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A pandemia do coronavírus tem colocado boa parte do mundo em quarentena. Por ter um alto nível de transmissão, o isolamento social se faz primordial para a contingência do vírus e ficar dentro de casa  tem sido a recomendação maior dos órgãos de saúde. No entanto, o isolamento pode ter consequências sérias, não só na economia mas, também na saúde emocional. Atentos a esse problema, profissionais de psicologia estão reforçando orientações e atendimentos, ainda que à distância, para manter a saúde mental da população em dia. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo. Em pesquisa recente, identificou-se uma verdadeira epidemia de ansiedade em solo nacional com 18,6 milhões de brasileiros convivendo com tal transtorno. Esse número pode aumentar diante de uma crise como a do coronavírus, como explica a psicóloga clínica e hospitalar, Eliane Lima: "A saúde mental (das pessoas) já está sendo afetada com essa pandemia porque somos seres sociais, naturalmente somos programados para viver com os outros, não isolados. Então, quando se impõe um isolamento, mesmo que seja como uma forma de prevenção, a tendência é a gente burlar isso". 

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Diante da orientação de restringir o convívio social, os atendimentos psicológico online surgem como uma solução para pacientes e médicos. Essa modalidade de acompanhamento já é praticada por profissionais da área, para pessoas com algum tipo de dificuldade de locomoção ou outras condições que as impossibilite de ir até um consultório. Para aumentar a possibilidade desses atendimentos, em tempos de quarentena, o Conselho federal de Psicologia autorizou as consultas online dispensando, nos meses de março e abril, o cadastro no e-Psi - plataforma  para psicólogos que atendem à distância. 

Segundo Eliane, uma situação de crise como a atual pode desencadear o  aumento da ansiedade agravando os sintomas de quem já convive com o transtorno e levando pessoas que nunca sofreram com esse tipo de problema a desenvolvê-lo. Ela ratifica a importância de se procurar um acompanhamento profissional e evitar a automedicação com antidepressivos e ansiolíticos. "Um psicólogo pode ajudar a atravessar esse momento de crise sem precisar se apoiar em meios artificiais. Existem muitos profissionais que estão oferecendo atendimento online".

Algumas plataformas de atendimento psicológico à distância também estão intensificando seus serviços. O site A Chave da Questão está disponibilizando atendimento gratuito para assinantes e não assinantes. A página oferece orientação online, grupos públicos e privados de discussão e acesso direto aos 11 profissionais da área cadastrados. Para solicitar atendimento é preciso fazer uma inscrição prévia. Um outro canal, o Vittude, também está oferecendo orientações, atendimento remoto e um ‘Diário da Quarentena’ com conteúdos sobre saúde emocional e bem-estar. 

Além disso, há outras alternativas para cuidar da saúde mental mesmo confinado em casa, como indica a psicóloga Eliane. "Há uma enxurrada de informações durante o dia inteiro, é preciso tomar cuidado com as fake news, é muito danoso para saúde mental você ficar propagando fake news. Então, é bom dar um tempo nas notícias, não é preciso passar o dia inteiro exposto a elas. Também não faz bem você ficar disseminando negativismo em cima das notícias. Se a gente está numa pandemia, todo mundo está sendo afetado e com medo, propagar o medo é péssimo. O legal de se fazer é você fazer uma live com seus amigos, pela internet, ligar para alguém, conversar. Dentro de casa fazer coisas que você gosta, como cozinhar, fazer cursos online que estão sendo disponibilizados. Fazer coisas que lhe façam bem e não achar que a todo custo vai pegar o novo coronavírus. Eu acredito que em quanto mais a gente fizer isso mais em breve a gente vai ter superado juntos essa situação".  

Profissionais da saúde

Na linha de frente do combate à pandemia do Covid-19, os profissionais da área da saúde também precisam redobrar a atenção em relação à sua saúde emocional. Médicos, técnicos de enfermagem enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, que não podem se isolar, devem buscar apoio nesse momento. "Existe uma rede de atendimento online a esses profissionais pelo SUS e é muito importante", diz Eliane. 

Yasmin Brunet usou o Stories de seu Instagram para fazer um desabafo. A modelo não tem conseguido dormir e, por isso, tem se sentido exausta, mentalmente e fisicamente. Por meio de alguns vídeos, ela explicou o que estava sentindo.

"Sabe quando você sente necessidade de tirar férias de você? Eu só queria que alguém conseguisse me tirar de perto de mim. Eu só queria isso, sair um pouquinho de perto de mim, ia ser maravilhoso", disse.

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Em seguida, especula: "Tô achando que isso é um dos efeitos de passar, acho que um mês, ou mais, dormindo três horas por noite, ficando 43 horas acordada. Uma insônia incrível!".

Depois, mostrou alguns produtos naturais que tem usado para tentar amenizar esse problema.  "Estou tendo a pior insônia de todos os tempos", disse ela, que recentemente, ela abriu o jogo sobre sofrer com a ansiedade.

Lembrando que o seu relacionamento de 15 anos com Evandro Soldati chegou ao fim. Segundo informações do jornal Extra, a loira confirmou a informação. Ela foi curtir sozinha o Desfile das Campeãs das escolas do Rio de Janeiro na madrugada do último domingo (1º) e disse estar solteira. "Mas não quero falar disso", pediu.

Após todo o período de preparação para responder às questões e fazer uma boa redação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que é a maior porta de entrada para o ensino superior do Brasil, a espera pelas notas pode parecer interminável. Quanto mais se aproxima o momento de, enfim, conferir o resultado do esforço nos estudos, mais ansiosos os estudantes costumam ficar, o que pode chegar a atrapalhar a rotina e trazer incômodos, a depender do quão abalado esteja o emocional do aluno.  

Confira, a seguir, uma entrevista realizada pelo portal do Ministério da Educação (MEC) com o psiquiatra André Salles, do Hospital Universitário de Brasília (HUB). A conversa traz orientações do médico para ajudar os estudantes a lidar com a ansiedade em situações estressantes, como esperar pela nota do Enem, por exemplo: 

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MEC: O que o jovem deve fazer para diminuir a ansiedade nessa espera, nessa expectativa de um resultado que vai mudar a vida dele? 

André Salles: Aproveitar que está em um período de férias, um período mais tranquilo para colocar em prática coisas que gosta de fazer. É importante também que a grande maioria dos jovens já tenha em mente suas possibilidades. A partir disso, uma alternativa para aliviar o estresse é sentar junto às pessoas mais próximas, seus responsáveis, e traçar planos, mesmo que sejam mais amplos, e avaliar quais possibilidades seriam realmente viáveis, quais não seriam, que tipo de expectativa é mais plausível que aconteça, que tipo de expectativa de fato é mais remota. Assim o estudante pode já traçar um plano, mesmo que seja geral, das possibilidades que tem para enfrentar num futuro próximo.

 Existe algum esporte, algum lazer, alguma alternativa para aliviar esse estresse? Seguindo nesta linha, que dicas você dá para viver cada dia desta semana com menos ansiedade?

 Não só nesse período agora de espera do Enem, mas ao longo do ano — e da vida — as pessoas devem procurar atividade para melhorar a saúde mental. Temos os esportes e o lazer, como exemplo. Mesmo com mudanças na vida ou uma rotina mais atarefada, é primordial colocar dentro da nossa rotina diária um momento, um horário para poder praticar atividade física ou práticas integrativas. Dentro disso, estão as atividades que nos dão prazer, exercícios que a gente gosta, se sente bem e à vontade para fazer.

O que evitar para não piorar a ansiedade?

Vai de acordo com o perfil das pessoas. As mais ansiosas, mais tensas, devem evitar ler notícias sobre o assunto, especulações, prognósticos porque isso, de fato, agrega uma ansiedade, uma expectativa para quem já é mais tenso. Conversar, ver as possibilidades, ver as expectativas reais, fazer planos mais amplos para poder se sentir bem com qualquer que seja o resultado, é o melhor caminho. Importante também evitar substâncias que possam aumentar a ansiedade, como o uso excessivo de cafeína ou de substâncias termogênicas que podem aumentar a ansiedade, além de qualquer tipo de situação que atrapalhe o sono.

Como lidar com o resultado negativo? Quem obtém êxito comemora e quem não passa pode desencadear sentimentos muito negativos e destrutivos? Quais as dicas para não deixar isso acontecer?

 Lidar com uma expectativa é difícil e obter um resultado negativo é sempre muito delicado para todo mundo, porém é preciso estar sempre muito claro que o Enem, assim como todos os desafios, pode ter resultados positivos ou negativos. O lado bom de um resultado negativo é que a pessoa pode avaliar o que não foi feito da maneira correta dentro do seu planejamento anual, para que consiga se reorganizar para o próximo ciclo.

*Com informações do Ministério da Educação

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Sobre a mesa da reunião familiar, comidas para todos os gostos. Ao redor da estrutura, gargalhadas e memórias compartilhadas entre os mais velhos. Já os jovens acompanham, muitas vezes entediados, as conversas dos pais. Tornam-se, posteriormente, personagens do papo ao virarem pauta, principalmente quando o assunto são os seus patamares educacionais. Quando um parente tem êxito no vestibular, por exemplo, e você não foi aprovado, comparações vêm à tona. “Teu primo passou na Federal e você não” é uma frase comum entre algumas famílias. Tal comparação, contudo, ao invés de motivar, pode propagar sérios impactos psicológicos que prejudicam estudantes pressionados pela aprovação.

A cena descrita é comum. Preocupados com os filhos que buscam ingressar em uma universidade, pais insistem em apontar parentes ou amigos aprovados em vestibulares como bons exemplos. No entanto, quando o filho é reprovado e essa comparação ocorre como sinônimo de cobrança, o efeito tende a ser prejudicial, uma vez que o insucesso do estudante, aliado à pressão da família, pode atormentar a sua autoestima e, consequentemente, despertar ansiedade e fomentar decepção.

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Em alguns casos, a comparação, porém, pode brotar do próprio estudante, ocasionando os mesmos efeitos negativos das cobranças familiares. Aos 22 anos, *Júlia Santos recorda a época em que passou por pré-vestibulares e amargou reprovações em sequência. Ao ver seus amigos aprovados, a jovem confessa que se sentia feliz, entretanto também se via fracassada por não alcançar a lista de aprovação. Ela sonhava em cursar odontologia.

“Dos meus pais não sofria pressão. Eles sempre foram muito parceiros e me encorajavam. A cada ano que eu fazia Enem e via que não tinha passado, eles sempre me apoiavam, me encorajavam a fazer de novo, sempre deram muito apoio. Porém, eu me cobrava demais. Fiz pré-vestibular dois anos e meio e era difícil começar o ano tendo que estudar, tendo que começar a rotina cansativa de novo e ver que os amigos passaram e eu não passei. Me sentia fracassada, porque eu não tinha conseguido. Ficava feliz por eles e triste por mim, como se a minha hora nunca fosse chegar e a de todo mundo chegava. No segundo ano de pré-vestibular, todos os meus amigos passaram, menos eu. Fiquei me perguntando o que tinha feito de errado. Me sentia mal e decepcionada”, revela a estudante. Em 2018, Júlia, enfim, foi aprovada e, atualmente, cursa odontologia em uma instituição pública de ensino superior.

Uma sociedade que compara e o peso psicológico das comparações

De acordo com o professor de sociologia Salviano Feitoza, a sociedade costuma fazer comparações em diferentes segmentos. “Primeiro, a gente pode considerar que o ser humano tende a comparar, porque o mecanismo de comparação permite a sobrevivência. Só que a gente se organiza a partir de pressupostos de comparação que estão ligados a critérios de sucesso e de fracasso”, comenta o sociólogo.

A partir das comparações sociais, a ideia de fracasso e o conceito de sucesso são inseridos nos discursos dos grupos sociais que, costumeiramente, titulam as pessoas a partir de suas conquistas ou insucessos. “Inevitavelmente, um cara teve sucesso e outro teve fracasso”, exemplifica professor sobre a maneira como as pessoas titulam as outras. “Como há uma busca familiar pelo bem estar dos filhos, ocorre uma exigência que muitas vezes traz sofrimento para os estudantes, mas é uma forma que a família tem de cuidado com aquele jovem”, acrescenta.

Para Feitoza, é necessário o entendimento de que cada indivíduo, em seu processo educacional e profissional, tem um momento certo para chegar ao seu objetivo. Essa caminhada é individual, fato que não deveria instigar comparações, uma vez que os casos se diferem. “O ideal para as famílias é entender que cada um vai encontrar o seu lugar em um determinado tempo”, endossa o professor de sociologia.

A pedagoga e psicóloga Erica Mota também identifica que a humanidade possui o costume de fazer comparações, sejam elas benéficas ou negativas. As instituições, segundo a especialista, também caem no erro de instigar competições seguidas de ranqueamentos. Escolas são exemplo dessa competitividade, ao publicitarem os alunos com as melhores notas nos vestibulares e nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Hoje a gente vive em um mundo muito competitivo e isso gera uma série de questões psicológicas. Termina o jovem se atropelando porque ele ainda não tem discernimento de lidar com certas coisas que são inerentes à idade. Muitos ainda não sabem o que ser quando crescer. Muitas escolas têm competitividade dentro das próprias escolas, incentivando o costume de ranquear. Termina sendo uma competição generalizada, de escola para escola, aluno para aluno, região para região. A gente vive em um mundo, do macro ao micro, que é competitivo, comparativo e ranqueado”, opina Erica.

A especialista acredita que as comparações e principalmente a pressão desequilibrada por aprovação em cima de um jovem estudante podem ocasionar ansiedade desenfreada. “A ansiedade trava o aprendizado. Além da questão química, há as questões sociais. Muitos ficam reclusos, perdem o interesse, porque acham que não estão à altura dos demais estudantes”, argumenta.

Para a pedagoga, as comparações entre um estudante aprovado e um aluno à margem da aprovação são ineficazes no processo educacional, tendo em vista que cada aluno possui um momento exato e particular para absorver os conteúdos trabalhados nas aulas. “Cada aluno tem um tempo de aprendizagem, os estímulos são diferenciados e os resultados têm que ser os mesmos. Se você não tiver cuidado e com a saúde mental em dia, termina entrando em colapso que pode prejudicar na hora da prova”, finaliza a pedagoga.

O peso psicológico a partir das comparações é latente. De acordo com o psicólogo Dino Rangel, o estudante alvo da comparação, decepcionado em decorrência da reprovação, pode sofrer consequências contra a sua autoestima. O especialista alerta que os pais e amigos devem abolir essas atitudes e priorizar incentivos e frases de alento. Confira no vídeo:

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A tranquilidade e estabilidade emocional são fatores muito importantes durante momentos de ansiedade e que exigem concentração, como a realização de uma prova. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está sendo realizado na tarde deste domingo (10), com a aplicação das provas de matemática e Ciências da Natureza. Nos mais de 10 mil locais de aplicação da seleção em todo o Brasil, é comum encontrar não somente os alunos, mas parentes, amigos e namorados que vão levar e buscar os participantes. 

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O objetivo dessas pessoas é dar apoio e tranquilizar os estudantes, que são seus entes queridos, momentos antes de uma prova determinante para o ingresso no ensino superior. Maria Cristina da Silva Souza, de 53 anos, foi até a UNINABUCO - Centro Universitário Joaquim Nabuco, local de provas no Centro do Recife, para levar seus dois filhos: Eric Silva de Souza, que está fazendo o Enem pela primeira vez para o curso de farmácia, e Eloísa Silva de Souza, que está na segunda tentativa, pois queria fazer medicina fora do país e os pais não autorizaram. Agora, a jovem deseja cursar direito.

Maria se dedica exclusivamente à criação de seus filhos e conta que vai até o local de provas acompanhando os acompanhando porque “a gente tem que acompanhar [os filhos] em tudo, não só quando é pequenininho, mas também quando vai crescendo; mesmo ficando velho, é filho do mesmo jeito”. Perguntada sobre o estado emocional dos filhos para a prova, a mãe conta que ambos estão tranquilos e que confia na aprovação dos dois. 

João Victor Gomes da Silva tem 17 anos e estava acompanhando a namorada, Andrielle Vitória, que deseja estudar letras. O jovem conta que achou importante acompanhar sua namorada porque apesar de ter estudado muito durante o ano inteiro, ela estava muito ansiosa por ser a primeira tentativa. “Tem sempre aquele receio, eu vim dar uma moral e mostrar que estou presente, dar uma força. Ela disse que se sentiu melhor, mais calma, e está otimista quanto à nota que vai tirar”, disse João. 

Na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), no bairro da Boa Vista, Centro do Recife, familiares também deram apoio aos candidatos. "Desde de que eu cheguei que eu estou orando. Com certeza ajuda", afirmou Vanja de Souza, de 50 anos. Ela é mãe de Larissa, que almeja cursar fisioterapia. A mãe reforça o positivismo lendo bíblia através do celular e escutando música gospel. "Ela tem que estudar e o resto é com Deus. Ele faz a parte dele e a gente tem que fazer a nossa", complementou Vanja.

"A gente fica aguardando ansioso, esperando que ela se dê bem para que consiga realizar o sonho de cursar psicologia", relata Andrew Cavalcanti, de 27. Ele acompanha a esposa Mirela e garante que a espera não é problema. "Eu esperaria o dia inteiro se fosse necessário. Desde que ela fizesse com paciência e sem pressão", finalizou.

Colaborou Victor Gouveia

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Você se preparou meses para o tão aguardado Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Já imaginou, no momento da prova, esquecer do conteúdo que você tanto estudou, e consequentemente, não saber qual alternativa marcar? Essa falha já aconteceu com muitos estudantes que fizeram a prova em outros anos. Seja por causa do nervosismo ou por conta da ansiedade, ninguém está livre de sofrer um “branco” no processo seletivo. Mas é possível resolvê-lo.

Especialistas afirmam que, de fato, o esquecimento relacionado aos assuntos de uma prova pode estar ligado à ansiedade que toma conta do aluno no dia ou às vésperas do Exame. O que é normal, pois, o estresse, bem como a ansiedade fazem parte da condição emocional do ser humano. O que não pode ocorrer é o participante se estressar em razão dessas emoções. É o que explica Márcia Karine, psicopedagoga e neuro psicopedagoga.

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“O controle emocional se faz necessário em situações de estresse e ansiedade. Mas para isso precisamos treinar a nossa mente e o nosso corpo para esses momentos, buscando manter o equilíbrio, controlar a respiração. Assim aprendemos a dominar os nossos sentimentos, trabalhar as nossas habilidades e buscar mais atitude. O branco vem quando não respeitamos os nossos sentimentos. É preciso compreender que a ansiedade e o estresse fazem parte do ser humano e que é necessário compreender esses sentimentos e assim buscar o autocontrole”, diz. Mas como buscar o autocontrole e a autoconfiança para o Enem?

Ainda de acordo com Márcia Karine, é possível ficar mais tranquilo quando se faz uso de ferramentas e técnicas simples, que ajudam no equilíbrio emocional do candidato. “O Enem é a porta de entrada muitos jovens nas universidades. Expectativas rodeiam esse momento e sentir-se exausto faz parte da sobrecarga. É importante começar uma preparação antes da prova, e na véspera ter um dia tranquilo com leituras leves, comidas saudáveis e pensamentos positivos. Aproveite e separe todo o material necessário para o dia da prova - caneta preta, documento oficial com foto e lanche para levar -. Isso ajuda a tornar o dia da prova mais tranquilo”, recomenda a psicopedagoga.

Juliana Ferreira, de 17 anos, passou por apuros no Enem de 2018 em função do esquecimento na prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias. A experiência de Juliana a fez se desesperar a ponto de sentir ânsia de vômito. A estudante teve que sair da sala para se acalmar.

“Quando voltei, chutei várias das questões que não consegui de jeito nenhum responder. Normalmente eu fico muito nervosa antes das provas mesmo tendo me preparado bastante. Este ano estou trabalhando melhor isso em mim e me sinto mais confiante”, relata a candidata que está estudando em curso pré-vestibular e pretende cursar artes visuais.

O mesmo aconteceu com Raely Lorrane, de 18 anos. A jovem se perdeu no Enem do ano passado por não ter lembrado da estrutura da redação. Ela conta que também teve que se retirar da sala e ir ao banheiro. “Eu me preparei muito para a redação durante o ano, mas naquele momento me deu um branco que me fez passar mal. Comuniquei aos fiscais quando voltei do banheiro e eles me acalmaram. Só assim pude retornar para terminar o texto. E consegui”, completa. Raely está se dedicando para conseguir ingressar na faculdade de farmácia ano que vem.

A também psicopedagoga e diretora acadêmica do Ser Educacional, Simone Bérgamo, concorda que a ansiedade é responsável por "angustiar" os estudantes a ponto de provocar esquecimentos nos assuntos. Ela indica que para prevenir, é ideial que o candidato se prepare ante,s dormindo cedo, se atente ao local de provas, beba água e coma um chocolate, se possível. "Chegar com antecedência no local de provas também é importante para que o aluno não chegue fisicamente cansado. Muitas vezes o candidato não sabe o local de provas. Além disso, trabalhar a respiração durante a prova e pensar positivo são caminhos fundamentais para um bom desempenho", aconselha a profissional, que também indica que o participante faça redação antes das questões objetivas.

Neste domingo (3), serão aplicadas as provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias, além da redação. No domingo (10), os estudantes farão as provas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias.

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O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) começa neste domingo (3). Tão perto do grande dia, os sonhos, a ansiedade e o nervosismo se tornam mais latentes entre candidatos e professores.

A estudante Larissa Cordeiro tem 23 anos e fará o Enem pela quarta vez em 2019. Ela deseja cursar design ou ciência do consumo e contou que a ansiedade tem sido difícil de conter. “Fico nervosa e me sentindo muito pressionada. Estudei o ano todo, mas mesmo assim não me sinto preparada. Tenho pesadelos, sonho perdendo o horário da prova, os documentos e faz mais ou menos uma semana que não consigo aprender o que estudo”, disse a jovem. 

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Larissa afirmou que tenta ao máximo se distrair, relaxar e pensar menos no Enem. Ela também mencionou que já contou com o apoio de uma psicóloga que trabalhava no curso preparatório onde ela estuda, até o momento em que a profissional precisou se afastar por motivos de saúde. Segundo a estudante, o apoio profissional ajudava muito não apenas a ela, mas vários alunos. 

Sandra Mendes é professora universitária na área de biologia e há cerca de um ano e meio se dedica ao sonho de entrar no curso de medicina. Ela revela que está ansiosa e sente medo, mas também satisfação pelo caminho trilhado até aqui.

Retornar aos estudos para o vestibular foi uma dificuldade, assim como segue sendo complicado estudar e trabalhar ao mesmo tempo. Apesar disso, ela está firme no propósito da aprovação. “Eu olho lá atrás, no início do ano, e vejo o quanto cresci e amadureci. Isso já é uma conquista, a aprovação é consequência de um trabalho feito com dedicação e persistência. Estou construindo um sonho e esse fato já me deixa feliz!”, disse ela. 

Em busca de mais calma e equilíbrio emocional antes da prova, Sandra mantém uma rotina de revisões e meios de relaxamento. “Tenho uma rotina de estudo planejada e sigo um cronograma de estudos semanal. É preciso maturidade para manter a integridade intelectual nessas horas. Não é fácil, mas tenho tentado com meditação e descanso, fazendo revisões tranquilas e conscientes”, contou a estudante. 

Sandra explicou que, entre outras atividades, tem praticado meditação porque ela “traz benefícios multifatoriais: paz interior, eleva minha autoestima, autoconfiança, me faz internalizar que eu sou mais que uma prova, me fazendo entender que se não der esse ano, tudo bem, faz parte do processo”.

Elaine Raiza de Oliveira tem 26 anos e uma filha pequena. Fazendo Enem pela quarta vez, ela deseja entrar em uma universidade pública para cursar fisioterapia ou letras/inglês. A jovem contou que se sente muito ansiosa pelas provas por saber que, no próximo ano, não poderá se dedicar apenas aos estudos outra vez.

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“Quando terminei o ensino médio consegui uma bolsa para o curso de pedagogia, mas não consegui conciliar trabalho e estudos e optei pelo emprego, era a minha renda. No final do ano passado fiquei desempregada, comecei a fazer laços decorativos para crianças para me manter e decidi me dedicar a estudar e conseguir uma vaga na universidade pública. Não vou ter a mesma oportunidade de estudar no próximo ano, terei que conseguir um emprego, por isso me cobro tanto”, relatou a candidata.

Conversar com amigas que estão passando pela mesma tensão, confeccionar os laços que faz para vender e cuidar de sua filha são as atividades que Elaine busca para pensar menos na prova e aliviar o estresse. “Raramente eu fico calma e confiante, a maior parte do tempo eu fico com medo e insegura. Eu queria ter mais tempo para estudar. Converso com minhas amigas, elas estão da mesma maneira. Faço laços, que é o que mais me ajuda, e cuido da minha filha, Maria Fernanda, que é um dos meus maiores incentivos. Quero ser um exemplo para ela”, afirmou ela.

Já o estudante Samuel Lemos, de 22 anos, deseja cursar fisioterapia. Ele se diz otimista para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio. “Estou preparado, tranquilo. Acredito que a ansiedade é o pior inimigo na reta final. Vou fazer tudo que eu vim estudando ao longo deste ano”, disse ele. 

Criação de laços e torcida

Os professores também sentem a aproximação da prova como um momento de muito trabalho, ansiedade, torcida pelos alunos e emoções à flor da pele. A professora de redação e Linguagens Josicleide Guilhermino afirmou que é preciso se manter em equilíbrio para poder ajudar os estudantes nesse momento delicado e conta que busca atividades como meditação para se acalmar. 

“Eu sou budista, então a meditação diária já é parte de minha rotina, além disso o cuidado com a alimentação balanceada e a atividade física, no meu caso pedalando, faz toda diferença, já que o sono nem sempre é garantido na rotina, o cuidado com as outras áreas ajuda a manter o equilíbrio”, disse a professora.  

Josicleide também contou que orienta seus alunos a avaliar se a ansiedade que estão sentindo está dentro do normal ou excede o esperado. “Quando o aluno não está conseguindo dormir, está comendo demais ou de menos, ultrapassou o limite. Se isso ocorrer é interessante caminhar, andar de bike, dançar, qualquer atividade que movimente o corpo ajuda a liberar energia e controlar melhor a ansiedade”, aconselhou a educadora.

Eduardo Pereira também é professor de redação e Linguagens e citou a criação de laços afetivos com os estudantes como uma razão da ansiedade dos professores pela chegada da prova. “Ficamos numa expectativa muito grande, a relação de professor e aluno acaba virando como uma relação de pai e filho. A gente acaba torcendo por todo mundo, a alegria e o sucesso do aluno acabam sendo um pouquinho do professor, porque a gente viveu com esse menino o tempo de preparação, ajudou nas dores, viramos torcida”, disse ele. 

O professor destacou a importância de os alunos confiarem no processo de aprendizado e preparação para a prova do Enem desenvolvido durante o ano inteiro. “Os pontos de insegurança são fortes, muitas vezes a gente desenvolve certas crenças com base em experiências ou em notas baixas tiradas, mas o mais importante é o aluno ter confiança e procurar elementos que possam relaxar. Todo o processo de construção foi feito ao longo do ano”, disse o professor. 

Josivaldo Lins é professor de química e orienta os estudantes a buscarem serenidade. “É nesse momento que nós, professores, junto a pais, colegas, amigos e demais pessoas que tenham verdadeira importância na vida do fera, devemos contribuir de forma extremamente positiva”, disse ele. 

O professor também lembra que nos últimos dias é necessário fazer revisões, mas de forma moderada e suave. “As dicas de última hora não devem ser deixadas de lado, mas devemos partir para algo mais lúdico, algo que os faça relaxar e, com isso, diminuir a tensão que antecede o Exame”, explicou o professor.

Neste domingo, os candidatos enfrentam questões de Ciências Humanas, Linguagens e redação. Já no dia 10 de novembro, a prova terá quesitos de Ciências da Natureza e matemática.

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O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, disse, em nota divulgada pelo Ministério da Educação (MEC), nesta sexta-feira (1°), que os estudantes devem lidar com a ansiedade antes da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Essa é reta final para dia da prova. Cuide da sua ansiedade, durma e se alimente bem. Concentração e boa sorte para todos os candidatos”, desejou Lopes, de acordo com a nota do MEC. Ansiedade é um sentimento que deve ser trabalho pelos estudantes para que não atrapalhe na hora da prova. O programa especial do Vai Cair no Enem, projeto multimídia realizado em parceria com o LeiaJá, abordou o assunto.

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O Enem será realizado nos próximos dias 3 e 10 de novembro, em todo o Brasil. Neste domingo (3), os estudantes enfretarão uma maratona de 5h30 de prova contendo 90 questões de Linguagens e Ciências Humanas, além de uma redação. Já o segundo dia de provas, no próximo domingo (10) reservará cinco horas para que os candidatos respondam a mais 90 perguntas das áreas de Ciências da Natureza e matemática.

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A poucos dias para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), muitos feras se encontram preocupados e ansiosos, pois almejam obter uma boa pontuação para alcançar o sonho de fazer um curso superior. Mas, o que fazer diante de uma crise de ansiedade durante o processo seletivo.

Para a psicóloga Juliana Carneiro, a princípio, é preciso saber diferenciar a ansiedade que é saudável da ansiedade que paralisa e faz com que a pessoa não consiga realizar uma atividade. “Quando alguém está prestes a fazer algo importante, há mecanismos que vão dar uma descarga de adrenalina para que ele a faça. É normal sentir a mão suar, o coração acelerar, mas depois de um tempo os sintomas declinam. Já quando aparecem manifestações que ele não consegue controlar, como choro demasiados e tonturas, ele se encontra em uma crise ansiosa”, explica.

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De acordo com Juliana, não existe uma receita para que o participante não tenha uma crise de ansiedade durante a prova. No entanto, existem passos que o candidato pode seguir para evitar que a crise aconteça. “Um dia antes da prova, ao invés de revisar o assunto, o ideal é que ele realize atividades que proporcione relaxamento e tire o foco das provas. Pode ser ler um livro, ouvir música, assistir filmes, séries ou qualquer outra”, diz. A psicóloga também recomenda que no dia do Enem o aluno saia de casa com antecedência, se hidrate e leve uma comida que goste como forma de prêmio.

Se o candidato tiver uma crise de pânico, mesmo tendo seguido os passos citados anteriormente, Juliana Carneiro aponta que ele deve fazer exercícios de respiração, além de se questionar sobre o motivo pelo qual está ansioso. “O aluno deve lembrar que chegou no local de prova, que está bem e que estudou, portanto não precisa ficar ansioso”, declara.

Segundo Water Veríssimo, hipnólogo, a hipnose também pode ajudar o candidato antes, durante e após a prova, já que ela é capaz de causar relaxamento e fazer com que o estudante lembre, até mesmo, de assuntos vistos em sala de aula. “O ideal é que o candidato pratique auto-hipnose até o dia da prova e, durante o exame, usar técnicas que ajude ele a controlar a ansiedade, permanecer mais calmo e ter acesso a informações que foram estudadas”, comenta.

Para ajudar o participante que tem como interesse realizar a auto-hipnose, Veríssimo ensinou três técnicas, na qual a primeira consiste em ser praticada em uma etapa pré-exame e a terceira e segunda, durante a prova. Confira:

As provas do Enem serão realizadas no próximo domingo (3) e no dia 10 de novembro. No primeiro dia, os candidatos terão questões de Ciências Humanas, Linguagens e redação. Já no segundo dia, o certame terá quesitos de matemática e Ciências da Natureza.

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Com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na porta, os fantasmas emocionais rondam os candidatos. Um deles, a ansiedade está no topo da lista.

A ansiedade apresenta sintomas físicos e cognitivos. Causa desde o aumento de batimentos cardíacos, suor, dores de cabeça, até dificuldade de atenção, apreensão e uma série de reações.

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Segundo Gabriela Souza de Nascimento, psicóloga, mestra e doutora em Teoria de Comportamento, o indivíduo ansioso pode apresentar baixo rendimento em suas atividades. “É muito comum alunos ficarem ansiosos próximo de exames. Existem pessoas que ficam em um nível de ansiedade tão grande que acabam tendo baixo rendimento”, disse.

De acordo com a psicóloga, muitas vezes os estudantes acabam se sentindo ansiosos porque irão ser colocados em teste. “A pessoa se prepara estudando vários assuntos, mas não sabe se todos os conteúdos vão ser cobrados. O ideal é que o estudante consiga criar um plano de estudo que se adeque a ele”, destacou.

Na visão de Alexandre Pereira, estudante que irá prestar o Enem, o nervosismo de fazer a prova atrapalha e nessas horas é difícil de se controlar. “Adquiri ansiedade quando comecei a me preparar para o Enem. É grande o cansaço para tirar uma boa nota e conseguir o tão sonhado curso. Às vezes fico trêmulo e com vontade de chorar. Nessas horas, meus pais são com quem eu mais conto. Uma palavra positiva é confortante nessas horas”, afirmou.

Para a psicóloga, não é normal o estudante estar o tempo todo ansioso e ter dificuldade para se concentrar no conteúdo. “É necessário ir em busca de um profissional que atue na área da saúde mental. Quando isso começa a ocorrer de uma forma frequente, observa-se um prejuízo no cotidiano do indivíduo. Então é o momento de ir atrás de ajuda”, explicou.

Com reportagem de Quezia Dias.

No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é comum que os estudantes se sintam nervosos a ponto de ficarem com as mãos suadas. Mas o suor excessivo pode não ser apenas sintoma de nervosismo ou ansiedade. Existe uma patologia chamada 'hiperidrose' que causa a transpiração em demasia nas mãos e em outras regiões do corpo, como as axilas.

Causas e consequências

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O médico dermatologista Francisco Almeida explica que esse problema provém de um distúrbio nas glândulas sudoríparas, que são justamente as glândulas responsáveis pela produção de suor nos seres mamíferos. Segundo o especialista, essa alteração pode gerar dois tipos de hiperidrose.  “As primárias (as mais comuns) e secundárias (menos frequentes). A hiperidrose primária afeta a região das palmas das mãos, plantas (“solas”) dos pés e axilas. Ela é desencadeada principalmente por emoção ou estresse intenso. Geralmente surge nos momentos em que a pessoa se encontra em suas horas mais ativas do dia, e independe da temperatura ambiente, apesar dos estímulos térmicos poderem agravar a situação, principalmente nas regiões axilares”, esclarece.

Com o suor exagerado, muitas pessoas se sentem constrangidas em fazer coisas simples no dia a dia, como cumprimentar alguém com um aperto de mão, por exemplo. O que pode evoluir até para uma questão psicológica. Contudo, a patologia tem tratamento que pode ser realizado desde com substâncias farmacêuticas até com elementos naturais, como plantas. De qualquer forma, o paciente pode recorrer a um médico especializado.

Dia a dia

Marco Lustosa fará o Enem pela segunda vez este ano. Ciente de que possui hiperidrose, o candidato conta que o suor já o atrapalhou enquanto redigia o texto, tendo até molhado a folha de redação. “Faz anos que tenho esse problema, mas só vim ter conhecimento este ano. No Enem, geralmente fico nervoso e isso já me prejudicou muito. Não com as questões objetivas, porque é mais tranquilo. Mas com a redação, meu suor já molhou a folha no momento em que eu estava escrevendo”, conclui o estudante. Partes ilegíveis são desconsideradas na redação do Enem, o que pode acarretar na perda de pontos na prova. 

O dermatologista Francisco Almeida reitera que com a aproximação da prova, ficar ansioso pode mesmo dificultar. “Neste momento onde os ‘feras’ estão na reta final para a execução das avaliações do Enem, a ansiedade pode ser um fator bastante presente e agravar esta condição, podendo prejudicar o desempenho nas avaliações. Torna-se importante buscar ajuda profissional a fim de que a situação possa ser controlada com segurança”, reforça.

Atendimento específico para o Enem

O que muitos participantes podem não saber é que é permitido levar consigo um material próprio que ajuda na redução da transpiração, como luvas ou uma toalha, no dia da prova do Enem. De acordo com Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o caso está inserido no atendimento específico como “outra condição específica”, onde deve ser informado o CID de hiperidrose no sistema de inscrição. A única exigência feita pelo Inep é os objetos passem por uma vistoria nos dias do exame.

No atendimento específico oferecido pelo Inep, é assegurado ao participante recursos de acordo com a necessidade do estudante. Para quem não solicitou o atendimento específico durante o prazo de inscrição, pode abrir um chamado no ‘Fale Conosco’ na página do estudante no site do Enem ou ligar no telefone 0800-616161 e relatar o problema. O processo deve ser feito o mais rápido possível nessa última semana para a aplicação do Enem.

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Os últimos dias que antecedem a prova do Enem, que em 2019 será realizado em 3 e 10 de novembro, costumam ser difíceis para muitos estudantes, que se sentem ansiosos e nervosos, devido a todo o esforço feito ao longo do ano em busca da aprovação. No entanto, se os sentimentos de ansiedade e tensão forem muito grandes, podem terminar prejudicando o desempenho do aluno, que poderá ter dificuldades para se lembrar do conteúdo aprendido durante o ano.

Luís Henrique é estudante do 3º ano do Ensino Médio e ainda tem dúvidas sobre o curso a seguir, mas já sabe que deseja algo ligado à área de química. O jovem conta que a ansiedade para a prova tem trazido dificuldades até mesmo para manter a sua rotina. 

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“Está muito difícil até para dormir, com o nervosismo e a ansiedade, estou tentando relaxar para me sair bem na prova. Se eu não passar ainda tem o ano que vem, acho que vai dar tudo certo”, contou o estudante. Perguntado sobre como tem se preparado para a prova nos últimos dias, Luís explica que a esta altura prefere se ater à resolução de exercícios. “A hora de estudar mesmo já passou, agora é só resolver questão, tentar pegar prática para a hora da prova”, disse ele. 

Já Klesla Gomes, que está terminando o 3º ano na Escola Técnica Estadual Miguel Batista e deseja cursar Publicidade e Propaganda, prefere revisar alguns conteúdos de modo mais leve enquanto tenta relaxar. “O negócio agora é revisar e descansar, relaxar muito para não ficar mais tensa. Nada de sair ‘comendo’ conteúdo, só revisando o que a gente já viu mesmo”, disse a estudante. 

Lara Dias Pimentel deseja cursar nutrição, também está no final do Ensino Médio e tem uma postura semelhante à de Klesla. Segundo ela, parar de se cobrar é um caminho a se seguir quando a prova está muito próxima. “Deixei de ficar me cobrando o tempo todo, estou tentando relaxar para fazer a prova tranquila e vou dar o meu melhor. Só vou aos aulões que eu tenho oportunidade sem me cobrar como no restante do ano, se não conseguir entrar esse ano, eu vou continuar estudando”, disse a aluna. 

Os professores dão a dica

Diante de tantos sentimentos difíceis de lidar, é importante que os alunos busquem orientação com profissionais, como os professores, para lhes ajudar a passar por esse momento da melhor maneira possível. Thais Almeida ensina História e afirma que o nervosismo é comum e até inevitável, mas que os feras precisam buscar o equilíbrio e a maturidade emocional para não piorar a situação.

“O importante é entender que é normal o nervosismo, não deixar tomar conta e ir para a prova o mais tranquilo na medida do possível. Maturidade emocional é essencial para gerir esses sentimentos até o dia da prova para não acabar ficando mais nervoso por estar nervoso”, explicou a professora. 

O professor Ricardinho Rocha diz aos feras que, na reta final para a prova, “tranquilidade é a palavra”. Para ele, nesse momento o ideal é que os alunos se atenham aos conteúdos que já estudaram para ajudar a memória e, claro, relaxar. “Só foque em questões que você já estudou, só faça lembrar delas um pouco mais. Dá uma relaxada, tenta ir a aulões que sejam mais dinâmicos para que na prova você esteja tranquilo”, disse. 

Já o professor de História José Carlos Mardock lembrou que o estudante deve relaxar pois, com poucos dias para a prova, o que o aluno poderia aprender já foi assimilado. “Você já fez o que tinha que ser feito. Durma bem, alimente-se bem, faça exercícios regularmente com calma, não force nada, e resolva os exercícios. Tire suas dúvidas com seu professor e parta para o abraço”, disse o professor. 

*Com informações de Marcele Lima

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O último programa especial de 2019 do Vai Cair no Enem já está no ar! Nele, a influenciadora digital Thaliane Pereira recebe o professor de geografia e psicólogo Dino Rangel para um bate papo sobre como controlar a ansiedade antes da prova do Exame Nacional do Ensino Médio.

Na conversa, o professor destaca algumas formas importantes de relaxar na semana final antes do Enem, além de trazer os últimos conteúdos que devem ser cobrados em geografia na prova de Ciências Humanas.

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O ciclo de programas especiais com aulas dinâmicas e exclusivas do Vai Cair no Enem, produzidos em parceria com o LeiaJá, se encerra com certeza de que muitos estudantes puderam se beneficiar de maneira gratuita, interativa e exclusiva com os conteúdos publicados.

O primeiro programa abordou como a internet pode fazer das questões do Exame. Em seguida, o ritmo de dança passinho tomou conta das salas de aula em um programa exclusivo sobre como o assunto pode ser relacionado com a física. A projeto também abordou como aprender conteúdos em forma de paródia.

O Vai Cair no Enem também trouxe as definições dos conceitos históricos de como socialismo e comunismo, além de questões sobre moda, literatura nordestina, expressões linguísticas regionais e doenças virais que podem ser cobradas no Enem.

Confira abaixo o vídeo com a aula:

Nos dias 28 e 31 de outubro, a Faculdade UNINASSAU João Pessoa realiza o I RelaxaEnem – Como anda seu emocional para o Enem?. Evento terá oficinas que buscam oferecer ao aluno do ensino médio orientações de como ele pode controlar a ansiedade no dia do exame. As oficinas acontecem no laboratório de pilates, localizado no 10 º andar da Instituição, às 14h (28/10) e às 10h (31/10).

Nas oficinas, serão realizados exercícios com respiração e treinos de controle de ansiedade, aplicados pelo grupo de extensão “Enem sem Estresse”, que já funciona nas escolas de ensino médio da cidade.

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Para o coordenador do curso de Psicologia da UNINASSAU João Pessoa, Sócrates Pereira, as oficinas são fundamentadas nas técnicas cognitivo-comportamental, oferecendo conhecimento e formas de como lidar e controlar a ansiedade. “Para os alunos que irão enfrentar momentos de avaliações e provas, as oficinas são de extrema importância e ajuda”, afirmou.  

A entrada é gratuita, e as vagas são limitadas. Os interessados em participar podem fazer a inscrição no site de extensão da Instituição.

Serviço

I RelaxaEnem – Como anda seu emocional para o Enem?

Datas: 28 (às 14h) e 31 (às 10h) de outubro

Inscrições: extensao.uninassau.edu.br

Ninguém subestima o poder da música: ela pode nos deixar eufóricos ou tristes. Tem o poder de acessar nossa memória afetiva e nos transportar para algum lugar do passado, repleto de lembranças. O que muitos não sabiam é que certas canções têm a capacidade de combater a ansiedade.

Essa constatação foi feita por pesquisadores da organização britânica Mindlab, que organizaram uma lista com as dez melhores músicas para combater o já considerado mal do século.

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A ansiedade é um sentimento antecipatório de angústia. A pessoa, por vezes, começa a sofrer antes mesmo de a situação acontecer. Por exemplo, a expectativa em relação a um encontro amoroso. A gente cria, na nossa cabeça, inúmeras cenas de fracasso que "provavelmente vão ocorrer". Mas e se o encontro for bem sucedido? Em casos mais graves, a pessoa deixaria de concretizar o jantar por medo.

Nesse estudo, os neurocientistas analisaram um grupo de voluntários. O desafio deles era realizar atividades de lógica rapidamente. As tarefas foram desenvolvidas para impulsionar os níveis de estresse. Ao longo do processo, os participantes escutavam algumas canções.

Sensores foram colocados nos voluntários para avaliar a atividade cerebral, batimentos cardíacos, pressão sanguínea e ritmo de respiração de cada um. A música que mais ajudou os integrantes a relaxarem foi Weightless, do grupo Marconi Union. Para esse grupo, o nível de ansiedade caiu em até 65% dos participantes.

Outras canções de Adele, Enya, Mozart e da banda Coldplay também entraram no ranking das dez melhores para combater a ansiedade.

Pessoas do mundo todo passar por problemas de ordem psicológica. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

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"Parecia uma intoxicação alimentar. Eu tinha crise vômito, náuseas, disenteria, tremores pelo corpo. A hora de dormir não era tranquila como para uma pessoa normal. Eu me deitava e sentia frio do pé até a nuca. Eu não conseguia comer porque colocava tudo para fora e todos os dias eram a  mesma coisa".

O relato da empresária Jéssica Nunes, hoje com 26 anos, ilustra os momentos em que ela mais sofreu na vida. Na infância, após a separação dos pais, ela precisou se mudar de São Paulo para a Suíça, onde enfrentou muitos desafios não só pela diferença da cultura das regiões, mas por ser uma criança negra em um país composto majoritariamente por pessoas brancas.

 Entre sete e quinze anos, os primeiros sintomas, até então desconhecidos, surgiram aos poucos. As náuseas e o enjoo constantes evoluíram para um medo de sair de casa por não saber se teria dores na barriga ou vontade de vomitar. “Tudo foi aumentando e eu tinha medo de ver as pessoas porque eu sentia receio de ter esse ataque. Não sabia o que era no momento, achava que a comida estava me fazendo mal ou poderia ter gastrite”, relembra Jéssica.

As constantes crises, nervosismo e apreensão ao dormir e ao sair de sua casa deixavam Jéssica muito cansada e ela com certa frequência era levada ao hospital para tomar soro e repor os nutrientes do corpo. Tudo se tornou um martírio e ela precisou conviver com o problema durante anos, sem entender pelo que estava passando. 

“Fiz todos exames para saber qual era o problema na minha barriga, não dava nada. Os médicos diziam que eu estava bem do estômago. Eles receitavam diversos remédios, mas nenhum profissional dizia que poderia ser psicológico”, lamenta a empresário. 

Anos sem entender as razões de seus problemas e uma coleção de traumas. Jéssica tinha 22 anos quando conseguiu finalmente o seu diagnóstico. “Busquei um profissional por indicação e ele me falou que talvez eu precisasse de um psiquiatra. O primeiro que fui me falou que era Transtorno de Ansiedade Generalizada e já me medicou com o antidepressivo. Eu não me adaptei muito bem, não queria acreditar que tinha uma doença mental tão jovem”, conta. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), metade das doenças mentais diagnosticadas no mundo todo começa aos 14 anos. O órgão calcula que um em cada cinco adolescentes enfrenta algum transtorno nessa fase da vida.

 No Brasil, não há muitos estudos para mapear os casos. Em 2015, o Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para Crianças e Adolescentes apontou que 13% das pessoas entre 6 e 16 anos tinham transtornos mentais, sendo os mais prevalentes a ansiedade (7%), o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (4,5%) e a depressão (0,5%).

Já nos Estados Unidos, os dados são mais concretos. Uma pesquisa publicada no Journal of Developmental and Behavioral Pediatrics, em 2018, estimou um aumento de 20% nos diagnósticos de ansiedade entre 6 e 17 anos entre 2007 e 2012. 

Jéssica não arrisca dizer com certeza quais foram as causas para ser diagnosticada com ansiedade. Mas ela elenca possíveis acontecimentos em sua vida, quando ainda era muito jovem, que podem ter contribuído para o aparecimento da doença. 

“Eu me mudei para um país estrangeiro com a minha mãe e tudo isso me deixava apreensiva. Depois, precisei voltar ao Brasil, já com 14 anos. Morava praticamente sozinha e era muita responsabilidade e maturidade para uma garota tão nova. Não estava preparada para isso tudo e acabei tendo crises de pânico pela falta de proteção, acredito”, comenta Jéssica.

 Além da ansiedade, a empresária foi posteriormente diagnosticada com depressão. “O que a minha médica me falou é que minha depressão foi derivada do meu tempo sem tratamento. Por eu ter ficado por anos sem entender o que estava acontecendo, eu tive que me isolar muito e ficar dentro de casa, com pensamentos desagradáveis”, diz. 

Nos últimos dez anos, o número de pessoas com depressão aumentou 18,4%. Foto: Chixo Peixoto/LeiaJáImagens

A ansiedade e a depressão são problemas distintos, cada um com suas próprias características, e muitas vezes são até considerados opostos. Porém, na realidade, essas duas condições podem, sim, coexistir em uma mesma pessoa. É o que explica a psiquiatra Nadège Herdy.

“Ansiedade e depressão tem uma relação importante. O Transtorno de Ansiedade Generalizada, por exemplo, que é caracterizado pela preocupação excessiva há pelo menos seis meses, tem uma relação forte com a depressão. Quem tem esse diagnóstico corre o risco 33 vezes mais, do que a população geral, de apresentar transtorno depressivo”, analisa a pesquisadora. 

A médica aponta ainda que apresentar os dois transtornos complica o curso, torna a recuperação mais difícil. “Em geral o transtorno de ansiedade precede os transtornos depressivos, funciona como um fator de risco para depressão, ou acabam aparecendo juntos. É mais grave ter as duas condições”, complementa. 

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Nos últimos dez anos, o número de pessoas com depressão aumentou 18,4%. Hoje, isso corresponde a 322 milhões de indivíduos, ou 4,4% da população da Terra. Os dados vieram à tona em um relatório recente realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ao todo, 5,8% dos brasileiros sofrem com a doença, a maior taxa do continente latino-americano. A faixa etária mais afetada varia entre 55 e 74 anos. O sexo feminino é o que mais sente as consequências. O total de 7,7% das mulheres são ansiosas e 5,1% são depressivas. A porcentagem cai para 3,6% em ambos os casos.

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Fonte: Global Burden of Disease Study, 2015 - OMS (Organização Mundial da Saúde)

Diagnosticada com ansiedade e depressão e morando no Brasil, Jéssica procurou tratamentos para melhorar o seu quadro de saúde para concluir a faculdade de direito e posteriormente prestar o exame da Ordem dos Advogados do Brasil.

 “Eu estava precisando iniciar uma carreira em uma empresa e não conseguia viajar, não podia dormir, não ficava muito tempo fora de casa. Para ir a um barzinho tinha que pensar muito e saber se eu conseguiria me adaptar com isso. Estava muito magra e doente”, conta. 

O preconceito e o medo da reação das pessoas ao não entenderem a doença afastaram Jéssica, de certa forma, do convívio com amigos. Ela relata ainda que percebia as pessoas mais abertas para aceitar uma doença comum, como sinusite. "Ansiedade é pior ainda das pessoas acreditarem que é algo grave, a depressão também. A sociedade entende como uma frescura, desculpa para algumas situações”, lamenta.

"Me sinto razoavelmente curada, consigo viver uma vida normal". Foto: Arquivo Pessoal

Atualmente, ela mora em Portugal e é empresária do ramo de cabelos. Após quatro anos de tratamento, Jéssica pontua que hoje leva uma vida tranquila e além da medicação, os antidepressivos, pratica atividades físicas que a ajudam muito. Desde que encontrou uma médica de confiança no Brasil se sente mais confortável. “Eu moro fora hoje mas continuo com a mesma profissional. Fazemos a nossa conversa com a ajuda da internet”, explica. 

 Ela casou e conseguiu participar da festa sem passar mal ou ter problemas e crises de vômito. “Moro com meu marido, ele é fundamental na minha vida, assim como a minha mãe e irmã e meu pai. Hoje em dia consigo ir a um ambiente fechado, viajar. Antes, as crises me impediam. Me sinto razoavelmente curada, consigo viver uma vida normal. Só me preocupo um pouco com a saída do remédio no futuro. Por enquanto estou bem, mesmo estando dependente de medicação”. 

 De acordo com o psiquiatra Amaury Cantilino, ansiedade e depressão não necessariamente podem ser ‘curados’. Jéssica sabe disso, mas longe das crises e levando uma vida normal, ela aposta em um futuro positivo. “Isso não significa dizer que eu não vivo uma vida ansiosa, eu continuo com isso, mas hoje sou feliz pelas pequenas possibilidades que conquistei”, conclui.

Reportagem integra o especial “Ansiedade”. Produzido pelo LeiaJá, o trabalho jornalístico detalha como a doença afeta pessoas de todo o mundo, bem como mostra as formas de tratamento. Confira as demais matérias:

1 - 'Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis'

2 - Os brasileiros são os mais ansiosos do mundo

3 - Dependência tecnológica: ansiedade pode ser gatilho

5 - Muito além do divã: tratamento clínico pode ser integrado  

"Ser uma pessoa ansiosa é ser agitada”, diz jovem vítima de transtorno de ansiedade. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

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Quem dera que as noites de sono fossem dignas de aliviar angústias assombrosas. Nem no anoitecer, quando corpo e mente padecem por descanso, há calma. Pesadelos parecem tão reais que impulsionam o corpo de volta à realidade e um turbilhão de pensamentos retorna à cabeça de quem vive temendo o futuro. O coração bate de maneira desesperada em um sinal de que um mar de preocupações afoga a mente paulatinamente, ao mesmo tempo em que a respiração ofegante revela que não existem mais sinais de calmaria.

É quase impossível controlar a mente. O futuro, por sua vez, torna-se um “monstro cruel”, envolto por preocupações sistemáticas, muitas vezes sem nenhuma explicação ou justificativa. Todos os dias, persistem medos excessivos do que há por vir, além de um nó na garganta peculiar. Choro, tremores. Dúvidas, mal-estar. Mais dúvidas, mais medo. Corpo e mente vomitam a ansiedade de Isa*.

Isa remexe o olhar. Suas mãos são extremamente inquietas. Os primeiros diálogos com a reportagem quase não têm pontos finais. Ela é intensa nas palavras, expressa como ninguém, por meio da face, cada sentimento descrito em suas frases. Seu corpo fala claramente, balançando de um lado para o outro como se ela estivesse sempre nervosa, talvez angustiada. Respira profundamente antes de organizar suas ideias que remetem à infância, perpassam pela juventude e desembocam em um presente não tão presente assim, já que sua cabeça não esquece o futuro. Como é possível ter tantas preocupações com situações que nem chegaram se concretizar? O que explica ela imaginar os piores cenários possíveis?

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Tais questionamentos são respondidos por Isa, uma jovem de 23 anos. Ela revela ser vítima de transtorno de ansiedade. O que ocasionou? Para ela, existem vários fatores, da infância à vida adulta. Frustrações, conflitos familiares, uma vida profissional marcada por incertezas e relacionamentos amorosos que findaram em lágrimas. Há uma série de situações, segundo ela, que pode explicar seus atritos psicológicos. Um passado que deixa cicatrizes e ainda é capaz de assombrar o futuro.

“Ser uma pessoa ansiosa é ser agitada, é não conseguir parar jamais a cabeça. Ser ansiosa é não conseguir parar onde estou. Não consigo parar no presente! Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis”, descreve a jovem.

Isa nasceu em uma cidade pacata marcada pelo conservadorismo. Município onde os moradores conhecem uns aos outros. De classe média, a garota teve a oportunidade de estudar em uma escola tradicional, onde construiu sua base de conteúdos estudantis, mas não moral. Ela não compactuava com alguns ideais impostos pelos educadores.

Nesse período, ainda criança, ela acredita que desenvolveu uma estranha atitude oriunda dos primeiros processos ansiosos que enfrenta até então. “Sempre roí muito as unhas, normalmente as pessoas quando estão ansiosas elas roem. Não consigo perceber o que me fazia isso. Depois que eu já tinha roído todas as minhas unhas, eu pedia para roer as dos adultos. Queria continuar repetindo aquele comportamento. Não consigo lembrar o que desencadeava isso”, conta.

Em dado momento, a face de Isa expressa revolta, ao contar detalhes da relação que tinha com o pai. Segundo ela, um homem autoritário, violento, defensor de suas próprias convicções, independente do que pensavam as pessoas ao seu redor. “Meu pai era violento, batia em mim, como uma coisa que ele entendia que era uma ferramenta de educação. Para ele era uma forma de correção. Era autoritário, extremamente rígido. Um homem muito bruto. Apesar de eu gostar dele, quando era mais nova, nunca respeitei meu pai, apenas tive medo. Toda obediência, tudo que sempre fiz para me manter na linha, foi por medo de porrada”, relata.

A jovem aponta a relação conflituosa com o pai como um dos fatores que ocasionaram ansiedade em sua vida. Além disso, revela inquietude na região onde nasceu, afirmando que as pessoas do local a vigiavam por ela pertencer a uma família tradicional. “Comecei a me sentir deslocada e desencontrada no lugar onde vivia. Estava em uma cidade do interior, um local conservador, machista, pequeno, onde as pessoas têm uma mentalidade diferente, todos se conhecem e todos falam a respeito de todo mundo. Todo mundo lá sabia quem eram meus familiares e eu, então qualquer coisa que eu fizesse poderia virar uma fofoca. Não demorei, quase nada, a querer ter liberdade, a ser mais crítica e pensar diferente do povo. Sempre tive o sonho, o plano e a ideia de sair de lá para um lugar mais desenvolvido, com mais horizonte. Me sentia vigiada, tolhida e com medo dos julgamentos”, descreve Isa.

Infeliz na região onde nasceu, Isa conseguiu, por meio da ajuda de familiares, passar alguns dias em uma cidade metropolitana. Foi onde começou a conhecer outras pessoas, desencadeando seu momento de liberdade tão esperado. Alegria à parte, foi nesse período, já na adolescência, que a garota entrou em um ciclo rebelde, quando seus maiores conflitos aconteciam com sua mãe. Elas não eram harmoniosas, muito menos compartilhavam das mesmas ideias. Discussões marcaram essa relação. “Me tornei uma adolescente muito rebelde”, conta.

Um dos conflitos entre mãe e filha aconteceu no momento em que Isa se preparava para prestar vestibular. A jovem optou por uma formação extremamente contestada pelos pais. De acordo com ela, sua mãe nunca aceitou a escolha e, diante da decisão de Isa, proferiu críticas.

Antes da chegada à universidade, no entanto, o momento de preparação para o vestibular também foi marcado por brigas entre mãe e filha, além dos primeiros sinais físicos de que a jovem sofria transtorno de ansiedade. Aos 17 anos, ela mudou-se de vez para a cidade grande, onde ingressou em cursos preparatórios para o processo seletivo. Isa lembra que sentia sérias dificuldades em algumas matérias, uma vez que não tinha familiaridade com essas áreas, porém, sua mãe, não aceitava o desempenho ruim. Dessa forma, as críticas e insatisfação da mãe foram atreladas à pressão pela aprovação no ensino.

“Não passei no vestibular na primeira seleção; me frustrei quando eu vi a nota.  Muitas coisas ruins vinham da minha mãe, ele me acusava que minhas dificuldades em certas matérias vinham da vagabundagem. Me sentia desestimulada, descartada, um zero à esquerda. Sinto que minha mãe nunca acreditou e não acredita em mim”, desabafa.

Apesar da reprovação e principalmente das críticas de sua mãe, Isa insistiu no sonho de passar em um curso bastante criticado pelos pais. Consequentemente, sua postura desencadeou uma pressão ainda maior durante os estudos, devido a uma rotina intensa que envolvia aulas e percursos consideráveis entre o curso e sua residência.

Certo dia, no curso onde estudava, enquanto aguardava em uma fila para ter um texto corrigido, Isa passou mal. “O primeiro sintoma da ansiedade que lembro claramente aconteceu quando eu estava em uma fila para correção de redação com uma amiga, quando, de repente, comecei a me sentir com tontura, falta de ar e tremor; meu coração disparou também. Comecei a tremer e a ficar nervosa. Estava ali vivendo a minha rotina e de repente tudo pipocou! Estava respirando, mas meu coração disparava. Meu corpo começou a reagir com tontura e perda gradual de visão. Tentava respirar fundo até passar. Fui parar em um pneumologista e cardiologista, porém acabei encaminhada para um psiquiatra e psicólogo, porque nada foi constatado. Tratava-se, então, de um problema psicológico”, conta a jovem.

Isa novamente prestou vestibular e foi aprovada. No entanto, a felicidade pela aprovação logo daria lugar a um dos momentos mais difíceis da sua vida. Na época, ela namorava um rapaz que, momentos depois do fim da prova, anunciou o fim do relacionamento.

 “Logo depois da prova do vestibular, ele terminou o namoro. Foi então que tive a minha primeira crise depressiva. Não conseguia minimamente sobreviver, era um zumbi chorão que não dormia, não comia, não fazia nada além de chorar. Sonhava com a criatura, só pensava nela. Não queria ver ninguém, meu coração acelerava. Quando batia a ansiedade, eu ficava nervosa, os pensamentos normalmente eram sobre ele. Eu tinha lembranças do passado e medo do futuro. Era uma sensação de que as coisas não poderiam melhorar”, relata Isa.

“As pessoas precisam entender que ansiedade e depressão caminham bem juntas. E quando você tem as duas é um verdadeiro inferno. Uma vez ouvi uma frase que descreve bem: ansiedade é quando você se importa com tudo e depressão é quando você se importa com nada”, acrescenta a jovem.

Em crise depressiva e ao mesmo tempo sofrendo ansiedade, Isa passou a fazer terapia psicológica e, posteriormente, recebeu atendimento psiquiátrico. Apesar das dificuldades, teve forças para entrar na universidade, fato que, em certa medida, aliviou parte da tristeza que enfrentava na época.

No período, Isa começou a namorar novamente. Apegou-se bastante ao novo relacionamento, mas, novamente, viu uma os vínculos findarem. Ela revela que os familiares do rapaz não gostavam dela por suas posições políticas e ideológicas, e mesmo cobrando uma imposição energética do companheiro, ele se mantinha submisso às opiniões alheias.

“A família dele nunca gostou de mim. Não era a moça bela, recatada do lar, que eles queriam. Me criticavam e ele não me defendia, por isso ficava ansiosa, nervosa, ficava chateada, brigava para ele ser mais energético. Teve um primeiro término que essa questão familiar”, revela Isa.

“Foi quando bateu, além de uma ansiedade gigantesca, a depressão mais pesada de todos. Na ansiedade, em meio a tudo que eu sentia, começaram sintomas que vieram para o corpo. Passei a mexer o meu corpo. Em outro impulso, simplesmente começava, na hora da agonia, a esfregar as unhas na pele. Se tornava ferida. Isso aconteceu quatro vezes, a ponto de rasgar a pele. Já cheguei a me morder. As mordidas deixaram marcas e dor”, conta, demonstrando tristeza.

De acordo com a jovem, o relacionamento foi restaurado. Porém, as obrigações da universidade também motivaram, segundo ela, a manutenção da ansiedade. “A faculdade, depois de um tempo, começou a ser um fator estressante. Demorar a estagiar, todo mundo começando e eu não, sensação de que as coisas não dariam certo. Só comigo que não acontece. Me questionava sobre a minha capacidade. Isso era desesperador”, relata Isa.

Em um ritmo intenso de estudos e afetada pelos efeitos da ansiedade, Isa atrelou à terapia um tratamento psiquiátrico. Por inúmeras vezes, foi vítima de crises ansiosas, as quais descrevem com detalhes: “Quando eu sentia que ia entrar em crise, o coração acelerava e a respiração começava a falhar. Então eu corria para o banheiro, não queria que ninguém percebesse. Apesar do meu processo terapeuta, a ansiedade parecia que não era contida. Não conseguia responder aos meus trabalhos, não conseguia dar conta”.

Ela revela, ainda, que seus problemas psicológicos foram intensificados após mais um término do namoro, desta vez de maneira definitiva. Isa diz que foi um dos momentos mais difíceis da sua vida. Nesse período, sentiu que sua autoestima foi fortemente abalada. “A minha autoestima sempre foi terrível com tudo. Impactou bastante nas minhas relações amorosas. Me sino indigna de ser amada, porque me esforcei muito para que desse certo. Para mim, fui uma ótima namorada para todo mundo que passou pela minha vida. Nunca me achei bonita”, desabafa. “Tenho a sensação de que há algo de errado comido, porque não dou certo com ninguém. Me sinto como se tivesse dedo podre. Mesmo quando eu tenho alguém que parece ser legal, por mais que eu tente acaba não dando certo”, completa Isa.

Isa é resistência. Sofre, cai, mas levanta-se diante da ansiedade. É uma caminhada rumo à recuperação, mesmo a passos difíceis. Ela encara as suas frustrações e medo. Com a ajuda de amigos e especialistas, luta pela saúde.

Isa confessa, no entanto, que é difícil batalhar contra os efeitos da ansiedade – na mente e no corpo -. “Uma pessoa que tem ansiedade ela nunca se prende apenas no presente. Quando estou muito ansiosa, às vezes me pego andando a esmo sem razão alguma. Mesmo sem ter nada para fazer, fico tão inquieta que saio do quarto para a sala, da sala para cozinha, da cozinha de volta para o quarto. Parece que estou procurando o que fazer, mas eu simplesmente não tenho. Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis. Tenho dificuldade para dormir, o sono é agitado. Às vezes tenho pesadelos e acordo no meio da noite”, descreve.

“O que descreve melhor o turbilhão da minha mente e do meu corpo: ser ansiosa é não conseguir parar onde estou. Não consigo parar no presente. Quem é ansioso se importa o tempo todo e com tudo. Não consegue parar de ter cobranças, está sempre pensando no que pode acontecer. Você pensa no passado. Você pensa no que deixou de fazer. Você não consegue parar de imaginar mil cenários e hipóteses. Não para de pensar como deveria fazer as coisas da sua vida ou como as pessoas estão interpretando as coisas que acontecem com você. Sua cabeça te joga para frente e para trás”, diz, em um ritmo acelerado.

Antes do ponto do final do relato, uma singela pergunta para Isa: O que você espera do futuro? Ela responde: “Essa pergunta me causa ansiedade”.

*Nome fictício

Reportagem integra o especial “Ansiedade”. Produzido pelo LeiaJá, o trabalho jornalístico detalha como a doença afeta pessoas de todo o mundo, bem como mostra as formas de tratamento. Confira as demais matérias:

2 - Os brasileiros são os mais ansiosos do mundo

3 - Dependência tecnológica: ansiedade pode ser gatilho

4 - Depressão e ansiedade podem andar juntas

5 - Muito além do divã: tratamento clínico pode ser integrado

Com uma abordagem aprofundada sobre o transtorno, o LeiaJá publica, neste domingo (30), o especial “Ansiedade”. Reportagens multimídia detalham a definição, tipos, histórias e tratamento da doença, por meio de entrevistas com vítimas e especialistas da psiquiatria e da psicologia.

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A primeira reportagem, “Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis”, descreve a história e o cotidiano de uma vítima do transtorno de ansiedade. A segunda matéria, intitulada “Os brasileiros são os mais ansiosos do mundo”, aponta dados, as causas e tipos da doença.

Na terceira reportagem, “Dependência tecnológica: ansiedade pode ser gatilho”, o LeiaJá mostra como a ansiedade tende a ser o transtorno de origem do uso desenfreado das novas ferramentas digitais. A quarta matéria, “Depressão e ansiedade podem andar juntas”, revela como um processo ansioso pode ser uma ponte para uma crise depressiva.

Por fim, na quinta e última reportagem, LeiaJá explica, em “Muito além do divã: tratamento clínico pode ser integrado”, as formas de tratamento contra os tipos de ansiedade. Os autores das reportagens são os jornalistas Nathan Santos, Marília Parente e Eduarda Esteves; os repórteres fotográficos são Chico Peixoto e Júlio Gomes; o cinegrafista é Roberto Varela; a edição de vídeos é de Danillo Campelo; e as artes são de autoria do designer João de Lima. Convidamos nossos leitores à leitura de todo o conteúdo. Confira a seguir as reportagens do especial “Ansiedade”:

1 - Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis

2 - Os brasileiros são os mais ansiosos do mundo

3 - Dependência tecnológica: ansiedade pode ser gatilho

4 - Depressão e ansiedade podem andar juntas

5 - Muito além do divã: tratamento clínico pode ser integrado

Dependência tecnológica se caracteriza pela perda de controle na utilização das ferramentas. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

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A rotina já estava insustentável quando a jornalista Tallita Marques precisou ser socorrida e encaminhada às pressas para o hospital. Ela foi vítima de uma forte crise asmática, desencadeada por três meses de ansiedade e estresse. “Trabalhava em uma TV e dava aulas em uma instituição de ensino. Deixei as duas ocupações para abrir um café com meu marido e acabei ficando com a parte de comunicação da empresa. Criamos um grupo no WhatsApp com outros cafés para organizar um grande evento coletivo, comecei a passar o dia no WhatsApp”, lembra.

Celular sempre em mãos, irritação constante e dificuldade de dormir. Em contato contínuo com a imprensa, possíveis patrocinadores e outros empresários, Tallita desenvolveu o que psiquiatras e cientistas definem como nomofobia, a dependência em celular. O uso compulsivo dos aparelhos móveis é um dos tipos de dependência tecnológica, guarda-chuva que inclui ainda o vício em jogos digitais e em internet. Geralmente associadas a um transtorno primário, tais doenças podem ter origem na ansiedade. 

“Identifiquei que tinha ansiedade em 2003, aos 22 anos, quando estava na faculdade, estagiando em uma rádio e no Cremepe (Conselho Regional de Medicina de Pernambuco), onde um médico me deu um diagnóstico de princípio de anorexia nervosa. Eu corria de um canto para outro, sentia fome, mas quando dava vontade de comer, começava a vomitar”, lembra Tallita. Após perder seis quilos, ela seguiu as recomendações médicas e passou a tomar o remédio receitado. “Comecei a diminuir meu ritmo de vida e aquilo se controlou. Em 2017, veio o primeiro evento das cafeterias e eu senti que estava caminhando novamente para esse tipo de problema”, lamenta. Para Tallita, foi o uso excessivo do Whatsapp que desencadeou a crise respiratória responsável por seu internamento. “Antes, com o telefone, você não conseguia falar com muitas pessoas ao mesmo tempo. No WhatsApp, você fala com muitas simultaneamente e todas querendo uma resposta urgente, o que gera uma grande pressão psicológica para responder rápido”, coloca.

Tallita foi encaminhada ao hospital com uma crise respiratória, decorrente da ansiedade. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

De acordo com relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em 2015, o Brasil chegou a ter 120 milhões de pessoas conectadas à internet, o quarto maior volume do mundo. Um levantamento do Mobile Ecosystem Forum (MEF) aponta que a nação é o segundo país que mais usa o WhatsApp. Diante de tais informações, não chega ser impressionante a conclusão do estudo promovido pela Statista Digital Market no ano de 2016, cujo resultado aponta que os brasileiros constituem o povo a gastar a maior média de tempo do mundo nos smartphones: 4 horas e 48 minutos por dia.

“O problema não é a tecnologia, mas como as pessoas se relacionam com ela. O que a gente chama de uso consciente, basicamente, é aquele que não atrapalha a vida do usuário. Existe também o uso abusivo, em que o virtual atrapalha o real, mas não há perda de controle, diferente do acontece com quem uso abusivo dependente da tecnologia”, explica Eduardo Guedes, pesquisador do Laboratório de Pânico e Respiração do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - LABPR/IPUB - e membro do Instituto Delete, primeira empresa do Brasil especializada em “detox digital”. 

Segundo Eduardo, pelo menos cinco indícios apontam a perda de controle do usuário com a ferramenta tecnológica, configurando a dependência. Ele destaca a constante sensação de segurança e prazer (o usuário confere constantemente quantas ‘curtidas’ recebeu), a relevância da tecnologia na vida do indivíduo (usuário leva o celular para o banheiro ou dorme ao seu lado) e a tolerância à ausência da ferramenta, inclusive afirmando serem comuns os relatos de pessoas que se recusam a frequentarem lugares sem internet disponível, por exemplo. “Há ainda a abstinência, caso se, sem a ferramenta, o usuário se sinta triste, angustiado ou irritado, além da existência de conflitos diretos e indiretos como, por exemplo, perda de rendimento no trabalho ou brigas constantes com cônjuge”, acrescenta o pesquisador.

Tallita estabeleceu um horário para conferir as mensagens no celular. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Com o celular invariavelmente ao lado da cama, Tallita sentia dificuldade para dormir, acordando várias vezes na mesma noite. “Nessa época, eu identifiquei que estava tendo problemas com meu marido, porque eu ficava estressada e irritada, além de ter colocado o evento que estava produzindo como prioridade. Como eu recebia e-mails e notificações durante a madrugada, desabilitei algumas funções, respirei e disse: ‘não quero isso pra mim’”, lembra. Àquela altura, Tallita já havia compreendido que o cansaço constante havia evoluído para um quadro de dispneia suspirosa, responsável pela sensação de fôlego curto que a levou ao hospital. “Foi quando fiz uma postagem nas redes sociais, estabelecendo um horário para responder as mensagens: entre nove da manhã e nove da noite, o que ainda era muito, mas fez grande diferença”, coloca.  

Depois de precisar ficar afastada do trabalho devido ao período de internação, Tallita acredita que os profissionais da área de comunicação são extremamente suscetíveis à dependência tecnológica. “O smartphone nos dá a possibilidade de ter uma boa câmera, gravar áudio e produzir vídeos, além de fazer uma publicação imediatamente”, comenta. Segundo aponta a pesquisa “Prevalência dos transtornos de ansiedade como causa de afastamento de trabalhadores”, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), contudo, a maior parte dos trabalhadores afastados por ansiedade ganha entre um e dois salários mínimos, sendo principalmente composta por mulheres residentes em áreas urbanas, com idade entre 22 e 45 anos. O estudo conclui que a associação entre baixa renda e ansiedade se dá em decorrência da carência de recursos financeiros para as condições gerais de saúde “e, essencialmente, na saúde mental". "Desse modo, a baixa renda relaciona-se ao elevado índice de transtornos mentais que surgem em decorrência da redução do poder, insegurança e cumprimento de papéis sociais, dentre outros fatores”, acrescenta a análise.

 

“Nossa sociedade não tem como abolir o uso do celular, mas saí de muitos grupos e passei a usar menos, quando delimitei o tempo de trabalho. O WhatsApp faz você viver numa sociedade que está ali num campo que não é físico, você conversa com várias pessoas, mas está sozinho numa sala. Melhor viver a vida real, o que é tangível”, argumenta Tallita.

A psicóloga doutora em saúde mental e professora da pós-graduação do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, Anna Lucia King, esclarece o porquê de a ansiedade ser definida como, ao invés de causa, possível transtorno primário da dependência tecnológica. “As tecnologias são um canal de representação do que já existe na pessoa. Não é a dependência que tratamos, mas o transtorno de origem: ansiedade, depressão e compulsão, por exemplo”, explica. A pesquisadora destaca ainda os prejuízos à postura que podem ser causados pelo uso abusivo do celular. “As pessoas baixam o pescoço, em média, cem vezes por dia, então o pescoço se projeta para frente, o que acaba causando problemas na coluna cervical. Também são comuns problemas na visão e nas articulações”, alerta.

Tallita Marques fala sobre seu processo de dependência com o celular:

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Para Hermano Tavares, afiliado à Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), doutor em psiquiatria pela Universidade de São Paulo (USP) e fundador do ambulatório integrado que trata pelo menos dez condições diferentes de perda de controle, é preciso esclarecer que a dependência tecnológica é um campo que inclui diversas síndromes. “A gente pode estar falando de internet, celular ou videogame, por exemplo. Quem é viciado em tabaco, não necessariamente é em fumo. É importante frisar que a diferença é que, se você vai tratar alguém para tabaco, em geral, a meta é não fumar nunca mais. No caso, do uso da tecnologia, fica cada vez mais difícil, se não impossível”, coloca.

Assim, o Dr. Hermano Tavares defende que o tratamento consista em identificar os contextos em que o uso da tecnologia é desejável, para que a relação do indivíduo com as ferramentas seja transformada e regrada. Primeiro, o paciente passa por uma avaliação psiquiátrica e psicológica, em que o diagnóstico é confirmado. “Depois, é feita outra avaliação mais ampla, para verificação da associação de outros transtornos que podem estar acontecendo conjuntamente e isso ocorre numa proporção variável”, explica o pesquisador. Posteriormente, são tratadas as condições psiquiátricas associadas e a questão da tecnologia, esta última, a partir de grupos psicoterápicos de orientação cognitiva comportamental, uma abordagem focada nos sistemas de significados criados pelos pacientes, que influenciam suas emoções e comportamentos. “É preciso identificar os contextos em que o uso da tecnologia é desejável e pode acontecer dentro de um melhor controle. A proposta não é acabar com a relação da pessoa com a ferramenta, mas fazer com que ele pare de se apoiar nela como uma forma de promover regulação de humor”, destaca.

1- Bom senso para que o uso não se torne abuso no cotidiano; 

2- Fique atento às consequências físicas (como privação de sono, dores na coluna, problemas de visão) e psicológicas (como depressão, angústia, ansiedade) devido ao uso abusivo;

3- Dose a prática de uso de tecnologias no cotidiano. Verifique se seu desempenho acadêmico ou no trabalho estão sendo prejudicados;

4- Reflita sobre seus hábitos cotidianos e faça diferente;

5- Não troque atividades ao ar livre para ficar conectado; 

6- Prefira uma vida social real à virtual, escolhendo relacionamentos/amizades reais ao invés de virtuais;

7- Pratique exercícios físicos regularmente/Faça intervalos regulares durante o uso das tecnologias;

8- Não abale o seu humor com publicações virtuais/não acredite em tudo o que é postado;

9- Valorize suas relações familiares;

10- Pense no meio ambiente, recicle os aparelhos e evite a troca frequente sem necessidade.

Fonte: Instituto Delete

Reportagem integra o especial “Ansiedade”. Produzido pelo LeiaJá, o trabalho jornalístico detalha como a doença afeta pessoas de todo o mundo, bem como mostra as formas de tratamento. Confira as demais matérias:

1 - 'Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis'

2 - Os brasileiros são os mais ansiosos do mundo

4 - Depressão e ansiedade podem andar juntas

5 - Muito além do divã: tratamento clínico pode ser integrado

Transtorno de ansiedade faz vítimas em várias regiões do país. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

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A ansiedade é um sentimento natural, parte do repertório de emoções do ser humano e na dose certa, tende a ser proveitosa por garantir até os dias atuais a sobrevivência da humanidade justamente por ativar o medo quando uma pessoa está em situação de alerta. Uma pessoa ansiosa pode estar doente quando o sentimento se torna um transtorno e causa limitações à vida dela. 

Pensamentos negativos constantes, fobia social, sensação de medo sem motivo real e preocupação em excesso com o futuro são algumas das características que podem indicar um distúrbio de ansiedade.  No corpo humano, a ansiedade é uma sensação decorrente da excessiva excitação do Sistema Nervoso Central consequente à interpretação de uma situação de perigo. É gerada uma descarga de um neurotransmissor chamado Noradrenalina, que é produzido nas suprarrenais, lócus cerúleos e núcleo amigdalóide.

Seja nos ambientes de trabalho, em conversas com os amigos, nos programas de televisão e até no cinema, o assunto se tornou constante nos últimos anos, principalmente entre os brasileiros. O país conhecido mundo afora pela alegria, samba no pé e bom futebol agora também é o mais ansioso do mundo. 

Um relatório divulgado em fevereiro de 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre depressão e distúrbios de ansiedade colocou o Brasil em primeiro lugar entre as nações com maior percentual de pessoas com algum tipo de transtorno de ansiedade. De acordo com o levantamento, 9,3% da população sofre com a doença, cerca de 18 milhões de brasileiros. A porcentagem fica bem à frente de outras nações: nas Américas, quem chega mais perto do Brasil é o Paraguai, com uma taxa de 7,6%. Na Europa, a dianteira fica com Noruega (7,4%) e Holanda (6,4%).

Ranking dos dez países mais ansiosos do mundo:

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Fonte: Global Burden of Disease Study, 2015 - OMS (Organização Mundial da Saúde)

Ansiedade e medo são sentimentos normais que fazem parte de um mesmo espectro e surgem para que o ser humano se proteja de situações arriscadas com danos físicos e psíquicos. É o que destaca o psiquiatra Amaury Cantilino, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “O organismo produz esse sentimento para você se esquivar dos danos e se preocupar com algo que vai acontecer no futuro. É normal e essencial para a nossa sobrevivência. No entanto, se esse mecanismo que o nosso corpo tem para nos proteger funciona excessivamente, passa a ser prejudicial porque a pessoa ao invés de ser ajudada pela ‘ansiedade’ passa a ser atrapalhada”, explica o pesquisador. 

Cantilino chamou atenção para a condição patológica do sentimento. “A ansiedade pode atrapalhar o acometido de diversas formas. Ela provoca um sofrimento significativo, faz com que a pessoa se esquive de situações que ela deveria enfrentar. Os desafios parecem muito maiores do que a nossa capacidade de resolução porque a gente se imagina menor e amplia o tamanho dos problemas. A cabeça da pessoa ansiosa está constantemente diante de desafios insuperáveis e isso transforma o mundo em algo assustador”, complementa. 

Amaury indicou que não há um fator isolado para explicar a alta taxa de transtornos de ansiedade entre os brasileiros. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Ainda de acordo com a OMS, os transtornos de ansiedade atingem um total de 264 milhões de indivíduos no mundo, uma média de 3,6%. O que leva o Brasil a ter uma média de casos tão alta nos últimos anos ainda é uma discussão em andamento. Amaury indicou que não há um fator isolado para explicar a alta taxa de transtornos de ansiedade entre os brasileiros, mas os fatores socioeconômicos, como pobreza e desemprego, e o estilo de vida acelerado no país são possíveis causas desencadeadoras. 

Na análise do psiquiatra, a sociedade vive conectada em excesso em seus celulares e as pessoas estão sempre ‘plugadas’ para não perderem a informação. “Conflitos interpessoais são um dos grandes geradores da ansiedade. Seja no trabalho pela cobrança ou na família por uma série de inquietudes. Hoje, o excesso de demanda as quais as pessoas se submetem e a carga de tarefas muitas vezes são maiores do que a capacidade dela de aguentar. Não é que o ser humano não possa dar conta, ele até pode, mas não durante tanto tempo”, aponta Amaury.

Na visão de Nadège Herdy, psiquiatra da Rede de Hospitais São Camilo, a ansiedade já pode ser considerada como o mal do século. "A velocidade com que temos acesso à informação hoje e com que somos cobrados gera estresse, pressão, favorecendo a manifestação da ansiedade. Aliado a isso, nos grandes centros a população acaba se impondo a um número exagerado de demandas, pessoas ‘multitarefas’, que precisam dar conta de vários trabalhos, do trânsito, ter tempo com filhos. Situações estressantes seriam a desigualdade social, pobreza, desemprego, violência, além da preocupação financeira. Elas podem gerar tensão favorecendo a manifestação do transtorno", descreve a médica.

Cada transtorno de ansiedade tem sintomas e um tratamento diferente. São diversos distúrbios e elencamos os principais:

Fobias Específicas:  São medos irracionais e específicos de determinado objeto, animal, atividade ou situação. A fobia não apresenta necessariamente uma lógica para seu desenvolvimento. Geralmente é algo que não apresenta perigo real. São comuns a claustrofobia, aracnofobia, agorafobia (medo de ficar sozinho em lugares públicos), acrofobia (medo de altura) e outros.

Fobia Social: Este distúrbio causa extremo desconforto e pavor em situações sociais, como ambiente novos, festas, apresentações em público, reuniões, entre outras. O indivíduo sente mal estar, palpitações, suor excessivo, agitação do corpo, náuseas e medo.

Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Esse transtorno ocorre quando a ansiedade persiste por muito tempo e interfere nas atividades do dia a dia. O principal sintoma é preocupação excessiva, constante apreensão, tensão muscular e dificuldade para relaxar. 

Síndrome do Pânico: Este é um transtorno de ansiedade no qual ocorrem crises inesperadas de desespero e medo intenso de que algo ruim aconteça, mesmo que não haja motivo algum para isso. A possibilidade de acontecer os ataques de pânico provoca perda de controle e medo de enlouquecer ou ter um ataque do coração. Quem sofre do Transtorno de Pânico sofre crises de medo agudo de modo recorrente e inesperado. O organismo quando vai se preparar para a luta ou fuga, o coração acelera, a musculatura fica mais tensa e a pessoa vai precisar acumular oxigênio para lidar com a situação. Algumas pessoas podem ter esse tipo de reação sem nenhum risco iminente ou fator específico. 

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): Este é um distúrbio psiquiátrico de ansiedade. O indivíduo apresenta crises recorrentes de pensamentos obsessivos, intrusivos e comportamentos compulsivos e bastante repetitivos, como lavar as mães a cada uma hora, por exemplo. Alguns portadores dessa desordem acham que, se não agirem assim, algo terrível pode acontecer.



A psiquiatra Nadège Herdy destacou também que a incidência da ansiedade aumentou nos últimos anos e é um problema que impacta as pessoas de todas as idades, em especial adultos e jovens. Para ela, o aumento da prevalência de transtornos de ansiedade tem relação "provavelmente" com a velocidade em que recebemos informação e somos cobrados a oferecer informação. "A internet trouxe conhecimento e isso não tem volta nem deve ter, também trouxe benefícios imensuráveis, porém é uma fonte de pressão e estresse se pensarmos na velocidade, na possibilidade de nos comunicarmos com muitas pessoas ao mesmo tempo na quantidade de afazeres que acabamos acumulando", detalha. 

A pesquisadora alertou sobre possíveis diagnósticos em pessoas predispostas a ter ansiedade. "A ansiedade tem etiologia multifatorial, portanto pessoas geneticamente vulneráveis a desenvolver transtornos ansiosos, se expostas a situações estressantes ou traumas, poderão evoluir com quadro clínico de ansiedade. Por isso a importância de se falar mais sobre isso e, quem sabe, possibilitar que as pessoas elaborem maneiras de conviver com a velocidade de informação de forma mais saudável", diz a estudiosa. 

Não há, no Brasil, pesquisas empíricas especializadas em mapear as origens das ansiedades no país. Sabe-se, no entanto, que a saúde mental dos brasileiros não está nada bem. Um levantamento do 'Datafolha' divulgado em setembro de 2018 mostrou que 78% dos entrevistados estão desanimados com o país, 68% sentem raiva quando pensam no Brasil e 59% têm mais medo do futuro do que esperança. 

O médico psquiatra Amaury Cantilino, com 25 anos de carreira, percebeu a crescente demanda de pacientes em seu consultório. Ele exemplifica que as pessoas estão à procura do tratamento porque agora têm mais acesso à informação. "Antes, as pessoas tinham esses transtornos e viviam as suas realidades sem se tratar. Hoje, a sociedade não quer limitações e por isso busca as melhorias. Acredito que os diagnósticos aumentaram pela realidade turbulenta da atualidade, mas não dá para comparar com o passado porque pouco se falava sobre o assunto", indicou.

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“Isso é frescura. É coisa de gente sem serviço. Vai lavar uma louça que passa", são frases comumente utilizadas para se referir a pessoas diagnosticadas com doenças mentais.

 No mundo existem cerca de 700 milhões de pessoas com transtornos mentais, diz a OMS. Ao mesmo tempo em que os casos de ansiedade crescem nacionalmente, o preconceito contra os padecentes de transtornos e deficiências mentais não cessam.

 Em 2018, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) lançou uma campanha contra a 'psicofobia' para alertar as pessoas sobre o preconceito com o assunto. A resistência em procurar ajuda em saúde mental pode ser explicada, em parte, pelo preconceito contra as pessoas que têm transtornos. A psicofobia carrega uma herança de séculos de discriminação contra os doentes mentais ao longo da história.

Reportagem integra o especial “Ansiedade”. Produzido pelo LeiaJá, o trabalho jornalístico detalha como a doença afeta pessoas de todo o mundo, bem como mostra as formas de tratamento. Confira as demais matérias:

1 - 'Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis'

3 - Dependência tecnológica: ansiedade pode ser gatilho

4 - Depressão e ansiedade podem andar juntas

5 - Muito além do divã: tratamento clínico pode ser integrado

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