Os juros futuros abriram em baixa, em linha com o dólar, e acentuaram o movimento depois. Os principais catalisadores dos ajustes são o alívio com a vitória do governo no Congresso, na terça-feira, 31 de março, com o adiamento de uma votação sobre a dívida de Estados e municípios, e a criação de empregos no setor privado dos EUA abaixo do esperado. Os investidores também absorvem a produção industrial de fevereiro, com queda menor que a projetada pela mediana das estimativas, nas duas bases de comparação (mensal e anual).
Às 9h22, o DI para julho de 2015 apontava taxa de 13,000%, na mínima, ante 13,020% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2016 indicava taxa de 13,42%, de 13,50%. O DI para janeiro de 2017 projetava taxa de 13,27%, de 13,38%. E o contrato com vencimento em janeiro de 2021, 12,82%, ante 12,94% no ajuste anterior.
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Por volta do horário acima, o dólar renovava a mínima da sessão, abaixo de R$ 3,15, cotado a R$ 3,1320 (-2,13%). Nos EUA, o juro da T-note de 10 anos também foi à mínima com o dado da ADP.
Ontem, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, conseguiu convencer os senadores a adiarem a votação do projeto que fixa em até 30 dias a aplicação do novo indexador da dívida dos Estados e municípios. Um acordo com o ministro foi costurado pelo ex-líder do governo no Senado Romero Jucá (PMDB-RR) e pelo presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, Delcídio Amaral (PT-MS). Os congressistas acertaram com Levy que vão apresentar uma emenda ao projeto do novo indexador das dívidas que contemple a proposta apresentada pelo titular da Fazenda, segundo o qual Estados e municípios continuarão a pagar dívidas pelos índices atuais, mas o governo devolverá o valor adicional em 2016, depois da adoção do novo indexador.
Na avaliação da LCA Consultores, "esse acordo reforça a posição de Joaquim Levy na negociação das medidas de ajuste fiscal que precisam ser aprovadas no Congresso".
Ainda do lado fiscal, o contingenciamento que o governo deve anunciar nas próximas semanas foi discutido na terceira reunião de coordenação política realizada ontem pela presidente Dilma Rousseff. A intenção, conforme informou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, é não fazer um corte linear. A expectativa, no entanto, é que ele possa ultrapassar os R$ 60 bilhões especulados inicialmente. A presidente disse ontem à agência de notícias Bloomberg que "vamos fazer um grande corte no Orçamento". "Farei de tudo para chegar à meta deste ano", afirmou.
Em relação à atividade, a produção industrial do País caiu 0,9% em fevereiro ante janeiro, na série com ajuste sazonal, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda é menor que a mediana das projeções do mercado, de -1,70%, e ficou dentro das expectativas, que iam de queda de 2,50% a crescimento de 0,40%. Em relação a fevereiro de 2014, a produção caiu 9,1% - também menos que a mediana negativa de 10,45%, mas dentro das estimativas (retração de 7,63% a 12,10%). No ano, a produção da indústria acumulou queda 7,1%. Em 12 meses, o resultado foi de baixa de 4,5%.
Antes, a FGV informou que o Índice de Confiança de Serviços (ICS) caiu 12,1% em março, ante fevereiro, com ajuste sazonal, para 82,4 pontos (ante 93,7 antes). Trata-se da terceira queda consecutiva do índice, que está no menor nível de toda a série histórica iniciada em junho de 2008. Segundo a FGV, pesaram sobre o resultado a queda do Índice de Situação Atual (ISA-S) de 14,1%, para 66,0 pontos (recuo mais intenso desde novembro de 2008 de -16,8%). Já o Índice de Expectativas (IE-S) caiu 10,7% em fevereiro, para 98,8 pontos. Ambos estão nos mínimos históricos
Já a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) acelerou a alta para 1,41% em março, ante +0,97%% em fevereiro, segundo a FGV. Com o resultado, o indicador acumula altas de 4,16% no ano e de 8,59% em 12 meses. Ainda assim, o IPC-S de março ficou abaixo da mediana de 1,45%, calculada pelo AE Projeções mas manteve-se dentro do intervalo esperado, de 1,34% a 1,60%.