Eles estão na contramão - mas por opção. Em vez de aproveitar o intenso período da Copa do Mundo no Brasil, preferem pegar passaporte, malas e embarcar para outro país, bem longe da muvuca. Porque se #vaitercopa também tem a galera do #tôforadacopa. "Acho muito fora da realidade essa Copa ser aqui. Não temos infraestrutura nem para o nosso dia a dia, imagina para trazer um evento como esse. Entendo que muitas pessoas queiram vir para cá, mas eu quero é estar longe", afirma a produtora musical Daniela Alvarez, de 39 anos. De 12 de junho a 22 de julho, ela vai sair do apartamento onde mora, em Higienópolis, para passar uma temporada em Portugal.
"Vou primeiro fazer uma turnê de 15 dias com uma cantora carioca e depois curtir as praias de lá", conta. Além de aproveitar a viagem de trabalho para fazer turismo, ela diz que pretende fugir dos preços abusivos que serão praticados nas cidades-sede durante o torneio. "O Rio está fora de cogitação. Já vi suco de laranja a R$ 52. É um absurdo", lamenta ela, que pagou US$ 1.100 pela passagem de ida e volta para a Europa.
##RECOMENDA##De acordo com Leonel Rossi Júnior, vice-presidente de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav), que tem 3,5 mil associados, havia um temor de que as tarifas das companhias aéreas subissem muito nesse período, mas isso não aconteceu. "O Brasil tem muitos voos, então os custos acabaram não mudando muito", justifica.
No entanto, os pacotes que normalmente são vendidos para as cidades-sede foram cancelados e só voltam a ser operados a partir de 20 de julho. O resultado é que quem pretende viajar nessa época vai inevitavelmente para locais onde não haverá jogos ou para o exterior. Segundo ele, a procura por viagens internacionais não teve redução no período e manteve o nível de outros anos. "Os destinos mais procurados são Estados Unidos e países da América do Sul."
Estrada
O cineasta e fotógrafo Leandro Franco, de 29 anos, já decidiu: fecha seu apartamento no Brooklin e viaja para o Uruguai na terça-feira - e só volta em 16 de julho. Leva sua cadela, Odara. E vai rodar, com ela na garupa, 1,2 mil quilômetros de bike pelas estradas uruguaias. "Com os últimos acontecimentos aqui no Brasil, a motivação de torcer pela seleção foi por água abaixo", afirma. "No início do ano, decidi, então, ficar longe durante a Copa."
"Tem também a questão dos fogos de artifício", lembra o cineasta. "É uma das motivações para estarmos saindo fora. Odara tem pavor." A viagem toda poderá ser acompanhada pelo Facebook (www.facebook.com/rastrosepegadas). Ele pede colaborações por um sistema de financiamento coletivo para que a expedição se transforme em filme. "Estou levando barraca para acampar, não pretendo pagar pousada, hostel nem camping. Ficarei à mercê de convites dos moradores ou levantando acampamento em qualquer canto ou beira de estrada."
Decidida a fazer um ano sabático, a arquiteta Gabriela Pires Machado, de 31 anos, não teve dúvidas quando marcou a data de sua viagem para o México, onde pretende ficar seis meses. No dia 5 de junho, exatamente uma semana antes do início do torneio, ela embarcou para a Cidade do México. "Não gosto de futebol. E, apesar de ser a Copa, que é um pouco diferente, só vejo problemas. Eu poderia ter comprado a passagem para depois, mas sei que tudo vai estar um caos. Então preferi escapar antes", justifica.
O México também é um dos destinos internacionais mais procurados, ao lado da Flórida e da Europa, segundo o presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), Marco Ferraz. Muita gente que deixou para comprar a passagem mais perto da Copa conseguiu preços melhores. "Há sete ou oito meses, só a passagem para Miami estava US$ 2 mil. Em abril e maio, foi possível encontrar a US$ 700", afirma. "Uma boa oportunidade para quem quer fugir das manifestações ou parar de se estressar com os problemas de mobilidade urbana." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.