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O Ministério Público da Venezuela emitiu uma ordem de prisão contra o opositor Juan Guaidó e pedirá à Interpol, a polícia internacional, que acione um alerta vermelho. O ex-presidente do Parlamento, que liderou um governo paralelo ao de Nicolás Maduro, está exilado nos EUA e foi acusado por uma série de crimes, incluindo lavagem de dinheiro e traição.

Ao responder à ordem de prisão, na noite de quinta-feira, Guaidó desafiou Maduro a se apresentar junto com ele a qualquer procuradoria dos EUA ou ao Tribunal Penal Internacional, em Haia, onde há um processo contra o líder chavista, para esclarecer o "recente saque" à PDVSA, estatal do petróleo.

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A denúncia de Caracas cita o chamado "governo interino" comandado por Guaidó, entre 2019 e 2022, com reconhecimento de EUA, Brasil e 50 países, que contestaram a reeleição de Maduro. "Usando a figura de um governo fictício, ele causou perdas ao Estado venezuelano", justificou o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab. Ainda segundo a acusação, ele teria usado recursos da PDVSA para gastos pessoais e causado um prejuízo de US$ 19 bilhões.

Saab citou uma "sentença" de um tribunal nos EUA que, segundo ele, indica que o ex-deputado "acessou ativos das subsidiárias da (empresa estatal de petróleo) PDVSA nos EUA e os usou para se financiar".

O Ministério Público abriu 23 investigações contra Guaidó por supostos crimes cometidos no "governo interino" e cinco outros casos relacionados a uma empresa venezuelana na Colômbia, mas nunca havia emitido um mandado de prisão contra ele até agora. Os crimes imputados a Guaidó incluem traição à pátria, usurpação de funções, obtenção ou extração de dinheiro, valores ou bens públicos, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Guaidó chegou aos EUA em abril, depois de fazer uma aparição surpresa na Colômbia. O opositor nega as acusações, que chamou de "propaganda" para "perseguir física e moralmente a oposição venezuelana". Em um vídeo no Instagram, ele disse que essa é a 28.ª acusação contra ele apresentada pelo governo Maduro.

"A pergunta de novo é: por que neste momento, por que agora, a 17 dias das primárias? Para continuar distorcendo o que acontece no país", disse Guaidó, ao pedir participação dos venezuelanos nas primárias, marcadas pela inabilitação dos principais candidatos da oposição.

Sanções

O mandado foi emitido no mesmo dia em que a Venezuela e os EUA fecharam um acordo para retomar as deportações de migrantes ilegais. A Venezuela concordou em receber cidadãos que sejam deportados, algo que não era possível até agora, uma vez que Washington e Caracas romperam relações diplomáticas em 2019 e o governo venezuelano está sujeito a sanções. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A oposição venezuelana pôs fim nesta sexta-feira, 30, ao "governo interino" de Juan Guaidó, reconhecido pelos Estados Unidos e pelo Brasil, após quatro anos de uma ofensiva frustrada para tentar depor o presidente socialista Nicolás Maduro.

Reunida no Parlamento eleito em 2015, de maioria absoluta e que defende a sua continuidade por considerar fraudulenta a vitória do chavismo nas eleições legislativas de 2020, a liderança opositora decidiu pelo fim do governo interino a partir de 5 de janeiro, por 72 votos a 29 e 8 abstenções.

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A derrota política de Guaidó, rosto da oposição ao governo de Maduro perante a comunidade internacional, ocorre quando os adversários do presidente planejam eleições primárias nas quais definirão quem o enfrentará nas eleições previstas para 2024.

Guaidó, presidente da Assembleia opositora, não conseguiu formar maioria para manter a figura interina apesar de alertar em vídeo publicado dois dias antes que sua eliminação implicaria em "risco real de perder bens, ações judiciais ou mesmo ser entregue ao ditador".

A decisão foi tomada por ex-deputados da Assembleia eleitos em 2015 que continua a exercer paralelamente e simbolicamente, apesar de seu mandato ter terminado em 2021. Maduro recuperou o poder da Assembleia Nacional.

Os partidos que votaram a favor da eliminação do período interino propõem a criação de uma comissão encarregada de administrar o patrimônio do Estado da Venezuela no exterior que ainda estão nas mãos da oposição com reuniões ad hoc do Banco Central da Venezuela e a estatal petrolífera PDVSA, para manter assim o controle da Citgo - refinaria com base em Houston (EUA) anteriormente controlada pelo governo Maduro. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, visitará a Colômbia e o Brasil, entre outras nações latino-americanas ainda nesta semana para discutir a crise política na Venezuela.

A informação foi publicada através de um comunicado nesta terça-feira (15) pelo porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Morgan Ortagus.

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"O secretário de Estado Michael R. Pompeo viajará para Paramaribo, Suriname; Georgetown, Guiana; Boa Vista, Brasil; Bogotá, Colômbia; e Plano, Texas, entre 17 e 20 de setembro de 2020", disse o comunicado.

No Brasil, Pompeo deve visitar Boa Vista, no estado de Roraima, onde sublinhará a importância do "apoio dos EUA e do Brasil ao povo venezuelano em seus momentos de necessidade, visitando migrantes venezuelanos que fogem do desastre causado pelo homem na Venezuela".

Na Colômbia, Pompeo se reunirá com o presidente Iván Duque para discutir a parceria entre os países, inclusive no gerenciamento da resposta ao novo coronavírus e no "enfrentando às ameaças à segurança regional de narcotraficantes, grupos terroristas e ilegítimos do regime de [Nicolás Maduro, o presidente da Venezuela]".

Maduro foi reeleito presidente da Venezuela no início de 2018. Cerca de um ano depois, o líder opositor, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino do país, acusando Maduro de fraude. O movimento de Guaidó foi apoiado pelos EUA e diversos países da região, incluindo Brasil e Colômbia, que chegaram a receber o venezuelano em seus países. Desde então, Guaidó perdeu força e outros líderes opositores têm crescido na Venezuela, o caso de Henrique Capriles.

Outros países da região mantiveram apoio a Maduro, como Cuba e inicialmente a Bolívia, somando-se a outras nações como China, Turquia e Rússia, que seguem considerando o líder chavista como o presidente legítimo da Venezuela.

Da Sputnik Brasil

O Departamento de Estado americano condenou neste sábado a prisão, na Venezuela, de um tio do líder opositor Juan Guaidó, e classificou as acusações contra o mesmo de absurdas.

"Os Estados Unidos condenam com firmeza a prisão de Juan José Márquez e exigem a sua libertação imediata", diz a nota do Departamento de Estado.

Márquez foi preso na última terça-feira, no aeroporto de Caracas, quando retornava com o sobrinho de um giro por vários países, entre eles os Estados Unidos, organizado para somar apoios contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

"As acusações absurdas apresentadas exemplificam o desespero crescente de Maduro e seus sócios corruptos", critica a nota americana. Segundo autoridades da Venezuela, Márquez voou de Portugal com material explosivo escondido. Autoridades portuguesas afirmaram que isto é impossível.

"Fabricar provas para justificar prisões arbitrárias com motivação política são uma ferramenta comum do regime ilegítimo antigo de Maduro", assinala a nota americana, que acusa o presidente venezuelano e seus funcionários de "práticas mafiosas".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu nesta quarta-feira (5) na Casa Branca Juan Guaidó mas, um ano depois de o líder parlamentar se autoproclamar presidente interino, num encontro que foi ofuscado pelo julgamento do processo de impeachment do americano.

A reunião carregada de simbolismos aconteceu às 14h15 (horário local), quando Guaidó foi recebido por Trump na porta da Casa Branca, escoltado por uma guarda de honra.

É um incentivo importante para o líder da oposição, que Washington e mais de cinquenta governos reconhecem como presidente interino de seu país, e que também está hospedado na residência de líderes estrangeiros localizada em frente à Casa Branca, onde a bandeira venezuelana agora tremula.

"A visita é uma oportunidade para reafirmar o compromisso dos Estados Unidos com o povo da Venezuela e discutir como trabalhar com o presidente Guaidó para acelerar uma transição democrática", afirmou a Casa Branca em comunicado, no dia em que Trump foi absolvido do impeachment.

A Casa Branca cancelou abruptamente o acesso à reunião no Salão Oval, que estava agendada um pouco antes da votação no Senado.

Guaidó participou na noite de terça-feira como convidado no discurso anual sobre o Estado da União no Capitólio, durante o qual Trump o apresentou como "o presidente verdadeiro e legítimo" da Venezuela e prometeu "esmagar" a tirania do governo de Nicolás Maduro.

Trump descreveu Guaidó, um engenheiro de 36 anos que se tornou político, como "um homem muito corajoso que carrega consigo as esperanças, sonhos e aspirações de todos os venezuelanos".

Guaidó foi aplaudido de pé de republicanos e democratas, numa época em que o clima político em Washington é marcado por divisão.

Para Guaidó, o convite é um incentivo que encerra sua viagem ao exterior, iniciada há duas semanas com uma reunião com o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo.

Ele também foi a Davos, na Suíça, sede do Fórum Econômico Mundial, e para a França, onde foi recebido pelo presidente Emmanuel Macron. Depois, visitou o primeiro-ministro Justin Trudeau, no Canadá, e neste fim de semana realizou uma manifestação com venezuelanos que moram em Miami.

"Continuaremos a trabalhar com nossos parceiros na região para enfrentar a ditadura ilegítima na Venezuela", afirmou a Casa Branca.

- Com Almagro na OEA -

Depois, Guaidó visitou o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a única organização financeira multilateral que o reconhece.

"Estamos trabalhando há muito tempo para estarmos prontos para dia em que o presidente Guaidó tiver todos os instrumentos de poder", disse o presidente do BID, Luis Alberto Moreno.

Guaidó, que na quinta-feira será recebido na Organização dos Estados Americanos (OEA) pelo seu secretário da entidade, Luis Almagro, às 15H30, horário local (12H30 de Brasília), disse que está procurando "as ferramentas e oportunidades para desenvolver um país novamente".

Esta série de apoio é importante após ter passado mais de um ano desde que Guaidó se autoproclamou presidente interino, depois que Maduro assumiu um segundo mandato questionado após irregularidades nas eleições de 2018.

O sucessor de Hugo Chávez permanece no poder, apesar das sanções dos Estados Unidos, incluindo um embargo de fato ao petróleo bruto da Venezuela que é crucial para sua economia, em forte recessão desde 2013.

Maduro conta com o apoio da China e Rússia.

Um funcionário do governo americano expressou nesta quarta-feira "preocupação" com o papel da petrolífera russa Rosneft como parceira comercial da Venezuela.

"Estamos muito preocupados com o comportamento da Rosneft", disse a autoridade a repórteres sob condição de anonimato. O ministro do Exterior da Rússia, Sergey Lavrov, visitará Caracas esta semana.

- "Um fracasso" da política contra Maduro -

O tratamento de Guaidó durante o discurso presidencial sobre o Estado da Nação gerou rejeição em Caracas. O governo Maduro denunciou as "ameaças violentas" de Trump após o presidente Trump prometer "esmagar" a "tirania" na Venezuela.

O convite da visita de Guaidó aos Estados também gerou críticas de parlamentares norte-americanos que desejam que o apoio se traduza em benefícios migratórios para os venezuelanos.

"Um convite é fácil. Garantir a proteção do TPS para quem foge da Venezuela exige que Trump desafie sua base xenofóbica", disse a congressista Debbie Wasserman Schultz no Twitter, referindo-se ao Estatuto de Proteção Temporária (TPS), que os Estados Unidos concedem a países cujas circunstâncias isentam seus cidadãos de deportação.

Trump promove uma política de imigração dura, que foi a base de sua campanha, enquanto vários congressistas buscam pressionar as leis para proteger os migrantes venezuelanos.

O chefe da minoria democrata do Senado, Chuck Schumer, disse que a política de Trump sobre a Venezuela "fracassou".

"Se a política estivesse funcionando, Juan Guaidó não estaria na galeria, ele estaria na Venezuela, ele estaria sentado no palácio presidencial", disse o líder democrata.

Em meio à situação caótica da economia venezuelana caracterizada por recessão aguda e hiperinflação, 4,7 milhões de pessoas fugiram do país, segundo dados da ONU.

Reconhecido por mais de 50 países como presidente interino da Venezuela, o líder opositor Juan Guaidó pediu nessa quinta-feira (23) ajuda a empresários e políticos, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, para promover em seu país "eleições livres e transparentes". Só no dia anterior, quarta-feira (22), sua fala havia sido incluída no programa. Uma sessão plenária foi preparada para sua apresentação.

Depois de deixar seu país no domingo (19), ele se encontrou com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, e com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, além de se apresentar no Parlamento Europeu. O governo reagiu a sua viagem, disse Guaidó, perseguindo e prendendo parlamentares da oposição.

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Sem dizer como se poderá afastar o presidente Nicolás Maduro ou convencê-lo a encerrar seu mandato, Guaidó falou sobre os males econômicos e políticos de seu país e sobre as oportunidades de investimento e prosperidade se a democracia for restaurada. A produção de petróleo, lembrou, caiu 65% nos últimos anos e a economia venezuelana atravessa uma longa e profunda recessão.

Na primeira fila, no auditório principal do centro de congressos de Davos, estava o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o colombiano Luís Alberto Moreno. O BID, lembrou Moreno ao jornal O Estado de São Paulo, foi a primeira organização multilateral a reconhecer Guaidó como presidente interino. Também havia empresários venezuelanos presentes.

O presidente da Colômbia, Iván Duque, também assistiu à sessão sentado no auditório. Guaidó dirigiu-se a ele duas vezes para agradecer o acolhimento de milhares de migrantes que fugiram da pobreza e do regime bolivariano

Em entrevista, mais tarde, Guaidó disse ter mantido vários encontros com líderes de outros países durante o dia. Além disso, acusou o governo venezuelano de estar envolvido no financiamento de organizações terroristas internacionais.

Num lounge reservado o ministro da Economia, Paulo Guedes, cumprimentou Guaidó pelo discurso que fez mais cedo no evento. O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela pediu a Guedes que transmitisse agradecimentos ao presidente Jair Bolsonaro pelo apoio ao seu trabalho no país vizinho.

A cena, presenciada pela reportagem do jornal O Estado de São Paulo/Broadcast, durou alguns minutos e foi recheada de cumprimentos e elogios de ambas as partes. O ministro da Economia chegou a mudar a agenda prevista para a manhã no Fórum para prestigiar o discurso do líder opositor venezuelano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, foi impedido, durante vários minutos, de entrar na sede da Assembleia Nacional. A Guarda Nacional, que cercava o local desde hoje cedo, bloqueava a entrada de opositores de Maduro. No entanto, Guaidó conseguiu entrar e deu início à sessão legislativa.

Após alguns minutos, a energia elétrica foi cortada no plenário, tendo sido restabelecida logo depois.

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"Ter entrado aqui foi um feito", afirmou Guaidó, ao denunciar que vários outros deputados tinham sido agredidos e impedidos de entrar no Congresso. Acompanhado de dezenas de deputados e cantando o Hino Nacional, Guaidó deu início à sessão.

"Os militares não decidem quem entra na casa das leis. Vocês viram como eles [policiais da Guarda Nacional] agrediam jornalistas, deputados, mas aqui está a maioria do Parlamento instalada, constituída. Vimos uma pessoa correr porque não tem quórum. Aqui estamos para defender os direitos dos venezuelanos", disse Guaidó, referindo-se a Luis Parra.

Luis Parra foi eleito presidente da Assembleia Nacional, por apoiadores de Maduro, em uma sessão sem votação, nem quórum, no último domingo (5).

Esta foi a segunda vez que a Guarda Nacional impediu a entrada dos parlamentares de oposição ao governo nos últimos dias.

Crise política

O último domingo foi um dia conturbado na capital venezuelana, com opositores de Maduro, inclusive Guaidó, sendo impedidos de entrar no palácio legislativo. Apoiadores do presidente, em uma sessão relâmpago e sem quórum, aprovaram a eleição de Luis Parra para a presidência do órgão.

Enquanto isso, do lado de fora, Juan Guaidó era reeleito presidente da Assembleia Nacional pelos votos de 100 deputados, mais do que os 84 necessários para a sua recondução ao posto.

Maduro afirmou, em rede nacional, que reconhece a eleição de Luis Parra para este cargo e que Guaidó é um "fantoche do imperialismo americano".

Multidões carregando bandeiras e apitos começaram a se reunir neste sábado na capital da Venezuela para manifestações lideradas pelo político da oposição Juan Guaidó, com o objetivo de pressionar o atual presidente, Nicolás Maduro.

Guaidó convocou as manifestações para tentar reaquecer uma campanha contra Maduro, lançada em janeiro e que perdeu força nos últimos meses.

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A dona de um comércio em Caracas, Lisbeth Guerra, diz que está no protesto porque a crise causada pela falha da liderança socialista levou 20 de seus parentes a sair do país.

O escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas solicita às autoridades que permitam protestos pacíficos sem nenhum ato de intimidação e violência. Poucas forças de segurança eram visíveis nas ruas de Caracas. O partido socialista de Maduro também está convocando atos para hoje. Fonte: Associated Press.

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, convocou a população para uma nova manifestação contrária ao governo de Nicolás Maduro. O protesto está marcado para a próxima terça-feira (23), na capital Caracas.

"Vamos nos manter mobilizados por este sonho, pelo país que podemos e vamos ser", declarou Guaidó, no Twitter. "Seguiremos exercendo pressão desde nosso terreno de luta".

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Juan Guaidó chegou 15 minutos antes da hora marcada ao prédio em que mantém um escritório clandestino em Caracas. No edifício aparentemente abandonado, onde há muito espaço para poucos funcionários, o autodeclarado presidente interino da Venezuela concedeu uma entrevista ao Estado, justamente quando a ONU difundia um duro relatório sobre violações do governo de Nicolás Maduro - segundo o levantamento, o chavismo matou 14 pessoas por dia em 2018.

Guaidó reconheceu erros nas tentativas de derrubar o chavista, explicou por que o governo não o prende, comentou sua queda de popularidade e, mais de uma vez, afirmou que os problemas do país não são ideológicos. "O que acontece na Venezuela não tem nada a ver com esquerda nem direita." A seguir, os principais trechos da conversa com o Estado.

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Vários opositores foram detidos e condenados. Por que o chavismo não o prende?

O chavismo tem medo em geral. Medo da cidadania, pois temos o amplo respaldo da maioria. Estamos amparados por nossa Constituição e temos amplo respaldo não apenas dos EUA, mas também dos países do mundo que me reconhecem como presidente interino.

O Brasil disse não aceitar uma intervenção militar dos EUA na Venezuela, apesar de o senhor ter dito que isso pode ser necessário. O que mais o governo Bolsonaro pode fazer?

O governo Bolsonaro tem nos apoiado de maneira determinada. Acredito que devemos continuar pressionando em conjunto para obter uma transição, entendendo que a Venezuela tem vivido uma ditadura que tortura, persegue e assassina jovens que protestam nas ruas.

Bolsonaro deu a carta diplomática a seu representante no Brasil, o que incomodou os militares brasileiros que vêm conversando com os militares venezuelanos. O que o senhor pediria aos militares do Brasil?

Eles sabem o que está acontecendo na Venezuela. Além de seu respaldo, tive a oportunidade de falar com o vice-presidente (Hamilton) Mourão em Bogotá, na cúpula do Grupo de Lima. Eu lhes peço o que nos têm dado, apoio.

O sr. é do partido de Leopoldo López. O sr. o considera melhor candidato à presidência quando ele estiver livre?

Isso vai ser determinado em primárias ou pelo consenso. Leopoldo é coordenador do partido no qual milito e fundamos há quase 9 anos. O que posso dizer é que dentro da unidade (Mesa da Unidade Democrática, MUD), dentro das alternativas no governo interino, vai ser muito simples.

Assim que tiver o poder de forma efetiva, qual será sua primeira medida?

A atenção de emergência humanitária. Hoje, vivemos a pior crise humanitária na região. E estamos perto de ser a pior do mundo, somente comparável a países em guerra civil. Houve 60% de contração do PIB. O salário mínimo mensal equivale a US$ 6. O venezuelano não vive, sobrevive. A taxa migratória é a segunda mais alta do mundo e a mais alta da região. Cozinhamos com lenha na maioria dos povoados em todo o país. Então, a primeira coisa tem de ser a atenção à emergência. Temos de continuar com os subsídios para atender essa emergência enquanto tratamos da causa, estabilizamos a economia e garantimos não apenas justiça social, mas também segurança jurídica para o investimento econômico. Para nós, o investimento econômico é uma preocupação em razão do petróleo que temos, que continua sendo um recurso muito importante.

Pode haver espaço para a esquerda moderada e a direita moderada na Venezuela?

Definitivamente, o problema na Venezuela não é ideológico. Quiseram vender assim no mundo para tentar tomar parte ou simplificar a grave tragédia que a Venezuela vive. O que acontece na Venezuela não tem nada a ver com esquerda ou direita. Tem a ver com direito fundamental, com direito à subsistência, eletricidade, água, democracia, liberdade, respeito aos direitos humanos, acesso à informação. Quando falo em público, até bloqueiam o sinal de internet.

Os chavistas criticam governos de direita anteriores a Chávez. O sr. reconhece os erros desses governos?

O primeiro governo de Maduro formou um ditador. Mas, antes da ditadura o governo era de Maduro e o anterior foi Chávez. O anterior a Chávez foi Chávez e o anterior a Chávez foi Chávez (Guaidó se refere às consecutivas eleições de Chávez à presidência, de 1998 a 2012). Foram 20 anos. Eu não votava. Quando Chávez foi eleito (pela primeira vez), eu era menor de idade. Não tenho dúvida de que houve erros nos governos anteriores, tanto que estamos nesta tragédia. Agora, colocar a culpa em governos de 20 anos atrás? Eles (chavistas) tiveram a maior renda de petróleo da história da humanidade, em pleno boom das commodities. Desperdiçaram US$ 1 trilhão. Não há nenhum tipo de desculpa que sirva para querer atribuir a isto uma questão ideológica. Também não é certo que os governos anteriores a Chávez eram de direita. Isso é uma falsidade. Na Venezuela, há sindicatos desde sempre. Não é como hoje, que há sindicalistas presos na Venezuela.

O sr. cometeu algum erro nos últimos meses?

Tivemos dificuldades, mas tivemos acertos. Hoje, somos reconhecidos por 54 países e devemos chegar a mais de 60 nos próximos dias. Meu chefe de gabinete (Roberto Marrero) está preso, sequestrado. O primeiro vice-presidente do Legislativo (Édgar Zambrano) está sequestrado. Meu irmão tem ordens de captura contra ele simplesmente por ser meu irmão. Recebo ameaças de morte diariamente. É uma ditadura sangrenta e não tenho dúvida de que cometemos erros, mas o mais importante é que mantivemos apoio popular, não a mim, mas ao desejo de mudança.

Haverá mais mortes antes de a crise acabar?

Houve morte no fim de semana com a tortura e o assassinato do capitão de corveta (Rafael Acosta Arévalo, detido sob a acusação de atentar contra Maduro). Hoje, crianças estão morrendo por falta de comida, por falta de medicamentos. Hoje, estão cruzando a fronteira meninas que vão ser cooptadas a se prostituir. Na fronteira marítima, em direção a Trinidad e Tobago, no último mês, 89 pessoas morreram ou desapareceram no mar.

Por que o sr. vem perdendo popularidade?

Hoje, todos temos parentes que foram embora e queremos que eles voltem. Hoje, não podemos conviver com nossa família porque não conseguimos comida. Sim, pesquisas dizem que perdi 2 pontos em relação ao mês passado, mas com relação a janeiro, quando começamos esse processo, nosso apoio é 4,5% maior. Não perdemos força. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, defendeu nesse domingo (26) o envio de delegados a Oslo, na Noruega, para negociar uma saída para a crise com representantes do chavismo. Em discurso realizado em Barquisimeto, no oeste do país, Guaidó advertindo que seus críticos, incluindo aqueles dentro de seu próprio partido, podem acabar sendo cúmplices "da ditadura de Nicolás Maduro".

"Quem não entender que temos de jogar em todos os tabuleiros, que temos de ter uma presença ativa em todos os lugares, estará cooperando com outra causa", disse Guaidó, diante de centenas de seguidores. "Seja onde for, nossas exigências são as mesmas. Quem quiser que a gente desista da pressão das ruas para acabar com a usurpação, se tornará cúmplice da ditadura."

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Guaidó ontem pareceu responder às críticas que recebeu desde que confirmou, no sábado, o envio de representantes a Oslo para um diálogo direto com representantes do chavismo. As primeiras reuniões, realizadas na semana passada na Noruega, foram sempre de enviados de Maduro e de Guaidó com diplomatas noruegueses.

O líder da oposição, que é reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, incluindo Brasil e Estados Unidos, tem demonstrado cautela a respeito da negociação. Guaidó sabe que o diálogo com o chavismo é um tema impopular entre setores da oposição que não acreditam na disposição de Maduro em negociar.

Desde que Maduro assumiu o poder, em 2013, já foram quatro tentativas frustradas de diálogo. Muitos líderes opositores acreditam que a negociação não passa de um artifício do chavismo para ganhar tempo e dividir os rivais. Desde a semana passada, intelectuais, artistas e políticos criticaram a iniciativa norueguesa. Alguns disseram que era uma "estratégia errada". Outros chegaram a falar em "capitulação" de Guaidó.

"Todos temos o direito de criticar, porque somos cidadãos exigentes. E eu, como sou um funcionário público, tenho de ouvir claramente. Mas também devemos seguir em frente", disse Guaidó, que garantiu que não aceitará um "falso diálogo" que "dê mais oxigênio à ditadura de Maduro".

Impasse

Desde que assumiu a condição de protagonista da oposição e intensificou sua cruzada contra Maduro, há quatro meses, Guaidó chegou a um impasse. Sem obter apoio de setores importantes das Forças Armadas, que permaneceram leais ao chavismo, a oposição está cada vez mais sem munição.

Ontem, em Barquisimeto, Guaidó voltou a falar que qualquer negociação com o governo deve ter como objetivo o "fim da usurpação" da presidência por parte de Maduro, além de incluir um governo de transição e eleições livres.

Ontem, Maduro agradeceu à Noruega por seu esforço diplomático para superar a crise. "Agradeço ao governo da Noruega por avançar no diálogo pela paz e pela estabilidade na Venezuela. Nossa delegação viajará a Oslo com a disposição de trabalhar na agenda abrangente organizada e avançar na criação de grandes acordos", escreveu o presidente venezuelano no Twitter. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pela primeira vez desde que Juan Guaidó se proclamou presidente interino da Venezuela, em janeiro, opositores e chavistas deram os primeiros passos para negociar um acordo. Aliados do presidente Nicolás Maduro e membros da oposição se reuniram nos últimos dias com a chancelaria da Noruega, em Oslo.

Sem negar os encontros, Guaidó tentou minimizá-los, com um tuíte em que afirma que as conversas não são a única iniciativa em curso para o fim da crise. "Grupo de Contato, Canadá, Reino Unido, Noruega, Grupo de Lima, além de outras iniciativas, nos apoiam para chegar a uma solução da crise. Para os venezuelanos, a rota é clara, e nós a mantemos: fim da usurpação (do poder), governo de transição e eleições livres", escreveu Guaidó.

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O representante do chavismo na ONU também confirmou as negociações. "Sim, está havendo conversas entre governo e setores democráticos da oposição", disse Jorge Valero, embaixador da Venezuela na ONU, em Genebra. "Infelizmente, há uma oposição que é belicista, terrorista e fascista, simples marionetes do império dos EUA."

Nos últimos dias, representantes de Maduro viajaram a Oslo, entre eles o ministro das Comunicações, Jorge Rodríguez, e o governador do Estado de Miranda, Héctor Rodríguez, para encontrar delegados de Guaidó, como o ex-deputado Gerardo Blyde e Fernando Martínez Mottola, ex-ministro de Carlos Andrés Pérez, aos quais se juntou o deputado e vice-presidente da Assembleia Nacional, Stalin González.

Três fontes relataram à Reuters como ocorreram as conversas. Segundo eles, os enviados exploraram possíveis caminhos para avançar em uma agenda de temas e uma metodologia de trabalho. As mesmas fontes asseguram que as negociações foram feitas separadamente com representantes do Ministério das Relações Exteriores da Noruega e negam que tenha sido estabelecida uma mesa de diálogo.

Segundo fontes ligadas às negociações, as reuniões sob a mediação da Noruega não surgiram subitamente, mas são resultado de reuniões realizadas separadamente, durante meses. Os contatos começaram em Cuba e várias reuniões foram realizadas em local secreto em Oslo, mediadas pela chancelaria da Noruega. As duas delegações voltaram ontem a Caracas.

As reuniões surpreenderam alguns dirigentes opositores, como Julio Borges, ex-presidente da Assembleia Nacional, exilado em Bogotá. Pelo Twitter, ele assegurou que, tanto ele quanto seu partido, o Primero Justicia, souberam da iniciativa pela imprensa. "Soubemos desta iniciativa uma vez que já era pública", escreveu Borges. "Não avaliamos nenhum tipo de diálogo com a ditadura."

Muitos opositores estão céticos quanto às negociações, já que outras tentativas falharam, dividiram a oposição e deram tempo a Maduro para que ele consolidasse seu poder.

Ao contrário de outros países europeus, a Noruega - que não faz parte da União Europeia - não reconheceu Guaidó, líder da Assembleia Nacional, como presidente interino, mas mostrou seu apoio e pediu a retomada do diálogo e novas eleições. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A crise na Venezuela tem pautado constantemente o discurso de parlamentares brasileiros. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) afirmou, nesta segunda-feira (6), que o presidente do país vizinho, Nicolás Maduro, tornou-se um “traficante de drogas”. A gestão de Maduro é considerada ditatorial pelo deputado.

“Maduro não é mais presidente da Venezuela, ele é um traficante de drogas que se apossou do povo venezuelano”, disparou o filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), em publicação no Twitter. “Traficantes entendem argumentos racionais de discursos? Qual linguagem eles entendem?”, indagou complementando.

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Eduardo defende que Maduro deixe o governo e já disse apoiar, assim como o pai, o autodeclarado presidente da Venezuela, Juan Guaidó. A crise no país se agravou nas últimas semanas. Na última terça (30), duas pessoas morreram e 187 ficaram feridas na Venezuela por causa da disputa de poder entre Maduro e Guaidó.

Nesse domingo (5), Nicolás Maduro apareceu no Twitter para agradecer a atuação das Forças Armadas venezuelanas em seu apoio e ponderar que o país está preparado para confrontos. Ele também se disse orgulhoso da Guarda Nacional Bolivariana, que chegou a atropelar manifestantes com carros blindados no dia 30.

“Não somos um país fraco ou indefeso, temos um poder militar que garante a paz e a defesa nacional. Fiéis sempre, traidores nunca!”, ressaltou o presidente.

Convocadas pelo autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, centenas de pessoas se reuniram em Caracas com velas nas mãos em vigília para homenagear as vítimas da repressão militar que estavam nos protestos contra o governo de Nicolás Maduro. Esperado, Guaidó não compareceu à atividade.

Acompanhado pela mulher, Carolina, as filhas Sara e Sofia, e a sobrinha Nazaré, o comerciante Paulo Matías disse que ainda há muita gente com medo da repressão do regime de Nicolás Maduro. "Não tem mais gente porque as pessoas estão com medo do que aconteceu outro dia em Altamira", afirmou o empresário, carregando a filha menor nos ombros.

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O Deputado Richard Blanco disse que "o ato foi também por 47 pessoas que morreram nestes anos de repressão, 937 pessoas presas, segundo relatório de Direitos Humanos, e pela saída de Nicolás Maduro, que é um presidente inconstitucional".

O padre Wilfredo Corniel, que já viveu no Brasil, celebrou parte do ato religioso. Ele disse ao 'Estado' que todos foram convocados pelo autodeclarado presidente interino Juan Gaudó "para rezar pelas pessoas que faleceram nos protestos, para que cesse a violência de Estado contra os manifestantes". Também "contra a usurpação, pela paz e por um governo de transição".

Para o religioso, o Estado venezuelano não pode apoiar grupos paramilitares para que matem manifestantes. "Chega de derramamento de sangue pelo governo." Ele trabalha na paróquia São Miguel Arcanjo, numa das favelas de Caracas, com cerca de 120 mil pessoas. "É uma favela muito perigosa", disse./COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, nesta terça-feira (30), que se solidariza com o povo da Venezuela e apoia a liberdade do país para que seja instalada uma “verdadeira democracia”. Mais cedo, o presidente autodeclarado do país Juan Guaidó anunciou que tem o apoio dos militares para, segundo ele, conseguir "o fim definitivo da usurpação" do governo de Nicolás Maduro.

“O Brasil se solidariza com o sofrido povo venezuelano escravizado por um ditador apoiado pelo PT, PSOL e alinhados ideológicos”, alfinetou Bolsonaro, em publicação no Twitter. “Apoiamos a liberdade desta nação irmã para que finalmente vivam uma verdadeira democracia”, completou.

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Bolsonaro defendeu uma transição democrática de poder. “O Brasil acompanha com bastante atenção a situação na Venezuela e reafirma o seu apoio na transição democrática que se processa no país vizinho. O Brasil está ao lado do povo da Venezuela, do presidente Juan Guaidó e da liberdade dos venezuelanos”, declarou.

Guaidó convocou os venezuelanos para ir às ruas para exigir a saída de Maduro. O autodeclarado já foi reconhecido pelo governo brasileiro como legítimo presidente venezuelano.

Bolsonaro se reúne, no início da tarde desta terça, para tratar do assunto com o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) e os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, da Defesa, Fernando Azevedo, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta terça-feira (30) que conta com a "lealdade total" da liderança militar, depois que um grupo de soldados se rebelou em apoio ao líder da oposição Juan Guaidó.

"Nervos de Aço!" Falei com os Comandantes de todos os REDI e ZODI do País, que manifestaram total lealdade ao Povo, à Constituição e à Pátria. Apelo à máxima mobilização popular para garantir a vitória da Paz. Nós vamos ganhar!", afirmou Maduro no Twitter em sua primeira reação à rebelião.

Um grupo de soldados venezuelanos se revoltou nesta terça-feira contra Maduro e em apoio a Guaidó, que pediu a todas as Forças Armadas para se juntarem a este movimento que o governo denunciou como um golpe de Estado.

O governo venezuelano denunciou o incidente como uma "tentativa de golpe de Estado" e afirmou que a situação está sob controle.

A União Europeia (UE) condenou nesta quinta-feira (4) a retirada da imunidade na Venezuela do líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, decisão que representa uma "grave violação da Constituição venezuelana".

"A UE rejeita a decisão da não reconhecida Assembleia Nacional Constituinte de retirar a imunidade parlamentar de Juan Guaidó", afirmou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, em uma declaração em nome dos países da UE.

A governista Assembleia Constituinte retirou na terça-feira a imunidade de Guaidó, presidente do Parlamento venezuelano controlado pela oposição, e autorizou o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) a processá-lo por usurpação de funções.

Para os europeus, "a decisão é uma grave violação da Constituição venezuelana, assim como do Estado de direito e da separação de poderes, pois o único órgão autorizado a retirar a imunidade" de Guaidó é o Parlamento venezuelano.

"Estos atos prejudicam uma saída política da crise e levam apenas a uma polarização maior", completou Mogherini, que fez um apelo em favor do respeito pleno das "prerrogativas e imunidades" de todos os membros do Parlamento venezuelano, assim como de sua "integridade física".

A UE, que não reconhece a legitimidade da Assembleia Constituinte nem do segundo mandato do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, iniciado em janeiro, criou em fevereiro com vários países latino-americanos um Grupo de Contato Internacional (GCI) para tentar encontrar uma solução.

A governista Assembleia Nacional Constituinte retirou na noite desta terça-feira (2) a imunidade parlamentar do líder oposicionista e chefe do Congresso, Juan Guaidó. Isso abre caminho para que autoridades possam processá-lo e prendê-lo.

A Assembleia Constituinte atendeu o pedido do Tribunal Supremo de Justiça, que na véspera anunciou que o processaria por desacatar em fevereiro uma decisão que o proibia de sair do país. Presidente da Constituinte, Diosdado Cabello anunciou ao final de um longo debate a aprovação de um decreto constituinte que autorizou a retirada da imunidade do chefe do Congresso para seguir com a ação penal contra ele.

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Agora, sem nenhum tipo de proteção constitucional, o líder oposicionista de 35 anos pode ser julgado e eventualmente preso, o que deixaria a oposição sem sua principal figura e motor dos recentes protestos contra o governo que exacerbaram as tensões contra o presidente Nicolás Maduro. Fonte: Associated Press.

O Supremo Tribunal de Justiça venezuelano (TSJ, pelas siglas em espanhol) pediu nesta segunda-feira (1º) à governista Assembleia Constituinte a suspensão da imunidade do líder do Parlamento, Juan Guaidó, segundo comunicado emitido pela corte, que com este ato abre a possibilidade de submeter à Justiça comum o principal opositor do governo de Nicolás Maduro.

"Ordena-se remeter cópia certificada da presente decisão ao presidente da Assembleia Nacional Constituinte (Diosdado Cabello), com o objetivo de suspender a imunidade parlamentar" de Guaidó, informa o pedido da corte, acusada pela oposição de servir aos interesses de Maduro.

O tribunal tomou a decisão ao considerar que o deputado - autoproclamado presidente interino da Venezuela e reconhecido no cargo por mais de 50 países - "infringiu" uma proibição de saída do país que tinha sido imposta a ele em 29 de janeiro.

Nesse dia, o TSJ abriu uma investigação contra ele por "usurpar" as funções do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Guaidó saiu clandestinamente do país em fevereiro e retornou no dia 4 de março procedente da Colômbia, através do aeroporto internacional de Maiquetía, na região de Caracas.

Nessa viagem, o congressista visitou vários países da região, após o fracasso, em 23 de fevereiro, de sua tentativa de fazer entrar doações de alimentos e medicamentos enviados pelos Estados Unidos.

O TSJ ratificou a proibição de saída da Venezuela, assim como o bloqueio das contas bancárias de Guaidó e o impedimento para alienar e taxar bens de sua propriedade, segundo a sentença, lida pelo presidente da corte, Maikel Moreno.

A medida abre o caminho para um eventual julgamento comum de Guaidó, acusado por Maduro de planejar um atentado contra ele.

Soma-se, ainda, à inabilitação imposta contra ele pela Controladoria para exercer cargos públicos durante 15 anos. Guaidó não reconheceu a decisão por considerar que o controlador foi designado pela Constituinte, a qual considera ilegítima.

A decisão do tribunal ocorre em um momento de caos pelos apagões que paralisam o país desde o início de março e que mantém milhões sem luz e água. Além disso, em meio a luta pelo poder com Maduro, Guaidó planeja uma mobilização nacional em direção ao palácio presidencial de Miraflores - em data não estabelecida -, como parte de uma estratégia que batizou "operação liberdade".

Maduro acusa o opositor de ser um "fantoche" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para organizar uma invasão e entregar a Washington o controle da maior reserva petroleira do mundo.

Em meio ao caos pelos apagões, os venezuelanos ainda enfrentam o colapso dos serviços, incluindo comunicações e transporte, o que levou a protestos espontâneos, sem ligações com movimentos políticos, no domingo. Mas várias manifestações foram reprimidas por coletivos, como são chamados os grupos civis ligados ao governo. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas, segundo manifestantes.

Ainda no domingo, diante da gravidade da crise energética, Maduro confirmou racionamento de luz pelos próximos 30 dias e manteve a redução da jornada de trabalho de 8 para 6 horas diárias. Já as aulas, que estavam suspensas desde 26 de março, voltam ao normal na próxima quarta-feira.

A Venezuela continuava paralisada nesta quarta-feira por um apagão que mergulhou seus habitantes na angústia. Eles foram chamados para um novo dia de protesto no próximo sábado pelo líder da oposição Juan Guaidó.

O ministro das Comunicações, Jorge Rodríguez, disse que uma nova falha ocorreu na manhã de quarta-feira, interrompendo o serviço em setores de Caracas e outras regiões onde ele havia sido recuperado.

"Vamos continuar (...) esse processo de distribuição de carga até que todos os equipamentos danificados pelo terrorismo entrem em operação", disse Rodriguez, sem dar uma estimativa de quando a situação será normalizada.

O caos continuou com a suspensão do bombeamento de água, a paralisação dos transportes - incluindo o metrô de Caracas - e o impacto das comunicações e do banco eletrônico, vitais devido à escassez de caixa gerada pela hiperinflação.

Em resposta, Guaidó, reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, convocou um protesto nacional no sábado.

"Toda vez que você não tem luz, água, gás, transporte, não é hora de se acostumar com isso, é hora de exigir nossos direitos", disse Guaidó, conclamando seus partidários a não permanecerem "passivos".

O país de 30 milhões de pessoas ficou no escuro na segunda-feira, após o pior apagão de sua história, que começou em 7 de março e durou quase uma semana.

"Que saiam" os russos

Além da capital, o corte afeta 21 dos 23 estados, segundo relatos de usuários em redes sociais. O governo socialista não costuma relatar o impacto desse tipo de emergência.

O apagão maciço de 20 dias atrapalhou duramente os hospitais, já castigados pela falta de suprimentos e remédios. Segundo a ONG, uma dúzia de pacientes morreu durante esse corte, que durou uma semana.

O apagão se tornou a última batalha pelo poder entre o presidente Nicolás Maduro e Guaidó.

Maduro diz que se tratam de "ataques terroristas" executados pela oposição protegida pelos Estados Unidos. Já o chefe do Parlamento argumenta que esta é apenas a última prova da ineficiência e corrupção do governo.

Guaidó prepara uma mobilização nacional em direção ao palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, para assumir seu controle, em data a ser definida, e nesta quarta-feira ele reiterou que não descarta pedir ao Legislativo que autorize a entrada de uma missão militar estrangeira.

Washington, seu aliado mais fervoroso, não exclui uma ação militar para destituir Maduro, a quem pretende estrangular economicamente com sanções, como um embargo de petróleo que entrará em vigor em 28 de abril.

Trump recebe esposa de Guaidó

O presidente Donald Trump e o vice-presidente Mike Pence receberam Fabiana Rosales, esposa de Guaidó, na Casa Branca nesta quarta-feira.

"Estamos com você 100%", disse Trump, além de afirmar que Washington já a considera "primeira-dama da Venezuela".

Trump e Pence também exigiram o fim do apoio russo a Caracas. "A Rússia tem que sair", disse o presidente.

Pence pediu a Moscou que acabe com "todo o apoio ao regime de Maduro" e classificou a chegada de dois aviões militares por Moscou à Venezuela como uma "provocação inoportuna".

A Rússia defendeu nesta quarta-feira a presença de militares na Venezuela, ao participar de um conselho permanente da OEA no qual foi aprovada uma resolução pedindo a entrada da ajuda humanitária na Venezuela.

O observador suplente da Rússia, Alexander Kormachev, pediu para falar após a votação e se pronunciou contra "as acusações de algumas altas posições dos Estados Unidos sobre alegadas intervenções russas na Venezuela".

Kormachev defendeu, em espanhol fluente, que "a cooperação bilateral da Rússia com a Venezuela adere estritamente à Constituição deste país e respeita sua legislação, incluindo os poderes do legislativo".

Em meio à pressão internacional para que Maduro deixe o cargo, Rússia e China, os principais credores da dívida externa da Venezuela (estimada em 150 bilhões de dólares), tornaram-se os grandes aliados do presidente socialista.

Ajuda humanitária

O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) votou uma resolução para "pedir as instituições públicas da Venezuela, em especial as forças militares e de polícia, que se abstenham de bloquear o ingresso de ajuda humanitária à Venezuela".

A resolução foi apresentada pela Colômbia e apoiada por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Estados Unidos, Guatemala, Panamá, Paraguai e Peru. Terminou aprovada com 19 votos a favor, cinco contra, oito abstenções e duas ausências.

No Twitter, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, disse que reitera sua "rejeição à presença de efetivos militares e transporte militar russo em território de #Venezuela".

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