Delegado que atuou na Lava Jato deixa a PF
Maurício Moscardi Grillo deixa a Polícia Federal, após mais de 20 anos, para fazer carreira na iniciativa privada
O delegado Maurício Moscardi Grillo, que fez parte da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba nos primórdios da investigação, pediu para deixar a Polícia Federal. A exoneração foi publicada nesta semana no Diário Oficial.
Ele integrou a equipe que iniciou as investigações do escândalo de corrupção que logo atingiria a Petrobras e abalaria o mundo político. O caso estourou a partir da retomada, em 2013, de um inquérito que estava parado havia quatro anos.
Foi o delegado quem conduziu a Operação Carne Fraca, desdobramento da Lava Jato que arrastou gigantes do setor de carnes e processados, como JBS e BRF, para o centro de um esquema para burlar parâmetros sanitários.
Grillo deixa a PF, após mais de 20 anos, para fazer carreira na iniciativa privada. Ele foi contratado por um escritório de advocacia em Curitiba para prestar consultoria nas áreas de compliance e criminal, conforme antecipou o SBT News.
Ao Estadão, afirma que passou por momentos "glorificantes" e "difíceis" ao longo dos últimos anos no serviço público. Também conta que a decisão não foi fácil, mas que acredita que sua experiência pode ajudar a promover "adequações necessárias" na iniciativa privada.
"Saio com a certeza de ter feito o máximo para elevar o nome da nossa PF. A iniciativa privada precisa e vem investindo em profissionais capacitados que possam garantir a conformidade com as leis em benefício de fortes grupos empresariais", afirma. "Continuarei na busca pelo cumprimento da lei."
O delegado já foi chefe do Grupo Especial de Investigações Sensíveis e Especiais e do Setor de Inteligência da PF no Paraná. Também tem experiência no combate a facções criminosas, ao tráfico de drogas e a crimes contra o sistema financeiro.
Seu último posto foi na Divisão de Apoio Jurídico e Acompanhamento Judicial em Curitiba, onde tinha menos poder de fogo.
Com o avanço da Java Jato, chegou a ser punido administrativamente pelos grampos encontrados na cela especial onde o doleiro Alberto Youssef, pivô da investigação, ficou detido na superintendência da PF em Curitiba. A punição, no entanto, foi anulada pelo Ministério da Justiça.