Tópicos | constituinte

Parlamentares constituintes criticaram mudanças feitas no texto constitucional sem que tivesse havido, na opinião deles, o devido debate popular. Também lamentaram o não cumprimento integral da Carta Magna, 35 anos após a sua promulgação. Eles participaram do seminário “Os 35 anos da Constituição de 1988”, realizado pela Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (4).

Segunda-secretária da Mesa Diretora da Câmara e coordenadora das Comemorações dos 35 Anos da Constituição, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) entregou a participantes da Assembleia Constituinte, presentes no seminário, cópia atualizada do texto constitucional, com as 129 emendas feitas desde 1988. Eles repetiram o gesto do presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães, ao promulgar a Constituição, de levantar a Carta Magna com as duas mãos. 

##RECOMENDA##

“Repetindo as palavras de Ulysses Guimarães: ‘Diante da Constituição, divergir sim, descumprir jamais, afrontá-la nunca”, disse Maria do Rosário. Ela também saudou o legado deixado pelos parlamentares constituintes ao Parlamento e ao povo brasileiro. "A Constituição, de uma forma sistêmica, desde o seu artigo primeiro e nas cláusulas pétreas, conseguiu manter a chama da democracia brasileira no Brasil mesmo nos momentos mais difíceis”.

“Chama o povo”

A deputada constituinte e atual coordenadora da bancada feminina, deputada Benedita da Silva (PT-RJ), chamou a atenção para a atuação do chamado "lobby do batom" em defesa dos direitos das mulheres e das minorias, durante a Assembleia Constituinte. Ela lamentou que o texto constitucional não tenha saído integralmente do papel e deu o exemplo da reforma agrária. Benedita da Silva apontou mudanças feitas na Carta Magna sem a devida participação popular.

“Vou falar da dor sentida ao ver tirarem da Constituição coisas que não deveriam sair e colocarem coisas que não deveriam entrar sem o diálogo de Ulysses Guimarães: 'Chama o povo, vamos conversar com os segmentos, vamos fazer a mudança'. Uma PEC precisa ter o olhar, o sentimento do povo brasileiro, foi assim que Ulysses Guimarães dirigiu essa grande obra que é a Constituição Brasileira", afirmou.

O ex-deputado constituinte José Genoíno lembrou que, na elaboração da Constituição, foram apresentadas 122 emendas populares, com 12 milhões de assinaturas, além de 71 mil sugestões. “Isso é participação popular”, ressaltou. Além disso, foram 65 mil emendas apresentadas por deputados, 182 audiências públicas e 330 sessões plenárias.

Ele ressaltou ainda que, naquele momento, nenhum debate era proibido e não havia inimigos, mas adversários políticos, sendo possível o diálogo entre os parlamentares da esquerda, que era minoritária, os do centro, que eram maioria, e os de extrema direita. Ele considera que “a Constituição foi amputada nas emendas da ordem econômica e da reforma da Previdência e também foi amputada com o golpe de 2016”. 

Direitos não concretizados

Autor da emenda do voto aos 16 anos e do artigo determinando a auditoria da dívida pública, nunca colocada em prática, o ex-deputado constituinte Hermes Zaneti destacou que, apesar de a Constituição ter instituído o Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, isso não foi suficiente para garantir melhor qualidade de vida para a população.

   “O que pode explicar que, de 88 até agora, dobramos o número de favelas no Brasil? Temos 30 milhões de pessoas no Brasil que não sabem o que vão almoçar hoje. Temos 70 milhões de inadimplentes”, citou. 

Princípios importantes

O ex-senador constituinte José Fogaça lembrou da importância da Carta Magna durante a pandemia de Covid-19, já que os princípios que norteiam o SUS tiveram que ser cumpridos, mesmo contra a vontade de alguns governantes. Ele considera o texto constitucional fundamental para alguns segmentos da população brasileira. 

“A Constituição de 88 é a Constituição das crianças, da infância, das cidadãs e dos cidadãos negros, dos indígenas. É o lastro em cima do qual toda a legislação vem sendo desenvolvida e ali está a defesa maior desses setores da vida brasileira", apontou. "Por mais que tentem modificar, terão que voltar à origem básica, basilar, que é o texto da Constituição”, acrescentou.

O ex-deputado constituinte Nelton Friedrich afirmou que a Constituição estabeleceu princípios fundamentais para uma nação – soberania e cidadania – e criticou a revogação, em 1995, do artigo da Constituição que definia empresa brasileira de capital nacional, abrindo caminho para retirar da Petrobras o monopólio de exploração do petróleo no Brasil. Ele criticou ainda a atitude de alguns parlamentares atuais “ávidos por mudar a Constituição”, passando por cima da vontade de milhões de brasileiros durante a Assembleia Constituinte.

Já a ex-deputada constituinte Raquel Cândido defendeu que a discussão sobre a Constituição de 88 seja permanente e que a Comissão de Defesa da Democracia, criada em junho no Senado, seja integrada também por deputados.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lembrou que muitos artigos da Constituição ainda não foram regulamentados. E disse que hoje, no Parlamento, muitas vezes adversários políticos são tratados como inimigos a serem eliminados, processo que se estenderia às redes sociais, com a violência política atingindo especialmente as parlamentares mulheres, prejudicando o debate.

*Da Agência Câmara de Notícias

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, nesta quarta-feira (28), que a posição do governo é contrária à elaboração de uma nova Constituição. O debate sobre uma Assembleia Constituinte foi trazido à tona pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), para quem a Carta Magna atual deixa o Brasil "ingovernável".

Na terça, Barros anunciou que vai enviar um projeto de decreto legislativo (PDC) para a realização de um plebiscito sobre a elaboração de uma nova Constituição. Questionado hoje sobre o assunto, Mourão disse que desde a campanha eleitoral a sua opinião é a mesma, contrária a uma nova Constituinte.

##RECOMENDA##

"Isso aí (nova Constituição) já me pronunciei durante a campanha eleitoral. Não tem mais o que falar porque a posição do governo hoje não é essa", afirmou na chegada à Vice-Presidência. Na sequência, Mourão destacou que o presidente Jair Bolsonaro não falou sobre o assunto em "nenhum momento".

"O líder do governo é um parlamentar. Ele tem outras prerrogativas diferente de quem é, como no meu caso aqui, vice-presidente eleito com o presidente Bolsonaro, que em nenhum momento tocou nesse assunto", disse. Mourão lembrou, contudo, que a proposta de Barros é consultar a população sobre a realização de uma nova constituinte. "Se a população desejar aí vamos ver o como vai ser feito, mas pode tudo ser feito na mesma pergunta."

Mourão avaliou ainda que a iniciativa é um "voo solo" de Ricardo Barros. "Até porque outros parlamentares já se pronunciaram contrários a isso aí."

Perguntado se o momento atual permitiria a construção de uma nova Carta Magna, Mourão opinou que existem opiniões divergentes sobre o assunto. Segundo ele, alguns acreditam que possível "paulatinamente" melhorar a Constituição por meio de emendas, enquanto outros desejam "voltar tudo para a estaca zero" e elaborar um novo documento.

Chile

Na tentativa de justificar a defesa de uma nova Constituição, Barros citou, na segunda-feira, 26, como exemplo o Chile, que foi às urnas no domingo (25) e definiu que uma nova Assembleia Constituinte deverá ser eleita para a criação de uma nova constituição do país. "Acho que devemos fazer um plebiscito, como fez o Chile, para que possamos refazer a Carta Magna e escrever muitas vezes nela a palavra deveres, porque a nossa Carta só tem direitos e é preciso que o cidadão tenha deveres com a Nação", disse Barros em um evento chamado "Um dia pela democracia".

A declaração foi rechaçada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e causou surpresa em auxiliares do presidente Jair Bolsonaro, que negaram que Barros estivesse falando pelo governo. Maia destacou na segunda-feira que a "situação do Chile é completamente diferente da do Brasil". "Aqui, o marco final do nosso processo de redemocratização foi a aprovação da nossa Constituição em 1988. No Chile, deixaram está ferida aberta até hoje", afirmou.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou nota técnica apontando a inconstitucionalidade da proposição de Barros.

Um dia após o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmar que vai enviar um projeto de decreto legislativo para a realização de um plebiscito sobre a elaboração de uma nova Constituição, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou nota técnica apontando a inconstitucionalidade da proposição.

"Em nossa ordem constitucional, o plebiscito constitui um instrumento de democracia direta enquanto via de participação popular nos negócios públicos. Não pode ser desvirtuado para servir de facilitador a uma tentativa de mudança inconstitucional da Constituição", critica a OAB. "Não há substrato histórico, jurídico, político ou social para se afastar a Constituição de 1988 no atual contexto brasileiro".

##RECOMENDA##

O parecer conjunto da Presidência Nacional, da Procuradoria Constitucional e da Presidência da Comissão de Defesa da República e da Democracia do Conselho Federal da OAB, divulgado nesta quarta-feira (28), aponta riscos "de erosão democrática e constitucional" na sugestão, classificada como uma "armadilha perigosa".

"A literatura constitucional contemporânea tem destacado a existência de formas de fragilização da democracia e do constitucionalismo por dentro das próprias regras democráticas e por meio de mecanismos formalmente legítimos, mas que são manuseados com fins autoritários", alerta o documento. "A defesa da democracia brasileira passa, invariavelmente, pela defesa da ordem constitucional em vigor".

No parecer, a OAB sustenta que a proposta de uma nova Constituição é "inteiramente descabida e desconectada da nossa história" e rechaça paralelo com o Chile - que, no último domingo, dia 25, aprovou a elaboração de um texto constitucional para substituir o atual, promulgado na ditadura de Augusto Pinochet. A entidade reforça que, ao contrário do país vizinho, o processo de construção da Constituição brasileira em 1988 foi "inclusivo" e "plural".

Para a Ordem dos Advogados, a além de "inócua" para a resolução de eventuais questões econômicas ou políticas, a sugestão de Barros representa uma "ameaça aos direitos e garantias fundamentais" e uma "agressão à democracia".

"O que cabalmente afasta a proposta de uma nova Constituição, de forma muito direta e definitiva, é que não vivemos no Brasil um momento de refundação constitucional, o que só existiria se estivéssemos diante de uma falência da atual ordem e significaria um instante político e institucionalmente anômalo. Não há uma crença difundida na ilegitimidade da ordem constitucional de 1988, tampouco demandas de uma nova pactuação constitucional. Além disso, as vias de mudança legal pelas vias ordinárias são adequadas e suficientes ao aprimoramento das instituições e aos avanços necessários. Dessa forma, os desafios atuais e as eventuais crises devem ser enfrentados sob os auspícios da Constituição de 1988 e não fora dela", conclui a entidade.

Após afirmar que a Constituição deixa o Brasil "ingovernável", Ricardo Barros se comprometeu a enviar "imediatamente" um projeto de decreto para garantir um plebiscito para a população opinar sobre a elaboração de uma nova Carta Magna. O líder do governo já tem um texto pronto e afirmou que fará ajustes nas datas das votações. Isso porque a proposta inicial previa que a consulta à população fosse feita nas eleições municipais deste ano para, em 2022, ser instituída uma Assembleia Constituinte. Barros disse que, à época, não havia obtido apoio de lideranças, mas que agora, após a receptividade da sua ideia, está motivado a apresentar o projeto. "Estou motivado diante de tantos apoiamentos que recebi", comentou o deputado nesta terça-feira (27).

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ser contrário a uma nova constituinte. Mais cedo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, disse que, diante do impasse da discussão sobre a possibilidade de prisão após segunda instância, talvez seja o momento de propor uma nova Constituição ao País.

Para Rodrigo Maia, uma nova constituinte pode dar sinalização ruim para a sociedade e gerar muita insegurança no País. Segundo Maia, a Constituição brasileira é jovem e não há brechas para essa discussão.

##RECOMENDA##

“Acho que não é o melhor caminho, uma mudança constitucional pode ser instrumento de restrições de liberdades. Temos uma Constituição que tem coisas boas, coisas que precisam ser modificadas e coisas que precisam ser preservadas”, defendeu o presidente.

Pautas prioritárias

Em relação às pautas prioritárias da Câmara após a promulgação da reforma da Previdência, Maia destacou o projeto que muda o marco legal do saneamento e as reformas tributária e administrativa.

*Da Agência Câmara Notícias

 

O candidato do PDT ao Planalto, Ciro Gomes, atacou Fernando Haddad (PT) pela proposta de convocar uma nova Constituinte caso eleito. De acordo com Ciro, não caberia ao Presidente tal responsabilidade. Haddad argumentou que quer criar condições para uma nova Constituinte. "Lula imaginava uma situação em que nós poderíamos criar as condições para que nós tivéssemos uma Constituição mais moderna", disse o petista.

Ciro, entretanto, não poupou críticas. "Você não acredita em nenhuma palavra que você disse agora. Não existe poder constituinte no Presidente da República", defendeu. Segundo Ciro, as reformas precisam ser feitas seguindo os ritos no Congresso. O pedetista afirmou ainda que as palavras ditas por Haddad "foram postas" na boca dele porque ele estaria encarregado de "vingar" o partido na campanha.

##RECOMENDA##

Ciro chegou a comparar a proposta do petista com a do vice de Jair Bolsonaro (PSL), General Mourão, que defendeu uma nova Constituição, mas sem Constituinte - ela seria elaborada por um grupo de "notáveis" e depois levada a um plebiscito. Haddad negou semelhança com o modelo defendido por Mourão. "Para mim, a liberdade e a democracia vêm sempre em primeiro lugar", disse Haddad.

O Vaticano exigiu nesta sexta-feira (4) que a Venezuela respeite os direitos humanos e suspenda a posse da Assembleia Constituinte, eleita no último domingo (30), para escrever uma nova Constituição, como uma manobra política do presidente Nicolás Maduro.

Em um comunicado emitido pela Secretaria de Estado da Santa Sé, o Vaticano pediu que "seja assegurado o pleno respeito dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, bem como a Constituição vigente". "Que sejam suspensas as iniciativas em curso, como a nova Constituição, para favorecer a reconciliação e a paz, e não fomentando um clima de tensão e de confronto, para que sejam criadas condições para uma solução negociada", ressaltou.

##RECOMENDA##

O Vaticano também citou "o grave sofrimento do povo, em dificuldade para encontrar alimentos e remédios, e a falta de segurança" em todo o país. "O papa Francisco acompanha de perto a situação e suas implicações humanitárias, sociais, políticas, econômicas e até espirituais, assegurando suas orações pelo país e por todos os venezuelanos", afirmou a nota. Há quase quatro meses, opositores ao regime de Maduro e a população civil saem às ruas para protestar contra o governo e a Constituinte. Mais de 110 pessoas já morreram nos confrontos.

Desde o início da crise política venezuelana, o Vaticano e o papa Francisco se colocaram à disposição para intermediar as negociações de paz. No entanto, a Santa Sé afirma que nunca foram criadas as condições para o diálogo e acusa o governo de não cumprir com o acordo. Já o Senado brasileiro aprovou a criação de uma comissão, liderada pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello, para viajar à Venezuela e facilitar o diálogo. Amanhã (5), os chanceleres do Mercosul se reunirão para analisar a situação da Venezuela e especialistas não descartam a possibilidade de aplicação da Cláusula Democrática contra o governo de Maduro.

Prisões - A polícia venezuelana soltou o opositor Antonio Ledezma, prefeito de Caracas, e o enviou para prisão domiciliar, informaram amigos e familiares nesta sexta-feira.

O candidato para a Assembleia Nacional Constituinte (ANC) da Venezuela pelo setor Conselho Comunal e Comunas do Estado de Bolívar, José Felix Pineda Marcano, foi assassinado em sua casa na noite desse sábado (29), na Cidade de Bolivar, segundo informações do jornal El Universal. Segundo testemunhas, dois indivíduos entraram na casa e roubaram os bens dos presentes. Depois, separaram o candidato das outras pessoas. Depois de ouvirem vários tiros, as pessoas mantidas em um quarto saíram e encontraram Pineda morto. Há suspeitas que os criminosos esperavam a chegada de um veículo para escapar.

Ao local foram enviadas equipes do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminais (CICPC) e do Serviço de Inteligência Bolivariana (Sebin). Os investigadores não descartam que o assassinato tenha sido motivado por questões políticas. Segundo informações do El Universal, Pineda era um advogado e conselheiro para Direitos da Criança e do Adolescente na Cidade de Bolívar. (Renato Carvalho - renato.carvalho@estadao.com)

##RECOMENDA##

O deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE) defendeu a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte para revisar a Constituição Federal e discutir as reformas que estão tramitando no Congresso Nacional: política, previdenciária e trabalhista. Segundo Danilo Cabral, é necessário fazer um amplo debate sobre a institucionalidade brasileira e, por isso, esse "não é o momento ideal" - com o governo com baixa aprovação e o Congresso desacreditado pela sociedade - para promover reformas. 

Na opinião do parlamentar, seria necessário retomar a legitimidade. “Vivemos uma crise de legitimidade. É esse Congresso, que está em suspeição, que vai operar as reformas”, criticou o pessebista. “E só quem devolve a autoridade do Congresso é o voto popular”, acrescentou. 

##RECOMENDA##

Para Danilo Cabral, é necessário fazer uma "travessia" até 2018, promovendo um ajuste mínimo nas regras eleitorais vigentes, e, nas eleições gerais, eleger um Congresso que fará as mudanças na Carta Magna. O deputado lembrou que, atualmente, existem mais de 90 emendas à Constituição vigente, mostrando ser preciso atualizar o texto. 

Analisando a reforma da Previdência, que deve ter o parecer apresentado na comissão nesta quarta-feira (19), Danilo disse que da maneira como está posta, não será aprovada na Câmara dos Deputados. “A flexibilização de alguns pontos é uma tentativa do governo federal para que a proposta passe, mas ainda assim terá dificuldades. São medidas muito duras com a população”, opinou. 

A discussão sobre a convocação de uma Constituinte teve início no Congresso Nacional no ano passado. Os deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Miro Teixeira (Rede-RJ) chegaram colher 172 assinaturas para a tramitação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para tratar sobre o tema. A proposta, no entanto, foi devolvida aos autores pela Mesa Diretora da Câmara por ser considerada inconstitucional. 

A discussão sobre Reforma Política mais uma vez ultrapassou as linhas do Congresso.  A mobilização nacional em prol do plebiscito pela Constituinte ganhou as ruas do Brasil, na última quinta-feira (13). Em Recife, a manifestação foi na Praça do Derby e contou com a participação de representantes do PT, Central  Única dos Trabalhadores (CUT), Fórum das Mulheres, integrantes de sindicatos e estudantes. 

De acordo com a presidente do PT de Pernambuco, deputada Teresa Leitão, consultar a população através do plebiscito é a atitude mais democrática ser tomada. ”O plebiscito vai dar as pessoas mais oportunidade de discutir as propostas”, enfatizou a parlamentar. A iniciativa não tomou grandes proporções como as demais, como o ato realizado no dia 04 de novembro, na capital pernambucana. 

##RECOMENDA##

 

Quem passou pela Praça do Derby, centro do Recife, nesta terça-feira (4), teve a impressão que as campanhas eleitorais ainda não tinham chegado ao fim. Dezenas de pessoas participaram de um ato pedindo um Plebiscito Constituinte para reforma do sistema político brasileiro. 

O evento, que aconteceu em todo Brasil, contou com a participação de vários movimentos sociais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MST), e Sindicato dos bancários de Pernambuco. Jornais, folhetos e adesivos com informações sobre o plebiscito foram distribuídos entre os carros e pessoas que passavam pelo local e um carro de som com microfone aberto foi disponibilizado para a população pudesse expressar suas opiniões. 

##RECOMENDA##

Eduardo Mara, um dos coordenadores do ato em Pernambuco, comentou a importância da constituinte para a população brasileira. “Queremos consultar a povo brasileiro para saber quem deve fazer a reforma constitucional. O povo ou o Congresso Nacional? Já protocolamos um pedido no Congresso, logo depois do segundo turno das eleições, para que o plebiscito seja aprovado. A matéria só deve ser examinada no início do ano que vem, e caso aprovada, vamos ter tempo para discutir. Quem é contra e quem é a favor terá que defender seu ponto de vista”, explicou. 

Ele também criticou os parlamentares afirmando que “a maior parte do Congresso não quer debater essa pauta e querem um referendo, que não resolve”. 

A deputada estadual e presidente do PT em Pernambuco, Teresa leitão, também participou do ato. Ela afirmou que acredita que “a reforma política pode aperfeiçoar o sistema democrático atual do Brasil”. E falou em apoio do partido na aprovação da pauta. “Ontem (3), durante a reunião da executiva nacional do PT, um dos pontos que aprovamos foi o apoia a reforma política. Nunca a população esteve tão próxima de uma bandeira (proposta) como está agora com a reforma política. Se houver uma pressão popular no Congresso e no Governo, essa reforma vai sair”, disse. 

Entre as pessoas que participaram do evento estava à freira e militante petista Neves Costa, 49 anos. Ela acredita em mobilização popular para que as mudanças aconteçam. “Só através desse movimento do povo é que as mudanças serão aprovadas e o plebiscito aconteça”, avaliou. 

Mas alguns participante estavam no local sem saber exatamente o que pede o plebiscito. Odete de Almeida, 61, foi uma delas. “Eu não entendo muito dessas coisas, mas acho que ele deve acontecer. Vai ser bom para a população participar de maneira democrática da decisão", disse. 

[@#galeria#@]

O que é o Plebiscito pela Constituinte? 

Um Plebiscito é uma consulta na qual os cidadãos e cidadãs votam para aprovar ou não uma questão. De acordo com as leis brasileiras somente o Congresso Nacional pode convocar um Plebiscito.

Apesar disso, desde o ano 2000, os Movimentos Sociais brasileiros começaram a organizar Plebiscitos Populares sobre temas diversos, em que qualquer pessoa, independente do sexo, da idade ou da religião, pode trabalhar para que ele seja realizado, organizando grupos em seus bairros, escolas, universidades, igrejas, sindicatos,aonde quer que seja, para dialogar com a população sobre um determinado tema e coletar votos.

O Plebiscito Popular permite que milhões de brasileiros expressem a sua vontade política e pressionem os poderes públicos a seguir a vontade da maioria do povo.

O que é uma Constituinte?

É a realização de uma assembleia de deputados eleitos pelo povo para modificar a economia e a política do País e definir as regras, instituições e o funcionamento das instituições de um Estado como o governo, o Congresso e o Judiciário, por exemplo. Suas decisões resultam em uma Constituição. A do Brasil é de 1988.

 

 

Depois de saírem às ruas na reta final do 2.º turno em apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, os movimentos sociais também cobram uma participação maior nas definições dos rumos de seu governo. Uma das principais reivindicações é que a presidente mantenha a promessa de se engajar ativamente na defesa da reforma política e da proposta de um plebiscito sobre a convocação ou não de uma assembleia constituinte exclusiva para fazer a reforma.

Representantes desses movimentos ouvidos pelo Estado disseram que já estão sendo planejadas manifestações públicas em diferentes pontos do País para defender a proposta do plebiscito. A primeira delas deve acontecer hoje, em São Paulo, às 18 horas, no vão livre do Museu de Artes de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista.

##RECOMENDA##

Para o coordenador da Central dos Movimentos Populares no Estado de São Paulo, Raimundo Bonfim, existe a expectativa de que os movimentos sejam mais ouvidos no segundo mandato de Dilma. "Esperamos que o protagonismo que se viu na eleição continue agora. Para isso, é preciso mudar a forma como o PT governou o Brasil nos últimos anos", disse ele.

Segundo Bonfim, o PT se afastou dos movimentos populares e deu privilégio a ações parlamentares. "Agora, porém, em que se verifica uma clara disputa pela hegemonia na sociedade, é preciso que os movimentos tenham mais protagonismo. Nós é que vamos sair nas ruas em defesa do plebiscito para a convocação de uma constituinte para fazer a reforma."

Reforma agrária

Alexandre Conceição, da coordenação nacional do Movimento dos Sem Terra (MST), também disse que os movimentos estão unidos em torno da proposta de reforma política e do plebiscito. "O povo é que deve decidir se deve ou não ser convocada uma assembleia constituinte que teria como tarefa exclusiva a realização da reforma", afirmou. "Cada movimento tem suas bandeiras específicas. Nós, do MST, queremos que a Dilma assente as 120 mil famílias de sem-terra que estão acampadas nesse momento. Mas, em termos mais amplos, a questão mais forte é a reforma."

O estudante Tiago Pará, integrante do Levante Popular da Juventude, movimento que, entre outras atividades, organiza manifestações de protesto contra militares acusados de graves violações de direitos humanos na ditadura, observou que Dilma enfrentará uma oposição mais organizada no segundo mandato.

"Nós sabemos que o segundo mandato será fortemente disputado pelos setores reacionários. Nós também temos que reivindicar nosso espaço. Vamos fazer isso em ritmo de campanha, com militância na rua, procurando sustentar as propostas mais progressistas da campanha. Especialmente a do plebiscito."

A estudante Maria Júlia Monteiro, da organização internacional Marcha Mundial das Mulheres, também falou sobre a intensificação da polarização política. "Para fazer mudanças, Dilma precisará de apoio popular, de gente na rua, de toda essa militância que foi mobilizada na eleição", disse.

O secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cleber Buzatto, também defendeu a prioridade da reforma política. Destacou sobretudo a questão do financiamento de campanha.

"Se nada for feito, a tendência é que os espaços de representação em nossa democracia fiquem cada vez mais desequilibrados", afirmou. "É incompreensível que 50% dos membros da Câmara tenham ligações com o agronegócio. Por outro lado, os índios, os quilombolas, os sem-terra, estão perdendo espaço." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

[@#galeria#@]

A 20ª edição do Grito dos Excluídos reuniu centenas de pessoas, neste domingo (7), nas ruas do Centro do Recife. A marcha acontece todos os anos, no dia em que se celebra a Independência do Brasil, para reivindicar melhorias políticas e a inclusão de diversos movimentos na sociedade como um todo. O evento deste ano teve como tema “Ocupar ruas e praças pela liberdade dos direitos”. 

##RECOMENDA##

A concentração iniciou por volta das 8h30 na Praça Oswaldo Cruz, no bairro da Boa Vista, e às 10h30 os manifestantes saíram ao lado de dois trios elétricos pela Avenida Conde da Boa Vista, Ponte Duarte Coelho, Avenida Guararapes e Dantas Barreto. O percurso foi finalizado no Pátio do Carmo. Da concentração até a culminância final do ato, alguns representantes de movimentos religiosos, da esquerda política local, do Movimento Sem Terra (MST) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que organiza o ato, pegaram o microfone para reivindicar algumas pautas.

Um dos principais motes do Grito dos Excluídos deste ano foi a necessidade de uma reforma do sistema político brasileiro. Para tanto, manifestantes convocavam a população para votar a favor da realização de uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana para a organização da política nacional. 

“Aqui os movimentos sociais se unificam por uma Reforma Política. Nossa pauta este ano vem com mais força nesse aspecto da mudança da forma de fazer política no Brasil. Mas ela também está nas ruas, o tempo inteiro, como o pedido de redução da jornada de trabalho e a reforma agrária”, frisou o presidente da CUT-PE, Carlos Veras. “É um momento para que as pessoas também possam se expressar”, acrescentou.

Para o líder do MST de Petrolândia, no Sertão, Klebson Silva, o ato serve também para mostrar a sociedade que os movimentos não estão mortos.  “É uma parcela da sociedade que está excluída. Estamos aqui pra mostrar para a sociedade que nós temos voz. Muitos falam que o nosso movimento acabou, mas estamos fortes e vivos”, afirmou. 

Um das representantes da Igreja Católica no local, a irmã Edna, da ordem Franciscana de Maristela, pontuou que a marcha traz para a população um teor reflexivo. “O povo tem que se conscientizar e ter a mente aberta. Não apenas aceitar o que os outros dizem, mas também ter a capacidade de refletir. Este movimento vem questionar isso, de você não sentir medo de ficar calado. Mas ter a capacidade de refletir, dar sua opinião e se envolver na sociedade, não só para si próprio, mas para o outro”, frisou. 

A manifestação também foi acompanhada por músicas de artistas como Gonzaguinha, Dominguinhos, Milton Nascimento e Clara Nunes. Mesmo com a chuva, de acordo com a Polícia Militar cerca de 2 mil pessoas participaram do ato. A manifestação foi pacífica, 50 homens da PM acompanharam o percurso.

Participação política

Contaminado pelo clima eleitoral, alguns candidatos foram vistos participando do Grito dos Excluídos, entre eles, o candidato a vice-governador Paulo Rubem (PDT). Questionado sobre a presença no local, Rubem afirmou estar presente no ato, sempre que é possível. 

“É um movimento importante para reafirmar as bandeiras dos trabalhadores. Neste momento específico, onde se aproxima das eleições, o Grito reafirma que o Brasil tem que continuar avançando”, cravou, sem citar quem seria responsável por tal continuação. “As pessoas que vem para o Grito tem uma história própria de militância, então não há risco de serem instrumentalizada”, completou. 

A integração dos candidatos não foi bem vista por alguns jovens. “É um abuso da parte deles, um oportunismo. Sou totalmente contra estas bandeiras e as músicas. Querem fazer campanha que façam em outro lugar”, cravou Andrea Matos, 22 anos. 

 

Um grupo de manifestantes interrompeu no início da noite o trânsito na Avenida Paulista, para defender mudanças no sistema político. Por volta das 18 horas, diante do MASP, eles pintaram a bandeira do Brasil no asfalto e, logo abaixo, escreveram as palavras 'Constituinte' e 'plebiscito'.

Ações com o mesmo propósito foram realizadas em outras 13 capitais. Os manifestantes - em São Paulo e nas outras localidades - fazem parte de um grupo de entidades que defendem a convocação de uma assembleia constituinte exclusivamente para a realização da reforma política.

##RECOMENDA##

No total são quase 250 entidades, entre sindicatos, movimentos populares e partidos políticos. Entre elas figuram a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Sem Terra (MST) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Cerca de 100 pessoas participaram da manifestação em São Paulo, segundo os organizadores.

Em setembro, na Semana da Pátria, o mesmo grupo de organizações vai realizar um plebiscito popular, com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Serão instaladas urnas em todo o País e os interessados em participar receberão uma cédula com a seguinte pergunta: "Você é a favor de uma Constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político?" O objetivo é coletar 10 milhões de votos.

Novas manifestações a favor da Constituinte estão previstas para o dia 12 de agosto. A articulação desses entidades começou no ano passado, logo após as grande marchas populares que ocorreram por todo o País.

Segundo o sindicalista Júlio Turra, integrante da diretoria executiva da CUT, as marchas de junho revelaram a existência de um grande fosso entre a população e as instituições políticas. "O povo não se sente mais representado e quer reformas", diz ele. "Mas essas reformas não podem ser feitas pelo Congresso que está aí. Seus integrantes só vão legislar em causa própria. Daí a necessidade de uma Constituinte convocada especialmente para fazer a reforma."

A Câmara dos Deputados analisa uma proposta que estabelece os termos e as condições para convocação de uma assembleia nacional constituinte revisional a ser dedicada, exclusivamente, à revisão dos dispositivos constitucionais que tratam das regras de representação política. O texto em discussão é a Proposta de Emenda à Constituição 276/13, do deputado Leonardo Gadelha (PSC-PB). 

O autor da PEC lembra que a reforma política tem sido adiada pelo Congresso. Para ele, a convocação de uma assembleia constituinte revisora poderá resolver esse impasse. “A sociedade brasileira parece convicta do esgotamento do atual modelo de representação política, e clama, há tempos, por uma reforma constitucional”, diz Gadelha.

##RECOMENDA##

Eleição dos revisores
Pelo texto da PEC, na data da primeira eleição geral subsequente à aprovação desta emenda, serão eleitos 256 membros da assembleia, que deverão ser escolhidos pelo mesmo sistema já utilizado na definição dos deputados federais. Os constituintes, no entanto, ficarão inelegíveis para qualquer outro cargo pelo prazo de oito anos.

O prazo de funcionamento da assembleia será, improrrogavelmente, de um ano. A aprovação das propostas, que deverão se limitar aos temas inicialmente previstos, será por maioria absoluta em dois turnos de votação.

Referendo popular
A promulgação das propostas aprovadas ocorrerá apenas após elas confirmadas por referendo popular. “Como forma de suprir eventuais alegações de deficit de legitimidade da assembleia, entendemos imprescindível condicionar a promulgação da emenda revisional à aprovação em referendo popular, assegurado à população o mais amplo esclarecimento de seu conteúdo”, afirma Gadelha.

Serão objeto da revisão constitucional, exclusivamente, os dispositivos dos capítulos da Constituição que tratam dos “Direitos Políticos e dos Partidos Políticos” e do “Poder Legislativo e do Poder Executivo”. O deputado declarou: “Convém esclarecer que serão respeitadas as limitações ao poder de reforma previstas na Constituição Federal, também conhecidas como cláusulas pétreas: a forma federativa de Estado; o voto secreto, direto, universal e periódico; a separação dos Poderes; e os direitos e garantias individuais”.

Tramitação
A PEC deve passar pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e por uma comissão especial de mérito. Depois, seguirá para o Plenário, onde precisará ser aprovada em dois turnos, com apoio de 3/5 dos deputados em cada um deles.

*Com as informações da Agência Câmara

Brasília - A Câmara dos Deputados promove hoje (9), às 10h, sessão solene para comemorar os 25 anos de promulgação da Constituição. Será entregue a Medalha Assembleia Nacional Constituinte a parlamentares e colaboradores que participaram da elaboração da nova Carta. A presidenta Dilma Rousseff participa da cerimônia. Também deverão estar presentes os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Eduardo Alves.

Cunhadas em ouro, prata e bronze pela Casa da Moeda do Brasil em setembro de 1988, as medalhas serão distribuídas este ano para reconhecer o trabalho daqueles que colaboraram de forma decisiva para a promulgação da Constituição. As de ouro serão destinadas, em caráter institucional, às presidências da República, da Câmara, do Senado e do STF.

##RECOMENDA##

As de prata serão concedidas ao ex-presidente da República José Sarney, autor da proposta que convocou a Assembleia Constituinte; aos parlamentares em exercício que atuaram na elaboração da Carta; e a outros constituintes indicados pelos líderes de partidos. As de bronze serão entregues a colaboradores indicados pela Mesa Diretora da Casa, entre eles jornalistas que se destacaram na cobertura política à época.

Também nesta quarta-feira, às 9h30, será aberta oficialmente a exposição Imprensa, Arte e Cidadania: 25 Anos da Constituição de 1988, no corredor de acesso ao plenário da Câmara.

Depois de conversas com os presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, o governo decidiu que a solução de “convergência possível” para fazer a reforma política é um plebiscito, e não a convocação de uma Assembleia Constituinte específica, como chegou a ser cogitado ontem (24). A decisão foi anunciada pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante.

“Nessas consultas, houve um entendimento da realização de um plebiscito com foco na reforma política, que é um tema fundamental para melhorar a qualidade da representação política no país, para ser mais permeável, mais oxigenável às aspirações populares que estão se manifestando nas ruas”, disse o ministro.

##RECOMENDA##

A presidenta Dilma Rousseff vai se reunir nos próximos dias com líderes de partidos do governo e da oposição, do Senado e da Câmara, para discutir o processo que levará ao plebiscito e quais questões poderão fazer parte da consulta popular. Ainda nesta semana, o governo vai consultar a presidenta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, sobre o tempo necessário para a preparação e realização do plebiscito.

Segundo Mercadante, a ideia é realizar a consulta “o mais rápido possível” para que as eventuais mudanças no sistema político entrem em vigor antes do processo eleitoral do ano que vem. Na  consulta popular, os eleitores deverão responder a perguntas diretas sobre temas da reforma política, como financiamento de campanha e representação política, informou o ministro.

“O que nós queremos é fazer a reforma política com participação popular. O instrumento que temos que viabiliza o entendimento é o plebiscito, é o povo participar e votar”, disse Mercadante.

O impasse em torno da convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva surgiu depois que a presidenta Dilma sugeriu um “processo constituinte específico” para a reforma política em meio ao anúncio de pactos nacionais para melhoria dos serviços públicos e da transparência no sistema político.

Após questionamentos de juristas e de manifestação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o governo esclareceu hoje, por meio do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que Dilma não sugeriu exatamente a convocação de uma Assembleia Constituinte, mas de um plebiscito para ouvir a população sobre como fazer a reforma política.

“Há uma polêmica constitucional, se na Constituição Federal existe espaço para a Constituinte exclusiva, ou não. Vários juristas de peso sustentam que há. No entanto, nós não temos tempo hábil para realizar uma Constituinte. Por isso, a presidenta falou em plebiscito popular para que se estabeleça um processo constituinte específico para a reforma política. Processo constituinte porque há matérias no plebiscito que poderão tratar de questões constitucionais da reforma política”, reforçou Mercadante.

O mais novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, admite que convocar uma Assembleia Constituinte específica é uma solução "atípica" e passível de questionamentos. O ministro ressaltou, contudo, que a ratificação da hipótese pela população a tornaria "defensável". Em resposta às manifestações que se espalham pelo País há mais de duas semanas, a presidente Dilma Rousseff fez a proposta de Constituinte específica, que seria apreciada pelos eleitores por meio de plebiscito.

"Um pouco mais complexa seria a hipótese de o Congresso delegar a um órgão externo, eleito exclusivamente. Quer dizer, essa delegação do Poder Constituinte reformador a um órgão externo seria absolutamente atípica e talvez contestável do ponto de vista da sua constitucionalidade. Se essa opção for levada à ratificação popular, se a população aprovar essa delegação, acho que ela é defensável", disse Barroso no Senado nesta terça-feira, 25, após entregar o convite para sua posse, que ocorre na tarde da quarta, no STF, ao presidente da Casa, o senador Renan Calheiros.

##RECOMENDA##

Em 2011, o ministro criticou, em entrevista ao site Migalhas, a convocação de um Poder Constituinte originário. Defendendo a constituinte reformadora, o ministro disse que não há necessidade de se ter "uma folha em branco". "Não temos um país convulsionado, temos instituições funcionando, queremos manter o País em grande parte tal como está. Portanto, não vivemos o momento constituinte originário. Diferentemente é a situação de um poder constituinte reformador que é um poder titularizado pelo Congresso, de modo que o Congresso, por emenda constitucional pode conduzir a reforma política diretamente se ele desejar."

Barroso respalda a reforma política que, segundo ele, é necessária ao País "urgentemente, quase desesperadamente". Para o ministro, o País precisa "do barateamento das eleições, de aproximar o eleitor da classe política e dar mais autenticidade ao sistema partidário". Porém, em sua visão, seria mais fácil colocar as mudanças em prática por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). "Acho que, se o Congresso tivesse conseguido aprovar uma emenda constitucional, ou se vier a conseguir, uma emenda que realmente seja capaz de produzir as modificações de que o País precisa, é a forma prevista na Constituição e é a forma mais fácil."

O ministro reconhece, contudo, a dificuldade de um consenso dos parlamentares sobre a possibilidade de convocação de uma assembleia exclusiva. "Se o Congresso reconhecer que está internamente com dificuldade de aprovar, de constituir maioria, pode decidir delegar essa competência, seja ao povo, fazendo um plebiscito, seja a um órgão constituído, reformado, e não constituinte originário."

Na primeira reunião após obter o registro partidário no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PSD apresentou a sua primeira proposta programática. O partido vai defender a realização de uma Assembleia Nacional Constituinte em 2014 para revisar a Constituição. Segundo o presidente do novo partido, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a ideia é fazer uma reforma ampla na Constituição ao invés de atacar os temas separadamente.

A proposta do PSD é para uma constituinte exclusiva, com mandato de dois anos. A senadora Kátia Abreu (TO), vice-presidente do partido, apresentará nos próximos dias a proposta oficialmente ao Congresso Nacional. Segundo Kassab, o partido terá cerca de 50 deputados federais e poderá ampliar sua participação no Senado, onde até agora tem duas adesões. Ele afirmou que a prioridade é que todos os envolvidos com o PSD se desfiliem de seus partidos anteriores com rapidez para se filiar a nova legenda.

##RECOMENDA##

Em entrevista após a reunião da Executiva, Kassab agradeceu o carinho da presidente Dilma Rousseff com a legenda, lembrando de encontro realizado no mês passado. Ele fez ainda agradecimentos nominais aos governadores Eduardo Campos (Pernambuco), Jaques Wagner (Bahia) e Marconi Perillo (Goiás). O partido decidiu também criar uma fundação para a realização de seminários com o objetivo de definir seu programa partidário. O vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, será o responsável por esse trabalho.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando