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Para aprovar na próxima semana as duas Medidas Provisórias do ajuste fiscal (665 e 664), senadores do PT vão cobrar da presidente Dilma Rousseff o compromisso de que ela não vetará uma emenda da MP 664 que cria uma alternativa do fator previdenciário. A nova fórmula, aprovada na quarta-feira, 13, à noite pelo plenário da Câmara dos Deputados, muda o cálculo para a concessão de aposentadorias e preocupa o Planalto.

O fator previdenciário, atualmente em vigor, reduz o valor do benefício de quem se aposenta por tempo de contribuição antes de atingir 65 anos (nos casos de homens) ou 60 (mulheres). O tempo mínimo de contribuição para aposentadoria é de 35 anos para homens e de 30 para mulheres. Essa regra foi criada em 1999 pelo governo Fernando Henrique Cardoso como forma de conter os gastos da previdência social.

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Na votação da MP 664, contudo, os deputados aprovaram uma emenda que propõe a adoção da fórmula 85/95. Por meio dela, o trabalhador se aposenta com proventos integrais (com base no teto da Previdência, atualmente R$ 4.663,75) se a soma da idade e do tempo de contribuição resultar 85 (mulheres) ou 95 (homens).

Favoráveis à nova fórmula, os senadores pelo PT Walter Pinheiro (BA) e Paulo Paim (RS) já anunciaram que vão defender sua aprovação no Senado e querem que o governo assuma o compromisso de mantê-la como garantia para aprovar as duas MPs do ajuste fiscal. A dupla já havia apresentado uma emenda com igual teor quando a MP 664 tramitou na comissão mista. Mas ela não chegou a passar pelo colegiado, somente agora pelo plenário da Câmara, com uma emenda do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).

Desde a noite dessa quarta, após a aprovação da emenda, os dois petistas começaram a articular adesões com o intuito de cabalar votos de pelo menos 40 senadores de apoio à nova fórmula. "Já estamos mobilizando outros parlamentares para engrossar o coro dos colegas favoráveis à mudança no fatos previdenciário e, após a aprovação, queremos o compromisso do Executivo na manutenção do texto. Caso haja veto, vamos também trabalhar para a derrubada dele", avisou Walter Pinheiro.

Durante as audiências públicas para a discussão da MP 664, o ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, afirmou que Dilma estava disposta a abrir a mesa de negociações, o que incluía a questão do fator previdenciário. Ele afirmou, porém, que era impossível acabar com o fator previdenciário sem colocar nenhuma regra no lugar dele para garantir a sustentabilidade da Previdência. Em entrevista ao Estado, publicada em fevereiro deste ano, o ministro já tinha defendido a mesma fórmula como início das discussões para o fim do fator previdenciário.

De 1999 até o fim deste ano, esse mecanismo que reduz a aposentadoria de quem se aposenta mais cedo foi responsável por uma economia de R$ 35 bilhões aos cofres da Previdência Social. O Congresso já acabou com o fator previdenciário em 2010, mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou a medida.

Segundo Gabas, a idade média de aposentadoria por contribuição no Brasil é de 54 anos e a expectativa de vida dos brasileiros é de 84 anos, uma conta que não fecha porque o aposentado recebe benefícios por 30 anos, em média. Para receber a aposentadoria integral, a única regra atual é ter 60 anos ou 65 anos, respectivamente, para mulheres e homens, e ter contribuído por, no mínimo, 15 anos. A nova fórmula, portanto, aumenta a exigência para receber o benefício integral sem a redução prevista no fator previdenciário.

A vitória na aprovação do texto-base da MP 664 não se repetiu na votação da emenda que trata da flexibilização do fator previdenciário. Com votos contrários do próprio PT e do PC do B, o governo foi derrotado e viu a Câmara incluir na medida provisória um dispositivo que cria uma alternativa à fórmula que reduz o valor das pensões e que tem por objetivo desestimular aposentadorias precoces.

Por 232 a 210 votos, além de duas abstenções, os deputados aprovaram uma emenda do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) que estabelece uma "porta de saída" para o fator para quem atingir um somatório que leva em conta a idade e o tempo de trabalho.

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Pelo texto aprovado, essa soma deve atingir 85 para as mulheres e 95 para os homens, desde que o tempo mínimo de contribuição seja de 30 anos para as mulheres e de 35 anos para os homens. Essa é a "porta de saída" para o fator previdenciário.

Hoje, um homem de 60 anos tem desconto no benefício ao se aposentar mesmo se tiver contribuído por 35 anos, por não atingir a idade mínima (65). Com a nova regra, o somatório atingiria o mínimo exigido (95) e, portanto, ele teria direito ao pagamento integral do benefício.

A flexibilização do fator previdenciário era considerada pelo Planalto o ponto mais delicado da votação da MP 664. Com a aprovação, as despesas do governo com o pagamento de aposentadorias vão aumentar em R$ 40,6 bilhões na primeira década, sendo que nos quatro primeiros anos não haveria impacto porque as pessoas adiariam as aposentadorias para se enquadrar na nova regra que garante a aposentadoria integral.

No PT, houve nove votos contra o governo, gesto também adotado por todos os 12 parlamentares do PC do B presentes. "Votei de acordo com a minha consciência", justificou a deputada Erika Kokay (DF), integrante dos nove petistas contrários à orientação do Planalto.

Vice-líder do governo, o deputado Sílvio Costa (PSC-PE) atribuiu a derrota ao PC do B e ao PDT, que se manteve contra o Planalto. "Acho que o governo, após essa votação, tem que repensar algumas relações", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O que era para ser uma noite de alívio para o governo com a aprovação do texto-base de mais uma medida provisória do ajuste fiscal terminou com duas derrotas para o Palácio do Planalto. Embora a MP 664, que endurece o acesso a benefícios previdenciários, tenha avançado e deva ter sua votação na Câmara concluída nesta quinta-feira (14), os deputados aprovaram uma emenda que flexibiliza o fator previdenciário e também suprimiram um artigo que visava a alterar as regras de concessão do auxílio-doença.

O texto-base da MP foi aprovado com uma vantagem de 99 votos - 277 a favor, 178 contra e uma abstenção. O governo obteve o placar mais tranquilo que o da semana passada, quando conseguiu endurecer regras do seguro-desemprego e do abono salarial com 25 votos de vantagem, mediante oferta de cargos de segundo escalão e promessa de liberação de emendas parlamentares.

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A margem do Planalto, no entanto, minguou na discussão do fator previdenciário, cálculo criado em 1999 para desestimular aposentadorias precoces (mais informações abaixo). A emenda foi aprovada por 232 votos a 210, além de duas abstenções.

Na discussão do texto-base da Medida Provisória 664, o governo conseguiu reverter votos nas bancadas do PP, PTB e PRB. Na semana passada, esses partidos haviam rachado, o que por pouco não derrubou a MP 665 - que restringe o acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial.

O PDT manteve a posição da primeira votação e os 18 deputados do partido presentes se posicionaram contra o governo. "Não poderíamos ser incoerentes. Agora vamos mudar de opinião? Votar contra direitos previdenciários?", disse o líder do PDT, André Figueiredo (CE).

Dos 63 deputados petistas, 54 votaram na MP 664. Dos presentes, de novo Weliton Prado (MG) foi o único a não votar pelo projeto, como na semana passada. Naquela ocasião, 55 petistas haviam votado.

O PMDB, que só confirmou apoio às MPs depois de constranger o PT a assumir publicamente a defesa das medidas impopulares, deu um voto a favor do governo a mais que na semana passada - 51 a 50 pela aprovação - e também reduziu a infidelidade: foram 7 votos contrários ontem, ante 13 na primeira votação.

Manifestação

A sessão foi tumultuada. Ao menos dois integrantes da Força Sindical, ligada ao Solidariedade, abaixaram as calças nas galerias do plenário e mostraram as nádegas quando discursava o líder do governo, José Guimarães (PT-CE). "Lamentamos cenas que não podemos controlar", disse o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao ordenar o esvaziamento das galerias.

Antes, manifestantes e parlamentares da oposição mostraram faixas de protesto, entoaram o Hino Nacional e cantaram uma paródia de Vou Festejar, de Beth Carvalho: "PT pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão". Houve princípio de tumulto entre os deputados no plenário.

Diante do cenário de acirramento nas votações das MPs, integrantes do governo passaram a negociar uma das principais demandas dos aliados: a "verticalização" dos cargos que estão sob o guarda-chuva de cada um dos ministérios. Além disso, foram prometidas cotas de emendas parlamentares que somam cerca de R$ 150 milhões, segundo um ministro disse ao Estado.

Além de PP e PDT, o PSD foi procurado. A promessa do governo não foi de conceder todos os espaços, mas "um pouco mais da metade" das estruturas dos respectivos ministérios: Integração, Trabalho e Cidades. Para as conversas foram escalados o vice-presidente Michel Temer e o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil). Na tarde de ontem, o ministro Carlos Gabas (Previdência) se reuniu com líderes governistas na Câmara.

Ao PSD, houve promessa de liberar emendas em cotas de R$ 2 milhões, R$ 3 milhões e R$ 5 milhões. O líder da legenda, Rogério Rosso (DF), negou que tenha havido negociação nesse sentido.

Nas tratativas com o PDT, apesar de o partido não ter fechado apoio à votação, ficou acertado que seria colocada na mesa de negociação a possibilidade de a legenda assumir o comando das duas principais secretarias do Ministério do Trabalho - Relações do Trabalho e Economia Solidária, ocupadas pelo PT. Em troca, o partido não discutirá a saída da base e se comprometeu a votar contra o projeto de desoneração da folha de pagamento.

Ao PP, o governo garantiu o comando da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Foi assegurada ao presidente da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), a Vice-Presidência de Governo da Caixa e a Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Manifestantes ligados à Força Sindical mostraram as nádegas na galeria da câmara em protesto contra aprovação do texto-base da Medida Provisória 664, que muda as regras para a concessão de pensão por morte. A votação foi marcada por tumulto e empurra-empurra.

Foram 277 votos à favor, 178 contra e uma abstenção. Os sindicalistas, que passaram toda a votação hostilizando os governistas, foram retirados da galeria.

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Mais uma vez PMDB, PT, PRB, PSD, PR, PCdoB e PROS votaram com o governo. O PDT se somou ao bloco oposicionista e votou contra a MP. Contrariando mais uma vez a recomendação de seu partido, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) disse que votou sim porque "o PT destruiu o Brasil". Na semana passada, o parlamentar também votou à favor da MP 665. "Não quero que as pessoas continuam perdendo o emprego, sem poder pagar a conta de luz", justificou no microfone.

Em primeira votação da Medida Provisória 664, que muda as regras para a concessão de pensão por morte, o governo demonstrou força no plenário da Câmara dos Deputados e conseguiu aprovar a admissibilidade da proposta. Na votação nominal foram 278 votos à favor, 167 contra e apenas uma abstenção.

PMDB, PT, PRB, PSD, PR, PCdoB, PROS orientaram suas bancadas a votar favorável à admissibilidade. Já PSDB, DEM, PPS, PSB, PDT e Solidariedade se colocaram contrários. O PV liberou sua bancada.

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Com a aprovação da admissibilidade da proposta, os deputados partirão para a votação do mérito do texto. A MP já tem 20 destaques, que devem ser votados entre esta quarta-feira, 13, e amanhã.

Durante a votação, sindicalistas da Força Sindical, que acompanham a apreciação da MP da galeria da Câmara, vaiaram os governistas. A oposição insiste no discurso de que o trabalhador está pagando a conta dos gastos do governo. "A presidente transfere a responsabilidade do ajuste econômico para quem menos tem", acusou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE).

Já o governo prega que a MP visa garantir a sustentabilidade da Previdência Social. "Queremos que ela continue sendo uma Previdência pública", defendeu o relator da MP, deputado Carlos Zarattini (PT-SP).

O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), disse na tarde desta quarta-feira, 13, que espera mais votos favoráveis de sua bancada à Medida Provisória (MP) 664, que muda o sistema de concessão de pensão por morte e auxílio-doença. Para o peemedebista, a bancada compreende que o pacote de ajuste fiscal é algo necessário, "apesar de ser amargo".

"A tese é a mesma da semana passada: vamos votando o ajuste pela necessidade que o País passa de ter uma rearrumação em sua área econômica. Estamos dando um voto de credibilidade e de confiança ao ministro da Fazenda (Joaquim Levy)", afirmou. O partido não deve apresentar destaques à MP, "salvo na necessidade de corrigir uma distorção grave".

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Assim como no PMDB, Picciani disse esperar que o número de votos pró-governo também aumente entre a bancada petista. Na semana passada, durante a votação da MP 665 (que restringe regras de concessão do seguro-desemprego e abono salarial), o PMDB deu 50 votos de apoio, 13 contra e três deputados se ausentaram. Já o PT deu 54 votos a favor, um contra e houve nove ausências.

Reeleição da Mesa Diretora

O líder do PMDB tentou desconversar ao ser questionado sobre a possibilidade de apresentação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permita a reeleição, no mesmo mandato, dos presidentes da Câmara e do Senado. "Isso está muito distante, o presidente acabou de tomar posse", tergiversou.

Picciani disse que não descarta a possibilidade de apresentação de uma PEC do gênero. "Se for o desejo da maioria, vai acontecer", declarou.

ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, já está a postos no gabinete da liderança do governo na Câmara dos Deputados para tirar dúvidas dos parlamentares sobre a Medida Provisória 664, que muda o sistema de concessão de pensão por morte. O ministro deve se reunir com deputados do PTB, PR e PSD.

Segundo a assessoria de imprensa do ministério, Gabas também aproveitará a presença na Câmara para receber outras demandas de parlamentares. Não está programada a ida do ministro ao plenário para acompanhar a votação da MP.

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O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou nesta quarta-feira (13) que o Planalto vai instalar o fórum para discutir mudanças no fator previdenciário e anunciou que o Executivo aceitou ceder, nas discussões do ajuste fiscal, em uma das modificações propostas para o pagamento do auxílio-doença. Com isso, ele disse que a articulação política deu "um passo gigantesco" para a aprovação da Medida Provisória 664, que torna mais difícil o acesso a benefícios previdenciários.

Guimarães, que participou nesta manhã de uma reunião com líderes da base para debater a MP 664 no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência, argumentou que o governo vai criar após as votações do ajuste fiscal na Câmara um fórum especial para debater propostas de mudanças na Previdência, incluindo alternativas ao fator previdenciário. O grupo será composto por representantes do governo, do Congresso e das centrais sindicais e o objetivo do anúncio é tentar evitar a aprovação hoje de uma emenda à MP 664 que flexibiliza o fator.

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De acordo com Guimarães, o Planalto vai esperar a aprovação pelos deputados do projeto de lei que revê a política de desoneração da folha para instalar o fórum sobre a Previdência. Esse projeto está previsto para ir a Plenário na semana que vem. "A base finalmente está se consolidando", comemorou o deputado.

Guimarães afirmou ainda que, para viabilizar a aprovação da MP 664, o governo aceitou negociar pontos nas mudanças para a concessão de auxílio-doença. Em troca de os parlamentares manterem hoje o texto que saiu da Comissão Especial, que prevê que o empregador deverá arcar com o pagamento desse benefício por 30 dias, o Executivo promete incluir em uma outra medida provisória um dispositivo flexibilizando a regra para as micro e pequenas empresas. Para esses negócios, a empresa seria obrigada a arcar com 20 dias do auxílio-doença e o restante ficaria a cargo do governo.

Por um acordo costurado na terça-feira com o presidente da Câmara, a MP 664 deverá começar a ser votada nesta tarde e concluída amanhã. Nos últimos dias, o Planalto centrou esforços em reverter dissidentes no PP, PTB e PRB e Guimarães afirmou hoje que espera uma vitória com margem maior do que a registrada na votação, na semana passada, de outra Medida Provisória do ajuste, que passou por apenas 25 votos. "O quadro é favorável", disse.

O vice-presidente da República, Michel Temer, reúne na manhã desta quarta-feira (13) líderes da base aliada no Congresso e ministros para negociar a votação da Medida Provisória 664, que endurece o acesso a benefícios previdenciários. A sessão que analisará a proposta está prevista para ocorrer nesta tarde na Câmara dos Deputados. A reunião coordenada por Temer, que lidera a articulação política do Palácio do Planalto, ocorre no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente.

Estão presentes à reunião os ministros Nelson Barbosa (Planejamento), Carlos Gabas (Previdência Social), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Comunicações). Entre os parlamentares, há representantes do PT, PMDB, PSD, PCdoB, PTB, PRB, PP, PR e Pros.

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Um grupo de oito manifestantes, que se autointitula Movimento Brasil Limpo, realiza protesto em frente ao Jaburu e pede o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os manifestantes vieram de Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

O embate do PTB com o governo para decidir se apoia a medida provisória 664 passa agora pela cobrança, por parte do partido, da liberação de emendas orçamentárias apresentadas pelos 25 deputados petebistas em 2014, quando ainda não valia o orçamento impositivo. "É muito mais a solução de emendas para os municípios do que cargos (em discussão)", afirmou à reportagem o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO).

Segundo o deputado, os parlamentares têm enfrentado problemas ao irem para suas bases, onde os prefeitos cobram a liberação de verbas prometidas para obras locais.

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Arantes disse que o partido não está discutindo os cargos que ocupa na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estatal subordinada ao Ministério da Agricultura, e na Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda.

A expectativa é de que os cargos sejam mantidos. "Não tem conversa nem de tirar (os cargos) nem de colocar (em outros)", afirmou o líder do PTB.

Em atrito com o Planalto, integrantes da ala rebelde da bancada do PP na Câmara sinalizaram a intenção de apresentar um destaque ao texto da Medida Provisória 664 que trata sobre o período de auxílio-doença a ser pago pelas empresas para que se volte à regra original. Com a edição da MP por parte do Executivo, o tempo do benefício pago ao trabalhador em caso de afastamento médico passou de 15 para 30 dias.

Na reunião com lideres da base aliada, comandada ontem pelo vice-presidente Michel Temer, o ministro da Previdência, Carlos Gabas, apontou que essa mudança deve acarretar economia de cerca de R$ 1,2 bilhão aos cofres da União. A votação da matéria deve ocorrer amanhã.

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Para integrantes da cúpula do governo, o questionamento desse trecho da MP no plenário por um partido da base pode causar uma queda de braço desnecessária com lideranças de oposição e acarretar novos pedidos de alterações no texto dos próprios aliados. Nos cálculos do governo, a não aplicação da nova regra prevista na MP beneficiaria apenas os patrões, que ficariam, assim, de fora do esforço fiscal previsto no pacote do ajuste fiscal.

Diante da resistência demonstrada por setores do PP sobre o tema, Gabas deve se reunir hoje com a bancada para tentar persuadir os deputados da importância de se manter o texto original da MP. Os deputados da sigla se reúnem também hoje para decidir sobre a permanência ou não na base do governo.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chegou na tarde desta segunda-feira, 11, ao gabinete da Vice-Presidência no Palácio do Planalto, onde se reúne com o vice-presidente Michel Temer e líderes da base aliada para discutir a medida provisória (MP) 664, que torna mais rígidas as normas para o pagamento da pensão por morte.

Além de Levy, participam da audiência os ministros da Previdência Social, Carlos Gabas; da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha; e das Comunicações, Ricardo Berzoini.

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Mais cedo, pela manhã, a presidente Dilma Rousseff discutiu com auxiliares a estratégia do Palácio do Planalto para garantir a aprovação plena das MPs 664 e 665.

"Todos esperam a continuidade das votações nesta semana (na Câmara) e posteriormente as votações do Senado", disse o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva. O ministro relatou ainda que Dilma ficou "agradecida" aos parlamentares e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo resultado das sessões.

Segundo um auxiliar da presidente, o governo vai aguardar a aprovação das medidas do ajuste fiscal para definir o tamanho do contingenciamento orçamentário. Temer já avisou na semana passada que "se não houver um ajuste, o contingenciamento será muito radical".

As dificuldades do governo para conseguir a maioria de votos necessários para aprovar na Câmara, na semana passada, a Medida Provisória 665 deve se repetir durante a apreciação da MP 664. A avaliação é do líder do PSD, Rogério Rosso (DF), ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Ele afirma que o ajuste fiscal não pode ser votado no "rolo compressor governista" diante da pressão da sociedade para entender o "freio de arrumação da economia", o que exige empenho do Palácio do Planalto para avançar "ponto a ponto" o ajuste fiscal no Congresso Nacional.

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"Não existirá mais rolo compressor governista, porque a sociedade organizada exige um debate muito aprofundado. O espaço de rolo compressor não existe mais. O País está vivendo um momento, especialmente econômico, que precisa dessa sintonia específica. Não dá mais para ser um 'genericão', tem de ser um ponto a ponto. Isso vai se dar em todas as matérias", disse.

Ao ser questionado sobre como o PSD se comportará na votação da MP 664, após seis dos 34 deputados da legenda votarem contra a MP 665, Rosso disse que o posicionamento fechado da bancada será decidido em reunião prevista para amanhã à tarde. "Meu sentimento pessoal é de que precisaria de mais tempo para avaliar mais", disse. "A nossa orientação é de que a 664 faz parte desse freio de arrumação da economia, mas por tratar de aposentadoria, requer mais cautela", afirmou. Enquanto a MP 665 mudava regras de benefícios trabalhistas, como seguro-desemprego e abono salarial, a MP 664 altera benefícios previdenciários, como a pensão por morte.

Governabilidade

O líder do partido do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, relativiza a relação de poder do governo em controlar a base ao falar que - ao contrário do que tem dito o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) - a aprovação da MP 665 não é um marco de uma nova governabilidade da presidente Dilma Rousseff. "Vejo que os partidos da base não mudaram, mas a governabilidade se mede através de um conjunto de votações e não de uma específica", observou.

Rosso sugeriu, assim, que o Planalto deve perdoar o PDT por todos os 19 deputados da legenda terem votado contra a MP 665. "Dá para perceber que partidos da base, como o PDT, vão ter de discutir a relação (com o governo). Mas não tem como (excluir da base), porque o PDT é um partido com uma história muito forte e importante na política do Brasil. O governo tem de chamar para discutir a relação. Cada partido é importante", disse.

O líder da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), prevê que os debates nesta semana em torno da votação da Medida Provisória (MP) 664 - que torna mais rígida as normas para o pagamento da pensão por morte - serão tão exaustivos quanto na aprovação da MP 665, que mudou as regras de concessão do seguro-desemprego e do abono salarial. Em princípio, disse o líder, o PMDB tende a votar com o governo, mas a posição final dos peemedebistas deve ser tomada na terça-feira, 12, em reunião da bancada.

Os peemedebistas aguardam uma definição do Palácio do Planalto sobre as indicações dos cargos do segundo e do terceiro escalões do governo. Picciani não esconde que a espera pode irritar parte da bancada, já que "de concreto não ocorreu nada" ainda. "Não estamos cobrando neste momento, mas isso tem de ter um desfecho", declarou.

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Além da MP 664, a pauta da Câmara inclui mais duas medidas: a MP 663 - que aumenta em R$ 50 bilhões o limite de recursos relativo à subvenção econômica repassada pela União ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) - e a MP 668, que eleva as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação.

Obstrução

A oposição promete fazer o uso de todo o "kit obstrução" possível já na votação da MP 663, que teoricamente antecederia a votação da MP que faz parte do pacote de ajuste fiscal. "Não vamos avalizar nada do governo, essa é a minha defesa. Vamos dificultar a vida do governo. O Planalto tem de assumir suas contradições", afirmou o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).

Na semana passada, oito dos 22 parlamentares do DEM votaram à favor da MP 665. Mendonça disse que desta vez vai atuar para buscar a unidade da bancada. "Vou trabalhar para ter todos os votos contra a 664", declarou.

Ao ser questionado por deputados sobre a suspensão de direitos previdenciários pela Medida Previdenciária 664, em audiência pública na Câmara, o ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, disse que a interpretação era "subjetiva".

A medida propõe mudanças no acesso à pensão por morte e ao auxílio-doença. "O conceito de que a medida tira ou não direitos é subjetivo, eu acredito que não tira. Eu digo que modula, nenhum pensionista deixará de receber (os benefícios)", disse.

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O ministro defendeu as mudanças como política de Estado por abranger a manutenção do sistema previdenciário no longo prazo. "Tratar Previdência Social é uma questão do Estado, que dura gerações", disse.

Quanto ao reajuste das aposentadorias ser equiparado ao do salário mínimo, Gabas também afirmou ser contrário a essa decisão. "Decretar o reajuste da aposentadoria ao salário mínimo é decretar o fim da aposentadoria", disse, ressaltando que o ganho real atrelado ao mínimo é prejudicial ao sistema.

Mencionado recentemente na lista divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como um dos políticos que serão investigados por suposto envolvimento com o esquema de corrupção da Petrobras – Operação Lava Jato, o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), não ocupou o cargo de relator da Medida Provisória do ajuste fiscal (MP-664). O nome do progressista foi escolhido no Congresso Nacional, semana passada, para assumir a função de relator mas o parlamentar explicou não poder assumir o cargo.

Por meio de nota, Da Fonte explicou que não estará à frente da relatoria que trata das mudanças na pensão por morte e no auxílio doença, por ter feito um acordo com o partido. “(...) Não ocupará a relatoria da Medida Provisória do ajuste fiscal, porque respeita e segue um acordo estabelecido pelos parlamentares do Partido Progressista de que qualquer líder da bancada — no exercício da função — não poderá acumular outros cargos na Câmara dos Deputados, como presidência de comissão e relatorias de projetos na Casa”, explica o texto.

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O parlamentar é o líder do PP na Câmara Federal desde outubro de 2013, quando deixou a presidência da Comissão de Minas e Energia da Casa.

A constitucionalidade das medidas provisórias (MPs) 664 e 665 foi questionada, nesta quinta-feira (5), durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado. As duas MPs foram encaminhadas em dezembro pelo Executivo e alteram as regras para acesso a benefícios previdenciários como seguro-desemprego, seguro-defeso e pensão por morte. As medidas já receberam 741 emendas de deputados e senadores.

Para o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, na MP 664 há três inconstitucionalidades que já estão sendo questionadas no Supremo Tribunal Federal. O relator é o ministro Luiz Fux.

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Entre os argumentos está o de que a matéria não pode ser regulamentada por medida provisória, já que a Constituição proíbe mudanças, por MP, em legislações que já tenham sido objeto de emenda constitucional entre 1995 e 2001, como é o caso.

A mesma MP, segundo ele, também esbarra no princípio da vedação do retrocesso social e torna a família vulnerável, ao reduzir os valores das pensões e atingir a proteção à família. Outro problema identificado pelo diretor do Diap é a intenção de fracionar o abono do Pis/Pasep, benefício a ser pago ao trabalhador que teve vínculo empregatício no ano anterior. O governo quer pagar valor proporcional ao tempo em que o trabalhador esteve empregado e não um salário-mínimo integral, como é a regra atual.

“A MP é perversa e mal-intencionada, porque foi apresentada no penúltimo dia do ano em que o trabalhador teria direito àquele beneficio”, disse Queiroz.

As medidas também foram criticadas pela pesquisadora Lilian Marques, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Ela lamentou as mudanças nas regras do seguro-desemprego, justamente no momento em que o mercado aumentou o número de demissões e tem apresentado dificuldade para contratar.

Diante da reação negativa de entidades de classe e dentro da própria base aliada às medidas, a presidenta Dilma Rousseff e ministros estão conversando com parlamentares a respeito das propostas e já admitem a aprovação com algumas mudanças. Quando editou as MPs, o Palácio do Planalto disse que as propostas são essenciais para corrigir distorções e liberar orçamento para ser gasto com investimentos em outros setores e também para atingir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB em 2015.

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