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Com o período de fortes chuvas em Belém, nestes meses de fevereiro e março, vêm os alagamentos e enchentes em diversas áreas da cidade. Ruas inundadas e canais transbordando provocam transtornos para a população.
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De acordo com a secretária municipal de Saneamento, Ivanise Gasparim, os principais pontos de alagamentos estão sempre próximos das bacias e dos canais onde tem um maior número de moradores ao redor. Como as bacias da Estrada Nova, Tucunduba e do Una. “A prefeitura agora está fazendo uma megaoperação de limpeza e dragagem dos canais porque esse lixo se acumulou durante o ano passado inteiro. Essa operação de limpeza dos canais é financiada pelo governo do Estado e nós executamos aqui pela Sesan (Secretaria Municipal de Saneamento)”, disse Ivanise.
A secretaria disse também que as obras do Programa de Saneamento da Bacia da Estrada Nova (Promaben), que estavam paralisadas, estão sendo retomadas pela prefeitura. “O valor maior que falta a Caixa Econômica repassar estava paralisando esse projeto porque não houve a execução conforme tinha sido planejado. O projeto foi suspenso, mas agora já vai ser retomado. Isso vai nos ajudar muito a encontrar solução definitiva para essas áreas."
Ivanise disse que a solução, no momento, é continuar a trabalhar na limpeza e dragagem dos canais. O problema está nas margens ocupadas por residências. “Isso impede a gente de fazer a dragagem correta do canal, mas essas áreas têm recursos para retirar as casas e indenizar para refazer. Esse é o recurso do Promaben”, relatou.
A secretária explicou que esse fenômeno ocorre porque a cidade foi construída próxima de canais e bacias hidrográficas, o que faz com que a população tenha que conviver com esse problemas das enchentes constantemente. “Quando junta a maré alta com as chuvas, normalmente nos meses de março e abril, a gente começa a sentir e piora a situação. Mas eu acho que tem projetos estruturais, pelo menos na área do Tucunduba, da Estrada Nova e do Una, que vão ajudar muito. Em algumas áreas nós vamos ter que realmente remanejar”, declarou.
Segundo a secretária, as recomendações da Sesan para as pessoas que moram ao redor desses canais é para que elas se protejam primeiramente, e para que participem da limpeza e colaborem com o poder público não jogando lixo no canal. “Que as pessoas possam ser parceiras no sentido de coibir esse volume enorme que nós temos de descarte de lixo irregular, o que a população pode fazer é isso agora. É uma situação crítica e um problema sério”, finalizou.
Campina
A estudante de arquitetura e urbanismo Amanda Negreiros, de 20 anos, moradora do bairro Campina de Icoaraci, disse que os alagamentos são ocasionais na Estrada Velha de Outeiro, quando há chuvas muito fortes. “Como a rua é estreita e passa muito ônibus, a água se movimenta demais e às vezes chega até a entrar no pátio da minha casa, trazendo as sujeiras da rua junto, infelizmente. Alguns trechos quase não têm calçada, então fica impossível aos pedestres andarem sem colocar o pé na água, ou se arriscar no meio da rua para desviar de calçada de terra alagada, ou até mesmo correr risco de levar um banho quando os automóveis passam em alta velocidade”, relatou.
Amanda comentou que não há nenhum auxílio da prefeitura. “A agente distrital de Icoaraci disse que iria averiguar a situação desses alagamentos no distrito, sei que a prefeitura realmente andou em algumas ruas vendo isso, mas na minha não. Também não houve nenhuma outra resposta”, disse.
A estudante compartilhou que espera uma limpeza regular das valas, revisão do sistema de drenagem e escoamento das ruas e o nivelamento das calçadas. “Eles só vêm quando a população se mobiliza e exige isso. É uma questão de acessibilidade também”, falou.
Itaiteua
Nayane Mesquita, de 31 anos, universitária e moradora de Itaiteua, contou que quando chove em seu bairro as ruas ficam alagadas, não tem onde pisar, ruas não têm calçadas e alguns moradores não gostam de vala na frente de suas casas, o que faz com que a água vá para rua. “O problema da rua é que nem todos os vizinhos querem vala na frente de suas casas. Tem uma vizinha que passa a vala no meio da rua pro esgoto dela cair do outro lado da rua”, compartilhou.
Nayane mencionou que até para pedir Uber ela tem dificuldade, pois eles ficam irritados quando veem qual é a rua. “Por parte da prefeitura só fazem a roçagem, é o único serviço. Todo ano eu pago o IPTU e não vejo melhorar nada ali”, finalizou.
Canudos
Helenise Torres falou sobre os bichos que costumam entrar na sua casa por causa das chuvas que acarretam alagamento na sua rua, no bairro de Canudos. "As dificuldades são: as baratas entrando, a água suja que entra também, e ficamos impossibilitados de entrar e sair de casa", disse.
Ela disse que só quer que o problema seja resolvido. "Melhoria não depende só da prefeitura, depende também da população, em não jogar lixo nos dias em que não tem coleta", finalizou.
Maracacuera
A estudante Aline dos Santos, de 27 anos, explicou que no bairro de Maracacuera, em Icoaraci, as ruas não recebem asfalto e isso pode corroborar para os alagamentos. "Faltam saneamento básico e pavimentação, moro em uma rua que nem asfaltada. Quando vem o inverno, se for para sair de casa o único jeito é meter o pé na lama", desabafou.
"Já moro aqui há 21 anos e só existem promessas em épocas de eleições, mas depois esquecem da população", continuou a estudante. Ela também disse o que espera de melhorias por parte da prefeitura. "Como cidadão, pelo menos os nossos direitos básicos, como saneamento e asfalto. Ter que ficar pagando pessoas para coletar o lixo e sujar os pés ou até mesmo pegar doenças como leptospirose é triste", desabafou.
Por Yasmim Seraphico e Maria Rita Araújo.