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A defesa do senador Flávio Bolsonaro apresentou recurso nesta semana solicitando a anulação da quebra dos sigilos bancário e fiscal do parlamentar. A investigação sobre as contas do filho do presidente foram autorizadas no ano passado pelo juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 27.ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça, a pedido do Ministério Público do Rio.

Flávio Bolsonaro está sob suspeita de participar de esquema de "rachadinha" (repasses de partes ou íntegra de salário) entre funcionários de seu gabinete enquanto era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio. Em novembro, a Promotoria fluminense apontou que o ex-assessor-parlamentar Fabrício Queiroz teria recebido R$ 2 milhões repassados por servidores de Flávio, e que parte do dinheiro desviado teria sido lavado na loja de chocolates do 01, a Bolsotini.

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O avanço das investigações ocorreu após quebra de sigilo bancário e fiscal contra Flávio, sua esposa, Fernanda Bolsonaro, e as contas da Bolsotini. Além do parlamentar, a decisão judicial alcançou duas filhas de Queiroz, Nathalia e Evelyn, a ex-esposa do assessor parlamentar e outros 88 ex-funcionários do gabinete de Flávio, incluindo a irmã e mãe do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, miliciano morto no mês passado em operação policial na Bahia.

O recurso ao Tribunal de Justiça do Rio pede autorização para ser encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça. Procurada, a defesa de Flávio Bolsonaro afirmou que se trata uma solicitação já feita antes e que não iria comentar devido ao fato de o processo estar sob segredo de justiça.

A quebra do sigilo bancário de Flávio cobriu movimentações de janeiro de 2007 a dezembro de 2018 enquanto o levantamento do sigilo fiscal ocorreu entre 2008 e 2018. À época da solicitação, o Ministério Público apurava movimentações de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz, detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e reveladas pela reportagem do jornal O Estado de S.Paulo.

De acordo com a promotoria, Queiroz recebia depósitos de outros servidores do gabinete, em datas próximas do pagamento do salário, em prática conhecida como "rachadinha". Procurado pela reportagem, o criminalista Frederick, que defende Flávio Bolsonaro, afirmou que não iria comentar o caso devido ao segredo de Justiça.

O Ministério Público de São Paulo investiga o contrato de gestão de um hospital no Vale do Ribeira, interior do Estado, suspeito de receber recursos da gestão João Doria (PSDB) por atendimentos médicos não prestados. A Promotoria apura a prática com empresas subcontratadas pelos gestores do hospital e menciona a Nevro Serviços Médicos, do médico Daniel França Mendes de Carvalho, marido da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP).

A Nevro, microempresa de neurologia com sede em Teresina (PI), foi contratada em novembro de 2018, logo após o segundo turno das eleições. O contrato, obtido pelo Estado, mostra que a Nevro deveria fornecer "profissional para o atendimento de cirurgias eletivas no centro cirúrgico" três vezes por semana, neurocirurgião para visitas médicas diariamente e profissional para atendimento ambulatorial duas vezes por semana, além de coordenador e de neurologista para cobertura a distância 24 horas por dia".

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De novembro a fevereiro, porém, o Hospital Regional de Registro (HRR) não realizou nenhuma neurocirurgia, embora os pagamentos estivessem sendo feitos. Denúncia que consta no inquérito relata que um paciente chegou a ser encaminhado ao hospital para uma neurocirurgia, mas não foi atendido e morreu. Segundo o contrato, a Nevro recebeu R$ 595 mil no período.

O HRR é gerenciado pelo Instituto Sócrates Guanaes (ISG), organização social que contratou a Nevro. O ISG foi um dos alvos da CPI que investigou, na Assembleia Legislativa, em 2018, a terceirização de hospitais no Estado. O relatório final da comissão apontou indícios de "contratos superfaturados" com empresas terceirizadas. O hospital foi inaugurado em abril de 2018, concebido para ser um centro de referência.

A investigação do MP se concentra em duas frentes: verificar se o hospital está, efetivamente, realizando os procedimentos para os quais o ISG está sendo pago e apurar a prática de "quarteirização" - quando uma empresa terceirizada terceiriza serviços - na contratação de médicos especializados.

Ainda de acordo com a Promotoria, o ISG receberia repasses de R$ 6 milhões por mês desde que o hospital começou a funcionar, embora nem todos os serviços estivessem disponíveis. Levantamento feito nos sistemas da Secretaria Estadual da Fazenda mostram que, no ano passado, o ISG recebeu R$ 63 milhões para gerenciar o hospital e fornecer pessoal.

Relatórios

A Secretaria Estadual da Saúde informou que já enviou ao Ministério Público as respostas aos questionamentos feitos pela Promotoria. Disse ainda que "os contratos de gestão são submetidos a avaliações trimestrais, com envio de relatórios à Assembleia Legislativa, e completa prestação de contas ao Tribunal de Contas do Estado".

O ISG afirmou que, mesmo sem centro cirúrgico, a Nevro prestou atendimento ambulatorial entre novembro de 2018 e fevereiro de 2019. Disse ainda que a empresa do marido de Joice foi contratada segundo o Regulamento de Compras e Serviços do instituto. "Não existem pagamentos a fornecedores por serviços não executados."

O médico Daniel França declarou que, no período em que o HRR não realizou neurocirurgias, ele trabalhou na estruturação do centro cirúrgico do hospital. "Acompanhei toda a estruturação do local", disse ele. "Os pagamentos que recebi foram graduais." França afirmou ainda que o processo de contratação de sua empresa começou em agosto, "quando nem Joice nem Doria estavam eleitos".

Por meio de assessoria, Joice Hasselmann afirmou ser "mentira que houve pagamentos por serviços não prestados". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

"Vai dar desgraça!" Marcelo Odebrecht afirma ter dado o alerta a Dilma Rousseff, então presidente da República em 2014. Era o ano de início da Operação Lava Jato e também da reeleição presidencial. O avanço das investigações da força-tarefa em Curitiba embasava o tom catastrófico, no aviso que ele diz ter dado ao Planalto e a Luiz Inácio Lula da Silva, que comandaria uma espécie de "governo paralelo". "A gente sabia a dimensão: em 2014, o nosso 'apoio' deve ter sido para ela (Dilma) de quase R$ 100 milhões. Grande parte para João Santana… Essas contas que foram para João Santana estavam contaminadas."

Registrados em e-mails e mensagens que a Lava Jato apreendeu em junho de 2015 na 14ª fase (batizada de Operação Erga Omnes), quando Odebrecht foi preso, os registros dos alertas endereçados a Dilma, Lula e ao Planalto integram a lista de provas e dados que a força-tarefa de Curitiba reuniu sobre sucessivas tentativas de frear as investigações.

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São dados sobre supostas tentativas de interferência no governo Dilma para afastar investigadores, sobre o dossiê no final de 2014 contra delegados da Polícia Federal, monitoramento dos passos da polícia, planos para retirar inquéritos de Curitiba, estratégias de vazamento de dados sigilosos para prejudicar as cooperações jurídicas internacionais, com a do Brasil com a Suíça, e os acordos de delação premiada, divulgação de notas à imprensa para tumultuar os processos e tentativas de destruir provas ou dificultar a descoberta delas.

O objetivo das apurações é saber se os supostos planos confessos por dois delatores de peso, Marcelo Odebrecht e o Antonio Palocci, existiram, quem foram os envolvidos e os financiadores. E reunir provas irrefutáveis para caracterizar crime de obstrução de Justiça e embaraço às investigações.

Entre os alvos já investigados e sob investigação estão André Esteves, do BTG Pactual - o "banqueiro do PT", segundo Palocci -, Maurício Ferro, genro de Emílio Odebrecht e ex-diretor jurídico do grupo, Lula, o advogado Pedro Estevam Serrano, entre outros. Nomes de outros personagens importantes são citados também nas apurações, como dos ex-ministros da Justiça: Márcio Thomaz Bastos (morto em 2014), José Eduardo Cardozo, Nelson Jobim (também Defesa e ex-presidente Supremo Tribunal Federal). E de outros políticos, como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB).

Os investigados e suas defesas negam envolvimento nos supostos planos, afirmam que são inocentes e têm buscado as cortes superiores desde 2019. As defesas têm apresentado recursos nos quais acusam a força-tarefa da Lava Jato de ilegalidades nos procedimento de investigação e persecução penal, avaliam que há uma tentativa de criminalizar a advocacia e pedido acesso aos autos e a anulação das medidas de busca e apreensão, das provas recolhidas e a retirada dos casos de Curitiba.

Como resultado, parte das apurações foi retirada da 13ª Vara Federal e enviadas para São Paulo e parte das apurações foi temporariamente suspensas e estão sob análise. O Conselho Federal da OAB acompanha o caso para averiguar se há desrespeito à prerrogativa dos advogados.

O delegado da Lava Jato Filipe Hille Pace, que conduz as investigações, informou a Justiça Federal, em dezembro, que "não houve descumprimento" de normas quanto aos direitos da advocacia e retomou recentemente parte da apuração.

Defesas

Lula: A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em nota que "Lula jamais praticou qualquer ato visando interferir ou prejudicar as investigações". "Ao contrário, o ex-presidente sempre contribuiu para o esclarecimento da verdade dos fatos mas é vítima de uma perseguição política por meio do uso perverso das leis e dos procedimentos jurídicos, prática que desde 2016 denominamos de 'lawfare'." E que não poderia dar manifestação específica sobre as investigações, pois a Polícia Federal não deu acesso aos autos".

Nos processos da Lava Jato, a defesa de Lula sustenta que o ex-presidente é vítima de condenação política, que os processos contra ele estão corrompidos por violações a garantias fundamentais e à negativa de direitos.

"A despeito de termos realizado todas as diligências cabíveis e obtido uma decisão do Supremo Tribunal Federal determinando seja dado acesso aos elementos documentados da investigação isso não ocorreu até a presente data, o que inviabiliza uma manifestação sobre o caso específico. Lula jamais praticou qualquer ato visando interferir ou prejudicar as investigações. Ao contrário, o ex-presidente sempre contribuiu para o esclarecimento da verdade dos fatos mas é vítima de uma perseguição política por meio do uso perverso das leis e dos procedimentos jurídicos, prática que desde 2016 denominamos de 'lawfare'", informa o advogado Cristiano Zanin Martins.

Dilma: Procurada por meio de sua assessoria, a ex-presidente Dilma Rousseff não se manifestou. Em nota recente divulgada sobre revelações de Antonio Palocci em sua delação, em outro processo, ela negou envolvimento com qualquer ilícito e acusou o delator de mentir.

"Não há provas que atestem a veracidade das informações prestadas pelo senhor Antonio Palocci à Polícia Federal. Ele mentiu e a imprensa continua a veicular suas acusações de maneira leviana", informa a nota. "Em cinco anos de Lava Jato, jamais foram apresentadas provas de que a ex-presidenta Dilma Rousseff tivesse conhecimento ou participação em malfeitos."

A ex-presidente diz ainda que "a verdade já veio à tona". E que é "lamentável que, mais uma vez, procedimentos judiciais - que correm sob segredo de Justiça - sejam vazados à imprensa". "Isso ocorre justamente quando pesam indícios de abusos e irregularidades cometidas por autoridades do Judiciário. Parece que o objetivo é tirar o foco das suspeitas de abuso de autoridade e conduta ilegal por parte dos operadores do Direito, conforme as revelações da Vaza Jato."

José Eduardo Martins Cardozo: O ex-ministro da Justiça José Eduardo Martins Cardozo afirma que não houve qualquer ato ilegal no contato que teve com o advogado Pedro Serrano e os demais advogados da Odebrecht, em 2015. Segundo ele, foi feito um pedido formal de reunião por intermédio de Serrano. O encontro foi agendado oficialmente, registrado e realizado com a presença de terceiros.

Cardozo disse que explicou aos defensores da empresa que o pedido seria encaminhado para o DRCI, departamento responsável pelos acordos de cooperação internacional. E que o pedido foi negado pelo Ministério da Justiça, após resposta do departamento.

O ex-ministro destaca que por causa da negativa foi alvo de contestação da Odebrecht no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que obrigou o ministério a fornecer os dados pedidos pelos advogados.

Pedro Estevão Serrano: O advogado Pedro Estevão Serrano classifica de "infundada suspeita" levantada pela Lava Jato contra ele, acusa as investigações de desrespeitar suas prerrogativas de advogado e tem buscado nos tribunais anular as investigações. Por meio de defesa, ele apresentou petição nos autos da Lava Jato para saber se era investigado e buscou os tribunais.

Em documento enviado à Justiça Federal, Serrano afirma que seu nome e os serviços advocatícios prestados à Odebrecht foram vinculados a "infundada suspeita" de que sua contratação "tivesse o objetivo de 'influenciar indiretamente e obter informações sigilosas relacionadas à investigação". "Inicialmente, convém ressaltar que o advogado Pedro Estevam Alves Pinto Serrano presta serviço de advocacia para empresas do Grupo Odebrecht ininterruptamente há mais de 25 anos", informa petição do escritório Teixeira Ferreira e Serrano Advogados Associados.

"O escritório Teixeira Ferreira e Serrano Advogados Associados atua no âmbito do Direito Público, prestando serviços jurídicos ao Grupo Odebrecht em assuntos sensíveis, estratégicos e de grande repercussão, desde meados de 1993 até os dias de hoje."

Maurício Ferro: A defesa de Maurício Ferro afirma que o cliente é inocente e que a Lava Jato "age ilegalmente". Além de pedir acesso aos autos do inquérito sobre obstrução - obtido já em 2019 -, ela requereu indeferimento das acusações contra o cliente. O criminalista Gustavo Badaró, que defende Ferro, afirma que o cliente é inocente e que a Lava Jato criminaliza a advocacia. "Há uma diferença entre o uso do direito de defesa e o abuso do direito de defesa. Todos os advogados eram contratados com procuração para defender os direitos da empresa, que é legítimo. Badaró afirma que seu cliente realizou serviço exclusivamente jurídico, de atuação em processos, por meio da contratação de advogados com procuração para defender legitimamente o direito dos investigados e da empresa. E que nunca tentou barrar ou atrapalhar as investigações da Lava Jato.

O espaço está aberto para outras manifestações dos citados.

O presidente Jair Bolsonaro disse, neste sábado (4), não ter poder sobre o andamento das investigações envolvendo um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ). Se tivesse este poder, ele disse que "teria anulado, cancelado" qualquer processo ou apuração. A fala foi feita durante transmissão nas redes sociais.

Bolsonaro voltou a dizer que as investigações são uma "armação" do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), potencial adversário nas eleições de 2022 e acusou o governador de tentar envolver outro de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), nas investigações sobre a morte da vereadora do PSOL Marielle Franco.

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"Um dia vai chegar ao final esse processo", disse o presidente. "Muito obrigado, governador Witzel, pelo trabalho que está sendo feito. Justiça vai ser feita, mas não essa justiça tua."

Navios iranianos

Bolsonaro também relembrou do impasse envolvendo os Estados Unidos e dois navios com bandeira do Irã que ficaram parados sem combustível no litoral do Paraná, em junho passado. O caso foi resolvido com uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli.

À época, a Petrobras se recusou a abastecer as embarcações, por temer punições dos Estados Unidos, uma vez que os navios estavam sob sanção do país americano. O caso representou um desafio para o governo brasileiro, gerando um impasse sobre a relação com os Estados Unidos e o Irã. Os dois países estão no centro da escalada de tensão após a morte do general iraniano Qassim Soleimani em ação dos EUA no país.

Quanto ao episódio dos navios, de um lado, pesava a busca de aproximação do Brasil com o país governado por Donald Trump. Do outro, a importância da relação comercial com o Irã. O país do Oriente Médio chegou a ameaçar cortar as importações do Brasil se a estatal não reabastecesse os dois cargueiros. À época, o governo americano aumentava a pressão diplomática sobre o Irã.

Neste sábado, Bolsonaro lembrou que a decisão de Toffoli, que obrigou a Petrobras a reabastecer os cargueiros, foi importante para resolver o impasse. "Havia interesse de outro país de não reabastecê-lo. Ministro presidente deferiu liminar e navios foram embora. Questão do embargo americano", lembrou, destacando que era uma decisão difícil para o governo brasileiro e que a Justiça, ao fim, se "antecipou". "Precisamos do Legislativo, do Judiciário", disse.

O fato de a estatal ter sido obrigada a abastecer os navios foi estratégico para o Brasil sair bem da situação. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, ao decidir, Toffoli considerou que eventuais sanções contra a estatal poderiam ser contestadas pelo fato de o abastecimento partir de uma decisão judicial, e não por uma iniciativa da empresa.

Fundo Eleitoral

O presidente também repetiu que pode sancionar a destinação de R$ 2 bilhões no Orçamento de 2020 para o fundo eleitoral, destinado ao financiamento das campanhas no ano que vem e confrontou seus espectadores ao dizer que o Congresso derrubou no ano passado 80% dos seus vetos. "E se eu vetar, vocês acham que eles não vão derrubar o veto?", questionou.

Bolsonaro tem argumentado que não pode vetar o valor do fundo porque o ato seria crime de responsabilidade, passível de impeachment. Segundo ele, o cálculo está previsto na lei que criou o fundo, em 2017, norma que não poderia ser descumprida. "(Se vetar) Estou atentando contra a lei. Querem que eu corra o risco?", disparou aos espectadores que acompanhavam a transmissão.

Autores do pedido de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff, o jurista Miguel Reale Júnior e a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) afirmam que Bolsonaro não corre risco de cometer crime de responsabilidade caso vete o fundo eleitoral de R$ 2 bilhões. "É uma desculpa esfarrapada (de Bolsonaro)", disse Reale Jr. ao Estado.

O presidente reafirmou neste sábado seu argumento e acrescentou que não pode correr o risco de ficar "refém" do Congresso em um eventual julgamento por crime de responsabilidade. Segundo ele, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já decidiu que não levará adiante nenhum pedido de impeachment de Bolsonaro. A prerrogativa de abrir ou não o processo de afastamento é do presidente da Câmara.

"Mesmo assim, vamos supor que Maia infarte. Não quero que ele infarte não, mas vamos supor... vem um novo presidente e fala 'você me atende nisso ou eu vou mandar para plenário seu pedido de impeachment", disse Bolsonaro. "Vejam o que aconteceu com Temer", emendou o presidente, em referência às duas denúncias contra o ex-presidente Michel Temer que mobilizaram a articulação do governo para garantir o apoio necessário em plenário.

"Vamos vetar e eu ficar refém de um futuro presidente da Câmara, ou de pressão de lideranças da Câmara? É isso que vocês querem que eu faça? Assinar atestado de ignorante e peitar o parlamento? E se eu vetar, vocês acham que eles não vão derrubar o veto?", disse Bolsonaro.

Apesar de ter dito que virou "vidraça", Bolsonaro ressaltou que a população "pode e deve" tecer críticas, mas fez um pedido. "Vamos respirar antes de fazer uma crítica".

A Petrobras enviou cerca de 2 mil cartas se desculpando com empregados que foram alvos de investigações internas nos últimos anos em que não foram constatadas irregularidades. Esses funcionários nunca haviam tomado conhecimento sobre o resultado das apurações.

"Essas pessoas foram investigadas e sequer tiveram direito de serem informadas sobre sua inocência ou que seus processos foram inconclusivos", lamentou o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, durante a abertura da 6ª Semana Petrobras em Compliance. O evento, que ocorre até sexta-feira (13), começou hoje (9), Dia Internacional de Combate à Corrupção, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2003.

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Ao longo da semana, a programação proporcionará espaços para a troca de experiências e informações entre autoridades, profissionais e especialistas sobre temas relacionados ao compliance, termo em inglês que designa os esforços para se garantir que empregados e dirigentes de uma instituição cumpram as regras estabelecidas e não se envolvam em desvios. Estarão em debate questões como cultura de integridade, gestão de crise, gerenciamento de riscos, novas tecnologias, entre outros.

De acordo com Castello Branco, as regras de compliance devem perseguir o equilíbrio e, em alguns casos, houve excessos. "No lugar de serem somente investigadas e punidas pessoas que realmente cometiam atos dolosos, inocentes foram perseguidos", afirmou. "Pedimos desculpas aos envolvidos e seus familiares pelos danos causados. Sei que isso não é suficiente. Não vamos apagar da mente das pessoas e das suas memórias aqueles momentos de tensão que passaram e que, obviamente, contaminaram seus familiares. Mas é muito importante um pedido público de desculpas aos que foram vítimas do que eu chamo de jacobinismo, o excesso de cuidados levando a erros."

O presidente da estatal disse ainda que 99,9% dos empregados da Petrobras são pessoas honestas e que, infelizmente, muitas delas sofreram discriminação por conta da atuação corrupta de uma minoria que colocou a empresa como alvo da Operação Lava Jato. Ele afirmou, no entanto, que está superada a crise moral. Um dos indicativos dessa superação, segundo Castello Branco, é a decisão anunciada na semana passada pelo Fundo Soberano da Noruega, que retirou a Petrobras da lista de empresas sob observação.

Segundo o diretor de Governança e Conformidade da Petrobras, Marcelo Zenkner, a entrega das cartas deverá ser concluída até o fim deste mês. "Havia um grande número de procedimentos arquivados, no qual não houve a constatação de qualquer responsabilidade. Empregados foram investigados, prestaram suas informações e não tomaram conhecimento do arquivamento e da finalização dessas investigações. O objetivo das cartas é indicar para esses empregados que nós chegamos à conclusão desses procedimentos sem qualquer tipo de responsabilização e pedir a eles desculpas pela demora", disse.

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta quarta-feira, 4, o julgamento em que autorizou o amplo compartilhamento de informações da Receita Federal e do antigo Coaf (rebatizado de Unidade de Inteligência Financeira) sem necessidade de prévia autorização judicial. Na sessão de hoje, os ministros fixaram uma tese (uma espécie de resumo com o entendimento da Corte sobre o tema), definindo as regras para o repasse de dados sigilosos por órgãos de fiscalização e controle.

Na semana passada, por 9 a 2, o Supremo autorizou o compartilhamento de informações sigilosas da Receita Federal com o Ministério Público e a Polícia Federal, sem necessidade de prévia autorização judicial. Diante de um placar que iria lhe impor uma derrota, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, alterou o voto e aderiu à ala vencedora, que permite o repasse de dados sensíveis e detalhados, como extratos bancários e declarações de Imposto de Renda.

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Também na semana passada, foram derrubadas duas liminares que beneficiavam o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), permitindo, dessa forma, a retomada das investigações de um esquema de "rachadinha" envolvendo o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, que trabalhou no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Procurada, a defesa de Flávio Bolsonaro informou que não vai se manifestar sobre o resultado do julgamento do STF.

A tese do Supremo definida hoje se divide em dois pontos. Em um primeiro item, a Corte entendeu que é constitucional o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira da UIF e da íntegra de procedimentos da Receita Federal com o Ministério Público e a Polícia, sem a obrigatoriedade de prévia autorização judicial. O Supremo também frisou que essas informações devem ser mantidas sob sigilo.

No segundo ponto, mais delicado, os ministros firmaram o entendimento de que o compartilhamento de informações deve ser feito apenas por meio de "comunicações formais", com garantia de sigilo e estabelecimento de "instrumentos efetivos de apuração e correção de eventuais desvios".

"Não pode por e-mail, não pode por telefone, não pode por WhatsApp, até porque no mundo todo não pode, né?", disse o ministro Alexandre de Moraes ao falar com jornalistas, depois do julgamento.

Um dos pontos contestados pela defesa de Flávio Bolsonaro é justamente a comunicação por e-mail entre membros do Ministério Público do Rio (MP-RJ) e do Coaf, conforme destacado pelo ministro Gilmar Mendes ao dar uma liminar em setembro que paralisou as investigações de Flávio.

"Destaca-se, ainda, a presença, nos autos, de e-mail enviado pelo MP-RJ, datado de 14.12.2018, em que o MP-RJ solicitou ao Coaf, a partir do compartilhamento inicial do RIF 27.746, (relatório de inteligência financeira) a ampliação das informações prestadas, o que foi prontamente realizado pelo Coaf e deu origem ao RIF 38.484, também compartilhado com o MP-RJ em 18.12.2018, sem prévia autorização judicial", observou Gilmar naquela ocasião.

Margem

Indagado se o entendimento firmado pelo Supremo pode abrir brecha para beneficiar Flávio Bolsonaro, Moraes disse que não conhece o caso concreto do filho do presidente da República. "Cada caso tem que ser analisado", afirmou o ministro.

Para Moraes, o Ministério Público pode pedir complementação de informações se está investigando uma organização criminosa, por exemplo.

"Pode pedir, desde que haja ligação investigativa, não tem problema nenhum. Tudo documentado, tem que ficar tudo documentado. E-mail não, WhatsApp não, isso é para quem tem preguiça de fazer ofício. Estamos falando da vida e da intimidade de pessoas", comentou Moraes.

Na manhã desta quarta-feira (4), o o "caso Queiroz" entrou para os tranding topics do Twitter por compler 1 ano da revelação da antiga Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que identificou transações financeiras atípicas feitas por Fabrício Queiroz, ex-assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. A hashtag #ParabénsCasoQueiroz fez relembrar a falta de resultados nas investigações, em função das mais de uma paralisação no processo. 

O caso que segue com as investigações paradas desde julho, pode sofrer uma reviravolta com a nova decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que vai revogar a obrigatoridade da autorização judicial para o Ministério Público obter acesso a informações sigilosas, motivo pelo qual fez ministros suspenderem os processos di Coaf.  

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Relembre o caso

Em dezembro de 2018, a divulgação do relatório do Coaf fez gerar a primeira crise na família Bolsonaro, pois envolvia o filho mais velho do presidente recém-eleito Jair Bolsonaro. De acordo com o relatório do Coaf, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, movimentou, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, um valor de R$ 1,2 milhão, montante considerado pela Coaf como "incompatíveis” com o patrimônio e ocupação. Fabrício Queiroz era servidor público da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, cuja renda mensal era de R$8.517, além de um valor que ele ganha como policial militar aposentado.

À época, também foi apontado um depósito de R$ 24 mil realizado por Queiroz em benefício da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Jair Bolsonaro, por sua vez, disse que o depósito na conta da esposa era referente a um empréstimo de R$ 40 mil e que a conta da esposa teria sido usada por uma questão de “comodidade”.

Investigações foram suspensas por duas vezes

Outras sete pessoas ligadas a Flávio Bolsonaro fizeram transferências para a conta de Queiroz, conforme afirmou a Coaf. Entre os envolvidos está a filha do assessor parlamentar, Nathália Melo de Queiroz que trabalhou no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj e depois foi funcionária de Jair Bolsonaro.

Em janeiro deste ano, Luiz Fux, ministro do STF, acatou o pedido da defesa de Flávio Bolsonaro e determinou a suspensão da investigação instaurada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. O filho do presidente argumentou que havia ilegalidades no processo de investigação criminal, como o acesso do órgão a informações sigilosas sem autorização judicial.

Em março, a decisão de Fux foi revogada pelo ministro Marco Aurélio. Com a retomada das investigações, tanto Flávio Bolsonaro, quanto Fabrício Queiroz foram novamente convocados a depor. Ambos não compareceram novamente.

No mês de julho o processo foi paralisado mais uma vez. O ministro Dias Toffoli entendeu que as investigações não poderiam ir adiante tendo em vista o compartilhamento de dados secretos, mesmo motivo da primeira suspensão feita pelo STF.

Reviravolta no processo investigativo

Contrariando a liminar de Dias Toffoli, que desautorizou o uso de informações sigilosas pelo Ministério Público, na última semana, a maioria da corte votou a favor da liberação do compartilhamento de informações. Com isso, uma nova reviravolta pode refletir no processo de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz. Dentre os ministros que se posicionaram a favor da alteração, estão: Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Carmém Lúcia, Luiz Fux, Rosa Weber, Luís Alberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Morais.

 

 

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Rogério Schietti revogou nesta sexta-feira (29) o mandado de prisão expedido contra o ex-presidente do Paraguai Horácio Cartes. Ele é investigado na Operação Patrón, desdobramento da Operação Lava Jato, por corrupção, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa, em esquema envolvendo o doleiro Dario Messer, preso em julho deste ano. O ex-presidente não chegou a ser preso porque está no Paraguai, onde é senador.

De acordo com as investigações, mensagens de WhatsApp atestaram o auxílio de autoridades paraguaias e de outros cidadãos para Messer ficar foragido ora no Paraguai, ora no Brasil. Por esses dados constatou-se que a organização criminosa disponibilizou pelo menos US$ 2,5 milhões a Messer. As apurações revelaram que Cartes teria enviado US$ 500 mil para o doleiro, a quem se referiu como “hermano de alma”, após sua fuga para o país que ele governava até agosto do ano passado, acusa o Ministério Público Federal (MPF).

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Ao analisar um habeas corpus protocolado pela defesa, o ministro entendeu que a suposta entrega de US$ 500 mil que Cartes teria feito ao doleiro não é indício unicamente suficiente de que o ex-presidente teria cometido crime de lavagem de dinheiro. A suposta entrega foi um dos argumentos utilizados pelo juiz federal Marcelo Bretas para decretar a prisão.

"Não está claro, a partir da leitura do édito prisional, se o numerário pertencia ao paciente ou a Dario Messer. Também não se pode apontar, com segurança, a finalidade da ajuda. Nada indica que Horácio entregou o dinheiro com o conhecimento de que, tempos depois, os ativos seriam enviados ao Brasil, como parte de atividades para encobrir o patrimônio de Dario Messer ou para patrocinar supostas operações ilícitas", disse o ministro.

A defesa do ex-presidente argumentou no pedido de soltura que não há provas de nenhum ilícito cometido por Cartes e que o mandado de prisão era ilegal.

 

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta quinta-feira, 28, a favor do amplo compartilhamento de informações da Receita Federal e do Coaf (rebatizado de Unidade de Inteligência Financeira) com o Ministério Público, sem a necessidade de prévia autorização judicial. A maioria foi formada com o voto da ministra Cármen Lúcia, que aderiu à corrente aberta pelo ministro Alexandre de Moraes.

"É dever do agente público, ao se deparar com fatos criminosos, comunicar o Ministério Público como determina a lei. Mas não constitui violação ao dever do sigilo a comunicação de quaisquer práticas de ilícitos", disse Cármen Lúcia.

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O julgamento deve marcar um revés para o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), que foi beneficiado por uma liminar do presidente do STF, ministro Dias Toffoli. Em julho, Toffoli determinou a suspensão nacional de todos os processos em andamento sobre compartilhamento de dados fiscais sem autorização judicial, atendendo aos interesses do filho do presidente Jair Bolsonaro.

A liminar de Toffoli vale até o final do julgamento. A defesa de Flávio voltou a acionar o Supremo, sob a alegação de que a decisão de Toffoli não estava sendo respeitada no caso do senador, o que levou o ministro Gilmar Mendes a dar uma outra decisão, determinando a suspensão dos processos envolvendo a quebra do sigilo de Flávio no caso Queiroz.

Como a decisão de Gilmar está umbilicalmente ligada à de Toffoli, ela também deve cair depois do julgamento, o que pode resultar na retomada das investigações do esquema de "rachadinha" no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A defesa de Flávio, no entanto, avalia acionar novamente a Justiça sob outra fundamentação jurídica.

Receita

Cármen foi a sexta ministra que votou a favor da tese que a Receita não pode ser privada de encaminhar ao Ministério Público informações detalhadas que são importantes para a deflagração de investigações criminais, como extratos bancários e declaração de imposto de renda.

O caso analisado pelo plenário gira em torno de um processo de sonegação fiscal envolvendo donos de um posto de gasolina em Americana (SP). A defesa dos empresários acusa a Receita de extrapolar suas funções ao passar dados sigilosos sem aval da Justiça. O processo ganhou repercussão geral, ou seja, o entendimento firmado pelo Supremo deve ser aplicado para outros casos nos diversos tribunais do País.

Por decisão do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, o escopo do julgamento foi ampliado, incluindo também o Coaf, Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que lhe rendeu críticas.

Mesmo ministros que criticaram a expansão do escopo do julgamento, acabaram votando a favor do amplo compartilhamento de informações do Coaf. Segundo um integrante da Corte, um dos objetivos é garantir maior segurança jurídica, evitando que o plenário tenha de se debruçar novamente sobre o tema.

"O envio de dados da UIF ao Ministério Público é função legalmente a ela atribuída, resguarda o sistema jurídico e cumpre a sua finalidade específica. Não pode ser considerado irregular, nem se pode restringir função que é a razão de ser dessa unidade - e que atende até mesmo a compromissos internacionais assumidos pelo Brasil no sentido de ser estado que tem empenho formal, objetivo e real de combater à corrupção, à lavagem de dinheiro, o crime, especialmente aquele de organização criminosa - a limitação que venha a ser imposta de forma, na minha compreensão, também indevida", observou Cármen Lúcia.

A questão, no entanto, pode ser retomada ao final do julgamento, quando os ministros fixarem a tese, que resumirá o entendimento da Corte sobre o tema.

O ministro Ricardo Lewandowski, que votou depois de Cármen Lúcia, votou a favor do compartilhamento de informações da Receita, mas não se manifestou sobre o antigo Coaf.

"Trata-se do repasse para este órgão (MP) de provas relativas à sonegação para o efeito de promoção de sua responsabilidade fiscal. Não se está, portanto, diante de prova obtida ilegalmente ou de quebra indevida por parte da Receita. Eis que tudo se processou de acordo com a lei e em conformidade com as cautelas determinadas pelo Supremo Tribunal Federal", disse Lewandowski, em um voto curto.

O Supremo Tribunal Federal (STF) deve formar maioria nesta quinta-feira (28) a favor do compartilhamento amplo de informações da Receita Federal, sem necessidade de prévia autorização judicial. Até agora, cinco ministros já votaram a favor da tese que a Receita não pode ser privada de encaminhar ao Ministério Público informações detalhadas que são importantes para a deflagração de investigações criminais, como extratos bancários e declaração de imposto de renda. Segundo o Estado apurou, mais um magistrado da Corte vai se somar a essa corrente, aberta pelo ministro Alexandre de Moraes.

Por enquanto, apenas o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, opinou por impor limites ao compartilhamento de dados. Ainda permanece em aberto, contudo, se a decisão final vai também incluir a atuação da Unidade de Inteligência Financeira (UIF), antigo Coaf. Essa questão deve ser esclarecida depois que todos os ministros concluírem a leitura dos seus votos e se debruçarem sobre a fixação de uma tese. Ainda faltam votar cinco magistrados - há o risco de o julgamento só ser concluído na próxima semana.

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Por decisão de Toffoli, o escopo do julgamento foi ampliado, incluindo também o Coaf, Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que lhe rendeu críticas. Em julho, Toffoli determinou a suspensão nacional de todos os processos em andamento sobre compartilhamento de dados fiscais sem autorização judicial, beneficiando o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), filho de Jair Bolsonaro.

Flávio entrou na mira de uma investigação envolvendo a suposta prática de "rachadinha" no seu gabinete na Assembleia Legislativa do Estado de Rio de Janeiro, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Luís Roberto Barroso considerou "engenhosa" a postulação da defesa de Flávio em um processo que trata inicialmente sobre Receita. "Caso o plenário decida estender o objeto do julgamento, manifesto-me no voto, igualmente, sobre a possibilidade de repasse de informações ao Ministério Público pela UIF, pelo Bacen e pela CVM", afirmou.

Na avaliação de Barroso, não é razoável a Receita comunicar ao Ministério Público o indício de crime e não enviar toda a documentação. "Obrigaria o MP a pedir ao juiz. E o que ele vai fazer? Ele vai dizer que pode, naturalmente", disse.

Em seu voto, o ministro Luiz Fux votou a favor do compartilhamento amplo de informações tanto da Receita quanto do Coaf. O ministro defendeu a atuação de órgão de fiscalização e controle no combate à corrupção. "Corrupção e lavagem de dinheiro não combinam com qualquer tipo de sigilo."

Para a ministra Rosa Weber, que acompanhou o entendimento dos colegas, "não se justifica impor qualquer tipo de condicionante ao compartilhamento" de informações da Receita com o MP.

"Na minha compreensão, é próprio de um Estado de Direito, a exigência de que a descoberta de condutas potencialmente criminosas por parte de agentes públicos, fazendários ou não, reverbere no âmbito da administração com acionamento de seus órgãos de investigação para apuração de possíveis delitos. Trata-se, na minha visão, de dever que recai sobre o agente público responsável pela fiscalização tributária por observância aos princípios que regem a administração pública", afirmou Rosa.

A ministra se posicionou contrária à ampliação do escopo do julgamento para o Coaf, mas admitiu incluir o órgão na fixação da tese se houver maioria nesse sentido no final do julgamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os ministros Luiz Fux e Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram nesta quarta-feira, 27, a favor do amplo compartilhamento de informações da Receita com o Ministério Público sem necessidade de autorização judicial. Rosa se posicionou contrária à ampliação do escopo do julgamento para o Coaf, rebatizado de Unidade de Inteligência Financeira (UIF), mas admitiu incluir o órgão na fixação da tese se houver maioria nesse sentido no final do julgamento. Até agora, cinco ministros já votaram nesse sentido.

O julgamento será retomado nesta quinta-feira, 28. Ainda faltam votar cinco ministros - Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello e o decano do STF, ministro Celso de Mello.

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"Na minha compreensão, é próprio de um Estado de Direito, a exigência de que a descoberta de condutas potencialmente criminosa por parte de agentes públicos, fazendários ou não, reverbere no âmbito da administração com acionamento de seus órgãos de investigação para apuração de possíveis delitos. Trata-se, na minha visão, de dever que recai sobre o agente público responsável pela fiscalização tributária por observância aos princípios que regem a administração pública", disse Rosa Weber.

"Não se justifica impor qualquer tipo de condicionante ao compartilhamento."

Em seu voto, o ministro Luiz Fux votou a favor do compartilhamento amplo de informações tanto da Receita quanto do Coaf. O ministro defendeu a atuação de órgão de fiscalização e controle no combate à corrupção.

"Nós temos aqui outro tipo de terrorismo, que é o terrorismo que ataca os cofres públicos, a própria democracia, então, com relação a nós, nesse combate irreversível a corrupção que tem se lavrado aqui, na primeira instância, no Ministério Público, juízes, a regra deve ser follow the money (siga o dinheiro), vamos seguir o dinheiro, tem que seguir de onde vem o dinheiro, e só através dessa estratégia, que se pode efetivamente alcançar resultados úteis para o processo", frisou Fux. "Corrupção e lavagem de dinheiro não combinam com qualquer tipo de sigilo."

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), proferiu na tarde desta quarta-feira, 27, o terceiro voto a favor de permitir o compartilhamento de dados fiscais e bancários obtidos pela Receita Federal e pela Unidade de Inteligência Financeira (UIF) - antigo Coaf - com o Ministério Público, independentemente de autorização judicial.

Barroso se junta a Alexandre de Moraes e Edson Fachin, que divergem em parte em relação ao ministro relator, Dias Toffoli, que votou para limitar o compartilhamento e, em alguns casos, condicioná-lo ao aval prévio da justiça.

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Em seu voto, o ministro fez a ressalva de que o julgamento não deveria ter sido ampliado para discutir a troca de informações do Coaf com o Ministério Público. O tema da ação era a troca de dados entre a Receita Federal e procuradores - o caso específico que originou o debate era o de donos de postos de gasolina no interior de São Paulo que haviam sonegado impostos.

Toffoli, no entanto, resolveu ampliar para o órgão de inteligência financeira e, atendendo ao pedido do senador Flávio Bolsonaro (Sem partido-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, suspendeu a tramitação de todas as investigações iniciadas pelo MP sem o acompanhamento da justiça para autorizar o acesso a dados fiscais e bancários detalhados do Coaf e da Receita.

Ainda assim, decidiu votar também a respeito desse órgão. Assim como Alexandre de Moraes, foi a favor do livre compartilhamento de dados pela Receita Federal com o Ministério Público nas representações fiscais para fins penais.

"No âmbito desse processo, Flávio Bolsonaro, que era terceiro em relação aos fatos aqui discutidos, protocolou em 15 de julho de 2019 petição avulsa, em que sustentou estar sendo investigado em processo criminal instaurado pelo MPRJ e que o fundamento dessa investigação teria sido a quebra de sigilo de seus ados pelo Coaf, hoje UIF. Entendeu o requerente, em postulação (pedido) engenhosa, que haveria inequívoca similaridade com a matéria dessa repercussão geral e obteve a suspensão de seu processo e na mesma decisão fossem suspensos também todos processos e inquéritos que versavam sobre o tema 990 na repercussão geral", disse Barroso.

Para o ministro, não deve haver limitação no repasse dos dados da Receita e do Coaf. Como exemplo, ele explicou que a autorização da justiça para o envio de dados da Receita já é algo implícito, em se tratando de uma representação fiscal para fins penais.

"Não é razoável a Receita comunicar ao MP o indício de crime e não enviar toda a documentação. Obrigaria o MP a pedir ao juiz. E o que ele vai fazer? Ele vai dizer que pode, naturalmente. Está implícito o deferimento nesse caso", disse.

Barroso, no entanto, endossou um argumento de Toffoli ao afirmar que toda a troca de dados deve ser protegida por sigilo, feita de maneira responsável. "Não há espaço para pedidos informais, bisbilhotice", afirmou.

O ministro acrescentou que houve uma queda brusca nos relatórios feitos e enviados pelo Coaf após a decisão de Toffoli que mandou suspender todos casos no país sem prévia autorização judicial. Em seu voto, frisou que o trabalho do Coaf é feito de forma regular e não há ilegalidade nos procedimentos. Sustentou também que a ação do Coaf é fundamental para o monitoramento da lavagem de capitais. Serve, de acordo com o ministro, para evitar crimes graves, financiamento de terrorismo, pistolagem, proliferação de armas de destruição em massa.

"Não acho bom para o País, não acho bom para Justiça, não acho bom para o Supremo, nesse quadro e nessa quadra que o País vive, criar dificuldade e entraves para o combate à criminalidade. Mas sou contra vazamentos, sou contra manobras informais ardilosas, sou contra a perseguição de qualquer tipo, a qualquer pessoa, por qualquer motivo que seja e, portanto, sou a favor da punição rigorosa de quem quebra o sigilo fiscal e bancário fora das hipóteses permitidas e também recomendo que as pessoas diminuam a sua euforia com provas obtidas criminosamente".

Antes de Barroso, o relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, votou no mesmo sentido.

"Tenho possível o compartilhamento de informações entre o Fisco e o Ministério Público, quer quando referentes a montantes globais, independentemente da instauração de procedimento fiscal, quer, quando tendo havido procedimento fiscal, compreenda contas, extratos bancários, depósitos e aplicações financeiras", disse Fachin.

"Vale dizer, entendo viável a irrestrita remessa das informações coletadas pelo Fisco bem como da integralidade do procedimento fiscalizatório, sendo desnecessária em ambos os casos prévia autorização judicial."

Antes de votar, Fachin havia sinalizado antes ser contrário à inclusão do Coaf no julgamento que trata inicialmente sobre Receita. No entanto, acabou abordando os dois órgãos em seu voto.

Segundo a reportagem apurou, o objetivo dos ministros era resolver os dois pontos, dando segurança jurídica, de forma a evitar que o assunto retornasse ao plenário.

O relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, votou na tarde desta quarta-feira, 27, a favor do amplo compartilhamento de informações da Receita Federal e do antigo Coaf, rebatizado de Unidade de Inteligência Financeira (UIF), com o Ministério Público, sendo desnecessária uma autorização judicial prévia. Dessa forma, o ministro acompanhou o entendimento do ministro Alexandre de Moraes.

Para Moraes e Fachin, a Receita Federal não pode ser privada de encaminhar ao MP os dados que são importantes para a deflagração de investigações criminais, então não faz sentido impedir o envio de dados fiscais detalhados quando há indício de crime.

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"Tenho possível o compartilhamento de informações entre o Fisco e o Ministério Público, quer quando referentes a montantes globais, independentemente da instauração de procedimento fiscal, quer, quando tendo havido procedimento fiscal, compreenda contas, extratos bancários, depósitos e aplicações financeiras", disse Fachin. "Vale dizer, entendo viável a irrestrita remessa das informações coletadas pelo Fisco bem como da integralidade do procedimento fiscalizatório, sendo desnecessária em ambos os casos prévia autorização judicial."

O relator do caso, ministro Dias Toffoli, votou na semana passada contra a Receita Federal poder encaminhar ao Ministério Público dados detalhados, como imposto de renda e extrato bancário.

O caso analisado pelo plenário gira em torno de um processo de sonegação fiscal envolvendo donos de um posto de gasolina em Americana (SP). A defesa dos empresários acusam a Receita de extrapolar suas funções ao passar dados sigilosos sem aval da Justiça. O processo ganhou repercussão geral, ou seja, o entendimento firmado pelo Supremo deve ser aplicado para outros casos nos diversos tribunais do País.

Para Fachin, o encaminhamento das informações recebidas e examinadas pelo Coaf (atual UIF) ao Ministério Público também não configura irregularidade.

"Importante realçar que a UIF detém certa independência operacional, no sentido de que cabe à própria unidade o juízo acerca da configuração dos pressupostos de encaminhamento a outros órgãos das respectivas conclusões da análise dos dados recebidos dos setores obrigados (disseminação). Vale dizer, é da UIF a atribuição para concluir pela necessidade de encaminhamento às autoridades competentes", observou Fachin.

Segurança jurídica

O ministro havia sinalizado antes ser contrário à inclusão do Coaf no julgamento que trata inicialmente sobre Receita, mas acabou abordando os dois órgãos em seu voto. Segundo a reportagem apurou, o objetivo do ministro era resolver os dois pontos, dando segurança jurídica, de forma a evitar que o assunto retornasse ao plenário.

Após o voto de quatro horas do ministro Dias Toffoli, que levantou uma série de dúvidas entre os colegas, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) retomou na tarde desta quinta-feira, 21, o julgamento que discute o compartilhamento de informações fiscais e bancárias pela Receita Federal e pela Unidade de Inteligência Financeira (UIF) - antigo Coaf - com o Ministério Público Federal.

Antes mesmo do início da sessão desta quinta-feira, ministros do STF discutiram reservadamente a possibilidade de delimitar o julgamento à Receita, excluindo o Coaf. Esse ponto já foi levantado no julgamento pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e deve voltar à tona ao longo do debate na sessão de hoje, possivelmente, no voto do relator da Operação Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin.

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Pelo menos quatro ministros do STF não estão plenamente convencidos de que a ação em discussão no plenário, que se limitava originalmente à Receita Federal, pode ser ampliada a ponto de definir como deve ser feita a troca de informações do antigo Coaf.

Segundo o Estado/Broadcast Político apurou, o ministro Edson Fachin - que será o terceiro a se manifestar no julgamento - deve abordar essa questão. O ministro deve restringir o voto à questão da Receita, sem incluir o Coaf.

Para um outro ministro, se já é difícil julgar o caso concreto, "então imagina quando se parte para disciplinar de uma forma abrangente uma matéria como essa, tão palpitante, momentosa". Para um terceiro integrante da Corte, o julgamento não tem nada a ver com o Coaf.

Isso porque o caso analisado gira em torno de um processo de sonegação fiscal envolvendo donos de um posto de gasolina em Americana (SP). A defesa dos empresários acusam a Receita de extrapolar suas funções ao passar dados sigilosos sem aval da Justiça. O processo ganhou repercussão geral, ou seja, o entendimento firmado pelo Supremo deve ser aplicado para outros casos nos diversos tribunais do País.

Para o procurador-geral da República, Toffoli ampliou o escopo do caso levado a julgamento, incluindo também o Coaf, quando a discussão inicial tratava apenas da Receita.

Relator da ação, Toffoli determinou em julho a suspensão de diversos procedimentos de investigação apoiados em dados fiscais e bancários compartilhados sem o aval prévio da Justiça, o que beneficiou o senador Flávio Bolsonaro (RJ) em suposto esquema da "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Entre os processos paralisados estão investigações sobre crimes contra a ordem tributária, relacionados à lavagem ou ocultação de bens, além de apurações sobre crimes ambientais na Amazônia, contrabando e corrupção. Se o Supremo decidir que é necessária a autorização de um juiz para o envio dos dados, a Lava Jato sofrerá mais uma derrota.

Um quarto ministro diz acreditar que a discussão tem várias nuances e que ainda tem muitas dúvidas sobre o assunto. Para esse ministro, o ideal seria se a Corte ganhasse mais tempo para se debruçar sobre o tema.

'Javanês'

No início da sessão desta quinta-feira, Toffoli procurou esclarecer pontos do voto proferido ontem, reafirmando os pontos que já haviam sido apresentados. Ao final da sessão de quarta-feira, o ministro Luís Roberto Barroso disse que "tem que chamar um professor de javanês" para compreender o voto do presidente do Supremo.

Para Toffoli, o antigo Coaf pode compartilhar informações com o Ministério Público e a Polícia, mas os dados devem ser repassados mediante sistemas de acesso restrito e vedadas outras formas de comunicação, como e-mail. Na avaliação de Toffoli, a UIF também não pode elaborar relatório de inteligência por "encomenda" contra cidadãos sem qualquer investigação criminal existente.

Esses dois pontos são contestados pela defesa de Flávio Bolsonaro, que utilizou esses argumentos para anular as investigações.

O presidente do STF também quer proibir a Receita de incluir nas chamadas Representações Fiscais para Fins Penais (RFFP) que envia ao Ministério Público, dados considerados sensíveis, como a íntegra de extratos bancários ou de declaração de imposto de renda, a não ser que solicite autorização da Justiça. Na prática, isso obrigaria a Receita a rever os procedimentos atualmente adotados.

Mais quatro navios de bandeira grega, além do Bouboulina, da empresa Delta Tankers, são alvo da investigação que a Marinha do Brasil e a Polícia Federal (PF) realizam para tentar identificar os responsáveis pelo derrame de óleo cru que, desde o fim de agosto, atingiu o litoral dos nove estados do Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe).

Oficialmente, a Marinha não revela os nomes das cinco embarcações a respeito das quais pediu informações às autoridades marítimas da Grécia, mas, em nota, a Delta Tankers, responsável pelo Boubolina, revelou tratar-se dos navios-tanques Maran Apollo e Maran Libra (da Maran Tankers), Minerva Alexandra (Minerva Marine) e do Cap Pembroke (Euronav), além do Bouboulina.

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Na mesma nota, a Delta Tankers informa que recebeu a notificação da Marinha brasileira somente nesta terça-feira (5). A empresa diz ainda que, no documento entregue pelo Ministério de Assuntos Marítimos da Grécia, os cinco navios gregos são tratados como suspeitos de derramamento do óleo que polui praias, mangues e a foz, ou desembocaduras, de rios na costa do Nordeste.

A Delta Tankers nega ter qualquer relação com o óleo encontrado no litoral nordestino e garante que pode comprovar a regularidade de suas operações. A empresa grega afirma que inspecionou os registros gravados por câmeras e sensores existentes no interior do Boubolina e não encontrou nenhum indício de que parte do produto que estava sendo transportado vazou.

“Este material será compartilhado de bom grado com as autoridades brasileiras, caso entrem em contato com a empresa nesta investigação. Até agora, esse contato não foi feito”, afirmou a empresa no comunicado divulgado ontem.

Trinta Suspeitos

A Marinha informou à Agência Brasil que o pedido para notificação dos cinco navios de bandeira grega foi apresentado às autoridades da Grécia no dia 12 de outubro. Segundo a Marinha, as investigações, feitas em conjunto com a Polícia Federal, com o apoio de instituições nacionais e estrangeiras, identificou 30 navios-tanque de várias nacionalidades que navegaram próximo à costa brasileira, na região de onde o óleo pode ter se espalhado. Segundo o Centro de Hidrografia da Marinha, esse ponto inicial fica cerca de 733 quilômetros a leste do estado da Paraíba.

Dos 30 navios-tanques sob investigação, o Bouboulina é apontado como o principal suspeito pelo provável derramamento de óleo. Os investigadores afirmam que, após carregar petróleo bruto na Venezuela, a embarcação grega contornou a costa nordestina brasileira e seguiu viagem rumo a Cingapura e à Malásia, onde teria transferido parte do material para outro navio.

A Delta Tankers confirma que o Bouboulina partiu da Venezuela em 19 de julho, carregado com petróleo, para Melaka, na Malásia, onde descarregou toda a carga embarcada em território venezuelano, “sem qualquer falta”.

Ainda de acordo com a Marinha, os investigadores também avaliaram a hipótese de o óleo ter vazado de um “navio pirata” ou dark ship (embarcação que navega com sistemas de localização desligados), mas imagens de satélite não revelam qualquer movimentação neste sentido.

 

 

A Comissão de Meio Ambiente da Câmara aprovou nesta quarta-feira (30) uma Proposta de Fiscalização e Controle (PFC 35/19) para investigar as causas do desastre ambiental que atinge as praias do Nordeste há dois meses. A ideia é analisar as ações de contingência, tanto as que foram previstas quanto as que foram efetivamente adotadas, além de identificar os responsáveis pelo derramamento de óleo e adotar medidas para preservar a biodiversidade marinha.

O autor do projeto, deputado Celio Studart (PV-CE), enumerou algumas ações concretas que devem ser tomadas a partir da aprovação da Proposta de Fiscalização e Controle.

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“Averiguar como é que está sendo feito o Plano Nacional de Contingência, como é que estão sendo desenvolvidas as ações da Marinha, as ações do Ministério do Meio Ambiente e contribuir com informações que a Casa pode fornecer, como fazer visitas aos locais e alertar a população da forma devida”.

O relator do projeto, deputado Daniel Coelho (Cidadania-PE), detalhou em seu parecer um plano de execução da Proposta de Fiscalização e Controle. A primeira sugestão é pedir ao Tribunal de Contas uma auditoria operacional em relação aos atos do poder Executivo, particularmente do Ministério do Meio Ambiente, relacionados ao desastre ecológico.

A auditoria deve examinar o cumprimento do Plano Nacional de Contingência (Decreto 8.127/13), incluindo a reorganização de dois comitês que foram extintos pelo governo federal em abril deste ano. Também devem ser verificadas as ações de monitoramento de ecossistemas marinhos e costeiros para evitar ocorrências semelhantes ao derramamento de óleo nas praias nordestinas.

O parecer prevê que, com os resultados da auditoria, sejam feitas reuniões com integrantes do Ministério do Meio Ambiente, para adequar a prevenção e a gestão de desastres. O relator ressaltou a prerrogativa do Poder Legislativo de fiscalizar as ações do Executivo.

“Existe uma legislação em vigor no País que aparentemente não foi cumprida no que se refere ao protocolo de um acidente ambiental dessa magnitude. Então a gente espera que o Legislativo cumpra o seu papel, faça a fiscalização e utilize também do apoio do Tribunal de Contas da União para que isso ocorra de forma transparente, ajudando o próprio governo e o país a tentar mitigar os efeitos dessa crise”.

O relatório aponta também que a ocorrência do desastre e a falta de informações sobre a procedência das manchas de óleo mostram a fragilidade do monitoramento das águas sob jurisdição nacional, além da vulnerabilidade dos ecossistemas e da população residente em regiões litorâneas.

*Da Agência Câmara Notícias

Os congressistas democratas encarregados da investigação do processo de impeachment de Donald Trump exigiram nesta segunda-feira (7) que o Pentágono e a Casa Branca entreguem documentos sobre o caso ucraniano.

O presidente republicano está sendo criticado por um telefonema em 25 de julho com seu colega ucraniano Volodimir Zelenski, no qual ele supostamente tentou obter ajuda de Kiev, em troca de ajuda militar americana, para conseguir informações incriminadoras sobre o ex-vice-presidente democrata Joe Biden, o candidato mais bem posicionado para enfrentá-lo nas eleições de 2020.

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Os três comitês do Congresso que lideram a investigação do impeachment estão buscando informações relacionadas às pressões de Trump sobre seu colega ucraniano e o condicionamento de ajuda militar à Ucrânia a essa favor, assim como qualquer esforço em omitir esses assuntos.

"A citação exige documentos necessários para que os comitês examinem (...) as razões por trás da decisão da Casa Branca de reter assistência militar crucial à Ucrânia aprovada pelo Congresso para combater a agressão russa", disseram os presidentes dos painéis de Assuntos Exteriores, Inteligência e Supervisão em cartas ao Secretário de Defesa, Mark Esper, e outros funcionários.

A citação obriga a entrega de documentos antes de 15 de outubro.

O descumprimento "constituirá evidência de obstrução à investigação de julgamento político da Câmara", informaram os legisladores.

A medida é o último procedimento legal contra o governo de Trump por parte dos democratas que exigem informações para sua investigação.

Na semana passada emitiram citações à Casa Branca e ao secretário de Estado, Mike Pompeo, algo que este último classificou de "assédio".

- Diplomatas no Congresso -

Os democratas também obtiveram uma série de mensagens de texto entre diplomatas americanos que destacaram os esforços do governo Trump para pressionar a Ucrânia a investigar Biden e seu filho Hunter, por suposta corrupção ligada à Ucrânia.

Um dos diplomatas, enviado dos EUA à União Europeia, Gordon Sondland, um dos principais doadores da campanha de Trump em 2016, testemunhará na terça-feira no Congresso.

O comparecimento da ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia Marie Yovanovitch está previsto para sexta-feira. Yovanovitch foi afastada do cargo em maio por resistir à pressão da Casa Branca para Kiev investigar Biden, de acordo com relatos da mídia americana.

Trump reteve quase 400 milhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia por meses, que ele acabou finalmente liberando.

Segundo o Washington Post, as autoridades do governo foram instruídas a informar os legisladores de que os atrasos faziam parte de um "processo interinstitucional", sem maiores esclarecimentos.

As ordens de entrega de arquivos e os testemunhos no Congresso se concentram no telefonema de Trump em 25 de julho. Segundo o memorando da conversa publicado pela Casa Branca, os dois presidentes discutiram o interesse de Zelenski em receber ajuda militar, seguido por Trump pedindo um "favor" e depois mencionando Biden.

Os procedimentos de julgamento político, com poucas possibilidades de resultar no impeachment de Trump, que conta com a maioria republicana no Senado, foram iniciados pela oposição democrata que controla a Câmara dos Representantes depois que um denunciante tornou pública a conversa de Trump com Zelenski.

No domingo se soube da existência de um segundo denunciante, também identificado somente como um agente dos serviços de inteligência americana, disposto a testemunhar e a oferecer informação de primeira mão sobre o caso ucraniano.

Após a conclusão da segunda parte da audiência de instrução na qual a Justiça ouviu testemunhas do caso Marielle Franco, a viúva da vereadora, a arquiteta Mônica Benício, disse estar “relativamente otimista” com os rumos da investigação. O processo corre em segredo de justiça e a imprensa não pôde acompanhar os depoimentos.

Marielle foi assassinada no dia 14 de março do ano passado, junto com o motorista Anderson Gomes. Respondem pelos homicídios os ex-policiais Ronnie Lessa (reformado) e Élcio Queiroz (expulso da Polícia Militar do Rio de Janeiro), presos no dia 12 de março deste ano.

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“Estou com confiança de que o processo está caminhando, pra gente fazer a busca por Marielle e Anderson. Obviamente que, no campo pessoal, é muito difícil. Não é uma situação confortável. Enfim, enquanto testemunha, vítima, eu tenho muito pouco a contribuir de fato para isso [as investigações], a não ser os relatos do que era a agenda, o dia a dia da Marielle e de como está esse processo”, disse.

Também foi ouvido nesta sexta-feira (2) o delegado responsável pela primeira fase da investigação, Giniton Lages.

Homenagem

No último sábado (27), dia em que Marielle completaria 40 anos e marco dos 500 dias desde os assassinatos, uma homenagem com ato e shows foi realizada no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro.

A Secretaria Municipal de Urbanismo confirmou que uma comissão analisa a viabilidade de renomear parte da Praça Cardeal Câmara, que liga a Rua dos Arcos e a Avenida Mem de Sá, como Rua Marielle Franco. A rua, onde ficam as casas de show Fundição Progresso e Circo Voador, também será revitalizada.

O chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, é um dos palestrantes em um evento para empreendedores que vai acontecer na capital paranaense. Além dele, a cantora Anitta também compõe o elenco dos que vão palestrar no encontro que está cobrando ingressos a R$ 650 - o mais barato na pré-venda. A informação é da revista Veja. 

De acordo com a reportagem, o evento também conta com opções de ingresso “VIP Unissex” por R$ 800. Segundo a programação, Dallagnol vai falar sobre “A Ética nos Negócios em um Mundo Sob Pressão”, enquanto Anitta falará sobre sua carreira como uma startup. As palestras estão marcadas para outubro deste ano.

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As palestras ministradas por Dallagnol estão sendo analisadas pelo Conselho Nacional do Ministério Público. O Conselho vai apurar se Deltan e o procurador Roberson Pozzobon usaram seus cargos para lucrar como palestrantes. 

Conversas de dezembro de 2018 reveladas pelo site The Intercept Brasil, através do jornal Folha de São Paulo, sugerem que Dallagnol teria feito um plano para, com a fama adquirida por comandar a Lava Jato, atrair o recebimento por palestras.

“As palestras e aulas já tabeladas neste ano estão dando líquido 232k [R$ 232 mil]. Ótimo… 23 aulas/palestras. Dá uma média de 10k [R$ 10 mil] limpo”, teria dito à sua mulher, com quem chegou a cogitar a criação de uma empresa para esse fim.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira, 5, que, apesar de não ter acesso ao processo, conversa frequentemente com o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e acompanha de perto as investigações da Polícia Federal da tentativa de assassinato que sofreu em setembro do ano passado, quando era candidato à Presidência da República. "Nós esperamos que a nossa PF chegue realmente à elucidação dos fatos. Tem muita coisa acontecendo, tenho conhecimento, mas não posso falar", acrescentou o presidente.

"Não tenho acesso aos autos, mas converso com Sergio Moro, tem informação que chega para mim e que passo para ele apurar também. É natural. Agora, não quero que inventem responsável pela tentativa de assassinato à minha pessoa, quero é chegar à solução", disse o presidente a jornalistas.

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Bolsonaro participou de solenidade de comemoração do 196º Aniversário da criação do Batalhão do Imperador e o 59º de sua Transferência para a Capital Federal. O evento foi realizado no Batalhão da Guarda Presidencial, em Brasília.

Adélio Bispo de Oliveira, autor confesso do atentado, afirmou durante avaliação psiquiátrica que tentou assassinar o então candidato porque, se eleito, ele "entregaria nossas riquezas ao FMI (Fundo Monetário Internacional), aos maçons e à máfia italiana". Ele afirmou ainda que, como consequência da eleição de Bolsonaro, "seriam mortos pobres, pretos, índios, quilombolas, homossexuais, só ficando os ricos maçons dominando as riquezas do Brasil".

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