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O modelo de trabalho com redução de jornada, com semana de quatro dias de serviço, vem sendo implantado em algumas empresas pelo mundo. Países como Japão, Islândia, Nova Zelândia e Espanha já são adeptos a esse estilo laboral. Em um levantamento realizado e divulgado no dia 4 de julho, pela Alda e Autonomy, mostrou que a semana com quatro dias, na Islândia, aumentou a produtividade e proporcionou bem-estar aos trabalhadores das instituições.

Ainda de acordo com o estudo, a redução de 40 horas para 35 ou 36 horas de trabalho semanais teve reflexo também na questão da divisão de tarefas domésticas entre os casais, ou seja, os homens passaram a dividir mais os afazeres do lar com as companheiras. Além disso, foi possível um maior diálogo entre sindicatos, empresas e trabalhadores para que fosse adotado esse modelo ou flexibilização do contrato de trabalho.

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No Brasil, a semana de trabalho com quatro dias ainda não é uma realidade para muitas corporações. Pioneira no país, a empresa de acessórios para pets, Zee.Dog, adotou a redução de carga horária e home office definitivo desde o início da pandemia do novo coronavírus. Chamada de 'No Work Wednesday', a jornada de trabalho permite que os funcionários folguem nas quartas-feiras.

Para entender como esse modelo de jornada de trabalho refletiria no âmbito econômico e trabalhista do Brasil, o LeiaJá entrevistou o professor de direito Paulo Rodrigo e o economista Ecio Costa que ponderou e pontuou algumas questões sobre o assunto. O especialista salienta que a redução de dias trabalhados traria um impacto na economia, entretanto, não funcionaria bem para alguns setores.

“Os setores produtivos como, por exemplo, a indústria e algumas prestadoras de serviços, talvez não tragam uma repercussão positiva a nível de produtividade e de produção dessas empresas. Talvez, trazendo um custo adicional, principalmente, para aquelas que dependem, por exemplo, do comércio ou da prestação de serviços que precisam de horários mais prolongados de funcionamento. Então, isso tem que ser muito bem pensado”, pondera Ecio Costa.

Em meio ao cenário de incertezas e período de recessão vivido pelo País, reflexo da pandemia de Covid-19, diversas são as alternativas para que o contexto social e econômico mude e os números se apresentem otimistas. Questionado sobre a implantação da semana com quatro dias como alternativa para retomada econômica e saída da recessão, Costa foi categórico: “Não vejo, necessariamente, como alternativa para equilibrar as contas. Repito, isso vai depender muito do tipo da empresa. Empresas que precisam estar abertas, isso é um custo a mais porque teria que contratar mais trabalhadores. Assim como, para a indústria também seria um custo adicional para manter o nível de produção como era mantido antes. Então, isso é algo que pode trazer preocupações”, explica.

No entanto, o economista expõe como se daria esse processo de redução de jornada no Brasil. "Uma reforma trabalhista daria a possibilidade de flexibilizar mais os contratatos e a forma de relação entre empresas e trabalhadores. Com jornadas em que em alguns momentos possam ser reduzidas e, em outros, expandida. Claro que sempre em comum acordo entre o empregador e o empregado para que isso seja bom para ambas as partes", frisa.

Questões trabalhistas

O professor de direito do trabalho e coordenador do curso de direito da UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau, unidade Paulista, Paulo Rodrigo, esclarece a implantação da semana reduzida de trabalho sob uma pespectiva celetista, cuja jornada laboral é de oito horas diárias e 44 horas semanais.

"Há previsão na lei da redução da jornada de trabalho e salarial, mediante acordo coletivo de trabalho (ACT) ou convenção coletiva de trabalho (CCT). Vale destacar que acordos individuais entre empregado e empresa também são permitidos, desde que respeitados os limites estipulados na lei. Assim, entendo que pode ser possível a realização do trabalho em apenas quatro dias na semana de acordo com as diretrizes legais", esclarece.

Sobre a mudança nos contratos de trabalho, o docente explica que é necessário avaliar dois aspectos: os contratos vigentes e novos contratos trabalhistas. "Para aplicação da jornada parcial nos contratos já vigentes, é necessária autorização do sindicato da categoria, visto que, ao reduzir os dias trabalhados, por via reflexa, haverá redução salarial e a Constituição Federal ratifica tal segurança jurídica".

"Já para os novos contratos de trabalho que poderão se enquadrar, por exemplo, na modalidade dos contratos de jornada parcial, advindo com alterações na reforma trabalhista, Lei 13.467 em seu art. 58-A, que passou a prever duas hipóteses de contratação: a primeira tem duração que não pode exceder a 30 horas semanais e não há a possibilidade de horas extras; e a outra é a duração de até 26 horas semanais, com possibilidade de até seis horas extras semanais", complementa.

Mesmo com a mudança na carga horária e flexibilização dos contratos de trabalho, a participação sindical, de acordo com Paulo Rodrigo, continuaria atuante, visto que é uma previsão constitucional. Porém, as negociações seguiriam entre trabalhador e empresa. "No direito do trabalho, o que se extrai das relações laborais é o equilíbrio e paridade nas negociações entre trabalhador e empresa. Por isso, é preciso proteger esse vínculo".

Um estudo divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com o World Policy Analysis Center constatou que 90 milhões de crianças com menos de um ano de idade nascem e vivem em países que não têm nenhum tipo de licença-paternidade. O número equivale a cerca de dois terços das crianças. 

Comparando o Brasil com o restante do mundo, percebe-se que a situação não é uma das piores (visto que há uma previsão legal de licença), mas está distante do ideal: os cinco dias previstos pela Constituição Federal de 1988 corresponde a apenas 9% da média de tempo de licença registrado nos países desenvolvidos, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 

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Licença-paternidade no mundo

Para ter uma ideia melhor da situação, os cinco dias que são oferecidos no Brasil contrastam com as licenças oferecidas em países como Coréia (52,6 semanas), Japão (52 semanas) e Suécia (14,3 semanas). Na contramão, países como com o México tem uma semana e Estados Unidos e Suíça não preveem nenhum dia de licença remunerada para os pais de recém-nascidos.

Além da ampliação do tempo, outros fatores a se considerar no momento de um debate a respeito da licença-paternidade são a remuneração e a possibilidade ou não de dividir o período de dias a que cada membro do casal tem direito, para que tudo seja feito da maneira a que a família se adapte melhor. 

Apesar de ser completamente remunerada, a licença paternidade no Brasil não permite que o tempo a que o pai tem direito seja manejado pela família através de um planejamento que leve em conta as licenças de ambos os responsáveis pela criança.

Nesse sentido, a Suécia é apontada como um dos países com a legislação mais avançada de todo o mundo. Lá, desde 1974 existe a previsão legal de licença para os pais, sendo o primeiro do mundo a instituir esse tipo de política. 

Atualmente, casais recebem por lei 480 dias de licença a partir do nascimento da criança que podem ser divididos entre mãe e pai, dos quais 90 são compulsórios para o homem, que recebe 80% do salário, pagos pelo Estado nos primeiros 390 dias de licença.

Segundo a professora, pesquisadora e doutora em Direito do Trabalho, Isabele Moraes D’angelo, apesar de Constituição prever apenas cinco dias, há outros dispositivos legais além da própria vontade da empresa (uma vez que são os empregadores, não o Instituto Nacional de Seguro Social, quem paga pela licença-paternidade), que permitem a ampliação desse prazo. 

O Programa Empresa Cidadã, por exemplo, concede benefícios fiscais às empresas que devem, em troca, dar mais 15 dias aos funcionários, que devem fazer essa solicitação em até dois dias após o parto ou adoção e também precisam comprovar a participação em programas ou atividades de orientação sobre paternidade responsável. 

Além disso, o Marco Regulatório da Primeira Infância não modifica as regras para a licença-paternidade no serviço público, sendo possível que os servidores que tenham filhos disponham de até 30 dias, dependendo do Estado em que trabalhem. Em Pernambuco, por exemplo, a licença para servidores públicos é de 20 dias.

No ano de 2016, uma mudança na legislação que trata do tema (Artigo 473 da CLT) também instituiu o direito de os funcionários faltarem ao trabalho sem prejuízo salarial por até dois dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez de sua esposa ou companheira e um dia por ano para acompanhar filho de até 6 anos em consulta médica (Lei nº 13.257).

O advogado especialista em Direito Trabalhista e sócio da empresa Brasil Salomão e Matthes Advocacia Osvaldo Kusano explica em um artigo que a Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) poderá ser modificada também por meio de acordos coletivos de trabalho. 

Para Isabelle, os requisitos para que a ampliação da licença seja concretizada são muitos, o que faz com que a possibilidade de ter 20 dias de licença não seja alcançável por todos os pais. 

Possíveis mudanças na Lei

Uma consulta aos portais de órgãos como a Câmara dos Deputados e o Senado Federal aponta um cenário em que vários políticos sugerem projetos de alteração das regras de licença-paternidade, alguns muito semelhantes entre si e outros que apresentam propostas totalmente distintas com tempos de que variam entre 30 e 120 dias de licença. Vários dos projetos foram apensados, cancelados, arquivados ou estão tramitando, alguns há vários anos, sem nunca chegar a ir ao plenário para votação.

No que diz respeito à ampliação de licença por casos especiais como, por exemplo, o falecimento da mãe no parto ou durante o período de licença maternidade e adoção por casais homoafetivos, a doutora em Direito do Trabalho Isabelle Moraes D’angelo explica que mesmo não havendo uma lei específica já existe um entendimento na justiça de que os pais devem ter direito a um regime especial de licença. 

Assim, na opinião de Isabelle, ainda é a falta de vontade política para levar adiante um projeto de lei que ponha na Constituição um período de licença que seja equiparado ao que é concedido às mães, ou que pelo menos amplie a participação do pai no começo do convívio com os filhos como um direito de todos os brasileiros.

 

Pais felizes são funcionários engajados

A concessão de uma licença-paternidade maior do que os cinco dias a que todos têm direito por força de lei, por escolha institucional, é uma prerrogativa que as empresas têm. No Brasil já encontramos alguns exemplos de companhias permitindo que, ao se tornarem pais, os homens que ali trabalham gozem de um benefício maior e com a remuneração integral. 

A empresa de cosméticos Natura, por exemplo, oferece 40 dias de afastamento do trabalho em função do nascimento ou adoção de filhos aos seus funcionários, sem nenhum desconto financeiro. 

De acordo com o diretor de remuneração e benefícios da empresa, Marcos Milazzo, a medida, que foi implementada no ano de 2016, tem por objetivo gerar um ambiente de trabalho que preze pelo bem-estar como meio de aumentar o engajamento dos funcionários. 

O engajamento é uma medição do modo como os funcionários se relacionam com a empresa. Segundo Marcos, as experiências positivas dos trabalhadores com a empresa e levando isso para outras pessoas. Conceder um tempo maior com a família no momento da chegada de um filho, segundo ele, é positivo para o funcionário e para a empresa porque se trata de um momento importante da vida em família que, quando melhor vivenciado, melhora a relação do funcionário com a empresa e eleva o engajamento.  

“Temos estudos que mostram que quando há uma experiência positiva de trabalho, há uma tendência a mais tranquilidade do funcionário, que se torna mais produtivo, mais eficiente, além de promover a empresa, o que ajuda a atrair novos talentos para trabalhar conosco”, explica. 

Um exemplo disso é o coordenador de sustentabilidade da Natura, João Teixeira, que tem um filho de três meses e tirou 40 dias de licença para ficar com ele e com a esposa quando o bebê nasceu. 

João destaca a importância de estar presente no dia a dia do filho no início de sua vida, dando também todo o suporte necessário à esposa, fortalecer o vínculo de pai e filho que acaba sendo limitado por causa do horário do trabalho. 

“Eu estava acostumado a cuidar do bebê, então eu senti um pouco esse retorno, de ver menos o bebê. Quando eu chego e ele está acordado e me dá um sorrisão, isso faz diferença. Fico muito contente de ter vivenciado esse começo da vida dele, conhecer a personalidade dele, entender ele, acho que isso me auxiliou no trato com meu filho e isso me deixa mais tranquilo para trabalhar”, explica João. 

Ele também explica que acha o tempo determinado pela lei muito curto para que a família se adapte à nova rotina e que os pais entendam o que significa cuidar de um bebê e a carga de trabalho que as mães têm com a criança quando não estão devidamente amparadas. 

“Acho que os pais que não têm essa vivência subestimam a carga da mulher por não entender o quanto é trabalhoso, além da criação do vínculo com o filho fica limitado. Ter mais tempo com o bebê acordado, ficando mais tempo em casa para conhecê-lo melhor faz diferença”, conta.

O posto de atendimento do Sebrae em Itaquaquecetuba vai fazer uma palestra nesta sexta-feira (16) para explicar aos empreendedores da região as mudanças na lei trabalhista. Donos de micro e pequenas empresas poderão tirar suas dúvidas sobre contratos, rescisões, férias e verbas indenizatórias, entre outros assuntos. 

O evento é uma parceria entre o Sebrae e a secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico.

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A palestra será realizada no Posto do Sebrae Aqui, localizado dentro da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico. O evento é gratuito e as vagas limitadas. Interessados devem se inscrever no local até as 13h do dia 16 de março. Informações pelo telefone 4642-2121.

 

Serviço

Palestra

Data: 16 de março

Local: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (Semde)

Endereço: Rua Dom Thomaz Frey, 89, centro – 3º subsolo

O telefone para mais informações e reservas é o 4642-2121 

Inscrições no local até 13h do dia 16 de março.

Líder do PT no Senado, Humberto Costa afirmou, nesta segunda-feira (19), que a flexibilização das leis trabalhistas, defendida pelo governo de Michel Temer (PMDB), tem contribuído para o aprofundamento do desemprego no mundo. Citando um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o petista disse que os países que adotaram uma legislação com favorecimento a contratação de temporários tiveram um aumento do índice de desempregados. 

“Eles estão preparando um pacote que não beneficia em nada o povo. É um projeto para agradar os patos da Fiesp, que ajudaram a patrocinar o golpe contra a presidente Dilma Rousseff. Já falaram até em jornada de trabalho de 12 horas para o trabalhador. Isso é inadmissível”, alfinetou Humberto. "Querem eliminar direitos históricos, conquistados à custa de muita luta, destruindo a CLT. Não vamos permitir", acrescentou.

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Segundo Humberto, dados da OCDE apontam que países como a Espanha e a Irlanda tiveram aumento considerável do número de desempregados após reformas trabalhistas. Na Espanha, o desemprego alcançou 19,4% em 2009, valor 5,4 pontos percentuais acima do registrado um ano antes, quando o país ainda não havia aprovado a mudança. Na Irlanda, o desemprego praticamente dobrou após as reformas, passando de 7,7% para 12,9% no ano seguinte à flexibilização.

Para o senador, apenas a mobilização da sociedade poderá barrar as reformas previstas pelo governo Temer. “É imprescindível que tomemos as ruas e que sigamos a luta para que os direitos sejam assegurados. Não podemos aceitar que um governo ilegítimo e sem voto vá na contramão da experiência mundial e prejudique quem mais precisa, que são os trabalhadores. Temos que ocupar as ruas, as redes para assegurar que, no Brasil, não haverá nenhum direito a menos”, argumentou.

Após mais de duas horas de reunião com o presidente interino Michel Temer e com cerca de 100 empresários do Comitê de Líderes da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, disse nesta sexta-feira (8) que, para o governo melhorar a situação do déficit fiscal, serão necessárias “mudanças duras” tanto na Previdência Social quanto nas leis trabalhistas. Temer deixou o evento sem falar com a imprensa.

O presidente da CNI citou como exemplo a França, onde as leis trabalhistas estão sendo discutidas. “Vimos agora o governo francês, sem enviar ao Congresso Nacional, tomar decisões com relação às questões trabalhistas. No Brasil, temos 44 horas de trabalho semanal. As centrais sindicais tentam passar esse número para 40. A França, que tem 36, passou para a possibilidade de até 80 horas de trabalho semanal e até 12 horas diárias de trabalho [na verdade, são 60 horas semanais]. A razão disso é muito simples. A França perdeu a competitividade de sua indústria com relação aos demais países da Europa. Agora, está revertendo e revendo suas medidas, para criar competitividade. O mundo é assim e temos de estar aberto para fazer essas mudanças. Ficamos ansiosos para que essas mudanças sejam apresentadas no menor tempo possível”, argumentou o empresário.

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“Um déficit de R$ 139 bilhões [para 2017]. Acho que foi uma demonstração de responsabilidade do governo apresentar as dificuldades que têm e o esforço que será feito para contornar essas dificuldades”, afirmou o presidente da CNI. Segundo ele, ao considerar que, em 2016, o déficit será R$ 170 bilhões, a conclusão é que haverá, em algumas áreas, crescimento de despesas governamentais. “É claro que a iniciativa privada está ansiosa para ver medidas duras, difíceis de serem apresentadas. Por exemplo, a questão da Previdência Social. Tem de haver mudanças na Previdência Social. Caso contrário, não teremos no Brasil um futuro promissor”, acrescentou.

Robson Andrade defendeu também a implementação de reformas trabalhistas. Para ele, o empresariado está “ansioso” para que essas mudanças sejam apresentadas “no menor tempo possível”.

Aumento de impostos

Robson Braga de Andrade reiterou a posição da CNI, contrária ao aumento de impostos. “Somos totalmente contra qualquer aumento de imposto. O Brasil tem muito espaço para reduzir custos e ganhar eficiência para melhorar a máquina pública antes de pensar em qualquer aumento de carga tributária. Acho que seria ineficaz e resultaria, neste momento, na redução das receitas, uma vez que as empresas estão em uma situação muito difícil”, disse ele.

Também presente no evento, a presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos Marques, informou que o banco investiu R$ 6 bilhões em inovação nos últimos dois anos. Maria Silvia defendeu o diálogo cada vez maior com o setor privado. “Inovação é uma das prioridades do banco. Produtividade e competitividade são fundamentais para a retomada do crescimento sustentável”, disse a presidente do BNDES.

Também participando do encontro, Ricardo Felizzola, presidente do Grupo Parit – holding de investimentos que controla as empresas Altus Sistemas de Automação S/A, Teikon Tecnologia Industrial S.A e HT Micron Semicondutores Ltda – disse que o Brasil precisa aumentar o apoio e financiamento em inovação tecnológica para aumentar a competitividade.

A MEI, com quem Temer se reuniu, agrega mais de 100 líderes empresariais das maiores empresas do país. Com o objetivo de formular propostas de políticas públicas e estimular e construir nas empresas um ambiente em que a inovação ocupe um papel central de forma a gerar empregos e inserir de forma mais efetiva a indústria brasileira nas cadeias globais de valor.

Para 2016, a MEI tem como agenda prioritária a atualização do marco regulatório da inovação, o aperfeiçoamento do marco institucional da inovação, aprimoramento dos mecanismos de financiamento à inovação, estruturação da inserção global de empresas brasileiras via inovação, modernização do currículo das engenharias e o fortalecimento da atuação de pequenas e médias empresas inovadoras.

* O título foi atualizado às 15h28 para correção de informação. O presidente da CNI, Robson Andrade, não defendeu a ampliação da carga horária para 80 horas semanais no país, mas mudança na legislação trabalhista. No evento, ele citou as propostas de mudanças trabalhistas que estão sendo apresentadas pelo governo francês, entre elas da jornada de trabalho. 

O governo do presidente em exercício Michel Temer vai apresentar em 90 dias uma proposta de revisão das leis trabalhistas. O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, defende que sejam feitas alterações na legislação para adequar pontos dos contratos de trabalho e evitar judicialização. Para ele, "o trabalhador se acha desprotegido" e "o empresário não contrata porque tem medo da Justiça".

Em meio ao debate sobre flexibilização das regras da CLT, ele afirmou que o trabalhador vai ajudar a definir até que ponto pode fazer sacrifícios, mas disse que direitos essenciais serão preservados. Nogueira ressaltou que o governo não vai chamar as mudanças de "reforma trabalhista", mas de "readequação à realidade".

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O ministro defendeu a presença de investigados pela Operação Lava Jato no governo Temer e disse ter fé de que a retomada do emprego virá a partir de julho, com a melhora na confiança. Pastor evangélico da Assembleia de Deus, disse que tem compromisso com os trabalhadores e rebateu críticas. "Por que um crente não pode ser ministro?", afirmou.

A seguir, os principais trechos da entrevista.

Qual o seu diagnóstico sobre o Ministério?

De uma hora para outra, eu me vejo ministro do Trabalho. Me vejo consciente de que essa é a continuidade do governo, não um novo governo. As políticas públicas do Ministério do Trabalho eram propostas da chapa de Dilma-Temer, então não tem muito o que inovar.

Mas a visão econômica de Temer é diferente.

A orientação do presidente foi no sentido de sinalizar para os atores do mundo do trabalho a disposição do governo de aprimorar o diálogo. As medidas e os programas atuais serão aprimorados.

O setor produtivo reclama da rigidez da CLT. Permitir a negociação entre patrão e empregado é uma boa saída?

Direitos essenciais serão preservados - o FGTS, o PIS, férias, o décimo terceiro, a carga horária. Agora, é necessário adequar a legislação, dadas as novas oportunidades de mercado que surgiram hoje. Mas o trabalhador não vai ser surpreendido, ele vai ser partícipe na elaboração de qualquer marco que porventura venha acontecer. Nada será impositivo.

O acordo entre empregador e funcionário entrará em pauta?

Tem de formar uma mesa tripartite. O trabalhador, o empregador e o governo vão definir quais pontos precisam ser aprimorados em termos de legislação para diminuir as demissões, aumentar as admissões, trazer mais segurança jurídica aos contratos. Que o contrato seja específico e claro para ambas as partes. Se eu antecipar uma opinião, eu estou buscando adesão, não estou buscando construção. E a ideia do governo é construir.

Como retomar o emprego?

Uma medida fundamental é o que já está sendo feito: pacificar, distensionar expectativas, acreditar no futuro. O Brasil pode superar este momento já no segundo semestre. Eu tenho fé, eu tenho confiança de que, a partir de julho, estaremos colocando a primeira marcha para retomar o crescimento.

O governo vai retomar a discussão sobre a terceirização das atividades fim?

Como é um tema ainda em discussão, o trabalhador, empregador e o governo estarão na mesa. A realidade é que os trabalhadores que atuam hoje na terceirização estão desprotegidos. O que precisa é tipificar quais atividades poderão ser objeto de uma terceirização.

Qual será a parte do trabalhador no sacrifício dito pelo presidente em exercício Michel Temer para sair da crise?

O trabalhador nesse sacrifício? Os trabalhadores vão se sentar à mesa e definir até onde podem fazer esse sacrifício. É um conjunto de esforços. Todos nós queremos o melhor para o Brasil.

Quando serão anunciadas as primeiras propostas?

Em 90 dias.

Podemos falar em reforma trabalhista?

Não, não fala em reforma trabalhista. Fala em adequação à realidade. A lei trabalhista no Brasil é boa, ela protege o trabalhador. O que precisa é adequar alguns pontos no que diz respeito ao contrato. Por que os empresários reclamam do contrato de trabalho? O que gera o conflito? O trabalhador se acha desprotegido e tem de buscar a proteção na Justiça; o empresário não contrata porque tem medo da Justiça.

A Operação Lava Jato compromete a atuação do governo?

O que diz o livrinho? Alguém é considerado culpado só depois de transitado e julgado. As garantias da Constituição que eu quero para mim, não posso tirar do outro. Como você vai exercer um juízo sobre um processo em que você não conhece os autos? Vamos acreditar na Justiça e, até que se configure o desfecho final, ninguém é considerado culpado. O decorrer do processo tem o amplo direito de defesa.

Mas julgamentos desse tipo levam anos. Não seria o caso de haver um afastamento?

Não compete a mim fazer esse juízo.

Há um paralelo entre a sua formação religiosa e a sua atuação no governo?

Todos os outros ministros têm uma religião. A religiosidade é muito íntima e muito pessoal. Tenho meus princípios de fé e são fundamentais para a minha vida. Todos os outros ministros, nos outros poderes, artistas, todas as pessoas têm a sua religiosidade. Por que um crente não pode ser ministro?

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), discursou nesta terça-feira (14) contra o projeto de lei que trata da terceirização do trabalho no país PL 4.330. Saindo em defesa dos trabalhadores, o parlamentar garantiu que a proposta, aprovada pela Câmara dos Deputados na semana passada sem o apoio de nenhum deputado do PT, também será contestada pela bancada do partido no Senado caso continue com o texto atual.

Ele avalia que a terceirização da atividade-fim, principal ponto do projeto, significa "precarizar totalmente as relações de trabalho, submeter o valor do trabalho ao desejo do lucro pelo lucro, superexplorar o trabalhador como solução para o problema econômico e diminuir o salário dos brasileiros". 

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O senador criticou o comportamento da Câmara dos Deputados pelo recente hábito de apreciar propostas polêmicas de forma “ditatorial” e colocar em tramitação matérias em ritmo “absolutamente atropelado”, excluindo completamente a sociedade do debate. “Nossa luta é impedir a banalização da atividade-fim neste país, é impedir que o Brasil abra mão das especificidades das profissões para se transformar numa nação de generalistas”, afirmou.

De acordo com Humberto Costa, o Congresso Nacional tem a obrigação de assegurar a proteção do emprego direto na atividade finalística porque a Constituição determina que é assim que o Estado deve proceder com o trabalhador. 

O congressista ressaltou que o próprio Tribunal Superior do Trabalho já teve de intervir, ainda na década de 90, por meio da Súmula nº 331, para evitar "os gritantes abusos ocorridos por meio dessa prática predatória da terceirização que começava a tomar conta do mercado, como forma de conter o seu avanço e garantir as conquistas dos trabalhadores", relembrou. 

“Como é que pode a Câmara aprovar agora uma proposta que mata os trabalhadores brasileiros de joelhos? Que leve o Brasil a dormir em 2015 e acordar no início da década de 40, antes da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)?”, questionou.

O petista também pontuou alguns direitos trabalhistas. “Se implantamos a terceirização no país, os pilares constitucionais de proteção social do trabalhador, que incluem uma série de direitos assegurados como FGTS, aviso prévio proporcional, férias, aposentaria vinculada à contribuição por tempo de serviço e acesso à participação dos lucros e resultados, estarão sendo destruídos”, analisou. O PL 4330 tem sido defendido fortemente pelo presidente da Casa Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB).

A Convenção das Leis Trabalhistas (CLT) que rege o direito do trabalhador no Brasil celebra, nesta quinta-feira (1°), 71 anos. O conjunto de regras foi instituído em 1943, pelo então presidente do Brasil Getúlio Vargas, através do Decreto 5.452. A CLT unificou toda a legislação trabalhista do país. Até hoje algumas atualizações, bem pontuais, foram feitas na Convenção e, apesar de já ter mais de 70 anos, ela abrange quase todas as áreas. 

“A CLT, embora seja uma legislação antiga, ela não é desatualizada e não perdeu a sua essência. Ela é a consolidação das leis e reúne várias legislações espaças em um documento único, para proteger o trabalhador”, afirmou o especialista em direito público e do trabalho, Giovanne Alves. De acordo com ele, a CLT é atualmente um dos pontos mais atacados pelo empresariado brasileiro, por garantir a proteção trabalhista. 

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“Hoje em dia ela é muito atacada e apontada, principalmente pelo empresariado por ter uma série de dispositivos que oneram a contratação da mão de obra, como o fundo de garantia e algumas estabilidade. É uma legislação extremamente protetiva ao trabalhador e, no Brasil, onde o trabalhador vê a mão de obra como algo que vai melhorar a condição de vida das pessoas ela se faz muito importante”, frisou. 

Para Alves, algumas demandas do mercado de trabalho atual ainda não são supridas pelas legislações e para isso contam com a intervenção do poder judiciário brasileiro que atua como interventor. “O trabalho em home Office , que é comum em grandes empresas, tendo como apoio a CLT  não seria possível, mas a Constituição Federal abriu espaço, no seu artigo sétimo, quando ela regula as condições de trabalho, para que algumas normas da CLT fossem interpretadas de maneira diferente”, exemplificou. 

Outro norte, segundo o especialista, para as categorias ainda não foram regulamentadas pelo Congresso Nacional seria o acordo coletivo, firmado entre empregados e patrões. “Os sindicatos, tanto patronal quanto dos empregados, podem criar um acordo coletivo e normatizar aquela forma de trabalho, em comum acordo. E isso vai ter força de lei”, garantiu. 

A reforma legislativa da Convenção das Leis Trabalhistas (CLT)

No contexto político vivenciado hoje no Brasil, a reforma da CLT seria um “boom” no Congresso Nacional. Já cogitada inúmeras vezes pelos parlamentares, a reorganização das legislações geraria uma “disputa política muito forte”, segundo Giovanne Alves. Caso fosse aprovada pelos deputados e senadores, ela deveria ser feita mantendo “o mesmo arcabouço dos direitos que o trabalhador tem hoje”. 

“Pela CLT ter sido criada em uma época onde existia um apelo político muito forte, pelos trabalhadores e pelas condições de trabalho, qualquer movimento que se faz para altera-la geraria uma disputa política muito forte. Então é um assunto que ninguém toca. Qualquer mexida na CLT por parte do poder legislativo ela é extremamente acalorada por debates políticos que às vezes não tem como plano de fundo o interesse do trabalhador, nem no mercado do trabalho”, ponderou Alves. 

Ainda segundo o especialista, uma atualização é necessária, no entanto, é preciso ter cuidado como isto será feito. “Não tenho dúvida nenhuma que é necessário uma atualização da legislação. Agora a grande questão é como isto vai ser feito e atendendo a que interesses isso vai ser feito. Não creio na legitimidade do poder legislativo hoje para fazer uma reforma na CLT, seria algo muito temerário. Os trabalhadores em si não se veem representados”, cravou Alves. 

 

A falta de diálogo fez azedar a lua-de-mel de dois anos da presidente Dilma Rousseff com o movimento sindical. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, ambas da base de apoio ao governo, prometem sair às ruas e endurecer o discurso contra o tratamento recebido pela administração Dilma, que, segundo as duas maiores centrais sindicais do País, "até agora não levou em consideração a pauta de reivindicações da classe trabalhadora".

Os sindicalistas estão revoltados por não receberem da presidente o mesmo tratamento dado aos empresários. "Para nós, a crise econômica internacional serve de desculpa para o governo engavetar todas as propostas", argumenta Wagner Freitas, presidente da CUT. "Já para os empresários, serve para atender várias reivindicações."

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Os trabalhadores querem o fim do fator previdenciário, isenção do Imposto de Renda na Participação nos Lucros e Resultados (PLR), redução da jornada de 44 para 40 horas semanais sem redução salarial, valorização das aposentadorias e aumento para o servidor público, entre outras medidas. "Toda essa pauta está na geladeira", diz Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical e deputado federal (PDT-SP).

Para o assessor especial da Secretaria-geral da Presidência da República, José Lopez Feijóo, "o discurso das centrais faz parte de um processo de pressão, que eu entendo como legítimo, mas que não é a realidade".

Os sindicalistas se queixam de não serem recebidos pela presidente Dilma, numa situação inversa à do empresariado. Eles dizem que, quando há muitas reclamações, o governo se apressa em marcar reunião das centrais com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, "que não apresenta propostas, só tenta acalmar os representantes dos trabalhadores".

"Ninguém quer mais reunião com quem não decide, só para ouvir que a crise está brava, enquanto o empresariado se reúne com a presidente e com o ministro da Fazenda, Guido Mantega", compara Paulinho.

Queixa

Desde a sua posse, no dia 13 de julho, a nova diretoria da CUT não foi recebida pela presidente da República. Na época, Freitas solicitou uma audiência com Dilma para apresentar a executiva da CUT e reforçar a pauta da classe trabalhadora. Até hoje, ele não recebeu resposta oficial, só a promessa de que poderia ser recebido em fevereiro ou março do ano que vem.

O sindicalista disse que ficou muito surpreso quando, há pouco mais de uma semana, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi recebida por Dilma para entregar um documento com 101 propostas de mudanças na legislação trabalhista, "em sua grande maioria desfavoráveis aos trabalhadores". Dilma teria ficado muito interessada e pediu três exemplares do documento.

Embora divirja das posições da CNI, Freitas reconhece que a entidade tem o direito de fazer as reivindicações que achar necessário. Não admite, porém, que a representação formal do empresariado seja recebida e a dos trabalhadores, não.

"Queremos ter a possibilidade de apresentar também a nossa pauta sobre temas parecidos, até porque temos um viés completamente diferente dos empresários."

Governo do patronato

Paulinho, da Força Sindical, vai além e diz que "o governo hoje é do patronato, não tem nada mais a ver com o trabalhador". Desde o início da crise, em 2008, mais de 40 setores da economia foram beneficiados com medidas de estímulo, como redução do IPI, desoneração de folha de pagamento e financiamento mais barato.

"Todo esse esforço, que teve um custo para o País, beneficiou indiretamente o trabalhador, mas beneficiou muito mais o empresariado, diretamente", diz Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. "O Imposto de Renda na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) era o mínimo que a presidente poderia fazer, mas nem isso ela fez." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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