Moradores do entorno do Complexo do Curado, ameaçados de perderem suas casas devido a um decreto do Governo do Estado, realizaram uma coletiva na manhã desta quinta-feira (19). Além de reforçarem o pedido de que o decreto seja anulado, os moradores apresentaram também um projeto alternativo que tiraria a necessidade da remoção dos imóveis. Conheça o projeto.
A proposta da comunidade é se pensar na área interna do complexo e deixar o lado externo incólume. “Existe um perímetro interno do presídio que possui espaço significativo e percorre todo o muro, desde a área de administração, na frente, até o fundo”, explica o morador Jocelino Gomes. No projeto alternativo consta a construção de muro e guaritas internos, aumentando a segurança do local e criando uma área de circulação de viaturas entre um muro e outro.
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Além disso, eles sugerem que a segurança da área externa seja realizada com a instalação de mais câmeras de segurança e rondas de viaturas. “Os policiais e agentes teriam um perímetro só deles. De certa forma, seria uma garantia para quem trabalha lá. É uma alternativa, não estamos dizendo que deva ser esse ou que é a única alternativa”, completa Gomes.
No estudo levantado pela comunidade, o perímetro já é uma área pré-pronta, gerando um menor custo. O muro estaria pronto em quatro meses. Já a área de circulação gerada seria ideal para utilização de motos, oferecendo maior custo e mais agilidade, segundo o grupo.
Na segunda-feira (16), o Governo do Estado suspendeu intervenções físicas, técnicas ou jurídicas no entorno do Complexo do Curado. O decreto, inicialmente, previa que todo o processo de remoção de famílias deveria estar concluído até 29 de julho. De acordo com a advogada das famílias, Shirley Rodrigues, a comissão dos moradores já conseguiu estender o prazo para mais três semanas. “Os moradores não querem indenização. Eles sabem do que aconteceu em outros processos de desapropriação, em Camaragibe e São Lourenço da Mata, para a Copa do Mundo. Muita gente também já é idosa e não tem interesse em mudar de casa”, destaca a advogada.
“Já nasci ali, cresci ali. Nós não queremos indenização. Não temos medo de viver ali, tanto é que nunca fizemos protesto pedindo isso”, explica a moradora Daniele Rodrigues, que vive nos arredores desde que nasceu. A comissão dos moradores conta com quase 100 apoiadores, entre entidades, órgãos, coletivos, movimentos e parlamentares.
Audiência pública – Na tarde desta quinta-feira, a Câmara Municipal do Recife realiza sua primeira audiência pública sobre o caso, a partir das 14h. Para o encontro, foram convidados representantes da OAB, Ministério Público de Pernambuco e Prefeitura do Recife. O Governo do Estado também deve enviar um representante.
O decreto indica uma desapropriação de uma área de cerca de 20 mil metros quadrados entre as ruas Santana de Ipanema, Maria de Lurdes da Silva e parte da Orfeu do Carnaval. Até o momento, o levantamento do Estado contabilizava 52 imóveis atingidos.
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