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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) substituiu a denominação "Aglomerados Subnormais", usada desde 1991, por "Favelas e Comunidades Urbanas" em seus censos e pesquisas. O termo já será utilizado a partir da divulgação do resultado do Censo 2022, prevista para o segundo semestre deste ano. Com isso, o IBGE retoma o termo "Favela", utilizado historicamente pelo órgão desde 1950, junto ao termo "Comunidades Urbanas", de acordo com identificações mais recentes, informou o IBGE.

"Não houve alteração no conteúdo dos critérios que estruturam a identificação e o mapeamento dessas áreas e que orientaram a coleta do Censo Demográfico 2022. Trata-se da adoção de um novo nome e da reescrita dos critérios, refletindo uma nova abordagem do instituto sobre o tema", explicou o órgão.

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A mudança visa trocar o conceito de "ocupação irregular" para "territórios com direitos não atendidos" e destacar a ausência de oferta de serviços públicos essenciais.

Entre os fundamentos legais para a mudança está o direito à moradia, considerado um direito humano fundamental desde a Declaração Universal de 1948 e previsto no Art. 6º da Constituição Federal de 1988. Consequentemente, as pessoas podem mobilizar os meios disponíveis para viabilizá-lo, inclusive a autoconstrução e a ocupação dos espaços da cidade a fim de concretizar sua função social. O direito à moradia adequada também é descrito no Comentário nº. 4 do relatório do Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, publicado em 1991.

Da mesma forma, os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 falam sobre a função social da propriedade e da cidade e sobre o instrumento de usucapião. Destacam-se ainda o Estatuto da Cidade (Lei nº 10 257/2001) e o conjunto de leis que versam sobre a regularização fundiária urbana.

A partir de 2003, o IBGE já vinha realizando uma série de atividades de consulta para revisão da nomenclatura. Em 2021, houve a formação do GT de Favelas e Comunidades Urbanas para subsidiar o aprimoramento do Censo 2022 em todas as etapas da pesquisa e estruturar um novo processo de consulta para retomar a agenda de reformulação do conceito "Aglomerado Subnormal".

Segundo projeções da ONU-Habitat 2022, cerca de um bilhão de pessoas vivem atualmente em favelas e assentamentos informais em todo o mundo. De acordo com o IBGE, esse número pode estar subestimado, frente às dificuldades de captação dos dados em diversos países e à dinâmica de formação e dispersão desses territórios. De acordo com a ONU-Habitat, em 2021, cerca de 56% da população do planeta vivia em áreas urbanas, e essa taxa deve subir para 68% em 2050.

O mestre Douglas Rufino trabalha há 20 anos "salvando vidas" através do jiu-jitsu na favela do Cantagalo, no Rio de Janeiro, onde esta arte marcial mexeu com a sociedade no início do século.

Em um edifício no alto do morro, localizado entre os bairros nobres de Copacabana e Ipanema, Rufino passa seus conhecimentos de faixa preta a jovens da comunidade, assolada pelo crime organizado e a falta de oportunidades.

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Ele trabalha como professor do projeto social Cantagalo Jiu-jitsu desde 2003, três anos depois de sua criação, e de onde saíram alguns campeões do esporte.

"O projeto nasceu em 2000, com o intuito de ajudar as crianças daqui da comunidade, uma tentativa de dar um futuro melhor e dar uma oportunidade aos jovens, como eu e outros amigos meus, de poder viver do esporte, de poder viver do jiu-jitsu", diz o professor à AFP durante um treinamento.

Sua imagem e a de outros lutadores faixa preta decoram as paredes do local onde treinam meninos e meninas que esperam seguir seus passos.

Além dos movimentos e técnicas desta arte marcial de origem japonesa e vertente brasileira, os jovens aprendem valores para a vida.

"Tem muitas crianças que chegam aqui rebeldes e acabam saindo na disciplina, porque o jiu-jitsu é isso: respeito e disciplina", afirma Fabiano dos Santos Guedes, um lutador de 17 anos.

- Caminho difícil -

Nascido há 41 anos no Cantagalo, Rufino destaca o alcance do jiu-jitsu, que levou crianças da comunidade a lutar ou ensinar o esporte em países como Suécia, Singapura, Estados Unidos e Portugal.

"Posso dizer que me salvou também, eu poderia ter seguido outro caminho aqui na comunidade", diz o professor, que em 2006 foi campeão mundial do peso pluma.

O caminho, no entanto, não é fácil. Enquanto os profissionais do futebol conseguem se tornar milionários antes mesmo de completarem 18 anos, os frutos do jiu-jitsu, se vierem, só são colhidos na idade adulta.

"Tem que persistir muito para poder ganhar dinheiro (...) São oito a dez anos [de treinos] sem ganhar nada, apenas investindo para vencer no futuro", explica.

Para o jovem Fabiano, um exemplo que o motiva é seu próprio primo, faixa preta radicado no exterior, e que começou no jiu-jitsu aos seis anos.

"Por isso venho treinar jiu-jitsu, porque também tenho o sonho de morar lá fora e ser campeão mundial na faixa preta", conta o adolescente.

Campeã brasileira na categoria leve, Beatriz Freitas, nascida na comunidade Julio Otoni, no bairro das Laranjeiras, tem a mesma inspiração de Fabiano.

Mas se não conseguir o título mundial, ela vai se concentrar em ser uma "excelente professora" de um esporte em que os homens são maioria.

Ao começar a praticar a arte marcial, em 2020, "estava num momento muito estressante da minha vida, sendo muito agressiva em casa, na escola também, então conheci o jiu-jitsu como forma de extravasar tudo isso", conta a jovem de 22 anos.

- Passado sombrio -

Mas o jiu-jitsu brasileiro também tem um passado sombrio.

Nos anos 1990 e início da década de 2000, esta arte marcial deu o que falar na sociedade carioca, ocupando manchetes na imprensa e sendo objeto de investigações.

Na época, o esporte estava no auge, especialmente entre as classes sociais mais altas, que tinham condições de pagar para aprender suas técnicas de defesa pessoal, explica o sociólogo Bruno Cardoso.

O Rio de Janeiro começou a registrar brigas nas ruas e bares que, em alguns casos, envolviam lutadores de jiu-jitsu que geralmente compartilhavam o mesmo estereótipo: homens brancos, musculosos e donos de cachorros da raça pitbull.

A imprensa os batizou como "Pitboys' e acompanhou de perto os atos violentos que eles protagonizavam.

"Tinham casos importantes que envolviam lutadores de jiu-jitsu. Tinha uma moda de jiu-jitsu que certamente colaborava para dar essa visibilidade, mas também gerou, a partir de um momento, um rótulo que não se pregava nos casos de violência", porque os envolvidos nem sequer praticavam a disciplina, conta Cardoso.

As brigas arranharam a imagem do esporte, mas os anos e os esforços de alguns mestres para evitar que os atletas fossem relacionados a atos violentos permitiram virar essa página.

"Está bem mais calmo, graças a Deus, até porque o jiu-jitsu é um esporte para a pessoa ser profissional ou praticar por bem-estar, pela saúde", afirma Rufino.

À primeira vista, parece uma casa humilde como tantas outras nas favelas do Brasil. Mas este "barraco" de 66 m² com tijolos aparentes foi reconhecido esta semana como a "Casa do Ano" em um prêmio internacional de arquitetura.

Premiada pelo site especializado Arch Daily, a casa pertence a Kdu dos Anjos, um artista de 32 anos que vive na populosa comunidade de Aglomerado da Serra, situada em um morro na região centro-sul de Belo Horizonte.

"O projeto da casa representa um 'modelo' construtivo que utiliza materiais próprios da periferia, com uma implantação adequada e atenção à iluminação e ventilação, resultando em um espaço com grande qualidade ambiental", descreve o Arch Daily em seu site.

Para Kdu dos Anjos, fundador de um centro cultural na mesma comunidade, o prêmio tem um significado especial.

"Sinto muito orgulho da minha casa ter ganhado esse prêmio porque as notícias que toda a mídia global costuma dar sobre a periferia são noticias sensacionalistas, fala de tiro, porrada e bomba, polícia, de barraco caindo. Aqui estamos mostrando o contrario, é um barraco subindo para o topo do mundo", comemora o jovem.

Entre suas muitas tatuagens, uma se destaca, feita recentemente em seu antebraço: o croqui de seu humilde "barraco", que superou na disputa construções muito mais imponentes de Índia, México, Vietnã e Alemanha.

A construção tem dois andares, é bem ventilada e tem bastante iluminação natural, com janelas de batentes horizontais e uma grande varanda, construída num terreno que ele comprou em 2017.

"Tenho certeza que minha casa não é a casa mais chique do mundo. Mas é um barraco de periferia bem construído", insiste Kdu, que vive ali desde 2020 com dois cachorros, uma gata e "mais de 60 plantas".

Os arquitetos fizeram mágica, "porque o espaço é muito pequeno, são 66 metros quadrados, mas aqui a gente já suportou umas 200 pessoas em dias de festas", garante.

Conquista de vida

O projeto foi elaborado pelo coletivo de arquitetos Levante, que oferece seus serviços de forma voluntária ou a preços módicos para projetos nas favelas.

"Essa casa foi concebida como uma casa que se parece muito com as casas da favela [...] no entanto ela é diferente, ela tem uma série de cuidados, de soluções, desde a segurança passando por questões ambientais, de ventilação, de iluminação naturais", explica o arquiteto Fernando Maculan, responsável pelo projeto.

Uma das diferenças em relação às casas do entorno é a disposição dos tijolos. Ao invés de colocá-los de pé, aproveitando seu lado de maior superfície para economizar material, eles estão deitados, em fileiras intercaladas, o que lhe dá maior solidez e isolamento.

A obra levou oito meses e muito trabalho.

Os pedreiros "ficavam putos, porque como o tijolo é deitado, gastavam muito tempo". Além disso, "para chegar o material, foi uma grande dificuldade. Estamos num beco de vários degraus, é a ultima casa do beco. Tive que gastar muita grana com essa mão de obra de carregador", relata Kdu, ao se referir às ruas estreitas da favela, por onde não circulam veículos pesados.

Toda a obra custou 150.000 reais. E o investimento rendeu frutos: além da fama internacional trazida pelo prêmio, a casa ajudou Kdu a realizar um sonho de infância.

Quando criança, o jovem vivia em uma residência "precária", desenhada por seu pai, na qual havia "bastante escorpião". "Ter sido picado por escorpião por falta de arquitetura e agora ganhar um prêmio de arquitetura é um desejo de mudança de vida muito grande que conquistei", conclui Kdu dos Anjos.

O candidato à Presidência, Ciro Gomes (PDT), usou as redes sociais na noite dessa quarta-feira (31) para se defender após uma declaração sua em um evento com empresários gerar acusações de elitismo. Mais cedo no mesmo dia, o presidenciável deu uma palestra sobre economia na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e brincou que o público do evento era "gente preparada". "Imagina explicar isso na favela", disse.

A declaração gerou repercussão negativa e foi criticada por aliados dos adversários do pedetista nas urnas. O deputado federal André Janones (Avante-MG), maior cabo eleitoral digital de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que Ciro "não precisa se dar ao trabalho de explicar nada pra turma da favela". Janaina Paschoal (PRTB) afirmou que "cabe aos verdadeiros líderes encontrar as palavras para que todos compreendam sua mensagem, (...) mas nem todos são preparados para ensinar".

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O pedetista negou que tenha menosprezado os moradores de favela e classificou as críticas que recebeu como "má fé" e "hipocrisia". Ele afirmou que os temas que abordou na Firjan são "capazes de ser entendidos por poucos" e explicou que sua fala foi, na verdade, uma "autocrítica" por ter usado termos técnicos em sua palestra.

"A pior luta da sinceridade é contra a hipocrisia. Fiz uma palestra na Firjan sobre temas extremamente técnicos - capazes de serem entendidos por poucos - e concluí com uma autocrítica por usar linguagem tão técnica. Daí a dizer que menosprezei moradores das favelas é muita má fé", publicou.

O candidato ainda compartilhou um vídeo do momento em que fez a declaração e pediu aos eleitores que "tirem suas próprias conclusões". Ele argumentou que sofre ataques das "máquinas de ódio" petista e bolsonarista por estar crescendo na campanha eleitoral. Contudo, adversários políticos reforçaram críticas ao pedetista nos comentários da publicação. A diretora do Instituto Lula, Tamires Sampaio (PT), respondeu que "não foi uma autocrítica" e acusou o presidenciável de menosprezar a "capacidade de compreensão" dos moradores de favela.

O candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) afirmou a um grupo de empresários no Rio na tarde desta quarta-feira, 31, que estava falando para "pessoas preparadas" ao explicar parte do seu plano econômico e de projetos para a indústria. Em declaração que logo gerou críticas nas redes sociais, questionou se seria compreendido da mesma forma em outro ambiente social. "Imagina explicar isso na favela", disse.

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A fala de Ciro foi dada em um almoço com empresários organizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O pedetista detalhou seu plano econômico durante cerca de uma hora. Ao fim da explanação, três perguntas da plateia foram escolhidas para serem respondidas por Ciro.

Antes de fazer a pergunta ao candidato, o empresário Luiz Césio Caetano elogiou a fala de Ciro, a qual classificou como uma "aula". "Candidato Ciro Gomes, parabéns pela sua aula. Isso foi uma aula, pelo menos para mim, foi", afirmou.

Em seguida, Ciro afirmou que se tratava de "um comício para gente preparada". "Na verdade, é um comício, né... Um comício para gente preparada, você imagina eu explicar isso na favela, né", disse. O empresário concluiu e encerrou: "Tivemos um ambiente em que você pode expor essa sua metodologia disruptiva dos modelos que nós temos".

A maior parte dos 17,1 milhões de moradores de favela no Brasil tem, tinha ou quer ter um negócio. Isso é o que apontou uma pesquisa do Data Favela que foi divulgada na manhã de hoje (15) na primeira edição da Expo Favela, evento de empreendedorismo que acontece até domingo (17) no WTC, em São Paulo.

A pesquisa demonstrou que 76% dos moradores de favela se enquadram nessa característica e 50% deles se consideram empreendedores. Quatro em cada dez moradores de comunidades (41%) têm um negócio próprio. “Isso mostra uma oportunidade gigantesca”, disse Renato Meirelles, fundador do Data Favela, em entrevista à Agência Brasil. “A favela, historicamente, foi estigmatizada pelo asfalto e pela falta de políticas públicas. Mas o que vimos é que, em vez de lamentar, os moradores das favelas estão empreendendo, estão chamando para si a responsabilidade de suas vidas”, acrescentou.

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Mas ter um empreendimento não é fácil para quem vive em uma comunidade. Um problema apresentado pela pesquisa, por exemplo, é que apenas 37% dos empreendedores com negócio próprio tem CNPJ. “O Estado não está na favela. Para você conseguir um CNPJ, você tem que sair da favela. Você tem que enfrentar, por maior que tenha sido o modelo do Simples, uma série de dificuldades com documentos. Quando você abre um negócio, a primeira coisa que você encontra não é uma oportunidade de crédito. A primeira coisa que você encontra é um fiscal na sua porta”, disse Meirelles.

A principal dificuldade relatada por quem pretende abrir um negócio em uma comunidade ainda é a falta de investimento. “A pesquisa deixou claro que falta financiamento, falta grana, falta crédito. Os bancos hoje não oferecem crédito de acordo com a necessidade da favela. Também falta conhecimento de conseguir expandir o seu negócio através da tecnologia, por mais que hoje nove em cada dez moradores da favela tenham acesso à internet”, falou Meirelles.

“Uma coisa é você querer ter o negócio, outra coisa é você ter o negócio e outra é saber gerir o seu negócio. O que achamos é que a favela precisa de uma escola de negócios”, disse Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (Cufa), CEO da Favela Holding e idealizador da Expo Favela. “O que falta na prática é conhecimento. Minha mãe morreu sendo empreendedora sem saber que era empreendedora. Nem essa linguagem de empreendedor a gente usa na favela. A gente fala que a gente se vira, que a gente dá o nosso pulo, faz o nosso corre. Falamos por códigos. E agora a gente precisa também falar não só o favelês, mas o asfaltês: e para isso precisamos mudar essa narrativa e desenvolver novas formas de expressão para sermos reconhecidos pelo asfalto e a favela passar desse momento para um outro momento”, acrescentou.

De acordo com o pesquisador e fundador do Data Favela, as comunidades brasileiras oferecem muitas oportunidades de negócios, principalmente no setor de economia criativa. “Você tem um potencial grande na economia criativa, que são os designers, são as agências de comunicação, são os influenciadores digitais que dentro da favela começam a vender para o mundo. Você tem aquele cara que faz boné ou camiseta, que durante a pandemia começou a vender para fora da favela. Tem aquelas doceiras que se cadastraram no Ifood, e que conseguiram transformar o seu pequeno negócio, num negocio que fazia buffet para fora da favela”, citou.

Expo Favela

Para atrair investidores para esses negócios que surgem nas favelas brasileiras, Celso Athayde criou a Expo Favela. “Sempre sou convidado pelo asfalto para poder ir para o evento dele. Mas agora estou convidando o asfalto para vir no nosso evento. Aqui é um momento em que não estamos fazendo um evento de favela para favela. Mas fazendo um evento pela favela, mas com a participação também do asfalto”, disse ele.

Participando da Expo Favela como expositora, a artesã e mobilizadora social Marisa Rufino, 48 anos, viu uma grande oportunidade na feira. Representando um grupo de 20 pessoas, ela saiu de Araxá (MG) para apresentar as bonitas toalhas e outros produtos que ela e seu grupo confeccionam.

“Saímos de Araxá com o intuito de conhecimento, de conhecer pequenos negócios como o nosso. Estou representando mais de 20 pessoas nesse momento. E essa experiência que vou levar será de grande importância para cada uma delas mexer no seu produto”, disse ela, em entrevista à reportagem da Agência Brasil. “É a primeira feira que a gente participa. Temos um produto bom, que precisa ser melhor visto. Esse resgate do artesanato, do feito à mão, tem que vir em alta também. E acho que a feira dá esse impulsionamento para nós, como empreendedoras. Meu pequeno serviço pode se tornar grande a partir do momento em que trabalho com a comunidade”, falou.

Já Valcineide Santana, 37 anos, moradora da comunidade quilombola Fazenda Cangula, de Alagoinhas, no interior da Bahia, veio à Expo Favela para apresentar o projeto Farmácia Verde. “Atualmente temos 10 mulheres incluídas nesse projeto. O objetivo é resgatar a cultura do povo negro. Quando surgiu, em 2017, houve o objetivo de resgatar a cultura com o uso das plantas medicinais. Hoje produzimos sabonetes medicinais, que tem fim terapêutico”, explicou ela.

“Nosso maior objetivo [ao participar do evento] é mostrar que lá no interior da Bahia, numa comunidade quilombola, tem um grupo de mulheres que trabalha com as plantas, que usa o recurso natural dentro da comunidade para criar um produto que beneficia várias pessoas. Queremos mostrar o nosso potencial e conseguir investidores para outros objetivos que queremos, como a construção do nosso laboratório”, disse ela.

O laboratório, explicou Valcineide, é a maior necessidade da comunidade nesse momento. Ele serviria para o trabalho com uma linha de medicamentos naturais. “Mas hoje não estamos comercializando esse produto porque sabemos que tem toda essa burocracia brasileira, principalmente com o pequeno negócio. E hoje precisamos de um laboratório e um químico ou farmacêutico para assinar esses medicamentos para que então possamos comercializá-los”, disse.

Além do artesanato e dos sabonetes medicinais, muitos outros produtos estão sendo apresentados na feira da Expo Favela, evento que teve início hoje (15) e segue até domingo. O evento promove também shows, palestras, exposições e rodadas de negócios. Mais informações podem ser obtidas no site.

O Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta quarta-feira, 15, recursos apresentados pelo PSB, subscritos pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro e por entidades da sociedade civil, com pedidos de definição de parâmetros objetivos sobre a amplitude da decisão cautelar do ministro Edson Fachin na chamada "ADPF das Favelas", que suspendeu a realização de operações policiais em comunidades periféricas cariocas durante a pandemia de Covid-19. A ambiência do julgamento, contudo, será marcada por casos recentes de chacinas que desafiam as brechas do que foi decidido pela Corte em junho de 2020.

No mês de novembro, oito pessoas foram encontradas mortas em um mangue no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), após uma operação realizada pelo Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar do Rio. Em maio, a Polícia Civil protagonizou uma das maiores chacinas da história do País na favela do Jacarezinho, na capital carioca. Ao todo, 27 pessoas foram assassinadas por agentes civis, sendo a maior parte deles investigados pela Justiça e sem informações periciais claras que indiquem confronto em algumas cenas de crime.

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Na ocasião da chacina no Jacarezinho, o Ministério Público do Rio disse ter sido informado pela Polícia Civil "logo após o início" da operação na favela, ou seja, os agentes atuaram em uma brecha da decisão do Supremo, que exige apenas a notificação das autoridades competentes para a realização das ações. O órgão disse à época ter sido avisado às 9h da manhã, mas a incursão policial teve início às 6h. Depois do ocorrido, Fachin afirmou que os fatos reunidos até aquele momento "pareciam graves" e dava indícios de "atos que, em tese, poderiam configurar execução arbitrária".

A análise do caso no Supremo será retomada com a apresentação do voto-vista do ministro Alexandre de Moraes. Em maio, quando o assunto era tratado no plenário virtual do Supremo, o ministro pediu mais tempo para analisar os esclarecimentos solicitados quanto à decisão da corte máxima que restringiu as incursões nas comunidades do Rio durante a pandemia.

O ministro Edson Fachin já apresentou seu entendimento sobre o tema, defendendo que o governo do Rio de Janeiro elabore e encaminhe à corte um plano para reduzir a letalidade policial no Estado e controlar violações de direitos humanos pelas forças de segurança fluminenses. No voto apresentado em maio, Fachin fez referência à chacina do Jacarezinho.

O parecer já apresentado por Fachin atende aos pedidos para que o STF delimitasse os casos excepcionais de realização de operações policiais no Rio durante a pandemia. O relator indica que só se justifica o uso da força letal por agentes de Estado quando: forem exauridos todos os demais meios, inclusive os de armas não-letais; for necessário para proteger a vida ou prevenir um dano sério; quando houver uma ameaça concreta e iminente.

"A vida precisa ser preservada. Em um Estado Democrático de Direito, não há bala perdida", registrou o ministro na ocasião.

Quatro pessoas morreram numa ação da Polícia Militar na noite deste sábado, 27, em uma favela de Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro.

Segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar, agentes do 14º Batalhão da PM de Bangu fizeram uma incursão à comunidade do 48 após o setor de inteligência da unidade ter relatado uma possível disputa de território entre grupos criminosos rivais na favela.

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Os policiais tentaram abordar dois automóveis, quando ocupantes de um dos carros teriam atirado contra os agentes. Houve confronto, mas os criminosos fugiram.

De acordo com a polícia, os agentes teriam conseguido em seguida alcançar o segundo automóvel, onde estavam quatro suspeitos armados e feridos. Eles foram socorridos ao Hospital Municipal Albert Schweitzer, mas não resistiram aos ferimentos.

Foram apreendidos três fuzis, uma espingarda e munições.Segundo a 34ª Delegacia de Polícia, de Bangu, foi instaurado um inquérito para apurar as circunstâncias das mortes.

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Ao alcançar a realidade que mais caracteriza a desigualdade social no Brasil, a crise da Covid-19 reafirmou o histórico de abuso psicológico à população periférica e espalhou uma 'epidemia' de depressão nas comunidades. Frente ao desinteresse do poder público em ampliar o atendimento especializado nas favelas, populares se aglomeram na margem do arranjo socioeconômico enquanto tentam se defender dos impactos mais agressivos da pandemia. Sobrecarregados desde a infância, a renda mensal sempre foi insuficiente, mas o pouco cada vez mais se aproxima do nada. 

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Sem oportunidade, a pressão de alimentar a família e se deparar com a geladeira vazia, incapacita e dói, mas a perda de mais de 279.286 familiares realça o sentimento de solidão em todo o País. Uma pesquisa divulgada pela Ipsos aponta que o Brasil é o país que mais sente solidão. De acordo com o levantamento, metade dos mil entrevistados declarou se sentir sozinha e 52% disseram que o sentimento aumentou nos últimos seis meses. 

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A condição de exclusão ficou ainda mais evidente nesse pouco mais de um ano de pandemia no Brasil. Enquanto o vírus apela pelo reforço da higiene, o fornecimento de água ainda é precário. Enquanto a orientação sobre os métodos de prevenção é fundamental, a periferia ainda se vê vulnerável pela falta de educação sanitária. Empurrados para o contágio em um transporte público superlotado, a falta de controle financeiro é remediada com empregos informais. Ao passo que os recordes de mortes são atualizados diariamente, a fila por leitos de UTI tornou-se parte de um cenário onde a gravidade tenta ser abafada e a mente de quem não sabe como reagir à doença batalha consigo por soluções. 

Sem a escuta psicológica adequada, pouco a pouco a 'autodesvalorização' amarga e aumenta os índices de alcoolismo, violência doméstica, dependência química e nas recorrentes tentativas de suicídio. Na comunidade de Chão de Estrelas, no bairro da Campina do Barreto, Zona Norte do Recife, o braço social do Maracatu Cambinda Estrela (1935) funciona há 21 anos como um centro de acolhimento onde "o medo de não poder ter um amanhã" é afastado. Junto aos demais voluntários, a presidente do projeto, Wanessa Santos, reconforta os populares em meio à crise psicológica.

Ela lembra que as pessoas "começaram a se perder" logo nos primeiros meses da Covid-19. Por isso, montou uma frente com nove representantes de outras organizações para arrecadar alimentos e beneficiar mais de sete mil famílias. "As pessoas ficaram sem emprego, perderam suas rendas, adoeceram e perderam também seus entes queridos. Eu vi adolescente perdendo mãe e avô. A gente viu mãe perdendo os filhos. Desse início, até então, as pessoas vêm passando por surtos de ansiedade, medo, crises, pânico e, inclusive, chegaram situações para a gente de pedidos de socorro porque queria cometer suicídio", recorda a coordenadora, que classifica o Maracatu como "um grande quilombo com uma forte relação familiar" que estende o sentimento de união para comunidades vizinhas.

A condição delicada de Chão de Estrelas poderia ser revertida com mais apoio público, destaca Wanessa/Arthur Souza/LeiaJáImagens/Arquivo

Com a cesta básica nacional em R$ 696,71 -valor superior ao repasse do auxílio emergencial-, a projeção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) fixa o salário-mínimo ideal em R$ 5.495,52. Em janeiro, 12,8% dos brasileiros - equivalente a 27 milhões de pessoas - estavam na linha da miséria, ou seja, viveram com menos de R$ 246 mensais, aponta a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnads) Contínua. Com a suspensão do benefício em meio à piora da pandemia, a falta de comprometimento do poder público é amplificada pela baixa oferta de atendimento psicológico. "A gente tá vivendo um momento de extrema dor, muitas perdas, muitas mortes e uma falta de perspectiva futura", afirma a presidente do Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco (CRP-PE), Alda Roberta Campos.

"Nem é um problema religioso, nem é falta de força de vontade, nem a pessoa escolheu tá deprimida. Depressão é uma doença que vai precisar de um suporte psicológico, muitas vezes de um suporte médico também, de uma equipe multidisciplinar que possa ajudar essa pessoa a se cuidar", destacou a gestora, que acrescentou, "as desigualdades vão se destacar nessa situação. Quando você tem a possibilidade de uma reserva emocional, financeira, de segurança profissional, isso permite que você seja menos atingido".

Apesar de compreender que o atendimento descentralizado oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é um modelo para outros países, ela divide o sentimento de que falta mais compromisso com o sistema. De acordo com a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), do Ministério da Saúde, em dezembro de 2019 - às vésperas da pandemia no Brasil -, o Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (SISAB) registrou 229.851 atendimentos no SUS para depressão e ansiedade. Um ano depois, já com a crise instalada, 302.060 atendimentos foram realizados. Em Pernambuco, os dados saltaram de 7.660 para 10.309 no mesmo período.









Alda pede atenção para diferenciar a tristeza das perdas da pandemia com um quadro mais sério de transtorno/Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo







"O Brasil tem uma rede de atenção psicossocial. Cada município precisa ter essa rede, que é formada pelos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), pelos centros de convivência e por espaços de cuidado onde a população pode acessar", explica Alda Roberta. A Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) disponibiliza 17 Caps - com quatro destinados às crianças e adolescentes -, que seguem abertos para atendimento individual mediante agendamento. A pasta comparou os meses de janeiro de 2020 e 2021, e não identificou aumento de demanda psicológica. Contudo, a queda de 21,6% na fila de espera por consultas foi observada.

Em uma aposta para democratizar o acesso ao acompanhamento profissional, desde maio do ano passado, a Coordenação de Saúde Mental do município passou a oferecer teleatendimento através do aplicativo Atende em Casa. Mais de três mil pessoas foram ouvidas pela equipe multidisciplinar do programa, estima a Prefeitura, que também posiciona 20 equipes de profissionais de sete especialidades no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) para dar expansão ao suporte. 

Moradores da comunidade da Ilha de Santana, mais conhecida como Favela do Rato, no bairro de Jardim Atlântico, Olinda, "expulsaram" o atual prefeito e candidato à reeleição da comunidade. Isso porque Lupércio (Solidariedade) estaria chamando os moradores para uma reunião para debater possíveis melhorias para a localidade.

Um vídeo que circula nas redes, mostra os moradores dizendo que não vão participar da reunião porque nos últimos quatro anos, como prefeito da cidade de Olinda, Lupércio teria "esquecido" dos moradores da Favela do Rato. 

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"A reunião a gente já está fazendo, que é botando água para a comunidade. O problema daqui é água, iluminação. Quem estiver com o senhor e não disser a realidade para o senhor é porque não sabe o que o pobre passa", desabafou uma mulher ao prefeito no vídeo.

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Pesquisa feita no início de setembro, em 70 favelas brasileiras, mostra que 87% dos entrevistados conhecem alguém que teve covid-19. O estudo também aponta que 13% dizem ter sido contaminados pelo novo coronavírus (Covid-19) e outros 28% não sabem se foram ou não contaminados.

Os dados constam da pesquisa Coronavírus nas Favelas, realizada pelo Data Favela, parceria do Instituto Locomotiva e da Central Única das Favelas (Cufa).

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"A gente já sabia que o vírus nunca foi democrático num país tão desigual como o nosso. Os pobres pegam mais covid do que o resto dos brasileiros numa proporção dramática, como mostrou esse levantamento", disse, em nota, Renato Meirelles, fundador do Data Favela e presidente do Instituto Locomotiva.

De acordo com a pesquisa, a situação é ainda mais delicada quando se mede o reflexo da pandemia na economia dessas famílias: 84% declararam ganhar metade ou menos do que ganhavam antes da doença chegar ao Brasil.

Quase três quartos dos entrevistados disseram estar muito preocupados com a própria saúde diante da pandemia. Quase 60% dos moradores de favelas acreditam que o país ainda está no meio da pandemia do coronavírus e 14% acreditam que o Brasil está na fase final.

"Distanciamento social é ficção para famílias que dividem um cômodo e o mesmo banheiro. A favela é mais vulnerável", disse Celso Athayde, fundador da Cufa e do Data Favela.

Ainda segundo o estudo, 94% dos entrevistados disseram ter saído de casa nos últimos sete dias. Desses, 34% saíram todos os dias.

Uma mãe registrou a investida contra o Complexo do São Carlos, no Rio de Janeiro, na noite da quarta-feira (26). Homens fortemente armados tentaram invadir as favelas e assumir o controle do tráfico no local.

Na gravação, a mãe mostra a silhueta de homens armados com fuzis por trás da porta. Enquanto ela filma, é possível ouvir uma criança cantando. "Cala a boca", a mulher repete para o filho. A criança parece não entender a gravidade e continua cantando.

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A Polícia Militar (PM) informou que a invasão ao complexo envolveu grupos de diferentes favelas da cidade. O conflito resultou em confronto na Zona Sul do Rio, com ao menos dois presos; na morte de Ana Cristina, atingida por tiros de fuzil enquanto protegia o filho de tiroteio; e o sequestro de um família por um criminoso em fuga, em que um suspeito morreu, dois foram presos e o sequestrador se entregou.

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O traficante evangélico Álvaro Malaquias Santa Rosa, 34 anos, conhecido como 'Peixão', tem se aproveitado da pandemia da covid-19 para expandir o tráfico em comunidades que ele não dominava antes no Rio de Janeiro. Sendo assim, ele conseguiu criar um novo complexo de favelas - o "Complexo de Israel".

Cidade Alta, Vigário Geral, Parada de Lucas, Cinco Bocas e Pica-pau são as cinco comunidades que compõe o "Complexo de Israel". Somando o número de moradores, são mais de 134 mil pessoas sob o domínio de Peixão, que também é chamado de Arão - que, segundo a Bíblia, era irmão do profeta Moisés. 

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Nessa expansão, o criminoso tenta impor a sua religião, destruindo imagens de santos católicos e terreiros de umbanda. Em uma dessas ações, o evangélico escreveu "Jesus é o dono desse lugar".

Segundo publicado pelo portal G1, as ações dos criminosos chamam a atenção da polícia porque em cada área dominada ele exibe símbolos do Estado de Israel como a bandeira do país e a Estrela de Davi, demarcando o seu território.

Para afastar a polícia e mostrar o seu comando nas comunidades, Arão instala barreiras juntamente com símbolo do amor e a palavra paz. O traficante tem como seu braço direito um criminoso por ele chamado de Jeremias e a sua quadrilha é chamada de "Tropa do Arão", o que mostra a fé dos criminosos - mas isso não impede que eles pratiquem os crimes.

Segundo a polícia confirmou ao G1, desde 2015 que pessoas estão desaparecendo nas comunidades dominadas por Arão. Nem todos os corpos aparecem e há indícios de subnotificação dos casos, já que não há registros feitos na delegacia. 

O chefe do tráfico e 10 pessoas de sua quadrilha foram indiciadas pela Polícia Civil por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Quatro criminosos foram presos pela polícia e os outros continuam foragidos.

Quando o coronavírus fez sua primeira vítima na favela indiana de Dharavi em abril, os epidemiologistas temiam o pior. Mas, três meses depois, Bombaim parece ter contido a epidemia neste enclave pobre e superlotado, graças a uma "perseguição" agressiva.

Com um milhão de habitantes em apenas dois km quadrados, Dharavi tem somente, até o momento, 81 mortos de Covid-19, dos 2.200 casos declarados. Uma pequena fração do grande número de vítimas humanas de Bombaim, uma das cidades da Índia mais afetadas pela pandemia, onde atualmente são estimadas 4.500 mortes dos 75.000 casos confirmados.

Com famílias compostas por cerca de dez membros, que às vezes dormem no mesmo quarto, e banheiros públicos compartilhados por centenas de pessoas, as autoridades locais perceberam que barreiras como a distância física ou lavar as mãos com frequência eram uma ilusão.

Tomaram, então, a decisão de "rastrear o vírus, em vez de esperar o desastre acontecer", resume Kiran Dighavkar, uma autoridade do município de Bombaim.

"A distância física era impossível, o isolamento em casa não era uma opção e o rastreamento de contatos era um grande problema porque muitas pessoas usam o mesmo banheiro", explica o funcionário à AFP.

Um primeiro plano era verificar o estado de saúde dos moradores com visitas de porta em porta nos becos estreitos da favela. Ideia que, no entanto, foi rapidamente abandonada depois que a equipe de saúde, trabalhando sob o calor pesado e úmido de Bombaim, se viu sufocada debaixo das múltiplas camadas de seu equipamento de proteção contra o coronavírus.

Mas o número de casos aumentava de forma alarmante neste bairro onde vivem muitas pessoas que ganham a vida em serviços básicos na capital econômica da Índia.

A cidade lançou, então, o que suas autoridades chamaram de "Missão Dharavi".

- Detectar a febre -

Todos os dias, profissionais de saúde montam um "acampamento de detecção de febre" em uma área diferente da favela.

Os moradores podem se apresentar para verificar se têm sintomas de COVID-19 e ser examinados caso necessário.

As autoridades também requisitaram escolas, salões de casamento e instalações esportivas para transformá-los em centros de quarentena, que oferecem refeições gratuitas, comprimidos de vitaminas e sessões de yoga.

Os habitantes dos bairros mais afetados de Dharavi foram proibidos de entrar ou sair, e o governo usou inclusive drones para vigiar a aplicação das restrições.

Um exército de voluntários levou comida para as 125.000 pessoas confinadas em suas casas.

No entanto, muitos moradores e funcionários de Bombaim acreditam que é cedo demais para declarar que o vírus foi vencido em Dharavi.

A epidemia de COVID-19 está se espalhando por toda a Índia, com mais de meio milhão de casos registrados. Dharavi continua vulnerável a uma segunda onda de contágio.

O Tribunal de Justiça Militar (TJM) decretou a prisão preventiva de oito policiais militares de São Paulo suspeitos de participarem da morte de um homem de 23 anos após abordagem policial. A vítima foi encontrada com tiros no peito e na cabeça e sinais de tortura no corpo.

 A Corregedoria da PM solicitou a prisão de oito policiais. O Ministério Público (MPM) indeferiu o pedido, mas o juiz de Direito Ronaldo João Roth determinou a prisão preventiva sem prazo determinado no domingo (3). Outros quatro policiais que estavam em outra viatura e não teriam participação direta no ocorrido estão afastados, mas não tiveram a prisão decretada.

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 Foi determinada a prisão dos seguintes militares: primeiro-sargento Carlos Antonio Rodrigues do Carmo, segundo-sargento Carlos Alberto dos Santos Lins, cabo Lucas dos Santos Espindola, cabo Mauricio Sampaio da Silva, cabo Cristiano Gonçalves Machado, soldado Vagner da Silva Borges, soldado Antonio Carlos Rodrigues de Brito e soldado Cleber Firmino de Almeida.

 O vendedor David dos Santos Nascimento saiu de casa, na favela do Areião, na noite de 24 de abril para esperar a chegada de uma entrega de comida solicitada por aplicativo. Enquanto esperava, ele foi abordado por PMs e colocado no banco de trás da viatura. Foi encontrado morto horas depois.

Em depoimento, os policiais negaram ter matado o vendedor. Eles disseram ter abordado outro suspeito no local, de nome Pedro, que segue vivo. 

 O juiz destacou que houve suposta fraude processual, com alteração das vestes do vendedor e falsidade envolvendo o civil Pedro, "o qual poderá ser atemorizado pelos militares."

 Na versão apresentada na delegacia, os militares contaram que perseguiam quatro homens em um veículo. Os criminosos teriam abandonado o carro na favela do Areião. Um deles, que seria David, teria atirado nos policiais e recebido cinco tiros. Os PMs afirmaram que o vendedor portava uma pistola 9 mm. Testemunhas negam essa versão.

 A mãe do jovem, Cilene Geraldina dos Santos, de 38 anos, disse ao Ponte Jornalismo que o filho foi encontrado com uma roupa diferente da que usava quando saiu de casa.  Um familiar que não quis se identificar relatou que dois carros têm rondado a casa da mãe de David. No dia do enterro, homens bateram no portão dela perguntando por ela e dizendo que precisavam levá-la ao local do crime. A família suspeita que eram policiais à paisana.

 Além disso, policiais militares voltaram ao local da abordagem 24 horas depois da abordagem e mexeram na câmera que filmava a área.

O governo de Pernambuco, visando atingir as pessoas de baixa renda selou um acordo com a Central Única das Favelas (CUFA), nesta sexta-feira (17), que pretende levar informações de combate ao Covid-19 para 500 comunidades. 

Espalhados em pontos estratégicos, cartazes de "linguagem simples" serão distribuídos nas comunidades. Carros de som, rádios comunitárias e influenciadores digitais também ajudarão na disseminação de informação. 

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A ação conjunta com a CUFA vai levar de forma clara e objetiva detalhes dos cuidados a serem tomados através mobilizadores sociais. Serão mil colaboradores inseridos no projeto.

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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou nesta quinta-feira (9) duas ações para ajudar no combate à pandemia do novo coronavírus e diminuir o contágio entre as populações mais vulneráveis e expostos à contaminação. Uma delas é a Covid-19: Chamada Pública para Apoio a Ações Emergenciais junto a Populações Vulneráveis.

O objetivo é financiar, em todo o país, projetos que contribuam na prevenção do contágio nesses grupos sociais e também que garantam condições mínimas de sobrevivência para as famílias que sofrem impactos econômicos por causa das medidas de isolamento social em vigor em diversas cidades.

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A chamada dividiu as propostas em três faixas, de acordo com o orçamento do projeto. A primeira para até R $10.000, a segunda até R$ 25.000 e a última faixa aceita propostas que custem até R$ 50.000. O orçamento total da Fiocruz para a chamada pública é de R$ 600 mil, proveniente de doadores para a instituição investir em ações emergenciais de enfrentamento à pandemia de covid-19.

Os projetos devem ser vinculados pelo menos uma destas cinco áreas de interesse determinadas pela Fiocruz: Segurança Alimentar; Comunicação; Saúde mental; Assistência específica a grupos de risco; e Ações que facilitem o cumprimento das medidas de afastamento social e higiene pessoal e coletiva.

Podem participar da chamada organizações da sociedade civil sem fins lucrativos com histórico comprovado de atuação junto a populações vulneráveis. No caso de coletivos sem personalidade jurídica atuantes em territórios socialmente vulneráveis, os projetos devem ser apresentados por instituição parceira legalmente constituída.

Segundo a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, a epidemia não chega da mesma forma para todos os territórios, devido ao tamanho e às desigualdades existentes no país. Com isso, as estratégias de contenção precisam ser diferentes, olhando para as realidades sociais de cada território do Brasil.

“A chamada pública vai destinar os recursos recebidos por doações para organizar uma resposta emergencial para populações mais vulneráveis. Com isto, a Fiocruz espera cumprir o papel que vem desempenhando há 120 anos de promover saúde pública para toda população”.

O regulamento e a ficha de inscrição podem ser acessadas no Portal Fiocruz. O envio de propostas vai até o dia 17 de abril e o resultado será divulgado no dia 1º de maio.

Campanha multimídia

A outra iniciativa da Fiocruz é a campanha multimídia Se Liga no Corona!, de prevenção à covid-19 nas favelas. A iniciativa é fruto de uma parceria com a organização Redes da Maré, associações e conselhos de Manguinhos, onde se localiza o campus da instituição, e o coletivo Favelas Contra o Coronavírus.

Serão difundidas informações sobre o novo coronavírus com embasamento científico e adaptadas ao contexto das periferias. A campanha vai usar formatos como radionovelas, spots para carros de som, cartazes, peças gráficas e vídeos para mídias sociais. De acordo com Nísia, a iniciativa é importante para atingir um público para o qual as campanhas educativas ainda não tinham sido direcionadas.

“Até o momento, as orientações de prevenção têm se dirigido ao público de classe média: medidas de isolamento em quartos individuais, evitar aglomerações, álcool em gel e outros exemplos. Mas nós sabemos que não é essa realidade da maioria da população. A campanha surge como um dos esforços da instituição, conjugado aos de nossos parceiros nas comunidades, para enfrentarmos juntos esse desafio”.

Entre os conteúdos disponibilizados há orientações sobre os protocolos de higiene para entrega de cestas básicas e distância entre as pessoas em locais públicos; vídeos de pergunta e resposta com especialistas; tema para foto e capa de perfil no Facebook; peças adaptadas para stories e feed do Instagram, entre outros.

Todo o conteúdo produzido pela campanha está disponível para download no Portal Fiocruz. O uso é livre para distribuição pelos coletivos, organizações e indivíduos. Nas comunidades da Maré e de Manguinhos, os conteúdo serão veiculados em rádios comunitárias e afixados em estabelecimentos comerciais, pontos de ônibus e moto-táxi, nas associações de moradores e em outras áreas de grande circulação de pessoas.

A campanha inclui também um selo de validação de materiais de comunicação produzidos por organizações comunitárias parceiras. O conteúdo será revisado por especialistas da Fiocruz e, se for procedente, recebe uma chancela científica com o selo Fiocruz Tá Junto.

Cerca de 60% dos moradores de favelas não têm recursos financeiros para se sustentar por mais de uma semana, sem que precisem de auxílio ou de retornar ao trabalho, aponta pesquisa divulgada hoje (8) pelo Instituto Locomotiva, em parceria com o Data Favela. O levantamento alerta para o fato de que praticamente nenhum deles terá alimentos suficientes para um mês. Em metade dos lares, os mantimentos deverão acabar nos próximos sete dias. O instituto ouviu 1.808 pessoas, residentes de 269 favelas, no último fim de semana.

Ainda de acordo com a pesqusia, oito em cada dez moradores de favelas têm precisado sair das comunidades para encontrar alimentos e itens de higiene. A necessidade de se deslocar para obter produtos básicos reforça, segundo a pesquisa, que os moradores têm enfrentado desabastecimento. Ao se forçar a sair, eles ainda ficam expostos à contaminação pelo novo coronavírus, já que acabam quebrando as regras de distanciamento social, que evitam a disseminação de covid-19.

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Cerca de 15% das famílias não têm sabonetes disponíveis para utilizar. Além disso, falta água potável em quase metade (47%) dos lares das favelas. Outro aspecto indicativo da condição de escassez com que lidam é o recebimento de doações, citada como parte da rotina das comunidades durante a pandemia.

De acordo com a pesquisa, 82% dos pais e mães entrevistados afirmam ter muito medo de transmitir o vírus aos filhos. Praticamente todos os moradores dessas comunidades (90%) também manifestam preocupação com a saúde dos familiares idosos. 

O Instituto Locomotiva destaca que o nível de preocupação com saúde, trabalho e renda aumentou nas últimas duas semanas. No total, 65% dos entrevistados declararam ter receio de perder o emprego. 

Na opinião do presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, a pesquisa deixa claro que os moradores de favela são o grupo populacional mais prejudicado pelos efeitos econômicos da pandemia. Ele avalia que nem o governo nem a sociedade devem pressionar esse grupo a escolher entre a saúde de sua família e a garantia do pão de cada dia. "Isso não parece justo ou moralmente ético", defende.

Trabalhadores informais

Trabalhadores com baixos salários do setor de serviços e informais estão entre os menos propensos a receberem licença médica remunerada, conforme cita a organização Human Rights Watch, de defesa dos direitos humanos, em relatório publicado em março deste ano. Também se somam a esse grupo os trabalhadores que desenvolvem atividades de economia alternativa. Em nota, a entidade ponderou que "a falta de licença remunerada por doença e motivos familiares significa que surtos de doenças como covid-19 representam um fardo maior aos trabalhadores pobres e marginalizados, exacerbam a desigualdade econômica e também contribuem para a desigualdade de gênero".

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), por sua vez, faz a mesma análise sobre o aprofundamento das desigualdades sociais no período de pandemia, acrescentando que o oferecimento de apoio aos trabalhadores informais está, geralmente, condicionado às horas trabalhadas. Janine Berg, economista sênior da entidade, destaca no artigo "Trabalhadores precários são levados ao limite pelo Covid-19", que isso representa um problema na atual conjuntura, porque significa que um trabalhador precisa cumprir um mínimo de carga horária semanal para que possa ter cobertura de seguridade social. 

Os critérios para elegibilidade, complementa a OIT, também podem abranger renda mínima, número mínimo de meses de trabalho e período mínimo de contribuição. Segundo a organização, esses requisitos dificilmente são preenchidos, considerando-se o aumento no número de trabalhadores com contrato de trabalho temporário, de meio período, emprego temporário em agências, bem como novas formas de trabalho, como na chamada "gig economy" (ou "economia de plataformas"), como é o caso dos entregadores de aplicativos como Uber, Rappi e iFood. A recomendação é de que as autoridades governamentais garantam proteção social a essas pessoas.

Depois de curtir alguns dias no Brasil, Neymar voltou para Paris, onde mora atualmente, e mostrou que continua curtindo a vida. No Instagram Stories, ele publicou um vídeo exibindo uma mesa farta de comida. Em seguida, surgiu com caviar na mão e falou sobre a iguaria

"Comendo caviar em Paris, quem diria hein?", disse ele. O jogador de futebol, que estava acompanhado do amigo Gil Cebola, deu risada da situação e mandou seu recado na legenda: "A Favela venceu!", disse ele, que agora aparece com o visual de barba.

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Neymar ainda deu o que falar na rede social por conta de um comentário deixado numa foto da modelo Amanda Cerny. A beldade publicou o resultado de um ensaio de fotos em que aparece vestida como a personagem Rainha de Copas, de Alice no País das Maravilhas. O craque não perdeu a chance de falar sobre o visual da modelo, que está de biquíni e com peruca colorida. 

"Parece com a Emília... Sítio do Picapau Amarelo", comentou. Ela respondeu o comentário e confessou que precisou pesquisar para saber de quem o craque estava falando. "Tive que pesquisar... mas sim"!!, escreveu adicionando ainda um emoji de risada.

Os internautas, claro, notaram a interação entre eles e a mensagem de Neymar teve mais de 46 mil likes, com muita gente acreditando que ele estava flertando com a moça.

O carro onde estava um casal de suíços foi alvo de tiros nesse domingo (30) depois de entrar na comunidade da Cidade Alta, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Michele Ângelo Galli foi baleado e encaminhado para o Hospital Getúlio Vargas, também na zona norte. A namorada foi atingida por estilhaços e sofreu apenas escoriações.

A administração do hospital informou, por meio de nota à imprensa, que o estado de saúde de Galli é considerado grave. A Polícia Militar faz uma operação na comunidade para tentar localizar os responsáveis pelos disparos.

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