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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, disse nesta terça-feira, 31, a uma plateia de 68 embaixadores, diplomatas e chefes de missões estrangeiras no Brasil que os "arremessos populistas" de líderes políticos na América Latina geram "acusações levianas de fraude, que conduzem a semanas de instabilidade política no período pós-eleitoral". Dentre os convidados de projeção internacional, estiveram os representantes da embaixada da União Europeia e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

"O enredo é sempre o mesmo: buscar a conturbação e incutir a desconfiança entre os espíritos mais desavisados, para minar a legitimidade dos eleitos e da própria vida democrática. Atacar o sistema eleitoral dessa maneira é atacar a própria democracia", disse Fachin. Mas a maturidade e estabilidade das instituições brasileiras não permitirá que esses barulhos perturbem a vida democrática’, completou.

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Sem citar o presidente Jair Bolsonaro, o magistrado afirmou aos representantes estrangeiros que o País convive com o "vírus da desinformação", que atua, de maneira "infundada e perversa", para denunciar riscos "inexistentes e falhas imaginárias". Fachin fez um apelo aos embaixadores e diplomatas para que busquem informações verdadeiras sobre o sistema eleitoral brasileiro. O ministro tem feito alertas para os riscos aos quais o Brasil está submetido.

O encontro com as autoridades teve o objetivo de apresentar as particularidades do sistema de votação brasileiro e oferecer diálogos com os especialistas do TSE. O presidente do TSE conduziu a abertura do evento ao lado da do Supremo Tribunal Federal (STF) e substituta na Corte eleitoral, Cármen Lúcia. Durante o discurso aos chefes diplomáticos, Fachin explicou a complexidade das eleições no País, que contam com 150 milhões de eleitores, em mais de 5 mil municípios, com mais de 500 mil urnas eletrônicas em operação.

"Não é necessário alertar as Senhoras e os Senhores de que os desafios enfrentados pela Justiça Eleitoral brasileira não são, desafortunadamente, eventos isolados. Creio que todos aqui acompanham os perigosos sinais de ameaça à democracia em diversas partes do mundo", disse o ministro, mais uma vez sem citar diretamente Bolsonaro.

A cooperação internacional se tornou um dos objetivos da gestão de Fachin no TSE. O ministro já manifestou o interesse em contar com mais de 100 observadores eleitorais durante a votação em outubro. À frente da Corte até agosto, ele se movimenta para firmar acordos de missões de observação internacional, que são responsáveis por apresentar relatórios detalhados sobre a qualidade dos processo eleitoral brasileiro.

Confirmaram o envio de missões, até o momento, a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Parlamento do Mercosul, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a União Interamericana de Organismos Eleitorais (UNIORE), a Fundação Internacional para Sistemas Eleitorais (IFES) e a Rede Mundial de Justiça Eleitoral, além da manifestação de elevado interesse do instituto norte-americano Carter Center.

O ex-secretário do Tesouro Nacional e hoje diretor da Asa Investments Carlos Kawall afirmou que tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão adotar o caminho do populismo fiscal se eleitos em outubro. Os dois lideram as pesquisas de intenção de voto na disputa presidencial.

Para o economista, o governo do presidente Jair Bolsonaro trocou a âncora fiscal do teto de gastos públicos (que atrela o crescimento das despesas à inflação) pelo populismo ao apoiar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, aprovada no ano passado. A pré-campanha de Lula também acena para revisão do arcabouço fiscal, apesar de acenos a um diálogo com a centro-direita.

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"Hoje o debate eleitoral começa da pior maneira possível porque o atual presidente quer expandir o gasto, aumentar salário de servidor, reduzir o preço de combustíveis, corrigir a tabela do Imposto de Renda e já fez o Auxílio Brasil extrateto. Para compensar, parece que o candidato da oposição tem de fazer um discurso pior ainda", afirmou o economista em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Até mesmo a promessa de reajustar o salário de servidores públicos em 2023, proposta por Bolsonaro, implicaria uma revisão do teto de gastos públicos, que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior. "Continuo com uma visão pessimista com relação à trajetória da economia este ano e, para os anos futuros, não há nada que esteja sendo proposto no debate eleitoral que sugira melhora."

Para o economista, o debate eleitoral antecipou que o teto de gastos não funciona mais como âncora fiscal e será revisto por quem vencer a disputa. Nesse sentido, a tendência é de que a regra seja novamente modificada em 2023 para incorporar mais gastos e passar a considerar os efeitos da arrecadação no limite, e não apenas a inflação. "O teto, enquanto instituição, enquanto âncora, não está funcionando mais. Não trabalho com a hipótese de ter uma volta ao teto como ele era antes, pelo perfil dos dois candidatos que lideram as pesquisas", disse.

Revogação

Na pré-campanha do PT, há discursos defendendo a revogação do teto, aprovado no governo do ex-presidente Michel Temer e responsável por trazer de volta a confiança dos investidores, com redução no endividamento público. Bolsonaro, por sua vez, também passou a atacar a regra e classificá-la como "mortal" para o governo federal. Na avaliação de Kawall, a tendência é a de que o próximo governo não revogue simplesmente o teto, mas promova novas flexibilizações. "Com o Bolsonaro falando todo dia de alguma benesse que ele quer conceder, imaginar que o candidato da esquerda fosse falar em austeridade não faz o menor sentido. Mas ele ao mesmo tempo quer fazer acenos ao centro."

De acordo com o Kawall, a vinculação do teto à arrecadação pode vir com um aumento de arrecadação oriunda de receitas do pré-sal e até aumento de carga tributária, considerando as propostas de tributação de dividendos, mudança de Imposto de Renda ou redução dos benefícios tributários. Nesse caso, haveria impactos no crescimento econômico, de acordo com Kawall.

Na entrevista, Kawall projetou um cenário classificado por ele como um "quadro sombrio" para as contas públicas em 2022, com o Brasil em recessão e o restante do mundo crescendo. A projeção é de queda de 0,5% do PIB neste ano, com a taxa Selic subindo para 12% ou 12,25%.

Cerca de 13,5 milhões de brasileiros estão desempregados e o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve abrir os cofres públicos no ano eleitoral para custear medidas populistas que voltem a atrair votos. A expectativa do pacotão de ações para 2022 é de R$ 90 bilhões, mais que o dobro do previsto para o rombo das contas públicas.

Distante de Paulo Guedes desde que o cargo do ministro foi ameaçado por sua proximidade com uma empresa em paraíso fiscal, Bolsonaro já disse que não entende do assunto e deu carta branca ao administrador. Porém, já contrariou as orientações do Ministro da Economia a favor do empresariado.

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Prometida em 2018, a dita 'nova política' considerava o encolhimento das contas do Estado com a diminuição expressiva de benefícios do Governo.

Com o baixo rendimento nas intenções de voto, o plano foi sendo deixado de lado com a reaproximação do presidente com o Centrão e a sua percepção de que quem digita os botões das urnas eletrônicas são os CPFs e não os CNPJs. 

Desgaste neoliberal

A estratégia neoliberal deu vez ao antigo populismo frequentemente criticado na campanha como arma de manipulação da esquerda.

"Não é mais possível defender o Governo Bolsonaro como praticante de uma agenda neoliberal", afirma o cientista político e professor da Relações Internacionais na Asces-Unita, Gustavo Rocha.

Na sua visão, a agenda populista já descaracterizou totalmente o que seria uma política "fiscal austera na percepção neoliberal" e, apesar de tentar manter a aura de responsabilidade econômica, a "redução de investimentos e gastos em áreas estratégicas para gastar naquilo que eles imaginam ter apelo eleitoral" resultam em um cenário 'desastroso'.

Como quando o feitiço vira contra o feiticeiro, a postura adotada pelo novo perfil de Bolsonaro acaba chocando de frente com o discurso que o levou à Presidência, pois a abertura irresponsável dos cofres acaba "sendo instrumentalizada para funcionar como propaganda eleitoral e meio de manipulação", complementou Rocha.

Nesta sexta-feira (30), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), voltou a defender a adoção do sistema semipresidencialista no Brasil. Por meses, esse debate vem ganhando força entre parlamentares. O cientista político Pedro Soares aponta que o sistema pode ser uma tentativa de barrar Lula e o retorno do populismo de esquerda no Brasil. 

Essa não é a primeira vez que tentam derrubar a forma de governo do Brasil, que vigora desde 1889, com o declínio da monarquia. Em 1993, houve um plebiscito que demandava a escolha da volta da monarquia, da república e parlamentarismo ou do presidencialismo. A consulta resultou na continuidade do nosso sistema atual de governo, que é presidencialista.

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O semipresidencialismo é um sistema de governo que tem a divisão da gestão da máquina pública entre o primeiro-ministro e o presidente eleito pela população. O primeiro-ministro, no caso, é indicado pelo presidente e pela Câmara dos Deputados.

“Não existe apenas uma forma (única) de funcionar o semipresidencialismo. Existem países em que o presidente tem uma atuação igual à do primeiro-ministro, não exatamente as mesmas funções, mas uma atuação tão forte quanto. Mas existem países em que a atuação do presidente é quase nula, então depende do tipo de acordo que se estabelece a partir do momento da implantação do sistema”, detalha o cientista político Pedro Soares.

Na defesa do semipresidencialismo no Brasil, o presidente da Câmara afirmou: "Nós temos problemas que são taxados de governo de coalizão, temos problema de taxação de partidos de Centrão, quando, na realidade, os partidos do centro são os partidos que, em uma ideia mais clara de semipresidencialismo, poderiam ser a base de sustentação e não de apoio por apoio, apoio por cargos, mas apoio com responsabilidade com gestão, como é o caso do sistema semipresidencialista".

Lira chegou a salientar que o semipresidencialismo só valeria para as eleições de 2026 e que poderia ajudar para diminuir a "instabilidade crônica que o Brasil vive há muito tempo". Soares, no entanto, não concorda com essa afirmação do presidente da Câmara. Para o cientista político, não seria boa para o Brasil implantação desse sistema, uma vez que ele não resolveria os problemas do País.

“Qual seria o sentido de instalar um novo sistema de governo se não para resolver as nossas crises políticas, os nossos problemas políticos? Existe, na verdade, um problema crônico que é a pobreza, um problema social, político e econômico. Existe uma série de problemas que são derivados da pobreza. Se a prerrogativa que estão utilizando para defender o semipresidencialismo é acabar com as sucessivas crises políticas, esse sistema não vai conter essas crises”, garante Pedro.

O cientista acredita que esse debate esteja voltando agora porque “há uma tentativa de deslocar o caminho para que não haja a volta do ex-presidente Lula (PT)". Há uma questão temerosa em trazer Lula de volta (à presidência), justamente porque ele é muito popular e algumas pessoas temem essa volta do populismo de esquerda, essa retomada latinoamericana do populismo de esquerda”, complementa.

O semipresidencialismo é rejeitado por alguns pré-candidatos à presidência. Lula chegou a afirmar que o semipresidencialismo seria uma espécie de "golpe" para evitar que ele e seus aliados voltem a governar o país. "Distritão não é reforma política, é um jeito deles se perpetuarem no poder. E semipresidencialismo é outro golpe para tentar evitar que nós possamos ganhar as eleições. Não dá para brincar de reforma política, isso é coisa que tem que ser discutida com muita seriedade", disse o petista.

O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), defende que qualquer mudança eleitoral deve ser feita " em um clima mais pacificado", e que a "véspera" eleitoral não é o momento para uma mudança como esta. "Defendo uma ampla reforma política estrutural. Essa, sim, precisa ser discutida em um clima mais pacificado do que encontramos hoje no País", afirma.

PEC 125/11

A Portal da Câmara publicou que, no último dia 10 de julho, questionado sobre a abertura do processo de impeachment contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, Arthur Lira havia afirmado que o País não pode viver instabilidades políticas a cada eleição. Na ocasião, ele sugeriu que a Câmara dos Deputados comece a debater a possibilidade de instaurar, a partir de 2026, o sistema semipresidencialista, de forma a evitar crises institucionais de rupturas no País. Segundo Arthur Lira, a comissão especial que debate a reforma política (PEC 125/11) poderá analisar essa ideia. A previsão, segundo o presidente, é que o relatório seja votado pelo Plenário a partir do dia 4 de agosto.

O cientista político Luis Felipe d'Ávila considera que uma eventual união entre candidatos centristas deve ser feita com base em três diretrizes: o combate à corrupção e aos privilégios, a preocupação com os mais pobres e a promoção do serviço público de qualidade para garantir acesso à Educação e à Saúde aos mais necessitados. "O centro precisa criar a vacina contra o populismo", disse.

Segundo d'Ávila, o presidente Jair Bolsonaro foi eleito por quatro grupos e já foi abandonado por três deles: os antipetistas, os liberais e os lavajatistas. Mantém o apoio dos fidelíssimos, do "bolsonarismo duro". Mas, avalia, hoje a maioria dos brasileiros deseja um governo totalmente diferente do atual, e um candidato em um partido médio, como Cidadania e o Podemos, teria mais chance de atrair outras siglas sem prejudicar os acertos regionais.

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Para ele, o antibolsonarismo deve ter papel central na eleição em 2022. "Os votos que Lula e que Bolsonaro tiveram são votos do passado. Bolsonaro carregará o peso da crise sanitária, Lula o da corrupção e Moro o da resistência ao seu nome na esquerda. O centro é que pode construir pontes. Se o centro chegar ao segundo turno, ele ganhará a eleição."

Substituição. O cientista político José Alvaro Moisés concorda que o antibolsonarismo deve ocupar o papel do antipetismo nessa eleição em razão do "desastre da política sanitária" do governo. "É possível que o eleitor antipetista abandone Bolsonaro e procure alguém mais competitivo contra Lula em 2022." Para que haja uma terceira força capaz de capturar parte do antibolsonarismo e o voto de esquerda crítico ao PT, diz Moisés, seria necessário que o centro democrático não aparecesse dividido na próxima eleição.

O cientista político acredita ser necessário que o centro apresente um programa viável de retomada econômica com a criação de empregos e a defesa da democracia, combatendo a desigualdade "abismal". "É preciso que o centro saiba dialogar com o sentimento de rejeição da política para que ele não desapareça. Nós precisamos de estadistas."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O papa Francisco criticou o nacionalismo por conduzir a guerras e acredita que o populismo não reflete a cultura popular, em uma entrevista publicada no jornal "La Stampa", em meio à crise política deflagrada na Itália pela extrema direita de Matteo Salvini.

"O nacionalismo é uma atitude de isolamento. Estou preocupado, porque ouvimos discursos que lembram os de Hitler em 1934. 'Primeiro nós. Nós... nós...': estes são pensamentos aterrorizantes", afirmou o pontífice.

Concedida dias antes da crise do governo protagonizada por Salvini, entre os líderes europeus da corrente nacionalista junto com o húngaro Viktor Orban e a francesa Marine Le Pen, a entrevista do papa argentino acontece em um momento delicado da política italiana.

"Um país deve ser soberano, mas não fechado. A soberania deve ser defendida, mas as relações com outros países e com a Comunidade Europeia também devem ser protegidas e promovidas. O nacionalismo é um exagero que sempre acaba mal: leva a guerras", acrescentou.

Questionado sobre o populismo, o papa, que vivenciou os anos de Domingo Perón em seu país, explicou que essa prática também "fecha as nações", caso do nacionalismo.

"No começo, não conseguia entender, porque, estudando Teologia, eu aprofundava o popularismo, isto é, a cultura do povo: uma coisa é que o povo que se expresse, e outra é impor ao povo a atitude populista. O povo é soberano (tem seu jeito de pensar, de se expressar e de sentir, de avaliar), mas os populismos nos levam ao nacionalismo: esse sufixo, 'ismos', nunca faz bem", insistiu.

Na entrevista, conduzida por Domenico Agasso, o pontífice falou também sobre Europa, Amazônia e meio ambiente.

"A Europa não deve ser desfeita, devemos salvá-la. Ela tem raízes humanas e cristãs. Uma mulher como Ursula von der Leyen pode reviver a força dos Pais Fundadores", disse ele, em referência à nova presidente da Comissão Europeia, eleita em 2 de julho passado.

Francisco também mencionou várias catástrofes ambientais, falou sobre a perda dos recursos do planeta e relembrou uma reunião recente com pescadores que lhe disseram que coletaram seis toneladas de plástico nos últimos meses.

O presidente regional do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), foi atacado nesta segunda-feira (7), no estado de Bremen, localizada no Norte do país. De acordo com o partido, Frank Magnitz foi atacado por um grupo de pessoas encapuzadas. Após ficar desacordado, e em consequência dos ferimentos graves, ele foi encaminhado a um hospital local.

Os demais partidos alemães se pronunciaram, destacando que nada justifica a violência. Um dos líderes do Partido Verde, Cem Özdemir, declarou que "quem combate o ódio com ódio permite que, ao final, sempre vença o ódio". Já o ministro do Exterior Heiko Mass, afirmou que "a violência jamais deve ser um meio de debate político. Não importa contra quem, nem os motivos". A polícia e a promotoria seguem a linha de investigação a partir do princípio de que o ataque foi motivado por conta do cargo político que a vítima ocupava.

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Na semana passada, a AfD já havia sido alvo de ataques. Em Döbeln, um escritório foi explodido, resultando na prisão de três suspeitos, que depois foram liberados. No fim de semana, a casa de um parlamentar em Meppen foi pichada, e em Berlim, tinta foi jogada contra um escritório do partido.

A nova edição da revista britânica "The Economist" traz na capa o candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, que é tratado como "a ameaça mais recente da América Latina".

A publicação, um ícone da direita liberal no mundo, afirma que o deputado federal seria um presidente "desastroso". Segundo a revista, uma eventual vitória de Bolsonaro arriscaria piorar o atual cenário do Brasil.

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"Bolsonaro, cujo nome do meio é Messias, promete salvação; na verdade, ele é uma ameaça para o Brasil e para a América Latina", diz a "Economist", que o coloca como um novo membro do "clube dos populistas", ao lado de nomes como o norte-americano Donald Trump e o italiano Matteo Salvini.

A avaliação negativa não é aliviada nem mesmo pela indicação de que o ultraliberal Paulo Guedes comandaria a economia em um eventual governo Bolsonaro. A revista diz que o candidato flerta com a ditadura e alerta para o eleitor não acreditar nas promessas de um político "perigoso".

O Brasil é personagem frequente nas capas da "Economist", como na célebre edição de 2009 em que o Cristo Redentor aparece "decolando". Nos anos seguintes, no entanto, o otimismo deu lugar ao pessimismo com a crise política e econômica do governo Dilma Rousseff.

Em uma edição de 2016, o mesmo Cristo Redentor aparece na revista pedindo "socorro".

Da Ansa

O escritor peruano Mario Vargas Llosa criticou nesta terça-feira o populismo, que classificou de "enfermidade da democracia", ao apresentar em Madri um livro coletivo sobre a questão assinado, entre outros, pela opositora venezuelana María Corina Machado.

O Nobel peruano de Literatura participou, em um ato na Casa América de Madri, da apresentação do livro "El estallido del populismo", com um prólogo seu e coordenado por seu filho Álvaro Vargas Llosa.

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Mario Vargas Llosa reiterou seus argumentos contra o populismo, "um fenômeno mundial" que "enterra a democracia, destrói pouco a pouco as instituições e leva os países inevitavelmente a uma catástrofe econômica".

O autor de 81 anos, firme defensor do liberalismo político e econômico, mencionou a Venezuela como o caso "mais trágico", pois segundo ele se trata de "um país em que se morre literalmente de fome", e onde "a existência de um povo comum e corrente se vê ameaçada pela insensata política econômica que levou este país à beira do abismo".

"O populismo hoje viralizou", afirmou seu filho Álvaro, autor do primeiro capítulo do livro, "El caso Trump".

Álvaro Vargas Llosa defendeu a edição como "um livro de combate", e englobou em sua definição de populismo o partido francês ultradireitista Frente Nacional, o presidente americano, o chavismo, o castrismo, o partido espanhol de esquerda radical Podemos e o governo de Rodrigo Duterte nas Filipinas.

A jornalista e dissidente cubana Yoani Sánchez, diretora do jornal digital 14ymedio.com, acusou as autoridades cubanas de terem feito da Venezuela "uma caricatura ruim" de seu sistema, promovendo ideias como "a estatização da economia" e "a estruturação do sistema ao redor de um homem".

No entanto, afirmou que, diferentemente de seu país, na Venezuela continua havendo "estruturas cívicas mínimas (...) que têm permitido protestos nos dois últimos meses" contra o governo de Nicolás Maduro.

"No caso cubano não vejo que possa ocorrer algo assim, porque a maioria de meus compatriotas preferem atravessar o mar com um tubarão do que com um policial", comparou Sánchez, autora de outro dos capítulos do livro.

Entre os 16 autores de "El estallido del populismo", lançado na Espanha, estão opositora venezuelana María Corina Machado, autora do capítulo "La tiranía chavista y la decisión de vencerla", o colombiano Plinio Apuleyo Mendoza e a ex-deputada conservadora espanhola Cayetana Álvarez de Toledo.

Entre julho e agosto o livro será comercializado em toda a América Latina.

O papa Francisco advertiu nesta quinta-feira (9) em uma entrevista ao jornal semanário alemão Die Zeit sobre os perigos do crescente populismo entre as democracias ocidentais. "O populismo é maligno e termina mal, como demonstrou o século passado", disse o papa.

pontífice também rechaçou qualquer tipo de culto em torno do papado e disse que ele é um crente normal como todos. "Não me vejo como nada especial. Sou um pecador, sou falível", afirmou o pontífice.

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Na primeira grande entrevista do papa a um periódico alemão, foi perguntado se Francisco também teve momentos em que duvidara da existência de Deus. "Eu também conheci momentos de vazio", respondeu.

No entanto, o papa assinalou que os momentos de crise também são uma oportunidade de crescer e disse que um cristão que não os experimentar seguirá sendo "infantil". Fonte: Associated Press.

A chanceler alemã, Angela Merkel, candidata a um quarto mandato em 2017, fez uma advertência nesta quarta-feira contra a divulgação de informações falsas na internet, que, segundo ela, alimentam o populismo.

"Acredito que não devemos subestimar o que acontece (...) com a informática e a internet", afirmou a chefe de Governo conservadora em um discurso aos deputados no Bundestag (Parlamento).

"Temos hoje muitas pessoas que consultam meios que estão baseados em regras muitos diferentes dos tradicionais critérios jornalísticos", afirmou.

"Não digo que sejam as únicas razões da emergência do populismo, mas quero destacar que que a forma como se forja uma opinião se produz hoje de forma diferente que há 25 anos", completou Merkel.

A chanceler, que cresceu na ditadura da Alemanha Oriental, citou os "sites falsos, as inteligências artificiais, os trolls e as coisas que são geradas por si mesmas" e modificam a opinião das pessoas.

"Algo mudou (...) enquanto a globalização avança", afirmou Merkel, que está há 11 anos no poder. A chanceler insistiu que o debate político atual acontece em um "entorno midiático totalmente diferente" do da época da queda do Muro de Berlim, em 1989.

"O populismo e os extremismos registram uma emergência nas democracias ocidentais", lamentou.

Após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, Angela Merkel recordou ao polêmico magnata a vigência dos princípios do Estado de direito e da democracia.

A Alemanha registra por sua vez o avanço da direita xenófoba, antieuropeia e populista, representada pelo partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que registrou bons resultados nas eleições regionais dos últimos meses.

O Banco Central Europeu (BCE) fez nesta terça-feira um alerta contra o surgimento de lideranças políticas populistas na Europa, que poderiam desacelerar a implementação de reformas necessárias à economia da região.

Os comentários foram feitos dentro do documento sobre a estabilidade financeira do BCE, publicado semestralmente, e chega em um momento em que uma onda de revoltas populistas ameaçam minar boa parte da ordem política construída desde o final da Segunda Guerra.

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No relatório, o BCE afirma que os riscos políticos crescentes, "assim como o apoio crescente a partidos populistas menos orientados à reformas, podem potencialmente postergar a implementação de reformas fiscais e estruturais necessárias e causar pressões renovadas sobre países vulneráveis."

Na segunda-feira, o resultado das urnas na Áustria mostrou que Alexander Van der Bellen, ex-líder do Partido Verde local, venceu seu adversário de extrema-direita, Norbert Hofer, pela menor margem da história das eleições presidenciais austríacas.

A disputa na Áustria sublinha "o crescente sentimento nacionalista na Europa, elevando questões sobre o futuro da integração europeia", afirmou o Andrew Wishart, analista da Capital Economics. Fonte: Dow Jones Newswires.

Embora não estivesse explicitamente em nenhuma parte do imenso programa de painéis e debates do Fórum Econômico Mundial, o populismo latino-americano foi um tema marcante este ano em Davos. Diversas autoridades de países da região deram diferentes perspectivas sobre o fenômeno, mas todas elas tiveram um ponto em comum: tentar mostrar que seus respectivos países já não sofrem da crônica instabilidade político-econômica característica da história da América Latina.

No contexto dessa narrativa, a Argentina assumiu papel de protagonista. O novo presidente Mauricio Macri e seus principais auxiliares econômicos desfilaram por Davos em uma programação intensa, cujo objetivo principal era o de anunciar e celebrar o fim do ciclo populista no país.

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Segundo Federico Sturzenegger, novo presidente do Banco Central da Argentina, o kirchnerismo representou "um gênero muito especial de populismo". O economista notou que, no típico ciclo populista, o governo se endivida ao máximo, gasta tudo o que puder e deixa a conta dos problemas posteriores para os sucessores.

Na Argentina dos Kirchner, no entanto - na visão de Sturzenegger - o "ódio ao mundo" era tão forte que o país optou por cortar definitivamente todos os laços com o mercado internacional de capitais. O custo desta alternativa, para o presidente do BC argentino, foi o de parar de crescer nos últimos anos, quando se esgotou o ciclo de commodities, e também o de recorrer ao financiamento interno, com aumento de tarifas e impostos (incluindo a taxação da exportação de commodities agrícolas, que Macri já começou a reverter).

O ministro da Fazenda de Macri, Alfonso Prat-Gay, considera que a Argentina se saiu razoavelmente bem na tarefa inicial de desvalorizar o peso, liberar as extremas amarras cambiais do regime anterior e reintroduzir uma política mais normal de juros reais para dar partida ao combate à altíssima inflação. Num passo posterior, cogita-se implantar um regime de metas de inflação.

As negociações com os "hold-outs" (credores da dívida externa da Argentina que não aceitaram os termos da reestruturação) estão avançando e Prat-Gay vê a derrubada da inflação e a rearrumação fiscal como os próximos grandes desafios. Tanto ele quanto Sturzenegger apostam que o baixo nível de endividamento argentino permitirá uma retomada rápida do crescimento.

Uma mensagem diferente, que corresponde a uma etapa mais avançada do pós-populismo, foi dada em Davos por autoridades dos países latino-americanos que adotam o chamado "modelo do Pacífico" de economias em busca de maior abertura e liberalismo, como Chile, Peru, Colômbia e México.

A ideia vendida é de que eles são países que superaram a gangorra de booms e crises característica da região, por meio de regimes monetários e instituições fiscais que permitem navegar em momentos turbulentos da economia mundial.

Nesse sentido, o fim do ciclo de alta das commodities e a aguda queda das matérias-primas nos últimos meses fornecem o "teste" ideal para a tese defendida pelos países do modelo do Pacífico. Em Davos, os ministros das Finanças do Chile, do Peru e da Colômbia procuraram mostrar como a queda das commodities afetou as suas economias, com desaceleração e pressões inflacionárias, mas nem de longe as tirou do trilho. Nos três casos, o PIB continua e território positivo.

O Peru, inclusive, já voltou a acelerar, como apontou o ministro peruano, Alonso Segura Vasi. Em um dos debates, ele afirmou que os últimos presidentes peruanos - inclusive o atual, Ollanta Humala - sofrem com a falta de popularidade, mas há um consenso entre sucessivas equipes econômicas que mantêm o país numa trilha de políticas ortodoxas e liberais.

Já o presidente do México, Enrique Peña Nieto, garantiu em Davos que "somos hoje uma economia que praticamente de ‘despetrolizou’". Ele insistiu na tecla de que o México atual é um país de manufaturas diversificadas, com muitos segmentos de alto valor agregado, e que promoveu uma drástica redução do petróleo na pauta de exportações e na arrecadação tributária. Da mesma forma que Peru, Chile e Colômbia, a mensagem foi de superação da fase de booms e crises.

Coube a Nelson Barbosa, ministro da Fazenda do Brasil, a tarefa difícil de mostrar um país que, sem troca de governo, manteve os compromissos de inclusão social da era do boom de commodities, mas adaptando-os às vacas magras da etapa atual. Barbosa rechaçou o rótulo de populismo para fase de ouro do governo Lula, afirmando que o Brasil aproveitou a alta das matérias-primas para reduzir a pobreza e a desigualdade e agora, sem descartar programas sociais, está redimensionando-os para uma etapa de orçamentos mais restritos.

O pano de fundo negativo para a discussão do populismo, finalmente, foi a Venezuela. O economista Ricardo Hausmann, de Harvard, disse que a Venezuela (seu país de origem) viverá em 2016 um colapso econômico de enormes proporções, que vai causar uma "crise humanitária". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Aécio Neves (PSDB) será um dos palestrantes do seminário “IV Fórum de Lima – América Latina: desafios e oportunidades”, que será realizado em Lima (Peru) nesta quinta (26) e sexta-feira (27). O evento é promovido pela Fundação Internacional para a Liberdade.

O tucano é o único brasileiro convidado a falar durante o fórum que discorrerá sobre o tema: “Entre o populismo e a liberdade”. “Será uma grande oportunidade de debater as transformações políticas, econômicas e sociais pelas quais passa a América Latina. A defesa da democracia e das instituições, tenho certeza, estará no centro das discussões que serão realizadas por personalidades de vários países da região”, antecipou o parlamentar no site do PSDB. 

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Além de Aécio Neves, outras autoridades participarão do seminário realizado na Universidade de Lima, como: dois ex-presidentes da República, Jorge Batlle (Uruguai) e Andres Pastrana (Colômbia), a ex-ministra da Defesa da Colômbia Marta Lúcia Ramirez, os escritores Carlos Alberto Montaner (Cuba), Arturo Fontaine (Chile), Juan Caludio Lechin (Bolívia) e Michael Ramirez (Canada) e os jornalistas Mary O Grady, Wall Street Journal, Fernando Berckemeyer, El Comercio (Peru), entre outros.

O jornal britânico Financial Times (FT) acredita que o efeito político da desaceleração econômica que atinge os países sul-americanos pode ser mais duradouro que o impacto econômico. Em editorial publicado na edição desta segunda-feira, a publicação afirma que a desaceleração da economia "agora está atingindo outros emergentes, sobretudo na América do Sul. "Os efeitos políticos da desaceleração podem ser mais duradouros que os econômicos. A maré rosa pode começar a retroceder", diz o texto, afirmando que o "populismo encontrou seus limites" na região e "decisões difíceis já não podem ser disfarçadas".

O editorial lembra que a América do Sul desfrutou uma década de bonança com o boom das commodities, que começou em 2003. A região foi amplamente beneficiada pelo aumento de preços de commodities, como o petróleo, soja e cobre. "O balanço de pagamentos alcançou o superávit, permitindo maiores importações. A entrada de capital fomentou o auge do crédito. As receitas dos governos também dispararam, assim como o gasto social do Estado", diz o texto.

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Para o jornal, "é por isso que os partidos de esquerda continuaram a ganhar eleições em países tão diversos como a Argentina, Brasil, Equador e Venezuela", ao comentar que essa esquerda oferecia a proposta de um Estado com um "capitalismo ao estilo chinês no lugar da variante anglo-saxã em crise". Esse modelo, porém, tinha um "toque local", "que prioriza o consumo sobre o investimento".

"Se trata de um enfoque politicamente eficaz", diz o editorial, que critica, porém, que esse modelo não atentava para a eficiência. "Alguns países como Chile, Colômbia e Peru mantiveram o ritmo de reformas e, inclusive, de guardar as receitas extraordinárias", diz o texto, que comenta que o grupo fez o contraponto político no tema. O FT reconhece, sem citar nomes, que alguns países estão tentando retornar ao pragmatismo, "mas não à ortodoxia". "Alguns países estão retornando ao pragmatismo, mas não à ortodoxia. O populismo encontrou seus limites. Decisões difíceis já não podem ser disfarçadas", diz o texto.

"No Brasil, o Partido dos Trabalhadores governou o país com grande êxito desde o ano de 2003. No entanto, após os recentes protestos e a desaceleração da economia, já não é tão certa a ideia de que Dilma Rousseff vai ganhar as eleições do próximo ano. Ela tem que recuperar a confiança na economia e no investimento privado. Ela cortou gastos, deu liberdade ao Banco Central para combater a inflação e aumentou o retorno ao investidor do programa de infraestrutura no Brasil", diz o editorial.

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