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O Conselho de Direitos Humanos da ONU iniciará uma investigação sobre a repressão às manifestações desencadeadas no Irã pela morte da jovem Mahsa Amini, com o objetivo de reunir provas da violência para, eventualmente, processar os responsáveis.

Reunidos com urgência por iniciativa de Alemanha e Islândia, os 47 países-membros do mais alto órgão das Nações Unidas em matéria de direitos humanos decidiram, em uma votação, nomear uma equipe de investigadores de alto nível para esclarecer todas as violações de direitos humanos relacionadas com a repressão aos protestos no Irã.

A resolução foi aprovada por 25 votos a favor (entre outros de Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Argentina e México), seis contra (China, Venezuela, Cuba, entre outros) e 16 abstenções (incluindo Brasil e Catar), em uma reunião urgente do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra (Suíça).

"As autoridades iranianas não poderão realizar esta violenta repressão de maneira anônima; a comunidade internacional está observando", reagiu a embaixadora dos Estados Unidos, Michèle Taylor.

A ONG Anistia Internacional aplaudiu o que chamou de "resolução histórica", que representa "um passo importante para acabar com a impunidade".

Em pleno debate no Conselho, a agência de notícias iraniana Fars anunciou a detenção do jogador de futebol Voria Ghafouri, acusado de ter "insultado e manchado a reputação da seleção nacional" e de ter feito "propaganda" contra a República Islâmica.

Situação 'insustentável'

Durante as discussões, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, cujo pedido para visitar o Irã ainda não recebeu resposta, pediu a Teerã que "ponha fim" ao "uso desnecessário e desproporcional da força".

"A situação atual é insustentável", disse, antes de frisar aos jornalistas que é "importante que haja uma moratória sobre a pena de morte, que o governo ouça o que o povo tem a dizer e que se comprometa com um processo de reforma porque a mudança é inevitável".

Muitos diplomatas ocidentais também denunciaram a repressão aos protestos que, em dois meses, deixou ao menos 416 mortos, 51 deles crianças, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega.

Esta onda de protestos contra o governo - que surgiu após a morte de Mahsa Amini, detida por não respeitar o uso do véu em público - alcançou uma magnitude sem precedentes desde a Revolução Islâmica de 1979.

Segundo o Relator Especial da ONU para o Irã, mais de 15.000 pessoas foram detidas.

A justiça iraniana já pronunciou seis sentenças de morte relacionadas às manifestações e anunciou esta semana a prisão de "40 estrangeiros" acusados de participar dos "motins" no Irã nestes dois meses.

Possibilidade de falar e ser ouvido

"'Mulher, vida, liberdade'. Com este slogan, tão simples e tão forte, os iranianos recordam, há mais de dois meses, os valores que defendem", declarou a embaixadora francesa, Emmanuelle Lachaussée.

"O povo iraniano está exigindo algo tão simples, algo que a maioria de nós toma como certo: a capacidade de falar e ser ouvido", disse a embaixadora americana, Michèle Taylor, enquanto membros de sua delegação exibiam fotos com os nomes das vítimas.

Falando com repórteres em Genebra antes da votação, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, incentivou os países que geralmente votam com o Irã a terem a coragem de se abster.

"Não sabemos se [esta resolução] pode salvar vidas amanhã. Mas o que sabemos com certeza é que vai significar justiça para o povo", enfatizou.

Esta missão de investigação internacional independente - que tem pouca possibilidade de viajar ao Irã - deverá recolher as provas da violência e preservá-las para que possam ser utilizadas em eventuais processos judiciais.

A representante iraniana enviada por Teerã, Khadijeh Karimi, acusou os países ocidentais de falta de "credibilidade moral" para criticar o Irã, denunciando as sanções dos Estados Unidos e dos países europeus.

O advogado da família do presidente Jair Bolsonaro (PL), Frederick Wassef, se manifestou favorável aos atos antidemocráticos que vêm sendo realizados pelo País. Em gravações que passaram a circular nas redes sociais, Wassef é mostrado em um acampamento no Distrito Federal defendendo o aumento das manifestações pelo Brasil. Além disso, também pediu que os grupos "se multipliquem e tragam mais pessoas".

Em uma das gravações, Wassef diz: "Eu sei que muitos estão reclamando, porque, olha, não apareceu ninguém, ninguém fala nada, e coisa e tal. Gente, isso vai muito além do que simplesmente uma eleição ou um presidente. Isso é uma semente que nasceu, o nosso herói Jair Bolsonaro foi quem começou no Brasil o despertar de uma consciência coletiva política de amor ao Brasil, à pátria, à bandeira."

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Direto, Wassef completa: "É pela nossa liberdade, pra combater o comunismo e o socialismo que já assolou toda a América Latina, causando miséria, pobreza e desgraça. É importante essa manifestação democrática, ordeira e pacífica, dentro da lei, para que possam mostrar aos comunistas e ao outro lado que o povo brasileiro não vai ceder à esquerda, nossa bandeira é verde e amarela e jamais será vermelha."

Em seus próprio stories no Instagram, Wassef postou um trecho de gravação em que diz que a acusação de que os atos são antidemocráticos "é uma mentira, uma farsa", que "na verdade todos (vocês) são vítimas de atos antidemocráticos, (vocês) são vítimas desse crime" e que se trata de "manifestação pacífica e democrática pra salvar o futuro do Brasil, porque a América Latina inteira caiu, é toda comunista".

Em outra gravação, ele pede que os manifestantes "continuem nessa manifestação pacífica, que continuem lutando além da questão da eleição, do presidente" e que "essa árvore que nasceu tem que continuar a dar frutos a vida toda". O advogado encerra com um pedido: "Vocês têm que aumentar, proliferar, crescer e se multiplicar."

Wassef chegou a concorrer a deputado federal pelo PL em Brasília, mas não se elegeu, somando apenas 3.628 votos. O advogado ganhou notoriedade ainda em 2020, quando escondeu o assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro (PL), Fabrício Queiroz, em seu sítio em Atibaia. Queiroz foi preso no local após permanecer foragido durante investigações envolvendo a prática de "rachadinhas" no gabinete do filho do presidente.

Não só os comandantes das Forças Armadas se manifestaram sobre os protestos contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as urnas eletrônicas e as decisões judiciais que excluíram das redes sociais perfis de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que questionaram o resultado da eleição. Outros militares da ativa fizeram ou compartilharam publicações de caráter político-partidário em redes sociais.

Um dos mais ativos é o coronel Alberto Ono Horita, que comandou o 20.º Batalhão de Logística Paraquedista do Exército, foi adido militar nos Emirados Árabes e hoje dirige o Colégio Militar de Curitiba. Em 2019, o general Edson Leal Pujol fez publicar portaria na qual disciplinava o uso das redes sociais. Desde então, a conta do coronel no Twitter registrava pouquíssimas publicações. Isso mudou em 17 de setembro.

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Na conta, agora sob o nome de Patriota_PQD (abreviação de paraquedista), apareceu naquele dia mensagem compartilhada sobre uma bolsonarista infiltrada em uma manifestação do "nine". Nine é uma alusão a Lula, que teve um dedo amputado em uma prensa quando era torneiro mecânico.

Seguem-se 13 publicações de caráter político-partidário até 30 de outubro, quando a conta do coronel registra o desabafo: "Vergonha! A mentira prevalece! O crime compensa! Esse é o Brasil!". No dia seguinte à derrota de Bolsonaro, o coronel retuitou publicação com foto do presidente: "Jair Bolsonaro é um líder espetacular, independente do que aconteça, devemos respeitá-lo por resgatar nosso patriotismo e nos dar a chance de lutar. Obrigado, capitão".

Nos dias seguintes, há mais 39 publicações partidárias. Em uma delas, o presidente eleito e futuro comandante em chefe das Forças Armadas é chamado de "ladrão". Há ainda acusações sem provas de fraude nas urnas e ofensas a ministros do Supremo Tribunal Federal.

Contra Alexandre de Moraes, a conta do coronel diz ao compartilhar um vídeo sobre as urnas: "Que beleza, Xandão! Fez tudo para colocar seu amigo Chuchu!!!!" Xandão é uma referência a Moraes e Chuchu, ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.

Generais

O perfil do coronel não foi o único no Exército que fez publicações críticas a Moraes. O comandante de uma Divisão de Exército retuitou um artigo para explicitar a "censura sob a qual o Brasil vive". Era 24 de outubro. O mesmo fez outro general de divisão, subchefe de uma estrutura militar em Brasília, ao compartilhar publicação sobre a "censura" à rádio Jovem Pan. Era 20 de outubro.

São casos menos intensos do que o do coronel. O TSE havia derrubado contas de políticos bolsonaristas porque divulgariam fake news contra as urnas e agira contra a Jovem Pan, impondo multa a comentaristas. Um perfil de um terceiro general de divisão, um engenheiro militar, compartilhou publicações em solidariedade à rádio. Em uma delas, porém, faz menção ao PT: "Um bom teste para todos os comentaristas compartilharem essa imagem. Quem se recusar veste mais a camisa do PT do que a da JP". A publicação é de 19 de outubro.

O Estadão procurou o coronel, mas não conseguiu localizá-lo até a publicação deste texto. A reportagem também procurou o Exército, mas o comando não se manifestou.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou ao Banco Central que bloqueie contas de dez pessoas e 33 empresas diante da possibilidade de financiamento de "atos ilícitos e antidemocráticos" que bloquearam rodovias em todo o País após a derrota do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), nas urnas para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o magistrado, a medida era "adequada e urgente" e tem o objetivo de "interromper a lesão ou ameaça a direito".

Alexandre de Moraes ainda determinou que a Polícia Federal colha os depoimentos de todos os listados no despacho em até dez dias. Os investigadores também deverão apontar as diligências que entenderem necessárias para aprofundar as apurações.

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No despacho, o ministro do Supremo relata que informações prestadas pela Polícia Rodoviária Federal indicam que empresários estariam financiando os atos considerados antidemocráticos "com fornecimento de estrutura completa (refeições, banheiros, barracas, etc…) para a manutenção do abuso do direito de reunião, além do fornecimento de diversos caminhões para o reforço da manifestação criminosa".

Alexandre entendeu que o "potencial danoso" dos atos ilícitos foi "potencializado" em razão da condição financeira dos empresários apontados como envolvidos. Segundo o ministro, eles possuem "vultosas quantias de dinheiro" e comandam empresas de grande porte, com milhares de empregados.

"Esse cenário, portanto, exige uma reação absolutamente proporcional do Estado, no sentido de garantir a preservação dos direitos e garantias fundamentais e afastar a possível influência econômica na propagação de ideais e ações antidemocráticas", escreveu o magistrado.

O relator do caso apontou "abuso reiterado do direito de reunião, direcionado, ilícita e criminosamente, para propagar o descumprimento e desrespeito ao resultado do pleito com consequente rompimento do Estado Democrático de Direito e a instalação de um regime de exceção".

"Efetivamente, o deslocamento inautêntico e coordenado de caminhões para Brasília/DF, para ilícita reunião nos arredores do Quartel General do Exército, com fins de rompimento da ordem constitucional - inclusive com pedidos de "intervenção federal", mediante interpretação absurda do art. 142 da Constituição Federal - pode configurar o crime de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do Código Penal)", alertou.

O despacho é datado do último sábado (12) e consta dos autos de uma petição derivada do inquérito 4879, que se debruça sobre a organização de manifestações antidemocráticas no dia da Independência em 2021.

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, o diretor-geral da Polícia Rodoviária, Federal Silvinei Vaques, requereu relatórios detalhados com identificação de veículos envolvidos em bloqueios de rodovias após observar que o modo de agir identificado na investigação citada é semelhante à dos atos registrados após a proclamação do resultado das eleições deste ano, com a derrota de Bolsonaro.

A informação é reforçada pelo ministro Alexandre de Moraes, que indicou que a petição em questão foi aberta "em razão da ocorrência, após a proclamação do resultado das Eleições Gerais de 2022 pelo Tribunal Superior Eleitoral, de diversos atos antidemocráticos, nos quais grupos de caminhoneiros, insatisfeitos com o resultado do pleito, passaram a bloquear o tráfego em diversas rodovias do país, em modus operandi semelhante ao verificado nestes autos (o inquérito 4879), nos Feriados da Independência de 2021 e 2022".

Veja a lista dos alvos do bloqueio:

Agritex Comercial Agricola Ltda

Agrosyn Comercio e Rep. de Insumos Agric

Airton Willers

Alexandro Lermen

Argino Bedin

Arraia Transportes Ltda

Assis Claudio Tirloni

Banco Rodobens S.A.

Berrante de Outo Tranportes Ltda

Cairo Garcia Pereira

Carrocerias Nova Prata Ltda

Castro Mendes Fabrica de Peças Agricolas

Ceramica Nova Bela Vista Ltda

Comando Diesel Transp e Logistica Ltda

Dalila Lermen Eireli

Diomar Pedrassani

Drelafe Transportes de Carga Ltda

Edilson Antonio Piaia

Fermap Transportes Ltda

Fuhr Transportes Eireli

Gape Serviços de Tranportes Ltda

J R Novello

Kadre Artefatos de Concreto e Construção

KNC Materiais de Construção Ltda

Leonardo Antonio Navarini & Ltda

LLG Tranportadora Ltda

M R Rodo Iguaçu Transportes Eireli

Muriana Transportes Ltda

MZ Tranportes de Cargas Ltda

P A Rezende e Cia Ltda

Potrich Transportes - Ltda

Rafael Bedin

Roberta Bedin

Sergio Bedin

Sinar Costa Beber

Sipal Industria e Comercio Ltda

Tirloni E Tirloni Ltda-Me

Transportadora Adrij Ltda Me

Transportadora Chico Ltda

Transportadora Lermen Ltda - Epp

Transportadora Rovaris Ltda

Trr Rio Bonito T. R. R. Petr. Ltda

Vape Transportes Ltda

A Polícia Civil de São Paulo entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um dossiê de 168 páginas com informações e identificação de líderes e patrocinadores de atos considerados antidemocráticos. O documento cita políticos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e indica até chaves Pix que teriam sido usadas para financiar bloqueios de rodovias.

O relatório foi levado à Corte por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Os agentes apontaram um grupo do Telegram batizado "Resistência Civil", no qual o representante de um "movimento" chamado "Brasil nas Ruas" pede, em vídeo, doações para manter os atos em Brasília.

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Segundo a corporação, o grupo foi identificado durante "ações de coleta de dados em fontes abertas e redes sociais com o objetivo de identificar financiadores de atos antidemocráticos no entorno de instalações militares do Exército". As manifestações começaram após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A Polícia Civil simulou uma transferência para a chave Pix citada na gravação publicada no grupo "Resistência Civil", chegando a uma empresa de nome Goiás Entretenimento. Os agentes ainda citam um website do suposto grupo, ligado a Leandro Muniz Ribeiro, "político conhecido como Leandro Fox, ligado ao partido Democracia Cristã".

Em Bauru, os agentes que monitoraram grupos do WhatsApp sobre o bloqueio na Rodovia Marechal Rondon destacaram uma foto na qual "pode constar dados de pessoa que poderia estar coordenando/financiando a manifestação". A imagem registra um cartaz com a inscrição "Brasil Colaboração", uma chave Pix e o nome Michele Gomes.

No relatório, a Polícia Civil, sob comando do delegado-geral Osvaldo Nico Gonçalves, apresenta também políticos do interior. Como mostrou o Estadão, documentos indicam na liderança dos atos políticos, policiais e ex-policiais, servidores públicos, sindicalistas, fazendeiros, empresários do agronegócio e donos de estandes de tiro.

A reportagem buscou contato com os citados, mas não obteve resposta.

Relatórios enviados pelas polícias Militar, Civil e Federal e pelo Ministério Público nos Estados ao Supremo Tribunal Federal (STF) indicam o perfil dos líderes e financiadores dos protestos com mensagens antidemocráticas que resultaram em bloqueios de estradas após as eleições e concentrações próximas a instalações das Forças Armadas pelo País.

Os documentos foram produzidos por ordem do ministro Alexandre de Moraes e reúnem fotos, levantamentos sobre os alvos e detalhes a respeito do trabalho em curso para desmobilizar as manifestações. As primeiras informações foram divulgadas pelo site SBT News. A reportagem do Estadão teve acesso aos documentos encaminhados pelos órgãos de segurança ao STF.

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Os relatórios citam políticos, policiais e ex-policiais, servidores públicos, sindicalistas, fazendeiros, empresários do agronegócio e donos de estandes de tiro. Eles não são acusados de crimes, mas poderão ser investigados criminalmente.

Os relatórios com base em dados colhidos nos pontos de manifestação citam o protagonismo dos líderes, identificam os donos de veículos usados para bloquear vias e os responsáveis por alugar banheiros químicos e carros de som. Os investigadores também buscaram dados nas redes sociais, em que algumas pessoas se identificaram como lideranças ao divulgar os protestos.

Desde o resultado do segundo turno das eleições, manifestações convocadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) questionam o resultado das urnas. Concentrações mantidas nas sedes de comandos militares foram engrossadas ontem, no feriado de Proclamação da República. Os manifestantes defendem ações contra o STF e fazem pedidos de intervenção federal.

'Extremistas'

Na noite de segunda-feira, 14, após ser alvo de manifestantes em Nova York, Moraes publicou no Twitter que "o povo se manifestou livremente e a democracia venceu!". "O Brasil merece paz, serenidade, desenvolvimento e igualdade social. E os extremistas antidemocráticos merecem e terão a aplicação da lei penal."

Relatório de inteligência da PM do Acre aponta, por exemplo, que dois fazendeiros locais estariam entre os financiadores dos atos em defesa de intervenção das Forças Armadas contra o resultado da eleição.

Em Goiás, empresários donos de uma panificadora, um ex-vereador de São Miguel do Araguaia, um corretor e candidato derrotado a prefeito da cidade em 2020 são citados pela Polícia Civil como líderes de bloqueios na zona rural.

No Maranhão, dois candidatos a deputado estadual - um investigador de polícia lotado na Secretaria de Segurança Pública do Estado e um líder do movimento Patriotas do Asfalto SLZ - foram apontados como responsáveis pelas manifestações em frente ao quartel do 24.º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), em São Luís.

Um dos líderes do Movimento Direita BH e um comerciante foram os principais articuladores dos atos em Minais, diz o relatório. Empresários são citados como líderes e organizadores, fornecendo alimento e água para os manifestantes no Paraná.

No Rio Grande do Sul, o documento da Polícia Civil do Estado cita um PM aposentado, um representante do movimento Direita RS, um deputado federal eleito e uma agente penitenciária como organizadores e incentivadores de protestos no Estado. A Polícia Civil também monitorou as redes sociais de agentes públicos que, segundo o documento, tiveram "intensa atividade".

Em Santa Catarina, um empresário, dono de uma produtora de erva-mate, é apontado como um dos financiadores dos protestos locais, segundo o documento enviado ao STF.

Mobilização

Nesta terça, 15, o feriado de Proclamação da República fez com que aumentasse o número de apoiadores de Bolsonaro que protestam contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre o prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo e o Comando Militar do Sudeste, na capital paulista.

Às 15h, o grupo aderiu ao ato conjunto organizado em diferentes cidades do País e fez uma oração conjunta. Centenas de pessoas se ajoelharam em frente ao portão do comando e proferiram preces cristãs.

Em Brasília, manifestantes se reuniram em frente ao Quartel-General do Exército. Com carro de som, faixas e cartazes, eles clamaram por intervenção das Forças Armadas no poder, o que é inconstitucional, e declararam plano de "impedir a posse" de Lula. Jornalistas do grupo Jovem Pan foram hostilizados e deixaram o local.

Ao menos 30 caminhões sem caçambas foram usados para fechar em alguns momentos todas as 16 faixas da Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio. O protesto ocorreu em frente ao Comando Militar do Leste. (COLABORARAM ANANDA MÜLLER, FELIPE FRAZÃO, WILTON JUNIOR, PEDRO KIRILOS, VINICIUS NEDER E CARLOS EDUARDO CHEREM)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O general da reserva Eduardo Villas Bôas saiu em defesa das manifestações que estão sendo realizadas pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Mesmo que as demandas dos militantes, que não reconhecem o resultado das urnas, sejam antidemocráticas, o general defende que os atos são contra os "atentados à democracia".

Na nota, divulgada em suas redes sociais, Villas Bôas diz que as pessoas que hoje se encontram reunidas em frente de quartéis pedindo uma "intervenção federal", após a vitória de Luiz Inácio da Lula (PT), lutam pela independência dos poderes, as ameaças à liberdade, e devido às "dúvidas sobre o processo eleitoral".

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Segundo Villas Bôas, a população tem pedido "socorro" às Forças Armadas. O general também criticou a imprensa por tentar "ignorar" as manifestações.

"Com incrível persistência, mas com ânimo absolutamente pacífico, pessoas de todas as idades, identificadas com o verde e o amarelo que orgulhosamente ostentam, protestam contra os atentados à democracia, à independência dos Poderes, ameaças à liberdade e as dúvidas sobre o processo eleitoral", diz a mensagem.

O texto também destaca o trabalho das Forças Armadas, com elogios à fiscalização realizada pelos militares no processo eleitoral - que não encontrou nenhum indício de fraude na disputa -, e aos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, que, segundo ele, demonstraram "apego aos princípios e valores militares, bem como ao texto constitucional".

Os comandantes assinaram uma nota conjunta na qual defendiam a garantia de manifestações pacíficas e condenaram "restrições a direitos por parte de agentes públicos" e "excessos cometidos" em atos pelo País.

Villas Bôas foi o centro de uma polêmica em 2018, quando fez uma postagem no Twitter sobre impunidade no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgava um pedido de habeas corpus de Lula. A publicação foi interpretada em tom de ameaça.

Desde o início da transição de governo, dirigentes do PT têm se queixado da falta de informações por parte dos nomes que comandam a equipe. Um grupo chegou a reclamar do vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin (PSB), e disse se sentir excluído do novo governo. Foi por causa dessas críticas que, em reunião com deputados e senadores, anteontem, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva dedicou um trecho de seu discurso para pedir a colaboração de todos e enquadrou o PT.

Nesta semana, petistas protestaram, sob o argumento de que, além de não conseguirem se comunicar com Alckmin, também não obtinham informações sobre o processo de transição nem com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, nem com o ex-ministro Aloizio Mercadante. Deputada, Gleisi é coordenadora de Articulação Política da equipe. Mercadante, por sua vez, comanda os grupos técnicos.

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"Se alguém quiser contribuir, quiser mandar as propostas, por favor, não se sintam excluídos porque não estão na lista das pessoas que estão participando. O Alckmin é o coordenador, a Gleisi e o Mercadante têm papel importante e cada partido político que participou da coligação tem um papel importante. Nós estamos começando um processo", afirmou Lula aos aliados, nesta quinta-feira, 10. Foi ali, na sede do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), que o presidente eleito mandou outro recado: nem todos os integrantes do gabinete da transição serão ministros. Nem mesmo Alckmin.

Recado

O discurso teve endereço certo. Três dias antes, a reclamação de dirigentes do PT havia sido levada na reunião da Executiva Nacional do partido, ocorrida na segunda-feira, 7. No encontro virtual, o primeiro após a vitória nas urnas, o secretário de Comunicação, Jilmar Tatto, e o de Relações Internacionais, Romênio Pereira, se queixaram de que suas demandas não eram ouvidas. Disseram, ainda, que muitas vezes só ficavam sabendo de assuntos relacionados ao governo Lula pela imprensa. Romênio, por exemplo, mostrou indignação com o fato de nem ele nem a Secretaria de Meio Ambiente do PT terem sido acionados para a organização da viagem de Lula à Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-27), no Egito, na próxima terça-feira. Procurados, Jilmar e Romênio não quiseram comentar.

O líder da Minoria na Câmara, Alencar Santana (PT-SP), afirmou que divergência no PT é algo natural e amenizou os ciúmes no partido com a ascensão de Alckmin. "Faz parte. Toda essa movimentação é pela vontade de colaborar e mudar as coisas", disse Santana. "Todo mundo quer ajudar, mas precisa ter paciência."

Ao longo da semana, Gleisi e outros integrantes da cúpula do PT aceleraram a escolha dos coordenadores temáticos da transição, na tentativa de facilitar o diálogo. Há 31 grupos técnicos, mas só seis estão formados. Até agora, aproximadamente a metade dos escolhidos para a equipe é do PT.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, estendeu para todo o País, a ordem para que a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e as Polícias Militares dos Estados desobstruam vias em todo País bloqueadas por bolsonaristas inconformados com o resultado das urnas. O ministro viu 'persistência de atos criminosos, contrários à democracia, ao Estado de Direito, às Instituições e à proclamação do resultado das eleições'.

A decisão estabelece que todos os veículos utilizados nos atos, em todo território nacional, sejam identificados e multados em R$100 mil por hora, conforme a decisão chancelada pelo STF. O magistrado ainda determinou a identificação de empresas e pessoas que conferem apoio logístico e financeiro aos atos que seguem interditando vias.

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No despacho, Alexandre diz ter levado em consideração diversa informações juntadas aos autos no processo no qual o Supremo, por unanimidade, determinou à PRF, à PF e às PMs que adotassem todas as medidas necessárias para desobstruir vias tomadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. No bojo do processo, Alexandre tem recebido petições de órgãos de diferentes Estados noticiando bloqueios verificados mesmo após a decisão da Corte máxima.

No Acre, por exemplo, o ministro atendeu pedido do Ministério Público estadual e determinou a liberação de vias que circundam o quartel do Exército em Rio Branco e ainda multou fazendeiros que estariam bancando churrasco para os manifestantes. Já no Distrito Federal, determinou a desobstrução de vias após a notícia de que 115 caminhões estavam se dirigindo a Brasília para 'reforçar os atos antidemocráticos'.

Assim como em tais decisões, Alexandre apontou no despacho assinado nesta sexta-feira, 11, que a atuação das polícias deve 'resguardar a ordem no entorno e,

principalmente, a segurança dos pedestres, motoristas, passageiros e dos próprios participantes do movimento ilegal que porventura venham a se posicionar em locais inapropriados em vias públicas ou no entorno de prédios públicos'.

Ao final do documento, Alexandre ainda determinou que sejam juntados aos autos do processo sobre os bloqueios bolsonaristas informações prestadas pelos procuradores-gerais de Justiça de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo. Segundo o ministro, os dados dos chefes dos Ministérios Públicos estaduais 'identificam pessoas jurídicas e físicas que, ilicitamente, vem financiando a ocorrência de atos criminosos e antidemocráticos'.

A seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil começou nesta quinta, 10, a notificar extrajudicialmente pessoas que repassaram listas de boicote a advogados por motivações ideológico-partidárias após o segundo turno das eleições presidenciais.

De acordo com o vice-presidente da instituição, Leonardo Sica, caso a pessoa notificada não interrompa a conduta, poderá ser processada pela Ordem.

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A medida faz parte de uma articulação da entidade para prestar apoio jurídico a profissionais que estejam sendo prejudicados por essas listagens.

Até o momento, ele revela que algumas dezenas de notificações já foram enviadas e que a maioria dos casos tem acontecido em cidades menores, no interior de São Paulo. Há relatos de Mirandópolis, Araçatuba, Barretos, Taubaté, Jaboticabal, Sorocaba e Santa Rita do Passa Quatro.

Apesar das listas de boicote circularem a respeito de diversas categorias profissionais, 'avaliamos que o risco para a atividade profissional do advogado é maior. No final do dia, quem passa na frente de uma padaria não vai de deixar comprar pão por causa de uma lista ideológica. Já o advogado tem um vínculo de confiança com o cliente', explica o vice-presidente. "Nós vimos que há um ilícito civil - um dano moral e um material."

Contudo, Sica explica que o propósito das notificações é que as listagens parem de circular e que seus autores ou disseminadores 'eventualmente se retratem'.

"Nossa intenção não é judicializar e nem punir. Só queremos que pare. Criticar uma pessoa por causa da posição política é liberdade de crítica. Mas pedir que ela não seja contratada profissionalmente é algo que passou do limite", conclui o vice-presidente.

VEJA COM EXCLUSIVIDADE O CONTEÚDO DA NOTIFICAÇÃO DA OAB/SÃO PAULO

A seccional paulista da OAB compartilhou com exclusividade com o Estadão o conteúdo da notificação que está sendo enviada aos transmissores das listagens de boicote. Confira:

"Repúdio a respeito do compartilhamento de lista e tentativas de boicotes a escritórios, advogadas e advogados que estão sendo assinalados por motivos ideológicos partidários

Como se sabe, é finalidade legal da Ordem dos Advogados do Brasil a defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado democrático de direito, da boa aplicação das leis, do aperfeiçoamento das instituições jurídicas, bem como a proteção dos advogados em toda a República (Art. 44, I e II da Lei nº 8.906/94), além da representação e amparo, em juízo e fora dele, dos interesses coletivos ou individuais dos advogados (Art. 54, inciso II, do mesmo diploma legal) e de suas prerrogativas (Art. 54, inciso III, da mesma lei).

Os fatos narrados corroboram em clara violação aos ditames do artigo 5º, inciso XIII e art.170, parágrafo único da Constituição da República/88, que ofendem o livre exercício profissional ou a livre iniciativa ou concorrência, que devem se dar nos termos da lei.

Ademais, os referidos compartilhamentos possuem os pressupostos necessários à responsabilização civil, na medida em que propiciaram, incentivaram e mesmo deram causa às insinuações e citações depreciativas conferidas aos profissionais do direito, isto porque, ferem o direito da personalidade dos profissionais citados, caracterizando danos extrapatrimoniais, na modalidade de dano moral, sujeitos a reparação integral, sem prejuízo da responsabilidade por lucros cessantes e danos materiais, que possam ser caracterizados por eventual perda de clientes, ocasionadas diretamente pelas injúrias/difamações identificadas.

O compartilhamento ainda, ocasiona o ressarcimento dos danos morais coletivos sofridos, diante do evidente dano causado à sociedade e à classe dos advogados, como medida necessária a fim de, mais que reparar o dano causado, coibir a prática do ato ilícito.

Assim, aguarda-se a imediata cessação do compartilhamento das referidas listas, de todos meios de comunicação, sob pena de identificação e responsabilização dos envolvidos, com atuação desta Entidade."

Em Casca, cidade no interior do Rio Grande do Sul, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram a estimular comerciantes que supostamente tenham votado em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a identificar seus estabelecimentos com estrelas vermelhas nas fachadas. A ideia remete ao boicote a estabelecimentos de judeus promovido pelo nazismo na Alemanha e está sendo difundida nas redes sociais e por grupos de WhatsApp.

Além de um modelo de estrela com a sigla do PT, estão sendo repassadas na cidade listas com os nomes dos empresários que teriam votado no ex-presidente. O caso chegou ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, que está analisando a denúncia na Promotoria Eleitoral.

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A advogada Marciana Tonial Radin está entre os nomes que figuram na lista que circula em Casca. Agora, ela presta auxílio jurídico para outros empresários. "Estou orientando a registrar boletim de ocorrência. Muitas pessoas que estão na lista são eleitores do Bolsonaro. Só que como não participaram de manifestações a favor dele, estão pensando que são petistas", afirma.

Além de identificar as lojas de supostos eleitores do PT, apoiadores de Bolsonaro pedem que a população compre apenas em locais que "pensem como você".

Casca fica a 227 quilômetros de Porto Alegre. Bolsonaro teve na cidade 72,28% dos 6.305 votos válidos no segundo turno.

Uma semana após o segundo turno da eleição presidencial, atos convocados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) persistiam na porta de quartéis do Exército. Nesta segunda (7), manifestantes permaneciam em concentrações nas sedes de comandos militares em São Paulo e no Rio.

Na capital paulista, onde o lema da intervenção foi substituído nos últimos dias por "resistência civil", a mobilização era no trecho de avenida localizada entre o prédio da Assembleia Legislativa e o Comando Militar do Sudeste. Manifestantes passaram o dia entre gritos de "Forças Armadas, salvem o Brasil", orações e cantos do Hino Nacional.

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Ainda nessa segunda, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que as polícias Civis e Militares dos Estados e do Distrito Federal, assim como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), apresentem todas as informações sobre os organizadores, financiadores e líderes dos atos promovidos por bolsonaristas. O ministro cobrou o compartilhamento dos dados de envolvidos nas manifestações em frente aos quartéis.

Resultado

Os manifestantes dizem não reconhecer o resultado das urnas, que deram a vitória ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Alguns apoiadores vão e voltam do local, onde há barracas de camping e espaços para distribuição de alimentos. Assim como no feriado de Finados, famílias trouxeram crianças e adolescentes para o protesto.

Nas redes bolsonaristas há pedidos para que os manifestantes "não cometam o mesmo erro dos americanos" e não invadam "o STF ou qualquer instituição". "Se fizer isso, as Forças Armadas não vão nos ajudar", diz uma das publicações.

No Rio, os manifestantes seguiam reunidos em frente ao Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste. Os protestos na Avenida Presidente Vargas, no centro da cidade, começaram no Dia de Finados. Foi montado um acampamento, onde manifestantes se instalaram em barracas e lonas. Ontem, um caminhão de som executava músicas militares e o Hino Nacional.

Em nota, o Ministério da Defesa disse que manifestações "ordeiras" são "exercício da liberdade de manifestação de pensamento e de reunião".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, atendeu um pedido do Ministério Público do Acre e determinou que a Polícia Militar desobstrua as ruas no entorno do quartel do Exército em Rio Branco, bloqueadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro mesmo após ordem emanada pela Corte máxima.

O magistrado ainda impôs multa a dois homens apontados pela Promotoria como 'financiadores dos atos antidemocráticos' no Estado: os fazendeiros Jorge José de Moura e Henrique Luis Cardoso Neto. Segundo o MP, duas fazendas do pecuarista Jorge Moura forneciam 'alimentação, churrasco e água' aos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que bloqueavam vias em frente às instalações do Exército na capital acreana. A Promotoria ainda apontou vídeo em que outro fazendeiro 'admite que bloqueou a estrada em frente a sua fazenda' alegando 'fraude eleitoral'.

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A decisão foi assinada neste domingo, 6, após um pedido feito pelo Ministério Público no Acre na mesma data. A Promotoria relatou que, desde a quinta-feira, 3, as vias em torno do quartel do Exército do 4º Batalhão de Infantaria e Selva (BIS), 'no período vespertino até o noturno, têm sido ocupadas por manifestantes que pedem intervenção militar'.

Segundo o MP, os participantes de tais atos 'alegam fraude nas eleições e se opõem ao resultado legítimo das urnas sem qualquer fundamentação jurídica válida, obstruindo o trânsito de veículos, o regular acesso ao quartel e causando incontáveis transtornos à vizinhança do local, com uso de carro de som, buzinaço, fogos de artifício, poluição sonora, dificuldade de acesso às residências, colocação de tendas no leito carroçável, aglomerações'.

O órgão chegou a acionar a Justiça estadual, mas o magistrado plantonista acabou por 'redimensionar' a decisão dada por Alexandre de Moraes - e confirmada por unanimidade pelo plenário do STF - no sentido de impor multa de R$ 100 mil por descumprimento da ordem de desbloqueio de vias em todo País. O juiz de 1º grau fixou multa de R$ 1 mil por hora de descumprimento.

Tal despacho chegou a ser alvo de recurso, sendo que desembargador do Tribunal de Justiça do Acre acabou por reduzir a multa para R$ 5 mil por dia. A avaliação do Ministério Público estadual é a de que o 'poder coercitivo da decisão tornou-se inócuo, ou seja, com pouco efeito dissuasório, considerando que os movimentos antidemocráticos e golpistas estão sendo financiados pelos grandes pecuaristas e empresários do agronegócio'.

A decisão atendeu um pedido de um homem identificado como Francisco da Silva, 'sem qualquer outro dado de qualificação, sem RG, sem CPF, sem endereço, sem procuração', diz o MP. Segundo a Promotoria, o homem que recorreu da decisão de 1º grau se intitula 'representante de um movimento antidemocrático denominado de "manifestantes patriotas"'.

Ainda de acordo com o Ministério Público, a decisão local ainda vem sendo 'sistematicamente desobedecida' pela Polícia Militar do Acre, o que levou o procurador-geral de Justiça do Estado a instaurar um procedimento investigatório criminal contra o Comandante-geral da corporação, coronel Luciano Dias Fonseca, para apurar eventual cometimento de crime de desobediência ou prevaricação.

As forças de segurança do Irã lançaram uma série de ataques contra estudantes universitários, prendendo dezenas de jovens. Segundo a União dos Estudantes e grupos de direitos humanos, os ataques às universidades se intensificaram nos últimos dias, após o fim do luto de 40 dias da morte de Mahsa Amini, assassinada sob custódia da polícia moral do Irã, em setembro. O caso desencadeou oito semanas de protestos contra o regime.

Repressão

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A União dos Estudantes do Irã documentou mais de 40 prisões de estudantes universitários e está coletando relatórios de detenções e invasões de universidades por forças de segurança em todo o país em seu canal Telegram.

A ONG Hengaw para os Direitos Humanos, com sede na Noruega, que monitora a situação em áreas curdas no Irã, disse que o destino de dezenas de jovens presos na semana passada e dezenas de outros detidos pelas forças de segurança por participar de protestos anteriores permanece desconhecido.

Em 30 de outubro, a ONG Human Rights Watch estimou que pelo menos 308 estudantes haviam sido detidos desde o início dos protestos.

A Meta - empresa que controla o Instagram e Facebook - começou a remover conteúdos que pedem intervenção militar no Brasil. A empresa enfatiza que a medida não é nova e faz parte de uma interpretação de políticas que já existem na plataforma. Não foi informada a quantidade de publicações excluídas das redes.

"Temos acompanhado com atenção os acontecimentos no Brasil e as conversas sobre esses eventos nas nossas plataformas, e começamos a remover pedidos para uma intervenção militar no Brasil no Facebook e Instagram", disse um porta-voz da Meta em nota.

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Desde a eleição no último domingo, 30, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também tem determinado a suspensão de diversos grupos golpistas no Telegram.

A plataforma, que permite até 200 mil participantes o grupo, foi um dos principais meios para a organização dos protestos contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República e bloqueios de rodovias pelo País.

A procuradora de Justiça Ana Tereza Abucater, do Ministério Público do Pará (MP-PA), defendeu as manifestações que fecharam estradas após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição do domingo passado. Ela compartilhou uma publicação nas redes sociais declarando apoio aos caminhoneiros. "Nenhum passo daremos para trás. Eleição não se toma. O povo não é palhaço", diz a imagem.

A procuradora escreveu a legenda: "O povo é soberano. E se o poder emana do povo, o povo está no seu direito a exercer esse poder."

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Outra imagem publicada afirma que o Supremo Tribunal Federal (STF) "não tem autoridade sobre a manifestação". "O povo é constituinte originário. Não saiam das ruas", diz a foto. Em julgamento unânime, o STF determinou a liberação "imediata" de todas as vias públicas bloqueadas.

Ana Teresa é eleitora declarada de Jair Bolsonaro. Antes do segundo turno da eleição, a procuradora disse que não aceitaria um "governo comunista e cheio de gente corrupta e que foram presos por corrupção e soltos por conveniência de seus apadrinhados".

Defesas

A reportagem entrou em contato com o Ministério Público do Pará, mas o órgão informou que não comentaria as publicações da procuradora. Também pediu um posicionamento da procuradora Ana Tereza Abucater, mas o gabinete informou que, por enquanto, ela não se manifestaria sobre as publicações.

A Justiça decretou, nessa quinta-feira (3), a prisão preventiva de Israel Lisboa Junior, 28 anos, detido ainda na tarde de quarta (2) após atropelar 17 manifestantes bolsonaristas que bloqueavam a rodovia Washington Luís em Mirassol, no noroeste paulista. Nas imagens que passaram a circular nas redes sociais, é possível ver o carro avançando sobre o grupo que fechava a rodovia e parando poucos metros adiante. Conforme Marcelo Barozzi, delegado da cidade vizinha de Mendonça, pelo menos duas pessoas precisaram ficar internadas no Hospital de Base de São José do Rio Preto.

Na decisão, o juiz Lincoln Augusto Casconi, da comarca de São José do Rio Preto, entendeu que "a prisão se justifica até mesmo para assegurar a aplicação da lei, para se coibir qualquer exploração e fomentação de mais movimentos já considerados ilegais de bloqueios de vias, como se tudo agora estivesse permitido, seja do lado que for dos envolvidos, como se estivesse agora autorizando-se assim aos próprios participantes agirem em defesa dos seus supostos direitos, em detrimento da ordem publica, que antes de tudo é dever das instituições constituídas preservá-la, pelos meios legais para tanto".

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Além disso, a decisão ainda pede que a Corregedoria da Polícia Militar seja oficiada e abra investigação, uma vez que houve denúncia por parte do condutor de que teria sido agredido por um policial. No inquérito, a Polícia Civil deve analisar imagens captadas no local e ouvir testemunhas para averiguar o contexto e os desdobramentos do atropelamento.

As vítimas internadas, que não tiveram as identidades reveladas, são um homem de 36 anos e uma mulher de 26. Ambos seguem sob cuidados médicos, mas o estado de saúde deles não foi divulgado. As outras 15 vítimas, incluindo duas crianças e dois policiais rodoviários, receberam atendimento médico no local da ocorrência e foram liberadas.

A Polícia Rodoviária Federal informou que não há mais bloqueios, quando há interrupção total do fluxo, em rodovias federais. O número de pontos de interdições, quando o tráfego é parcialmente restrito, recuou de 30 às 15h51 para 24 às 20h34.

Há ocorrências em cinco Estados. São eles: Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Rondônia. Em relação ao boletim anterior, as ocorrências no Paraná e em Santa Catarina cessaram. As informações foram publicadas na conta oficial do Twitter da PRF.

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O maior número de interdições é registrado em Rondônia, com oito pontos com fluxo restrito. Segundo a corporação, mais 15 manifestações foram desfeitas, alcançando o total de 936 manifestações desmobilizadas.

A corporação anunciou uma operação para liberar estradas na madrugada da terça-feira (1°) após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinar a liberação imediata das vias públicas.

Desde a noite de domingo (30) após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL), atos interditam rodovias pelo País. Seus apoiadores pedem a intervenção do Exército em movimento antidemocrático. Na noite de ontem, o presidente pediu, em vídeo, para os manifestantes liberarem as rodovias.

O ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, condenou os atos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas no último domingo, que contestam o resultado das eleições. "Não há como se contestar o resultado democraticamente divulgado com movimentos ilícitos, antidemocráticos e criminosos, que serão combatidos e terão as responsabilidades apuradas", afirmou o ministro ao final da sessão plenária realizada hoje.

Moraes reforçou que o vencedor será diplomado até 19 de dezembro e tomará posse em 1º de janeiro: "Isso é democracia, alternância de poder e estado republicano".

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Ele citou a "participação massiva do eleitorado brasileiro" que, pela primeira vez, teve menor abstenção no segundo turno do que no primeiro. Os percentuais deste ano foram de 20,95% no primeiro turno e 20,56% no segundo.

Para Moraes, os números demonstraram "total confiança" nas urnas eletrônicas. "A democracia venceu novamente no Brasil", afirmou. O ministro destacou ainda que a "maioria massacrante" do eleitorado é "democrata, acredita na democracia, no estado de direito, e aceitaram o resultado das eleições".

Pernambuco amanheceu sem pontos de bloqueio nas rodovias federais nesta quinta-feira (3), após dias de protestos e interdições em diferentes pontos do estado. Desde segunda-feira (31), um dia após o resultado das Eleições 2022, apoiadores do ainda presidente da República Jair Bolsonaro (PL) foram às ruas questionar a legitimidade do processo eleitoral sob alegações de golpe, diante da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assume em janeiro de 2023.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF-PE), o único ponto em que há manifestantes é o quilômetro sete da rodovia BR-232, em frente ao Comando Militar do Nordeste (CMNE), no Recife, mas o trânsito não foi afetado.

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Na terça-feira (1º), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que as polícias militares liberassem imediatamente todas as vias públicas bloqueadas pelos protestos, cujo objetivo é considerado ilegítimo por lei.

PM precisou intervir em PE

Nesse Dia de Finados (2), o último ponto de interdição nas rodovias federais de Pernambuco foi liberado, após mais de 40 horas de bloqueio realizado por manifestantes no quilômetro 22 da BR-104, em Taquaritinga do Norte, no Agreste de Pernambuco. 

A ação foi realizada pela PRF com o apoio da tropa de choque da instituição, do Grupo de Pronta Intervenção da Polícia Federal (GPI-PF), Secretaria de Defesa Social (SDS), 4⁰ Batalhão de Polícia Militar de Caruaru e 24⁰ Batalhão de Polícia Militar de Santa Cruz do Capibaribe.

“Após esgotados todos os meios de negociação e diante da insistência dos manifestantes em permanecerem bloqueando a rodovia, a utilização da tropa de choque da PRF foi necessária para garantir a liberação do trecho. A ação obedeceu aos protocolos de segurança da instituição e não foram registrados feridos na ação. Um suspeito de liderar a manifestação foi identificado e encaminhado à Delegacia de Polícia Federal em Caruaru, para a adoção das medidas legais cabíveis”, informou a PRF.

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