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Depois de um processo de restauração nos últimos meses, o grande mural em homenagem a Ayrton Senna localizado na região central da cidade de São Paulo será reinaugurado na semana que vem. A obra feita pelo muralista Eduardo Kobra intitulada A Lenda do Brasil foi entregue em 2015 e passou por diversos reparos para continuar como um dos cartões postais dos arredores da avenida Paulista.

Tanto a inauguração como o restauro foram bancados pela Audi, marca de carros trazida pelo próprio Senna ao Brasil pouco antes de morrer em um acidente fatal durante o GP de San Marino de Fórmula 1 em 1994. O mural está localizado na rua da Consolação e traz uma imagem do tricampeão mundial de capacete, decorado de cores variadas e a imagem da bandeira do Brasil.

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A decisão de restaurar o mural foi tomada depois de ações do tempo deteriorarem a pintura. Kobra e uma equipe de artistas cuidaram nos últimos meses de fazer os reparos necessários. O local foi descascado para a retirada de imperfeições, ganhou uma camada seladora extra e teve uma aplicação de verniz para reforçar a proteção. A expectativa é que esses cuidados possam fazer a obra ter uma durabilidade de até oito anos.

"A deterioração se deu mais rápido do que o normal porque além de fatores externos como chuva, frio e calor, o prédio é antigo e tem infiltrações de água e problemas de encanamento. Isso aos poucos foi criando algumas fissuras no material e gerou um estrago maior do que o esperado. Em geral os murais de rua aguentam até 10 anos sem precisarem de manutenção", explicou Kobra.

O muralista faz trabalhos inspirados em Ayrton Senna desde 1993 e foi o autor de obras em Interlagos e em Ímola, local do acidente do tricampeão. "A figura do Senna sempre me inspirou", disse o artista. "Eu estava incomodado com o estado da obra porque foi uma das primeiras que fiz sobre o Senna em grande escala. Pintei 10 diferentes murais sobre ele, mas este tem uma questão em especial por eu ser paulistano e o mural ficar em uma região central da cidade", completou.

Kobra garante que apesar da complexidade, o trabalho de restauração é recompensador. "Quando se trata de restauração, a pintura é a parte mais fácil e prazerosa. O processo leva mais tempo, até alguns meses, por causa de burocracia e de autorizações para se fazer a obra", completou.

Eduardo Kobra é internacionalmente conhecido por seus murais coloridos, mas o confinamento mundial provocado pelo novo coronavírus o tirou das ruas e o levou a repensar seu processo criativo. Desta reflexão, surgiu um mural que prega a fé e a solidariedade em São Paulo, sua cidade natal.

"É o momento de repensar, de nos reconciliarmos, de nos unirmos e nos darmos força todos juntos", diz este muralista, conhecido simplesmente como Kobra. Originário de uma comunidade humilde de São Paulo, o muralista conta que o avanço do coronavírus, que já matou mais de 5.000 pessoas no Brasil, o deixou vários dias "paralisado".

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Atendendo diversos projetos, ele visitou quarenta países no ano passado. "Nunca estive tão quieto quanto agora", comenta, antes de começar a entrevista com a AFP em Itu, pequena cidade do interior paulista, onde faz sua quarentena.

"Meu trabalho acontece nas ruas, sou um pintor que depende das ruas, eu pinto murais. Para mim, significa uma mudança, uma reflexão muito grande sobre como transformar o meu trabalho (...) Estou repensando a minha forma de criar", afirma.

Em seu processo de reflexão, o artista desenhou "Coexistência", um mural que mostra cinco crianças em oração, que representam cinco continentes e cinco religiões: cristianismo, budismo, judaísmo, islã e hinduísmo.

Kobra, que se define como cristão, gostaria de levar "Coexistência" para alguma cidade, mas enquanto o confinamento continuar, o tornou tema de uma série de serigrafias numeradas que serão sorteadas entre quem doar alimentos e outros produtos para ajudar a população indigente de São Paulo, estimada em mais de 25.000 pessoas.

"Não resolve doar apenas alimentos para os indigentes, é necessário pessoas para cozinhar também", explica Kobra, que se somou às ONGs IKMR (Conheço os meus direitos, em inglês) e a Companhia de Artes Nissi para dar vida ao projeto.

As pessoas que doarem um kit de 22,5 reais ou mais vão participar do sorteio de uma serigrafia que será realizado em 1º de maio. Quem contribuir com mil kits (R$ 22.000) ganhará no ato uma peça da série numerada. A ação, que termina em 30 de abril, já reuniu mais de 11.000 kits. O dinheiro arrecadado para ajudar a população de rua será administrado por estas organizações.

"Se para nós, que temos nossas casas, estamos acuados, com medo e tudo mais, imagina quem está na rua", comenta. "Não adianta ficarmos reclusos nas nossas casas e não olharmos para o próximo", acrescenta.

- Pessoas simples -

Com gestos inquietos e sorriso fácil, Kobra admite preocupação com o cenário imposto pelo coronavírus, embora prefira falar em ajudar quem está em condições difíceis.

"Nenhum país é imune ao que está acontecendo (...) A gente vê os políticos brigando, mas a gente vê uma pequena movimentação em prol dessas comunidades mais carentes que podem ser afetadas de uma forma mais complicada", diz, quando consultado sobre a situação atual do Brasil, marcada pelas críticas do presidente Jair Bolsonaro a autoridades e líderes políticos favoráveis às medidas de quarentena.

Vestido de preto, com seu chapéu característico, o artista esguio contrasta com seu colorido mural ao fundo.

"As pessoas mais simples são as que mantêm o Brasil. É hora de o Brasil olhar para essa população mais carente e não medir esforços para ajudá-los", diz.

Com milhares de obras em cinco continentes, inclusive o maior mural no mundo, em São Paulo, este artista autodidata, que não terminou a escola, exala simplicidade e empatia.

Aos 44 anos, diz que sempre espera um Brasil melhor e afirma: "Eu continuo confiando, mas a gente vê que pode acontecer o que for e a gente está vivendo sempre os mesmos conflitos".

Na última segunda-feira (10), a cantora Madonna exibiu o resultado das obras do Hospital Mercy James Center, no Malauí - Africa, que conta com a intervenção artística do grafiteiro Eduardo Kobra.  Os grafites estão enfeitando as salas dos pacientes com mais cores e traços fortes e traz a imagem de Nelson Mandela.

No Instagram, a artista destacou, “muito animada para a abertura do novo hospital pediátrico Mercy James na terça! Palavras sábias de Nelson Mandela e arte maravilhosa de Kobra!”, disse. O espaço que foi financiado por sua organização de caridade receberá o nome de um de seus quatro filhos adotados no país.

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Localizado na zona portuária do Rio de Janeiro, um mural com 3 mil metros quadrados ganhou vida e cores pelas mãos do artista Eduardo Kobra. O mural faz parte do Boulevard Olímpico, que é uma das áreas de lazer gratuita, revitalizada especialmente para os jogos.

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A obra denominada Etnias, contém cinco retratos coloridos que representam os povos que formaram a miscigenação da cultura brasileira e também fazem referência aos arcos olímpicos.

O público que passeia pelo local, está sempre em busca do melhor ângulo para registrar o momento e eternizar a lembrança.

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