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Após a morte de nove pessoas na madrugada deste domingo (1º) em um baile funk na favela Paraisópolis, zona sul de São Paulo, o tenente-coronel Emerson Massera, porta -voz da Polícia Militar, afirmou que policiais usaram balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio em reação ao ataque inicial de bandidos que atiraram contra as viaturas e seguiram em direção ao local onde ocorria o evento, também conhecido como ‘pancadão’. A PM informou que cerca de 5 mil pessoas participavam do baile. As declarações foram dadas em uma entrevista coletiva no início da tarde.

“As ações só se deram porque os policiais foram atacados”, afirmou o porta-voz da PM. Ele explicou que uma moto com dois indivíduos em atitude suspeita passou por um ponto de estacionamento de patrulhas da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), do 16º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) que realizavam a Operação Pancadão na região. Segundo ele, os policiais estavam ali para garantir a segurança das pessoas. Massera acrescentou que, ao serem abordados, os suspeitos não pararam e dispararam contra os policiais.

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Os agentes perseguiram os bandidos até o baile funk, quando ocorreu o tumulto. “Na tentativa de abordagem, esses ocupantes da moto fugiram e dispararam contra os policiais. Esse acompanhamento se deu por cerca de 300 metros, quando acabou terminando no pancadão. Os criminosos utilizaram as pessoas que estavam frequentando o baile como uma espécie de escudo humano para impedir a perseguição policial”, detalhou Massera.

Segundo ele, no momento em que os policiais chegaram próximo ao pancadão, em seis motocicletas da Rotam, as pessoas foram na direção dos policiais, “arremessando pedras, garrafas e aí a atuação da polícia acabou sendo uma ação de proteção aos policiais”. Ele disse ainda que os criminosos se misturaram à multidão, “inclusive efetuando disparos de arma de fogo contra os policiais. Nós recolhemos no local pelo menos uma munição de calibre 380 e uma de 9mm que supomos que estavam com esses bandidos”, acrescentou.

Segundo Massera, na dispersão, algumas pessoas teriam tropeçado. Nove pessoas morreram por ferimentos após terem sido pisoteadas. “Por conta dessa correria que se deu com a chegada dos policiais, em acompanhamento aos criminosos, nove pessoas ficaram feridas gravemente e vieram a falecer. Até o momento a informação é que morreram pisoteadas, não há nenhuma com perfuração de arma de fogo ou algum outro tipo de lesão”, disse o agente.

Das nove pessoas mortas, quatro foram identificadas, sendo uma delas um adolescente de 14 anos. Entre as vítimas, que ainda não tiveram seus nomes revelados, estão oito homens e uma mulher.

Quanto aos suspeitos, a Polícia Militar informou que, com a dispersão, não conseguiu perseguir os suspeitos e que, por enquanto, ninguém foi preso.

Apuração

Segundo a PM, o caso agora segue para apuração na Polícia Civil e também será feito o Inquérito Policial Militar para apurar se houve alguma falha no procedimento. O porta-voz reiterou que os policiais usaram apenas balas de borracha ao ser questionado sobre relatos de vítimas e moradores que usaram as redes sociais para informar que viram policiais atirando com armas de fogo.

“A informação que temos até o momento é que nenhum policial efetuou disparo de arma de fogo, de qualquer forma, preventivamente, nós apreendemos dos policiais envolvidos nessa ocorrência [as armas utilizadas] para verificar se houve algum disparo. Isso é praxe, medida que é feita em toda investigação policial”, explicou.

A PM ressaltou que a atuação da polícia não foi em relação ao baile funk. “Nós temos como consenso que a atuação da polícia nesses casos tem que ser uma ocupação preventiva de buscar ocupar antes. Esse baile já estava instalado, nossa estimativa é que de pelo menos 5 mil pessoas participavam deste pancadão. A atuação da polícia militar ocorria no entorno, então os fatos só se deram em razão da agressão que os policiais sofreram fora do pancadão”, finalizou.

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A Policia Federal e a Polícia Rodoviária Federal apreenderam seis fuzis na noite deste sábado, 6, na BR 101, sendo quatro do tipo AK 47 e dois Colt 556, desmontados e ocultados na carenagem do Audi Q7. O motorista do veículo foi preso e não teve a identidade revelada pelos agentes.

Segundo a PF, o suspeito confessou repasses de R$ 8 mil em troca do transporte das armas de Guaíra (PR), na fronteira do Paraguai, até as favelas e comunidades do Rio de Janeiro. A distância entre as duas cidades é de mais de mil quilômetros.

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O preso e o material apreendido foram encaminhados para a Superintendência de Polícia Federal do Rio de Janeiro, na Praça Mauá.

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Em seu livro ‘Eu Não Sou Cachorro Não’, o escritor Paulo César Araújo aponta que, desde o início, o movimento brega e seus integrantes sofrem uma certa 'perseguição sociocultural', o que, para o autor, é uma clara tentativa de cristalizar a música popular, privilegiando obras de artistas preferidos pelas classes dominantes. Um exemplo que, para alguns, pode fazer parte dessa dita ‘perseguição’ é o Projeto de Lei 494/2019, cujo texto tramita na Assembléia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e quer proibir, entre outros, o Passinho - que é uma das vertentes do Brega - nas escolas do Estado.

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Para o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Thiago Soares, propor leis para impedir que as pessoas dancem nas escolas tem a ver com a idéia de vigilância do corpo, algo que, de acordo com o estudioso, está atrelada à crescente onda conservadora do país. “Essa agenda conservadora dos costumes é muito perigosa para a gente como sociedade e diversidade. É preciso perceber que a escola também é um lugar de alegria, já que isso também é um componente para o aprendizado”, aponta Thiago. 

Diante da polêmica, alguns dos consumidores e produtores do movimento - que é originário das periferias do Grande Recife - se mobilizam na tentativa de fortalecer o ritmo e, assim, não datar o ‘fim do Passinho’, seja nas escolas ou em qualquer outro espaço. 

Uma das precursoras do movimento, a jovem Maria Clara, considerada a ‘Rainha do Passinho’, sempre tenta marcar ‘encontros do Passinho’ com os seus seguidores (quase 260 mil no Instagram). No último domingo (29), a garota conseguiu fazer com que dezenas de crianças, adolescentes e adultos se reunissem no Marco Zero do Recife para dançar contra o preconceito. 

A ‘Rainha do Passinho’, moradora do bairro de Santo Amaro, é uma das jovens que encontraram visibilidade num local tão marginalizado. “Tudo o que eu conquistei e sou hoje é graças ao Passinho. Eu devo muito a esse movimento”, diz Clarinha, como é carinhosamente chamada pelos seus admiradores. Além de conseguir visibilidade num meio tão relegado ao esquecimento social, Maria Clara reforça que já viu muitos colegas e jovens que saíram da “vida errada” e agora estão ocupando a mente dançando o ritmo. 

Percebendo o Passinho como algo importante para além da expressão corporal, a jovem Thiali Larissa da Silva, 20 anos, moradora da cidade de Escada, na Mata Sul de Pernambuco, tem o movimento - que conheceu através da internet -, como algo primordial para a sua vida. 

Na época que conheceu o Passinho, a garota lutava contra o Linfoma de Hodgkin, câncer que se origina no sistema linfático. Larissa afirma que o conhecimento do ritmo foi o que ajudou para que ela conseguisse forças para enfrentar as dificuldades da doença. "A minha reabilitação foi através do Passinho. Nos momentos que eu me sentia muito triste colocava as músicas para tocar e assim começava a me sentir melhor. Agora eu estou zerada", acentua a jovem. 

Enquanto pesquisador da 'Folkcomunicação', o jornalista Luiz Beltrão apontava para as classes "produtoras e consumidoras do brega", por exemplo, como responsáveis, também, pela produção de bens simbólicos que acabam indo além do que se é 'patrocinado' pelas classes dominantes. Esses bens simbólicos, como apontado por Luiz, muito tem a ver com as realidades das pessoas que estavam relegadas ao silêncio e agora, através do Passinho, acabam conseguindo uma certa visibilidade - mesmo que por seu pares. 

“A ideia do Brega se confunde com a própria ideia do pobre. Essa configuração situa o Brega num lugar que sempre está sendo rejeitado porque a pobreza é a grande divisão do Brasil. Quando o pobre começa a ter uma ascensão, aí vem questionamentos e (tentativa de) cerceamento que estamos vendo”, corrobora Thiago Soares. 

Projeto de Lei 494/2019

A autoria do Projeto de Lei é da deputada evangélica Clarissa Tércio (PSC). O texto dispõe "sobre a proibição de exposição de crianças e adolescentes no âmbito escolar, a danças que aludam a sexualização precoce e inclusão de medidas de conscientização, prevenção e combate à erotização infantil nas escolas do estado de Pernambuco". Além do Passinho, outros manifestações culturais também estariam sujeitas à proibição na rede estadual de ensino. 

Sobre essa “sexualização” dada como justificativa para proibir o Passinho nas escolas, o professor Thiago reforça que o que há é uma leitura questionável sempre atrelada à idéia de sexualidade e moralidade. “Se a gente for pensar numa abordagem mais sociológica, Gilberto Freyre quando falava das danças nas senzalas era sempre sexualizando. Então a senzala era sempre o lugar da sexualização e a ‘casa grande’ era o lugar do cometimento burguês”, afirma Soares. 

“Historicamente estamos sempre reproduzindo esses valores de que o pobre e o preto é sempre sexualizado e os brancos e a classe média seriam os civilizados - o que é algo muito problemático e reducionista. A gente está ainda na ‘casa grande senzala’ e nunca saímos dela”, pontua o jornalista.

Em entrevista ao LeiaJá, a deputada Clarissa Tércio disse que o que a motivou a criar o projeto foi ter recebido denúncias e vídeos de jovens dançando de maneira "obscena" em ambiente escolar. "Eu tenho um canal de denúncia chamado Fiscaliza PE, quando eu vi que a demanda não era pequena; pessoas me cobrando, me marcando nas redes sociais em vídeos desse tipo -  o povo pernambucano sabe que eu represento um segmento conservador e que defendo a família, então as pessoas vão me marcando -, foi aí que eu vi que tinha que fazer alguma coisa".

A deputada disse ainda que não teme ter o projeto de lei julgado como perseguição à liberdade de jovens e professores e revelou estar otimista quanto à sua aprovação na Alepe. "A gente sabe que a oposição sempre vai existir, mas o que me deixa tranquila é saber que a rejeição é muito pequena. Eu não estou querendo regulamentar nada dentro da casa de ninguém, a gente está tratando de um ambiente específico, o escolar, é um ambiente que não é para essa finalidade. Estou recebendo um apoio grande dos deputados da casa, eu acredito que esse projeto vai entrar". 

Arte produzida por Jorge Cosme, do Crise dos 25.

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Um morador do Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, acusa policiais militares de agredirem e chicotearem o seu irmão esquizofrênico. Imagens mostram as costas da vítima marcadas pelas agressões. As informações são do G1.

O ocorrido foi registrado na Delegacia de Ricardo Albuquerque e está sendo acompanhado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. A ação policial teria ocorrido há uma semana.

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Durante operação, os policiais militares estariam entrando nas casas do Complexo do Chapadão em busca de criminosos. Eles teriam encontrado a vítima dormindo e acordado ela com um tapa.

O denunciante conta que, em seguida, houve uma sessão de tortura no irmão. Questionado sobre bandidos, o homem não conseguia responder por sofrer de transtorno psiquiátrico.

Conforme a denúncia, o morador foi colocado sentado enquanto era chicoteado nas costas. Além disso, a casa foi revirada e objetos quebrados.

Após o fato, a família deixou a casa por temor de represálias. A vítima foi medicada e se recupera. A Corregedoria da Polícia Militar apura as circunstâncias do caso.

Kondzilla, um dos produtores de funk mais badalados do país chegou ao Netflix. Ele assina a nova série brasileira original do serviço de streaming, Sintonia, que pretende mostrar a vida em uma favela de São Paulo. Nesta segunda (17), foi publicado o primeiro teaser da produção.

Criada por Kondzilla, Guilherme Quintella e Felipe Braga, Sintonia vai mostrar a conexão da música, crime e religião em uma favela de São Paulo. A trama será narrada do ponto de vista de três personagens diferentes, Doni, Nando e Rita, que cresceram juntos na mesma comunidade influenciados pelo funk, o tráfico de drogas e da igreja. Com seis episódios, a série ainda não tem data de estreia.

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O elenco é formado por MC Jottapê (Doni), Christian Malheiros (Nando), Bruna MAscarenhas (Rita), Julia Yamaguchi, Fernanda Viacava, Danielle Rodrigues, Leila Moreno e Vanderlei Bernadino.

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Não se sabe quem é o autor de uma fotografia que viralizou nas redes sociais no início desta semana. A imagem chamou atenção por conter, dentre outros elementos, uma espécie de varanda com direito a piscina, churrasqueira e tapete dentro das acomodações de uma simples palafita, localizada no bairro da Torre, Zona Norte do Recife.

Além dos atributos de lazer, a vista especial e panorâmica para o Rio Capibaribe também gerou comentários dos internautas, que elogiaram a criatividade do responsável pelo imóvel e apontaram que é possível ser feliz com pouco.

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Para entender e descobrir a história por trás da fotografia, a reportagem do LeiaJá descobriu onde estava localizada a casa em questão e foi ao local. É na comunidade Vila Santa Luzia, na Torre, na beira da ponte que liga o bairro ao Parque Santana, na Zona Norte da capital, onde foi construída a varanda na palafita.

Chegando ao local, a supresa negativa é que o espaço de lazer não era mais o mesmo. De cima da ponte, era possível avistar que no lugar da piscina restou entulho com garrafas quebradas e pedras. O tapete estava completamente coberto de poeira e o que o registro inicial ilustrava já não era mais a realidade da casa. 

Ao buscar pela comunidade quem seria o dono do barraco com piscina, todos sorriam e já apontavam. "Ah, é o Jairo". "Ele não mora mais lá, mas vai na casa dele, é perto", diziam os moradores. A poucos metros da ponte, o responsável pela engenharia diferenciada e criatividade, conversava com amigos na frente da casa de sua família.

Jairo Lourenço, 39, é pedreiro e não teve oportunidade de estudar. Ele conta que algumas pessoas já tinham comentando com ele sobre uma fotografia de sua palafita que havia circulado por muitos celulares na internet. Mas não imaginava que muitas pessoas teriam achado a ideia boa e comentado milhares de vezes de como se divertir com pouco dinheiro.

Natural de Recife, ele mora há cerca de 30 anos na Vila Santa Luzia, mas só conseguiu construir o seu barraco há seis anos. Madeira, prego, martelo e muito esforço. Foi assim que o pedreiro conseguiu levantar sua palafita na beira do rio e ainda construiur uma varanda com "vista privilegiada", como ele costuma falar.

A diversão, não só para ele como para toda a comunidade, durou poucos meses. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

A ideia da piscina é antiga. Ele sempre quis ter uma casa com piscina, churrasqueira e espaço de lazer para se divertir com a família e com amigos. Mas, diante da crise financeira e a falta de emprego, o sonho precisou ser improvisado a sua realidade atual.

"Tem uns dois anos que tive essa ideia, eu acho, não sou bom com datas. Comprei a piscina, organizei o tapete, coloquei churrasqueira, cadeiras arrumadas e tudo devidamente no lugar. Meus amigos vinham muito, até mesmo pelo rio para a gente comer e beber", conta Jairo.

Ele não sabe quem fez a fotografia e também só guarda ela de lembrança do tempo em que a varanda estava organizada. A diversão, não só para ele como para toda a comunidade, durou poucos meses. Jairo não sabe ao certo quem destruiu o seu lazer, mas relembra que era madrugada e pessoas jogaram tinta preta de cima da ponte.

Ele sempre quis ter uma casa com piscina, churrasqueira e espaço de lazer para se divertir com a família e com amigos. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

"Aquela sujeita atingiu toda a piscina, o tapete e tudo que tinha lá. Manchou tudo e fiquei desanimado, desmontei", lamenta. Pouco tempo depois, a palafita entortou e atualmente ele não mora mais lá. "Muitas pessoas passando por aqui e aí as madeiras ficaram tortas, preciso ajeitar tudo, mas por enquanto não dá para montar de novo", diz.

Além do sonho de criança, Jairo detalha que um outro motivo para emplacar a ideia de "varanda com piscina" foi a falta de lazer e diversão nas comunidades mais pobres. "Muitas vezes não temos nada para fazer, não tem um parque, uma quadra por perto. Decidi que podia resolver a situação e com a ajuda dos bicos que faço, aos poucos montei, pena que não durou muito", conta.

Jairo está desempregado há quatro anos e trabalha como pedreiro ou qualquer serviço que surgir porque precisa alimentar a família e sobreviver. Ele diz que é feliz com a casa da família e com o seu barraco, mas sabe que preferia estar morando em um local mais digno.

Em dezembro de 2016, um incêndio de grande porte atingiu a comunidade Vila Santa Luzia. Um curto-circuito teria sido a razão para o fogo se alastrar rapidamente. Naquele dia, Jairo achou que perderia a sua palafita. Mas, quando as chamas chegaram nas proximidades dela, ele e outros moradores encherem baldes de água da maré e conseguiram apagar parte do fogo. "Aqui só pegou em uma parte, graças a Deus". 

O pedreiro espera até o fim deste ano conseguir dinheiro para reinaugurar o espaço. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

Jairo se divide entre dois sonhos. Um deles é ter uma moradia melhor e com mais estrutura para não ter que passar por situações como essa. Enquanto esse desejo não se realiza, um outro sonho mais próximo dele é de reconstruir sua área de lazer. Colocar novamente a piscina, desentortar o barraco, e dessa vez a novidade é que ele vai cobrira varanda. 

"Quero colocar uma coberta para evitar que destruam de novo. Mas de jeito nenhum vou perder a minha vista, o teto não vai e não pode interferir na paisagem pro rio", concluiu Jairo, que até o fim deste ano espera conseguir dinheiro para reinaugurar o espaço.

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A 13º edição do ‘Baile de Favela’ acontece no sábado (16) e traz ao Recife, mais uma vez, o som de artistas periféricos da região Nordeste. A festa acontece na Galeria Avoredo, área central da cidade.

Apresentam-se no evento os rappers baianos Vandal de Verdade e Aurea Semiséria, a também baiana DJ Bruxa Braba, o rapper potiguar O Nobre, o coletivo paraibano LA6 CREW e o grupo de rap pernambucano Femigang, entre outros. A organização do ‘Baile de Favela’ ainda promete uma atração surpresa que animará ainda mais o público.

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Os ingressos custam R$ 20 e já está à venda nas lojas Myllys, Banca Roots, Nua Clothing, Galeria Arvoredo, Zona Oeste tabacaria, Onze tattoo e com comissários autorizados.

Serviço

Baile de Favela

16 de fevereiro | 22h

Galeria Arvoredo (R. Gervásio Pires, 436 - Boa Vista, Recife)

R$ 20

   A pergunta “Cadê o Queiroz?” dominou as redes sociais após o jornal O Estado de S. Paulo revelar que o ex-assessor e ex-motorista do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz, movimentou R$ 1,2 milhão em sua conta, de acordo com relatório do Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), divulgado no início de dezembro do ano passado. Queiroz ficou sumido por um tempo e até hoje é questionado onde ele estava nesse período até se internar, em São Paulo, para o tratamento de um câncer. 

De acordo com o colunista Lauro Jardim, do O Globo, o ex-assessor de Flávio teria se "escondido" por cerca de duas semanas na favela de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. De acordo com as informações, essa é a segunda maior favela da cidade e é dominada, da primeira à última rua, pela milícia mais antiga do Rio de Janeiro. 

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O caso Queiroz veio à tona a partir da investigação iniciada com a Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, que analisa a ação de deputados estaduais da Alerj em contratos. Por sua vez, o ex-assessor se defendeu afirmando que “fazia dinheiro”.

“Eu faço dinheiro. Eu faço, assim, eu compro, revendo, compro, revendo. Compro carro, revendo carro. Eu sempre fui assim. Sempre. Eu gosto muito de comprar carro em seguradora”, chegou a dizer em entrevista ao SBT.

É rotineiro falar de quantas pessoas pretas são mortas no Brasil por conta da cor de sua pele. O que não é muito comum neste País é a conquista da justiça para esse mesmo povo que é exterminado, ainda mais quando o culpado por essa morte é o Estado.

Pernambuco, segundo o último levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, registrou um salto das mortes causadas por policiais. Em 2015, foram 45 pessoas mortas pelos agentes. Em 2016, último ano da pesquisa, esse número subiu para 75 pessoas assassinadas pelos policiais.

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Entre elas está Mário Andrade de Lima, de 14 anos, morto pelo ex-sargento reformado da Polícia Militar Luiz Fernando Borges, no dia 25 de julho de 2016. Mario estava brincando de bicicleta com o seu amigo, um adolescente de 13 anos, quando ambos colidiram com a moto do policial, um motivo aparentemente fútil, mas que custou a vida do garoto.

Joelma Andrade de Lima, 36, é a mãe de Mario. Como toda mãe, ela recebeu a notícia da morte do seu filho e ficou em choque, sem acreditar no que ouvia. Sua família foi devastada e a sua filha mais velha quase entra em depressão. “Ela pedia para Deus levar ela porque queria se juntar com o irmão no céu (sic)”, relata Joelma.

Diante de todos esses problemas, mesmo sabendo que não é fácil conseguir justiça no Brasil, ainda mais quando se é preta e favelada, sem condições financeiras para contratar o melhor advogado, Joelma não esmoreceu e perseverou até ver o culpado pela morte de seu filho atrás das grades.

Foram dois anos e quatro meses realizando protestos no Recife, indo de encontro à Justiça e até ao Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo do Estado. Numa dessas idas, Joelma lembra como trataram o assassinato de seu filho. “Quando cheguei no Palácio mostrei 3 mil assinaturas colhidas para confirmar que meu filho não era bandido, porque o policial tinha dito que meu filho estava armado e iria assaltá-lo. Neste momento o secretário disse pra mim: ‘mãe, se a gente fosse dar conserto à todos os canos estourados na rua?’

Foi nesta comparação do assassinato de Mario com um cano estourado que Joelma, sem acreditar no que tinha ouvido, retrucou: “É, mas esse cano tem dona, e a dona dele sou eu. E já que vocês não podem dar o conserto, eu vou lutar para fazer”. E fez.

Depois de quatro audiências e várias manifestações, com a ajuda da população civil organizada, Joelma viu a Justiça condenar Luiz Fernando Borges a 28 anos e 4 meses de prisão pelo homicídio de Mario e pela tentativa de homicídio contra o outro adolescente de 13 anos, que foi baleado, mas conseguiu sobreviver.

Joelma Andrade furou o sistema e em dois anos conseguiu “solucionar” a morte de seu filho. E isso, infelizmente, também é exceção no Brasil, onde de todos os homicídios dolosos (com intenção de matar), apenas 6% são solucionados, segundo levantamento feito pela organização Sou da Paz.

“Nem eu sei de onde tirei força porque eu lutei contra o Estado. Sou um peixinho diante de um tubarão. Só que aí eu tinha um cardume ao meu redor”, exclama Joelma.

Depois da última audiência que condenou o ex-sargento, agora as advogadas de Joelma - que se propuseram a ajudar sem a mãe de Mario desembolsar um centavo, irão processar o Estado pela morte do adolescente.

A partir de sua história e de sua garra para “honrar” o nome de seu filho, como faz questão de falar, para que assim “ele descansasse em paz”, Joelma acabou se tornando um símbolo de resistência para a periferia que diariamente sofre com as barbáries social e, consequentemente, policial. Mas ela é humilde e não acredita ser a personificação da resistência.

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“Eu me vejo como uma mãe que lutou e que mostrou para as outras mães que a gente tem voz. Não é porque somos pretas, moradores da periferia que a gente deve ficar calado”, ressalta a mãe de Mario.

Tudo o que passou despertou o desejo para que Joelma ajudasse outras mães a partir da sua história. Agora, após o caso solucionado, além de querer se juntar à outros - retribuindo a força que se somou a ela, Joelma também tenta combater o mal que recebeu, devolvendo o bem para a sua comunidade e para quem ela conseguir estender a mão.

A Consciência no Alto, que é Preto

Contra as comunidades mais periféricas permeiam as dificuldades de raça - principalmente por ser habitada em maioria por pessoas pretas - acesso ao básico, violência, ação policial, tráfico de drogas. É lá onde pesa a desigualdade social.

Entendendo as consequências sociais por serem negros e favelados, o Coletivo Fala Alto, atuante nas comunidades do Alto do Pascoal e Alto Santa Terezinha, “coirmãs” da Zona Norte do Recife, se organizou na vontade de conscientizar essas comunidades, visando o entendimento de uma vida mais digna e reconhecimento do “eu” que representa cada morador das vielas que cortam a região que vive à margem da sociedade.

São 6 jovens. Tem MC, artesã, percussionistas, fotógrafo e estudante de direito compartilhando conhecimento na favela. É assim que eles conseguem conscientizar os seus.

São vários trabalhos que o Fala Alto elabora, mas as discussões sobre o que diz respeito à miséria, machismo, encarceramento e extermínio do povo preto é o que permeia esses encontros, sejam eles em cine debates, rodas de diálogos ou uma simples intervenção comunitária por meio da arte.

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“Diferente do que acontece em vários movimentos sociais, nossa discussão dentro da comunidade não se limita a discussão política (partidária), nem muito menos nos vendemos em épocas eleitorais para conseguir votos para determinado candidato. Esse não é o nosso papel aqui”, aponta Kayo.

“É a partir do que acontece na comunidade e o conhecimento de mundo dos adolescentes (maioria participante dos debates) que a gente tenta elaborar as discussões. A gente debate coisas que a galera saiba do que se trata, como por exemplo a violência policial que os jovens sabem que acontece (tendo muitos deles já sofrido tal repressão)”, relata a estudante de direito Carol Barros, de 22 anos.

O Coletivo Fala Alto, na sua bolha, tenta lutar contra as estatísticas do Brasil. Já que no país, sete em cada dez pessoas assassinadas são negras. Na faixa etária de 15 a 29 anos, são cinco vidas perdidas para a violência a cada duas horas, segundo aponta a Organização das Nações Unidas (ONU). Estando este extermínio totalmente voltado para as periferias.

O coletivo tenta burlar essas estatísticas, tudo por meio do diálogo e da conscientização de seu povo. São jovens que não entraram nas estatísticas de morte, unidos pela mudança social.

“O mínimo que a gente teve de espaço para conseguir sair, mesmo se arranhando pela brechinha, conseguimos pegar (conhecimento) lá fora e estamos trazendo pra dentro da comunidade”, salienta Kayo.   “Nossa discussão central refere-se a nossa própria vida, nossa própria existência”, complementa Carol.

O Fala Alto acredita que tanto a comunidade do Alto Santa Terezinha, quanto o Alto do Pascoal, são muito grande e passaram muito tempo sem esses debates que estão diretamente ligados com a sua existência. Por isso, confiam na força e consolidação desse movimento, que ainda é novo no bairro - tendo sido criado em abril deste ano.

“A gente quer defender o nosso povo negro que sofre, que é atendido numa casa que foi feita em posto de saúde porque a Upinha está sendo construída há 10 anos. O que queremos é que nossa população busque espaços de forma que ela se sinta representado, não só ter um Compaz (Centro Comunitário da Paz) pra dizer que tem, esse espaço tem que dialogar com a comunidade”, fala Kayo.

Enquanto movimentos sociais se firmam no centro e, juntamente com alguns partidos políticos se esquecem da classe operária que vive massivamente nas periferias, o Coletivo Fala Alto se articula para atender os anseios sociais da favela. É um ponto de resistência e, a cada encontro comunitário promovido para a discussão do que os assola, conscientizam a sua população negra que tanto é marginalizada.

“Não somos nós que moramos numa casa que tem porteiro e interfone para a polícia ligar e perguntar se pode entrar”.

*Fotos de Júlio Gomes e Rafael Bandeira - LeiaJáImagens

A Justiça de Pernambuco condenou o ex-sargento reformado da Polícia Militar (PM) Luiz Fernando Borges a 28 anos e seis meses de reclusão pelo homicídio de Mario Andrade de Lima, de 14 anos, e pela tentativa de homicídio de um adolescente de 13 anos. O julgamento, que já havia sido adiado em outras duas oportunidades, foi realizado nesta terça-feira (6) no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, em Joana Bezerra, área central do Recife. O crime ocorreu no dia 25 de julho de 2016 no Ibura, bairro periférico da Zona Sul do Recife. Desde a data, Joelma Lima, mãe do garoto que faleceu, participou de protestos e atos cobrando justiça para o caso, virando um símbolo no combate ao genocídio negro nas áreas pobres.

“Hoje tenho certeza que meu filho pode descansar em paz, assim como eu e as irmãs dele. É um sinônimo de ‘a gente pode’. O bom é saber que a gente pode, a gente consegue. Não foi fácil, foi muito sofrimento. Mas é um alívio saber que eu consegui fazer a justiça para meu filho”, disse Joelma, ao término do julgamento. Familiares e coletivos populares estiveram presentes para dar apoio à mãe de Mario.

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O júri começou por volta das 9h. A tese do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), responsável pela acusação, era de homicídio duplamente qualificado por motivo fútil, que impossibilitou ou dificultou a defesa da vítima, e tentativa de homicídio qualificado pelos mesmos motivos. “A acusação que foi apresentada em plenário foi totalmente recepcionada pelo conselho de sentença, o acusado foi condenado tanto no homicídio consumado com duas qualificadoras quanto na tentativa de homicídio e duas qualificadoras, ou seja, a sociedade recifense deu uma resposta e a sociedade venceu”, comentou o promotor Guilherme Castro.

O advogado de defesa foi Maurício Gomes da Silva. Especialista em casos envolvendo policiais, o advogado assumiu a defesa de Luiz Fernando a dez dias do julgamento, após o advogado anterior sair do caso. Sua tese consistia em defender o ocorrido como legítima defesa putativa, alegando que a conjuntura fez com que o policial cometesse o crime acreditando estar diante de assaltantes. “O processo é cheio de falhas e defeitos e depoimentos contraditórios. Isso tudo foi relatado, mas o conselho de sentença entendeu de outra forma”, opinou. Durante sua exposição, o advogado chegou a comparar o ex-PM com Jesus Cristo, ao destacar que ambos foram vítimas da opinião pública. O réu utilizou do direito ao silêncio e, assim como em todas as fases do processo, não se pronunciou. O MPPE vai entrar com recurso para pedir aumento de pena, enquanto a defesa vai apelar para que haja ainda absolvição do cliente.

Mesmo com a dor de rever o dia da morte do filho várias vezes através do discurso do promotor, Joelma se mantinha confiante durante todo o dia. “Uma mãe não desiste”, ela comentou ainda antes de entrar na sala do júri. “O vazio vai ficar, a falta dele vai sempre ter, a ferida vai ficar aqui em mim sempre, não vai sair. Mas hoje eu tive motivo para comemorar. Eu não pude comemorar no aniversário do meu filho [primeira data para ocorrer o julgamento, que foi adiado], eu não pude comemorar no aniversário da minha filha [segunda data, quando houve novo adiamento]. Mas hoje, seis de novembro, mês da Consciência Negra, eu tenho o que comemorar”, complementou já após a sentença.

Conforme os autos, Mario e o amigo andavam de bicicleta quando colidiram com o policial que trafegava em uma moto em uma avenida do Ibura. Uma segunda pessoa, que o promotor acredita ser também policial, passava no local na hora e realizou três disparos para o chão para fazer com que os jovens parassem. Esse homem fez uma revista nos menores e comprovou que eles não estavam armados e não ofereciam perigo. Ainda assim, Luiz Fernando teria solicitado que o rapaz deixasse o local pois ele permaneceria resolvendo a situação sozinho. Um morador da área também teria conversado com o ex-PM para convencê-lo a liberar os garotos - esse morador teve o depoimento exibido pela acusação durante o julgamento. Apesar disso, Luiz Fernando, após ligar para a polícia informando ter detido dois ‘suspeitos’, resolveu agir por conta própria. A primeira ação dele foi desferir uma coronhada na cabeça de Mario, que começou a sangrar. O menino foi baleado quando estava deitado. O segundo adolescente correu e foi atingido duas vezes na nádega e uma de raspão no antebraço, tendo se salvado após se esconder em uma área de mangue. O acusado, então, teria voltado e atirado mais uma vez em Mário. Pessoas que estiveram com o réu naquela data disseram que ele estava alcoolizado.

Mario contribuia com a renda da mãe, que vende lanches. Ele estudava, trabalhava de manhã com venda de gás e de noite em uma lanchonete. Gostava também de compor rap. Era considerado promissor no taekwondo, porém acabou se afastando. Foi enterrado com a faixa preta do seu mestre. Durante o processo, três professores do garoto foram ouvidos e, de forma unânime, destacaram o bom comportamento dele. 

Após a morte do filho, Joelma liderou atos como interdição de via e vigílias. Ela precisou enfrentar situações de estresse como conflitos durante os protestos entre participantes e não-participantes e ouvir pessoas querendo criminalizar seu filho pela própria morte. Consciente, ela diz que o resultado do júri popular é uma vitória para todas as pessoas das periferias. “Estou mostrando à sociedade que eu, morando em uma periferia, pobre, negra, estou conseguindo, que a justiça vai ser feita”, sentenciou.

Confira a nota do movimento Justiça para Mário Andrade, que deu apoio suporte à Joelma e promoveu atividades na temática do combate ao genocídio da juventude negra ao longo desses mais de dois anos:

Hoje damos mais um passo numa luta que já durava mais de dois anos. O ex sargento reformado que executou Mário foi condenado há 28 anos e 6 meses de prisão em regime fechado. Essa luta por justiça significa um grito contra o extermínio dos jovens negros e contra o terror que o Estado, atraves de seu braço armado que é a PM impõe a nossas comunidades.

 A justiça é um braço do genocídio e infelizmente trabalha diretamente encarcerando e criminalizando nossos jovens. Por isso hoje é um dia tão importante. É o dia em que uma mãe negra conseguiu honrar a memória de seu filho. Não podemos nos enganar. Se não fosse a luta de Joelma o próprio judiciário incriminaria Mário. O judiciário não está do nosso lado, mas hoje toda uma estrutura racista teve que se curvar a uma mãe preta e a toda uma comunidade de maioria negra.

 Contra o genocídio do povo negro, nenhum passo atrás! 

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“O Exército entrou aqui no bar e roubou o X-box do meu filho, comeu nossa mercadoria, levou a bebida, foi mais de 4 mil de prejuízo. A gente trabalha pra ter esse pouco e eles fazem isso”.

“Tive meu portão arrombado diversas vezes. Agora eu coloco só uma correntinha, porque não dá para ficar consertando toda hora”.

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“Entraram na minha casa, ligaram o ar-condicionado, comeram os danones dos meus filhos, levaram mil reais e ainda deixaram tudo revirado”.

Esses são alguns dos 300 relatos anônimos e espontâneos de moradores de 15 comunidades do Rio de Janeiro. Os depoimentos foram coletados pelo projeto Circuitos Favelas por Direitos, com coordenação da Ouvidoria Externa da Defensoria Pública do Estado do Rio (DPRJ). O projeto conta com a participação da Comissão de Direitos Humanos, Defensoria Pública da União (DPU), Secretaria de Direitos Humanos e organizações da sociedade civil.

O monitoramento identificou 30 tipos de violações de direitos cometidos pelas Forças Armadas e pelas polícias em territórios ocupados ou historicamente atingidos pela violência de agentes públicos. "As violações ficam silenciadas, transformando-se em sofrimentos patrimoniais, físicos e emocionais. São relatos que expõem o cotidiano perverso de medo e invisibilidade em que centenas de milhares de pessoas no Rio de Janeiro se encontram submetidas e demonstram que há um modus operandi no modo com que as comunidades são tratadas pelas forças de segurança", resume o ouvidor-geral da Defensoria, Pedro Strozenberg, que esteve à frente de todas as visitas e coletas de relatos.

Com auxílio de uma rede de apoio composta por cerca de 25 instituições e entidades e com o suporte de lideranças anfitriãs em cada localidade, Strozenberg e defensores públicos de diferentes áreas de atuação dedicaram duas a três horas a cada visita, colhendo relatos. "Nosso objetivo é que o relatório sirva de instrumento de mudança e recomposição da agenda pública do Rio de Janeiro. Dezenas de casos individuais relatados demandam apuração e responsabilização, mas neste primeiro momento optamos apenas por apresentar uma visão geral", complementa Strozenberg.

O relatório aponta que há “um conjunto de violações cotidianas que não ganham estatísticas oficiais, mas contribuem imensamente para gerar sentimentos múltiplos de medo, desesperança e revolta em moradores de favelas e periferias”. Os 30 tipos de violações foram divididos em cinco blocos - violação em domicílio, abordagem, letalidade provocada pelo Estado, operação policial e impactos - e foram definidos a partir de relatos de furto e roubo por parte de agentes de segurança, dano ao patrimônio, violência sexual, extorsão, ameaças, agressões físicas, execuções e disparos a esmo, entre outros.

"É bem provável que algumas dessas violações, mesmo sem estarem formalmente orientadas, passem por uma “validação oficial”, como as práticas de fichamento ou revista a mochilas de crianças, contando com a insuficiente malha de controle das instituições internas e externas das atividades policiais", continua o ouvidor-geral. Além das invasões em domicílio, mulheres também citaram desrespeito na abordagem, como o relato a seguir: “Eles vêm revistar a gente já gritando, chamando a gente de piranha, mulher de bandido, drogada. Vem empurrando e mexendo na gente. Eu sei que só mulher que pode revistar mulher, mas se a gente não deixar, leva tapa na cara”.

Agressões físicas e verbais foram relatadas em todas as 15 comunidades percorridas. Entre as agressões físicas, a mais frequente é o 'tapa na cara'. A prática estaria mais presente contra adolescentes, moradores que questionam ou criticam abusos policiais e com pessoas que estejam utilizando ou portando dose individual de droga ilícita.

A invasão de dados de celulares é outra violação recorrente, segundo os relatos colhidos pela Defensoria Pública. Um dos relatos diz: “Eu acho engraçado que eles proíbem a gente de filmar o que eles fazem, mas eles podem ver os nossos vídeos, nossas fotos. Eles pegam o celular, primeiro olham o Whatsapp e depois vão direto para a galeria de fotos. Revistam nossa vida, nossa intimidade”. Outro relato acrescenta: “Eu já tive dois celulares roubados por eles. Eles mandam tirar a senha. Olham as mensagens, os grupos e dependendo até levam mesmo”.

A Defensoria diz que a revista em celulares e em moradores foram duramente criticadas pelo Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos logo nos primeiros dias da Intervenção Federal. A Defensoria já havia recorrido à Justiça contra outra prática comum entre as forças de segurança nos territórios ocupados: uso de helicópteros para disparos de cima para baixo.

Sobre os helicópteros, o relatório do Circuitos Favelas por Direitos registrou relatos como: "Vocês estão vendo essas marcas? Tudo são tiros vindo do céu. Eles atiram de cima pra baixo e sai da frente. Até os policiais da UPP ficaram no meio do fogo vindo do céu e foi muito tiro. Olha esses buracos” e "Quase todos os dias a gente acorda de manhã com o helicóptero em cima da gente, fazendo aquele barulhão. E eles vão e voltam, a gente fica o dia inteiro na angústia de que a qualquer momento vai acontecer o tiroteio. Às vezes tem e o helicóptero atira. A gente morre de medo porque daquela altura o tiro pode pegar em qualquer lugar”.

Pedro Strozenberg analisa que a escalada da letalidade policial decorre de uma política de segurança pública ancorada na lógica da guerra, fomentada por um significativo investimento de recursos em aparatos bélicos. "A ausência ou inobservância de protocolos e a reduzida oferta de canais de acolhimento emocional e apuração das violações relega a população, já castigada pela precariedade dos serviços públicos, à esdrúxula condição de subcidadania", complementa.

Números

Dados do Instituto de Segurança Pública indicam que 736 pessoas foram mortas pela polícia no Estado do Rio de Janeiro entre fevereiro e julho deste ano. Alguns dos relatos colhidos sugerem que os números podem ser ainda maiores.

“Na última operação que teve aqui, eles mataram quase 20 pessoas. Disseram que foi 8, mas é mentira. Sempre morre mais gente do que divulgam. Mataram os traficantes a facada depois de eles ter se rendido, por que não levam preso?", diz uma pessoa ouvida. “Os corpos daqui são levados para Nova Iguaçu, Mesquita e sei lá para que lugar. Aqui não tem essa coisa de perícia não”, conta mais outra pessoa. O relatório na íntegra pode ser visto aqui

Com informações da assessoria

Um incêndio atingiu uma favela conhecida como "Morro da Lua", na Vila Andrade, zona sul de São Paulo, na manhã deste domingo, 16. Não há vítimas.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o chamado foi aberto às 9h40. Ao menos dez barracos foram atingidos pelas chamas.

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Dezesseis viaturas foram enviadas ao local, na Rua Canto do Rio Verde, para combater o incêndio. Por volta do meio-dia, a corporação realizava o trabalho de rescaldo.

Um incêndio em uma favela da zona norte de São Paulo matou nesta quinta-feira (5) quatro pessoas de uma mesma família – as vítimas são duas crianças e seus pais. De acordo com o Corpo de Bombeiros, foram queimados quatro barracos em uma área de aproximadamente 150 metros quadrados.

O fogo atingiu o local por volta das 2h da madrugada, na Rua Antônio Rocha Mattos Filho. Foram enviadas 16 viaturas e 50 bombeiros, que atuaram na ocorrência. Não há informações sobre o que causou o incêndio.

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No último domingo (1º), duas favelas do município também foram atingidas por incêndios que deixaram, no total, 220 pessoas desalojadas.

Com clima seco, que aumenta o potencial de incêndios, São Paulo contabiliza 22 dias sem chuva. De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas, a previsão para hoje é de tarde ensolarada e seca, com índices de umidade próximos a 30% e temperatura máxima de 27°C.

Um incêndio atingiu uma favela na região de Santana, na zona norte de São Paulo, na noite deste domingo (1º). A comunidade está localizada na rua Antonio dos Santos Neto.

Não houve vítimas. As chamas foram controladas por volta das 21 horas. Uma hora depois, a ocorrência estava em fase de rescaldo.

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O caso mobilizou 60 bombeiros e 20 viaturas. O fogo foi extinto rapidamente, segundo o Corpo de Bombeiros.

A corporação informou que "apesar das grandes labaredas, as equipes com rápida resposta à emergência cercaram o fogo e atropelaram o incêndio". Os bombeiros informaram que o local está em segurança.

Segundo a IBGE, a maior comunidade de São Paulo, Paraisópolis, terá sua própria agência bancária, que se chamará Banco de Paraisópolis. Os moradores a administrarão e terão sua própria moeda apelidada de Nova Paraisópolis, que será impressa e circulará apenas dentro do bairro.

Os moradores poderão obter contas correntes, cartão de débitos e aplicativo para celular, além de priorizar empréstimos que financiem o comércio local, já que há cerca de 8 mil estabelecimentos comerciais no bairro. E quem tiver a conta no banco, terá descontos no comércio credenciando.

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Os juros e taxas de funcionamento serão usados para financiar causas da comunidade, como construções de moradias e canalização, pois apesar de toda essa “fama” a comunidade vive sérios problemas de pobreza extrema e tráfico de drogas.

Segundo a Rede Brasileira de Bancos Comunitários, funcionando às margens dos grandes bancos, de forma independente, existem 103 dessas instituições operando no país que giraram R$ 40 milhões entre 2016 e final de 2017. 

Para quem desconhece, os bancos comunitários existem há mais de 20 anos no Brasil e o primeiro Banco foi em Palmas, criado em 1998 na Favela de Palmeiras.

*por Tayná Barros

Medo e desconfiança são as duas palavras mais usadas por moradores de favelas do Rio de Janeiro para descrever seu sentimento em relação à Polícia Militar. É o que aponta um levantamento sobre as percepções de segurança pública com mais de 6 mil pessoas, que foram visitadas em suas casas entre setembro de 2015 e fevereiro de 2016. Os resultados foram apresentados nessa quarta-feira (28).

A pesquisa é do Laboratório de Pobreza, Violência e Governança (PoVgov) da Universidade de Stanford, instituição sediada dos Estados Unidos, e foi realizada em parceria com o Observatório de Favelas e a Redes da Maré, duas organizações da sociedade civil que atuam em comunidades do Rio de Janeiro. Foram entrevistados moradores da Cidade de Deus, Providência, Rocinha, Batan e Maré.

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Entre os entrevistados, 16% relataram que um amigo, um conhecido ou um membro da família foi assassinado por um policial. Além disso, 20% já tiveram as suas casas invadidas por forças de segurança, já sofreram agressões e têm algum familiar que foi agredido por policiais.

Em relação ao crime, 15% relataram ter sofrido um assalto a mão armada, viram alguém assassinado por um criminoso ou tiveram suas casas invadidas por um bandido. "Muitas vezes a polícia está mais propensa a abusar dos direitos dos cidadãos do que os criminosos", aponta o estudo.

Eles também foram perguntados sobre "qual é o sentimento que a maioria da comunidade têm demostrado em relação aos policiais que atuam em sua favela" e lhes foram apresentadas várias opções de respostas, igualmente divididas entre palavras positivas e negativas, entre elas medo, respeito, desconfiança, admiração, simpatia, indiferença, desrespeito, indiferença e raiva. O entrevistado também poderia dizer qualquer outro sentimento que desejasse.

"Quando os residentes relacionam seus sentimentos com a polícia, eles costumavam usar uma linguagem negativa", registra o estudo. Medo e desconfiança foram as palavras mais utilizadas.

O relatório também traça o perfil dos entrevistados. Metade deles vive com uma renda média de um a dois salários mínimos. Em relação à escolaridade, 29% completaram o ensino fundamental e 26% completaram o ensino médio. Apenas 3% tiveram acesso à universidade. Dos entrevistados, 45% declararam-se como católicos e 41% como evangélicos, enquanto 14% se disseram adeptos de outras religiões e 24% afirmaram não ter religião.

Esse não é o primeiro estudo do laboratório da Universidade de Stanford desenvolvido no Rio de Janeiro. Em parceria com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Seseg) e a Polícia Militar, vem sendo realizados estudos com o objetivo de entender as causas individuais, contextuais e institucionais do uso da força letal policial. Pesquisas similares também são desenvolvidas no México.

UPP

O estudo trouxe também impressões do projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), criado em 2008, como um dos principais instrumentos de segurança pública do estado. No ano passado, foi anunciada uma reformulação e o remanejamento de um terço do efetivo que atuava nas favelas.

A UPP foi avaliada como positiva para a comunidade apenas por 31% dos entrevistados, enquanto 22% consideram a experiência negativa. Para 23%, houve melhora na relação entre comunidade e policiais, mas para 27% essa interação não melhorou. O maior número de entrevistados, no entanto, não apresentou avaliações positivas nem negativas, respondendo às perguntas dizendo que concordam "em parte" ou que "as coisas ficaram da mesma forma." Por outro lado, 48% dos entrevistados avaliaram que a UPP aumentou o desenvolvimento econômico local e 33% relataram que ajudou a diminuir a discriminação à favela.

As avaliações também diferem de uma comunidade para outra. No Batan, 60% da população acredita que a UPP foi uma ação positiva e apenas 4% tem uma opinião oposta. Na Rocinha, 40% dos entrevistados discordam que a UPP melhorou a comunidade, enquanto somente 20% concordaram com esta afirmação.

A Rocinha é também a única favela onde o número de moradores que querem a saída da UPP foi maior do que aqueles que querem a permanência. O fim do projeto é defendido por 30% dos entrevistados, contra 27% que não desejam. No Batan e na Cidade de Deus, mais da metade dos residentes acham que a UPP não deve abandonar a comunidade.

Na Providência, 37% têm essa mesma opinião, superando os que discordam dela. Na Maré, não há UPP, de forma que os moradores não opinaram sobre o assunto.

"Apesar da existência de opiniões diversas sobre a UPP, quando perguntamos diretamente aos moradores se querem que ela deixe a favela, 46% de todos os entrevistados respondem que não", disse a pesquisadora Beatriz Magaloni, diretora do PoVgov.

Sobre os resultados alcançados pelo projeto, apenas 14% responderam que a polícia conseguiu recuperar o controle territorial de grupos criminosos, enquanto 37% acham que houve falha nesse objetivo, e 30% relataram que a UPP não acabou com os confrontos armados entre grupos criminosos e policiais, enquanto 23% responderam que isso ocorreu. Em relação à criminalidade, apenas 32% acreditam que houve redução do crime. Para 49%, a situação não se alterou e 19% avaliam que as práticas criminosas cresceram.

Corrupção

Os entrevistados também avaliaram o nível de corrupção policial: 21% acham que aumentou e 22% que diminuiu. Particularmente na Rocinha, 35% moradores afirmaram que houve crescimento desse tipo de corrupção. É o maior índice entre as comunidades estudadas.

Os moradores das favelas relataram pedidos de subornos em ocasiões diversas, incluindo para autorizar a realização festas, para regularizar moto-táxis ou para não prender um membro da família. Em algumas áreas, a UPP teria práticas de milícia, cobrando para se ter acesso a serviços como TV a cabo, eletricidade e gás. Outra forma de atividade ilícita está ligada aos acordos com traficantes, onde os policiais recebem dinheiro para fazer vista grossa ao fluxo de drogas.

O relatório apontou ainda que as avaliações são diversas, considerados alguns perfis dos entrevistados. As mulheres são significativamente mais propensas a aprovar a UPP do que os homens. Por outro lado, os moradores que têm filhos desaprovam mais do que aqueles que não são pais. Além disso, os negros tendem a ser menos favoráveis à UPP do que os brancos.

Uma semana depois da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) derrubar quiosques da Praça Miami, os moradores da Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio, receberam uma série de serviços sociais oferecidos pela própria prefeitura, em parceria com o governo do estado e o gabinete da intervenção federal.

O prefeito Marcelo Crivella e o general interventor Braga Netto estiveram na comunidade na manhã deste sábado (17), durante a ação comunitária que disponibilizou a retirada de documentos, regularização de comércio, assistência médica, veterinária e odontológica e atividades de lazer e recreação. Oitocentos militares das Forças Armadas atuaram na segurança e na prestação de serviços aos moradores. 

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"A proposta, o desejo e a determinação do general Braga Netto é fazer com que a Vila Kennedy seja um protótipo, um piloto do que se vai tentar replicar em outras comunidades, com uma sequência de atividades semelhantes. Então, nós entramos com Forças Armadas e polícia pra poder remover aqueles obstáculos ao acesso [barricadas], estabilizamos a área", explicou o porta-voz do comando conjunto das operações da intervenção no RJ, coronel Carlos Frederico Cinelli. 

Entretanto, a presença ostensiva dos militares na comunidade, que possui mais de 40 mil habitantes e tornou-se oficialmente bairro no ano passado, não tem sido garantia de segurança para a população. "Ficar aqui de dia é mole. À noite aqui está um perigo", desabafou um morador que pediu para não ser identificado. 

A enfermeira Maria Neide dos Santos, que vive há 29 anos na Vila, relatou que houve tiros na manhã anterior quando sua mãe havia saído de casa, obrigando-a a se proteger das balas. "Essa palavra 'tranquilo' tá difícil de confirmar. Organizada a Vila Kennedy não está", comenta. 

Apesar da crítica, Maria Neide diz que a chegada das forças armadas representaram alguma melhora. "Eu queria que eles ficassem aqui eternamente. Porque a PM tem que parar com a corrupção. A Marielle morreu por quê? Porque botou a boca no mundo", ressaltou a moradora, que disse esperar ações de justiça pelas Forças Armadas na comunidade.

No entanto, o representante do Comando Militar do Leste à frente da operação na Vila Kennedy, o coronel Carlos Cinelli descartou uma permanência duradoura do efetivo no bairro.

"Nós não vamos permanecer na comunidade. O general não tem a ideia de que as operações se restrinjam à ocupação da comunidade. Isso já foi visto no passado, que Forças Armadas ocupando a comunidade não é uma receita que vá dar sustentabilidade no futuro", afirmou o comandante, que citou as ocupações nos complexos de favelas do Alemão e da Maré como exemplos a não serem repetidos. 

"A palavra 'ocupação' dá a ideia de permanência e essa permanência já existe. O próprio projeto das UPPs não será desmantelado, o general Richard [Nunes], da secretaria de Segurança, já comentou que o estudo está sendo refeito e isso vai caber, essa ocupação da comunidade, por forças policiais e nós estamos nesse momento dando um apoio pra que isso possa ser feito", explicou. 

O posicionamento do coronel é consonante com os apelos de militantes de direitos humanos pelo fim da intervenção militar no Rio de Janeiro, que vem sendo intensificados nas manifestações realizadas após o assassinato da vereadora Marielle Franco. A parlamentar também era contra a intervenção, cujos resultados têm sido questionados pelos ativistas, já que os conflitos em diversas áreas da cidade continua fazendo vítimas. 

Na noite sexta-feira (16), um confronto entre policiais e traficantes deixaram quatro mortos no Alemão, incluindo um bebê de 1 ano atingido enquanto estava com a mãe. De acordo com o aplicativo Fogo Cruzado, a favela Bateau Mouche, na Praça Seca, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, está sob tiroteios desde o meio-dia deste sábado. 

Segundo o coronel Cinelli, foram solicitados novos estudos sobre o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e confirmou que o modelo, que deverá sofrer ajustes, junto com a atuação mais efetiva da PM são algumas das apostas do gabinete de intervenção militar para a segurança pública do estado.   

"O trabalho precisa ser feito pela Polícia Militar, pra isso ela está sendo capacitada a partir de agora, está sendo modificada a sua gestão, pelo gabinete de intervenção. É recuperar essa capacidade operacional pra que ela possa garantir esse patrulhamento ostensivo, que efetivamente vai impedir que essas organizações criminosas retomem o controle dessas áreas", afirma. 

Os militares das Forças Armadas estão deixando a comunidade da Rocinha, no bairro de São Conrado, na zona sul do Rio. O primeiro comboio saiu do local por volta das 4h desta sexta-feira, de acordo com informação da assessoria de imprensa do Comando Militar do Leste. Conforme o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse ontem (28) à Agência Brasil, a retirada será gradual e ocorrerá ao longo do dia.

As tropas fazem a segurança da favela desde o último dia 17, quando foram acionadas por solicitação do governo fluminense em função de um conflito entre traficantes rivais pelo controle de pontos de venda de drogas na região, colocando em risco a vida dos moradores.

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De acordo com o ministro, a situação na Rocinha está estabilizada com o fim de confrontos violentos entre os traficantes. Na avaliação de Jungmann, os resultados das operações desencadeadas nos últimos dias também mostram redução nas apreensões de armas e nas prisões de criminosos.

Além disso, com o deslocamento de traficantes da comunidade para outras regiões, de acordo com o ministro, não há motivo para manter o efetivo de 950 militares no local e deixar outras áreas da cidade sem o apoio das Forças Armadas.

“Os bandidos que lá estavam conseguiram passar para outras comunidades próximas, então não fazia sentido permanecer com todo esse efetivo, mas sim deslocar o efetivo para outras comunidades, outros lugares onde eles possam ser devidamente capturados", disse.

Segundo Jungmann, se houver necessidade do retorno dos militares à Rocinha, caso a situação volte a se agravar, há um entendimento com o governo estadual para analisar o pedido com rapidez. “Isso será uma coisa desburocratizada e muito rápida, porque estabelecemos um plantão dentro das nossas unidades militares, que podem rapidamente chegar de volta à Rocinha ou chegar a outras comunidades se se fizer necessário e o governo e a Segurança do Rio de Janeiro pedirem”, informou.

O ministro acrescentou que, por questões de segurança, não é possível adiantar se estão programadas operações com participação das Forças Armadas em locais para onde é provável que os traficantes da Rocinha tenham fugido. “Isso não posso adiantar, mas posso dizer que estamos com várias operações engatilhadas e programadas. São informações de inteligência que não podem perder o efeito surpresa”.

Na avaliação do ministro, o trabalho que foi feito desde a chegada das Forças Armadas, apresentaram resultados comprovados e sem a ocorrência de vítimas. “Encontramos uma Rocinha em guerra e deixamos uma Rocinha, neste momento, estabilizada. Em segundo lugar, apreendemos uma grande quantidade de fuzis, de bandidos, de carregadores, de pistolas, de granadas, de drogas e de munição. Em terceiro lugar, isso foi feito sem que um único morador fosse ferido e uma única criança fosse atingida, da sorte que eu acredito que o resultado foi positivo, embora sabendo que a mudança em termos estruturais de segurança da Rocinha, como do Rio de Janeiro, vai levar ainda bastante tempo”, apontou.

Jungmann destacou que as operações integradas no Rio, com o emprego das forças de segurança federais, vão continuar conforme está definido no decreto de Garantia da Lei e da Ordem, assinada pelo presidente Michel Temer em julho. “A todo vapor e sem nenhuma descontinuidade. Nós vamos continuar atuando porque esse é o desejo da população do Rio de Janeiro. As autoridades têm que atender a esse desejo e é também uma determinação do presidente Michel Temer”, disse.

Conflito

Os conflitos na Rocinha se agravaram com a tentativa de invasão, no dia 17, do grupo de aliados do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, para a retomada do comando do tráfico de drogas no local, que foi assumido por Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, ex-segurança de Nem. Houve intensos tiroteios que deixaram moradores em pânico, crianças sem aulas, unidades de saúde com atendimento suspenso e o comércio fechado.

Depois do lançamento do video oficial de 'Sua Cara', no dia 30 de julho, Anitta já está com a gravação do seu próximo clipe marcada na agenda. O local escolhido dessa vez não foi no exterior, e sim na terra natal da cantora, o Rio de Janeiro. “Vai ter português, vai ter inglês... E vai ter favela!”, escreveu a cantora em seu Insta Stories, referindo-se ao fato de que o vídeo será gravado em uma comunidade, ainda não revelada para não prejudicar as gravações.

O clipe será para uma música ainda sem título, mas que conta com as participações do funkeiro Mc Zaac, dos hits ‘Bumbum Granada’ e 'Vai Embrazando', do duo de DJs Tropkillaz, que trabalharam com Karol Concka em ‘Tombei’, além do DJ Yuri e do produtor de Justin Bieber, o rapper Maejor. O lançamento do trabalho está previsto para setembro.

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Também no Insta Stories, Anitta postou uma foto ao lado de John Shahidi e o produtor Poo Bear comemorando a presença dos dois no Brasil. Ambos fazem parte da Shot Studios, escritório com o qual ela assinou recentemente para gerenciar sua carreira internacional e que vai produzir o primeiro álbum em inglês da cantora.

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