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O delegado Maurício Moscardi Grillo, que fez parte da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba nos primórdios da investigação, pediu para deixar a Polícia Federal. A exoneração foi publicada nesta semana no Diário Oficial.

Ele integrou a equipe que iniciou as investigações do escândalo de corrupção que logo atingiria a Petrobras e abalaria o mundo político. O caso estourou a partir da retomada, em 2013, de um inquérito que estava parado havia quatro anos.

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Foi o delegado quem conduziu a Operação Carne Fraca, desdobramento da Lava Jato que arrastou gigantes do setor de carnes e processados, como JBS e BRF, para o centro de um esquema para burlar parâmetros sanitários.

Grillo deixa a PF, após mais de 20 anos, para fazer carreira na iniciativa privada. Ele foi contratado por um escritório de advocacia em Curitiba para prestar consultoria nas áreas de compliance e criminal, conforme antecipou o SBT News.

Ao Estadão, afirma que passou por momentos "glorificantes" e "difíceis" ao longo dos últimos anos no serviço público. Também conta que a decisão não foi fácil, mas que acredita que sua experiência pode ajudar a promover "adequações necessárias" na iniciativa privada.

"Saio com a certeza de ter feito o máximo para elevar o nome da nossa PF. A iniciativa privada precisa e vem investindo em profissionais capacitados que possam garantir a conformidade com as leis em benefício de fortes grupos empresariais", afirma. "Continuarei na busca pelo cumprimento da lei."

O delegado já foi chefe do Grupo Especial de Investigações Sensíveis e Especiais e do Setor de Inteligência da PF no Paraná. Também tem experiência no combate a facções criminosas, ao tráfico de drogas e a crimes contra o sistema financeiro.

Seu último posto foi na Divisão de Apoio Jurídico e Acompanhamento Judicial em Curitiba, onde tinha menos poder de fogo.

Com o avanço da Java Jato, chegou a ser punido administrativamente pelos grampos encontrados na cela especial onde o doleiro Alberto Youssef, pivô da investigação, ficou detido na superintendência da PF em Curitiba. A punição, no entanto, foi anulada pelo Ministério da Justiça.

A carne de frango brasileira que é rejeitada no Reino Unido por contaminação pela bactéria salmonela volta ao Brasil e é revendida no mercado nacional. A prática foi descoberta por meio de uma investigação conduzida pela Repórter Brasil em parceria com o jornal britânico The Guardian e o Bureau of Investigative Journalism, que comprovou que, entre abril de 2017 e novembro de 2018, mais de 1 milhão de aves congeladas (ou 1.400 toneladas) foram vetadas nos portos do Reino Unido por não atenderem aos padrões sanitários europeus – mais rigorosos do que os verificados por aqui. 

Mesmo após Operação Carne Fraca, que apontou problemas no controle de qualidade da carne brasileira em 2017, portos europeus continuam rejeitando entrada de contêineres brasileiros com produtos contaminados. Carne volta ao Brasil, é processada e chega às prateleiras dos supermercados.

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O retorno ao Brasil dos contêineres com produtos contaminados foi comprovado por documentos internos obtidos junto à agência britânica de padrões alimentares (Food Standards Agency). Além de confirmarem a volta desse frango contaminado ao Brasil, o Ministério da Agricultura e a a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) esclareceram o que acontece com essa carne quando volta ao país.

No mercado brasileiro, o produto vetado pode seguir dois caminhos, a depender do tipo de salmonela presente. Se forem bactérias com risco potencial à saúde humana – o que acontece em menos de 1% dos casos, segundo o ministério –, o frango contaminado é cozido, e a carne é processada em subprodutos, como nuggets, salsichas, linguiças e mortadelas de frango. Já se a contaminação for por bactérias que, de acordo com os padrões brasileiros, não apresentam riscos à saúde, o produto “in natura” é colocado no mercado interno e chega aos açougues e supermercados. 

O cozimento ou a fritura da carne contaminada elimina o risco à saúde, já que mata os micro-organismos, de acordo com a diretora do Departamento de Inspeção dos Produtos de Origem Animal (DIPOA), do Ministério da Agricultura, Ana Lucia Viana. Existem cerca de 2.600 tipos de salmonela, mas não são todos que causam infecções alimentares em humanos – há dois tipos, porém, que podem levar à morte. 

‘Desrespeito aos brasileiros’

A ABPA, que representa os grandes fabricantes de proteína animal do Brasil, afirma que “as cargas que não atendem aos critérios estabelecidos pela União Europeia são devolvidas e submetidas a tratamento que garante a segurança da carne para processamento”. 

Associações de consumidores, no entanto, criticam o retorno dos lotes contaminados ao Brasil. “Esse tipo de prática é um grande desrespeito aos consumidores brasileiros, que são expostos no mercado a produtos de pior qualidade por conta do menor nível de exigência sanitária no país. Isso pode trazer consequências negativas à saúde da população”, afirma a nutricionista Ana Paula Bortoletto, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

No Brasil, testes realizados pelo Ministério da Agricultura mostram que cerca de 18% da carne de frango apresentam algum tipo de contaminação por salmonela – o que está dentro dos limites legais, já que a regulamentação brasileira tolera até 20% de contaminação. Na Europa, o percentual de aves contaminadas é de apenas 3,3% , segundo o órgão europeu responsável por segurança alimentar, o EFSA (European Food Safety Authority).

“A Europa está um passo à nossa frente nesse controle. Então quem quiser acessar esse mercado, tem que atender às regras dele”, diz a diretora do Departamento de Inspeção dos Produtos de Origem Animal (DIPOA) do Ministério da Agricultura, Ana Lucia Viana.

Em 2017, o controle sanitário da carne no Brasil foi colocado em xeque por revelações feitas pela Operação Carne Fraca, que em 2017 apontou falhas na fiscalização federal de frigoríficos. A ação identificou um esquema de pagamento de propinas a servidores do Ministério da Agricultura para autorizar a venda de produtos fora do padrão de qualidade. No ano seguinte, a terceira fase da operação mostrou que testes em laboratório eram fraudados para omitir justamente a presença de salmonela nos produtos destinados à Europa. 

Como resposta, os europeus embargaram a compra de 20 frigoríficos de frango, afetando principalmente plantas da BRF. Porém, mesmo após o escândalo, a investigação conjunta revela que a fiscalização nos portos britânicos continua flagrando carne de frango produzida no Brasil contaminada por salmonela. Os documentos recebidos pela reportagem mostram que o frango brasileiro contaminado também foi exportado para outros países da Europa, como Holanda, França, Alemanha, Espanha, Itália e Bélgica.

Até 2017, não existiam normas brasileiras regulamentando o que fazer com a carne rejeitada na Europa e despachada de volta ao Brasil – a decisão do que fazer com esses contêineres cabia então às empresas donas das cargas. Após o escândalo provocado pela Carne Fraca, o Ministério da Agricultura editou uma norma dando aos fiscais agropecuários a palavra final sobre o processamento da carne quando ela é vetada no exterior e volta ao Brasil. 

Antes da Carne Fraca, em 2016, o governo estabeleceu normas para controlar a salmonela nas granjas – ampliando assim a fiscalização, que antes estava concentrada somente nos frigoríficos. Apesar dessas novas regras, os índices de contaminação no Brasil continuam nos mesmos patamares, já que o percentual de contaminação de 18% continuou estável entre 2014 e 2017 – último ano com resultados disponíveis.

Recalls de carne contaminada também continuam ocorrendo no mercado interno, como aconteceu em fevereiro deste ano, quando a BRF recolheu 460 toneladas de carne de frango de uma de suas marcas, a Perdigão, por risco de estarem contaminadas por salmonela, produzida por uma unidade sua no Mato Grosso do Sul.

Um dos problemas no controle de qualidade feito no Brasil é o baixo número de fiscais, de acordo com Rudmar Pereira dos Santos, presidente da Associação de Fiscais Agropecuários do Paraná (Afisa).”Não há servidores suficientes para a fiscalização e, por isso, não há garantias de que as recomendações sanitárias sejam adotadas”, afirma. Segundo ele, as granjas paranaenses continuam “cheias de salmonela”. O Paraná foi o Estado mais afetado pelo embargo europeu aos frigoríficos brasileiros. 

Os documentos obtidos pela reportagem mostram que uma parte do frango brasileiro vetado nos portos britânicos foi exportada pelas duas maiores empresas brasileiras do setor: a JBS, dona da Friboi e da Seara, e a BRF, proprietária das marcas Sadia e Perdigão. 

As empresas negam falhas nos procedimentos sanitários e em seus padrões de qualidade. Em relação aos produtos enviados para a Europa, a JBS informou, em nota, que segue todos os procedimentos determinados pela legislação e pelos órgãos reguladores. “Não há registro de ocorrências reportadas por consumidores em seus diferentes mercados, nacional ou internacional, o que reitera a conformidade dos processos adotados pela empresa e a segurança dos seus produtos.”, afirma a maior produtora de proteína animal do mundo. 

Já a BRF afirmou, por meio de um comunicado, que “cumpre as normas e exigências de qualidade estabelecidas na legislação brasileira e as determinações do MAPA, e baseia sua atuação nos compromissos de segurança, qualidade e integridade”.

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Guerra comercial?

As exportações de carne de frango para a União Europeia caíram 18% entre 2016 e 2018, justamente por conta das revelações feitas pela Operação Carne Fraca. A comercialização de carne de frango movimenta anualmente R$ 50 bilhões no Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA),  e emprega 3,5 milhões de trabalhadores direta e indiretamente.

O embargo europeu foi interpretado pelas empresas e autoridades brasileiras como uma “guerra comercial” contra o frango nacional. O caso, no entanto, revela profundas diferenças sanitárias nas políticas de controle da salmonela na Europa e no Brasil. 

A União Europeia deu início há 15 anos a um programa de controle de salmonela em aves de criação e nas destinadas para o abate. Com um rigoroso padrão de monitoramento da granja aos supermercados, as taxas de infecção no continente caíram de 23%, em 2006, para os  atuais 3,3%. O número de pessoas infectadas pela salmonela caiu de quase 200 mil para 91 mil no mesmo período na Europa. No ano passado, 156 pessoas morreram no continente após serem infectadas por salmonela.

Já no Brasil, é impossível de saber precisamente quantas pessoas morreram ou foram infectadas. Isso porque a notificação de casos de salmonela por parte das unidades de saúde pública não é obrigatória.    

Por esse motivo, o número do Ministério da Saúde sobre internações em decorrência de intoxicação por salmonela – 2.569 casos em 2018, o equivalente a sete por dia – pode ser muito maior. “A salmonela é sempre uma preocupação. Se é maior ou menor agora, não sabemos, porque não temos dados confiáveis”, diz a especialista em segurança alimentar Bernadette de Melo Franco, da Universidade de São Paulo (USP).

Por Diego Junqueira e André Campos, da Repórter Brasil, e Andrew Wasley e Alexandra Heal, do Bureau of Investigative Journalism

O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu 19 inquéritos para investigar políticos que foram citados em delações premiadas de investigados na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal (PF), deflagrada em 2017. A ministra Cármen Lúcia será a relatora das investigações. 

Os detalhes das investigações não foram divulgados porque estão em segredo de Justiça. Há dois anos, a Operação Carne Fraca revelou o envolvimento de ex-fiscais do Ministério da Agricultura em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos por meio do recebimento de vantagens indevidas.

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Em 2017, as investigações levaram a União Europeia a proibir a importação de carne de frango de pelo menos 20 frigoríficos brasileiros. Empresas investigadas foram acusadas de fraudar resultados de análises laboratoriais relacionados à contaminação pela bactéria salmonella pullorum. 

Uma auditoria da União Europa descobriu mais de cem casos de contaminação da carne brasileira e Bruxelas ameaça impor novas restrições aos produtos. O resultado da auditoria foi apresentado na segunda-feira (12) para os ministros de Agricultura da Europa que, numa reunião em Luxemburgo, deixaram claro que estão preocupados com a situação sanitária das exportações do Brasil. O levantamento, realizado em maio em fazendas e frigoríficos brasileiros, concluiu que o controle é "insatisfatório" e que, mesmo depois da Operação Carne Fraca, o governo não implementou o prometido.

Na segunda-feira, o Estado revelou com exclusividade que a Comissão Europeia enviou uma carta ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, deixando claro sua preocupação após a auditoria. A missão foi enviada depois da eclosão da Operação Carne Fraca, em março, revelando corrupção envolvendo fiscais. "Como o resultado da auditoria não foi considerado satisfatório, a comissão indicou que novas ações eram necessárias por parte das autoridades brasileiras", indicou a UE.

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Na carta a Blairo, obtida pelo Estado, os europeus insistem que o governo não tomou as medidas que havia prometido, ainda em março. Num tom direto e duro, os europeus alertam que a "credibilidade" dos controles no País foi colocada em dúvida e que, mesmo depois do escândalo, as ações não foram implementadas.

Diante da situação, a Europa quer agora que o Brasil interrompa toda a exportação de carne de cavalo para o mercado europeu. Bruxelas também exige que nenhuma nova empresa solicite entrar na lista de exportadores de frango ou carne bovina. Das empresas que ainda têm o direito de vender, a Europa vai exigir testes microbiais em 100% das exportações. Todos os contêineres terão de ser acompanhados por certificados de saúde antes mesmo de deixar o Brasil.

Durante a reunião, delegações expressaram preocupação com a fraude. Alguns, porém, pediram uma atitude ainda mais dura por parte da Comissão Europeia em relação às autoridades brasileiras. Em resposta, a comissão indicou que vai "monitorar de perto a situação". Num relato publicado sobre o encontro, Bruxelas também indicou que "se o Brasil fracassar em cumprir os pedidos da Europa, ações mais decisivas poderiam ser consideradas".

Durante a auditoria, feita no começo de maio, mais de cem casos de Salmonella e E. Coli foram registrados nas carnes brasileiras.

Procurado, o Ministério da Agricultura não se pronunciou. Blairo estava na China. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em negociação de delação premiada com os procuradores da Operação Carne Fraca, Daniel Gonçalves Filho, apontado pela Polícia Federal como chefe do esquema de corrupção na unidade do Ministério da Agricultura no Paraná, cita pagamentos, "normalmente em espécie", de empresas do setor alimentício para o ex-ministro da Justiça e deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR).

O peemedebista voltará à Câmara após recusar o convite de Michel Temer para assumir o Ministério da Transparência.

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Serraglio, segundo Gonçalves Filho, seria um de seus "padrinhos" no cargo. Ao lado de Maria do Rocio Nascimento, ex-chefe do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Gonçalves Filho é apontado pela PF como responsável por arrecadar propinas de frigoríficos e empresas alimentícias.

A proposta de delação do fiscal está na Procuradoria-Geral da República (PGR). Como vai reassumir sua cadeira na Câmara, Serraglio pode ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), caso o acordo seja homologado pela Corte.

Por meio de sua assessoria, Serraglio negou irregularidades. "Absolutamente impossível ele estar falando isso. Jamais, em momento algum, o deputado tratou com ele sobre qualquer tipo de recursos, menos ainda de qualquer tipo de ilicitude", informou a nota.

Valores

O candidato a delator afirmou no documento para os procuradores que empresas do setor de carnes e processados pagavam valores para Serraglio e outros políticos. Gonçalves Filho afirmou em um dos anexos que ele mesmo entregava o dinheiro para o peemedebista.

Em março, um grampo da Carne Fraca capturou uma conversa de Serraglio com o fiscal agropecuário. No diálogo, Serraglio se refere a Gonçalves Filho como "o grande chefe".

Segundo a decisão que deflagrou a operação, "em conversa com o deputado Osmar Serraglio, Daniel é informado sobre problemas que um frigorífico de Iporã estaria tendo com a fiscalização do ministério (o Frigorífico Larissa situa-se na mesma cidade)".

Novo acordo. Maria do Rocio também deu início a uma negociação de delação premiada. Ela assinou o termo de confidencialidade com o MPF nos últimos dias. O Estado apurou que nas primeiras conversas com os investigadores, a funcionária pública confirmou os supostos pagamentos.

Em conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal em 2016, com autorização judicial, a fiscal, que está presa preventivamente, cita o nome "Serraglio" como "o velhinho que está conosco".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Justiça do Trabalho condenou a unidade da empresa JBS de Itaiópolis, no norte de Santa Catarina, a pagar uma multa de R$ 12 milhões por dano moral coletivo em uma ação movida pelo Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina (MPT-SC). A empresa, que está envolvida em escândalos de corrupção como as operações Lava Jato e Carne Fraca, obrigava os funcionários a cumprir jornadas de trabalho excessivas sem pagamento de hora extra.

A ação foi ajuizada em junho de 2016 após a constatação de que a empresa não computava adequadamente o tempo dos trabalhadores à disposição do empreendimento para efeitos remuneratórios (tempo de troca de uniforme, tempo de espera e tempo de trajeto) e compensava horas de trabalho de forma irregular para evitar o pagamento de horas extras.

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No inquérito também se constatou que a Vara do Trabalho responsável pelo caso já vinha recebendo muitas ações judiciais a respeito do mesmo problema. Para definir o valor da indenização, o Juiz do Trabalho José Eduardo Alcântara se baseou na gravidade dos atos constatados e na insistência da empresa em não se adequar às normas legais.

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Uma resolução divulgada no Diário Oficial, na última terça-feira (11), informou sobre a interdição de um lote de linguiça calabresa defumada do frigorífico Frigosantos. A empresa é também um dos alvos da operação Carne Fraca. 

Após análises laboratoriais, o lote 30/04/2017, com data de validade 30/04/2017, foi interditado sob a justificativa de que o produto apresenta condições insatisfatórias. A interdição tem prazo de duração de 90 dias.

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A medida tinha determinação para ser cumprida a partir da data de publicação e deve ser aplicada em todo o Brasil. 

O juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal, em Curitiba, mandou soltar nesse domingo (26) os três últimos três presos temporários, alvos da Operação Carne Fraca, que apura corrupção envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e empresas do setor de carnes e processados, entre elas unidades dos grupos BRF e JBS.

Ao todo, 37 pessoas foram presas na Carne Fraca, deflagrada no dia 17. Do total, 11 com temporária, quando a detenção vale por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco. Na terça-feira (21), o magistrado mandou soltar 8 dos alvos que estavam nesta condição e prorrogou por mais cinco dias a ordem de reclusão contra Rafael Nojiri Gonçalves, Antonio Garcez Junior e Brandizio Dario Junior.

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No domingo (26), o delegado da Polícia Federal Maurício Moscardi Grillo enviou oficiou ao juiz comunicando o fim da necessidade de detenção dos alvos.

"As diligências preliminares que justificavam a medida de prisão temporária dos investigados estão cessadas. Desta forma, esta autoridade policial, neste instante da investigação, não se opõe pela liberação dos presos temporários", escreveu o delegado, em despacho.

Além de Rafael, a mulher do ex-superintendente, Alice Mitico Nojiri Gonçalves, e a filha Laís Nojiri Gonçalves também são investigadas. A Polícia Federal afirma, na Carne Fraca, que 'a esposa e filhos de Daniel sempre prestaram-lhe auxílio em suas atividades criminosas, das mais diversas formas'.

"(A família) tem conhecimento da sua atividade criminosa paralela à sua atuação da Superintendência, apoiando-a e dela participando ativamente, aproveitando a todos os frutos dos delitos que estariam sendo cometidos pelo patriarca", aponta a PF.

"Daniel é pessoa de grande poder e influência no âmbito da Superintendência, mantendo contato direto com parlamentares, seus assessores, e com diversos empresários do ramo agropecuário."

Segundo a Carne Fraca, como Superintendente Regional, Daniel Gonçalves 'se revelou como o líder da organização criminosa que contamina a Superintendência Federal da Agricultura, no Paraná, comandando e reverenciando a atuação corrupta dos também ficais e/ou subordinados seus'.

Com o apoio de 208 parlamentares, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados recebeu um requerimento que solicita a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias que estão sendo apuradas pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. A solicitação é uma iniciativa dos deputados Carlos Zarattini (PT-SP), Ivan Valente (PSOL-SP) e Júlio Delgado (PSB-MG).

A partir da instalação da CPI, os oposicionistas querem averiguar a participação de agentes públicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no escândalo de corrupção que envolve empresas fornecedoras de carnes, aves e derivados. Segundo os deputados, os envolvidos seriam funcionários do primeiro escalão do Poder Executivo Federal, que atuavam diretamente na proteção de grupos de empresários em detrimento do interesse público.

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Para Zarattini, a denúncia gerou impacto econômico imediato e tirou o prestígio do setor de carnes brasileiro no cenário mundial. “Tanto que as exportações foram reduzidas em mil vezes de um dia para o outro. De R$ 74 milhões para R$ 74 mil. Ou seja, praticamente parou a exportação de carne no Brasil e isso é um desastre econômico”, avaliou.

Os parlamentares ressaltam, ainda, que a Polícia Federal identificou que as empresas investigadas teriam destinado dinheiro para campanhas políticas de partidos como PMDB e PP. As legendas negam essa denúncia.

“A Câmara vai participar de forma isenta. Como teve envolvimento de agentes públicos, de fiscais, a gente precisa fazer essa investigação de forma séria, rápida e responsável”, justificou o deputado Júlio Delgado.

Ainda de acordo com o pessebista, a CPI pode recuperar a credibilidade da carne brasileira no mercado internacional, além de desmitificar a ideia de que toda a carne brasileira é de má qualidade. “Não pode haver generalização. A gente sabe que tem muitos pequenos e médios produtores que trabalham com muita dificuldade e geram empregos. Eles dependem dessa renda”, explicou.

Já para o deputado Ivan Valente, o Parlamento não deve ficar de fora do tema, pois tem que esclarecer essa questão como forma de serviço à opinião pública. “O Parlamento brasileiro precisa entrar nessa questão, pois teve um grande impacto para a saúde pública. Além disso, tem que investigar a corrupção nesse setor e, também, os impactos econômicos monstruosos que foram criados com o processo”, assinalou.

O pedido da CPI da será analisado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ele decidirá sobre a admissibilidade da comissão, se a investigação tem fato determinado e prazo. 

A Espanha decidiu nesta quinta-feira reter preventivamente para análise 30 contêineres de carne do Brasil, informou o Ministério da Saúde espanhol. Os contêineres transportam carnes das empresas JBS e BRF, informou à AFP uma porta-voz do ministério, em referência aos frigoríficos envolvidos na operação da Polícia Federal "Carne Fraca".

"O ministério intensificou sua atuação sobre os contêineres que possam vir do Brasil e no dia de hoje se encontram em processo de controle sanitário 30 contêineres", informou a porta-voz, que disse desconhecer a quantidade exata de carne retida porque são "contêineres de pesos distintos".

Três dias após a divulgação da operação "Carne Fraca", a União Europeia solicitou ao Brasil a suspensão da autorização dos quatro frigoríficos envolvidos no escândalo para exportar aos 28 países do bloco europeu. A Espanha decidiu "reforçar e intensificar" a vigilância de "100% dos contêineres" vindos do Brasil, explicou a porta-voz.

O procedimento consiste em imobilizar a mercadoria e realizar um "controle físico exaustivo", com controle das etiquetas e uma análise microbiológica, explicou a porta-voz. Posteriormente será emitido um relatório sobre o estado dos produtos. Não foi informado quanto tempo esse processo levará.

Ao longo do ano, a Espanha recebeu mais de 200 contêineres dos dois frigoríficos brasileiros, sem ter detectado qualquer anomalia, segundo o Ministério da Saúde do país.

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Depois da repercussão da investigação de carnes contaminadas no Brasil, na Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, a empresa JBS - uma das envolvidas na investigação - divulgou um comercial, nesta última terça-feira (21), para reconquistar os consumidores. A ideia pareceu não funcionar muito e, como a internet não perdoa, rendeu memes com ironias da ação.

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Intitulada por 'Qualidade é Prioridade', a propaganda reúne relatos de funcionários e enaltece a qualidade da produção de carne por parte de suas empresas. Mas um fator que não convenceu os internautas foi que, apesar do vídeo ser realizado este ano, uma embalagem de carne foi exibida com prazo de validade de 2013. 

O assunto gerou várias críticas nas redes sociais, principalmente, sobre a confiança dos consumidores em optar pela marca. "A JBS fez uma campanha pra se retratar usando imagem de uma carne já vencida em 2013. Parabéns aos envolvidos", disse um internauta. "Comercial JBS com picanha vencida... confere produção?", disse outro seguidor. A imagem aparece aos 14 segundos do vídeo, confira:

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Em meio à repercussão das carnes contaminadas nos frigoríficos de todo o país, deflagrada pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, grupos se reúnem em uma feira nesta quinta-feira (23), e promovem o evento 'Burgão sem Papelão', às 17h, na Vegaria- Empório Vegano, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. O evento propõe mostrar ao público que é possível substituir a carne tradicional do hambúrguer pela vegana, que consiste na preparação dos alimentos sem derivados animais. 

O cardápio inclui hambúrgueres com variados sabores como soja defumada, beterraba com fava, grão de bico, entre outras iguarias, com preço único de R$ 15 a unidade. Na ocasião, também serão fornecidas cervejas artesanais e sucos, com valor de R$ 8 e R$5, respectivamente. O evento é aberto ao público e segue até às 21h.

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Serviço

Burgão sem Papelão

Quinta-feira (23) | 17h

Vegaria- Empório Vegano (R. Barão de Souza Leão, 221 - Loja 01 - Boa Viagem)

Aberto ao público

Portaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) exonerou de cargos comissionados os superintendentes federais de agricultura, pecuária e abastecimento do Paraná, Gil Bueno de Magalhães; e de Goiás, Júlio César Carneiro. Na sexta-feira (17), depois que a Polícia Federal deflagrou a Operação Carne Fraca, o governo anunciou o afastamento de 33 servidores suspeitos de envolvimento nas irregularidades investigadas.

A operação da Polícia Federal denunciou um esquema criminoso envolvendo empresários do agronegócio e fiscais agropecuários que facilitavam a emissão de certificados sanitários para alimentos inadequados para o consumo. De acordo com a PF, frigoríficos envolvidos nesse esquema criminoso "maquiavam" carnes vencidas e as reembalavam para conseguir vendê-las. As empresas subornavam fiscais do ministério para que autorizassem a comercialização do produto sem a devida fiscalização.

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Segundo a PF, o esquema envolvia servidores das superintendências regionais do Ministério da Agricultura nos estados do Paraná, Minas Gerais e Goiás. Os investigadores informaram que eles atuavam diretamente para proteger grupos de empresários em detrimento do interesse público.

O caso levou o presidente Michel Temer a anunciar, neste domingo (19), mais rigor na fiscalização dos frigoríficos brasileiros e a determinar celeridade nas auditorias a serem feitas nos estabelecimentos envolvidos no esquema. O anúncio foi feito na presença de ministros de estado e cerca de 40 representantes de países importadores de carne brasileira.

Segundo o presidente, os problemas descobertos pela Operação Carne Fraca são pontuais: “é importante sublinhar que dos 11 mil funcionário do Ministério da Agricultura, apenas 33 estão sendo investigados e das 4.837 unidades sujeitas a inspeção federal, apenas 21 estão supostamente envolvidas em irregularidades”, disse ontem o presidente.

O Palácio do Planalto afirmou neste domingo (19), em nota, que as "todas as carnes" servidas ao presidente Michel Temer e aos embaixadores convidados para o jantar em uma churrascaria de Brasília eram de origem brasileira. Segundo o governo, a gerência do estabelecimento teria apresentado os produtos servidos a outros veículos de imprensa que questionaram a origem do produto, sem citar que veículos foram esses.

A versão do Planalto é diferente do que informaram funcionários da churrascaria ao Broadcast Político. Segundo funcionários ouvidos pela reportagem, a carne bovina que o presidente e os embaixadores comeram não era de origem brasileira. A informação de garçons do restaurante era de que somente as carnes suínas e de frango servidas no local são nacionais. A carne bovina é importada da Argentina, Uruguai e Austrália.

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Um atendente da churrascaria também afirmou que as carnes bovinas eram importadas, quando contactados pela Coluna do Estadão. Por telefone, um atendente do restaurante afirmou à coluna que a churrascaria "só trabalha com corte europeu, australiano e uruguaio". "Pode vir tranquilo, que a gente mostra a câmara fria e o açougue" disse o funcionário do estabelecimento. O Broadcast Político não conseguiu contato novamente com o restaurante após a nota do Planalto.

Temer jantou no local neste domingo acompanhado de ministros e embaixadores e representantes de 27 países, em um gesto político para tentar minimizar os efeitos negativos da Operação Carne Fraca sobre a venda de carne brasileira. Eles participaram de um rodízio. O Palácio do Planalto reservou uma mesa para 80 pessoas. O preço do rodízio por pessoa foi de R$ 119. O valor incluía carnes, um bufê de saladas, acompanhamentos e sushi. A bebida era à parte.

Temer comeu carne bovina e frango, quejo coalho assado, acompanhado de caipirinha. Na mesa, também foi servido vinho tinto nacional, da vinícola Casa Valduga, produzido em Bento Gonçalves (RS). A conta foi paga pelo Planalto, que não informou o valor..Temer passou cerca de uma hora no local. No final, tirou foto com os garçons que o serviram. Em rápida entrevista, disse que a mensagem que queria passar com o jantar era de que não há motivos para causar "terror" no exterior sobre a carne brasileira.

Veja a nota do Planalto:

"Todas carnes servidas, neste domingo, ao presidente Michel Temer e aos embaixadores convidados para jantar na churrascaria Steak Bull foram de origem brasileira. A gerência do estabelecimento inclusive apresentou os produtos servidos a órgãos sérios da imprensa que questionaram a origem do produto."

O fiscal agropecuário federal Daniel Gouvêa Teixeira, que denunciou irregularidades na Superintendência Federal de Agricultura do Paraná, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, afirmou que falta "transparência" e "fiscalização" na cadeia de produção de carne brasileira. O agente público delator da Operação Carne Fraca concedeu entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, exibido na noite deste domingo (19).

"Dá para continuar consumindo carne. A nossa cadeia produtiva é uma das mais organizadas do planeta. O que falta é fiscalização e transparência. O Brasil não pode perder mercado por causa de situações como essa", defende. Teixeira afirmou ter inicialmente descoberto irregularidades no frigorífico Peccin, no Paraná. "O aproveitamento de carnes estragadas, fora de validade, em estado de putrefação", relatou.

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Ele ainda lembrou ter encontrado carne mecanicamente separada acima do permitido para consumo. "A carne mecanicamente separada é um subproduto do abate de aves. Sobra um pouco de carne que chamamos de carcaça, que é o peitoral do frango. Eles usavam em torno de 94% da composição do produto. A regra é de, no máximo, 60%, ou 40%. Assim, eles barateavam demais o produto, o que é competição desleal no mercado, além de ser fraude."

Após comunicar as irregularidades ao Ministério da Agricultura, afirmou ter sido afastado da fiscalização do frigorífico Peccin. "Eu recebi a notificação de que foi cancelada a minha atribuição de fiscalização daquele frigorífico", disse.

Após deixar de vistoriar o Peccin, ele fiscalizou o frigorífico Souza Ramos, segundo a reportagem da TV Globo, onde encontrou novas irregularidades no fornecimento de merenda para uma escola pública.

A Operação Carne Fraca busca combater corrupção de agentes públicos federais e crimes contra Saúde Pública. Executivos do frigorífico JBS, da BRF Brasil e outros foram alvos da operação - maior operação já deflagrada pela PF, com mais de 1 mil homens envolvidos. A Justiça mandou bloquear até R$ 1 bilhão dos investigados.

Em um gesto político para tentar minimizar os efeitos negativos da Operação Carne Fraca sobre a venda de carne brasileira, o presidente Michel Temer jantou neste domingo, 19, em uma churrascaria de Brasília acompanhado de ministros e embaixadores e representantes de 27 países. A carne bovina que Temer comeu, porém, não era de origem brasileira, segundo funcionários do próprio restaurante. Somente as carnes suínas e de frango servidas no local são nacionais. A carne bovina é importada da Argentina, Uruguai e Austrália.

Temer e a comitiva participaram de um rodízio. O Palácio do Planalto reservou uma mesa para 80 pessoas. O preço do rodízio por pessoa foi de R$ 119. O valor incluía carnes, um bufê de saladas, acompanhamentos e sushi. A bebida era à parte. Temer comeu carne bovina e frango, queijo coalho assado, acompanhado de uma típica caipirinha brasileira. Na mesa, também foi servido vinho tinto, dessa vez nacional, da vinícola Casa Valduga, produzido em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.

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A comitiva sentou em uma grande mesa no centro do salão principal da churrascaria, localizada no Lago Sul, área nobre de Brasília. Temer estava no centro da mesa, ladeado pelos embaixadores da China e de Angola no Brasil. Entre os ministros presentes estavam Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Blairo Maggi (Agricultura), Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços). O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, não estava presente.

Temer passou cerca de uma hora no local. No final, tirou foto com os garçons que o serviram. Em rápida entrevista, disse que a mensagem que queria passar com o jantar era de que não há motivos para causar "terror" no exterior sobre a carne brasileira. Lembrou que 33 fiscais sanitários estão envolvidos em irregularidades, de um total de quase 12 mil servidores do Ministério da Agricultura, e que dos cerca de 4.830 frigoríficos existentes no País, 21 são investigados e três foram inabilitados.

"Então, não é para causar um terror que hoje está possivelmente se imaginando que possa causar em relação ao exterior", afirmou. Temer também rebateu críticas de integrantes da bancada ruralista no Congresso e de empresários de que a Polícia Federal cometeu excessos na Operação Carne Fraca. "Não (houve excessos). Houve uma integração do Ministério da Agricultura e da Polícia Federal", declarou, sem responder outros questionamentos da imprensa.

Após jantar em uma churrascaria na capital federal acompanhado de ministros e embaixadores e representantes de 27 países, o presidente Michel Temer afirmou na noite deste domingo, 19, que a mensagem que quis passar foi a de que não há motivos para causar terror sobre a qualidade da carne brasileira. Temer disse ainda não ter visto excessos da Polícia Federal na Operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira, 17, para investigar fraude na fiscalização de frigoríficos brasileiros.

Em rápida entrevista após participar de um rodízio na churrascaria, Temer afirmou que 33 fiscais sanitários estão envolvidos em irregularidades, de um total de quase 12 mil servidores do Ministério da Agricultura. Além disso, citou, dos cerca de 4.830 frigoríficos existentes no País, 21 são investigados e três foram inabilitados. "Então, não é para causar um terror - que hoje está possivelmente se imaginando que possa causar - em relação ao exterior", afirmou.

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Temer também rebateu críticas de integrantes da bancada ruralista no Congresso e de empresários de que a Polícia Federal cometeu excessos na Operação Carne Fraca. "Não (houve excessos). Houve uma integração do Ministério da Agricultura e da Polícia Federal", declarou, sem responder outros questionamentos da imprensa.

Ao deixar o Palácio do Planalto, após reunião com o presidente Michel Temer, pelo menos dois embaixadores, o da União Europeia, João Gomes Cravinho, e da China, Li Jinzhang, foram cautelosos em apresentar uma posição de seus países em relação à carne importada do Brasil, demonstrando que as explicações dadas no encontro não foram suficientes.

Ambos disseram que ainda aguardam uma explicação oficial do governo brasileiro aos questionamentos feitos ao Ministério da Agricultura, em nota técnica a ser encaminhada ainda esta noite às representações estrangeiras.

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"O presidente, naturalmente, não entrou em questões técnicas. Estamos aguardando uma carta técnica do Ministério da Agricultura, ainda esta noite, com as respostas às perguntas que fizemos", declarou Cravinho, à saída do Planalto. Ele lembrou que a decisão será tomada em Bruxelas, com base na "nota técnica", mas reconheceu que a suspensão da compra de carne do Brasil "é uma possibilidade".

Cravinho declarou ainda que, depois de receber as informações técnicas, a União Europeia "vai calibrar" a natureza das irregularidades porque "ainda não temos informações que nos permitam avaliar se os problemas foram pontuais (como diz o Brasil), já que não se sabe exatamente quais unidades sofreram alterações indevidas e para que países esses produtos foram exportados.

O embaixador chinês, por sua vez, depois declarou ao jornal "O Estado de S.Paulo" que "não recebeu notícia" de que a China tenha decidido suspender a importação de carne brasileira. Questionado se saía tranquilo da reunião com o presidente, respondeu que "a segurança dos alimentos é muito importante para a segurança e a vida do povo". Sobre o tamanho da preocupação de seu país com as importações de carne brasileira, ele afirmou: "Esperamos mais explicações".

Ele comentou, no entanto, que aceitou o convite de Temer aos 33 representantes estrangeiros que estiveram no Planalto de ir à churrascaria comer a carne brasileira. O embaixador da União Europeia, no entanto, declinou do convite porque precisava viajar.

O embaixador Cravinho informou ainda que Bruxelas certamente irá rever o calendário de inspeções nos frigoríficos brasileiros. Temer ofereceu aos estrangeiros a visita aos locais, para se certificarem da qualidade do tratamento dado aos produtos. Cravinho explicou que essas visitas já são feitas, esporadicamente, por amostragem, não só no Brasil, mas em outros países.

O presidente Michel Temer chegou pouco antes das 19 horas deste domingo, 19, à churrascaria Steak Bull, antigo Porcão, no Lago Sul em Brasília, para participar de um rodízio de carnes, conforme havia prometido ao final da coletiva realizada hoje no Palácio do Planalto, após reunião para tratar dos reflexos da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na última sexta-feira, 17, e que descobriu um esquema de corrupção praticado por frigoríficos brasileiros.

Temer está acompanhado de ministros, assessores, do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, e embaixadores de países que compram o produto brasileiro. Entre os ministros, Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, Blairo Maggi, da Agricultura, e Marcos Pereira, da Indústria e Comércio Exterior. O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, não está presente.

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A comitiva está sentada em uma grande mesa, no centro do restaurante, próximo ao buffet de saladas. Temer está no centro da mesa, ladeado por embaixadores, como o da China. Além do rodízio de carnes, há outros acompanhamentos, como fritas, pastéis, camarões e feijão tropeiro. Temer está comendo apenas as carnes e queijo coalho. E beberica uma típica caipirinha brasileira. O preço do rodízio é R$ 119, sem as bebidas.

Grampos da Polícia Federal no âmbito da Operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira, 17, revelam que funcionários da BRF chegavam a acessar, dentro do Ministério da Agricultura, sistemas de emissão de certificados que atestam a qualidade de produtos. As investigações miram agentes de fiscalização das Superintendências de Minas e Goiás, vinculadas à pasta.

A decisão do juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Criminal Federal de Curitiba, base da Operação Carne Fraca, que decretou prisões preventivas, temporárias, conduções coercitivas e buscas e apreensões contra os investigados, revela que o gerente de Relações Institucionais e Governamentais da Brasil Foods (BRF S/A) Roney Nogueira dos Santos ‘influencia de escolha e substituição de fiscais para as unidades da empresa à liberação de unidades às vésperas de serem interditadas’.

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A fim de exercer e manter influência sobre as fiscalizações, o executivo, segundo o juiz, ‘alcança dinheiro a servidores públicos, remunera diretamente fiscais contratados, presenteia com produtos da empresa, se dispõe a auxiliar no financiamento de campanha política e até é chamado a intervir em seleção de atleta em escolinha de futebol’.

As gravações da Polícia Federal autorizadas pela Justiça dão conta de diálogos entre Roney Nogueira dos Santos e o fiscal do Ministério da Agricultura Daniel Gouvêa Teixeira, denunciante do esquema, sobre a existência de fiscais da pasta que deixavam funcionários das empresas ocuparem suas mesas no órgão público, utilizando senhas de acesso para a emissão de documentos.

Em um áudio interceptado, o denunciante diz ao empresário que uma funcionária ficou sozinha, em uma sala do Ministério, manipulando os documentos - a senha foi fornecida por um servidor:

DANIEL TEIXEIRA: Não, não. Ela ficou numa sala lá sozinha fazendo. Entendeu?

RONEY: Am tá.

DANIEL TEIXEIRA: Por que, ele foi atender outra empresa, "não, você vai fazendo aí". Abriu o sistema e deixou ela trabalhando no sistema. Aí foi o que eu falei: não, não é assim. Nem acompanhando pode. Entendeu? O problema todo é o seguinte, ela tá acostumada a vir aqui, né, senta ali, faz as coisas no sistema logada como ele. Ele dá a senha dele pra ela trabalhar. Isso é que é foda. Até o nosso sistema. E aí aprova tudo, sai com tudo aqui aprovado. Isso é uma vergonha, isso. E aí ontem, como tinha mais gente: "não, não, vai fazer ali na outra sala", aí tirou o estagiário do computador e botou ela pra sentar e

trabalhar no computador do estagiário.

RONEY: Entendi.

DANIEL TEIXEIRA: Aí logou lá o sistema pra ela.

RONEY: É, daí é complicado né.

DANIEL TEIXEIRA: Pô, se imagina. Nem pode.

(…)

DANIEL TEIXEIRA: Não, não precisa, não precisa se desculpar, não precisa de nada disso. Ela fez, por que tá acostumada a fazer, por que dão liberdade dela fazer isso. Só que não pode. Entendeu? Aí chegou no cúmulo do ridículo de até logarem o sistema pra ela e deixar ela sozinha trabalhando numa sala. Por muito menos, nego já foi demitido em Brasília, lembra que o cara tinha um assessor lá dentro do DIPOA, dentro da sala do diretor do DIPOA, a JBS? Tinha. Então. Então assim, pra evitar esse tipo de coisa e envolver ela e piorar ainda mais a situação.

RONEY: É, tá certo.

DANIEL TEIXEIRA: Por que daqui a pouco nego abre um processo aqui e vai chamar ela aqui pra perguntar, ela vai falar, não, eu sempre fiz assim, faço assim, faço assado, não sei o que, tá, tá, tá e essa merda cai na mídia, vai foder mais ainda pra quem faz isso. Entendeu?"

O gerente de Relações Institucionais e Governamentais da Brasil Foods (BRF S/A) Roney Nogueira dos Santos foi preso preventivamente na Operação Carne Fraca.

COM A PALAVRA, A BRF S/A:

"COMUNICADO À IMPRENSA

Em virtude do noticiário acerca da chamada Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, a BRF vem a público esclarecer alguns fatos importantes:

1 - INTERDIÇÃO DA FÁBRICA DE MINEIROS (GO)

A fábrica da BRF de Mineiros é uma planta construída em 2006 que produz carne de frango e de peru e responde por menos de 5% da produção total da BRF. Seus produtos são destinados a exportações e mercado interno. A planta está habilitada para exportar para os mais exigentes mercados do mundo, como Canadá, União Europeia, Rússia e Japão. Isso significa que segue as diferentes normas estipuladas por esses países.

A fábrica possui três certificações internacionais que estão entre as mais importantes do mundo: BRC (Global Standard for Food Safety), IFS (International Food Standard) e ALO Free (Agricultural Labeling Ordinance). A última auditoria pela qual a fábrica passou foi realizada pelo MAPA e aconteceu entre os dias 25 e 28 de fevereiro de 2017, tendo sido considerada apta a manter suas operações em todos os critérios.

Apesar de o juiz da operação ter considerado desnecessário o fechamento da unidade, ela foi interditada, de forma preventiva e temporária, pelo Ministério da Agricultura. A medida deve durar até que a BRF possa prestar as informações que atestem a segurança e a qualidade dos produtos produzidos, o que deve acontecer em breve, uma vez que a companhia tem confiança em seus processos e padrões, que estão entre os mais rigorosos do mundo.

2 - PRESENÇA DE SALMONELLA NOS PRODUTOS

Sobre esse tema é preciso esclarecer alguns fatos muito importantes para o melhor entendimento da questão. Existem cerca de 2.600 tipos de Salmonella, bactéria comum em produtos alimentícios de origem animal ou vegetal. Todos os tipos são facilmente eliminados com o cozimento adequado dos alimentos.

Em relação ao caso da Itália divulgado na mídia, é importante esclarecer que a BRF não incorreu em nenhuma irregularidade.

O contexto verdadeiro é o seguinte: em 2011, a União Europeia definiu um novo regulamento (CE 1086/2011) para controle de Salmonella em carne de aves produzidas localmente ou importadas. Segundo este regulamento, produtos in natura não podem conter dois tipos de Salmonella: SE e ST (Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium).

O tipo de Salmonella encontrado em alguns lotes desses quatro contêineres é o Salmonella Saint Paul, que é tolerado pela legislação europeia para carnes in natura e, portanto, não justificaria a proibição de entrada na Itália.

Diante desse fato, a BRF discutiu duas iniciativas:

O encaminhamento da mercadoria a outro porto, o de Roterdã, na Holanda.

Este porto holandês segue à risca o regulamento europeu. O produto obviamente passaria por todos os testes exigidos, com os mesmos padrões técnicos.

A antecipação da discussão do problema junto ao MAPA, em Brasília.

O acordo entre Brasil e União Europeia para importação de produtos alimentícios determina que não-conformidades gerem um "rapid alert" (alerta rápido) para todos os países da comunidade, para o produtor e para as autoridades sanitárias do país de origem. Portanto, a intenção da BRF foi, antes mesmo da emissão do "rapid alert", antecipar a comunicação ao MAPA e iniciar sua defesa com argumentos técnicos e científicos.

Diante do exposto, a BRF reitera que todas as medidas tomadas pela empresa e seus técnicos estão plenamente de acordo com os mais elevados níveis de governança e compliance e de forma nenhuma ferem qualquer preceito ético ou legal do Brasil e dos países para os quais a BRF exporta seus produtos.

3 - USO DE PAPELÃO

Não há papelão algum nos produtos da BRF. Houve um grande mal entendido na interpretação do áudio capturado pela Polícia Federal. O funcionário estava se referindo às embalagens do produto e não ao seu conteúdo. Quando ele diz "dentro do CMS", está se referindo à área onde o CMS é armazenado. Isso fica ainda mais claro quando ele diz que vai ver se consegue "colocar EM papelão", ou seja, embalar o produto EM papelão, pois esse produto é normalmente embalado em plástico. Na frase seguinte, ele deixa claro que, caso não obtenha a aprovação para a mudança de embalagem, terá de condenar o produto, ou seja, descartá-lo.

4 - ACUSAÇÕES DE CORRUPÇÃO

A BRF não compactua com práticas ilícitas e refuta categoricamente qualquer insinuação em contrário. Ao ser informada da operação da PF, a companhia tomou imediatamente as medidas necessárias para a apuração dos fatos. Essa apuração será realizada de maneira independente e caso seja verificado qualquer ato incompatível com a legislação vigente, a BRF tomará as medidas cabíveis e com o rigor necessário. A BRF não tolera qualquer desvio de seu manual da transparência e da legislação brasileira e dos países em que atua.

5 - PRISÃO DE RONEY NOGUEIRA DOS SANTOS

O sr. Roney apresentou-se voluntariamente às autoridades brasileiras na manhã deste sábado, vindo da África do Sul, onde estava a trabalho, para prestar todos os esclarecimentos necessários às autoridades. A BRF está acompanhando as investigações e dará todo o suporte às autoridades.

6 - NOTÍCIAS SOBRE "CARNE PODRE"

A BRF nunca comercializou carne podre e nem nunca foi acusada disso. As menções a produtos fora de especificação, no âmbito da operação Carne Fraca, dizem respeito a outras empresas, como pode ser comprovado no material divulgado pela Polícia Federal. A BRF lamenta que parte da imprensa tenha inserido o seu nome de maneira equivocada em reportagens que tratam desse assunto, confundindo os consumidores e a sociedade.

CONCLUSÃO

Em virtude do exposto acima, a BRF vem a público manifestar seu apoio à fiscalização do setor e ao direito de informação da sociedade com base em fatos, sem generalizações que podem prejudicar a reputação de empresas idôneas e gerar alarme desnecessário na população.

São Paulo, 18 de março de 2017 às 17h50

Sobre a BRF

A BRF é uma das maiores companhias de alimentos do mundo, com mais de 30 marcas em seu portfólio, entre elas, Sadia, Perdigão, Qualy, Paty, Dánica, Bocatti e Vienissima. Seus produtos são comercializados em mais de 150 países, nos cinco continentes. Mais de 105 mil funcionários trabalham na companhia, que mantém 54 fábricas em sete países (Argentina, Brasil, Emirados Árabes Unidos, Holanda, Malásia, Reino Unido e Tailândia)."

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