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Três, seis ou onze anos. Seja qual for a faixa etária, os pequenos empreendedores estão se tornando cada vez mais comuns na sociedade. Apesar de ainda estarem na escola, algumas crianças já sabem empreender como gente grande e mostram o quanto são capazes de conquistar seu espaço e fazer o seu próprio negócio.
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Para homenagear os pequenos pelo seu dia, comemorado nesta quinta-feira (12), o LeiaJá foi procurar algumas histórias de “Crianças Empreendedoras”, que além de venderem os produtos que elas mesmas produzem, aprenderam desde cedo a se relacionar com a educação financeira e possuem certa autonomia para conseguir passar o troco aos clientes.
“Eu comecei a vender na escola. Desde pequena gostava de fazer coisas e surgiu a ideia de vender bijuterias durante os intervalos das aulas. Com as primeiras vendas eu consegui arrecadar R$ 120, só de lucro”, comenta a estudante Clara Maia de 11 anos, que começou a vender suas criações aos três anos de idade.
Segundo sua mãe Conceição Simões, tudo teve início quando ela incentivou a pequena a vender produtos artesanais como cartões decorativos. Juntando tintas coloridas, muito papel, recortes de fita decorativa e colagens, a pequena Clara pôde contar com a ajuda da mãe para colocar preço nos seus produtos, vender aos clientes (amigos e familiares) e ainda teve apoio de Conceição quando as vendas foram feitas.
“Orientei-a sobre como lidar com dinheiro em uma idade precoce, aos 3 anos, e incuti uma base financeira que as escolas muitas vezes não conseguem ensinar. Eduquei ela sobre como investir e como o dinheiro poderá ser usado para criar mais dinheiro no futuro. Ajudei-a a poupar toda moedinha que ganhava no cofrinho”, relembra a mãe.
De acordo com Conceição, a pequena sempre teve muita curiosidade para as coisas em sua volta e talvez também por isso, e pelo incentivo dos pais, ela goste tanto desse lado empreendedor. ”Ela é muito criativa e gosta do que faz. Quando menos espero, chega com uma novidade, a ideia já pronta só precisando de uns ajustes ou liberação”, revela. Para explicar melhor como foi todo o processo das vendas, Clara Maia aproveitou nossa entrevista para contar um pouco mais dessa história. Confira:
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Incentivo das escolas
Por conta da aplicação cada vez mais forte do empreendedorismo na sociedade, algumas escolas, por exemplo, já estão introduzindo e trabalhando com metodologias que auxiliem na construção e no estímulo ao empreendimento desde a infância.
Um exemplo que conhecemos foi um projeto educativo do Colégio de Boa Viagem (CBV), na Zona Sul do Recife. Com muita praticidade e organização, as turmas dos ensinos fundamental e médio da escola trabalham todos os anos em cima de um tema que envolva a organização social do todo e que, de certa forma, tenha relação com o empreendedorismo. Os alunos no primeiro ano do ensino fundamental estão trabalhando desde abril no estudo das abelhas. As crianças estudaram toda a vida do animal, como elas trabalham e no final usaram a matéria prima que a abelha produz, o mel, para fazer alguns produtos e vendê-los na escola.
Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens
“Nossa intenção era estimular neles, que possuem apenas seis anos, o consumo do mel. Às vezes a gente não se dá conta do que chega a nossa prateleira e queríamos mostrar para eles como é produzido tudo aquilo que a gente consume. A ideia também era os fazer pensar no que poderíamos produzir a partir daquela matéria prima, e foi assim que começamos a trabalhar nisso”, detalha Juliana de Melo, que é coordenadora da Educação Infantil do CBV.
Juliana explica que no colégio há toda uma orientação de aplicar na sala de aula assuntos que tratem da educação financeira, mesmo que de forma lúdica, para que meninos e meninas tenham uma visão de mundo maior e mais consciente de toda uma logística que tem por trás dos valores inclusos.
“Trabalhamos isso no dia a dia, em disciplinas como matemática. Aqui, nossas crianças tem a oportunidade de ter autonomia com os valores. Elas se colocam como protagonistas neste cenário e aprendendo que o dinheiro tem valor. Além disso, eles têm mais a percepção do troco. Ao olhar para uma cédula, olhar para aquele valor. Eles aprendem também sobre o dinheiro”, termina a coordenadora.
Aprendendo brincando
Apesar de tão pequenos, esses empreendedores podem desenvolver algumas características típicas de um profissional adulto, é o que explica a analista Claudia Azevedo, que é gestora do Projeto Educação Empreendedora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae): “Essa aproximação dos estudos com a prática acaba despertando o desejo no aluno em se desenvolver e isso acaba ajudando para que aquela criança gere determinadas características empreendedoras, até mesmo iguais a de um adulto”.
Para a analista, a educação financeira auxilia no desenvolvimento de habilidades nas áreas de consumo e venda. Ela ainda diz que o processo de empreendedorismo, quando aplicado logo na infância, pode influenciar no interesse dessas crianças em qual profissão seguir quando crescer. “Se isso é trabalhado logo cedo, logo cedo vai gerando e provocando uma reflexão para uma visão sobre a área quando ela crescer”, ressalta.
A mãe de Clara também defende o incentivo da estimulação para a área do empreendedorismo. “Acho superpositivo a criança ter visão empreendedora e, com incentivo e bom estímulo a chance de ela tornar-se um adulto bem sucedido, comprometido e responsável com seu próprio negócio e/ou numa empresa é bem maior”, defende Conceição.
São através destas pequenas iniciativas que as escolas e pais estimulam que as crianças podem ter seu primeiro contato com o mundo do trabalho. Um bom exemplo que Claudia cita é a primeira relação de dinheiro que os pequenos têm é com a mesada. “O legal de ensinar já de pequeno toda essa questão do empreendedorismo é que pode despertar o desejo e desenvolver a criatividade dessas crianças”, aconselha.
“O empreendedorismo não é só para empresários. A gente precisa entender que todo mundo pode empreender, não é nada só para quem cursa o segue a carreira de administração”, complementa a gestora.
Empreendedorismo tem a idade certa
“Nossa maior preocupação hoje é como esse fazer empreendedorismo tem sido aplicado. Nos preocupamos com o trabalho infantil. Acredito que precisamos desenvolver atividades relacionadas à educação empreendedora e financeira, mas sem deixar que isso ultrapasse os limites do aprendizado e dos estudos e se torne algo levado muito a sério”, esclarece Claudia.
Segundo a analista, existe uma idade para começar a empreender de verdade. “Enquanto estamos na escola, tudo aquilo é como uma brincadeira, que deve ser levada a sério, porém tem o objetivo de contribuir para o aprendizado dessa criança”, finaliza.
Vídeo - Frutos de mais informação e estímulo ao empreendimento, crianças costumam ser criativas, não têm medo de explorar algo novo e estão sempre dispostas a transformar tudo em brincadeira. Para uma turminha do CBV, essa brincadeira tem trazido bastante aprendizado. Confira: