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Dois policiais militares foram esfaqueados enquanto realizavam uma abordagem no bairro de Paratibe, em Paulista, no Grande Recife, no sábado (27). Sete suspeitos foram presos e dois homens baleados.

Os policiais do 17º Batalhão da PM realizavam rondas no bairro quando abordaram "um grupo suspeito". Os homens reagiram à abordagem com uma faca e atingiram um policial na mão e o outro no pescoço.

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Segundo a Polícia Militar, o reforço foi acionado e sete envolvidos foram presos. Um suspeito de 20 anos e outro de 35 foram atingidos por disparos e levados ao Hospital Miguel Arraes.

Após receber alta, os dois foram encaminhados ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) junto com os integrantes do grupo, com idades entre 22 e 44 anos.

Os policiais feridos foram socorridos para a UPA da Tabajara, receberam atendimento e também foram prestar esclarecimentos no DHPP. Em seguida, foram ouvidos na Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM).

O caso foi registrado pela Delegacia de Paulista na madruga do domingo (28). Um inquérito foi instaurado para apurar os crimes investigados são de ameaça, desobediência, lesão corporal, porte ilegal de arama branca, resistência, dano depredação e tentativa de homicídio em decorrência de intervenção policial. 

Um morador da cidade de Feira de Santana, no interior da Bahia, acusa três policiais militares de agredi-lo na frente de sua esposa e de seus dois filhos menores de idade. Por meio de um vídeo gravado por sua companheira, é possível observar o momento em que os agentes entram no local e rasgam a camisa do homem após um empurrão.

Os PMs acusaram o proprietário do imóvel de ter corrido ao avistar a viatura policial que passava na região. Os agentes que aparecem nas imagens pertencem ao Pelotão de Emprego Tático Operacional (Peto) da 65ª Companhia Independente da Polícia Militar da Bahia (CIPM), sob comando do Tenente Coronel Hildon Lobão.

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Ao presenciar a situação, a esposa do morador tentou explicar aos policiais que seu marido entrou na residência para pegar seu aparelho celular. Ao perceber que as crianças estavam assustadas com a abordagem, o homem pediu para que os policiais ''respeitassem a constituição'' e disse que iria acionar a Corregedoria para apurar o caso.

Em determinado momento, ainda é possível visualizar um dos PMs solicitando que a mulher saísse do interior da casa, porém o seu marido pediu para que ela continuasse na sala de estar. Inconformada com a abordagem, a mulher informou que seu companheiro ''estuda para ser policial'' e que os militares estavam tendo uma conduta desrespeitosa.

Em nota, a assessoria de comunicação da Polícia Militar afirmou que ''o Comando de Policiamento Regional do Leste (CPRL) recebeu a denúncia, a qual foi encaminhada à unidade onde os policiais militares estão lotados, a fim de que se proceda com a investigação apropriada".

Parlamentares cobram justiça

Através de suas redes sociais, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) pediu que os agentes fossem punidos pelos órgãos competentes.

"Fico imaginando o que teria acontecido se eles não soubessem que estavam sendo gravados! O policiamento do local é realizado pela 65ª CIPM, sob o comando do Tenente Coronel Hildon Lobão. Que sejam punidos! Eu li que já foram afastados", escreveu a parlamentar carioca.

O deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) também se manifestou sobre o caso. O político chamou os policiais de "racistas" e defendeu o uso de câmeras nas fardas de policiais, para que casos como esse sejam evitados.

"Em Feira de Santana, Bahia, um homem negro teve sua casa invadida por policiais racistas por ter entrado na própria casa, e essa foi a "fundada suspeita" que justificou toda a violência e humilhação causada pela PM-BA. As câmeras corporais são valiosos instrumentos de fiscalização da atividade policial, sobretudo quando controladas por órgãos externos à polícia, como o Ministério Público", pontuou.

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Em flagrante, policiais militares de São Paulo foram filmados ao espancar um homem, ainda não identificado, durante uma abordagem em Cidade Tiradentes, na Zona Leste da capital paulista. O vídeo, registrado por uma testemunha anônima, mostra que a vítima desce de um veículo ao receber ordem de parada e não oferece resistência, deixando as mãos para o alto. Ainda assim, o jovem é agredido. 

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O vídeo indica que três pessoas ocupavam o carro no momento da investida. Primeiro, o condutor é recebido aos chutes por um militar, antes mesmo de descer do veículo. Depois, o passageiro de casaco nas cores preta e amarela desembarca, sendo agredido com chutes, socos, tapas e pancadas de cassetete. Uma terceira pessoa desembarca, mas não é agredida.  

A Polícia Militar ainda não se pronunciou sobre o caso. O episódio aconteceu menos de 24 horas após o massacre do Guarujá, no litoral paulista, que resultou em, pelo menos, oito mortes. As execuções aconteceram durante uma operação da Polícia Militar na cidade da Baixada Santista. 

 

Um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi preso após balear uma jovem em uma abordagem no Rio de Janeiro. Anne Caroline Nascimento, que era estudante de enfermagem, foi socorrida, por volta das 23h do sábado, mas não resistiu aos ferimentos e morreu neste domingo.

A jovem de 23 anos estava em um carro cujo motorista desobeceu uma ordem de parada nas proximidades da Linha Vermelha, na Baixada Fluminense.

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Segundo o G1, a PRF monitorava um veículo que estava fazendo manobras arriscadas em alta velocidade, quando iniciaram a abordagem. O motorista teria jogado o veículo para cima da viatura, o que teria provocado a reação do agente, que atirou no veículo e atingiu a jovem.

Um vídeo exibindo uma cena de violência policial ganhou as redes sociais esta semana. Nas imagens, um homem negro, de 32 anos, aparece com as mãos e pés amarrados, enquanto é arrastado por policiais militares de São Paulo, após receber voz de prisão. O caso é do último domingo (4) e ganhou mais visibilidade após ser compartilhado pelo padre Júlio Lancellotti, no Twitter. A cena foi registrada por uma testemunha, no bairro de Vila Mariana, área nobre da capital. 

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O homem foi detido após ser considerado suspeito de furtar um supermercado, junto a outros dois amigos, incluindo um adolescente. Ele foi encontrado com duas caixas de bombom. Por ter resistido à prisão, segundo a Polícia Militar de São Paulo (PMSP), precisou ser dominado e amarrado por quatro policiais militares. À TV Globo, uma testemunha disse que o homem pedia ajuda gritando e dizendo que estava “doendo muito”.  

A PMSP alegou que o homem estava alterado e teria dito que "pegaria a arma dos policiais e daria vários tiros neles”. O vídeo foi registrado na UPA da Vila Mariana por uma testemunha, que também foi levada para a delegacia. 

A ida a uma unidade de saúde faz parte do procedimento policial, para realização do exame de corpo de delito. Pelas imagens, é possível ver que o homem preso é violentamente colocado sobre uma maca. Depois, ele é arrastado pelo chão, com os membros amarrados, para dentro de uma sala. 

Os policiais envolvidos no caso foram afastados e um inquérito será instaurado para apurar a conduta dos agentes. "A Polícia Militar lamenta o episódio e reafirma que a conduta assistida não é compatível com o treinamento e valores da instituição", diz a nota da PM. 

 

Prestes a deixar o Aeroporto de Foz do Iguaçu, no Paraná, em um voo a Londrina, o deputado estadual Renato Freitas (PT) teve que desembarcar do avião para ser revistado a pedido da Polícia Federal. Ele alega ter sido vítima de racismo e se disse humilhado.

O momento em que foi "convidado” a sair do avião e todo o processo de busca pessoal foram registrados no último dia 3, mas o deputado só publicou nas redes sociais na noite dessa quarta (10). Freitas voltava de um protesto pela morte de um jovem de 19 anos que foi assassinado com cinco tiros em uma abordagem policial.  

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Antes da decolagem, um agente federal e um funcionário da segurança do aeroporto pediram que Renato deixasse a poltrona e se dirijisse para fora da aeronave. Ele atravessou o corredor ainda sem saber do que se tratava. A aeronave não decolou e os demais passageiros também ficam sem entender a situação. 

Então, o deputado foi informado que foi escolhido para passar pelo procedimento de segurança através de uma escolha aleatória do sistema. Os homens reforçaram que seria um mecanismo padrão, repetido diversas vezes em outros voos ao longo do dia. 

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Renato alegou entregar a mochila para ser revistada. Em seguida, passou por uma busca pessoal próximo à entrada da aeronave. Nitidamente desconfortável, ele foi autorizado a retornar ao avião.  

"Bando de racistas, ignorantes", afirmou. Os passageiros que esperavam o procedimento para seguir viagem apoiaram o deputado e pediram que ele ficasse tranquilo. 

Nas redes sociais, Renato Freitas disse que na próxima semana viaja ao Rio de Janeiro e espera não passar pela mesma situação. 'Espero que, ao contrário desse sorteio no Aeroporto de Foz do Iguaçu, eu não seja escolhido aleatoriamente de novo, kkkkk Mega-Sena que é bom nada, só sorteio ruim kkkk”, brincou. 

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Uma jovem de 18 anos foi abordada no durante o Carnaval, na última terça-feira (21), pela polícia militar de São Paulo, e encontraram 13 aparelhos celulares escondidos com ela. A ação da polícia foi gravada até o momento em que ela é encaminhada para a viatura.

As imagens são marcantes pela expressão de deboche e despreocupação da mulher a cada aparelho encontrado pelos policiais. Ela ainda retruca o modo como os agentes seguraram seus braços. "Calma aí, senhor. É assim, desse jeito, oprimindo os outros?", é possível ouví-la no vídeo abaixo.

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De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a infratora foi levada para a delegacia e permaneceu detida aguardando decisão do judiciário. Algumas vítimas já tiveram seus pertences devolvidos.

 

Uma jovem foi presa por suspeita de xingar, agredir e decepar o dedo de um subtenente da Polícia Militar (PM), em Aparecida de Goiânia, em Goiás. O militar ficou sem a ponta do polegar direito e foi levado a um hospital.

A suspeita, de 26 anos, e a companheira, de 21, estavam em uma distribuidora de bebidas quando o subtenente e um sargento anunciaram a abordagem. O caso ocorreu no sábado (4), mas só foi divulgado pela corporação nessa terça (7).

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De acordo com a PM, depois de questionar a abordagem, a mais velha teria afirmado que os militares não eram competentes e disse para eles irem a outro local. Ela fumava e chegou a soprar a fumaça no rosto do subtenente, que deu voz de prisão.

A suspeita era algemada e a mais nova avançou no militar, de 50. Ainda segundo a corporação, ele colocou a mão no rosto para se defender e, nesse momento, a mulher de 26 anos mordeu e decepou parte do seu polegar. Os três caíram no chão e a confusão seguiu até a atuação do outro policial.

O advogado defendeu que as mulheres agiram em legítima defesa, pois a que mordeu teria sido agredida por filmar a abordagem no estabelecimento e a outra teria tentado defender a companheira.

Elas foram encaminhadas à Central de Flagrantes. O subtenente seguiu para o hospital, mas o dedo não foi restaurado. Ele apenas levou pontos no local do ferimento.

Campeão mundial e medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Alison dos Santos, o Piu, revelou ter sido alvo de abordagem policial na cidade de São Paulo nesta semana. Por meio de sua conta pessoal no Twitter, o atleta contou que o ocorrido se deu na Avenida Ibirapuera, zona sul da capital.

"Chuta quem acabou de levar um enquadro no meio da Avenida Ibirapuera", escreveu em sua rede social. Bruno Fratus, nadador e também medalhista de bronze em Tóquio, respondeu Piu, apenas com um emoji. "Acontece nas melhores famílias", respondeu Alison.

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Segundo reportagem do site UOL, que conversou com o atleta, ele dirigia seu carro pela avenida, com os vidros abaixados. Armados, os agentes deram ordem para que o atleta descesse do carro imediatamente. Piu e o veículo foram revistados e os policiais fizeram diversas perguntas.

"Coloquei a mão na cabeça e 'tal'. Pediram para abrir as pernas, (perguntaram) se eu tinha passagem pela polícia. Falei: 'Não'. Perguntaram de novo e eu: 'Não'. Várias perguntas nesse sentido. Só estavam esperando eu falar que tinha alguma coisa", contou o atleta. "Continuaram perguntando, revistaram meu carro de cima abaixo, caçaram, procurando tudo."

Alison também contou que, durante a abordagem, alguns fãs reconheceram e interagiram com o atleta, mas os policiais seguiram realizando o prosseguimento. A reportagem do Estadão tentou contato com a assessoria de Alison, que não quis entrar em mais detalhes para não "escalar" a situação. A Polícia Militar de São Paulo também foi contatada, mas ainda não há um posicionamento sobre o caso.

Piu é um dos principais destaques do atletismo brasileiro atualmente. Ele conquistou a medalha de bronze na prova dos 400 metros com barreiras em Tóquio e a medalha de ouro no Mundial disputado em 2022 em Oregon, nos Estados Unidos, na mesma prova.

Atleta do Clube Pinheiros, ele também faz parte do Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas, na Marinha. Alison passa por treinamentos militares e é 3º Sargento, embora não seja oficial de carreira.

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Policiais rodoviários federais do Tocantins foram flagrados, em vídeo, agredindo um homem negro em um posto de combustível no Jardim Aureny I, região Sul de Palmas, capital do estado. O caso aconteceu na noite dessa sexta-feira (6) e foi registrado por uma pessoa ouvida como testemunha. As imagens foram entregues à Polícia Civil e mostram o condutor do veículo abordado deitado ao lado do carro, com a porta aberta.  

Mesmo rendido, o homem leva diversos chutes e socos por dois dos quatro policiais que o abordaram. A identidade da vítima não foi revelada, mas a polícia informou que houve registro de ocorrência por embriaguez.  

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Em nota, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que assistiu ao vídeo que mostra abordagem a veículo, seguida por agressões contra seu condutor. Ainda de acordo com a corporação, o procedimento apresentado não faz parte da doutrina da PRF, e os fatos serão submetidos "a rigorosa apuração por parte da Corregedoria Regional e de especialistas em Direitos Humanos da Polícia Rodoviária Federal". 

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou, também em nota, que o homem agredido pelos policiais foi levado para a 1ª Central de Atendimento da Polícia Civil em Palmas “preso, em flagrante, por embriaguez ao volante e desobediência, conforme relatos dos próprios policiais”. 

A vítima foi ouvida pelo delegado plantonista e pagou fiança e foi solta. Antes, de acordo com o órgão, o homem foi levado pelo delegado e um agente de polícia ao Núcleo de Medicina Legal de Palmas “para exames de corpo de delito, uma vez que relatou ter sofrido agressões por parte dos PRFs, e em seguida foi liberado”. Segundo a SSP, a Polícia Civil “encaminhou o caso aos órgãos competentes”. 

 

Em decisão da semana passada, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reforçou o entendimento de que guardas municipais não podem exercer atribuições das Polícias Civil e Militar. A corporação não está prevista como um órgão de segurança pública e, por isso, a sua atuação deve visar a vigilância e proteção de bens, serviços e instalações do município, como escolas e unidades de saúde.

A sessão julgava um recurso em que haviam sido declaradas ilícitas provas obtidas por guardas municipais por meio de uma busca pessoal, a revista. Com a sentença, foi anulada a condenação do réu por tráfico de drogas. Um dos argumentos do relator, o ministro Rogerio Schietti Cruz, é o de que a guarda não está sujeita a controle por parte do Poder Judiciário e do Ministério Público, ao contrário das polícias.

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"Não é preciso ser dotado de grande criatividade para imaginar, em um país com suas conhecidas mazelas estruturais e culturais, o potencial caótico de se autorizar que cada um dos 5.570 municípios brasileiros tenha sua própria polícia, subordinada apenas ao comando do prefeito local e insubmissa a qualquer controle externo", pontuou o ministro durante a votação.

O relator considera que o papel da guarda municipal está sendo desvirtuado, com a corporação em processo de se tornar uma "polícia municipal". "Inúmeros municípios pelo País afora, alguns até mesmo de porte bastante diminuto, estão equipando as suas guardas com fuzis, equipamentos de uso bélico, de alto poder letal e de uso exclusivo das Forças Armadas", argumentou. É o caso, por exemplo, das guardas municipais de São Paulo e Curitiba, que fazem uso de fuzis.

No caso julgado, guardas municipais em patrulhamento teriam avistado o réu em uma calçada e desconfiado de quando, ao ver a viatura, ele colocou uma sacola plástica na cintura. Ao abordá-lo, eles teriam encontrado uma certa quantidade de drogas e realizaram a prisão em flagrante delito. Segundo o entendimento do STJ, no entanto, esse tipo de revista e prisão só pode ser realizado por guardas municipais em casos em que o suposto delito atinja de forma direta o patrimônio do município.

Embora o Código de Processo Penal estabeleça que "qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito", o Superior Tribunal de Justiça considera que uma situação em que o flagrante só é evidenciado após atividades como a busca pessoal ou domiciliar não se encaixa nessa definição. "Se por um lado não podem realizar tudo o que é autorizado às polícias, por outro lado também não estão plenamente reduzidos à mera condição de ‘qualquer do povo’, uma vez que não é qualquer do povo que pode investigar, interrogar, abordar ou revistar seus semelhantes", diz o voto do relator.

Caberia às polícias a atribuição de, a exemplo da situação do recurso analisado, patrulhar supostos pontos de tráfico de drogas, realizar abordagens e revistas em indivíduos suspeitos de praticá-lo ou investigar denúncias anônimas de delitos que não atingem de maneira imediata os bens, serviços e instalações municipais. Já aos agentes municipais, segundo o STJ, caberia acionar os órgãos policiais para que realizassem a abordagem e revista do suspeito.

Segundo o presidente da Conferência Nacional das Guardas Municipais (CONGM), Oséias Francisco da Silva, a decisão do Superior Tribunal de Justiça deprecia de forma injusta a função da corporação. "Os nossos guardas municipais atuam diuturnamente em defesa da população com programas essenciais, como é o caso do Maria da Penha, segurança viária, guardas ambientais e atuação na polícia de trânsito. Então, conforme julgado da Sexta Turma, a guarda deveria parar de fazer todos esses tipos de trabalho", afirma.

Ele também classifica a consideração sobre as armas usadas pelos agentes municipais uma desinformação: "Todo o armamento que as guardas municipais estão utilizando é autorizado pelas Forças Armadas e pela legislação em vigor no País. São armas que tem uma estética que parece exclusiva, mas o calibre é permitido inclusive para a população, que tem adquirido esse tipo de armamento".

Um policial militar morreu após ser atingido por um tiro na cabeça durante uma tentativa de abordagem a suspeitos que trafegavam na manhã deste domingo, 14, em um veículo na Rua Guiraréia, em Irajá, na zona norte do Rio de Janeiro.

Segundo informações da Polícia Militar, o sargento Nelcir de Paula Jacobino, de 53 anos, foi ferido quando os criminosos dispararam contra a equipe policial que tentava a abordagem. Ele foi socorrido ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu aos ferimentos.

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Jacobino, que era lotado no 41º Batalhão da Polícia Militar, pertencia à corporação desde 1999. Ele deixa esposa e dois filhos.

Um casal de Paineiras, no interior de Minas Gerais, acusa um policial militar por uso excessivo da força durante abordagem realizada na madrugada deste sábado (13), em uma praça pública da cidade. Um vídeo gravado por testemunhas tem ganhado repercussão nas redes sociais. Procurada, a polícia informou ter aberto procedimento para apurar o caso.

As imagens mostram um policial militar desferindo 11 socos em sequência no rosto de um homem - que já estava sendo imobilizado por outro agente - até ele ficar desacordado. Em seguida, o policial agride também, com um soco e um empurrão, uma mulher que tentava conter a situação.

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Ao Estadão, o homem envolvido na situação, o fazendeiro Marcos Mendonça, de 23 anos, disse que estava junto da namorada, de 18 anos, nos arredores da praça antes de ser abordado por dois agentes da Polícia Militar. "Alguém soltou uma bomba e os policiais chegaram me dando voz de prisão, dizendo que fui eu que soltei a bomba", disse ele, que nega ter sido o responsável.

Marcos disse, então, que, na tentativa de imobilizá-lo, os policiais o jogaram no chão e um deles passou a desferir socos, até que ele desmaiasse. Algemado, Marcos foi levado para uma delegacia em Bom Despacho, cidade próxima, e foi liberado pela polícia apenas no início da manhã.

"Estou acabado, destruído, com muita dor. Estou com sete pontos aqui atrás (na nuca) e com a cabeça doendo demais", disse. Após o acontecimento, o casal tem usado as redes sociais para denunciar o ocorrido e cobrar medidas quanto à conduta do agente.

Em nota, a Polícia Militar de Minas Gerais informou, por meio da 7ª Região de Polícia Militar (7ª RPM), que, na noite desta sexta-feira, 12, "foi acionada diversas vezes por populares da cidade de Paineiras, na região Central de Minas, denunciando que havia um indivíduo soltando bombas numa praça, próximo a crianças".

Conforme boletim de ocorrência do caso, "houve resistência por parte do abordado, havendo a necessidade de intervenção policial". "A PMMG (Polícia Militar de Minas Gerais) esclarece, ainda, que após conhecimento das imagens enviadas à instituição, foi instaurado, de imediato, um procedimento para apuração criteriosa dos fatos e adoção das medidas cabíveis", acrescentou.

Nas redes sociais, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, disse que tomou conhecimento do ocorrido e "das diversas denúncias recebidas pela Polícia Militar sobre uma pessoa soltando bombas em uma praça da cidade". "Confio na seriedade e prontidão da nossa PMMG, que está apurando os fatos e tomará as medidas necessárias para coibir atos de violência, seja quem for o agressor."

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) editou orientações internas para abordagem de pessoas em crise de saúde mental. O documento, criado após Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, ser morto dentro do porta-malas de uma viatura, no Sergipe, recomenda que a aproximação seja "serena" e que a contenção física de alguém em surto seja encarada como exceção, um "último recurso".

"Os policiais rodoviários federais devem estar cientes de que a aplicação ou uso de restrições físicas pode agravar qualquer agressão que esteja sendo exibida pelo indivíduo em crise", diz a orientação, assinada em 14 de junho pelo diretor de operações da PRF, Djairlon Henrique Moura.

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No dia 25 de maio, policiais imobilizaram Genivaldo, em Umbaúba, no sul do Sergipe, e o colocaram dentro de uma viatura e lançaram gás lacrimogêneo dentro do carro. O laudo da morte apontou asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. A vítima tinha diagnóstico de esquizofrenia e não estava armada. Deixou mulher e um filho de 7 anos.

As orientações destacam que o diagnóstico de doenças psíquicas é complexo mesmo para profissionais da saúde. Contudo, salienta que os policiais rodoviários federais devem ser "capazes de reconhecer pessoas com perturbação mental, especialmente àquelas potencialmente violentas e/ou perigosas". O documento foi apresentado em resposta a pedido de informações feito pelo deputado Alexandre Padilha (PT-SP).

A diretoria da PRF também orienta que os policiais acionem o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) ou o Corpo de Bombeiros para auxiliar na abordagem de pessoas em crise de saúde mental. O documento também pede para que os policiais criem "empatia", evitem "agitar o indivíduo" e "sejam sinceros" nos diálogos com os abordados. Além disso, será necessário avaliar a "trajetória pessoal" de cada um para detectar se a pessoa em crise representa perigo potencial.

Ao se deparar com uma blitz no bairro de Amaralina, na Orla de Salvador, nesse sábado (18), um motorista não conseguiu evitar a abordagem e começou destruiu o próprio carro. Ele conduzia sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e alegou que não tinha dinheiro para pagar a multa.

A Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) informou que o homem estacionou o veículo quando viu a blitz e jogou a chave na areia da praia. Ele foi abordado pelos agentes e teria dito que não dirigia o automóvel. Diante da suspeita, os guardas encontraram a chave na areia e ele admitiu que estava com o carro.

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O motorista apresentou apenas o documento do carro e disse que não tinha CNH. Os agentes o informaram que a prática configurava infração de trânsito com a previsão de pena de detenção, de seis meses a um ano, ou pagamento de multa.

Sem condições de pagar a multa e de chamar um habilitado para retirar o veículo, ele ficou nervoso e começou a destruir o veículo para evitar que fosse recolhido ao pátio da Transalvador.

Segundo o G1, enquanto depredava o automóvel, ele teria dito que não deixaria seu bem para o estado. Após amassar todo o carro, quebrar vidros, portas e para-choque, o homem fugiu a pé. Mesmo assim, o veículo foi recolhido ao pátio.

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O assassinato de Genivaldo Jesus dos Santos por dois agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que transformaram a viatura da instituição em câmara de gás improvisada, foi tratado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, como um "fato isolado". Torres participou nesta quarta-feira, 15, de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, na qual prestou esclarecimentos sobre o caso. Segundo o ministro, tudo o que podia ser feito em relação à morte já foi realizado.

Além de abordar o caso Genivaldo, o ministro da Justiça tratou das medidas da sua pasta em relação ao desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips na Amazônia. Segundo ele, "parece que o caso está esclarecido", mas não poderia comentar porque está em andamento. Quando questionado, Torres disse ter dado "a devida importância ao caso" e afirmou "estar muito perto" de elucidar eventuais crimes. O governo demorou mais de cinco dias para enviar a Força de Segurança Nacional à região para apoiar as buscas. Os primeiros a agir nas incursões foram os indígenas do Vale do Javari.

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O ministro da Justiça havia sido convocado para participar da audiência, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), derrubou a decisão da Comissão de Direitos Humanos. A convocação foi então convertida em convite. Em sua fala inicial nesta quarta, Torres chegou a dizer que o fato envolvendo a morte de Genivaldo "é grave" e "lamentável", mas que "todas as medidas legais foram adotadas". Segundo o ministro, "tudo corre bem".

"Esse ato foi isolado, não condiz com a PRF. Não estou fazendo juízo de valor, até porque não posso. Hoje, estamos diante de uma das melhores instituições de estado do mundo", afirmou. "É um fato grave, que todas as medidas legais foram adotadas. Todas as providências foram adotadas. Tudo corre bem", disse em outro momento.

Ao ser confrontado pelos parlamentares da oposição sobre o tratamento dado aos familiares da vítima, Torres se queixou do fato de o assassinato de dois agentes da PRF, em Fortaleza, não ter se tornado objeto de discussão na Câmara. "A gente precisa medir as coisas. A gente precisa dar o mesmo valor a todas as vidas. Na semana anterior, foram assassinados dois policiais e não vi essa reação", afirmou.

Na contramão das declarações do ministro, a deputada federal Taliria Petrone cobrou atuação mais firme da pasta da Justiça para coibir a ocorrência de casos semelhantes. "A gente lamentavelmente viu um homem executado, com transtornos mentais, mais uma vez um homem negro, algemado, imobilizado e colocado em uma câmara de gás, que nos remete a tempos que não queremos revisitar. Ele foi torturado por agentes do Estado (…) Este Ministério precisa se responsabilizar", afirmou.

"Nós estamos vivendo um retrocesso democraticamo gravíssimo. É responsabilidade de agentes públicos evitar mortes sistemáticas por parte de agentes do estado, ou por ações ilegais e omissões", frisou em outro momento.

O deputado Túlio Gadelha (Rede-PE) confrontou o ministro da Justiça com o fato de o presidente Jair Bolsonaro (PL) participar das chamadas motociatas sem fazer uso de capacete. Segundo o boletim de ocorrência da PRF, Genivaldo foi abordado pelos agentes por não utilizar o equipamento de segurança enquanto transitava no município de Umnaúba (SE). Para Torres, não cabe ao seu Ministério ou à PRF fazer o presidente seguir o código de trânsito. "Existem leis específicas que regulamentam a segurança da presidência", disse. "Se houver algum problema em relação a isso, a lei tem que ser revista", prosseguiu.

A audiência também contou com a presença do diretor-geral da PRF, Silvanei Vasques, que disse não fazer parte dos procedimentos da instituição o protocolo adotado contra Genivaldo. Segundo Vasques, os policiais envolvidos no caso foram completamente afastados de suas funções e não possuem mais acesso às instalações da corporação, armas e fardas.

O diretor-geral da PRF ainda comentou o caso do ex-agente rodoviário federal, Ronaldo Bandeira, que dias após o caso em Sergipe viralizou nas redes sociais por causa de um vídeo em que ensina alunos do curso preparatório Alfacom técnicas de tortura iguais às utilizadas no assassinato de Genivlado. Ele foi afastado após as imagens circularem.

"A gente não compactua com aquela fala. O que aconteceu em Sergipe nunca foi ensinado em nenhuma escola da PRF, na nossa universidade, em nenhum curso da nossa instituição. Não ocorreu nenhum tipo de orientação para aquele procedimento. A instituição considera aquele fato grave e vai trabalhar para a elucidação", afirmou.

Assim como o ministro da Justiça, o diretor-geral da PRF foi confrontado pelo fato de a corporação ter extinguido a disciplina de direitos humanos do quadro de atividades preparatórias de agentes. Segundo Vasques, a exclusão dessa área de conhecimento da matriz curricular dos policiais "foi uma questão de formalidade", pois o ensinamento da matéria passou a ser "transversal" em todos os campos de formação.

"A gente pegou os instrutores de direitos humanos e eles, de forma transversal, passaram a matéria em todas as disciplinas", disse. "A gente entende que dessa forma a temática consegue ser mais disseminada entre os alunos", justificou.

Motociata com Allan dos Santos

Torres foi questionado pelo deputado Paulo Teixeira (PT) por ter acompanhado Bolsonaro em uma motociata organizada em Los Angeles, nos Estados Unidos, durante a Cúpula das Américas. O ato contou com a participação do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que encontra-se na condição de foragido após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinar sua prisão por divulgar notícias falsas atentatórias à separação dos Poderes. "É lícito o ministro da justiça conviver com foragidos da Justiça do seu país?, perguntou o parlamentar.

O ministro disse não ter se encontrado com Allan do Santos e que teria descoberto por meio da imprensa a presença dele no ato em apoio a Bolsonaro. Torres relativizou o fato de o blogueiro ser considerado foragido da Justiça brasileira porque, segundo ele, a Interpol não reconheceu a ordem de Moraes. A instituição analisa o caso para decidir se pode atuar, pois tanto o bolsonarista quanto autoridades brasileiras acusam o mandado de prisão de incorrer em perseguição política, o que impede a atuação da força policial internacional.

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou um processo administrativo para investigar as abordagens realizadas pela Companhia Independente de Apoio ao Turista (CIATur) a crianças e adolescentes em Olinda, no Grande Recife. A medida foi determinada pela promotora Aline  Arroxelas Galvão, na última sexta-feira (3), através da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania do município. 

Na decisão, a promotora menciona a obrigação jurídico-legal de proteção à integridade dos menores, assim, o foco da apuração é acompanhar o procedimento padrão e investigar possíveis desvios de conduta administrativa. A ordem é baseada na Lei nº 8.069/90, que determina que “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”. 

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Conforme a apuração, serão tomadas medidas com o objetivo de “zelar pelo efetivo respeito aos interesses e direitos das crianças e dos adolescentes”. 

 

Um procedimento para investigar a necessidade de uso de câmeras de vídeo corporais por policiais rodoviários federais no exercício da função de policiamento extensivo foi aberto pelo procurador da República Flávio Matias, coordenador do Controle Externo da Atividade Policial em Sergipe. O objetivo é que o Ministério Público Federal acompanhe as abordagens da Polícia Rodoviária Federal que ocasionarem vítimas ou demandarem controle externo policial.

A investigação foi instaurada após a morte de Genivaldo de Jesus Santos na cidade de Umbaúba, em Sergipe. O homem foi trancado no porta-malas de uma viatura, transformado em uma "câmara de gás" pelos agentes da PRF.

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Martias disse que esse foi o segundo caso envolvendo agressões por policiais rodoviários federais contra pessoas abordadas em Umbaúba (SE), tornando necessário analisar o uso de câmeras de vídeo corporais.

Segundo o procurador, a medida se mostra ainda mais necessário devido ao teor da primeira nota divulgada à imprensa pela PRF a respeito da morte de Genivaldo de Jesus, "na qual foram prestadas informações posteriormente contrariadas pelas gravações realizadas por pessoas que presenciaram a trágica abordagem, somente depois vindo a PRF a mudar de postura e a recriminar os graves atos praticados por seus agentes nesse caso concreto".

Em um segundo momento, quatro dias após a morte de Genivaldo, a PRF se posicionou afirmando que ‘assiste com indignação os fatos ocorridos’ e que não compactua com as medidas adotadas durante a abordagem, nem com ‘qualquer afronta aos direitos humanos’.

A partir da instauração da investigação, foram enviados ofícios às Secretarias de Segurança Pública dos 26 Estados e do Distrito Federal, requisitando informações sobre uso de câmeras de vídeo corporais. As secretarias têm prazo de 15 dias para responder o ofício. Aquelas que forem favoráveis à medida proposta, devem encaminhar ao MPF cópias dos estudos técnicos e do termo de referência que subsidiam a decisão de adotar câmeras de vídeo corporais pelos policiais que atuam na atividade de policiamento ostensivo.

Seis anos antes de ser asfixiado por spray de pimenta e gás lacrimogêneo em uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Umbaúba, no sul de Sergipe, Genivaldo de Jesus Santos foi absolvido por falta de provas em um processo por resistência à prisão e desacato a policiais militares. Na ação, concluída em março de 2016, um laudo psiquiátrico comprovou que ele tinha esquizofrenia e, de acordo com o juiz que analisou o caso, ele não conseguia compreender atos ilícitos.

As informações foram obtidas pelo Estadão no Tribunal de Justiça de Sergipe. Relatos de testemunhas e os depoimentos colhidos no processo 201187001443 mostram semelhanças entre aquela abordagem policial e o episódio que culminou com a morte de Genivaldo no dia 25.

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Em 27 de novembro de 2011, o policial militar Paulo Sérgio Rocha Souza atendeu a uma denúncia de uma pessoa com arma de fogo em um bar no povoado Queimada Grande. No local, o policial afirmou que Genivaldo resistiu à revista e, por isso, ele teve de usar a força para revistá-lo, algemá-lo e levá-lo à delegacia. Tadeu Almeida Guimarães, outro policial na ocorrência, adotou linha semelhante em seu depoimento. Os dois apresentaram pequenas divergências sobre os xingamentos que teriam ouvido.

A testemunha de defesa, José Raimundo de Jesus Souza, afirmou que não houve discussão e que Genivaldo parecia não entender o que se passava. Ao ser interrogado, o réu na ocasião disse que se recordava apenas de uma confusão no bar e não abriu as pernas porque elas "entrevou" (sic).

Laudo psiquiátrico solicitado pela defesa de Genivaldo e acatado pelo Ministério Público atestou que ele sofria de esquizofrenia. A data do despacho é dezembro de 2014. "Nós mostramos que ele não tinha condições de se autodeterminar por causa dos problemas mentais", conta o advogado Espedito Pereira Lima, que defendeu Genivaldo no caso.

A juíza Karyna Torres Gouveia Marroquim concordou com a tese da defesa e determinou um curador para acompanhar o processo. "A expert asseverou que a anomalia mental é preexistente ao fato, sendo o examinado, ao tempo da ação, incapaz de entender o caráter ilícito do fato", determinou.

Na conclusão do processo, em 14 de março de 2016, a juíza absolveu Genivaldo dos crimes de resistência e desacato por falta de provas. "O acervo probatório não é suficiente para comprovar os fatos narrados na denúncia", escreveu.

Para o advogado Espedito Pereira Lima, o episódio de 2011 traz semelhanças com a tragédia de 2022. "Ele disse que não levantou as mãos porque não se achava um bandido", recorda-se o defensor. "Ele era um caboclo, uma pessoa da roça, e tinha dificuldade para se expressar", completa. Questionada pelo Estadão, a Polícia Militar de Sergipe não se pronunciou sobre a abertura da ação penal em 2011 e a absolvição de Genivaldo cinco anos depois.

No dia 25 de maio passado, Genivaldo foi abordado por três policiais rodoviários no km 180 da BR-101, em Umbaúba. Segundo boletim de ocorrência, ele foi parado por não usar capacete enquanto dirigia uma motocicleta. Imagens feitas por populares e familiares mostram quando os agentes pedem que ele coloque as mãos na cabeça e abra as pernas para a revista. Durante a ação, Genivaldo foi alvo de xingamentos, rasteira e chutes, antes de ser imobilizado e amarrado.

Genivaldo foi colocado no porta-malas do carro da PRF e os policiais jogam gás e fecham o compartimento. Wallison de Jesus, sobrinho da vítima, diz ter avisado aos policiais que o tio tinha transtornos mentais. No boletim de ocorrência, os agentes dizem que o homem teve um "mal súbito" no trajeto para a delegacia e foi levado para o Hospital José Nailson Moura, onde faleceu.

O diretor executivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Jean Coelho, foi dispensado das suas funções nesta terça-feira, 31, conforme publicação no Diário Oficial da União (DOU), assinada pelo Ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Também foi dispensado o diretor de inteligência, Allan da Mota Rebello.

A dispensa ocorre uma semana depois da morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, vir à tona. O homem foi amarrado e posto no porta-malas de uma viatura da corporação, que foi transformada por agentes em uma "câmara de gás", em uma alegada tentativa de contê-lo durante uma abordagem de trânsito. A vítima morreu. Imagens do ocorrido foram divulgadas em redes sociais e causaram comoção.

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A relação entre a dispensa dos diretores e esse caso não foi esclarecida pelo governo.

Em nota, a PRF havia informado que, durante a abordagem da equipe, Genivaldo reagiu de forma agressiva e precisou ser contido com técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo. O órgão disse ainda que abriu procedimento disciplinar para averiguar a conduta dos policiais envolvidos, que foram afastados.

Além da apuração aberta na esfera criminal, para acompanhar as investigações sobre a responsabilidade dos policiais pela morte de Genivaldo, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão abriu uma apuração no âmbito cível sobre "violações aos direitos dos cidadãos e, em especial, aos direitos das pessoas com deficiência". Segundo a família de Genivaldo, o homem sofria de esquizofrenia e fazia uso de medicamentos há 20 anos.

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