcio tem por objetivo reunir tecnologias e otimizar os recursos e a capacidade de várias empresas para a prestação de um serviço melhor e em menor tempo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O cruzamento de documentos da Justiça suíça com aqueles em posse do Ministério Público paulista e da Polícia Federal apontam para um intermediário a serviço da Alstom e da Siemens no Brasil. A suspeita é de que as duas empresas tenham usado o consultor Arthur Teixeira para pagar propinas a agentes públicos a fim de obter contratos.

Na documentação do país europeu, o nome aparece como parte do sistema de corrupção montado pela Alstom. Nos papéis das autoridades brasileiras, ele é citado como contratado pela Siemens para agir em licitações.

##RECOMENDA##

Ambas as empresas atuaram em São Paulo, na série de governos do PSDB no Estado iniciada em 1995 por Mário Covas.

Siemens, empresa alemã, denunciou a existência de um cartel para obter contratos tanto em São Paulo quanto no Distrito Federal que, somados, chegam a R$ 1,925 bilhão. Os governos poderiam ter economizado até 30% desse total caso o esquema não tivesse praticamente eliminado a livre concorrência.

Arthur Teixeira e Sérgio, seu irmão - que hoje está morto -, teriam contas offshore na Suíça para realizar os pagamentos das propinas no Brasil. Diretores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) são suspeitos de receber dessas offshores na época do governo Covas. Cópias de documentos sobre o tema estão em poder da Polícia Federal.

Contas

No caso envolvendo a empresa francesa Alstom, o nome de Arthur Teixeira é citado na investigação tocada pelo Ministério Público suíço como destinatário, em março de 2001, de uma transferência de cerca de US$ 256 mil. O dinheiro foi parar numa das contas offshore.

A transferência seria uma indicação da rota do pagamento da propina, segundo investigadores. Os suíços obtiveram dezenas de documento da multinacional francesa, depois de uma série de intervenções nos escritórios da empresa. A Alstom, na época, garantiu que cooperava com a investigação e que havia passado por uma ampla mudança de comportamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado estadual Roque Barbiere (PTB) prometeu ao lobista Osvaldo Ferreira Filho, o Osvaldinho, preso na Operação Fratelli na terça-feira,09, conseguir recursos públicos no valor de R$ 250 mil para a Prefeitura de Barretos, interior de São Paulo. Osvaldinho foi assessor do hoje secretário-chefe da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Edson Aparecido, durante oito anos e é apontado como o elo entre a empreiteira Demop, acusada de fraudar licitações, e prefeituras paulistas.

Barbiere não é investigado e caiu no grampo da Polícia Federal porque o celular do lobista estava sendo monitorado. Em ligação de 1.º de fevereiro, às 14h56, Osvaldinho procura Barbiere e diz a ele: "Tô precisando de uma ajuda sua. Nós tamo fazendo um negócio aqui em Barretos e aqui tem uma epidemia de dengue do c... Se eu levar o prefeito aí, você não arruma uns 250 mil prá ele? Na saúde?" O deputado estadual do PTB responde: "Arrumo, ué, fazer o quê? Alguma vez cê me pediu alguma coisa e eu falei não pra você? Cê tá acostumado com esses tucanos que só prometem e não cumprem nada!" Osvaldinho dá sequência: "Isso é verdade, tô acostumado com os tucanos. Eles prometem e a hora que você vai ver, c... em cima da gente".

##RECOMENDA##

Guilherme Ávila (PSDB), prefeito de Barretos, confirmou, por meio de sua assessoria, que no Encontro de Prefeitos conheceu "várias pessoas" que se dispuseram a ajudar o município, entre elas Osvaldinho, "que se apresentou ao prefeito". No evento, no Memorial da América Latina, dia 13 de março, Alckmin anunciou a liberação de R$ 2,46 bilhões em investimentos para administrações municipais.

Barbiere é o delator do esquema de venda de emendas parlamentares. Em agosto de 2011 ele revelou que entre 25% e 30% de seus pares na Assembleia Legislativa de São Paulo "vendem emendas e enriquecem". Nunca citou nomes. O promotor Carlos Cardoso ficou responsável pela investigação por mais de um ano, mas aposentou-se e nada descobriu.

Osvaldinho foi preso pela Operação Fratelli, desencadeada na terça feira. Ele é investigado por suposto envolvimento em esquema de corrupção e fraudes em licitações municipais com recursos de emendas parlamentares e convênios com ministérios do governo Federal. Entre 2002 e 2010, Osvaldinho foi assessor de Edson Aparecido, na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados.

Também foi preso o empresário Olívio Scamatti, das relações pessoais de Aparecido. Controlador do Grupo Demop, empreiteira que teria sido a principal beneficiada em licitações dirigidas, Scamatti é apontado como líder do grupo que mantinha sob seu controle as administrações de pelo menos 78 municípios paulistas.

"É verdade isso aí", disse Barbiere ao Estado ao confirmar o pedido de Osvaldinho. "O prefeito esteve comigo, um rapaz novo, barbudo. Foi no meu gabinete. Não fiz emenda. Perguntei quantos votos eu tive em Barretos e disse a ele: ‘O que eu posso fazer para você é marcar uma audiência na Secretaria de Saúde, você vai lá’. Não sei o que o Osvaldinho prometeu para ele, mas posso auxiliar qualquer prefeito com dificuldade de audiência com secretário. Não há ilícito nisso, é um trabalho político. Se descobrir um prefeito, nesses meus 24 anos como deputado, que diga que fiz emenda ou indiquei empreiteira eu renuncio."

O prefeito de Barretos disse que esteve no gabinete de Barbiere e que o deputado sustentou que não poderia "ajudar com verba" pois "não teve votos na cidade". "A emenda não foi liberada e o deputado avisou que não seria." O criminalista Fábio Tofic, que defende Osvaldinho, disse que não teve acesso à integra dos autos da Operação Fratelli e, portanto, não iria comentar o caso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, divulgou uma nota neste sábado negando envolvimento com Júlio Fróes, apontado por reportagem da revista Veja como um lobista que teria sala no prédio onde funciona a pasta e atuaria para liberar verbas e corromper servidores. Rossi pedirá que a Controladoria Geral da União (CGU) investigue os contratos apontados pela revista como suspeitos e anunciou que os funcionários citados serão ouvidos em procedimento disciplinar.

A reportagem da revista afirma que Fróes redigiu um documento usado como base para o Ministério contratar sem licitação por R$ 9,1 milhões a Fundação São Paulo, mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). A entidade tinha o lobista como representante e após conseguir o contrato ele teria dado pastas com dinheiro a funcionários que o tinham ajudado no processo. A revista diz ainda que Fróes pediu uma "gratificação" de 10% a uma gráfica para que esta conseguisse renovar um contrato com o ministério. O lobista negou as acusações e chegou a agredir o repórter da Veja, que registrou boletim de ocorrência em Brasília.

##RECOMENDA##

Na reportagem, o próprio lobista se descreve como amigo de Rossi. O ministro nega com veemência. "Nunca participei de reunião com este senhor. Não desfruta de minha amizade e nem de minha confiança", diz Rossi na nota.

O ministro destaca as medidas tomadas e garante que a pasta está de acordo com "boas práticas administrativas e de controle interno". Nega ainda que tenha cometido qualquer ilegalidade nos casos citados pela revista. "Não fui, não sou e não serei conivente com qualquer tipo de desvio".

Em manifestação anexa ao pronunciamento do ministro, a pasta dá detalhes sobre o contrato fechado com a Fundação São Paulo. A justificativa para a dispensa de licitação é que a entidade atua nas áreas de pesquisa, ensino e desenvolvimento institucional. O convênio é para a capacitação de 12 mil servidores. Segundo informa o ministério, até julho deste ano foram atendidos 6.560 funcionários da pasta e a Fundação já recebeu R$ 5,2 milhões. A nota afirma que este contrato já foi auditado pela Controladoria Geral da União.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando