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Os cartazes de supermercado são um chamariz de anúncio de promoções dos produtos. O valor, sempre em destaque, está geralmente disposto em evidência, de forma que chame atenção dos consumidores em potencial. Mas você já parou para se perguntar quem está por trás da produção desses cartazes? 

Os cartazistas são profissionais que, basicamente, constroem cartazes. Eles garantem a comunicação visual das campanhas, realizam ações promocionais, controlam a composição de anúncios internos e externos de comunicação visual, confeccionam manualmente cartazes, letreiros e faixas para estabelecimentos comerciais.

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Criação de cartaz. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Marcos Rodrigues, cartazista do Assaí de Camaragibe, relata um pouco de como conheceu a profissão que já completa 33 anos de carreira: “Foi em 1990 quando eu comecei. Eu tinha acabado de sair do quartel e desde criança eu desenhava. Hoje eu pinto quadros também, além disso, aqui eu faço telas, sob encomenda. Mas assim, é uma profissão que eu optei para exercer porque eu gosto. A primeira vez que vi eu me apaixonei e gostei. Algo que eu acho diferente é a dinâmica da operação também”.

Após descobrir a profissão, através do Senac, Marcos se profissionalizou como cartazista e contou como foi benéfico na sua profissão ter os aprendizados como aprendem as cores, a ordenar as letras no cartaz para ficar coeso, mexer com material.

Mesmo habilidades artísticas com diferentes, o cartazista Luís Paulo (LP), morador da cidade de Resende, no interior do Rio de Janeiro, começou na profissão com influência do pai, que era letrista.  

Criação de cartaz. Foto: Cortesia/Arquivo Pessoal

“Em 2017, acabei indo trabalhar em um supermercado. Lá, conheci a profissão de cartazista. Infelizmente, ele (pai) faleceu quando eu tinha apenas 6 anos, e não consegui aprender nada com ele. No entanto, ficou essa vontade de fazer algo parecido, por admiração a ele e também porque sempre gostei de desenhar. Então, comecei a dizer às pessoas que eu desenhava e fazia grafite. Isso chegou aos gerentes, que me chamaram para cobrir as férias da cartazista. Depois de cobrir sua ausência algumas vezes, acabei sendo promovido a cartazista”, relata.

Em relação à arte e experiências passadas, o profissional fala sobre como sua prática anterior ajudou no dia a dia e na confecção dos cartazes “Por conta das tags (assinaturas dos grafiteiros) feitas com canetões e marcadores, não tive tanta dificuldade na hora de fazer os cartazes de ofertas. As técnicas são bem parecidas. Comecei a trabalhar como cartazista aos 32 anos, trazendo muita bagagem do grafite”, explica LP, como é conhecido.

Segundo Luís Paulo, a profissão é, muitas vezes, invisibilizada. “Acho que hoje o grande desafio é fazer as empresas enxergarem o valor do trabalho feito à mão. Estamos vivendo uma revolução digital, com máquinas e IA substituindo diversas profissões, incluindo a de cartazista. Isso é triste e revoltante. Por isso, é essencial ter mais pessoas como Filipe Grimaldi, que além de ser um ótimo artista, apoia e divulga a profissão dos artistas visuais por meio das redes sociais e seus projetos. Além de dar um gás para os artistas, isso também leva o trabalho deles para pessoas que não tem noção de como são feitos diversos tipos de trabalhos”, diz.

Já Marcos revela que o dia a dia é corrido, mas já se habitou, recebendo as demandas na segunda-feira e consegue se organizar para o resto da semana. Além de fazer os cartazes relacionados a preço, também faz desenhos para sinalizar promoções e até mesmo decorações de aniversários.

Sobre a visão de fora, Marcos comenta que as pessoas ficam admiradas da forma que ele trabalha “É feito na hora, aqui, no improviso, assim, no momento. Então, assim, muitas pessoas se admiram. Eles veem como uma arte”.

No cenário atual, os cartazistas observam uma revitalização do mercado com a influência das redes sociais e a abertura de novas unidades de supermercados, proporcionando mais oportunidades de emprego, contratos e trabalhos freelancers.

Cursos profissionalizantes 

Sobre como se profissionalizar, LP dá algumas dicas: “Existem vários cursos à venda, mas no YouTube você consegue encontrar boas aulas gratuitas que explicam com ótima didática. Lembre-se de que apenas assistir às aulas não adianta, pois é uma profissão que exige atenção, prática e estudo. É preciso dedicar-se, gostar, estudar desenho, psicologia das cores, design de varejo, estratégia de vendas, entre outras coisas, caso queira se destacar na profissão”.

Além das redes sociais existem cursos como o do Portal Educa que oferece profissionalização com a carga horária de 280h de forma EAD e totalmente online. No curso de Letrista e cartazista é abordado conceitos sobre os materiais utilizados, bem como, sobre a evolução dos cartazistas face à história, como fazer um cartaz, cartazes que chamam a atenção, cartazes cubanos, a letra no cartaz, manual de letras: família, geometria e proporções das letras.

O grafiteiro Kobra criticou a decisão da apagar uma de suas obras do projeto "Muro de Memórias", pintada há mais de 10 anos na Avenida Morumbi, na Zona Oeste de São Paulo. A pintura havia sido restaurada no ano passado e integrava a série responsável por levar seu trabalho para mais de 40 países.

O projeto retratava cenas da capital paulista na primeira metade do século 20. O grafite apagado mostrava o movimento de pessoas na Rua Direita em 1905. Ele foi coberto por tinta branca no mês passado, mas o artista só soube nessa semana.

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"As pessoas descobriam, a cada dia, um detalhe diferente nesta obra. As próximas gerações têm direito de ver estes trabalhos", se posicionou o Kobra. Ele também refletiu sobre o processo de descarte da arte de rua. "É um muro particular, o dono tem direito de fazer o que quiser, mas é questionável o motivo. Tenho um filho de sete anos e gostaria que ele tivesse visto este trabalho", acrescentou.

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Os proprietários disseram à Folha de S. Paulo que nunca deram autorização para a pintura e que o muro deve ser derrubado para a construção de um estabelecimento comercial no local. Uma placa de venda anuncia o terreno de 2.000 m².

Eduardo Kobra é internacionalmente conhecido por seus murais coloridos, mas o confinamento mundial provocado pelo novo coronavírus o tirou das ruas e o levou a repensar seu processo criativo. Desta reflexão, surgiu um mural que prega a fé e a solidariedade em São Paulo, sua cidade natal.

"É o momento de repensar, de nos reconciliarmos, de nos unirmos e nos darmos força todos juntos", diz este muralista, conhecido simplesmente como Kobra. Originário de uma comunidade humilde de São Paulo, o muralista conta que o avanço do coronavírus, que já matou mais de 5.000 pessoas no Brasil, o deixou vários dias "paralisado".

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Atendendo diversos projetos, ele visitou quarenta países no ano passado. "Nunca estive tão quieto quanto agora", comenta, antes de começar a entrevista com a AFP em Itu, pequena cidade do interior paulista, onde faz sua quarentena.

"Meu trabalho acontece nas ruas, sou um pintor que depende das ruas, eu pinto murais. Para mim, significa uma mudança, uma reflexão muito grande sobre como transformar o meu trabalho (...) Estou repensando a minha forma de criar", afirma.

Em seu processo de reflexão, o artista desenhou "Coexistência", um mural que mostra cinco crianças em oração, que representam cinco continentes e cinco religiões: cristianismo, budismo, judaísmo, islã e hinduísmo.

Kobra, que se define como cristão, gostaria de levar "Coexistência" para alguma cidade, mas enquanto o confinamento continuar, o tornou tema de uma série de serigrafias numeradas que serão sorteadas entre quem doar alimentos e outros produtos para ajudar a população indigente de São Paulo, estimada em mais de 25.000 pessoas.

"Não resolve doar apenas alimentos para os indigentes, é necessário pessoas para cozinhar também", explica Kobra, que se somou às ONGs IKMR (Conheço os meus direitos, em inglês) e a Companhia de Artes Nissi para dar vida ao projeto.

As pessoas que doarem um kit de 22,5 reais ou mais vão participar do sorteio de uma serigrafia que será realizado em 1º de maio. Quem contribuir com mil kits (R$ 22.000) ganhará no ato uma peça da série numerada. A ação, que termina em 30 de abril, já reuniu mais de 11.000 kits. O dinheiro arrecadado para ajudar a população de rua será administrado por estas organizações.

"Se para nós, que temos nossas casas, estamos acuados, com medo e tudo mais, imagina quem está na rua", comenta. "Não adianta ficarmos reclusos nas nossas casas e não olharmos para o próximo", acrescenta.

- Pessoas simples -

Com gestos inquietos e sorriso fácil, Kobra admite preocupação com o cenário imposto pelo coronavírus, embora prefira falar em ajudar quem está em condições difíceis.

"Nenhum país é imune ao que está acontecendo (...) A gente vê os políticos brigando, mas a gente vê uma pequena movimentação em prol dessas comunidades mais carentes que podem ser afetadas de uma forma mais complicada", diz, quando consultado sobre a situação atual do Brasil, marcada pelas críticas do presidente Jair Bolsonaro a autoridades e líderes políticos favoráveis às medidas de quarentena.

Vestido de preto, com seu chapéu característico, o artista esguio contrasta com seu colorido mural ao fundo.

"As pessoas mais simples são as que mantêm o Brasil. É hora de o Brasil olhar para essa população mais carente e não medir esforços para ajudá-los", diz.

Com milhares de obras em cinco continentes, inclusive o maior mural no mundo, em São Paulo, este artista autodidata, que não terminou a escola, exala simplicidade e empatia.

Aos 44 anos, diz que sempre espera um Brasil melhor e afirma: "Eu continuo confiando, mas a gente vê que pode acontecer o que for e a gente está vivendo sempre os mesmos conflitos".

Era uma vez um pichador pobre da periferia de São Paulo, mau aluno, que colecionava advertências e só queria saber de rabiscar seu apelido "Cobra" - gíria que fazia alusão aos elogios que recebia dos colegas por saber desenhar - em muros do Jardim Martinica, na zona sul da cidade, e paredes e carteiras da Escola Estadual Mauricio Simão. Trinta anos depois, ele está no auge. Carlos Eduardo Fernandes Léo, de 41 anos, tem centenas de obras espalhadas pelo Brasil e por outros 15 países, faz telas que não custam menos de R$ 100 mil e acaba de superar o recorde mundial que já é seu desde o ano passado: o de maior mural do mundo.

Faz exatos dez anos que Eduardo Kobra, assim com K, começou a ganhar mídia com suas cores. O ex-pichador dos anos 1980 ganhou a vida ao longo da década seguinte pintando brinquedos e placas do extinto parque Playcenter. Já no século 21, mais e mais grafitava nas ruas de São Paulo. Seu estilo próprio, entretanto, brotaria em 2007, com a série Muro das Memórias, em que ele pintava murais em São Paulo, em preto e branco ou tons sépia, inspirado em fotografias antigas da cidade.

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"A visibilidade desse trabalho foi um marco em minha carreira", reconhece. Segundo Kobra, seu amadurecimento veio do contato com obras de artistas como o americano Eric Grohe e o mexicano Diego Rivera (1886-1957).

Na esteira do Muro das Memórias vieram outros projetos. O Greenpincel traz mensagens ambientais, ecológicas. Kobra protestou contra os rodeios, contra a pesca de baleias. Demonstrou preocupação pelos rios paulistanos, sujos e fétidos. Manifestou-se contra o desmatamento. As pinturas 3D são outro filão: ele passou três anos estudando e fazendo testes até conseguir reproduzir as proporções ideais para o efeito desejado. Também lançou a série Realidade Ampliada, em que expôs mazelas sociais.

Mas o seu hit, o principal sucesso, seria o que ele chama de "consequência direta" do Muro das Memórias: as imagens hiper-realistas, muitas vezes com base em fotografias de personalidades, cobertas com cores fortes e contrastantes - herança, Kobra explica, de seu passado no hip-hop. Com este estilo forte, marcante e característico, Kobra homenageou figuras como Chico Buarque, Ariano Suassuna, Oscar Niemeyer, Bob Dylan, John Lennon, Albert Einstein e Tom Zé. E fez releituras de fotos clássicas do imaginário contemporâneo.

Um desafio

A fama foi consequência natural. Desde 2011, Kobra passa boa parte do ano pintando obras no exterior. Atualmente, são 48 murais em 15 países. No dia 15 de abril, terminou o mural de 5.742 metros quadrados às margens da Rodovia Castelo Branco - mais do que o dobro do recorde mundial, reconhecido pelo Guinness em 2016, sua obra Etnias, pintada no Rio.

"Foi desafiador pensar em uma obra para este espaço", admite. "Primeiro, porque precisava ser um desenho único, de modo que as pessoas pudessem observar da pista, na alta velocidade de uma rodovia. E também tinha o fato de que o trabalho foi todo em um meio quase rural, tem mato e tem terra no chão, enquanto o resto dos meus murais está sempre em áreas urbanas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma verdadeira celebração à cultura de rua e à juventude. Durante três dias, o 5º Encontro do Esporte do Mangue reuniu no Parque Dona Lindu diversas manifestações, do hip hop ao breaking e do skate ao grafitti. Capoeiristas, skatistas, b-boys e b-girls puderam mostrar um pouco de sua arte ao som de muita black music no evento, que encerrou suas apresentações  neste sábado (3).

O último dia contou com a participação de oito bandas, incluindo o precursor da cultura hip hop no Brasil, o pernambucano radicado em São Paulo Nelson Triunfo com sua banda, a Funk Cia, além de uma das maiores revelações brasileiras do gênero nos últimos anos, o paulista Emicida. Uma roda de diálogos abriu as atividades da tarde, com participação do Secretário da Juventude, Eduardo Granja, junto a Nelson Triunfo e ao rapper convidado. Nela, os participantes puderam trocar um pouco mais de suas experiências junto ao público, que também participou com perguntas.

“Abrimos um canal grande de diálogo, criando um ambiente agregador para o jovem também participar, fazendo suas propostas e ideias valerem dentro do planejamento da cidade”, comentou o secretário. Segundo ele, a proposta das bandas participantes desta edição é de que saia o terceiro cd do projeto. “O primeiro disco demandado foi um duplo, com 48 bandas. O segundo já foi um triplo, com 72. É uma boa oportunidade para divulgar bandas que não tem tanto espaço na mídia”, explicou.

Seis bandas participaram do evento, antes das principais atrações - Nelson Triunfo e Emicida. Gamb Garage, Chão Céu, Raciocínio Suburbano, Yabbas, Procurados e Banda Víruz. Natural de Triunfo, interior pernambucano, Nelson foi um dos precursores do hip hop nacional, responsável por trazer a breakdancing para o Brasil. Uma vez por ano no Recife, Nelson reconhece o valor de se reunir diversas tribos, e aposta numa tendência à diminuição da violência entre os jovens do País. "Essa é uma experiência que se repete em vários lugares que eu ando nesse Brasil. O Esporte do Mangue tem uma concepção mais ampla, que envolve não só o hip hop, mas diversos outros estilos. E isso é muito importante, tem um público grande de jovens que curte, que sente prazer nesse tipo de atividade", comentou.

Oriundo das batalhas de MC's de São Paulo, Emicida é um dos expoentes do hip hop nacional. Em sua segunda estadia na cidade em menos de dois meses, o rapper revela que tem uma história com Olinda e Recife. "A primeira vez que saí do meu Estado foi para vir ao Recife. Sou desenhista e grafiteiro e trabalhei num atelier de artesanato. Na ocasião, participei de um concurso de história em quadrinhos promovido pelo governo de São Paulo, assim sem nenhuma pretensão, mas acabei ganhando porque fiz uma história sobre a origem do rap. O prêmio foi vir ao Recife passar cinco dias num hotel de luxo. Passei os cinco dias de patrão", relembra o rapper, que fechou a noite com uma apresentação gratuita no pavilhão externo do parque.

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