A ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, apontou que a situação do Brasil está “arrasada”, com um cenário de fome além das 33 milhões de pessoas em situação de fome. Segundo a ex-ministra, na coletiva do grupo de transição de Desenvolvimento Social e Combate à Fome realizada nesta quinta-feira (1º), a ruptura do governo federal com o pacto federativo teve grande contribuição para o aumento da fome.
“Temos um cenário de muita fome. Para além das 33 milhões de pessoas, 125 milhões estão em situação de insegurança alimentar. Considerando a extensão do Brasil, a diversidade territorial, racial, étnica das comunidades indígenas, de fronteiras, imigrantes, mulheres, crianças, todo o ciclo de vida, encontramos uma situação de absoluta calamidade e desespero”, pontuou Márcia.
##RECOMENDA##Ela contou que teve uma reunião com os secretários municipais e estaduais ainda nesta quinta, onde foram apresentados o que aconteceu com o CadÚnico e o Auxílio Brasil. De acordo com ela, houve um total descaso e irresponsabilidade pública do governo federal, que não respeitou as normas e legislações. “Não há dúvidas de que o que encontramos foi a ruptura com o pacto federativo, com estados e municípios. Cabe ao governo federal coordenar as políticas públicas, assegurar cofinanciamento, supervisão técnica, capacitação, diálogo, pactuação, para que todas as decisões sejam tomadas com a participação dos estados e municípios.O que encontramos foi um ar total de autoritarismo e uma angústia dos próprios servidores federais que se viam limitados a dar continuidade àquilo que se estava fazendo”, explicitou.
Márcia Lopes pontuou que programas como a Erradicação do Trabalho Infantil, do Trabalho Escravo, do Acessuas, a expansão, orientação e financiamento de um índice de gestão para que os municípios conseguissem fazer o acompanhamento social das famílias foram paralisado.
Segundo a ex-ministra, houve um corte de 95% do orçamento para o próximo ano, ou seja, para o primeiro ano do governo Lula. “O orçamento do ano passado previsto para esse ano seria de R$ 1 bi e 100 mi E teremos, para o ano que vem, uma previsão de corte de 95%. A partir de janeiro do ano que vem não teremos mais condições de atender a população brasileira nem por 10 dias com os R$ 48 milhões para os 5.557 municípios, 26 unidades federativas e o Distrito Federal. A situação é grave”, pontuou.
Por sua vez, o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), que também integra a transição do governo, pontuou que o Brasil está sem recursos financeiros. “Estamos vindo aqui quase todos os dias mostrar a vocês como o país está. Não tem dinheiro para pagar a diária de policiais para fazer o monitoramento das fronteiras no combate ao tráfico, para fazer a manutenção de viaturas da polícia. Para passaporte só puseram metade do recurso e muita gente viaja agora nas férias. Na área da saúde não tem recurso para Farmácia Popular, tratamento de câncer”, elencou.
“O que estamos falando é o mínimo para manter os serviços essenciais e garantir o Bolsa Família nessa concepção e com os ajustes que precisam ser feitos”, chamou atenção.