A investigação sobre a concessão ilegal de cidadania a cerca de 300 brasileiros, incluindo diversos jogadores de futebol, foi concluída nesta sexta-feira (10) com o indiciamento de quatro pessoas, informa a Justiça de Nápoles.
Hoje, os policiais de Castello di Cisterna, na província de Nápoles, executaram uma ordem de custódia cautelar emitida por um juiz de primeira instância de Nola, também em Nápoles, além de emitir uma proibição para quatro acusados de frequentarem os edifícios do poder público de Brusciano.
Todos são acusados dos crimes de corrupção, falsidade ideológica e material cometida por um agente público em atos públicos e favorecimento de imigração clandestina.
As investigações já haviam resultado na prisão de duas pessoas no mês de abril - o italiano Michele Di Maio, 57 anos, que era funcionário da comuna de Brusciano e atuava no Escritório de Estado Civil da cidade, e o ítalo-brasileiro Luis Sonda Vanderlei, 43 anos, titular de uma agência em Nápoles. Os dois ainda cumprirão prisão domiciliar.
Já o nome dos outros dois indiciados não foram revelados. Há ainda uma quinta pessoa citada no esquema, mas que não foi indiciada por nenhum crime. A única informação que consta na divulgação à imprensa é que um dos investigados é um ex-funcionário da Anágafe.
Segundo os investigadores, bastava que os interessados pagassem entre dois mil e três mil euros para virarem italianos. Eles usufruíam de parentescos inexistentes com italianos (avós ou pais) e, por conta da Lei Italiana, recebiam a cidadania "jus sanguinis".
Em alguns dos casos, foi constatado que três dos acusados conseguiam até documentos de pessoas residentes em Brusciano, que não sabiam de nada do esquema, e que eram usados de maneira ilegal.
A análise dessas cidadanias começou no fim de 2016 por conta de um fluxo anômalo e consistente de pedidos de emissão de passaportes na cidade de Terni, todas relacionadas a brasileiros com cidadania italiana obtida através do "jus sanguinis" e que moravam em Brusciano.
Após uma revisão minuciosa, constatou-se que todos os 300 brasileiros que tinham "adquirido" a cidadania italiana, de fato, não moravam na comuna de Brusciano. As residências indicadas nos documentos estavam vazias quando foram analisadas.
Na época da divulgação da operação, batizada de "Carioca", os investigadores informaram que a cidadania saía em questão de dias, quando o processo correto, na verdade, pode demorar meses.
Jogadores envolvidos
Entre aqueles que teriam se beneficiado do esquema estão diversos jogadores de futebol e de futsal que, atualmente, jogam em ligas profissionais do Brasil, da Itália, da França e de Portugal.
Alguns dos nomes foram divulgados pelas autoridades, como os dos meias Gabriel Boschilia, que atualmente está no Mônaco, Bruno Henrique, que jogou pelo Palermo e atualmente está no Palmeiras, e Eduardo Henrique, do Atlético-PR, o defensor Guilherme Lazaroni, do Red Bull Brasil, e o atacante Eduardo Sasha, do Internacional.
Desde a divulgação das investigações, os atletas sempre negaram qualquer irregularidade.
Da Ansa