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Funcionários e integrantes de sindicatos de empregados do comércio protestam na manhã desta sexta-feira (3) em frente a uma loja da empresa na Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro. O endereço é simbólico: a loja escolhida pertenceu à varejista Mesbla, falida na virada dos anos 2000. O ato antecede uma reunião entre lideranças sindicais e representantes da diretoria da Americanas marcada para o meio-dia, também no centro da cidade.

Os manifestantes pedem esclarecimentos sobre a situação da empresa e a recuperação judicial que a empresa monta, após a revelação de rombo contábil da ordem de R$ 20 bilhões e a comunicação de uma dívida total reconhecida de R$ 47,9 bilhões.

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Além de bandeiras de centrais sindicais, havia faixas, com inscrições sobre a preservação de empregos e direitos dos trabalhadores da Americanas. Houve gritos de "Vergonha, vergonha, Americanas sem vergonha" e queixas sobre falta de clareza e diálogo da direção da empresa com relação aos funcionários.

Pouco antes das 10 horas, um grupo com cerca de 200 manifestantes marchou da Rua André Cavalcanti, na Lapa, até a loja da Americanas que fica próxima à Praça da Cinelândia. O espaço abrigava uma unidade da Mesbla que, ao falir, inaugurou longo e massivo litígio trabalhista. No local mais uma centena de manifestantes aguardavam o grupo.

Segundo o presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Márcio Ayer, o objetivo é chamar a atenção da sociedade para a importância da manutenção dos empregos e a necessidade de proteção dos trabalhadores antes mesmo da quitação de dívidas com credores, conforme prega a legislação.

"São mais de 44 mil empregos diretos e, somando os indiretos, mais de 100 mil postos de trabalho. Caso seja comprovada a fraude, queremos a punição dos controladores e principais acionistas e a proteção dos funcionários", diz Ayer.

Ele acrescenta que já existe uma Ação Civil Publica (ACP) protocolada na Justiça Federal reivindicando o bloqueio dos bens da empresa para pagamento e proteção dos funcionários da Americanas.

"Vamos brigar pela manutenção de todos os empregos. Há um clima de incerteza e insegurança sobre o futuro, porque a empresa já começou a rescindir contratos com terceirizados. Isso claramente prejudica uma cadeia de empregos muito grande", diz Ayer.

Ele participa da reunião com representantes de Americanas, acompanhado de uma funcionária da empresa que é diretora sindical e lideranças de quatro centrais sindicais: UGT, CUT, CTB e Força Sindical.

Histórico

A Americanas monta uma proposta de Recuperação Judicial que lhe permita arcar com dívidas de R$ 43 bilhões declaradas à Justiça. O processo é capaz de evitar a falência, desde que seja acordado com credores. Pela lei, o mecanismo da recuperação judicial estipula uma ordem de prioridade para os pagamentos, com os funcionários à frente dos credores.

No entanto, muitas dessas empresas credoras, fornecedores e sobretudo bancos, fazem uma blitz na Justiça para bloquear valores da empresa ou acionistas de referência e garantir a antecipação de pagamentos. Algumas ações têm como alvo as fortunas dos maiores acionistas da empresa, os multibilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, que reduziram participação acionária anos antes do escândalo.

O aval da Justiça à Recuperação Judicial veio em 19 de janeiro, após pedido da varejista, que era dado como certo por analistas e agentes de mercado. A crise começara pouco mais de uma semana antes, em 11 de janeiro, quando o então presidente da empresa, Sergio Rial, renunciou ao cargo e revelou que a varejista mascarou, por anos, dívidas equivalentes a R$ 20 bilhões em seu balanço. Oficialmente, Rial estava no cargo somente há nove dias.

O escândalo contábil fez derreter o valor de mercado da empresa e inaugurou uma guerra judicial entre a varejista e seus maiores credores, como o banco BTG, um dos mais atuantes. Os maiores bancos do País, como Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil, Caixa e Safra também figuram nessa lista de credores.

Essas instituições financeiras concediam os empréstimos capazes de fazer o negócio girar sob a prática de "risco sacado", quando a empresa ou seus fornecedores recorrem a bancos para adiantar pagamentos e dar continuidade à operação. Quando os fatos vieram à público, credores começaram acionar cláusulas de antecipação de pagamento dos empréstimos, rebatido com um pedido de blindagem dos ativos e recursos da empresa, numa alternância de decisões que tem dado o tom da disputa.

A Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban) criticou em nota, nesta quinta-feira (2), a decisão da Justiça do Rio de Janeiro de não cumprir a busca e apreensão na sede da Americanas, determinada pela comarca de São Paulo. O juiz Alexandre de Carvalho Mesquita, da 2ª Vara Empresarial, do Rio, afirmou que a Justiça paulista não tem competência para determinar a medida em outra região.

A decisão de São Paulo determinava busca e apreensão em todas as caixas de e-mail institucionais de diretores, membros do Conselho de Administração e outras pessoas ligadas à Americanas.

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"A medida deferida pelo juízo deprecante extrapola a sua competência, uma vez que o parágrafo 2º do art. 381 do NCPC estabelece textualmente que 'a produção antecipada da prova é da competência do juízo do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do réu'", diz o juiz na decisão.

Segundo a Febraban, a decisão carioca precisa "ser revista", e a busca e apreensão dos emails realizada imediatamente "para necessária Justiça".

"Causa estranheza e perplexidade a posição da 2ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro de não dar cumprimento à decisão judicial de busca e apreensão dos e-mails institucionais e dos administradores das Lojas Americanas", continua a Febraban, em seu primeiro posicionamento oficial sobre o rombo contábil. A dívida da empresa ultrapassa R$ 40 bilhões.

"As denominadas 'inconsistências contábeis' das Lojas Americanas precisam e devem ser esclarecidas. São milhares de pessoas e empresas afetadas que necessitam de uma resposta. Afinal, as 'medidas' implementadas pelos administradores das Lojas Americanas causaram prejuízos a toda sociedade com impactos ainda imensuráveis", afirmou a federação.

Na visão da instituição, a decisão da Justiça paulista nada mais é do que "efetivar a busca pela elucidação dos fatos". "Não por outra razão, a própria CVM (Comissão de Valores Mobiliários) solicitou que todas os dados obtidos na busca e apreensão sejam a ela também disponibilizados", afirma.

A Americanas contratou Cristiano Zanin, advogado que defendeu o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na Operação Lava Jato e que é cotado para o Supremo Tribunal Federal (STF). A empresa contratou Zanin para a defesa no processo que corre no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em que o banco BTG Pactual briga para seguir retendo R$ 1,2 bilhão do caixa da varejista.

Esse foi o golpe mais duro que a Americanas sofreu em seu caixa desde o início da crise, quando a empresa comunicou inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões.

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Após o BTG, outros bancos bloquearam recursos da empresa que teve de pedir Recuperação Judicial de forma atabalhoada para não quebrar.

Após bloqueios judiciais e cancelamento de adiantamentos, a varejista ficou com o caixa quase vazio.

Conforme adiantou o jornal O Estado de S. Paulo, a empresa tem estimativa de quatro meses de estoque sem o aporte dos acionistas de referência - Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.

Em 20 de janeiro deste ano, a companhia entrou em recuperação judicial, reportando dívidas superiores a R$ 40 bilhões.

A Americanas entregou a lista de credores de seu processo de recuperação judicial nesta quarta-feira (25). A varejista informou um montante de R$ 41,056 bilhões em dívidas com os credores de classe III, que representam as dívidas com terceiros, e que somam 6.438 partes. A lista toda conta com 7.967 nomes. Os maiores credores da companhia são os bancos, com os mais altos saldos.

O maior credor da companhia é o Deustche Bank, com um saldo de US$ 1 bilhão, equivalente a R$ 5,2 bilhões. O banco alemão, porém, informou que não tem exposição direta de crédito à varejista brasileira - de acordo com uma fonte, o Deutsche atua como agente fiduciário (trustee) de dois títulos de dívida (bonds) que a Americanas emitiu no exterior no segundo semestre.

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Logo depois vem o Bradesco, com R$ 4,8 bilhões a receber da companhia.

Com o Santander Brasil, os débitos ultrapassam os R$ 3,6 bilhões. Já o BTG Pactual é credor de R$ 3,5 bilhões, e o BV, de R$ 3,3 bilhões.

Em nota, o BV informou que os valores que a Americanas disse dever a ele estão inflados, e que vai reiterar a informação à varejista. Segundo o BV, no último dia 11, quando a Americanas informou um rombo contábil de R$ 20 bilhões, a exposição do BV era de cerca de R$ 206 milhões.

A companhia deve ainda R$ 2,9 bilhões ao Itaú Unibanco, R$ 1,3 bilhão ao Banco do Brasil, R$ 509 milhões ao Daycoval e R$ 501 milhões à Caixa Econômica Federal (CEF).

O débito da Americanas com o Banco ABC Brasil é de R$ 415,6 milhões, e com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é de R$ 276 milhões, de acordo com a lista. Outro banco credor é o Banco da Amazônia, com R$ 103 milhões a receber.

Entende-se que a lista apresentada ainda não deve ser definitiva. Como a empresa não estava preparada para uma Recuperação Judicial, ainda há informações sendo levantadas. Uma fonte ouvida pela reportagem acredita que pode haver alterações ao longo dos dias de algo em torno de 20% das informações. "Nem o tamanho do rombo é possível ter certeza ainda", disse.

A crise nas Americanas se tornou pública depois que o ex-CEO Sergio Rial - que estava no cargo havia pouco menos de 10 dias no cargo - divulgou que foram identificadas "inconsistências" nos balanços dos últimos anos. A Americanas tem uma dívida declarada de R$ 43 bilhões.

Samsung, Google, Apple e Facebook; Nestlé e Ferrero Rocher

A lista de credores da Americanas apresenta, além de bancos e instituições financeiras, fornecedores de serviços e produtos. Dentre os destaques dessa categoria está a Samsung, com R$ 1,2 bilhões devidos pela Americanas. Mas outras gigantes de tecnologia estão na lista com montantes menores.

Para o Google, a varejista deve R$ 94 milhões, para a Apple, são R$ 98,6 milhões e para o Facebook, R$ 11,4 milhões.

Com fabricantes de chocolates, a dívida também é alta. São R$ 259 milhões em dívidas com a Nestlé e R$ 14,8 milhões com Ferrero Rocher.

Para a Ambev, que tem entre seus principais acionistas o trio de investidores de referência da Americanas (Jorge Paulo Lemann, Carlos Sicupira e Marcel Telles), a Americanas deve R$ 4 milhões.

No domingo, Lemann, Sicupira e Telles emitiram uma nota pública em que se posicionaram pela primeira vez desde o começo da crise. Um trecho em particular incomodou os bancos: o que sugere que as instituições não teriam se atentando ao rombo contábil, ou seja, teriam parte da culpa.

"Ela (auditoria PwC), por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade", afirmou o trio da nota do fim de semana.

A manifestação do trio causou indignação nos maiores bancos privados do País, ao tentar responsabilizar os próprios credores pelos problemas contábeis da empresa.

Segundo executivos que acompanham o caso, o posicionamento até aqui dos acionistas de referência da Americanas enfureceu os bancos credores da varejista, que começam a falar nos bastidores em possíveis retaliações. Algumas instituições já teriam começado a reduzir o crédito a outras empresas sob controle do trio, como a Ambev.

Americanas deve até à Ame

A Americanas deve R$ 974,8 milhões à fintech do grupo, a Ame Digital, de acordo com dados da lista de credores da recuperação judicial da varejista. O montante é superior ao devido a alguns bancos, como o Daycoval, a quem a empresa deve R$ 509 milhões, e à Caixa, com quem tem dívidas de R$ 501 milhões.

A lista não detalha a que tipo de operação se refere o débito com a Ame. A empresa é a fintech do grupo e, além de atuar no chamado "mar aberto", também é meio de pagamento de operações nos canais da Americanas.

Entre os credores da recuperação judicial, o documento coloca a Ame na classe III, de credores sem garantias reais. É a mesma classe em que estão os bancos, que são os maiores credores da companhia.

A Americanas confirmou nesta quarta-feira (25) em fato relevante que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu o bloqueio do valor de cerca de R$ 1,2 bilhão em conta do Banco BTG. O valor deve, assim, ser liberado à Companhia e ser utilizado somente para a atividade fim da Companhia, sob direta gestão do Administrador Judicial até o julgamento do mérito do Mandado de Segurança impetrado pelo Banco BTG. A informação foi adiantada pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

"Adicionalmente, na data de ontem, o Juízo da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Rio de Janeiro deferiu o arresto/sequestro dos valores reclamados pela Companhia e que tinham sido bloqueados pelos Bancos Safra e Votorantim", diz a empresa.

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Com a decisão, o dinheiro bloqueado que vier a ser "arrestado ou sequestrado" voltará a ser de propriedade da Companhia, mas deverá ser mantido em deposito judicial.

O pedido de recuperação judicial feito na semana passada pela quase centenária varejista Americanas, em meio a um rombo superior a R$ 40 bilhões, provocou muitos estragos. As ações da companhia na Bolsa despencaram, fornecedores tiveram de procurar outros canais de vendas, bancos começaram a contabilizar o tombo com créditos a receber e também o valor da marca foi posto em xeque.

De acordo com o estudo da consultoria internacional Interbrand, em 2021, a Americanas ocupava a décima posição entre as marcas brasileiras mais valiosas. Na época, a consultoria avaliava a marca Americanas em R$ 1,793 bilhão.

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A marca se destacava pela forte valorização de 25% em relação ao ano anterior. Só perdia nesse quesito no ranking das 25 marcas mais valiosas para o Magalu, que teve valorização de 66% no mesmo período.

Jaime Troiano, sócio da TroianoBrading, um dos maiores especialista em marcas, explica que, em situação normal, o valor de uma marca é geralmente calculado com base no fluxo de caixa futuro que ela pode gerar para o negócio trazido a valor presente.

No entanto, em situações de crise, como a enfrentada hoje pela Americanas fica inviável fazer esse cálculo. "O valor da marca é sempre uma parcela do negócio e hoje não sabemos quanto vale esse negócio e se ele continuará existindo", argumenta.

Memória afetiva

No entanto, existe um pedaço do valor da marca, que é a memória afetiva dos consumidores. Nas crises, inclusive, a memória é fortalecida. "O mercado pode até desvalorizar a marca, mas não mata a memória, que nesses momentos se torna mais viva na cabeça de quem frequentou a loja", diz Troiano.

Os mais velhos, por exemplo, certamente se lembram do famoso misto quente no pão de forma feito na lanchonete que ficava ao fundo, na época, da chamada Lojas Americanas, que funcionava na rua Direita, no centro da capital paulista.

Para os mais jovens, a atual Americanas também remete ao lanche, mas repaginado. A loja se tornou uma espécie de ponto obrigatório de parada para a compra de salgadinhos, chocolates, refrigerantes, cervejas, por exemplo, antes da sessão de cinema ou da balada.

Ao que tudo indica, o valor afetivo da marca Americanas é significativo. Na opinião do especialista, a presença dessa marca na memória dos brasileiros passa um pouco ao largo das turbulências comerciais e jurídicas que a empresa enfrenta no momento.

"A marca Americanas pode ser uma excelente ferramenta na mão de um experiente artesão", compara Troiano.

Por conta da lembrança na cabeça do consumidor, ele acredita que a marca pode ser importante ativo no pacote de venda de outros, como o hortifrúti, para tapar o rombo da rede.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Americanas deu entrada no processo de recuperação judicial na quinta-feira (19) após reportar "inconsistências contábeis" em 11 de janeiro. A empresa afirmou ter R$ 800 milhões em caixa e ter dívidas de R$ 43 bilhões. A recuperação judicial da Americanas é a quarta maior da história do Brasil.

Em termos de valores, a maior recuperação judicial do País é a da Odebrecht, que iniciou o processo com dívidas de R$ 80 bilhões. A segunda maior é da Oi, recentemente finalizada, de R$ 65 bilhões. A terceira é a da Samarco, de R$ 55 bilhões.

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A dívida da Americanas, de R$ 43 bilhões, é maior que a da Sete Brasil, com R$ 19 bilhões, e da OGX, com R$ 12,3 bilhões, no ranking de maiores processos de recuperação judicial no Brasil.

A Americanas tem 44 mil funcionários. De acordo com a varejista, o processo de recuperação judicial tem o objetivo de "manutenção de empregos, pagamento de impostos e a boa relação com seus fornecedores e credores e investidores de forma geral".

"A história da Americanas segue com determinação rumo a uma nova fase, com o compromisso com a sociedade e disposta a construir soluções que possam vir atender aos credores da empresa", informou a empresa, em comunicado.

No fato relevante compartilhado pela empresa com o mercado na quinta-feira, a Americanas reafirmou que Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira irão financiar parte da recuperação da empresa.

"Para tanto, o grupo de acionistas de referência da empresa informou ao Presidente do Conselho de Administração que pretende manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação de todas as lojas, do seu canal digital, Americanas.com, da AME e suas coligadas", diz a nota.

Flávia Nascimento, presidente da Comissão de Direito da Moda da OAB-SP, afirma que a recuperação judicial nada mais é do que uma forma de renegociar o pagamento de dívidas, e, inclusive, obter desconto no pagamento. "A lei não pretende proteger devedores, nem só proteger os credores, mas sim a atividade empresarial. A empresa tem uma função muito importante na economia, uma função social", diz.

A Americanas, bem como Submarino, Shoptime e Natural da Terra, devem continuar a funcionar normalmente durante o processo de recuperação judicial. O que os consumidores podem sentir, segundo especialistas em varejo ouvidos pela reportagem, é uma redução do estoque da empresa, com menor diversidade de produtos à venda.

"Depois que pediu recuperação judicial, a Oi continuou vendendo linhas telefônicas, os clientes continuaram a usar os serviços da empresa. Em paralelo, houve negociação com os credores o pagamento da dívida", afirma Cassio Cavalli, professor da FGV Direito SP.

Fernando Brandariz, sócio do Mingrone e Brandariz Advogados e presidente da Comissão de Direito Empresarial da OAB Pinheiros, afirma que a Americanas ainda pode ir à falência se não atender aos requisitos do plano ou contrair novas dívidas. "A falência ocorre quando o plano de recuperação judicial não é aprovado ou se no decorrer do plano as medidas não forem cumpridas. O credor informa o juiz e vai intimar a empresa. No caso da Itapemirim, os parcelamentos do passivo tributário não eram pagos e o plano também não foi cumprido. Então, houve a falência", diz.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) informou nessa quinta-feira (19) que foi aceito o pedido de recuperação judicial apresentado pelo Grupo Americanas. A decisão é do juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial da capital. Na semana passada, a descoberta de inconsistências contábeis no balanço fiscal do grupo resultou no pedido de demissão do presidente Sérgio Rial e do diretor de relações com investidores André Covre.

Ambos haviam sido empossados há pouco mais de uma semana, mas anunciaram a decisão de deixar os cargos ao estimar que havia um rombo de R$ 20 bilhões. A notícia gerou uma queda bruscas imediata de mais de 70% nas ações da Americanas cotadas na Bolsa de Valores. O anúncio do pedido de recuperação judicial também impactou os ativos, que desvalorizaram hoje quase 40%. Na petição apresentada ao TJRJ, o grupo calcula que as inconsistências contábeis devem elevar as dívidas para um montante em torno de R$ 40 bilhões.

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A recuperação judicial é solicitada quando uma empresa se encontra em dificuldades financeiras. Com o pedido aceito, eventuais execuções judiciais de dívidas são paralisadas por 180 dias e a empresa deverá apresentar em 60 dias uma proposta que inclua formas de pagamento aos credores e uma reorganização administrativa, de forma a evitar que a situação se agrave e chegue a um cenário de falência. A lista completa dos mais de 16 mil credores deverá ser entregue em 48 horas.

O Grupo Americanas é composto pelas empresas Americanas S.A., B2W Digital Lux e JSM Global. Elas são responsáveis por marcas variadas que realizam vendas a varejo e por meio da internet, tais como as Lojas Americanas, Americanas.com, Submarino, Shoptime, Hortifrutti, entre outras. Segundo a petição apresentada ao TJRJ, juntas elas atingem mais de 50 milhões consumidores.  

O grupo sustentou que preenche todos os requisitos legais da Lei de Recuperação Judicial e que é incontestável a necessidade do atendimento do pedido para superação da sua crise financeira e preservação da sua atividade empresarial. Também informou que seu conselho de administração já criou um comitê independente formado por profissionais, que será responsável por investigar o cenário e apresentar suas conclusões aos acionistas, ao mercado e à sociedade em geral.

“Em razão do potencial descumprimento de obrigações contratuais acessórias, previstas em vários dos contratos celebrados com seus credores, inclusive estrangeiros, tornou-se iminente o risco de declaração de vencimento antecipado e imediato da totalidade de suas bilionárias obrigações”, registra o pedido.  

Mais cedo, o Grupo Americanas já havia admitido, em comunicado ao mercado, a possibilidade de pedir recuperação judicial. Na ocasião, foi informada uma posição de caixa de R$ 800 milhões e que uma parcela estava indisponível para movimentação.

Em novo comunicado divulgado ao mercado para confirmar o pedido de recuperação judicial, o Grupo Americanas afirmou confiança na manutenção de suas operações e informou que o grupo de acionistas de referência da empresa - que é formado pela 3G Capital Partners dos sócios Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Hermann Telles - manifestou que pretende manter sua liquidez em patamares que permitam o bom funcionamento de todas as lojas.

"A companhia manterá seu esforço na busca por uma solução com os seus credores, para manter seu compromisso como geradora de milhares de empregos diretos e indiretos, amplo impacto social, fonte produtora e de estímulo à atividade econômica, além de ser uma relevante pagadora de tributos", acrescenta o texto.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia que atua na fiscalização do mercado de capitais brasileiro, publicou nota nesta noite informando que uma força-tarefa promoveu a instauração de sete processos administrativos para investigar a situação envolvendo o Grupo Americanas. Entre diversas questões, serão apuradas denúncias de irregularidades relacionadas com informações contábeis, divulgação fatos relevantes e comunicados, negociações envolvendo ativos emitidos pela companhia, condutas dos acionistas de referência e atuação de agências de classificação de risco de crédito.

"Caso venham a ser formalmente caracterizados ilícitos ou infrações, cada um dos responsáveis poderá ser devidamente responsabilizado com o rigor da lei e na extensão que lhe for aplicável", registra o texto. A CVM também informou que atua em cooperação com a Polícia Federal e com o Ministério Público Federal (MPF) e que está em constante diálogo com a Advocacia-Geral da União (AGU) para coordenar uma eventual atuação conjunta em juízo. Além disso, foi criada uma chamada na capa de seu portal eletrônico para recebimento de novas denúncias relacionadas aos fatos recentes.

A Americanas confirmou em fato relevante encaminhado à CVM que ajuizou, com suas subsidiárias ST Importações Ltda, JSM Global S.Á.R.L. e B2W Digital Lux S.Á.R.L, pedido de recuperação judicial do Grupo Americanas na 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro.

No documento, a empresa afirma que, a despeito dos esforços e das medidas que a administração dos últimos dias, em conjunto com seus assessores financeiros e legais, para proteger a companhia dos efeitos decorrentes da descoberta de financiamentos de compras da dimensão de R$ 20 bilhões não adequadamente refletidos nas demonstrações financeiras de 30/9/2022, o conselho de administração aprovou o pedido em caráter de urgência, por unanimidade.

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A decisão, segundo a Americanas, considerou os desafios que está enfrentando na interface com credores e fornecedores desde revelação das inconsistências contábeis; a necessidade de atendimento dos interesses de seus credores, acionistas e stakeholders; a posição de caixa que reduziu-se sobremaneira; e a necessidade de preservação da continuidade da oferta de serviços de qualidade.

No fato relevante, a Americanas afirma que o total dos créditos listados nos documentos protocolados com o pedido de RJ soma aproximadamente R$ 43 bilhões e que "o grupo de acionistas de referência informou ao presidente do conselho de administração que pretendem manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação de todas as lojas, do seu canal digital, - americanas.com - , da Ame e suas demais coligadas".

A companhia disse ainda que mantém seu esforço na busca por uma solução com os seus credores e reafirma "a confiança que tem em sua capacidade operacional e comercial para que seja bem-sucedida na proposição e aprovação de um plano de recuperação que permita ganho de valor para a companhia e seus stakeholders".

A apresentação do pedido de RJ foi feita nos autos da Tutela de Urgência Cautelar ajuizada em 12 de janeiro e a administração pretende tomar as providências necessárias à efetivação do pedido de recuperação em todas as jurisdições que sejam necessárias. A medida será levada à Assembleia Geral da Companhia, a ser convocada.

Depois de mais de seis anos, a recuperação judicial da Oi foi encerrada na noite dessa quarta-feira (14) pelo juiz responsável pelo caso, Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que classificou o processo como o maior do gênero no País. "Chega ao fim o mais impactante e relevante processo de recuperação judicial do judiciário brasileiro, e um dos casos mais complexos do mundo jurídico contemporâneo", afirmou.

A Oi foi criada para ser uma "supertele" nacional, mas logo se viu em dificuldades. Quando deu entrada no processo de recuperação, em 2016, respondia por 140 mil empregos diretos e indiretos, tinha 70 milhões de clientes em todos os 5,5 mil municípios do País e pagava R$ 10 bilhões em impostos por ano.

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A recuperação tratou de endereçar R$ 65 bilhões em dívidas para 55 mil credores - número posteriormente revisto para 65 mil. A tramitação do caso acumulou 600 mil folhas, reunindo 800 mil ações judiciais e 20 mil mediações, no Brasil e no exterior. "Sob qualquer aspecto, um recorde histórico impensável e inigualável", descreveu o magistrado. O encerramento do processo vale para o conjunto de empresas que formam o Grupo Oi.

O surgimento da Oi é um dos desdobramentos da política de privatização da Telebrás, em 1998, seguida pela aglutinação das empresas privadas que passaram a deter a concessão da telefonia fixa nos anos seguintes. O movimento foi turbinado por verbas do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como incentivo à criação de uma supertele nacional.

Essa política, entretanto, se revelou desastrosa após a série de aquisições que levaram passivos bilionários para dentro da Oi, como ocorrido na incorporação da Brasil Telecom e da Portugal Telecom. A tele também sofreu com a perda de receitas pelo uso cada vez menor da telefonia fixa e pela necessidade de investir na formação de redes móveis - que acabaram vendidas este ano para suas rivais TIM, Vivo e Claro, por R$ 16,5 bilhões. Posteriormente, as companhias pediram parte do dinheiro que pagaram de volta à Oi.

Um dos maiores desafios da Oi pela frente é a discussão judicial com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para revisão das obrigações de manutenção da telefonia fixa. A empresa também está negociando com credores o rearranjo no pagamento de compromissos relativos a uma dívida bruta remanescente da ordem de R$ 22 bilhões.

PROBLEMAS À FRENTE

O juiz Fernando Viana lembrou que as soluções de mercado para sanar a Oi se estendem além do período da supervisão judicial. "Não é objetivo do processo de recuperação conferir se o devedor irá cumprir todas as obrigações contraídas no plano ou se conseguirá escapar da crise que o acomete", pondera. "O conceito desta ação é o de viabilizar a negociação transparente e equilibrada entre a devedora e seus credores, objetivo que de forma exitosa fora alcançado neste processo."

Viana atestou que a Oi cumpriu até aqui todas as obrigações previstas no seu plano de recuperação judicial - o que também foi atestado pelo Ministério Público e pelo administrador judicial do processo, o escritório Wald Advogados.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A companhia aérea Latam anunciou na manhã desta quarta-feira, 12, que deve sair do processo de recuperação judicial (Chapter 11) no início de novembro. Fortemente atingido pela crise da pandemia, o grupo pediu recuperação judicial nos Estados Unidos em maio de 2020. A operação da empresa no Brasil seguiu o mesmo caminho 45 dias depois, após negociações de financiamento com o BNDES fracassarem.

Para deixar o processo de recuperação judicial para trás, o grupo emitiu US$ 1,15 bilhões em títulos, parte com vencimento em cinco anos e parte em sete anos. Também conseguiu um financiamento de US$ 1,1 bilhão por cinco anos. Os recursos serão usados para pagar outro financiamento que a companhia havia feito no início do processo de recuperação. A empresa também obteve uma linha de crédito rotativa de cerca de US$ 500 milhões. Mas, conforme antecipou a Coluna do Broadcast, do sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o resultado da emissão de títulos foi menos favorável para a empresa do que ela esperava.

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Em nota, o presidente do grupo, Roberto Alvo, destacou as condições de liquidez da Latam após a recuperação. "Em um contexto muito desafiador e dinâmico, estamos no caminho para concluir o financiamento exigido pelo Plano de Reestruturação. Nas próximas semanas, esperamos sair do Capítulo 11 com US$ 2,2 bilhões de liquidez e uma redução da dívida de cerca de 35% em relação ao que tínhamos quando começamos esse processo."

A Latam foi a empresa aérea com operação doméstica no Brasil que mais sofreu durante a pandemia, principalmente por ser também a que possui a maior operação internacional. Com os bloqueios de entrada de viajantes adotados por diversos países logo após o surgimento da covid-19, a companhia teve de suspender grande parte dos seus voos internacionais.

Durante o processo de recuperação judicial da Latam, a Azul anunciou diversas vezes que estava tentando comprar a empresa e negociando formas de viabilizar a aquisição direto com os credores. A Latam, no entanto, acabou conseguindo fechar acordo com os principais credores em um período de exclusividade de negociação que lhe era garantido pela justiça dos EUA.

Após entrar com um pedido de recuperação judicial, o Santa Cruz teve sua solicitação deferida pelo juiz da 9ª Vara Cível do Recife, Arnóbio Amorim Araújo Júnior. Com isso, todas as dívidas do clube se encontram suspensas. O mesmo vale para o leilão do Arruda. A informação é da jornalista Camila Sousa, do Globo Esporte.

O juiz determinou um prazo de 180 dias de suspensão para as dívidas do clube tricolor. Quando esse período de tempo terminar, o clube terá que apresentar um planejamento de recuperação judicial aos seus credores.

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O Santa Cruz anunciou que entrou com um pedido de recuperação judicial na 9ª Vara Cível da Comarca do Recife a fim de suspender um leilão do Arruda. O principal propósito do clube tricolor com isso é poder renegociar suas dívidas e preservar o Arruda, seu patrimônio principal.

Na nota, o Santa afirma que ''a medida não será isolada e está em conjunto com diversas outras ações que estão sendo estudadas''.

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A reportagem do LeiaJá entrou em contato com Iam Phillippe, advogado especialista na área de direito empresarial, que elucidou o processo de recuperação judicial solicitado pelo clube coral.

‘’A recuperação judicial tem como objetivo viabilizar a saída da situação de crise financeira por parte de uma empresa, porque a empresa é produtora de empregos e promove a arrecadação de tributos. E a manutenção da empresa devedora visa atender o interesse dos credores, afinal de contas, se a empresa for à falência, os credores terão muita dificuldade para receber seus créditos’’, enfatizou.

‘’A empresa tem que apresentar um plano de recuperação e esse plano terá sua viabilidade analisada. O plano precisa apresentar saídas para essa situação de crise econômica. Algo que no médio ou longo prazo possa trazer a empresa para uma situação de normalidade econômica’’, completou.

Caso o pedido do clube seja aprovado, o Santa Cruz terá um prazo de até 60 dias para apresentar um plano de pagamento aos seus credores. A Cobra Coral atualmente possui um passivo de R$ 222 milhões. 

‘’No caso do Santa Cruz, a minha dúvida é se esse pedido será acatado, porque a legislação não prevê a aplicação da recuperação judicial para o modelo associativo adotado pelo clube. Contudo, temos um precedente no judiciário brasileiro, quando o Figueirense conseguiu a recuperação extrajudicial por meio do Poder Judiciário’’, finalizou.

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A Latam emitiu um comunicado na noite deste sábado (18) informando que o Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York nos Estados Unidos aprovou o plano de recuperação judicial apresentado pela aérea em seu processo de reorganização nos EUA (onde o procedimento tem o nome de Capítulo 11).

A empresa pretende terminar o processo de recuperação no segundo semestre deste ano. O plano atende aos requisitos legais dos Estados Unidos e do Chile.

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Nos próximos meses, a empresa pretende conseguir a aprovação do registro de ações e títulos mobiliários no registro de valores da Comissão do Mercado Financeiro do Chile (CMF) e a implementação dos respectivos períodos de direito de preferência para a oferta das ações e títulos conversíveis aos atuais acionistas.

Uma vez concretizados os objetivos, a empresa pretende seguir o plano de recuperação, apresentado em novembro de 2021: injeção de US$ 8,19 bilhões no grupo por meio de uma combinação de capital novo, títulos conversíveis e dívida.

Segundo a empresa, isso inclui o financiamento de US$ 5,4 bilhões garantido pelos principais acionistas (Delta Air Lines, Qatar Airways e Grupo Cueto) e pelos principais credores da Latam (ou seja, os credores representados pelo grupo Ad Hoc de Credores da Latam Parent e certos detentores de títulos locais).

Quem acessa o site da Ricardo Eletro procurando por promoções de televisores a máquinas de lavar pode ficar frustrado. Isso porque no site daquela que já foi a segunda maior varejista de eletrônicos do Brasil existem apenas alguns itens aleatórios à venda, como coleira antilatido, colchonetes para exercícios e um repelente eletrônico.

Segundo o presidente da companhia, Pedro Bianchi, essa complicada realidade está prestes a mudar. Já no próximo mês, a varejista - que é uma marca da Máquina de Vendas - irá retomar a comercialização dos mais variados itens e de diversas marcas por meio de seu marketplace, com uma marca totalmente reformulada. E, futuramente, voltará a operação própria.

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"A empresa chegou ao fundo do poço, mas agora estamos apostando em uma reformulação total e uma pegada mais digital, porém sem megalomania", afirma Bianchi.

Para entender a atual situação da companhia é preciso voltar um pouco no tempo. Após uma consolidação em série de varejistas regionais no começo da década passada feita pela Ricardo Eletro, cujo dono era o empresário Ricardo Nunes, surgiu a Máquina de Vendas.

Além da marca principal, o grupo tinha outras, como a Insinuante, Salfer, City Lar e Eletroshopping. O faturamento chegou a R$ 9,5 bilhões em 2014, com 1,2 mil lojas.

Porém, com dificuldades de absorver as empresas adquiridas e uma operação digital bem abaixo da concorrência, tudo começou a desandar.

Em 2018, veio a recuperação extrajudicial - graças aos bilhões em dívidas com bancos e fornecedores - e a promessa de que as coisas iriam mudar. Foi nessa época que Bianchi, então sócio do fundo Starboard, entrou no comando da empresa.

A pandemia complicou o cenário da já combalida Máquina de Vendas, que decidiu fechar todas as lojas. Resultado: a receita da empresa foi minguando, de R$ 180 milhões mensais em 2019 para praticamente zero.

Para completar, por dívidas tributárias, Ricardo Nunes foi preso em 2020, acusado de sonegação, mas ficou só um dia na cadeia.

Bianchi comprou a participação de Nunes e o antigo dono partiu para a vida de coach.

Durante a pandemia, Bianchi decidiu largar o seu cargo na Starboard para focar totalmente na Máquina de Vendas. Com isso, a sua principal missão foi renegociar todas as dívidas da companhia, que chegam a R$ 4 bilhões, além de mais R$ 1 bilhão em atrasos tributários.

O resultado disso tudo foi que a empresa precisou entrar em recuperação judicial.

Presente

Enquanto isso era feito, a empresa se readequou à nova realidade. O número de funcionários - que chegou a ser de 28 mil - está em 40, com a maioria trabalhando de casa e alguns no modelo híbrido, em uma pequena sede em Contagem (MG).

O sistema do e-commerce, que era próprio, foi trocado pelo da VTEX.

Com o site novo, Bianchi aposta na atração de vendedores cobrando comissões menores nas vendas em comparação às suas rivais para fazer frente nesse novo momento.

Com essa estratégia, Bianchi estima que a Máquina de Vendas volte a ter vendas brutas de R$ 120 milhões mensais até o fim do ano.

O retorno das lojas físicas está previsto para 2023, começando por São Paulo e Minas Gerais.

"Apesar de nunca termos tido lojas em São Paulo, é o mercado que mais compra do nosso e-commerce. E também estamos estudando voltar com algumas marcas, pois há muitos consumidores pedindo a volta de lojas como a Salfer e a Insinuante", diz o presidente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Coritiba entrou com pedido de recuperação judicial na noite de segunda-feira para dar andamento a um plano de reestruturação, iniciado no ano passado, com a criação do Coritiba SAF (Sociedade Anônima do Futebol). As SAFs foram legalizados em 2021 e permitem aos clubes criarem sociedade anônima e integralizar os ativos, para facilitar a entrada de investidores e reestruturações de dívida.

Como parte desse processo, o Coritiba contratou a XP Investimentos para buscar investidores ao clube. O pedido foi entregue pela Lollato Lopes Advogados, que representa o clube no processo. A Alvarez & Marsal é responsável pela reestruturação financeira.

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O Coritiba tem dívidas totais próximas de R$ 300 milhões, sendo cerca de R$ 150 milhões em dívidas concursais, ou seja, que devem ser reestruturadas sob supervisão da Justiça, e aproximadamente R$ 120 milhões em tributárias, entre outras.

A XP já atuou como assessor financeiro do Cruzeiro e do Botafogo, vendido para o ex-jogador Ronaldo Nazário e o empresário americano John Textor, respectivamente.

"O Coritiba é um clube único no Brasil. Campeão brasileiro, revelador frequente de atletas de destaque no cenário internacional e dono de uma torcida apaixonada que vive e consome o clube", diz o sócio da divisão de esportes do banco de investimentos da XP, Guilherme Ávila, em nota.

Segundo ele, o Coritiba caminha para dar previsibilidade a sua dívida, "passo relevante na busca por investidores, que poderão avaliar o clube sem ter que conviver com a incerteza de passivos que, se mal geridos, podem colocar o projeto em risco", diz.

Às vésperas dos seis anos da tragédia de Mariana (MG), o processo de recuperação judicial da empresa que pertence às gigantes Vale e BHP Billiton já é um dos mais conturbados da história do País. Com uma dívida de R$ 50 bilhões, o processo colocou em pé de guerra as mineradoras com um grupo bastante vocal de credores que engloba vários fundos estrangeiros, o que se reflete em uma série de ações que se acumulam na Justiça.

A Samarco é o único investimento da australiana BHP no Brasil. O foco da empresa tem sido na reparação da tragédia, diz o vice-presidente Jurídico e de Assuntos Corporativos da mineradora no Brasil, Ivan Apsan, que chegou à companhia em 2017 para tocar esse assunto.

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Segundo Apsan, a recuperação judicial da Samarco, anunciada no começo do ano, não era o caminho desejado - a ideia era fazer o processo de forma extrajudicial. Porém, mudança de postura dos fundos credores, que detêm cerca de R$ 25 bilhões da dívida, motivou a companhia a pedir proteção judicial.

Com base na nova lei de recuperação judicial, porém, os credores têm questionado na Justiça o processo da Samarco, com uma série de liminares acusando as mineradoras de se "blindarem" das obrigações relativas à tragédia. O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) também questiona o processo.

A mudança da postura, segundo o executivo, pode ter sido um reflexo da mudança recente da legislação no Brasil, que passou a permitir que os credores possam apresentar um plano de recuperação alternativo caso a proposta feita inicialmente pelo devedor seja rejeitada ou se esgote o prazo para a votação.

"O que não queremos é que a recuperação judicial da Samarco se transforme em um balão de ensaio da nova lei de recuperação judicial", afirma Apsan, que também está no conselho de administração da Samarco.

O vice-presidente de joint-venture não operada da BHP, Simon Duncombe, que faz visitas regulares ao Brasil, diz que a venda de sua participação de 50% na Samarco não é "prioridade ou intenção" da BHP. "A mineradora tem recursos incríveis, ainda disponível para 30, 40, 50 anos", diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Oi, atualmente em recuperação judicial, propôs aos acionistas duas reorganizações em sua estrutura societária necessárias para levar adiante o plano de recuperação. A empresa quer autorização para incorporar a Telemar, que atualmente detém licenças para telefonia fixa e serviços multimídia junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), e para cindir e incorporar uma parte da Brasil Telecom Comunicação Multimídia (BTCM).

Segundo a Oi, os movimentos são necessários para tocar o plano de recuperação judicial da telefonia. Após um aditamento feito no ano passado, o plano prevê a divisão da Oi com a venda de parte de seus ativos, e que a empresa ficará como sócia na InfraCo, unidade de fibra ótica. Parte das demais verticais, como a Oi Móvel, já foi vendida.

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Na incorporação da Telemar, a Oi propõe extinguir ações ordinárias e preferenciais da empresa, mas uma parcela de 30.595.616 papéis preferenciais de classe A será substituída por 644.019.090 ações ordinárias da Oi, que serão emitidas especialmente para esse fim e mantidas em tesouraria. Segundo a Oi, essa emissão não alterará seu capital social, porque o patrimônio da Telemar já está em seu próprio balanço.

A Oi terá de emitir os novos papéis porque as ações em questão da Telemar estão empenhadas em favor da portuguesa Pharol. Elas são a garantia do cumprimento de uma obrigação que a Oi contraiu após receber um aporte de ativos da Pharol em 2014. Com isso, as novas ações da Oi também servirão de garantia à Pharol.

Essa incorporação, porém, depende da transferência à Oi, por parte da Anatel, de licenças de operação de telefonia fixa e conexão multimídia que hoje, estão registradas em nome da Telemar. Se a incorporação for aprovada antes da transferência, a dissolução da Telemar ocorrerá após a troca da titularidade das licenças.

Já a Brasil Telecom Multimídia vai dar origem à InfraCo. Para isso, a Oi espera segregar do patrimônio da subsidiária todos os elementos que não se relacionarem à futura operação. Essa parcela será incorporada à Oi, e o restante vai formar a InfraCo.

A assembleia geral extraordinária (AGE) da Oi está marcada para o próximo dia 30, às 16h.

A Justiça ainda não deferiu a liminar de recuperação extrajudicial ou judicial pedida pelo Figueirense. O juiz da Vara de Recuperações Judiciais, Falências e Concordatas da Comarca de Florianópolis, Luiz Henrique Bonatelli, entendeu nesta quinta-feira que faltam documentos indispensáveis para dar continuidade ao pleito.

O juiz deu 15 dias para o Figueirense fazer retificações no pedido inicial e que apresente documentos para dar sustentação ao pedido inicial. Para o clube, sobrou duas opções: recorrer ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) ou atender o pedido do magistrado. A liminar havia sido assinada pelo desembargador Torres Marques, mas acabou sendo barrada na Vara de Recuperações Judiciais.

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"Ante o exposto, determino a intimação das requerentes, na pessoa de seu procurador constituído, para, no prazo de até 15 (quinze) dias úteis, emendar a inicial, acostando aos autos a documentação exigida pelo art. 51, II, da lei 11.101/2005, sob pena de indeferimento da petição inicial (CPC, art.321 § único), destacando imprescindíveis para a preliminar", disse o juiz, no documento apresentado ao Figueirense.

A CRISE - Nos últimos anos, o Figueirense viu a crise aumentar sob a gestão da Elephant, empresa gestora do clube até 2019, um dos anos mais conturbados do clube, que conviveu com greves e chegou até dar W.O. em um jogo da Série B do Campeonato Brasileiro. Com a saída da gestora, acreditava-se que o clube fosse se recuperar, mas a situação se agravou com o rebaixamento à terceira divisão nacional, combinado com a pandemia da covid-19.

O time catarinense tem uma dívida de R$ 165 milhões e viu na recuperação judicial a única saída para não fechar as portas. O clube alega que não tem condições de arcar com seus credores e revela a possibilidade de dar W.O. durante o ano por ter uma folha salarial maior do que consegue pagar. Por isso, oficializou o pedido como caráter de urgência.

"Após meses de rigorosos estudos, readequações, simulações e projeções financeiras, é com certo dissabor que se constata: o Figueirense, instituição centenária de destaque no desporto brasileiro, não possui condições de continuar a sua operação-futebol sem o auxílio de um procedimento que lhe permita renegociar seu endividamento passado de maneira organizada, global e com proteção dos seus ativos", disse um dos trechos do documento.

Em grave crise financeira, o Figueirense não encontrou uma solução para administrar as dívidas em 2021 e precisou protocolar um pedido de recuperação judicial. A decisão foi confirmada pelo clube. E existe a possibilidade de decretar a falência ainda no primeiro semestre.

Nos últimos anos, o Figueirense viu a crise aumentar sob a gestão da Elephant, empresa gestora do clube até 2019, um dos anos mais conturbados da história do clube, que conviveu com greves e chegou até a dar W.O. em um jogo da Série B. Com a saída da gestora, acreditava-se que o clube fosse se recuperar, mas a situação se agravou com o rebaixamento à terceira divisão na temporada 2020, combinado com a pandemia da covid-19.

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O time catarinense tem uma dívida de R$ 165 milhões e viu na recuperação judicial a única saída para não fechar as portas. O clube alega que não tem condições de arcar com seus credores e admite a possibilidade de dar W.O. durante o ano por ter uma folha salarial maior do que consegue pagar. Por isso, oficializou o pedido como caráter de urgência.

"Após meses de rigorosos estudos, readequações, simulações e projeções financeiras, é com certo dissabor que se constata: o Figueirense, instituição centenária de destaque no desporto brasileiro, não possui condições de continuar a sua operação-futebol sem o auxílio de um procedimento que lhe permita renegociar seu endividamento passado de maneira organizada, global e com proteção dos seus ativos", diz um dos trechos do documento.

"O Figueirense Futebol Clube ingressou nesta quinta (11) com o pedido de recuperação judicial na vara especializada da Comarca da Capital. Entre outros pontos, advogados do clube requerem a suspensão da exigibilidade de "todos e quaisquer créditos trabalhistas e quirografários". Além do levantamento de "todos e quaisquer ativos do Clube que tenham sido objeto de bloqueios ou arrestos, assim como os dados em caução ou depósito, nos processos em que se discutem os créditos trabalhistas e quirografários que serão reestruturados no âmbito do processo", afirmou o portal de notícias da Justiça e do Direito em Santa Catarina.

A recuperação judicial é dividida em três etapas. Na primeira (fase postulatória), o Figueirense irá apresentar razões da crise, a contabilidade dos últimos três anos, as dívidas, relação de bens, dentre outros documentos. A segunda (fase deliberativa) é a fase na qual o juiz decide se o clube terá direito à recuperação judicial. Os credores da agremiação terão de avaliar e acordar com um plano de contenção de crise a ser apresentado. Em caso negativo, a falência será decretada. A última fase é de execução, em caso positivo. O Figueirense terá de cumprir todas as exigências do acordo estabelecido.

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