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A advogada Vera Lúcia Santana de Araújo está na lista de prováveis candidatos à vaga de Ricardo Lewandowski no Supremo Tribunal Federal (STF), que terá aposentadoria compulsória em maio, quando completará 75 anos. O nome para ocupar a vaga é indicado pelo presidente Lula (PT). A informação é do blog de Tales Faria, do Uol. 

O nome de Vera Lúcia entrou no páreo depois que a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco fez uma defesa pública para que Lula indique uma mulher negra para o STF. A fala de Anielle foi na quarta-feira (8), à GloboNews. No entanto, vale ressaltar que ela não defendeu, necessariamente, o nome de Vera Lúcia para ocupar a vaga. 

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As chances de Vera Lúcia ocupar a cadeira não são, obviamente, só por ela ser negra. Ela é qualificada. Integrou uma lista tríplice enviada pelos ministros do STF ao então presidente Jair Bolsonaro (PL), no ano passado, para uma vaga de ministro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Além disso, um documento assinado pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, pelo Grupo Prerrogativas, e o Coletivo de Defensoras e Defensores pela Democracia, a Associação da Advocacia Pública pela Democracia, a Coalizão Nacional de Mulheres, entre outras entidades destacou que a indicação de uma mulher negra seria “a singular oportunidade de supressão da lacuna reveladora da baixa intensidade da democracia brasileira”.

O ministro do STF Edson Fachin também defendeu uma jurista negra no STF. “Quem sabe num lugar do futuro, colocará neste plenário uma mulher negra”. 

O Instituto de Juristas Brasileiras de Pernambuco (IJB-PE) comemora seu primeiro ano de atuação no Estado com palestras virtuais. De acordo com o IJB-PE os especialistas irão discutir como se superar em meio ao caos e compartilhar dicas sobre posicionamento digital. Além disso, no momento será divulgado a parceria com a Escola Superior de Advocacia de Pernambuco (ESA-PE). 

As inscrições podem ser realizadas gratuitamente pela internet até o início do evento para ter acesso ao link da sala virtual. A transmissão será feita por meio da plataforma Zoom, nesta quarta-feira (16), às 19h30.  No momento também serão realizados sorteios e a divulgação da agenda de eventos e cursos.  

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“Estamos muito felizes em comemorar o primeiro ano do IJB-PE. O Instituto promove uma rede de apoio para que as mulheres juristas fortaleçam suas respectivas carreiras e apoiem outras mulheres a progredirem como profissionais, compartilhando recursos aos quais temos acessos e viabilizando ações para abrir mais espaços e conectar especialistas da área. Convidamos todas para participarem desse evento e se juntarem a nós, pois temos muito a realizar”, destaca a diretora geral do IJB em Pernambuco, Lorena Guedes Duarte. 

*Com informações da assessoria

O desembargador Paulo Rangel, que desempatou o julgamento desta quinta-feira (25), e que deu foro privilegiado ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), compartilhou publicações em defesa do porte de armas e críticas à 'comoção' pela morte de criminosos.

Nem sempre foi assim. Até 2016, Rangel costumava repassar a seus seguidores mensagens mais voltadas para os direitos humanos. A partir de 2017, contudo, o tom mudou. Em julho daquele ano, compartilhou um vídeo em que o hoje deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) fala sobre como se faz para obter uma arma nos Estados Unidos e critica a dificuldade no Brasil.

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"Programa de fim de semana com a família! Durante 30 anos no Brasil, entraram em nossas mentes para termos medo de nos defendermos: 'Nunca reaja' e onde chegamos? Triplicaram os homicídio (sic), 3x mais entre liberar e não liberar as armas para pessoas de bem! Pensem nisso! #MenosEstado", diz a publicação endossada pelo desembargador, que deturpa dados sobre as mortes no País pós-desarmamento.

Em dezembro de 2017, Rangel apareceu em foto publicada ao lado do juiz Marcelo Bretas, relator da Lava Jato no Rio, durante um treinamento de tiro oferecido pela Polícia Civil. Ambos portavam fuzil. Bretas é simpatizante do presidente Jair Bolsonaro, o que já demonstrou diversas vezes nas redes sociais e até em agendas públicas do mandatário em terras cariocas.

De três anos para cá, o desembargador tem indicado insatisfação com o que considera uma comoção desmedida pela "morte de bandidos". Ao publicar vídeo irônico em que um ator interpretando um repórter de TV entrevista um homem que acabara de cometer um assalto e ser agredido, o magistrado escreveu: "Não estamos muito longe dessa ironia não. Lamentável ao ponto que chegamos (sic)."

Em outra publicação, compartilhou um texto de opinião com o seguinte título: "Militar morto hoje com a esposa grávida não gerou 1% da comoção de quando morre um bandido. Esse país perdeu a vergonha na cara." E ainda uma outra, na qual o autor original do texto critica a postura de 'PSOL, PT, PCdoB, ONGs de 'direitos humanos', setores da Defensoria Pública' nas discussões sobre Segurança Pública.

Em livro, desembargador criticou o foro privilegiado

Reportagem do jornal 'O Globo' publicada nesta sexta-feira (26) mostrou que Rangel já criticou o direito a foro em um livro. Defendeu o cancelamento de uma súmula antiga do Supremo Tribunal Federal (STF) que mantinha o foro mesmo após o político deixar o cargo.

"A razão de ser do cancelamento da súmula é simples: se o agente não mais ocupa o cargo para o qual foi estabelecida a competência por prerrogativa de função, não faz (e não fazia) sentido que permaneça (ou permanecesse) com o foro privilegiado", escreveu, antes de classificar um caso como esse de 'desrespeito à sociedade'.

O caso de Flávio se aplica nesse mesmo contexto: a defesa alegou que, por ser deputado estadual na época dos crimes que teria praticado, o hoje senador tem direito a ser julgado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça, onde os parlamentares fluminenses têm foro, e não por um juiz de primeira instância. A decisão dada pela 3ª Câmara Criminal do TJ, ontem, vai contra o que tem entendido ultimamente o STF, que aponta para a extinção do foro especial após a saída do cargo.

Com a vitória na Justiça do Rio, Flávio ganhou tempo. A denúncia contra ele estava prestes a ser apresentada pelo Ministério Público, que investiga desde 2018 o suposto esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio. Ao longo do processo, os promotores apontaram indícios da prática de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa pelo filho do presidente.

Caberá ao relator do processo no Órgão Especial, que vai ser definido por sorteio, decidir se mantém ou anula as decisões já proferidas até aqui pelo juiz Flávio Itabaiana Nicolau, que cuida do caso desde o início e determinou, por exemplo, a prisão preventiva de Fabrício Queiroz e quebras de sigilo bancário, fiscal e eletrônico.

O MP pode recorrer da decisão de ontem, mas ainda não se manifestou. O recurso pode ser apresentado tanto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto ao Supremo Tribunal Federal (STF), se a Promotoria entender que os desembargadores desrespeitaram um entendimento da Corte.

Procurados, o Tribunal de Justiça e o desembargador Paulo Rangel ainda não se manifestaram sobre o perfil do magistrado.

Pacote anticrime de Sergio Moro é “uma grande enganação”: não contribui para fortalecer a segurança pública, não ajuda a reduzir os crimes violentos nem favorece o combate à corrupção. A avaliação é da presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim), advogada Eleonora Nacif.

Ela alerta que a medida segue o espírito da “inflação legislativa penal”, que consiste na reiterada aprovação de leis cada vez mais punitivistas, sem que o País resolva as causas estruturais da criminalidade ou mesmo se dedique a fazer valer as leis que já existem.

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Eleonora Nacif esteve entre os 14 especialistas ouvidos pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, na manhã desta quinta-feira (8), na segunda audiência pública para debater o PL 1864/2019, proposta calcada do pacote anticrime de Moro. A larga maioria desses especialistas concorda com a posição da presidente do IBCCrim.

“Até o nome do pacote é infeliz. Como se pode chamar de anticrime uma proposta que não combate crime algum?”, critica a advogada Maíra Fernandes, para quem o projeto apenas aprofunda a atual política de segurança pública, calcada na seletividade que reserva a negros e pobres a violência, a morte e o encarceramento.

Com informações da assessoria do PT no Senado

O italiano Cesare Battisti, foragido após o Supremo Tribunal Federal (STF) decretar sua prisão, poderia ter se refugiado na Bolívia, informou nesta terça-feira (18) o juiz aposentado brasileiro Walter Maierovitch. A declaração foi dada à rádio CBN após o jurista consultar membros de serviços de inteligência e espionagem internacional. 

De acordo com Maierovitch, a Bolívia é um destino no qual o italiano já havia ameaçado fugir em outra ocasião. No ano passado, Battisti chegou a ser preso sob a acusação de evasão de divisas, ao tentar entrar na Bolívia com o equivalente a mais de R$ 20 mil em moeda estrangeira.

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O italiano alega que pretendia apenas comprar material de pesca e roupas de couro e que o dinheiro era dividido com mais dois amigos. "Os agentes argumentam que Battisti teria a simpatia do vice-presidente boliviano, Álvaro García Liniera, que era membro do movimento guerrilheiro "Tupac Katari", explicou Maierovitch.

Battisti é um ex-membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) e foi condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos cometidos na década de 1970. Foragido, o italiano conseguiu asilo para viver no Brasil graças a uma decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu último dia de governo.

Da Ansa

Os brasileiros que gravaram um vídeo ofendendo uma mulher podem responder por crime na Rússia, país-sede da Copa do Mundo. A jurista russa Alyona Popova fez uma denúncia e criou uma petição contra os atos machistas por violência e humilhação pública à honra e à dignidade de outra pessoa.

O Ministério de Assuntos Interiores deverá agora investigar o caso de acordo com a petição e com os relatos na imprensa, informou o Uol. Na petição, Alyona, que é ativista feminista e conhecida no país pela defesa dos direitos da mulher, cita a repercussão do caso por autoridades e celebridades brasileiras. A jurista também destaca que os envolvidos podem receber multa e restrições.

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Diz o texto da petição: “Na legislação russa, existem várias opções de multa aplicadas às pessoas que humilharam publicamente a honra e a dignidade. Assim, os cidadãos estrangeiros no vídeo podem ser responsabilizados por cometer um delito nos termos da Parte 1 do art. 5.61 do Código de Ofensas Administrativas (insulto, isto é, honra e dignidade de outra pessoa, expressa na forma indecente - implica a imposição de uma multa administrativa aos cidadãos, no montante de mil a três mil rublos), ou processado sob Parte 1 do art . 20.1 do Código Administrativo (vandalismo), isto é, a violência da ordem pública, expressando desrespeito claro para a sociedade, acompanhados por linguagem ofensiva em locais públicos, abuso sexual ofensivo para os cidadãos”.

Três homens já foram identificados no vídeo que mostra o grupo cantando uma música que insinua qual a cor do órgão sexual de uma mulher, e pedem para que ela repita as palavras. São Diego Valença Jatobá, advogado pernambucano; Eduardo Nunes, tenente da Polícia Militar de Santa Catarina; e o engenheiro Luciano Gil. O abaixo-assinado já ultrapassou as 450 assinaturas das 500 solicitadas.

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O Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) realizou na noite desta quinta-feira, 10, a abertura do III Congresso Brasileiro de Processo Civil e Constitucional. O auditório do hotel Jangadeiro, em Boa Viagem, ficou lotado de congressistas que, até o próximo sábado (12), irão acompanhar palestras, debates e talk shows sobre “Os desafios da Ordem Constitucional: Democracia, protagonismo e efetividade”.

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O evento contou com o pronunciamento de abertura do reitor da UNINASSAU, Janguiê Diniz, que falou sobre sucesso, autoconfiança e mercado de trabalho. “Muito mais que o conhecimento, hoje, vocês estão aqui para dar continuidade à realização de um sonho: realizar-se profissionalmente. E para isso, buscam, todos os dias, mais capacitação e conhecimento. Tenho certeza que todos sonharam em ingressar no ensino superior e, especificamente, no curso de direito”, discursou. 

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Paulo Dias Moura Ribeiro, também cumprimentou os congressistas e falou da importância da busca pelo conhecimento continuo, ao relatar parte de sua trajetória de vida. “Eu nunca sonhei em chegar ao STJ, mas sou muito feliz aqui e vocês devem buscar suas realizações”, frisou.

Após o pronunciamento de abertura, os congressistas acompanharam o talk show “(Des) Ordem Econômica e Transformação Tecnológica”, com o Procurador do estado do Rio Grande do Sul, José Luis Bolzan; o Procurador Regional da República, Luiz Alberto David; e o professor da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do Pará, Fernando Facury Scaff.

O III Congresso Brasileiro de Processo Civil e Constitucional continua amanhã (12), a partir das 8h30, com a conferência “Desafios do Processo Constitucional Contemporâneo”, composta pelo advogado Georges Abboud. No turno da tarde, será a vez do painel “ Contraditório e Fundamentação das Decisões Judiciais no Processo Civil Democrático”, com o desembargador Alexandre Freitas Câmara.

*Da assessoria

O jurista Daniel Coelho de Souza, um dos grandes pensadores da área jurídica do Estado do Pará, teve sua história retratada em minidocumentário produzido pela TV Unama, em parceria com o Laboratório de Comunicação (Labcom) da Universidade da Amazônia (Unama). O filme foi exibido na última quinta-feira (10), durante a abertura do II Congresso de Processo Constitucional promovido pela Unama, em Belém.

Em 2017, o documentário sobre Daniel Coelho de Souza, autor do livro "Introdução à Ciência do Direito", que até hoje é considerado um marco no estudo jurídico nacional e internacional, será exibido na Universidade de Lisboa. A exibição faz parte de evento comemorativo promovido pelo Instituto Silvio Meira, em parceria com o Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ) da Unama.

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Jeferson Bacelar, Diretor do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ) da Unama, falou em entrevista ao LeiaJá sobre o filme. "O professor Daniel comemoraria 100 anos de vida em 2016 e é considerado um dos maiores juristas do século XX, mas é quase um 'desconhecido' das novas gerações. O documentário da TV Unama apresentou o ilustre jurista a quem não o conhecia e emocionou seus alunos, discípulos e familiares pela beleza e sensibilidade da produção", disse.

Segundo Mário Camarão, coordenador do curso de Comunicação Social da Unama, a produção do minidocumentário integra as atividades do Curso de Comunicação e da TV Unama. "Nossa contribuição veio em forma de um minidocumentário produzido por professores, alunos e técnicos da TV Unama e Laboratório de Comunicação Social da Unama. Esse tipo de atividade possibilita uma produção prática dos nossos alunos e contribui para preservamos a memória dos cursos e demais áreas do conhecimento que integram a Unama", contou. Abaixo, assista ao minidocumentário.

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Uma das autoras do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a jurista Janaína Paschoal recomendou, nesta quinta-feira (1º), que os partidos aliados não recorressem à decisão do Senado Federal de manter os direitos políticos da petista. Sob a avaliação dela, qualquer tipo de impugnação ao que ficou definido pelos senadores durante o julgamento encerrado nessa quarta (31) beneficiaria o PT. 

“Na denúncia, nós pedimos o afastamento e a inabilitação por oito anos. Conseguimos o primeiro. Para mim, era o que mais importava. O que eu tenho falado desde o início? O processo é jurídico-político. A parte jurídica afastou Dilma; a política teve compaixão”, observou, em publicação no Twitter. “Qualquer tipo de impugnação à decisão tomada, ontem, pelo Plenário do Senado, somente ajudará o PT. É justamente isso que eles querem”, acrescentou. 

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A jurista também pontuou que “se, pela acusação, alguém recorrer da decisão do Senado, automaticamente, legitimará o recurso da defesa”. “Estará caindo na armadilha”, disparou, contando ter ouvido muitos senadores “revoltados” com a separação dos quesitos do julgamento. 

“Muitos senadores ficaram com pena de Dilma e não retiraram seus direitos. Houve vários comentários de que ela estaria deprimida com a perda dos direitos... Eu fiz tudo o que podia e acredito que fiz certo. Não posso controlar as ações de partidos, nem de políticos. Mas posso aconselhar”, salientou. 

O jurista Modesto Carvalhosa comentou nesta terça-feira, 19, que os acordos de leniência que têm sido firmados pelo governo com empresas envolvidas em escândalos como os revelados pela Lava Jato vão totalmente contra a Lei Anticorrupção. A declaração foi dada durante o Fóruns Estadão - Governança Corporativa.

"Parece que as pessoas imaginam que, passada a figura do acordo leniência, a empresa fica boazinha, se converte à Igreja Pentecostal Anticorrupção. Os acordos de leniência contrariam inteiramente a Lei Anticorrupção, que diz claramente que não se pode, sob pretexto de interesse macroeconômico ou se inserção econômica da empresa, deixar de puni-la", afirmou.

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Segundo ele, o andamento da operação Lava Jato no Brasil está indo para o mesmo caminho trilhado pela famosa Operação Mãos Limpas, na Itália, que chegou a prender diversos políticos, "mas no fim não deu em nada, porque a obsessão dos juízes era manter as empresas".

Segundo o jurista, a Lei Anticorrupção tem objetivo claro de punir as empresas corruptas, com multas, exigindo indenizações e também favorecendo a mudança de controle. "Não adianta manter as empresas com os mesmo donos, ou elas vão manter, mesmo com todos os acordos de leniência, os esquemas de cartel, as ligações corruptas com governo".

Para o especialista, na atual situação que o Brasil vive discutir regras de compliance é "meramente uma cortina de fumaça". O que resolveria, na avaliação de Modesto Carvalhosa, é a adoção de "performance bonds", como funciona nos Estados Unidos, onde o governo escolhe uma seguradora que garante ao Estado a boa performance da empreiteira, em termos de preço, prazo e qualidade, e também fiscaliza a obra, impedindo que os agentes públicos tenham ligação direta com os empresários. "Não adianta pensar que, no caso da Petrobras, por exemplo, foram só quatro, cinco diretores que deram um prejuízo de R$ 42 bilhões".

O jurista Miguel Reale Júnior começou sua fala no plenário da Câmara rebatendo os gritos de guerra de manifestantes favoráveis à manutenção do governo Dilma Rousseff. Ele abriu discurso na sessão que discute o processo de impeachment da presidenta pouco depois das 9h. Ele falou por 14 dos 25 minutos a que tinha direito.

“Golpe sim houve quando se sonegou a revelação de que o país estava quebrado, quando se mascarou a situação fiscal do país e continuaram a fazer imensos gastos públicos e tiveram que se valer de empréstimos de entidades brasileiras”, afirmou.

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No discurso, o jurista – um dos autores do pedido que culminou em todo o processo – chamou os deputados de libertadores e apelou para que aprovem o impedimento da petista. “Nos vivemos um momento de grande aflição no país, estamos sequiosos [sedentos] de nos libertarmos desse turbilhão de mentira e corrupção. Queremos ressurgir para a saúde. Os senhores [deputados] são nossos libertadores. Confiamos em vossas excelências. Vossas excelências são os libertadores dessa prisão que vivemos, enojados da mentira, da corrupção da inverdade”, clamou.

Decretos

O jurista ainda citou a edição de decretos suplementares que estão listados no pedido como medidas adotadas sem autorização do Congresso Nacional. “Passou-se em cima desta Casa, esta casa foi desconhecida pela presidente da Republica no instante em que editou decretos injustificáveis sem haver receita e depois baixava projeto de lei [de revisão] sobre a meta fiscal. São fatos da maior gravidade”, afirmou.

Um minuto antes das 8h55, horário marcado para iniciar a sessão de debate sobre o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) que pede a continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já estava posicionado na mesa do plenário. As discussões foram abertas pontualmente, com a ajuda de um grupo de parlamentares favoráveis ao impedimento da petista que fizeram uma contagem regressiva. Ao todo, 173 dos 513 deputados estavam presentes na abertura da sessão.

A exposição do jurista Miguel Reale Junior, um dos autores da denúncia contra a presidenta, foi a primeira fala no plenário, por 25 minutos. O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, fez a defesa de Dilma, em seguida, pelo mesmo tempo, ambos improrrogáveis. Os partidos tem uma hora para se manifestar logo depois de acompanhar a defesa e a ordem de discurso será da maior para menor bancada. São 25 partidos que podem indicar até cinco parlamentares para dividir este tempo.

Um arranjo feito entre o Poder Judiciário e a mídia para insuflar a opinião pública sustenta um golpe parlamentar que avança no Congresso. A opinião é do advogado e ativista de Direitos Humanos Renan Quinalha. Ele faz doutorado como estudante convidado na Universidade de Brown, nos Estados Unidos.

Para Quinalha, o pedido de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados atualmente não tem base jurídica legítima. Para que o processo fosse legítimo, seria necessária a comprovação de crime de responsabilidade, algo que, segundo ele, não ocorreu no governo da presidenta Dilma Rousseff.

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Na avaliação do advogado, o processo que corre no Congresso é um golpe parlamentar e o governo deve, sim, procurar revisão tanto no Supremo Tribunal Federal (STF) quanto em instâncias internacionais, como a Corte Interamericana de Direitos Humanos (OEA).

“Não é mais o mundo dos anos 1960 em que o golpe teve apoio dos EUA e que não havia onde recorrer no âmbito internacional. Vivemos em um mundo mais multipolar que tem organismos internacionais que podem reavaliar essas decisões e gerar um constrangimento internacional”, afirma.

As ilegalidades no Brasil sempre ocorreram com as populações marginalizadas, lembrou Quinalha. Mas agora, as violações da lei estão ocorrendo com a presidenta da República e o ex-presidente, o que torna tudo muito mais perigoso. “Eu não tenho dúvida de que, se estão admitindo violações contra uma presidenta ou um ex-presidente, é mais uma permissão, um salvo conduto, para que se continue fazendo uma ilegalidade cotidiana contra os negros, os pobres, a população LGBT, os indígenas”, diz ele.

Confira a entrevista na íntegra:

O impeachment tem fundamentos jurídicos?

O pedido que foi aceito se baseia nas pedaladas fiscais. Essas pedaladas não configuram crime de responsabilidade, que é uma premissa básica para o impeachment legítimo. No sistema presidencialista que a gente vive, há uma eleição para mandato fixo. Nenhuma hipótese de crise política ou impopularidade, de crise econômica, pode encurtar ou abreviar o mandato de uma presidenta democraticamente eleita, porque ela foi investida desse mandato nas eleições presidenciais de 2014. Ela só pode ser afastada do cargo, nas hipóteses restritas do impeachment, e há um regramento próprio que prevê algumas situações, que são os crimes de responsabilidade. Tem que ser exatamente o que está previsto. Não pode ter uma interpretação ampliativa. Não é qualquer violação legal que legitima o impeachment. As pedaladas fiscais são uma prática que todos os presidentes anteriores fizeram. Se isso não é mais para ser feito, é uma discussão a ser feita, mas não é motivo para impeachment. Não configura crime de responsabilidade.

O primeiro pedido que tramitou, feito pela Janaina Pascoal, Helio Bicudo, Miguel Reale Júnior, algumas figuras marcadamente de direita, representantes de um pensamento conservador. Ao meu ver falta fundamento jurídico e é uma peça mal escrita, inclusive.

E o pedido da OAB?

A OAB é uma associação corporativa. Ela não foi eleita para isso. Não votei em uma diretoria que anunciou que faria isso se tivesse uma situação de impeachment. Menos ainda que assumiria um protagonismo elaborando ela própria um pedido. Uma série de advogados que fizeram um manifestaram sua contrariedade. A OAB disse que o conjunto da obra basearia o impeachment, mas isso não é motivo nenhum se não significar crime de responsabilidade.

Ela usa o argumento das isenções fiscais para a FIFA, aprovada pelo Congresso, a nomeação do Lula e a delação do Delcídio. Uma delação que sequer ainda tinha sido devidamente homologadas pela justiça ou investigadas quando foram vazadas. No processo criminal, tem que considerar a delação com todas as outras provas. Não se pode julgar uma pessoa porque apareceu seu o nome em uma delação que pode ter sido feita em condições arbitrárias. E a simples delação na atual situação já é motivo para a mídia fazer esse linchamento publico.

É preciso ter mais cautela nessa postura. É estranho que a OAB, uma associação de advogados que deveriam estar preocupados com o direito de defesa e com o contraditório, que são garantias fundamentais da Constituição de 1988, assuma uma postura de linchamento público e de culpabilização sem nenhum elemento de prova.

Ao contrário do que diz o presidente da OAB, que foi uma questão técnica, isso é uma mentira. É uma balela, porque é um ato eminentemente politico e ideológico. Não há fundamento legal, em qualquer um dos dois pedidos.

Tem muita gente que fala que o impeachment sempre é politico. Qual a base jurídica para que ele possa acontecer?

O direito nunca é neutro e apolítico. Ele sempre reflete disputas reais da sociedade. Pode haver divergências de interpretação. Mas o impeachment não é político. Há uma autonomia do direito em relação a política. Não pode sustentar qualquer coisa dizendo que é legal quando ela não tem fundamento. O importante é entender os fundamentos legais dessa postura. A gente tem uma lei, que é a lei 1.079 de 1950, que já dispunha sobre o impeachment, conhecida como Lei do Impeachment. Há uma discussão depois sobre como ela vai ser recebida pela Constituição de 1988. Mas o STF em decisão recente ele adapta essa lei à Constituição, os ritos que são necessários.

Na Constituição, no artigo 85, ela diz que são crimes de responsabilidade, crimes contra a existência da União, contra o exercício dos direitos políticos sociais, individuais, contra a probidade administrativa. Óbvio que existem fatores políticos que influenciam o impeachment. Mas embasamento jurídico é fundamental para que isso seja legitimo. Quem julga o impeachment não é o Supremo Tribunal Federal, e sim o Congresso Nacional,  o que torna mais politico esse julgamento. Mas mesmo assim, não é só formar uma maioria e derrubar a mandatária. É necessário base jurídica. A partir desse momento que se utiliza o impeachment apenas porque a força no Congresso é maior, isso tem um nome: chama-se golpe parlamentar e não impeachment.

Qual o papel do STF nesse processo?

O STF pode verificar se o rito esta de acordo com a legalidade. O impeachment é uma figura que esta prevista na legislação e que têm critérios legais para ele acontecer e para a apreciação de mérito. É difícil que o STF entre no mérito. Ele vai mais observar o rito.

O Supremo pode ter um controle. Se o ato no procedimento violar o que esta na legislação pode determinar nulidade e se retornar a situação anterior. O impeachment não seria válido. Ele vai mais verificar se o rito está sendo feito corretamente. Então, é preciso pontuar isso.

O presidente tem que ser julgado por crime de responsabilidade pelo Senado. Isso torna a decisão mais política, mas isso não significa que ela não tem que ter critério legal, jurídico. Uma decisão de primeiro grau que manda um negro pobre da periferia jovem que roubou um pacote de supermercado para a cadeia, ou uma pessoa que foi pega fumando baseado é uma decisão política também. As decisões no direito carregam conteúdos políticos. Isso não significa que o direito seja reduzido inteiramente à politica.

Ele tem que estar baseado em leis previamente estabelecidas abstratas, universais e válidas para todos. Tem uma especificidade, suas decisões precisam estar baseadas em uma lei que existe. Esse procedimento precisa ser seguido e o crime de responsabilidade precisa ser comprovado. Se o Congresso Nacional entender que houve crime de responsabilidade e fazer um julgamento politico sem fundamentar sua decisão, o STF pode sim rever essa leitura, cabe a ele dar a última palavra em relação a Constituição.

A gente acha que é improvável porque isso nunca ocorreu. Porque o STF nunca invadiu o campo da competência de outro poder. Existe uma certa competência sim do STF de avaliar se está de acordo com a Constituição, mas poderia gerar uma crise institucional. Ao meu ver, o governo precisa levar isso até o STF sim, porque está acontecendo uma manobra parlamentar com o apoio das classes mais conservadoras.  Querendo aplicar um programa de de governo, que não foi eleito. O impeachment está mais na fronteira, entre a política e a Justiça, mais que outras que naturalizamos o entendimento como técnica,  mas no fundo são politicas também. Tudo isso para dizer que tem uma lei e um critério legal que tem que ser seguido para que isso aconteça. Se não tiver vai ser só uma manobra parlamentar.

Uma vez que esse golpe parlamentar ocorra, é possível recorrer juridicamente em alguma instancia?

É preciso esperar para fazer uma avaliação dessas estratégias quando já tiver o fundamento expresso da decisão. Se tiver qualquer atropelo de procedimento, como acredito que vá ter com essa ânsia e esse desespero dos deputados. O Cunha aceitou esse pedido no começo do ano, o trâmite não ocorreu naquele momento quando as manifestações estavam minguados. Eles esperaram uma degradação da situação política e econômica. É necessário ressaltar o caráter oportunismo da situação e de modo que o governo não possa recuperar sua base de apoio. Se tiver atropelo de procedimento o STF vai poder julgar isso. Além disso, Dilma vai ter o direito de defesa dela em algumas sessões na Câmara e no Senado e que esses elementos sejam feito ao debate público para mostrar o absurdo que está havendo.

O STF vai verificar legalidade a decisão. É possível em tese levar para a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Em 1998, o Brasil se submeteu à jurisdição dessa corte. Temos que cumprir internamente esses artigos e normas. Se comprovar de fato de que há um atropelo e uma perseguição é possível que chegue à OEA, o que criaria uma situação constrangedora para o Brasil na comunidade internacional. Ou mesmo pode ocorrer a suspensão do país no Mercosul.

Não é mais o mundo dos anos 1960 em que o golpe teve apoio dos EUA e que não havia onde recorrer no âmbito internacional. Vivemos em um mundo mais multipolar que tem organismos internacionais que podem reavaliar essas decisões e rediscutir e gerar um constrangimento internacional. Há uma comunidade internacional formada para quando o estado viola o direito de seus cidadãos nacionais e o cidadão não pode recorrer ao Estado porque ele é o violador, e você pode recorrer à essas instâncias.

O governo precisa levar a situação a esses órgãos e usar a opinião pública internacional que é muito mais arejada que a nacional sufocada pela mídia concentrada em alguns grupos empresariais para que essa comunidade consiga exercer uma pressão sobre o Brasil e sobre esses setores que estão tentando ganhar o impeachment no grito sem nenhum tipo de fundamento legal.

Existe uma estratégia de perseguir juridicamente o ex-presidente Lula, de forma abusiva, para sustentar o impeachment à Dilma, mesmo que esses dois processos não tenham nenhuma ligação juridicamente?

As coisas precisam ser lidas no seu conjunto. Se for para levar para uma instancia internacional é preciso que leve conjunto de fatos, encadeamento de violações de direitos, orquestradas por setores do Poder Judiciário, pela grande mídia, em alguns veículos em especial, e que juntos conseguiram criar uma comoção social suficientemente forte para deixar a vontade a oposição assumir uma postura a favor do impeachment – esse golpe – e criou uma situação confortável para partidos da base aliada romperem com o governo.

Essa narrativa vem desde a eleição de 2014, quando o PSDB não aceitou aquela derrota nas urnas quando pediu recontagem e questionou junto ao TSE. E o impeachment começou a ser usado como chantagem. E os vazamentos são seletivos e abastecem a mídia para gerar julgamentos públicos e linchamentos de forma parcial sem que a investigação seja concluída. É preciso que haja muita investigação sobre corrupção, em todos os níveis, elas precisam estar de acordo com a legislação e não com um tipo de arranjo nesses vazamentos seletivos. O Judiciário instrumentalizou a mídia para levar adiante as violações de direito que ele cometeu a ponto das pessoas acharem normal vazar conversar privadas sem nenhum relação com esse processo. Vazaram conversas do Lula com a Marisa simplesmente para gerar constrangimento público. Isso é uma violação do direito à privacidade. É um absurdo fazer isso com qualquer cidadão comum. É absurdo fazer isso com o ex-presidente a a Presidenta.

Com a presidenta, gera risco à própria segurança do país, sendo que o juiz Sergio Moro nem era competente, porque ela goza de foro privilegiado como o próprio Teori já decidiu. Há uma narrativa que foi criada, que foi construída, uma serie de fatores, de ressentimento de classe, de ódio, de problemas, de fazer escolhas erradas, Para que a mídia se sentisse a vontade para fazer essa propaganda aberta e levar esse projeto adiante. Há um projeto de um golpe parlamentar de esses setores que está atualmente em curso no país e em curso muito avançado.

O Supremo está pressionado?

Tem muita pressão sobre o Supremo. O Supremo tem resolvido grande parte das questões da democracia brasileira. Existe um processo de judicialização das questões sociais e da política no Brasil. O Supremo precisa resolver questões importantes de direitos fundamentais.

O STF consagrou um direito a mais a união homoafetiva que não passaria no Congresso. O problema não é uma judicialização, mas o problema é quando a judicialização vira um ativismo, quando o Gilmar prejulga em entrevistas, ele diz o que ele acha antes de receber o processo. Essas posturas do Sergio Moro e do Gilmar Mendes revelam que eles não têm mais a imparcialidade necessária para poder continuar conduzindo esses processos ou atuando nesses processos. Já mostraram ter visão muito interessada. É preciso levantar a suspeição desses juízes nesses casos e pedir providências no CNJ contra esses magistrados que estão violando regramentos da própria magistratura.

Depois que passar tudo isso, vão ter cicatrizes para o Brasil de todos esses abusos que ocorreram?

Sem dúvida nenhuma. O Estado de Direito e a Lei no Brasil – direitos de modo geral – sempre valeram para uma parcela muito pequena na população. O Brasil se mantém em cima de muita ilegalidade sobretudo contra populações marginais e e vulneráveis. Contra setores excluídos e marginalizados. Essa é/era uma das tarefas da esquerda, fazer que a Constituição valesse não para 20% mas que ela valesse cada vez mais para todos da população brasileira. O fato de haver ilegalidade cotidiana não justifica que haja ilegalidade contra o Lula ou a Dilma. A ilegalidade cotidiana também está chegando em um outro lugar. Fica mais claro, mais evidente. Tem uma maior repercussão da ilegalidade porque está envolvendo autoridades, natural que gere maior repercussão.

Essa postura “no fundo eles devem ter roubado alguma coisa, no fundo não tem problema soltar uma gravação porque eles são culpados”. Essa postura que esta legitimando excessos do Poder Judiciário, violações ela é autoritária e antidemocrática. Vai acabar justificando depois o endurecimento da democracia brasileira, e a restrição de direitos fundamentais. Já e uma democracia frágil, que não é válida para todos. Mas ao invés de aprofundarmos a democracia, tem gente querendo legitimar essas violações. Como se os fins justificassem os meios.

E a justiça, está envolvida nisso?

O sistema de justiça está implicado nisso, nessas violações. Um sistema de justiça é quem vai fazer um juízo sobre a legalidade, é quem vai assegurar os direitos. Quando alguém acha que seu direito foi violado, você recorre ao sistema de justiça. O poder político em si, cometendo ilegalidades, isso pode acontecer historicamente o judiciário existe para colocar um freio. O Judiciário está cedendo a uma pressão por linchamentos públicos, por justiçamentos, e uma pressão popular insuflada pela mídia. Isso é muito perigoso. Porque aí o Judiciário não está se pautando pelos direitos, mas pela voz das ruas, por outros tipos de discurso, ele tem que se pautar pela legalidade e pelos direitos dos seus cidadão. Não pode se pautar por outros discursos. O Judiciário tem que assegurar que os direitos são garantidos e a lei e respeitada. Agora está acontecendo de forma generalizada e evidente. Isso é muito perigoso porque mina a democracia.

Da Agência PT de Notícias

A decisão do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, nomeado nesta segunda-feira, 6, para o cargo de ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, de não abrir mão do governo paulista e acumular os dois cargos é, no mínimo, "imoral", avalia o jurista especializado em Responsabilidade de Agentes Públicos, Léo da Silva Alves. "É uma decisão condenável. "A moral interessa ao direito e é uma exigência social. Não foi sem razão que a Constituição Federal, no art. 37, traz a moralidade como um dos princípios a reger a administração pública, ao lado da legalidade", explica.

A assessoria de Afif afirmou que ele só vai se pronunciar nesta quinta-feira, 9, durante sua posse, às 10h, em Brasília. Desde o início do ano, o vice-governador estaria fazendo consultas a juristas sobre o assunto e as opiniões que teria obtido seriam divididas.

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Para Alves, apesar de não existir uma legislação que obrigue a renúncia do vice-governador, o mais grave nessa situação é 'imoralidade na origem'. "É de todos sabido que se constitui de um arranjo para que a presidente aumente a base parlamentar e, por conseguinte, obtenha maior tempo de televisão na propaganda eleitoral. Isso, em Direito, chama-se desvio de finalidade; e está associado ao uso imoral do poder", afirma.

Segundo o jurista, qualquer eleitor que queira se pronunciar contra a dupla função poderia apenas com seu título de eleitor entrar com uma ação popular para pressionar o novo ministro. "É uma tese, mas não sei se o resultado seria efetivo", diz.

No caso da consideração do jurista de que o 39º ministério do governo teria sido criado apenas para abrigar um aliado, o próprio Ministério Público poderia abrir uma investigação. "Tudo é reprovável. A criação do Ministério nessas circunstâncias e o acúmulo de cargo."

História

Alves lembra de outros dois episódios semelhantes ao que Afif vive no momento. "Em 1987, o deputado Ulysses Guimarães acumulava os cargos de presidente da Câmara, presidente da Assembleia Nacional Constituinte e presidente do PMDB. E era ainda o vice-presidente da República, porque, com a morte de Tancredo Neves, quem assumiu foi o vice, José Sarney. E o vice-presidente passou a ser o presidente da Câmara dos Deputados. Portanto Ulisses Guimarães acumulava quatro cargos", conta, ressaltando que hoje a realidade é bem distinta.

O outro caso destacado por Alves é o do ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, que no Ministério acumulou a presidência do PDT. "Um parecer da Advocacia-Geral da União considerou legal, mas o episódio chegou a ser questionado sob o ponto de vista da ética. E ética é a moral posta em prática", afirma.

O jurista Roque Carrazza afirmou nesta quarta que considera uma "inconstitucionalidade aberrante" o projeto de Resolução 72/2010 do Senado, que uniformiza a alíquota do ICMS interestadual na comercialização de produtos importados. Carrazza, que participa de audiência pública em duas comissões da Casa sobre o assunto, disse que a mudança de alíquota deveria ser feita por meio de projeto de lei complementar e não por uma resolução do Senado.

Segundo Carrazza, a Constituição diz que qualquer projeto que propõe eliminar ou reduzir alíquotas do imposto têm de ser aprovado separadamente pelos deputados e senadores, em votações com maioria absoluta - ou seja, mais da metade da composição de cada uma das Casas. E não, conforme o projeto de resolução, apenas pelos senadores, por maioria simples.

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Para o jurista, também não é possível dar tratamento fiscal ou tributário diferente a operações com produtos importados e a similares nacionais, conforme prevê a Resolução 72/2010, se for aprovada pelos senadores. Segundo ele, o Supremo Tribunal Federal (STF) já deu decisões nesse sentido.

Carrazza disse que a resolução até poderia fixar alíquotas de ICMS. Só não poderia, por causa do "princípio da seletividade", utilizar porcentuais diferentes para produtos importados e similares nacionais. "Os bens importados devem receber o mesmo tratamento do nacional", afirmou.

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