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A mudança do arcabouço fiscal já indicada tanto por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto por Jair Bolsonaro (PL), que lideram as pesquisas de intenção de voto à Presidência, pode colocar em xeque o cumprimento das metas de inflação nos próximos anos. Com a perspectiva de uma âncora menos austera e de inflação global mais elevada, economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast avaliam que passou a ser incerta a viabilidade de um alvo de 3%, mesmo no longo prazo.

No geral, a avaliação é de que a redução gradual das metas de inflação a partir de 2019 - a partir do nível de 4,5%, que vigorou de 2005 a 2018 - foi possibilitada pela previsibilidade fiscal criada pelo teto dos gastos e pelo ambiente de menor inflação global desde meados da década de 2010. Agora, a perspectiva de mudança do arcabouço fiscal do País, com vistas à ampliação de despesas, e o aumento da inflação mundial podem impedir o cumprimento do alvo.

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"A perspectiva de que a política fiscal será menos austera do que o sinalizado algum tempo atrás com o teto de gastos e o nosso próprio histórico de inflação não corroboram uma leitura de IPCA migrando para 3%", diz o economista da Tendências Consultoria Integrada Silvio Campos Neto. A casa espera IPCA de 5% em 2023 e desaceleração da inflação a 4%, em 2024, e 3,5% em 2025 - acima do centro da meta em ambos os casos (de 3%).

Ainda longe de ser um consenso, essa perspectiva já começa a aparecer nas expectativas do mercado coletadas pelo próprio Banco Central. Embora as medianas do relatório Focus indiquem a convergência do IPCA para o centro da meta em 2025 e 2026, as médias da pesquisa já sugerem, respectivamente, uma inflação de 3,28% e 3,27% nesses anos - mais de 0,25 ponto porcentual acima do alvo.

A economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, Solange Srour, reconhece que há muito ceticismo sobre se a meta de 3% é viável para o País, considerando que as reformas fiscais não foram finalizadas e que o mundo vai conviver com inflação mais alta pelo menos por mais um ano. A economista acrescenta que a discussão sobre a viabilidade da meta é diferente aqui e no exterior.

"Há insegurança em relação a atingir a meta. Entendo que essa discussão está no mundo inteiro, já que as projeções de inflação para Europa e EUA no ano que vem também estão acima da meta. Mas, apesar da autonomia do BC, o trabalho de convergência para a meta depende da âncora fiscal por aqui. A discussão sobre viabilidade da meta de 3% no Brasil é diferente do debate sobre a meta de 2% nos EUA", avalia. Segundo Srour, a melhora inflacionária recente diz respeito à "parte fácil", ligada a decisões políticas e ao preço do petróleo no mercado internacional.

Já o superintendente de pesquisa macroeconômica do Santander Brasil, Mauricio Oreng, espera redução do IPCA para o centro do alvo, de 3%, em 2024, mas reconhece que os riscos são de convergência mais lenta. Para ele, a agenda de política fiscal a ser adotada por Executivo e Congresso a partir de 2023 vai sinalizar a possibilidade de cumprimento da meta.

O cenário de convergência da inflação considerado pelo Santander leva em conta três anos consecutivos de taxas de juros restritivas, com uma Selic que encerra 2022 nos atuais 13,75% para recuar a 12%, no fim de 2023, e a 9% em 2024.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A política fiscal mais importante no momento é a vacinação, disse nesta terça-feira, 6, o ministro da Economia, Paulo Guedes, em evento promovido pelo Itaú. Ele destacou que a atividade econômica deve sofrer uma queda novamente, devido à nova onda da pandemia de covid-19, mas menor e mais breve do que o observado em 2020.

A reação do governo, defendeu o ministro, precisa ser via incremento da vacinação. Segundo ele, essa é a ação com maior retorno econômico e de saúde no momento, em vez de elevar dramaticamente os gastos públicos.

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No ano passado, o governo gastou quase R$ 600 bilhões extras para combater a pandemia de covid-19. Neste ano, já estão autorizados R$ 44 bilhões para a nova rodada do auxílio emergencial, além de haver a previsão de R$ 9,8 bilhões para o programa que permite redução de jornada e salário ou suspensão de contrato de trabalhadores.

O governo também tem reaberto créditos extraordinários do ano passado para aplicar recursos contra a covid-19, ou aberto novos em favor da saúde.

No evento, voltado a investidores internacionais, Guedes destacou que o governo quer prosseguir com reformas estruturais e reafirmou o compromisso com a reabertura da economia. Hoje, segundo ele, quase metade das trocas do Brasil são com "a área mais dinâmica do mundo", em referência à Ásia.

O ministro citou recente decisão do governo de cortar 10% das tarifas de importação sobre eletrônicos e bens de capital. Segundo ele, esse movimento acaba pressionando o Mercosul a adotar a mesma medida na Tarifa Externa Comum (TEC). "Também temos feito movimentos unilaterais (de abertura econômica)", disse.

Guedes reafirmou ainda que a recuperação da economia precisa vir do setor privado e que o governo segue comprometido com grandes reformas estruturais, como a administrativa e a tributária. "Estamos trabalhando duro para derrubar a dívida/PIB novamente", afirmou.

O ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) Vito Tanzi afirmou nesta sexta-feira (7) que "há claros e crescentes sinais" de que o governo, nos últimos quatro anos, adotou uma política fiscal sombra - uma tradução livre do conceito "shadow fiscal policy".

Em resumo, trata-se do uso de gestão das contas públicas de forma pouco transparente, a exemplo do que aconteceu com a estrutura "shadow banking", uma das razões da implosão dos bancos de investimento nos EUA em 2008. "Isto está ocorrendo sim, no Brasil. Veja o que acontece em algumas áreas, como no caso da Petrobras", afirmou Tanzi em palestra, ao ser questionado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

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"A política fiscal transparente é aquela que administra despesas e receitas de acordo com o previsto no Orçamento", comentou Tanzi. Segundo ele, a gestão das despesas e a arrecadação do governo, que inspiram muitas dúvidas nos agentes econômicos, tendem a trazer impactos negativos sobre os investimentos do setor privado.

"Não podemos ser puristas sobre a gestão fiscal", destacou, sugerindo que ações discricionárias do Poder Executivo normalmente ocorrem nesta área. "Contudo, se eu pudesse recomendar algo ao governo, seria o seguinte: evite ao máximo a política fiscal sombra", afirmou, olhando para o Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcio Holland. Os dois participam de evento realizado pela FGV Projetos, em São Paulo.

O ex-governador de Pernambuco e pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, defendeu nesta sexta-feira (2), no Fórum Empresarial de Comandatuba, na Bahia, a instalação de um conselho de política fiscal para averiguar os dados do governo e acabar com a chamada "contabilidade criativa", que, segundo a oposição, foi um instrumento utilizado pela equipe econômica da presidente Dilma Rousseff para maquiar os gastos públicos.

"A autonomia do Banco Central é importante, mas, além da política monetária, é fundamental o estabelecimento de uma política fiscal coerente e, para isso, é preciso que haja transparência nos números, e que a criatividade seja para tornar transparentes os números do País", frisou.

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Segundo o ex-governador, "transparência não é apenas divulgar os dados, mas ter o exercício do controle social." E argumentou que o conselho de política fiscal é importante para esta finalidade. Segundo ele, a Lei de Responsabilidade Fiscal já prevê um conselho de política fiscal que possa ter a expressão da sociedade brasileira acompanhando os números do governo.

"Às vezes, se faz um benefício para um determinado setor, por mais importante que ele seja, mas aquele benefício significa um sacrifício para o conjunto da sociedade brasileira. Portanto, dois instrumentos importantes para a retomada do ambiente macroeconômico são a independência do Banco Central e a transparência nos números fiscais. "E o conselho é fundamental para fazer este acompanhamento, independentemente de quem esteja no governo, para garantir que a cidadania brasileira acompanhe esses números."

Campos destacou que o conselho acompanharia as decisões de governo, com os debates sobre esses temas. Contudo, não delibera, apenas faz uma regulação de qualidade do gasto fiscal do Brasil, das políticas públicas brasileiras. "Uma parte deste acompanhamento já é feita pelo Tribunal de Contas da União e pela Procuradoria, mas é preciso avançar mais, na governança macroeconômica do Brasil."

A uma semana do Fórum Econômico Mundial de Davos e depois do aperto nos juros mais forte pelo Banco Central, o ministro em exercício da Fazenda, Dyogo Oliveira, mandou um recado claro para os críticos da política fiscal: o governo vai ser duro no controle de gastos e obter resultados fiscais muito melhores no primeiro semestre deste ano.

Escalado para falar sobre a estratégia da área econômica para as contas públicas, Oliveira afirmou à reportagem que a política fiscal em 2014 será marcada por uma sequência de resultados positivos, que vai começar a organizar as expectativas e reduzir críticas. O governo vai segurar o lançamento de novas despesas e projetos. A chave para evitar o aumento dos gastos será "dizer não".

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Número 2 no comando do Ministério da Fazenda, Oliveira antecipou que os dados de janeiro até quarta-feira (15) mostram uma arrecadação de impostos e contribuições federais acima do esperado pelo governo. "A reversão dessas expectativas negativas da política fiscal virá do resultado que vamos apresentar", disse ele.

Além da suspensão de novas despesas e do aumento da arrecadação, o governo colocou na geladeira novas desonerações. "Só vamos retomá-las quando estiver sobrando dinheiro", garantiu. E, em meio à pressão do mercado em torno da condução da política fiscal na virada do ano, o ministro interino fez um mea culpa. "Em muito casos, há falta de comunicação do governo a respeito das matérias que afetam o resultado", admitiu. Ele também ponderou que há críticas com base em análises precipitadas e que mereceriam um pouco mais de atenção.

Gastos

Oliveira disse que é preciso levar em consideração a redução do ritmo de crescimento das despesas, acrescentando que os gastos cresceram, em média, 5,2% entre 2010 e 2013, enquanto as receitas primárias aumentaram 5,7%.

Entre 2002 e 2013, a média de crescimento das despesas foi de 9,9%, ante uma expansão de 9,1% das receitas. "O que é importante para analisar a qualidade da política fiscal é a comparação entre o crescimento das despesas totais e das receitas", afirmou.

Em resposta ao represamento de despesas no fim do ano passado, Oliveira assegurou que não haverá pressão adicional nas contas deste ano por causa desses gastos ainda a serem pagos. "As despesas que forem pagas em 2014 estarão dentro do limite financeiro que nós vamos fixar", afirmou.

O limite estará fixado em um decreto que será divulgado em fevereiro, junto com a meta fiscal para o ano. Oliveira faz mistério: "Não vou antecipar, mas estou dizendo as variáveis que favorecem o resultado fiscal em 2014. É a continuidade das despesas nesse sistema de controle e, do outro lado, uma arrecadação que virá melhor por vários fatores". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em meio a especulações sobre mudanças na política fiscal, após o resultado surpreendentemente ruim das contas públicas em setembro, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que não haverá alteração na política fiscal em 2014, que "já está definida". E rejeitou ideias que tragam como resultado uma "austeridade excessiva".

Pelo contrário, ela defendeu as medidas de cortes de impostos adotadas pelo governo, mesmo considerando que ajudaram a reduzir o resultado das contas públicas. "Adotamos uma política de desoneração tributária para defender a indústria nacional que foi importante, fez com que o Brasil não tivesse desemprego no período de crise."

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"A política fiscal é um instrumento econômico dinâmico, não burocrático", disse. "Querer que o resultado fiscal seja sempre igual não é inteligente, considerando que é preciso dar resposta à crise." Na sua avaliação, o instrumental do governo tem sido eficiente para manter as despesas sob controle. Ela disse que as despesas com pessoal estão contidas e os gastos com custeio caíram de 0,9% do PIB para 0,8% do PIB. Além disso, a dívida líquida do governo está em queda, disse.

O governo sofre críticas desde a semana passada, quando divulgou o déficit recorde de R$ 9,04 bilhões em setembro, o pior da história para o mês. No ano, a economia do governo para pagamento de juros da dívida caiu quase à metade em relação a 2012 e analistas questionam o controle sobre as despesas.

Crescimento

"Onde está o descontrole?", questionou. Lembrada de que a receita vem tendo desempenho abaixo do esperado e o déficit da Previdência tem sido maior do que o projetado, ela disse que esse dados estão relacionados a um crescimento mais baixo, em que a política fiscal diminui os efeitos negativos sobre a economia.

Segundo Gleisi, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o projeto de Lei Orçamentária Anual definem que a meta das contas públicas em 2014 é um superávit primário equivalente a 3,1% do PIB, com a possibilidade de abatimento de até R$ 67 bilhões, dos quais o governo pretende usar R$ 58 bilhões. Abatendo os R$ 58 bilhões, o primário chegaria a 2% do PIB. "Isso é cristalino e ninguém será pego de surpresa." Ela defendeu uma condução da política fiscal na linha do que vêm fazendo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.

Gleisi afastou-se da proposta do ex-secretário executivo da Fazenda Nelson Barbosa, de um sistema de bandas de resultado primário. Pela proposta, o governo miraria o resultado das contas públicas numa banda entre 1,5% do PIB e 2,5% do PIB, e adotaria um conjunto de medidas para controlar o crescimento das despesas. Mantega e Augustin dizem que o governo já pratica um sistema de bandas. "Defendo a política fiscal atual", afirmou Gleisi. "Não estou me opondo ao ministro ou ao Ministério da Fazenda." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Brasil vive uma armadilha do baixo crescimento, mas sua evolução não desanda porque tem instituições fortes que inibem a continuidade de políticas populistas e incompetentes, comentou o ex-ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega, nesta terça-feira, 29.

"O País tem uma desastrada política fiscal que esconde os excessos e mina a credibilidade", destacou. "Há uma ação sinistra do ministério da Fazenda e do Tesouro nessa área. Contudo, dificilmente o Brasil vai ter um calote da dívida pública. E não deve gerar insolvência."

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Segundo Mailson da Nóbrega, o grande risco do País não é voltar ao passado de autoritarismo, o que para ele é uma hipótese praticamente afastada. "O risco do Brasil é perder oportunidades. É crescer pouco. Crescendo a 2% ao ano, o PIB do País quadruplicará em 72 anos. Se crescêssemos 6% ao ano, isso poderia ocorrer em uma geração", destacou.

"O Brasil deu certo, mas precisa enfrentar os desafios da mediocridade. O desafio é como crescer, de forma sustentável e com boa gestão fiscal e combate à inflação", ponderou. Ele fez os comentários na abertura de um seminário realizados pela consultoria Tendências.

Mesmo se aproximando de correligionários do governo federal como o senador Humberto Costa (PT) e o deputado federal João Paulo (PT), o senador Armando Monteiro (PT) aponta falhas no cenário econômico do País, governado por Dilma Rousseff (PT). Durante entrevista para o canal radiofônico do próprio PTB, ele comentou a expectativa de aumento no preço dos combustíveis e falou sobre alguns projetos do governo.

Para o petebista a atual situação da economia no Brasil é algo preocupante, principalmente em virtude da inflamação. “Eu acho que nós temos um cenário que preocupa, porque como temos já falado, há uma combinação de baixo crescimento com uma inflamação que ainda é desconfortável. Temos muito o que fazer: o governo e o congresso, sobretudo para  implementar uma agenda de reformas”, avaliou.

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Sobre a expectativa de um possível aumento no valor dos combustíveis, Monteiro sugeriu uma combinação de preços por meio da Petrobrás. “A Petrobras foi conduzida há uma situação delicada, a uma defasagem muito grande de preço, e é importante que ela possa estar preservando a sua capacidade de investimento porque grande parte do programa do pré-sal depende da capacidade de investimentos da Petrobrás. Se ela não tiver preços minimamente remuneradores, ela não poderá bancar esse grande programa de investimentos. Portanto, é combinar uma correção dos preços sem que impacte muito a inflação”, recomendou.

Projetos federais – Outro aspecto abordado pelo senador foi os programas do governo federal. Alguns tiveram sua aprovação, mas ele também apontou melhorias em algumas áreas. “Eu acho que o Mais Médico está certo. Ampliar o esforço na área de qualificação profissional como o Pronatec é algo que está na direção correta. Portanto, há programas do governo federal que devem ser apoiados, mas há também a necessidade de reorientar algumas políticas, principalmente a política fiscal e é preciso também urgenciar os projetos na área de infraestrutura”, aferiu Monteiro.

No final dos anos 1990 e ao longo da década seguinte, o superávit primário era o principal termômetro da saúde financeira do País. Dado pela diferença entre receitas e despesas do governo, exceto os gastos com juros da dívida, ele era a principal medida sobre a capacidade do País de honrar seus compromissos financeiros, o que não era pouca coisa numa época em que o Brasil dependeu de recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) para fechar suas contas. Mas, distorcido pela contabilidade criativa do governo, o superávit primário vive hoje dias de desprestígio.

Pesquisa informal feita há alguns dias durante reunião onde havia 30 economistas-chefes de bancos mostrou que apenas quatro ou cinco ainda olham o dado com atenção. Na maior parte dos casos, as instituições mantêm o registro, mas encontraram outras formas para acompanhar a política fiscal.

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A despeito disso, o governo se esfalfou durante um mês para definir um corte de R$ 10 bilhões no Orçamento de 2013, de forma a atingir um saldo de R$ 110,9 bilhões em dezembro, o equivalente a 2,3% do PIB. O corte, formado basicamente pelo adiamento de despesas obrigatórias, foi mal recebido pelos economistas privados, o que não surpreendeu o governo.

No passado, quando o saldo primário era acompanhado com lupa, ele tinha o poder de influenciar as expectativas, ou seja, seu aumento ou redução era levado em conta nas projeções sobre o comportamento da economia. Hoje, esse alcance está muito limitado.

"É um primário que não serve para nada", diz o economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero, que não estava na tal reunião. Ele próprio encontrou outra forma de acompanhar o desempenho das contas públicas. Em vez do saldo primário, ele analisa principalmente o comportamento das despesas.

Credibilidade

Esse método, explica o economista, permite acompanhar os efeitos da política fiscal sobre a atividade econômica e a inflação. Não serve para a finalidade clássica do superávit primário, que é a capacidade de pagamento da dívida. Esse tema não é foco de preocupação muito grande por parte dos analistas. Há quem olhe com nervosismo a evolução da dívida bruta, mas o tema não é tratado como algo gravíssimo.

"Olhando o quadro consolidado, a situação fiscal do Brasil não é descontrolada", diz o professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, Antonio Corrêa de Lacerda. "Mas o governo paga um preço de pouca credibilidade por causa da contabilidade criativa." Ele avalia que as medidas nessa área são "mal realizadas e pessimamente comunicadas."

A consultoria Tendências criou um cálculo próprio do saldo das contas públicas, o Primário Efetivo Tendências (PET). Ele procura "limpar" o resultado dos efeitos da contabilidade criativa. Por exemplo: não considera, no lado das receitas, os dividendos. E, do lado das despesas, desconta os gastos com subsídios. Em maio, o PET mediu 1,25% do PIB, ante 1,95% do PIB do resultado oficial. A diferença é de R$ 31,8 bilhões, diz o economista Felipe Salto, da consultoria. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O governo federal teme que uma bomba-relógio esteja prestes a explodir nas contas públicas. A ameaça de parlamentares da base aliada, notadamente do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de derrubar os vetos da presidente Dilma Rousseff nos projetos que detalham os repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE), causa calafrios na equipe econômica.

Ao sancionar os novos critérios de repasse dos quase R$ 50 bilhões do FPE aos 26 Estados e Distrito Federal, a presidente vetou emenda que obrigaria o governo federal a suprir o FPE com os recursos que deixariam de entrar com a queda de arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

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Explicando: o FPE é formado por 21,5% de tudo o que o governo arrecada com IPI e Imposto de Renda (IR), que depois é transferido aos Estados. Sempre que o governo usa o IPI para estimular setores específicos - como ocorre, desde 2008, com a indústria automobilística, de eletrodomésticos da linha branca e com os fabricantes de materiais de construção -, a arrecadação do IPI diminui. Com isso, o repasse do FPE também fica reduzido. A emenda foi aprovada no Congresso justamente para forçar o Executivo a manter o volume do FPE, mesmo quando a arrecadação do IPI cai.

O governo vai perder duas vezes, caso esse veto seja revogado pelos parlamentares. Ao reduzir a alíquota do IPI para a indústria ser estimulada a produzir e contratar trabalhadores, o governo abre mão de arrecadação e, por isso, transfere menos recursos a Estados e municípios. Mas, se for forçado a arcar com a diferença, terá de retirar dinheiro de outras áreas para continuar repassando aos Estados a mesma quantia. "Isso seria terrível", resume um auxiliar da presidente.

Um cálculo inicial feito pela equipe econômica estima em cerca de R$ 15 bilhões anuais os gastos que o governo terá caso seja obrigado a repor as perdas do FPE geradas pela desoneração de IPI para a indústria. Por isso, o Tesouro já acionou os secretários de Fazenda para que procurem os senadores e deputados de seus Estados para evitar que o veto seja derrubado. Com as novas regras, o Congresso precisa se posicionar sobre todo e qualquer veto presidencial dentro de 30 dias - o primeiro veto que será analisado nesse novo modelo será justamente o referente ao repasse do FPE.

A bomba-relógio no Legislativo também envolve a derrubada de um eventual veto da presidente ao projeto que elimina a multa de 10% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), paga pelos empregadores. O Congresso derrubou a cobrança na semana passada. Segundo a equipe econômica, se um eventual veto de Dilma a essa lei for derrubado, os cofres federais podem perder cerca de R$ 3 bilhões anuais.

O déficit nominal, isto é, a diferença entre o que o governo federal arrecada e o que ele gasta, pode ser zerado em quatro anos. Segundo estimativas da equipe econômica obtidas pelo jornal O estado de S. Paulo, a marca pode ser atingida no fim de 2017, caso o governo cumpra neste ano uma economia de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para pagamento dos juros da dívida pública, o chamado superávit primário, e de 3,1% do PIB a partir de 2014.

No ano passado, as despesas totais do governo, incluindo os gastos com encargos e juros da dívida, superaram as receitas em 2,4% do PIB. Esse déficit nominal, que chegou a ser de 5,2% do PIB em 2003, pode ser reduzido por dois caminhos: por meio de uma economia maior para pagar os juros, isto é, com o cumprimento efetivo, sem nenhuma manobra, do superávit primário, ou simplesmente via maior crescimento econômico.

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Em 2012, tanto a economia para o superávit primário quanto o desempenho do PIB foram fracos, por isso a queda do déficit nominal, que fora de 2,6% do PIB em 2011, foi menor.

Nas contas dos técnicos, uma combinação entre a meta fiscal de 3,1% do PIB e um crescimento econômico anual de 4% entre 2014 e 2017 será capaz de zerar esse déficit nominal. Sem déficit, o governo poderia, também, abandonar o superávit primário - cenário desejado pela presidente Dilma Rousseff.

Cenário

No início do ano passado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a dizer que era "exequível" zerar o déficit nominal em "poucos anos". Naquele momento, Mantega tinha em sua mesa um cenário do Tesouro Nacional que levava em conta o cumprimento da meta de 3,1% do PIB de superávit primário todos os anos - ritmo que permitiria atingir o déficit zero em 2016.

Esse cronograma foi abandonado quando a arrecadação de impostos começou a perder força, a partir de maio de 2012, e o governo realizou uma série de manobras fiscais para cumprir a meta do ano passado.

O superávit primário efetivo de 2012 foi próximo a 1,3% do PIB, segundo estimativa do Itaú Unibanco. Diante do menor esforço fiscal, o objetivo de zerar o déficit nominal ficou mais distante.

Ceticismo

O mercado financeiro tem visto com ceticismo a condução da política fiscal do governo desde meados do ano passado, quando ficou claro que a meta de superávit primário dificilmente seria cumprida, mas Guido Mantega e o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, continuaram sustentando que a meta seria atingida.

As críticas às manobras fiscais para fechar as contas foram grandes, e o governo resolveu que, em 2013, deixaria o "jogo mais claro", como definiu um técnico da área econômica a estratégia adotada. O governo já admitiu que a meta deste ano só será atingida com os abatimentos previstos em lei - que, em 2013, podem ser de até R$ 65,2 bilhões.

O cenário de contas públicas trabalhado nos bastidores pela equipe econômica leva justamente isso em conta. O esforço fiscal esperado para 2013 é de apenas 2% do PIB. Mas os técnicos apontam que, para zerar o déficit dentro de quatro anos, será preciso voltar a cumprir a meta cheia a partir do ano que vem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de registrar um surpreendente superávit de R$ 30,251 bilhões em janeiro e um déficit primário de R$ 3,03 bilhões em fevereiro, o setor público consolidado (Governo Central, governo regionais e empresas estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) registrou um superávit primário de R$ 3,5 bilhões em março. O dado ficou acima da mediana de R$ 3,050 bilhões obtida pelas estimativas colhidas pelo AE Projeções com analistas do mercado financeiro. O intervalo variava de superávit de R$ 2 bilhões a R$ 6,1 bilhões.

Segundo o BC, a maior parte do superávit do mês passado foi gerada pelos governos regionais, que contribuíram com um superávit de R$ 2,143 bilhões. O Governo Central encerrou o período com saldo positivo de R$ 1,059 bilhão e as empresas estatais tiveram um superávit de R$ 298 milhões.

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O BC informou também que no primeiro trimestre do ano o superávit primário do setor público é de R$ 30,720 bilhões, o equivalente a 2,72% do Produto Interno Bruto (PIB). Em igual período do ano passado, essa fatia estava em 4,45% do PIB. No acumulado de 12 meses até março, o saldo é de R$ 89,699 bilhões. Este ano, o compromisso do governo é de economizar R$ 155,9 bilhões para pagar os juros da dívida.

Juros

O setor público consolidado gastou R$ 19,359 bilhões em março com juros reais, uma ligeira queda em relação ao gasto de R$ 20,251 bilhões de fevereiro deste ano e também em relação aos R$ 21,037 bilhões de março de 2012. O governo central teve no mês passado um gasto com juros de R$ 15,413 bilhões. Já os governos regionais registraram uma despesa de R$ 3,762 bilhões e as empresas estatais, de R$ 184 milhões.

No acumulado do ano, o gasto com juros do setor público consolidado soma R$ 62,259 bilhões, equivalentes a 5,51% do PIB. O gasto com juros em 2013 está acima do verificado no mesmo período de 2012 em termos nominais (R$ 58,968 bilhões). Nos últimos 12 meses encerrados em março, a despesa chega a R$ 217,154 bilhões, ou 4,83% do PIB.

Déficit nominal

Em março, o déficit nominal do setor público consolidado atingiu R$ 15,859 bilhões, recuo em relação a fevereiro, mês em que o déficit foi de R$ 23,282 bilhões. Em março do ano passado, o resultado foi negativo em R$ 10,595 bilhões.

No mês passado, o governo central registrou déficit nominal de R$ 14,353 bilhões, enquanto os governos regionais tiveram déficit de R$ 1,619 bilhão. Já as empresas estatais registraram superávit nominal no período, de R$ 113 milhões.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, disse que o superávit do setor público consolidado de R$ 3,5 bilhões em março e de R$ 30,720 bilhões no primeiro trimestre do ano são os piores para o mês e para o acumulado do ano desde 2010. Naquele ano, houve um déficit de R$ 159 milhões em março e um superávit acumulado de R$ 19,1 bilhões no trimestre.

"O superávit de março é melhor do que o de fevereiro, como era esperado, mas ficou abaixo de março do ano passado, o que também foi repetido no quadro do trimestre", considerou o técnico. No terceiro mês de 2012, o superávit primário foi de R$ 10,442 bilhões.

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Maciel enfatizou que o resultado primário tem de ser visto à luz das desonerações feitas, principalmente, em 2012 e também da defasagem da recuperação das receitas da arrecadação relativamente à atividade econômica. "Há uma defasagem em relação à atividade econômica. As receitas são relativas aos últimos meses, só que com alguma defasagem. São os dois principais fatores que explicam o desempenho primário deste ano".

Maciel ressaltou que o crescimento nas despesas nominais com juros do setor público, entre o primeiro trimestre de 2012 e o de 2013, foi de 5,6%. Em 12 meses, as despesas com juros de 4,83% do Produto Interno Bruto (PIB) são as menores da série histórica. "Isso reflete, em grande parte, a redução da taxa básica no último ano", afirmou. Ele lembrou que a projeção para o fim de 2013 é de 4,5% do PIB. "A tendência é de que isso continue declinando ao longo deste ano".

A principal fonte de discrepância entre o resultado fiscal do governo central divulgado na segunda-feira, 29, pelo Tesouro Nacional e o número apurado pelo BC são operações de final de período, segundo Maciel. Na segunda-feira, 29, o Tesouro informou que Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central registraram superávit primário de R$ 285,7 milhões no mês passado. Pelas estatísticas da autoridade monetária, o resultado ficou positivo em R$ 1,059 bilhão.

"Algumas operações eles contabilizaram no dia 31 de um mês e aqui ela é contabilizada no dia 1º do mês seguinte", afirmou. "Nem tudo o que sensibiliza a apuração acima da linha, do Tesouro, sensibiliza as estatísticas do BC, que têm como fonte informações do sistema financeiro." Maciel destacou que, em janeiro e fevereiro, o resultado divulgado pelo Tesouro foi maior que o verificado nas estatísticas do BC.

Depois de registrar um surpreendente superávit de R$ 30,251 bilhões em janeiro e um déficit primário de R$ 3,03 bilhões em fevereiro, o setor público consolidado (Governo Central, governo regionais e empresas estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) registrou um superávit primário de R$ 3,5 bilhões em março. O dado ficou acima da mediana de R$ 3,050 bilhões obtida pelas estimativas colhidas pelo AE Projeções com analistas do mercado financeiro. O intervalo variava de superávit de R$ 2 bilhões a R$ 6,1 bilhões.

Segundo o BC, a maior parte do superávit do mês passado foi gerada pelos governos regionais, que contribuíram com um superávit de R$ 2,143 bilhões. O Governo Central encerrou o período com saldo positivo de R$ 1,059 bilhão e as empresas estatais tiveram um superávit de R$ 298 milhões.

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O BC informou também que no primeiro trimestre do ano o superávit primário do setor público é de R$ 30,720 bilhões, o equivalente a 2,72% do Produto Interno Bruto (PIB). Em igual período do ano passado, essa fatia estava em 4,45% do PIB. No acumulado de 12 meses até março, o saldo é de R$ 89,699 bilhões. Este ano, o compromisso do governo é de economizar R$ 155,9 bilhões para pagar os juros da dívida.

Juros

O setor público consolidado gastou R$ 19,359 bilhões em março com juros reais, uma ligeira queda em relação ao gasto de R$ 20,251 bilhões de fevereiro deste ano e também em relação aos R$ 21,037 bilhões de março de 2012. O governo central teve no mês passado um gasto com juros de R$ 15,413 bilhões. Já os governos regionais registraram uma despesa de R$ 3,762 bilhões e as empresas estatais, de R$ 184 milhões.

No acumulado do ano, o gasto com juros do setor público consolidado soma R$ 62,259 bilhões, equivalentes a 5,51% do PIB. O gasto com juros em 2013 está acima do verificado no mesmo período de 2012 em termos nominais (R$ 58,968 bilhões). Nos últimos 12 meses encerrados em março, a despesa chega a R$ 217,154 bilhões, ou 4,83% do PIB.

Déficit nominal

Em março, o déficit nominal do setor público consolidado atingiu R$ 15,859 bilhões, recuo em relação a fevereiro, mês em que o déficit foi de R$ 23,282 bilhões. Em março do ano passado, o resultado foi negativo em R$ 10,595 bilhões.

No mês passado, o governo central registrou déficit nominal de R$ 14,353 bilhões, enquanto os governos regionais tiveram déficit de R$ 1,619 bilhão. Já as empresas estatais registraram superávit nominal no período, de R$ 113 milhões.

Com o volume maior de desonerações tributárias e a recuperação ainda lenta da arrecadação, o governo fez as contas e já sabe de antemão que não conseguirá cumprir a meta fiscal prevista para 2013. A margem de R$ 65 bilhões estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o abatimento da meta de superávit primário das contas do setor público será insuficiente para o cumprimento da meta fiscal de R$ 155,9 bilhões. A deterioração das contas públicas antecipou a discussão de mudanças na política fiscal para este ano.

Cálculos preliminares, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, apontam que o superávit do setor público nas condições atuais pode fechar o ano em cerca de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), bem abaixo dos 3,1% do PIB, que é o equivalente da meta em porcentual. O problema para o governo é que o dispositivo da LDO que permite o abatimento de R$ 65 bilhões só garante uma meta fiscal de até 1,8% do PIB. Ou seja, passados menos de quatro meses do ano, estariam faltando cerca de 0,3 ponto porcentual do PIB, o equivalente a aproximadamente R$ 13,8 bilhões. Pela LDO, o governo pode abater as despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de desonerações de impostos, mas não determina um limite fixo.

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Segundo uma fonte do Ministério da Fazenda, esse quadro de piora das contas públicas apressou o debate no governo de nova estratégia a ser adotada até o final do ano. Em discussão está a possibilidade de redução pontual da meta ou a adoção de uma mudança mais estrutural da política fiscal. Depois das manobras contábeis adotadas nos últimos dias de 2012 para o cumprimento da meta fiscal, que acabaram por desgastar o governo, o Ministério da Fazenda não se encontra mais em posição confortável de repetir em 2013 o modelo da chamada "contabilidade criativa" para fechar as contas. As manobras contábeis, que levaram o governo a fazer uma série de operações financeiras para aumentar as suas receitas, minaram a credibilidade da política fiscal brasileira e colocaram em xeque o seu impacto para a economia. Além disso, a avaliação é que dificilmente o Tesouro conseguiria.

Banda

O secretário do Tesouro, Arno Augustin, já defendeu internamente a redução da meta, com a diminuição do esforço fiscal previsto para Estados e municípios. Mas na equipe econômica, há quem defenda uma mudança mais estrutural, com vinculação do superávit ao ciclo econômico. Uma das possibilidades é criar uma banda para a meta de superávit de acordo com a evolução do PIB, como já ocorre com a meta de inflação e com o reajuste do salário mínimo.

A proposta de uma alteração mais profunda na política fiscal pode sair fortalecida porque o governo já anunciou a intenção de continuar com as desonerações tributárias. A opção de uma redução simples na meta é vista apenas como uma medida emergencial, que não resolve o problema para 2014, ano de eleições presidenciais e quando o governo já anunciou que vai continuar com a política de cortes de tributos. A reforma no PIS e Cofins, já anunciada pela presidente Dilma Rousseff, custará cerca de R$ 20 bilhões e é preciso encontrar espaço fiscal para a sua implementação no ano que vem. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já enviou ao Congresso Medida Provisória que amplia a desoneração da folha de pagamentos para novos setores. "O cobertor ficou mais curto e não dá mais para adotar medidas emergenciais", disse um integrante do governo que participa das negociações.

Copom

Às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), as discussões sobre a política fiscal têm poder de influenciar ainda mais as expectativas em torno do comportamento da inflação. Embora o Banco Central tenha admitido nos seus documentos oficiais que não conta mais com o cumprimento da meta de superávit integral de superávit na suas projeções para o IPCA , o desconforto com a política fiscal expansionista tem sido cada vez maior neste momento de pressão inflacionária e tentativa de coordenação das expectativas.

A China tem espaço significativo para fazer ajustes na política macroeconômica e seu crescimento econômico continua forte, disse o vice-ministro de Finanças do país, Wang Jun, de acordo com a edição de sábado do jornal estatal Securities Times.

Embora esteja enfrentando vários desafios, a expansão econômica da China segue estável e tem muito potencial, informou Wang à publicação, referindo-se aos indícios positivos nos últimos meses, como o aumento estável do consumo, uma elevação da receita fiscal e a queda na inflação.

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A China continuará implementando uma política fiscal ativa, além de melhorar a política estrutural de redução tributário, acrescentou o vice-ministro de Finanças, sem entrar em detalhes. As informações são da Dow Jones.

A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje, durante viagem a Pernambuco, que "começa a ver" a possibilidade de redução dos juros no Brasil. Questionada por jornalistas sobre a elevação em R$ 10 bilhões da meta de superávit fiscal - dinheiro economizado pelo governo para pagar os juros da dívida pública -, Dilma afirmou que manterá todos os investimentos, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Minha Casa, Minha Vida, as obras para a Copa do Mundo e os programas sociais.

"Esses R$ 10 bilhões decorrem do esforço que nós fizemos tanto no que se refere ao gasto de custeio como ao gasto de receita", explicou Dilma. "Nós preferimos utilizá-lo para abrir um novo caminho, além do caminho de aumentar o investimento. A partir deste momento, nós começamos a ver a possibilidade de redução dos juros no Brasil. Hoje, o Brasil pratica as mais altas taxas", acrescentou a presidenta, em entrevista a rádios locais ao chegar a Caruaru, no agreste pernambucano. Em seguida, ela seguiu para a cidade de Cupira, a cerca de 180 quilômetros da capital Recife.

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Segundo Dilma, um caminho para a queda dos juros e dos impostos está se abrindo. "Já começamos o programa como o Supersimples. Com ele, nós reduzimos os impostos e aumentamos o limite das rendas. Isso vai permitir que as pessoas, ao invés de declararem pelo imposto presumido, declarem pelo Supersimples, que reúne todos os impostos e os torna menores."

CRISE

A presidenta também defendeu cuidados com o mercado interno e os investimentos no País como uma defesa em relação à crise econômica internacional. "A melhor defesa contra a crise é o nosso mercado interno. É ele que permite ao País manter seus empregos e sua economia crescendo. A melhor defesa contra a crise é o crescimento, mas precisamos melhorar as condições, e o Brasil quer a diminuição dos impostos".

Dilma alertou sobre importações indesejadas. "Nosso mercado interno é um dos mais vigorosos. Se torna importante proteger esse mercado e garantir que não usem mecanismos desleais de preços para chegar ao País e destruir toda uma linha de produção", disse a presidente, alertando sobre o problema do consumo em baixa nos países ricos.

"Os países desenvolvidos prejudicam o Brasil, porque não têm onde colocar seus produtos, não têm consumidor consumindo e não têm emprego suficiente. Quando isso acontece nos Estados Unidos, União Europeia e Japão, somos invadidos por uma quantidade imensa de produtos baratos. Temos que ter consciência que devemos defender nossa indústria," disse, apontando como saída a redução dos impostos e a melhoria do crédito e das taxas de juros.

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu a senha de como será a ação do governo para o enfrentamento do agravamento da crise internacional: fortalecimento da situação fiscal. O ministro prometeu todos os meses um resultado fiscal melhor. "Prometo a cada mês uma surpresa no fiscal. Cada vez ter um resultado melhor, como já tivemos no mês passado, melhor do que todos esperavam", disse em entrevista no Palácio do Planalto, após reunião de coordenação com a presidente Dilma Rousseff.

O ministro disse que o governo vai fortalecer as empresas brasileiras. "O perigo não é no Brasil. O Brasil é um dos países que está melhor preparado para enfrentar essa crise".

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O grupo dos sete países mais ricos do mundo (G-7) está encontrando dificuldades para lidar com a nova turbulência internacional, na avaliação de Mantega. "O G-7 não está dando conta e é possível que o G-20 possa ajudar", disse. Segundo o ministro, apesar das dificuldades com fusos horários diferentes, representantes do G-20 estiveram em contato no fim de semana e o grupo está solidário aos acontecimentos internacionais.

Mantega disse que os ministros de Fazenda do G-20 continuarão em contato constante e que esses países estão preparados para tomar medidas necessárias em conjunto para recuperar a confiança na economia. "Ficaremos atentos e em comunicação permanente para divulgar medidas conjuntas", disse.

O ministro teme que, se a sangria das Bolsas continuar, isso vai ser traduzido em perda de riqueza. Como consequência, de acordo com ele, a nova situação faz com que o cidadão deixe de consumir e leva à recessão.

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