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A comissão que fiscaliza atuação do governo no combate ao novo coronavírus aprovou, nesta terça-feira (21), convite para que representantes do governo expliquem os impactos da pandemia sobre os povos indígenas. Também foi solicitado ao Ministério da Economia o detalhamento da execução orçamentária voltada aos índios. Ainda não há data para a reunião.

O requerimento, apresentado pelo presidente do colegiado, senador Confúcio Moura (MDB-RO), prevê a realização de audiência pública com representantes dos ministério da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e da Economia. Segundo o parlamentar, ações urgentes precisam ser tomadas, pois o orçamento da saúde indígena está comprometido desde o ano passado, quando diminuiu 16%.

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Nessa segunda-feira, 20, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que indígenas estão particularmente vulneráveis à covid-19. "Os povos indígenas costumam ter alto nível de pobreza, desemprego, desnutrição e doenças transmissíveis e não transmissíveis, tornando-os mais vulneráveis à covid-19 e seus graves resultados", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

No início do mês, o presidente Jair Bolsonaro sancionou projeto de lei que buscava assegurar medidas emergenciais para povos tradicionais com vetos. Entre outros pontos, o presidente retirou a obrigação do acesso das aldeias à água potável; do fornecimento de materiais de higiene, de limpeza e desinfecção de superfícies de aldeias, distribuição de cestas básicas e da oferta de leitos.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, nesta quarta-feira (8), cinco medidas a serem adotadas pelo governo federal para conter o contágio e a mortandade por Covid-19 entre a população indígena.

A decisão foi tomada no âmbito de uma ação conjunta apresentada por partidos de oposição e divulgada horas após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetar uma série de dispositivos da lei que regulamenta o combate ao novo coronavírus entre indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.

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Entre as iniciativas determinadas por Barroso, estão o planejamento de ações com a participação das comunidades, a apresentação de planos para contenção de invasores e do próprio vírus nas reservas e a criação de barreiras sanitárias para preservar indígenas isolados. Ele determinou ainda que seja garantido o acesso de toda essa população ao Subsistema Indígena de Saúde.

O ministro destacou que as medidas 'devem envolver diálogos com o Poder Público e com os povos indígenas, sem se descuidar, contudo, dos princípios da precaução e da prevenção'.

Agora, o governo terá três dias para criar uma comissão formada por membros Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Procuradoria Geral da República e Defensoria Pública da União que ficará responsável por gerenciar as ações.

Leia abaixo, em detalhes, as cinco medidas determinadas por Barroso:

Instalação de uma 'Sala de Situação' para gestão de ações de combate à disseminação da doença entre povos indígenas em isolamento ou de contato recente, com participação das comunidades, por meio da Apib, Procuradoria Geral da República e Defensoria Pública da União. Os membros deverão ser designados em 72 horas a partir da ciência da decisão, e a primeira reunião virtual deve ser convocada em 72 horas depois da indicação dos representantes;

Apresentação de um plano de criação de barreiras sanitárias em terras indígenas, em até 10 dias, a partir das orientações da Sala de Situação;

Elaboração de um plano de enfrentamento da Covid-19, em 30 até dias, com a participação das comunidades e do Conselho Nacional de Direitos Humanos. Os representantes das comunidades devem ser definidos dentro de três dias;

Inclusão, no Plano de Enfrentamento e Monitoramento da Covid-19 para os Povos Indígenas, de medida de contenção e isolamento de invasores em relação a terras indígenas. Nesse ponto, o ministro destacou que é dever do governo federal elaborar um plano de desintrusão e que se nada for feito, voltará ao tema;

Garantia de que aldeias tenham acesso ao Subsistema Indígena de Saúde, independente da homologação das terras ou reservas, e que os não aldeados também acessem o subsistema na falta de disponibilidade do SUS geral.

Na decisão, o ministro destacou que os índios, por razões históricas, culturais e sociais, são mais vulneráveis a doenças infectocontagiosas, apresentando taxa de mortalidade superior à média nacional. Segundo dados da Apib, mais de 10 mil casos de covid-19 foram confirmados entre indígenas até o último dia 2, com 408 mortes.

Barroso também defendeu que a participação dos índios no processo é 'indispensável' uma vez que cada comunidade tem problemas específicos que precisam ser levados ao conhecimento dos governantes.

A decisão registrou, ainda, o papel destacado das Forças Armadas na distribuição de suprimentos e materiais de saúde a diversas comunidades indígenas, bem como sua atuação, em parceria com o Ministério da Saúde, na atenção médica às aldeias.

Vetos de Bolsonaro

Mais cedo, o presidente vetou uma série de obrigações do Poder Público com os povos indígenas durante a pandemia, incluindo garantia de acesso universal a água potável, distribuição gratuita de materiais de higiene e limpeza, desinfecção das aldeias e oferta de leitos hospitalares e ventiladores para tratamento de pacientes.

O governo alega que as propostas instituem obrigação ao Poder Executivo e cria despesa obrigatória ao Poder Público, sem apresentar o demonstrativo do respectivo impacto orçamentário e financeiro.

Na decisão desta quarta, Barroso mandou recados ao presidente. "Não há que se falar em interferência do Judiciário sobre Políticas Públicas, mas, sim, em mera implementação judicial de norma federal que não está sendo observada pelo Poder Executivo", disparou o ministro, que também classificou como 'vago' o Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo Novo Coronavírus em Povos Indígenas lançado pelo Ministério da Saúde. "Expressa meras orientações gerais e não prevê medidas concretas, cronograma ou definição de responsabilidades", criticou.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (8),  que o governo federal adote uma pelo menos cinco medidas para conter a pandemia de Covid-19 entre a população indígena. A decisão foi tomada após uma ação apresentada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e outros seis partidos políticos (PSB, PSOL, PCdoB, Rede, PT, PDT), que apontam a omissão do governo do presidente Jair Bolsonaro no combate ao vírus entre os povos originários.

As medidas determinadas por Barroso envolvem a criação de uma sala de situação para gestão de ações de combate a pandemia para povos indígenas, em isolamento ou em contato recente com pessoas infectadas. Nela deve ser feito o planejamento com a participação das comunidades, ações para contenção de invasores em reservas e criação de barreiras sanitárias no caso de indígenas em isolamento (que, por escolha própria, decidiram não ter contato com a sociedade) ou que tiveram contato recente, mas que possuem baixa compreensão do idioma e costumes majoritários.

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Além disso, o Governo Federal deve permitir o acesso de todos os indígenas ao Subsistema Indígena de Saúde, elaborando um plano para enfrentamento e monitoramento da Covid-19. O ministro informou que procurou atuar como um “facilitador de decisões e de medidas que idealmente devem envolver diálogos com o Poder Público e com os povos indígenas, sem se descuidar, contudo, dos princípios da precaução e da prevenção”.

Detalhamento das medidas (segundo o site do STF):

1. SALA DE SITUAÇÃO: Que o governo federal instale Sala de Situação para gestão de ações de combate à pandemia quanto a povos indígenas em isolamento ou de contato recente, com participação das comunidades, por meio da APIB, Procuradoria Geral da República e Defensoria Pública da União. Os membros deverão ser designados em 72 horas a partir da ciência da decisão, e a primeira reunião virtual deve ser convocada em 72 horas depois da indicação dos representantes;

2. BARREIRAS SANITÁRIAS: Que em 10 dias, a partir da ciência da decisão, o governo federal ouça a Sala de Situação e apresente um plano de criação de barreiras sanitárias em terras indígenas;

3. PLANO DE ENFRENTAMENTO DA COVID-19: Que o governo federal elabore em 30 dias, a partir da ciência da decisão, com a participação das comunidades e do Conselho Nacional de Direitos Humanos, um Plano de Enfrentamento da Covid-19 para os Povos Indígenas Brasileiros. Os representantes das comunidades devem ser definidos em 72 horas a partir da ciência da decisão;

4. CONTENÇÃO DE INVASORES: Que o governo federal inclua no Plano de Enfrentamento e Monitoramento da Covid-19 para os Povos Indígenas medida de contenção e isolamento de invasores em relação a terras indígenas. Destacou, ainda, que é dever do Governo Federal elaborar um plano de desintrusão e que se nada for feito, voltará ao tema.

5. SUBSISTEMA INDÍGENA: Que todos os indígenas em aldeias tenham acesso ao Subsistema Indígena de Saúde, independente da homologação das terras ou reservas; e que os não aldeados também acessem o subsistema na falta de disponibilidade do SUS geral.

Decisão aparece após veto de Bolsonaro

A decisão de Barroso vem após Bolsonaro sancionar com vetos a lei que prevê medidas de proteção para comunidades indígenas durante a pandemia de coronavírus. Ao todo, o Poder Executivo barrou 16 dispositivos do  Plano Emergencial para Enfrentamento à Covid-19 nos territórios indígenas, que incluíam o acesso à água potável, materiais de higiene, leitos hospitalares e respiradores mecânicos, além de distribuição de materiais informativos sobre a Covid-19; e pontos de internet nas aldeias.

Para não ser acusado de passar por cima da decisão do presidente da República, Barroso disse que a criação da Sala de Situação sobre indígenas está prevista em portaria do Ministério da Saúde e da Funai e, por isso, não representa interferência no poder Executivo. 

Por fim, o ministro chamou de "vago" o plano aprovado por Jair Bolsonaro, dizendo que o texto "expressa meras orientações gerais e não prevê medidas concretas, cronograma ou definição de responsabilidades”, além de não contar com a participação de comunidades indígenas.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou, nesta terça-feira (23), dados relativos ao perfil dos 5.783.357 inscritos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020. Segundo o balanço, "47% são pardos; 34,7% são brancos; 13,3% são pretos; 2,2% são amarelos; 0,7% são indígenas e os demais optaram por não informar".

Os estudantes declaram seu perfil racial no ato de inscrição. Além disso, por meio da Página do Participante, os candidatos podem votar as datas de aplicação da prova.

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Gênero e faixa etária

Seguindo a tendência dos últimos anos, o Enem tem mais mulheres: elas são 60% das inscrições. No que diz respeito à idade, mais da metade dos estudantes tem até 20 anos, seguida pelo grupo de até 18 anos de idade, que corresponde a 40,6% dos participantes. 

No entanto, uma mudança foi percebida: enquanto outras edições costumavam ter índices baixos de pessoas mais velhas, o Enem 2020 registrou 12.982 inscritos acima dos 60 anos. 

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Carregada de rezas, ritos e festas, as celebrações indígenas são repletas de músicas que exaltam a ancestralidade. De forma mais genuína, respeitando suas raízes e legitimando a voz de seu povo, a nova geração de artistas indígenas não se contenta em expressar suas artes apenas em sua região, mas, com poesia, entregam um interessante trabalho ao grande público.

LeiaJá mostra cinco nomes de destaque que merecem ser ouvidos. Confira:

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1. Djuena Tikuna - É uma cantora e jornalista do Amazonas que fez história, em 2017, ao tornar-se a primeira indígena a protagonizar um espetáculo musical no Teatro Amazonas, nos 121 anos de existência do local. No mesmo ano, ela lançou o álbum "Tchautchiüãne"

2. Brisa Flow -  Para a multiartista mineira, "o que sustenta o corpo é a identidade". "Me enxergo como mulher indígena desde criança", diz ela, que carrega essa ideologia em suas letras. A costura de seu álbum "Flow da Brisa" se dá através de gêneros como o hip-hop, música brasileira e R&B, além de sonoridades que são compostas por batuques ancestrais.

3. Edivan Fulni-ô - Cantor e compositor pernambucano, ele é integrante do grupo musical Coisa de Índio. Estudante de agronomia na Universidade Federal de Feira de Santana (UEFS), foi finalista do 14º Festival Metropolitano de Música Vozes da Terra.

4. Oxóssi Karajá - O artistas se expressa por meio do rap indígena. Em suas letras, a crença e a reza xamânica se fazem presentes e trazem o trabalho para a modernidade. O indígena denuncia a violência contra seu povo sem deixar sua ancestralidade de lado.

5. Stan Walker - É cantor e ator Maori, que ficou famoso ao participar do "Australian Idol", em 2009. Faz sucesso na Nova Zelândia e Austrália, e em seus videoclipes exalta a cultura do seu povo.

 

Os indígenas da Amazônia estão "em grave risco" pela pandemia da Covid-19, advertiram nesta quinta-feira (3) entidades de direitos humanos da ONU e a OEA, que exortaram os países da região a tomar maiores medidas para protegê-los.

A área abrange territórios de oito países (Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador, Venezuela, Guiana e Suriname) e é o lar de 420 povos indígenas, 60 deles em isolamento voluntário.

Ali, o aumento "exponencial" da propagação do novo coronavírus fez soar o alerta de escritórios de Direitos Humanos das Nações Unidas na América do Sul, Colômbia e Bolívia, e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

"Alertamos que a Covid-19 pôs em grave risco a sobrevivência e os direitos dos povos indígenas na bacia do Amazonas, portadores de um conhecimento profundo de um dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade e culturas do planeta", disseram em uma declaração por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente, que se celebra nesta sexta-feira (5).

Entre os problemas que as comunidades amazônicas enfrentam, destacaram a falta de acesso à informação de saúde confiável, a carência de infra-estrutura hospitalar e a ausência de serviços de saúde adaptados a suas necessidades.

Também denunciaram a atividade continuada de algumas empresas, inclusive em áreas onde as autoridades ordenaram medidas de contenção, o que aumentou o risco de contágio. E apontaram a ameaça constante que representam os atores armados, vinculados ao crime organizado e ao narcotráfico.

"Nesse contexto, os Estados da região amazônica devem incrementar as medidas para proteger os povos indígenas frente à Covid-19, tanto no nível dos contágios, quanto dos impactos sobre seus direitos associados à pandemia", acrescentaram.

Por isso, urgiram aos Estados a "se abster" de promover leis e/ou autorizar projetos extrativistas de exploração ou desenvolvimento em ou perto de territórios indígenas, diante da "impossibilidade de levar adiante os processos de consulta prévia, livre e informada, em conformidade com os padrões internacionais aplicáveis".

Uma polêmica legislação em discussão no Brasil, impulsionada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas rejeitada por organizações indígenas, permitiria projetos de mineração, agricultura e geração de energia hidrelétrica em terras anteriormente protegidas na maior floresta tropical do mundo.

A Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) advertiu nas últimas semanas para o impacto "desproporcional" da Covid-19 em indígenas amazônicos.

A diretora da OPAS, Carissa Etienne, lembrou que as populações estão expostas a altas taxas de insegurança alimentar, diabetes tipo 2 e doenças endêmicas, como a tuberculose e a malária, "o que as torna mais propensas a sofrer a carga desta pandemia".

A América Latina está sofrendo em cheio o flagelo da Covid-19, com cerca de 1,2 milhão de contágios e 57.800 falecidos, principalmente em Brasil, México, Peru, Equador, Chile e Colômbia.

Nesta quinta-feira (4), diversos perfis no Twitter e Instagram dedicados a expor estudantes que supostamente fraudaram o sistema de cotas universitárias em instituições de ensino do país inteiro surgiram fazendo denúncias. O ato, que se mostrava uma atitude bem intencionada para assegurar o direito de quem busca acesso ao ensino superior, no entanto, pode levar a erros e linchamentos virtuais, como o que aconteceu com a jovem indígena Larissa Sá, de 19 anos, que cursa o segundo semestre de medicina na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e foi injustamente exposta como fraudadora de cotas para indígenas pelo perfil @fraudadorcotaPE. 

A estudante mora na cidade de São José do Belmonte, em Pernambuco. Ela é do povo Atikum Umâ e frequenta a Aldeia Logrador, no município de Carnaubeira da Penha, no mesmo estado. Em entrevista concedida ao LeiaJá, ela contou que tem registro na Fundação Nacional do Índio (Funai), entre outros documentos que comprovam sua etnia.

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Na manhã desta quinta-feira, Larissa se deparou com diversas ofensas que não entendeu de imediato ao abrir o Instagram, e conta que foi informada do que estava acontecendo no Twitter por seus amigos. 

“Alguns amigos estavam me mandando prints do Twitter, e lá era muito pior, eu estava no chão, as pessoas que estavam me julgando tinham aquela visão estereotipada de indígena de 1500. Comecei a me defender, uma menina me respondeu dizendo que podia me ajudar, mandou minha exposição para um twitter chamado @indiodeiphone e as pessoas começaram a me apoiar. Eu acho que comecei a receber apoio de pessoas que pensam igual a mim e começou a ficar tudo bem”, contou ela.

Perguntada sobre como enxerga os ataques que sofreu no contexto da sociedade hiperconectada, em que as pessoas são facilmente expostas e ficam sujeitas a demonstrações de ódio virtual, Larissa disse ver perigo na exacerbação do contato com a vida de todos, mas também alguns pontos positivos.  “Eu acho que o perigo está nesse poder exacerbado de todo mundo ter contato com a vida de todo mundo, com tudo que se passa. É ruim com a vida da pessoa que é ‘linchada’ como também é bom porque muitos assuntos importantes vêm à tona. Esse linchamento que aconteceu comigo também serviu para dar visibilidade a um assunto pouco falado. Isso também fez com que eu criasse coragem e a partir de hoje eu sou outra pessoa para poder falar acerca desse assunto”, afirmou a jovem. 

Fraudes e comissões de verificação  

Esta não é a primeira vez que Larissa sofre preconceito devido à forma como as pessoas imaginam que um índio deva ser. Esse problema fez com que a jovem tivesse que passar no vestibular duas vezes e entrar na Justiça contra a universidade quando não foi reconhecida como indígena pela comissão de verificação em sua primeira aprovação. Ela conta que, na equipe que a entrevistou para realizar a verificação de autodeclaração, nenhum dos avaliadores era indígena.

“Passei na UFMA em outro campus e fui fazer minha matrícula, fui na banca avaliadora, não me deram certeza, voltei para minha cidade. Saiu outra lista de espera e tinha outra pessoa na vaga que era ocupada por mim. Pensei que tinha aberto outra vaga, mas disseram que minha vaga tinha sido indeferida. Informaram que a banca tinha concluído que eu não era indígena. Comecei a chorar, minha mãe pegou o telefone e a mulher no telefone disse que a vaga foi indeferida porque a banca achou que eu não era indígena. Minha mãe perguntou com base em quê; ela disse que não sabia dizer, que só estava passando a informação e não podia fazer nada por nós”, contou Larissa, que processou a instituição de ensino, mas nunca obteve uma resposta adequada e precisou voltar ao pré-vestibular por mais um ano. 

Ao ser aprovada novamente, Larissa não teve ânimo de contar às pessoas sobre o feito. Quando foi novamente à entrevista para verificação de autodeclaração de sua origem indígena, ela sentia apenas medo. “Aquelas pessoas não eram indígenas e uma pessoa que não passa aquilo na pele não pode julgar outra. Como você indefere a matrícula de alguém porque você acha que ela não deve estar ali? O erro começou na representatividade” afirmou a estudante.

Larissa nasceu com os cabelos escuros e gosta de pintá-los de loiro, mas conta que antes de ir à entrevista chegou a pensar em mudar a cor dos fios. “Eu pensei que não valia a pena, que as pessoas têm que me aceitar. O sangue indígena corre nas minhas veias, o indígena não tem que provar fenotipicamente quem ele é. Isso é uma coisa que já me afetou muito, mas hoje em dia eu sinceramente não ligo mais”, disse ela. 

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As comunidades indígenas da Amazônia se veem ameaçadas pela disseminação da Covid-19 na região. O Ministério Público Federal (MPF) e diversas entidades indigenistas chegaram a alertar sobre os riscos. Com o objetivo de certificar a urgência da causa, o fotógrafo Sebastião Salgado, que passou os últimos sete anos fotografando na Amazônia, tema de sua própria exposição, organizou um manifesto para que os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário intervenham e evitem o extermínio indígena por conta da pandemia do novo coronavírus. 

De acordo com jornal O Globo, o apelo de Salgado, em forma de petição, será lançado neste domingo (3) com a assinatura de mais de 60 personalidades nacionais e internacionais, entre elas, nomes ligados à música, como Paul McCartney, Madonna e Chico Buarque; e ao cinema, como os atores Brad Pitt e Richard Gere, as atrizes Meryl Streep e Glenn Close, e os cineastas Oliver Stone, Pedro Almodóvar, Alfonso Cuarón e Fernando Meirelles. A lista inclui também o escritor Mario Vargas Llosa, a modelo brasileira Gisele Bündchen, o príncipe Albert de Mônaco e o cientista brasileiro Carlos Nobre.

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Ainda de acordo com o site, “o manifesto alerta para a precária assistência em comunidades indígenas e para a preocupação com as consequências de um contágio em massa”.

É importante pontuar que o MPF já havia ressaltado, ao solicitar medidas imediatas de órgãos públicos, que “viroses respiratórias foram vetores do genocídio indígena em diversos momentos da história do país”.

"A situação é muito grave. Se o coronavírus chegar às comunidades indígenas, será um genocídio, porque elas não têm os mesmos anticorpos que possuímos para as doenças europeias, de brancos. A responsabilidade do Brasil será muito grande se isso ocorrer, e o país será levado às cortes internacionais por não ter tomado posição em relação a populações em perigo, julgado e condenado", afirma Salgado. 

O fotógrafo ainda acrescenta que “Fernando Meirelles produziu um curto vídeo, com cerca de 20 fotografias de índios, para ser usado nas redes sociais. Gisele Bündchen vai ajudar também a divulgar entre seus seguidores. Vamos lançar em vários países. Tenho grande esperança de que isso possa viralizar e que leve a uma real e séria preocupação nacional.”

O número de indígenas com ensino superior contratados com carteira assinada aumentou em 2019 em relação a 2018, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Ao todo, foram contratados 3.094 profissionais no ano passado. O número aumentou em relação aos 2.092 indígenas admitidos em 2018. A área de enfermagem foi a que mais contratou. 

Em 2018, as contratações voltaram a crescer, após quedas sucessivas desde 2015. Em 2014, 2.246 profissionais foram contratados. Esse número caiu até 1.572 em 2017, atingindo a menor marca da década. Em 2019, a tendência de crescimento das contratações verificadas no ano anterior foi mantida. 

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 “Temos uma tendência um pouco oscilante, mas crescente de contratações de indígenas”, diz o diretor de Inteligência Educacional da plataforma Quero Bolsa, Pedro Balerine. O levantamento foi feito pela Quero Bolsa. Segundo Balerine, a análise mostra que, embora haja uma concentração em determinadas profissões, os indígenas atuam nas mais diversas áreas e buscam formações diversificadas. 

O aumento das contratações de indígenas, de acordo com o diretor, está relacionado à expansão do ensino superior. “A oferta de ensino superior no Brasil está aumentando muito e tem a expansão do Ead [Ensino a distância], que é um facilitador para esse público”, diz. Apesar de esbarrar em dificuldades tecnológicas, como acesso à internet e a computadores, segundo Balerine, os pólos presenciais, obrigatórios para a oferta de cursos a distância, podem ajudar a quem não tem esses equipamentos. 

O levantamento mostra que, no ano passado, a área que mais contratou foi enfermagem, com 215 admissões. Em seguida, estão os professores de ensino superior, com 84 admissões na área de prática de ensino e 82 na área de didática. Foram contratados ainda 71 analistas de desenvolvimento de sistema, 69 administradores e 56 farmacêuticos, entre outras ocupações. A média salarial verificada foi R$ 3.409,28.  

Desafios

Mesmo sendo o mais alto da década, o número de contratações de indígenas ainda é pequeno no país, e os profissionais contam que ainda há ainda muita dificuldade para a formação. Em 2018, de acordo com o Censo da Educação Superior, havia 57.706 indígenas matriculados em todo o país, o que representava 0,7% do total de 8,4 milhões de estudantes. 

“Para nós, indígenas da aldeia, é bem mais difícil. É difícil passar em vestibular. Tem faculdade particular mas, às vezes, não se tem condições de pagar o curso”, diz a enfermeira Letícia Monteiro, que é indígena do povo Taurepag, da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, localizada em Roraima.

“Tem ainda essa questão da discriminação. Em pleno século 21, a gente ainda consegue ver essa discriminação e a dificuldade de fazer o curso em uma cidade onde não tem residência e nem apoio financeiro. Fica muito mais difícil”, diz a enfermeira, uma de dez indígenas do total de 51 enfermeiros que atuam na Divisão de Atenção à Saúde Indígena (Diasi) do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Leste Roraima, ligada à Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde. Segundo Letícia, há muitos indígenas que desejam cursar enfermagem, por exemplo, mas que acabam não conseguindo devido a essas limitações.

De acordo com a secretária-geral do Movimento das Mulheres Indígenas do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Maria Betania Mota de Jesus, que é da etnia Macuxi, muitos dos indígenas que vivem nas aldeias e saem para estudar, retornam para atuar nas comunidades. Tendem também a permanecer nos postos de trabalho. “Eles conhecem a cultura, conhecem o trabalho. Há muitas pessoas não indígenas que acabam não se habituando e isso leva a uma rotatividade de profissionais”. 

Nas instituições federais, os indígenas têm reserva de vagas por causa da chamada Lei de Cotas, Lei 12.711/2012. Desde 2016, 50% das vagas nessas instituições são reservadas a estudantes de escolas públicas. Dentro da lei, há a reserva de vagas para pretos, pardos e indígenas, de acordo com o percentual dessas populações nas unidades federativas.

Apesar de não estarem submetidas a essa lei, as instituições privadas, que detêm a maior parte das matrículas do ensino superior, podem desenvolver ações para a formação desses estudantes. 

A Funai confirmou a morte de mais dois indígenas neste sábado, 11, vítimas do novo coronavírus, em Manaus (AM), região que enfrenta uma forte escalada da covid-19.

Por meio de nota, a Funai lamentou a morte de um indígena da etnia tikuna, de 78 anos, e de uma indígena Kokama, de 44 anos. A confirmação se deu pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena e do Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Solimões.

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O indígena Tikuna, segundo a Funai, foi removido do Hospital de Tabatinga (AM), em UTI aérea do Estado, para tratar de problemas cardíacos. Estava internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Delphina Aziz, em Manaus. Durante o período de tratamento hospitalar, o teste para covid-19 acusou positivo, o que agravou ainda mais seu quadro.

A indígena Kokama estava internada, desde 28 de fevereiro, na cidade de Manaus, para tratamento de anemia. O quadro da paciente agravou-se após contrair a covid-19, quando passou a respirar por aparelhos. De acordo com o atestado de óbito, a indígena faleceu em decorrência de insuficiência respiratória aguda.

Ontem, a Funai confirmou a morte de um indígena yanomami de apenas 15 anos de idade. Alvaney Xiriana Pereira havia sido diagnosticado com coronavírus. Segundo o Ministério da Saúde, o jovem estava internado no Hospital Geral de Roraima e faleceu na quinta-feira, 9, vítima de síndrome respiratória aguda grave.

Há pelo menos mais seis casos confirmados de contaminação. A Secretaria Especial de Saúde Indígena, do governo federal, orientou indígenas a evitarem deslocamentos das aldeias a centros urbanos, assim como não permitirem a entrada de pessoas externas em suas terras. Conforme o ministério, 800 mil indígenas vivem em aldeias sob a responsabilidade de atendimento dos 34 distritos sanitários especiais em todo o País.

O coronavírus já entrou nas terras indígenas. Atualmente, há seis casos confirmados de contaminação por covid-19 entre indígenas e dois óbitos, segundo informações da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). A Funai informou que impediu a entrada de qualquer não índio em todas as terras indígenas do País. A fiscalização, no entanto, é mínima.

Especialistas lembram que os índios são, naturalmente, mais vulneráveis a epidemias por causa de condições precárias sociais e de saúde.

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Nesta quarta-feira, as organizações Greenpeace, Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e Apoika emitiram uma nota para alertar sobre o risco de iminente invasão da terra indígena Karipuna, em Rondônia. Na semana passada, 115 instituições da Amazônia e demais regiões do Brasil emitiram um manifesto de alerta ao governo, para cobrar ações emergenciais contra a covid-19 nas tribos.

Um estudante indígena de 15 anos está em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Geral de Roraima com coronavírus. Ele deu entrada no hospital com quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e seu primeiro teste para coronavírus deu negativo. O segundo, no entanto, confirmou a contaminação. O estudante Alvanei Yanomami mora na aldeia Rehebe às margens do Rio Urariquera e estudava na cidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pelo menos seis índios nicaraguenses morreram e desapareceram após um ataque armado de colonos contra uma comunidade no norte da Nicarágua, denunciou nesta quinta-feira (30) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

O ataque ocorreu na noite de quarta-feira (29) na Reserva da Biosfera de Bosawás, uma zona de proteção ambiental. Os colonos também queimaram as habitações indígenas. (Com agências internacionais).

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Arqueólogos do Instituto Mamirauá descobriram que há ilhas artificiais, também chamadas de “aterrados”, em áreas de várzea do Médio e Alto Solimões, no Estado do Amazonas. Essas ilhas foram construídas em períodos que antecederam a chegada de colonizadores portugueses e espanhóis à região.

Mais de 20 ilhas foram identificadas. Elas medem entre um e três hectares e têm até sete metros de altura. As ilhas têm formato piramidal com a base maior. Na parte de cima, que fica na superfície inclusive na época de cheia, o material cerâmico utilizado no solo ajuda a estabilidade do terreno e as bordas têm forma de talude (rampa), que facilita acesso à água e à atividade de pesca.

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Conforme o Instituto Mamirauá “foram encontradas cerâmicas do estilo corrugado, caracterizado esteticamente pelas ‘rugas’, camadas modeladas nos vasos e peças. O estilo cerâmico, datado dos séculos 15 e 16, é comum a grupos tupis”. Além desse material, os pesquisadores identificaram “fragmentos de cerâmica do estilo Hachurada Zonada, tipo ainda mais antigo – acredita-se que por volta de mil a.C.”

A hipótese dos arqueólogos é que essas ilhas foram erguidas e utilizadas pelos omáguas, povo indígena antigo - ascendente dos atuais kambebas, etnia amazônida no Brasil e no Peru. Relatos de cronistas do século 16, que acompanharam expedições de colonizadores, registram a descrição de povos: “eles eram tantos que se arrojaram e moram em ilhas”, conforme documento histórico citado à Agência Brasil por Márcio Amaral, do Grupo de Pesquisa em Arqueologia e Gestão do Patrimônio Cultural da Amazônia do Instituto Mamirauá.

O arqueólogo se impressiona com o volume de terra que os omáguas movimentaram para formar as ilhas artificiais. A terra foi retirada de locais cavados, que desde então formam depressões. “É um volume absurdo de terra que foi movimentada. Se essa movimentação de terra fosse mecanizada, seriam necessários vários tratores várias caçambas, várias pás-carregadeiras – uma estrutura monumental”, assinala.

A estimativa é de que haja na região cerca de 250 ilhas artificiais. O número de ilhas e o volume de terra deslocado, levanta hipóteses entre os pesquisadores sobre o nível de conhecimento, a capacidade tecnológica, a densidade populacional e a organização social dos omáguas. “Certamente havia muitas pessoas e havia uma organização para essas pessoas construírem e movimentar terra. Tinha que saber onde colocar. Seguramente, havia [pessoas que cumpriam a função de] engenheiros. As ilhas são rampadas. Para aguentar a distribuição do peso fizeram com uma distribuição proporcional”, descreve Márcio Amaral.

As pesquisas feitas pelos arqueólogos do Instituto Mamirauá, com apoio do ICMBio, são desenvolvidas há cinco anos. Segundo eles, construções similares foram encontradas na Ilha do Marajó, no Pará, e em Llanos de Mojos, na Bolívia.

 

Por Juliana Mamede

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou um vídeo ensinando os estudantes que pretendem concorrer às vagas oferecidas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) o que é e como disputar uma oportunidade por meio do sistema de cotas para pretos e pardos. 

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Na publicação, que é apresentada pelos próprios estudantes da UFPE, o vídeo mostra os jovens explicando o que são as cotas. Na narrativa, uma das estudantes salienta o que é o sistema. "O sistema de cotas é um instrumento de reparação histórica, que tem como objetivo instituir políticas públicas de reparação a pessoas indígenas e a pessoas com características fenotípicas negras", disse a discente Amanda Myrtes, no vídeo.

O tutorial revela que para concorrer às vagas reservadas para pretos e pardos, o candidato deve fazer a autodeclaração no ato de inscrição do Sisu 2020. Aqueles que desejam concorrer às vagas reservadas a candidatos indígenas devem apresentar o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (RANI).

O vídeo explica, ainda, que quando um candidato se autodeclara preto ou pardo, é preciso validar essa informação a partir do processo que avalia o fenótipo dele, ou seja, as características visíveis da pessoa, como a cor da pele, formato do rosto, textura do cabelo, entre outros.

O conteúdo reforça que essa autodeclaração será analisada por uma comissão que irá considerar apenas os aspectos fenotípicos do candidatos, não serão considerados outros critérios. Os critérios que definem raça e cor utilizados pela UFPE são os mesmos do IBGE. 

No dia da matrícula, haverá uma sala com a Comissão, destinada àqueles que solicitem o direito a essas vagas. Cada comissão possui três membros, esses membros possuem vivência na luta pelos direitos das pessoas negras. Será considerado preto ou pardo aquele candidato que for reconhecido por pelo menos dois dos membros da Comissão de Heteroidentificação.

O não comparecimento ou indeferimento da validação da autodeclaração como pessoa preta ou parda implicará na eliminação do candidato no processo seletivo. “Nesse caso, mesmo que o candidato atinja a pontuação necessária para ser aprovado em ampla concorrência, o seu processo seletivo de ingresso na Universidade permanecerá em estado de eliminação”, acrescenta Amanda, no vídeo. 

 Além disso, durante o processo de avaliação pessoal pela Comissão, não será permitida a utilização de adereços como chapéus, bonés e óculos escuros. Maquiagem e bronzeamento artificial não devem ser realizados antes dessa avaliação. 

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Os editais de concursos públicos e processos seletivos do estado do Espírito Santo divulgados a partir desta quarta-feira (8) terão cotas. O governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), sancionou a Lei 11.094 determinando a reserva de 17% das vagas para negros e 3% para indígenas na administração estadual, empresas públicas, autarquias, fundações públicas e sociedades de economia mista. 

O projeto, que foi enviado pelo Executivo para Assembleia Legislativa, só se aplica a editais que ainda não foram publicados e quando o número de vagas for igual ou maior que três. Será permitido que os candidatos negros e indígenas concorram simultaneamente às vagas reservadas e na ampla concorrência. Nos editais com uma ou duas vagas, os candidatos ficarão em uma lista de cadastro reserva para eventuais oportunidades.   

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Para concorrer às vagas reservadas, é necessário se autodeclarar indígena, preto ou pardo no ato de inscrição, conforme o quesito de cor ou raça definido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em caso de tentativa de fraude, os candidatos suspeitos serão encaminhados ao Ministério Público do Espírito Santo. 

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O ator e ativista ambiental Leonardo DiCaprio criticou nesta quinta-feira, 26, o garimpo em terras indígenas no Brasil. Ele compartilhou em suas redes sociais uma imagem de um protesto dos povos Yanomami e Ye'kwana que escreveram, com seus corpos, a frase "Fora Garimpo".

"Apesar de as leis brasileiras considerarem ilegal a mineração nas terras indígenas Yanomami, milhares de garimpeiros entraram recentemente no Parque Yanomami, uma das maiores reservas indígenas do Brasil, espalhando malária e contaminando rios com mercúrio", escreveu DiCaprio junto à foto.

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O ator lembra ainda que houve corte no orçamento de fiscalização do Ibama na Amazônia neste ano, "deixando as áreas protegidas vulneráveis à exploração".

A imagem compartilhada por DiCaprio foi redistribuída no início da semana pelo Instituto Socioambiental, organização que luta pelos direitos indígenas, depois de ter sido divulgada inicialmente em 26 de novembro. Segundo o ISA, em novembro, durante fórum de lideranças indígenas, realizado na comunidade Watoriki, na Terra Indígena Yanomami (RR), os Yanomami e os Ye’kwana denunciaram a invasão de seu território por 20 mil garimpeiros.

De acordo com a ONG, foram relatados no evento "graves impactos da extração mineral em suas terras". As denúncias foram compiladas em uma carta entregue às autoridades. A organização lembrou também um estudo da Fiocruz feito em comunidade do Rio Uraricoera, na TI Yanomami, que revelou que mais 90% dos participantes da pesquisa apresentavam alto índice de contaminação por mercúrio. O estudo é de 2016.

"A última vez que houve uma invasão dessa escala foi na década de 1980, quando cerca de um quinto da população indígena morreu de violência, malária, desnutrição, envenenamento por mercúrio e outras causas", escreveu ainda DiCaprio, citando dados divulgados pelo ISA. "Não queremos repetir essa história de massacre", disse, reproduzindo trecho da carta das lideranças.

O presidente Jair Bolsonaro defende a liberação de mineração em terras indígenas e disse, desde as eleições, que não demarcaria "nenhum centímetro" a mais de terra para os povos indígenas.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) rejeitou nesta quarta-feira a violência racial na Bolívia e pediu que se respeitem os direitos dos povos indígenas, em uma resolução que acolhe com agrado a investigação dos eventos que ocorreram no contexto das eleições de outubro, muito questionadas.

O texto proposto pela Comunidade do Caribe (Caricom) foi aprovado por 18 votos, incluindo os da Argentina, México, Nicarágua e Uruguai.

Contra foram Bolívia, Colômbia, Estados Unidos e Venezuela (representada por um delegado do líder da oposição Juan Guaidó).

Dos 34 membros ativos da OEA, 11 se abstiveram, incluindo Brasil e Canadá, e o Haiti estava ausente.

O Ministério Público Federal em Mato Grosso denunciou três indígenas da etnia Enawenê-Nawê, oriundos da aldeia Halaytakwa, por cárcere privado e homicídio, ocorrido em dezembro de 2015. Das três vítimas sequestradas e encarceradas, duas foram torturadas e mortas, afirma a Procuradoria.

Os nomes, tanto das vítimas quanto dos acusados não foram divulgados "pelo fato de o processo estar sob sigilo judicial". Dentre os pedidos requeridos pela Procuradoria no bojo da denúncia está o levantamento do sigilo do caso.

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De acordo com a denúncia, duas das vítimas estavam em uma caminhonete Ford trafegando pela BR-174, sentido Rondônia, quando romperam um bloqueio que havia sido feito pelos indígenas da etnia Enawenê-Nawê para cobrar pedágio.

Logo em seguida, duas caminhonetes saíram em perseguição às vítimas, que foram capturadas em um segundo pedágio por um grupo de aproximadamente sete indígenas, de acordo com o MPF. Em seguida, foram levadas para aldeia Halaytakwa, localizada próximo a cidade de Juína, distante aproximadamente 730 quilômetros de Cuiabá.

Um áudio com trecho de uma palestra feita pelo procurador e ouvidor-geral do Ministério Público Estadual do Pará, Ricardo Albuquerque, na última terça (26), tem causado revolta na internet. Em sua fala, Ricardo defende que a escravidão no Brasil só aconteceu porque o "índio não gosta de trabalhar". Ele também criticou políticas públicas com destinação por raça e disse que não há "dívida com quilombolas". 

A palestra aconteceu na sede da instituição para alunos de Direito de uma universidade privada do Pará. Alguns trechos foram gravados e compartilhados na internet. Em um deles, Ricardo culpa os indígenas pela escravidão do povo negro: "Esse problema da escravidão aqui no Brasil foi porque o índio não gosta de trabalhar, até hoje. O índio preferia morrer do que cavar mina, do que plantar para os portugueses. O índio preferia morrer. Foi por causa disso que eles foram buscar pessoas nas tribos na África, para vir substituir a mão de obra do índio. Isso tem que ficar claro, ora!".

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Em outro momento, o procurador também afirma que "não há dívida nenhuma com quilombolas" e que não concorda com políticas públicas que tenham destinação por raça: "Tem que dar estrutura para todo mundo, tem que dar terra pra todo mundo, mas é porque é brasileiro, só isso. É o que eu disse ainda agora, todos são iguais em direitos e deveres, homens e mulheres. Você escolhe o que você quiser ser, não estou nem aí. Mas todos são iguais, todos, absolutamente. Não precisa ser gay, ser negro, ser índio, ser amarelo, ser azul, para ser destinatário de alguma política pública. Isso tá errado. O que tem que haver, meus amores, é respeito mútuo. Eu lhe respeito, você me respeita, acabou a história. O resto é papo furado. Isso tudo só faz travar a sociedade e eu tô dizendo isso porque eu sei o que rola lá dentro". 

Após a palestra, o procurador se pronunciou através de nota oficial e alegou que os áudios estavam sendo veiculados fora do contexto e de forma "tendenciosa". O Ministério Público do Pará também se manifestou através de nota e garantiu não corroborar com a fala de Ricardo Albuquerque. "O teor reflete tão somente a opinião pessoal do referido membro da instituição. Em relação a questão racial, o MPPA tem trabalhado para assegurar a implementação de políticas públicas para garantir às populações negras e indígenas a efetivação da igualdade de oportunidades". 

Os constantes protestos das últimas semanas em países como Equador, Argentina, Chile, Bolívia e os mais recentes na Colômbia, mostraram ao mundo a revolta das populações sul-americanas. Protegidos pelas montanhas da Cordilheira dos Andes, os povos indígenas da região lutam para manter seu espaço, seus costumes e os símbolos da cultura enraizada no continente desde o Império Inca.

Um destes símbolos é a wiphala, uma bandeira quadriculada composta por sete cores, que chamou a atenção ao ser utilizada nas manifestações dos países andinos. Simbolizando a forma de pensar a existência (ar, terra e subsolo) da população indígena dos Andes, a representação em cores une a Terra na cor vermelha, a sociedade e a cultura em laranja, o espaço cósmico em tom de azul, as riquezas naturais em verde, a ideologia política na cor violeta, a energia e a força do povo em amarelo, e o tempo e a intelectualidade na cor branca.

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Na Bolívia, por exemplo, o primeiro mandato do ex-presidente Evo Morales, da etnia aimará, transformou a wiphala em símbolo nacional. De acordo com o site do Ministério da Defesa boliviano as cores, quando vistas juntas, "organizam a sociedade comunitária e harmônica do Andes".

Para o professor do curso de Comunicação Social da Universidade Guarulhos (UNG), Inácio Rodrigues de Oliveira, a análise por meio da visão semiótica (estudo dos símbolos) da wiphala reflete ao conceito de união. "A wiphala se comporta como um qualisigno, um signo com qualidade e significação. Nela há vários quadrados dentro de um quadrado maior que se torna um englobante e alia os demais como se tivesse algo maior para unir todos os outros", explica.

Ainda segundo Oliveira, além de uma ideia de paz, a junção dos quadrados do mesmo tamanho e de cores diferentes representa a ligação de fatores divergentes que são parte da mesma cultura e identidade. "Os quadrados são de várias cores e do mesmo tamanho, portanto essa ideia de igualdade, de diversidade, representa a união de coisas distintas", completa.

Mesmo com algumas histórias de que a bandeira possa ter sido confeccionada por habitantes do continente antes da chegada dos europeus, no século XV, a wiphala virou um marco popular nas mãos de líderes camponeses andinos. Ainda na Bolívia, na década de 1970, o símbolo ilustrou a aliança dos habitantes do campo na busca pela recuperação da identidade política dos aimarás que, junto com a etnia quéchua, forma grande parte da população composta por cerca de 36 etnias indígenas do país. Estima-se que dos 11,5 milhões de bolivianos 1,8 milhão sejam de origem indígena.

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