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O governo revisou mais uma vez para baixo a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. A expectativa agora é de que o PIB encerre o ano com retração de 1,49%, conforme informou nesta quarta-feira (22) o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 3º bimestre.

No último documento, apresentado em maio, o governo já havia revisto a previsão do PIB de -0,9% para -1,2%. A nova projeção está em linha com as previsões de mercado. De acordo com boletim Focus desta semana, a expectativa para a retração do PIB está em 1,7%.

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Outro parâmetro atualizado no relatório foi a previsão do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que passou de uma alta 8,26% para 9% em 2015. No boletim Focus divulgado na segunda-feira, 20, o mercado esperava uma elevação de 9,15%.

Com relação ao câmbio, o governo agora prevê que a taxa média do dólar em 2015 fique em R$ 3,07, contra R$ 3,08 apontados no último relatório. A previsão do Focus trazia nesta semana a previsão de R$ 3,09.

Receitas

A previsão de receitas do governo federal para 2015 caiu R$ 46,391 bilhões, de acordo com o relatório de receitas e despesas. Com a redução, o governo estima que vai arrecadar R$ 1,325 trilhão em 2015.

No relatório, o governo aumentou em R$ 292 milhões a previsão de transferências a Estados e municípios neste ano. A projeção é que esses repasses somem R$ 213,726 bilhões. Já a previsão de despesas obrigatórias subiu R$ 11,364 bilhões, somando R$ 871,960 bilhões neste ano.

Concessões

A previsão de ingresso de recursos no caixa do governo federal com concessões subiu de R$ 18,078 bilhões para R$ 18,251 bilhões. A nova projeção consta no relatório de avaliação de despesas e receitas do Orçamento da União deste ano.

A previsão de arrecadação com operações de ativos caiu de R$ 7,5 bilhões para R$ 3 bilhões. A estimativa de receitas com dividendos pagos pelas empresas estatais subiu de R$ 15,5 bilhões para R$ 17,042 bilhões.

No momento em que o governo discute a criação de uma banda para a meta de resultado das contas públicas, um estudo elaborado pela Consultoria de Orçamento da Câmara aponta que, com base no que foi observado nas contas da esfera federal de janeiro a abril deste ano, a meta deveria ser reduzida a algo próximo de zero para ser factível. O estudo indica que o resultado primário (que serve de referência para a meta e não leva em conta as despesas com juros) poderá ficar entre R$ 54,2 bilhões e R$ 68,1 bilhões menor do que o apontado pelo governo.

"Isso praticamente zera a meta do primário", disse o consultor José Fernando Cosentino Tavares, um dos autores do estudo. O objetivo do governo, previsto em lei, é encerrar o ano com um saldo positivo de R$ 66,3 bilhões nas contas de todo o setor público (União, Estados, municípios e empresas estatais). Desses, R$ 55,3 bilhões deverão ser alcançados pelo governo central, que é o objeto da análise.

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O trabalho indica que as projeções de receita estariam infladas em algo entre R$ 48,2 bilhões e R$ 60,1 bilhões. As despesas, subestimadas em algo entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões.

A "gordura" está concentrada nas receitas atípicas. O relatório apresentado em maio passado, que resultou num contingenciamento de R$ 69,9 bilhões, leva em conta uma arrecadação extraordinária de R$ 51 bilhões este ano. A estimativa anterior era de R$ 27,5 bilhões. O documento diz que essa elevação não guarda relação com qualquer parâmetro.

Para o período de maio a dezembro, são aguardados R$ 46,4 bilhões em receitas desse tipo, dos quais R$ 30,5 bilhões estão classificados como "outras receitas". Qual a origem delas, afirma o estudo, está "mal identificada".

A especulação, diz a nota dos consultores, é que essa cifra seria coberta com medidas em estudo no governo, como a venda de ações ou abertura de capital de subsidiárias de empresas estatais, entre elas a Caixa Seguros, a BR Distribuidora e o IRB.

"A cada dia, aparecem medidas diferentes", disse Cosentino. A proposta de taxar capital repatriado em 35%, exposta por Levy a um grupo de senadores na última quinta-feira, poderá trazer um reforço importante na arrecadação, observou.

O trabalho indica que as estimativas de receitas com concessões públicas estão exageradas em algo entre R$ 9,9 bilhões e R$ 11,8 bilhões. A principal causa da superestimativa é a inclusão de áreas de exploração de petróleo, uma vez que há um "desejo declarado" da Petrobras em adiar leilões. A principal causa seria a queda na cotação internacional do petróleo. A estimativa ainda leva em conta o leilão da loteria instantânea ("Raspadinha"). Ele está previsto para este mês, mas deverá ser adiado. Pelo lado das despesas, é esperada uma revisão para cima, por causa das derrotas sofridas pelo governo no Congresso Nacional.

De janeiro a maio, diz o estudo, o setor público conseguiu cumprir apenas 38,5% da meta fixada para o ano, graças ao desempenho de Estados e municípios. Mas, para chegar ao resultado prometido para o ano, seria necessário alcançar um superávit médio de R$ 7 bilhões ao mês, o que é "praticamente impossível". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em meio à deterioração dos indicadores econômicos, a conta do Palácio do Planalto na rede social Facebook trocou meta fiscal por PIB em postagem publicada no último sábado (11) afirmando que não foi cogitada uma "eventual redução da meta para o PIB deste ano, que segue sendo de 1,1%". Na verdade, o número corresponde à meta a ser perseguida para o superávit primário.

Este é o segundo equívoco da conta do Planalto no Facebook nos últimos dias. Na semana passada, foi utilizada a imagem do filme "Tempos modernos" para divulgar o Programa de Proteção ao Emprego. O clássico de Charlie Chaplin, lançado em 1936, é uma crítica contundente às péssimas condições de trabalho de operários, em um sistema industrial cada vez mais opressor e desumano. Depois de críticas disparadas pelos internautas, a foto acabou removida.

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As previsões do post do Planalto para o PIB deste ano são muito mais otimistas que as do mercado, que já espera retração de 1,5%, conforme divulgado nesta segunda-feira (13) no Relatório de Mercado Focus. O governo prevê oficialmente uma queda de 1,2%.

Judiciário - O post com a interpretação errada da fala de Dilma ainda se transformou num "muro de lamentações" de internautas, que aproveitaram a publicação para defender o reajuste dos servidores do Judiciário, mais uma bomba fiscal a ser desarmada pelo Planalto.

A mudança da meta fiscal de 2015 será levada para discussão nesta segunda-feira, 13, na reunião de coordenação política da presidente Dilma Rousseff, apesar de ela ter dito no sábado, em Milão, que trabalha para manter a meta em 1,1% do PIB. O governo tem até o próximo dia 22 para tomar uma decisão sobre o assunto - este é o prazo final para o envio ao Congresso de relatório bimestral do Orçamento.

"A posição do Executivo em relação à meta será discutida na reunião de coordenação política sob a liderança da presidente", disse o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), que integra o núcleo político do governo. A meta fiscal, ou de superávit primário, é a economia que o governo faz para pagamento de juros da dívida.

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A presidente vai receber da equipe econômica os cenários fiscais em jogo e a perspectiva de receitas extraordinárias com maiores chances de entrarem nos cofres do governo até o final do ano. Além da redução da meta de R$ 66,3 bilhões, ou 1,1% do PIB, a área econômica estuda criar uma banda de flutuação para o superávit primário entre 0,6% e 1,6%, num modelo parecido com as metas de inflação.

Abatimento

A proposta que fixa uma margem de tolerância para a meta fiscal ressuscita, na prática, o mecanismo usado até o ano passado que permitia o abatimento da meta das despesas com investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O abatimento funcionava com um "amortecedor" para administrar frustrações de arrecadação ou aumento de despesas inesperadas.

Os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento), quando definiram as metas para 2015, 2016 e 2017, acabaram com o abatimento. Foram fixadas metas chamadas "puras", com alvo fixo, para retomar a confiança na política fiscal.

"A banda é tudo de bom para todos", disse um integrante da equipe econômica. A vantagem é que ela permite administrar os riscos em torno do desempenho da arrecadação e das votações pelo Congresso.

Há cerca de dois meses, diante de pressões de parlamentares para que se fizessem concessões nas propostas do ajuste fiscal para que se pudesse aprová-lo em uma reunião da coordenação política, Levy e Barbosa avisaram que a meta não seria cumprida. De lá para cá, o governo faz "jogo de cena" em torno da mudança da meta. Mas o aval para a mudança já foi acertado por Levy com as lideranças políticas, o que envolveu o anúncio da proposta do senador Romero Jucá (PMDB-RR) de reduzir a meta para 0,4% do PIB.

A reunião de hoje deve deliberar sobre uma proposta um pouco mais alta do que a meta de Jucá. Segundo lideranças do Congresso que conversaram com Levy, ele trabalha por uma meta maior contando as receitas de medidas que foram e serão tomadas. Mas mesmo um valor em torno de 0,6% do PIB é considerado ambicioso pelos técnicos do governo. (Colaborou Lisandra Paraguassu) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deu aval para que parlamentares da base aliada deflagrassem a articulação política de mudança da meta de superávit primário das contas públicas. Levy indicou a senadores que concorda com uma redução da meta do atual 1,1% para 0,6%.

A expectativa é de que o ministro já dê uma primeira sinalização do quadro desafiador para o cumprimento fiscal durante o lançamento hoje de livro sobre a qualidade do gasto público. Levy dará uma entrevista coletiva depois do lançamento.

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Levy almoçou na segunda-feira, 22, com o senador Romero Jucá (PMDB-RR) para definir a estratégia de negociação com o Congresso Nacional. Romero foi incumbido pelo líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), para ajudar na criação das condições políticas para alterar a meta. Levy vai se encontrar nos próximos dias com o líder do governo do Senado, Delcídio Amaral (PT-MS).

A mudança da meta de 2015 terá de ser aprovada pelos parlamentares e o governo busca que esse processo seja o menos traumático possível diante do risco de rebaixamento da nota do Brasil pelas agências internacionais de classificação de risco. Levy tem procurado apoio, conforme revelou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, na semana passada, das agências de classificação para fazer a mudança.

A intenção dos parlamentares envolvidos na negociação é tentar mudar a meta o quanto antes, de preferência já em agosto para minimizar o custo político da mudança. "A gente vai ajudá-lo", admitiu, reservadamente, um senador da base. "O mercado aceita o superávit de 0,6%", disse outro senador. A avaliação é de que é melhor ter uma margem de manobra - com uma meta conservadora, mas com condições de cumpri-la - do que uma meta não factível.

Com mais um resultado negativo das contas do governo em maio, que será divulgado no fim do mês, a equipe do ministro discute a melhor forma de comunicar a alteração da meta.

O Broadcast apurou que Levy e os secretários do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, e da Receita Federal, Jorge Rachid, preparam essa sinalização sobre a situação fiscal diante do quadro de queda da arrecadação de tributos por conta da atividade econômica. A estratégia do trio é mostrar as dificuldades impostas pelo cenário atual e o esforço de correção da política fiscal.

Esforço fiscal

O presidente do Congresso, Renan Calheiros, admitiu ao Broadcast que não será fácil cumprir o esforço fiscal prometido. Renan foi o principal fiador da mudança na meta no ano passado, depois que o quadro de deterioração das contas públicas ficou evidente em seguida às eleições presidenciais. "Há uma leitura de que há uma dificuldade (para o cumprimento da meta)", disse Renan.

Para não correr o risco de o governo ter de lidar com um novo impasse em torno da meta até o fim do ano, os senadores defenderam publicamente uma meta mais baixa para 2015. Não haveria espaço para uma segundo mudança da meta, o que afetaria de vez a credibilidade da nova equipe econômica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Confrontado por senadores em audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não descartou a possibilidade de apresentar proposta para criar novos tributos. "Seria inadequado dizer que jamais trarei imposto novo", disse. O ministro ressaltou que o governo vem trabalhando com o reajuste de índices, e não com a criação de tributos.

Levy disse também que baixar tarifas externas é um "tópico interessante". A afirmação foi em resposta ao senador José Serra (PSDB-SP), que defendeu uma diminuição da importância dada ao Mercosul e investimento em acordos bilaterais com outros Países. "Diminuir o protecionismo externo é importante", disse.

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O ministro afirmou que é preciso parcimônia na adoção de medidas, como o programa de swap cambial do Banco Central. "Tudo que a gente dá com uma mão, acaba com o BC tirando com a outra", disse. "A gente precisa de muita disciplina com a mão esquerda, e eu sou canhoto", completou.

Responsabilidade Fiscal

Levy disse que o governo tem que continuar tomando todas as medidas permitidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para atingir a meta de superávit fiscal para este ano. A declaração foi dada após questionamentos de senadores sobre o déficit primário de R$ 7,3 bilhões em fevereiro.

Ele apontou que o projeto de mudança na desoneração da folha de pagamentos, que economizaria R$ 5 bilhões, deve agora levar a uma economia de R$ 3 bilhões, por conta da demora na aprovação. "Quanto maior a demora, maior o desafio para o cumprimento da meta", completou.

O ministro disse ainda que sempre é difícil reduzir despesas e que é necessário a atenção do Senado para não criar gastos permanentes. "Temos que estar sempre atentos para que não caiamos em uma armadilha fiscal que paralise, de criar gastos permanentes que diminuam as margens de manobra do governo", afirmou.

Levy alegou que não é capaz de dizer qual será a trajetória da inflação ou da Petrobras. "Me declaro mais incompetente do que outros antecessores e não consigo definir quando é que (a inflação) vai convergir. A questão da inflação está nas mãos de gente extremamente competente", completou. O ministro disse que o Banco Central está "remoçando" a equipe e elogiou o órgão.

"Mesmo situação complexa tem soluções. Exige coragem política e convencimento da sociedade", completou.

A situação fiscal do governo brasileiro anda tão ruim quanto enigmática. Diante do inesperado déficit primário em 2014 e da possibilidade de o Brasil encerrar 2015 com uma variação negativa do PIB, há quem acredite que a equipe econômica já tem argumentos para promover uma redução imediata da meta de superávit primário, de 1,2% do PIB. Uma outra parcela de economistas e especialistas em finanças públicas, no entanto, dizem que a meta é "imexível" neste momento e que, hoje, o sinal oriundo de uma redução deste valor seria "ruim".

Para o especialista em contas públicas, Mansueto Almeida, é dada a hora para a equipe econômica reduzir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB. "Mudar faz sentido porque a situação é muito pior do que há dois meses, quando a meta foi estipulada", diz o economista, que trabalhou na campanha de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República. "A meta foi criada quando a projeção para o PIB deste ano era perto de 1% e quando se esperava um superávit primário de R$ 10 bilhões (e não déficit). Só isso, já dá legitimidade para o governo revisar a meta para baixo", diz Almeida. Para ele, o déficit primário "é uma herança maldita que não se conserta em um ano".

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O consultor Raul Velloso discorda. Para ele, a meta é "imexível". "Em primeiro lugar, não dá para ter certeza que a meta não vai ser cumprida, porque o (ministro da Fazenda, Joaquim) Levy deve ter trabalhado com uma margem de manobra nas contas", afirma Velloso, argumentando que fazia isso quando trabalhou no governo federal.

Nos cálculos de Velloso, a equipe econômica conseguirá cumprir a meta fiscal se cortar em 0,1 ponto porcentual os gastos com previdência e assistência social; em 0,2 ponto porcentual as despesas com saúde e pessoal; e em 1,1 ponto porcentual o desembolso com investimentos e outras despesas correntes. Somando essa redução nas despesas com um aumento na arrecadação de 0,2 ponto porcentual, também estimado por Velloso, o governo conseguiria um superávit primário de 1,6% do PIB. Esse resultado seria, portanto, suficiente para compensar o déficit primário do governo central de quase 0,4% do PIB de 2014 e cumprir a meta de superávit de 1,2% do PIB.

Sobre as contas, Velloso faz uma ressalva: ele não considerou o impacto do racionamento de energia nem do rodízio de água. "Se acontecer, ele (Levy) vai cortar investimento, porque o ponto é que o cumprimento da meta é questão de vida ou morte", diz.

Apesar de achar "muito difícil" o cumprimento da meta fiscal, o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala, afirma que, "no momento, seria ruim" para a imagem do Levy reduzir a meta que ele mesmo anunciou no ano passado. A possibilidade, entretanto, pode se tornar uma necessidade no futuro. "Mais para frente e dependendo do cenário, poderemos caminhar para isso", diz Gala.

Gala afirma que "o otimismo com a nova equipe econômica (e com as medidas que foram sendo anunciadas ao longo de janeiro) está perdendo força". Isso acontece, principalmente, por causa da desaceleração da economia maior que o esperado, segundo o economista. No relatório de mercado divulgado nesta segunda-feira, os analistas de mercado passaram a prever crescimento zero para o PIB. Na semana passada, era de 0,03%. A título de comparação, no relatório de 5 de dezembro, a projeção era de 0,73%. "Os indicadores de confiança de janeiro vieram horríveis", diz Gala.

A preocupação com a falta de apoio político no Congresso é um ponto em que os economistas concordam. Na terça-feira, 10, a Câmara impôs mais uma derrota ao governo Dilma Rousseff ao concluir a votação da proposta de emenda à Constituição que torna obrigatório o pagamento das emendas parlamentares individuais, o chamado Orçamento impositivo. À primeira vista, o projeto poderá obrigar o governo a aumentar as despesas. Mas não é bem assim, dizem os especialistas em finanças públicas. "A proposta provoca mais um engessamento da gestão do que um aumento dos gastos", diz Almeida. Ele e Velloso afirmam que o governo poderia reduzir outras despesas para cumprir aquelas determinadas pelo chamado "orçamento impositivo".

Principal fiador da aprovação da mudança da meta fiscal, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), apresentou nesta quinta-feira, 11, à presidente Dilma Rousseff a "fatura" do PMDB do Senado na reforma ministerial para o próximo mandato da petista. Em conversa privada no início da noite, Renan defendeu que a bancada seja contemplada com dois ministérios de peso político.

São cobiçadas pelo PMDB do Senado pastas como Minas e Energia, Cidades, Integração Nacional, Transportes e Turismo. Os principais candidatos são os senadores Eduardo Braga (AM), no caso de Minas e Energia, e Eunício Oliveira (CE), se Dilma decidir entregar a Integração Nacional. Além de pleitear dois desses ministérios, a bancada aceitou o pedido da presidente de considerar a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), uma neófita na legenda, como uma terceira nomeação na cota do Senado.

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Na conversa, segundo relatos de cinco integrantes do PMDB ao Broadcast Político, Renan não apresentou a Dilma uma "lista" de ministeriáveis; ele apenas reafirmou que os senadores peemedebistas vão continuar apoiando Dilma em 2015. A avaliação de integrantes da cúpula da Câmara e do Senado é que as pastas que serão entregues precisam ter capilaridade e dar condições para que seus titulares tenham independência de atuação. Isso vale para a articulação com o Legislativo e também para a nomeação de cargos de escalão inferior dos ministérios, a chamada "porteira fechada".

A expectativa era de que a presidente anunciasse a participação do PMDB na Esplanada dos Ministérios nesta semana, depois da aprovação do projeto que alterou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano e permitiu, na prática, o abandono do cumprimento da meta de superávit primário (a economia que o governo faz para o pagamento dos serviços da dívida pública). O PMDB, dono da maior bancada no Senado e da segunda mais numerosa na Câmara, foi quem garantiu a votação da proposta em tempo exíguo.

Contudo, a maior dificuldade de Dilma é fechar o espaço do PMDB da Câmara. A bancada entrou em rota de colisão com o Palácio do Planalto desde que o líder do partido, Eduardo Cunha (RJ), comandou uma rebelião que imprimiu derrotas para o governo. A contragosto do Planalto, Cunha quer presidir a Câmara pelos próximos dois anos.

Reservadamente, os deputados afirmam que não querem ter uma participação menor do que a do Senado. Eles pretendem emplacar na reforma ministerial o atual presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), derrotado na disputa ao governo do Rio Grande do Norte e cotado para a Previdência, e um segundo nome com mandato no ano que vem - a maior aposta é o deputado Pedro Paulo (RJ), ex-secretário da Casa Civil da prefeitura do Rio de Janeiro.

O principal nó para a bancada é abrigar a indicação do vice-presidente e presidente do PMDB, Michel Temer, que quer manter na Esplanada o atual secretário de Aviação Civil, Moreira Franco, e tornar ministro o deputado Eliseu Padilha (RS), que atuou na coordenação do PMDB na campanha de Dilma, mas não disputou a reeleição.

Eduardo Cunha não aceita incluir Moreira Franco, seu desafeto, na cota da Câmara. Além do mais, a bancada na Casa considera que apadrinhar dois nomes de Temer seria dar poder excessivo ao vice-presidente, contestado em seu próprio partido. Ele e Dilma teriam um encontro hoje (11) para tentar fechar a fatia do PMDB no rearranjo dos ministérios, mas o "nó" fez com que a conversa fosse adiada e ainda não há previsão para retomá-la.

O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta terça-feira (9), que fará "esforços" para votar, até o final do ano, tanto a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) quanto o Orçamento para 2015. Caso a LDO não seja votada, a presidente Dilma Rousseff pode passar por um inédito "apagão orçamentário", no qual o governo ficaria impedido de realizar gastos como o pagamento de aposentadorias. "No que depender de mim, nós vamos votar", disse.

Contudo, Renan minimizou as consequências de não votar o Orçamento até o recesso parlamentar, marcado para começar em 23 de dezembro. "Quando não se vota o orçamento no período, você tem regras para suprir as dificuldades. Você libera o duodécimo. O País não vai parar", afirmou.

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Previsto na LDO, o duodécimo é a possibilidade de o governo ficar autorizado a gastar um doze avos do orçamento do ano anterior. Ou seja, se aprovar apenas a LDO, o governo teria uma forma de realizar despesas em 2015 independentemente da aprovação do orçamento do ano.

Os governistas já admitem que não será possível votar a matéria e afirmam que os esforços vão se concentrar em aprovar, ao menos, a LDO. "Se não votar o Orçamento, não haverá maiores problemas. A dificuldade maior é se nós não tivermos a votação da LDO. Aí o governo vai ter dificuldade em garantir o pagamento de várias das suas responsabilidades", disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

Segundo o relator da LDO de 2015, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), o seu parecer deve ser aprovado nesta quarta na Comissão Mista de Orçamento (CMO) e seguir para o plenário na próxima semana. Ele admite, porém, que a votação do Orçamento deve ficar para março.

Por lei, a LDO teria que ter sido aprovada até meados de julho, sendo pré-requisito para as férias parlamentares no meio do ano. Este ano, no entanto, os parlamentares entraram em "recesso branco" sem terem votado a matéria. Isso ocorreu porque a oposição obstruiu os trabalhos da Comissão Mista de Orçamento (CMO), impedindo o avanço da discussão.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), adiou para as 17 horas desta terça-feira, 09, a sessão do Congresso Nacional convocada para a conclusão da votação do projeto que altera a forma de cálculo do superávit primário (PLN 36/2014). O adiamento da sessão, inicialmente marcada para o meio-dia, provocou a imediata reação da oposição, principalmente do PSDB.

"A barganha continua. Com receio de falta de quórum, o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, transferiu a sessão programada para votar o PLN 36 que dá anistia a Dilma Roussef, das 12h para as 17h de hoje. É o vale tudo do Palácio do Planalto para livrar a presidente das penalidades por falta de cumprimento da lei orçamentária", disse o deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA), líder dos tucanos na Câmara dos Deputados, em sua página oficial no Facebook.

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O texto principal do PLN 36 foi aprovado na semana passada depois de quase 19 horas de sessão. Ficou faltando, porém, a votação da emenda 69, adiada por falta de quórum.

Apresentada pelo deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), a emenda tenta limitar as despesas correntes discricionárias (as que o governo pode decidir se realiza ou não) ao que foi executado na mesma categoria no ano anterior. O PLN 36 altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano e permite, na prática, que o governo deixe de cumprir sua meta de superávit neste ano.

Em resposta às suspeitas de desvios na Petrobras investigadas pela Operação Lava Jato, o novo relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2015 enumera uma série de medidas que visam impedir a repetição de irregularidades em obras públicas no País. O texto foi divulgado nesta segunda-feira, 08, pelo relator, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e a medida tem aval do governo.

Ao contrário de outros anos, a LDO vai estabelecer que o custo das obras e serviços de engenharia que tiverem recursos da União, inclusive de estatais, não poderão ultrapassar um teto de preço. A referência será dada por tabelas definidas pela Caixa Econômica Federal, pelo IBGE e pelo Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT).

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O relatório também cria um cadastro com as principais obras públicas em curso. Essa lista será publicada na internet com informações como andamento do projeto, fase da execução e quais são os fornecedores, em linguagem acessível ao cidadão comum. A exigência vale para obras do governo com valores acima de R$ 20 milhões e das estatais superiores a R$ 50 milhões.

Justificativa

Para impedir a repetição da "maquiagem" nas contas públicas, a equipe econômica será obrigada a justificar ao Congresso quaisquer "desvios" nas projeções de receitas e despesas do Orçamento da União. Ela visa garantir maior transparência aos relatórios de avaliação, enviados pelo Executivo a cada dois meses para o Legislativo e que servem de parâmetro para o cumprimento da meta fiscal.

Com a nova exigência, o Congresso tenta ter mais controle sobre as projeções do cumprimento da meta, a fim de evitar que o governo mande, no fim do exercício fiscal, um projeto que altere os índices e que as projeções sejam mais realistas ao longo do ano.

O relatório propõe uma trava para reajustes dos servidores públicos. O texto define que nenhuma proposta que supere o limite prudencial fixado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) poderá ser aprovada pelo Congresso.

O desafio do Congresso é aprovar a LDO, geralmente votada em julho, e o Orçamento antes do recesso, com início previsto para o dia 23. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, Vicentinho (SP), espera que a conclusão na próxima terça-feira (9) da votação do projeto que flexibiliza a meta do superávit primário seja mais rápida e fácil do que a sessão do Congresso Nacional de ontem. "Terça será votação simples, com maioria simples", afirmou.

O petista minimizou o fato de só 40 dos 71 deputados do PMDB terem ficado até o final da votação que durou quase 19 horas. A proposta do governo poderia ter sido liquidada ontem, mas não houve quórum para a conclusão da votação nesta madrugada. "Alguém saiu dali, mas não posso dizer que foi uma saída programada, deliberada, até porque o mais importante foi aprovado", comentou.

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Vicentinho negou que os aliados tenham feito "chantagem" com o Palácio do Planalto em função da distribuição de cargos na reforma ministerial. "Tenho convicção que não foi", insistiu.

Segundo ele, o convite da presidente Dilma Rousseff para ampliar o diálogo com a base foi decisivo para que os aliados seguissem a orientação do governo. "Nada como um carinho, né? Um carinho é sempre bom", brincou. O petista disse esperar que Dilma mantenha abertura para o diálogo com o Parlamento. "Conversar é sempre bom. Que a presidente faça assim sempre", desejou.

Em sua avaliação, as manobras regimentais utilizadas pela oposição para retardar o processo de votação e o término da apreciação dos dois vetos presidenciais que trancavam a pauta atrapalharam a aprovação final do projeto. O pior, de acordo com ele, já passou. "Quando a base está unida, por mais que obstruam, a gente vence no final das contas", disse.

Para o petista, os parlamentares entenderam a importância do projeto e "agiram com responsabilidade". O líder acusou a oposição de "fazer jogo rasteiro" e concluiu que os governadores de partidos de oposição não apoiariam a postura de seus representantes no Congresso Nacional contra a mudança na meta fiscal.

O Ministério do Planejamento encaminhou nesta quinta-feira (4) ao Congresso Nacional uma proposta de atualização da proposta de meta de resultado primário para 2015 e que informa os parâmetros macroeconômicos para 2016 e 2017. Conforme anunciado na semana passada pelo ministro indicado da Fazenda, Joaquim Levy, a meta de superávit primário foi reduzida de 2% para 1,2% no próximo ano, considerando a redução relativa ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para os dois anos seguintes, o governo perseguirá uma economia de 2% do PIB.

"Essa atualização decorre da mudança do cenário macroeconômico ocorrida após o envio do PLDO, em abril deste ano, e das novas metas anunciadas para o período 2015 a 2017", afirma o Planejamento.

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A meta para o setor público consolidado é de R$ 66,3 bilhões para 2015, já descontados R$ 28,7 bilhões do PAC. Desse montante, R$ 55,3 bilhões correspondem à meta para o Governo Federal e R$ 11,0 bilhões são uma estimativa para Estados e Municípios. Caso os governos regionais não atinjam a meta estimada, o Governo Federal se compromete a compensar a eventual diferença.

"Assim, a meta de R$ 66,3 bilhões corresponde a 1,2% do PIB projetado para 2015 - R$ 5.523 bilhões - sendo 1% do Produto Interno Bruto (PIB) para o Governo Federal e 0,2% para Estados e Municípios", informa o Planejamento.

Crescimento

O governo prevê que a economia brasileira ainda vai patinar no ano que vem. Ela sairá de um crescimento de 0,5% em 2014 para 0,8% em 2015, conforme proposta de atualização dos parâmetros macroeconômicos para os próximos três anos encaminhado hoje ao Congresso Nacional. Para 2016, o governo estima uma expansão do PIB de 2%, seguida por um crescimento de 2,3% em 2017.

"O cenário projetado de crescimento real do PIB para os próximos anos - juntamente com as metas de superávit primário do setor público consolidado, equivalentes a 1,2% do PIB em 2015 e 2% do PIB em 2016 e 2017 - permite, com base nos parâmetros da economia obtidos pelas estimativas de mercado, que a dívida bruta projetada do governo geral e a dívida líquida do setor público iniciem uma trajetória de declínio a partir de 2016", afirma o Planejamento.

A taxa Selic média utilizada pelo governo para definir os parâmetros dos próximos anos é de 12,17% em 2015, 11,50% em 2016 e 10,75% em 2017. A taxa de câmbio para o final de cada ano é R$ 2,67; R$ 2,71 e R$ 2,80, respectivamente.

Os cálculos foram feitas pelo Ministério da Fazenda com base nas projeções de mercado.

Dívida bruta

O governo elevou para 64,1% do Produto Interno Bruto (PIB) a projeção de dívida bruta para 2015. A previsão anterior, que constava no projeto de lei orçamentária, era de 56,4% do PIB, que considerava uma superávit primário de 2% do PIB. Para 2016, a projeção feita pelo governo é de 63,3% do PIB para a dívida pública bruta. Em 2017, a previsão cai para 62,5%.

A estimativa para o déficit nominal em 2015 foi fixada em 4,1%. Em 2016, o governo prevê uma queda para 2,7% e depois para 2,5% em 2017. A atualização dos parâmetros da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) traz uma novidade que é para dívida líquida com reconhecimento de passivos: 37,4% em 2015, 37,4% em 2016 e 37,1% em 2017.

Segundo o Ministério do Planejamento, o cenário projetado de crescimento real do PIB para os próximos anos - juntamente com as metas de superávit primário do setor público consolidado, equivalentes a 1,2% do PIB em 2015 e 2% do PIB em 2016 e 2017 - permite, com base nos parâmetros da economia obtidos pelas estimativas de mercado, que a dívida bruta projetada do governo geral e a dívida líquida do setor público iniciem uma trajetória de declínio a partir de 2016.

Líder do PT no Senado, Humberto Costa, trabalhou em prol dos interesses do Governo Federal para flexibilizar a meta fiscal. A aprovação do texto-base pelo Congresso rendeu alivio e satisfação aos aliados do governo e o senador aproveitou para alfinetar a oposição.

Ele ressaltou que eles foram derrotados mais uma vez. “Foi uma grande vitória da democracia. Foi cansativo, mas nossa base deu uma demonstração de coesão sem precedentes. A oposição, assim como nas eleições, perdeu em todas as votações. Ou seja, tentaram criar um terceiro turno dentro do Congresso e foram derrotados outra vez", cravou.  

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De acordo com o parlamentar, a aprovação da matéria irá favorecer os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “A aprovação do projeto pelo Congresso garante mais investimentos do PAC e as desonerações feitas em favor de 58 setores da nossa economia. É a vitória da coerência e da confiança no país e de quem olha para o futuro do Brasil e não de quem o enxerga pelo retrovisor”, pontuou.

Após quase 20 horas, a maioria dos deputados e senadores aprovou o PLN 36/14, que flexibiliza a meta fiscal na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano.

Reacionários, "coxinhas", indignados e apartidários. Assim se descreveram, nesta quarta-feira, 03, os integrantes do grupo que protestava diante do Congresso contra o governo Dilma Rousseff e contra a aprovação do projeto que flexibiliza a meta de superávit. Enquanto uma mulher vestida de vermelho se indignou ao entender que havia sido chamada de petista, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) foi tratado como líder.

O grupo chegou a ter cerca de 50 pessoas e incluía pessoas de diversas faixas etárias. A mais velha era a aposentada Ruth Gomes de Sá, 79, que levou uma gravata de um policial do Senado durante o protesto na galeria na Câmara na noite de terça-feira. Ontem pela manhã, Ruth chegou ao Congresso com uma bandeira do Brasil enrolada na cintura e com uma cópia da queixa que prestou contra seus agressores. "Não vou desistir nunca", disse a aposentada, que afirmou não ser filiada, mas frequentadora ativa de "todos" os eventos do PSDB.

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Outro manifestante era o administrador Marcello Reis, organizador do grupo Revoltados On Line, que organiza suas ações via internet e conta com quase 300 mil seguidores no Facebook. Reis foi um dos únicos manifestantes a ter acesso ao interior do Congresso ontem. Ele passou o dia tentando, na Justiça, autorização para que os demais ativistas entrassem.

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) afirmou que o Revoltados On Line é um grupo de extrema-direita, que está começando a levar suas ações do ambiente da internet para as ruas. O petista disse ainda que o grupo tem treinamento militar e defende a suspensão dos trabalhos do Congresso Nacional.

"Nunca participei de grupo paramilitar. Isso é mentira. Disseram também que somos contra os gays. Isso também é mentira", afirmou Reis, que negou ter filiação partidária e disse ser contra a ditadura militar.

Reis passou boa parte do dia acompanhado do cantor Lobão, que chegou ontem a Brasília para participar da manifestação. No gabinete da liderança do DEM na Câmara dos Deputados, o músico afirmou que passaria a noite em Brasília. Questionado se faria vigília, respondeu em tom jocoso. "Vou para um hotel. Sou coxinha", afirmou.

'Reacionário de Twitter'

O publicitário Renato Malta, 32, disse "se identificar muito" com as causas defendidas pelos manifestantes e se qualificou como um "reacionário de Twitter" que "troca uma ideia com o Lobão".

"Ajudo a divulgar tudo o que é mentira divulgado pelo governo", afirmou o publicitário. A seu lado estava o professor Paulo Castelo, 36, que disse ter ido protestar para que o governo do Distrito Federal convoque professores que fizeram concurso em 2013. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) acusou nesta quarta-feira (3) a presidente Dilma Rousseff de colocar o Congresso de "cócoras" e estabelecer um preço para cada parlamentar, referindo-se ao decreto da petista publicado na segunda-feira, 1º, que condicionou a liberação de emendas parlamentares individuais à aprovação do projeto de lei que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e flexibiliza a meta do superávit primário.

"Hoje a presidente Dilma coloca de cócoras o Congresso Nacional ao estabelecer que cada um aqui tem um preço", disparou o tucano da tribuna, momento em que foi fortemente vaiado por parlamentares do PT que acompanhavam o pronunciamento do outro lado do Plenário Ulysses Guimarães, na Câmara.

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Deputados e senadores se reuniram hoje para votar dois vetos presidenciais que precisam ser analisados antes que as mudanças nas regras da política fiscal entrem em votação. A proposta, que permite que todos os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as desonerações tributárias sejam descontadas da economia mínima para o pagamento dos juros da dívida pública, é tratada como prioridade total pelo Palácio do Planalto. Ao vincular a execução de R$ 444 milhões em emendas individuais à aprovação do projeto, Dilma passou a ser acusada pela oposição de estar "chantageando" sua base.

No início de sua fala, Aécio disse que os aliados do Planalto estão buscando "anistiar Dilma pelo crime de responsabilidade". Ele também criticou o fato de o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que comanda a reunião desta manhã, ter determinado que as galerias fiquem vazias hoje, em razão do tumulto ocorrido na terça-feira à noite, quando houve agressões entre seguranças do Legislativo e manifestantes que acompanhavam a sessão.

"O Congresso Nacional está hoje ferindo de morte um dos pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)", afirmou Aécio. Ele também alegou que, durante as eleições, a presidente Dilma omitiu informações da população. "Se estamos votando hoje esse projeto , é porque não foi dado à população conhecer a verdade do que ocorria no Brasil", afirmou Aécio.

O senador elencou ainda declarações da presidente Dilma durante a campanha eleitoral, nas quais a petista garantiu que o Brasil convivia com a inflação sob controle, um bom desempenho fiscal, sem perdas de direitos trabalhistas e sem a necessidade de choques de gestão. Citou em seguida que a inflação permanece no teto da banda de tolerância da meta, que o Banco Central elevou a taxa de juros e que a nova equipe econômica sinaliza para um arrocho a partir de 2015. "Nas eleições, não foi a verdade que prevaleceu", concluiu Aécio.

A base aliada venceu a primeira manobra de obstrução encampada pela oposição e, após aprovar um requerimento, conseguiu fazer com que fosse iniciado o processo de votação de dois vetos presidenciais, no Plenário do Congresso Nacional. A análise desses dispositivos é pré-requisito para que entre na pauta de votação desta tarde o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias que permite abatimentos no cálculo do superávit primário.

Diante de um déficit fiscal acumulado e na impossibilidade de cumprir a meta mínima prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) em vigor, de R$ 49 bilhões, o Palácio do Planalto encaminhou uma proposta ao Legislativo que permite que todos os gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as desonerações tributárias sejam abatidos do cálculo desse piso. Na prática, a medida abre brecha para que a meta seja dada como atingida mesmo em caso de um resultado negativo, razão pela qual a oposição tem acusado a presidente Dilma Rousseff de pedir uma "anistia" para evitar uma eventual responsabilização pelo descumprimento da LDO vigente.

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Queixando-se da determinação do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), de não abrir as galerias para o público, e acusando Dilma de "chantagear" os parlamentares ao editar um decreto vinculando a liberação de R$ 444 milhões em emendas à aprovação da flexibilização da meta, a oposição entrou em obstrução para tentar impedir o prosseguimento da sessão. Assim como fizeram na semana passada, deputados e senadores do PSDB e do DEM reclamaram que Calheiros está "atropelando" as regras regimentais para garantir a votação. "Quer ganhar, ganhe dentro das regras do jogo", disse o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).

A intenção inicial do governo era liquidar a fatura na sessão do Congresso Nacional de ontem à noite. Uma confusão generalizada entre manifestantes, seguranças do Senado e parlamentares da oposição, no entanto, fez com que a reunião fosse suspensa e retomada nesta manhã. Isso desencadeou uma saraivada de queixas mútuas: a base aliada afirmou que se tratava de uma claque paga para tumultuar a sessão e os adversários do Palácio do Planalto disseram que o PT e o governo querem impedir que a população acompanhe o debate.

Nesta manhã, o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), chegou a acusar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) de também ter impedido a entrada de manifestantes nas galerias do plenário quando o tucano chefiou a Casa, entre 2001 e 2002. O senador rebateu e disse que Fontana estava tentando "justificar o injustificável" e que, na ocasião, ocorreram reuniões ao longo de todo o dia para tentar liberar o espaço para o público.

Hoje, com a oposição usando de artifícios regimentais para tentar barrar a apreciação do projeto que muda as regras fiscais, a base conseguiu aprovar um requerimento que colocou os dois vetos em votação. Após o encerramento do processo, as cédulas irão para apuração e só depois que o resultado for proclamado o projeto da LDO poderá ser analisado.

Depois de entrar no Congresso para conversar com parlamentares da oposição, o cantor Lobão voltou para a porta da Câmara para se reunir com cerca de 50 manifestantes que foram impedidos de entrar na Casa.

Acompanhado dos deputados Mendonça Filho (DEM-PE), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS), o cantor disse que "não queria privilégios" e por isso iria esperar do lado de fora com as outras pessoas.

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Os parlamentares articulam uma maneira de permitir que as pessoas possam acompanhar a sessão nas galerias do plenário. Eles disseram que iriam tentar um último apelo ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e, caso ele não liberasse a entrada, iriam apelar para o Supremo Tribunal Federal (STF).

"Impedir o acesso da população à Casa do povo é inaceitável, é antidemocrático", disse Mendonça. Caiado argumentou ainda que a decisão de fechar as portas do Congresso fere o regimento da Casa.

Líder nacional

Os parlamentares saudaram a presença de Lobão e classificaram o cantor como uma "liderança nacional". "A vinda do Lobão é emblemática para dizer a todos os brasileiros: 'Venham para o Congresso Nacional'", afirmou Caiado.

Do lado de fora, Lobão posou para fotos com os outros manifestantes. Ao receber um sanduíche de um deles, brincou perguntando se era de mortadela.

O cantor tem sido uma das figuras mais presentes nas manifestações após o segundo turno que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) foi ovacionado pelos manifestantes que tentam entrar no Congresso Nacional para acompanhar a votação do projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e muda a forma de cálculo da meta do superávit primário na manhã desta quarta-feira, 3. Ele disse que o PT conduz o País a uma "ditadura" e foi chamado de "presidente".

Eles foram impedidos de entrar nesta manhã depois de uma confusão generalizada com a Polícia do Senado nas galerias da Câmara na noite de terça-feira. A sessão foi encerrada pelo presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

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"Isso aqui é a ditadura do PT. Negar a galeria para vocês é um crime. Se fossem os marginais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Teto), o PT tinha botado para dentro", disse Bolsonaro. Para o deputado, aprovar o PL 36 é "apoiar um crime, um estelionato".

"Com essa turma do PT que está aí, estamos partindo para uma ditadura", afirmou Bolsonaro, dizendo ainda que "a direita vai se fazer presente em 2018".

Os manifestantes retrucaram gritando "Vai ser em 2015", "Bolsonaro presidente" e "Bolsonaro, guerreiro do povo brasileiro".

Um grupo de cerca de 40 manifestantes se aglomera na entrada do Congresso Nacional com a intenção de acompanhar novamente a tentativa de votação do projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e flexibiliza a meta de superávit primário.

A sessão da noite de ontem foi interrompida depois de uma confusão generalizada nas galerias da Câmara. Nesta manhã, os manifestantes estão reunidos na porta da chapelaria do Congresso. Cerca de 30 policiais militares fazem um cordão de isolamento e permitem apenas a entrada de parlamentares, servidores da Casa e jornalistas.

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O grupo grita frases como "Dilma, vai para a Venezuela", "Fora PT" e "O PT roubou".

Os deputados Ronaldo Caiado (DEM-GO), Mendonça Filho (DEM-PE), Antonio Imbassahy (PSDB-BA) e Izalci Lucas (PSDB-DF) saíram do prédio para conversar com os manifestantes, mas logo retornaram.

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